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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema:
Trabalho de Campo

Nome do Estudante:
Código de Estudante

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Geografia Regional
Ano de frequência: 4º Ano

Docente:

Beira, Junho de 2021


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Introdução

A Southern African Development Community (em português Comunidade para o


Desenvolvimento da África Austral) nasceu da SADCC, um órgão de cooperação entre
os Estados independentes da África Austral com o objectivo de proteger suas soberanias
e economias contra os regimes de minoria branca ainda persistentes na região,
nomeadamente a Rodésia do Sul e a África do Sul.

A sua mudança para mecanismo de integração da região ocorreu aquando da integração


deste último país, após a queda do regime do apartheid, como Estado-membro. Ora,
enquanto a cooperação mantém a totalidade da soberania dos Estados, a integração
pressupõe que os Estados abdiquem, intencionalmente, de parte da sua soberania em
favor de uma entidade supranacional que regulará os fluxos comerciais, laborais e/ou
financeiros. Esta transformação, de organismo de cooperação, para um bloco de
integração económica, trouxe grandes transformações no seio da entidade, além de
grandes desafios.

Para atingir estes objectivos, em primeiro lugar, será traçado um breve histórico do
desenvolvimento das relações entre os países da África Austral, destacando os factores
históricos de cooperação e solidariedade mútuas, além dos mecanismos de continuidade
entre períodos históricos. Em segundo lugar, serão apontados os desafios actuais à
integração regional, na opinião da autora
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Contextualização

A SADC: SUA HISTÓRIA

O prelúdio histórico da SADC tem início basicamente em 1969-70, quando três líderes
de países independentes da África Austral fronteiriços com o colonialismo e com os
regimes racistas (Julius Kambarage Nyerere [1964-85] da República Unida da
Tanzânia, Kenneth David Kaunda [1964-91] da República da Zâmbia e Sir Seretse
Khama [1966-80] da República do Botswana), e os movimentos de libertação nacional,
iniciaram entre si, um processo de frequentes consultas informais, sobre as estratégias e
tácticas para enfrentarem os inimigos de África, coordenando os seus esforços políticos,
diplomáticos e militares para dar um fim ao governo colonial e de minoria branca na
África Austral (na República da África do Sul e na então República da Rodésia).
Vieram a ser conhecidos como Frontline States (FLS) ou Estados da Linha da Frente
(ELF), o precursor imediato da cooperação política e do suporte de segurança da então
SADC. Presididos por Nyerere, os ELF fizeram conjuntamente esforços para a
libertação de países que ainda se encontravam sob o jugo colonial e sob o apartheid. Em
1975 a eles se juntaram Samora Moisés Machel (1975-86) e António Agostinho Neto
(1975-79), respectivamente, os presidentes das então República de Moçambique e
República Popular de Angola, que acabavam de conquistar a sua independência. Desse
modo, a Linha da Frente - criada em Abril de 1977, por iniciativa dos presidentes
Agostinho Neto, Samora Machel, Seretse Khama, Julius Nyerere e Kenneth Kaunda -,
foi a primeira forma de coordenação e integração regional formalmente reconhecida dos
países da África Austral e visava a mobilização e cooperação de esforços para fortalecer
os movimentos de libertação nacional que lutavam contra a opressão colonial na região.
Os países da Linha da Frente, uniram esforços no sentido de travar as acções de
desestabilização militar, desencadeadas pelo regime do apartheid da África do Sul
contra os países independentes da região. A Linha da Frente, tinha por objectivo a
libertação total dos povos e territórios oprimidos e sob dominação política, económica e
social na África Austral. A independência do Zimbabwe em 1980, foi sem dúvidas uma
vitória do movimento da Linha da Frente. Os ELF estavam conscientes de que a
independência política não era por si só suficiente, e a experiência positiva adquirida no
trabalho conjunto foi aproveitada e transformada numa cooperação mais ampla com
vista ao desenvolvimento económico e social. Com a contínua solidificação da
organização, os estados independentes da região sentiram a necessidade de se engajarem
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no seu desenvolvimento socio-económico, com vista à irradicação da pobreza dos países


e povos da região. É assim que entre 1977 e 1979, os representantes dos ELF realizaram
consultas entre si sobre a melhor forma de fortalecer a sua cooperação. As consultas
culminaram com um encontro em Arusha, em Julho de 1979, que conduziu à criação da
Southern African Development Coordination Conference (SADCC [Conferência de
Coordenação para o Desenvolvimento da África Austral]) a 1 de Abril de 1980, na
Cimeira de Lusaka, após a adopção da declaração com o mesmo nome, intitulada
Southern Africa: Towards Economic Liberation (África Austral: Rumo à Libertação
Económica) e à criação do seu secretariado em Gaberone, a convite de Khama. O
objectivo principal do novo órgão era o da coordenação de projectos de
desenvolvimento como forma de tornar a região mais forte economicamente e livre da
dependência económica que alguns países tinham da África do Sul. Presidindo à cimeira
inaugural da SADCC, Khama apelou para região integrada e para o melhoramento das
estruturas dos transportes. O objectivo, afirmou Khama, era o de “criar alicerces para o
desenvolvimento de uma nova ordem económica na África Austral e forjar uma
comunidade unida”. Mas Khama alertou: “a luta pela libertação económica será um
confronto tão amargo como foi a luta pela libertação política.” Para além de ter
aprovado a Declaração de Lusaka, a cimeira recomendou a criação de um Programa de
Acção para as áreas de transportes, telecomunicações, alimentação, agricultura,
indústria, energia e desenvolvimento da mão-de-obra. Quando tornaram-se
independentes, os Estados-Membros haviam herdado estados degradados de extrema
pobreza, atraso económico, com estrutura económica débil, falta de técnicos
qualificados, forte dependência em relação a África do sul, falta de capacidade de
autofinanciamento. Realmente, depois da proclamação das independências, maior parte
dos países da África Austral continuou sendo vítima de sucessivas agressões e de
estratégias de resfriamento ao desenvolvimento perpetrado pelos regimes racistas sul-
africano e rodesiano. Estas acções, visavam, barrar o desenvolvimento económico dos
restantes países da região, para a partir dai, aumentar a sua dependência em relação
aqueles regimes racistas, especialmente a da África do Sul. Dadas circunstâncias, a
necessidade de trabalhar juntos torna-se imperativo e ainda mais urgente, sendo vista
como um instrumento de sobrevivência política, desenvolvimento económico e avanço
social. É importante observar que, enquanto a SADCC como um todo procurava reduzir
a dependência sul-africana e do mundo exterior, tal redução na realidade nunca ocorreu,
visto que, na 4 verdade a dependência aumentou, já que a materialização dos projectos
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dependiam grandemente do auxílio dos doadores. A derrota do regime apartheidista na


famosa Batalha de Cuito Cuanavale, ocorrida entre 15 de Novembro de 1987 a 23 de
Março de 1988 e as grandes transformações verificadas no período 89-91, que
culminaram no fim da União Soviética, no colapso do bloco socialista, no fim da Guerra
Fria, na independência da Namíbia em 1990 e na adopção da economia capitalista pela
maioria das nações, levaram a SADCC a redefinir a base de cooperação entre os
estados-membros, de uma associação voluntária, para uma instituição juridicamente
vinculativa para promover maior cooperação e integração económica, uma necessidade
premente para os governos dos Estados Membros de transformar e reestruturar as suas
economias, surgiu a necessidade de reforço da cooperação regional em matéria de
desenvolvimento económico. Dados os novos desafios regionais e globais, a SADCC
transforma-se em Southern African Development Community (SADC [Comunidade
para o Desenvolvimento da África Austral]), a 17 de Agosto de 1992, na cimeira
realizada em Windhoek, na Zâmbia, fornecendo para os membros a promoção da
cooperação socioeconómica e integração, bem como a cooperação política e de
segurança. Ao criarem a SADC, os líderes da SADCC decidiram instaurar um estatuto
legal e mais formal, e passaram o enfoque da coordenação de projectos de
desenvolvimento para tarefas mais complexas de integração das suas economias numa
comunidade regional. Um objectivo-chave da SADC, é “o fortalecimento e a
consolidação duradoura das afinidades históricas, sociais e culturais e dos laços entre os
povos da região”. A SADC complementa o papel da União Africana (UA). No plano
regional, foi o fim do apartheid na África do Sul, que era visto como o eixo da actuação
da organização e, no plano internacional, com o fim da Guerra Fria, verifica-se a
liberalização económica, por isso ela foi transformada de uma livre fraternidade de
nações de uma região em uma comunidade económica. Com o fim do apartheid, os
países da Linha da Frente reorientaram a sua acção com vista a criar novas relações
socioeconómicas e políticas da região. O ELF dissolve-se em 1994, após as primeiras
eleições democráticas na região (por vezes os estados-membros da Linha e da SADC
diferiam). Esforços subsequentes para colocar a política e a cooperação de segurança no
equilíbrio institucional sob o guarda-chuva da SADC falharam. A 14 de Agosto de
2001, o Tratado da SADC de 1992 foi alterado. A alteração anunciava a reforma das
estruturas, políticas e procedimentos da SADC, um processo que está em curso. Uma
das mudanças é que a política e a cooperação de segurança são institucionalizadas no
Órgão De Política, Defesa e Segurança (OPDS). Um dos principais corpos da SADC,
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está sujeito a supervisão do órgão supremo da organização, a cimeira, que reúne os


chefes de estado ou de governo. A organização mantém o seu próprio evento de multi-
desporto na forma de Jogos da SADC, cuja primeira edição teve lugar em 2004 em
Maputo. Originalmente planejado em uma data anterior no Malawi e no Lesoto, as
questões de organização levaram ao abandono do plano e a SADC emitiu uma multa de
US$ 100 contra o Malawi. O primeiro evento em 2004 resultou em mais de 1000
juventude abaixo dos 20 e provenientes de 10 países tomarem parte em um programa de
desportos inclusive jogos desportivos, futebol, netball, boxe e basquetebol.

5.1 - PRINCIPAIS METAS

A região enfrenta uma série de problemas, desde dificuldades naturais como secas
prolongadas, a grande prevalência da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA)
e a pobreza. A erradicação destes problemas está as principais metas do grupo, que são:

 Promover o crescimento e desenvolvimento económico, aliviar a pobreza, aumentar a


qualidade de vida do povo, e prover auxílio aos mais desfavorecidos;

 Desenvolver valores políticos, sistemas e instituições comuns;

 Promover a paz e a segurança;

 Promover o desenvolvimento sustentável por meio da interdependência colectiva dos


estados membros e da autoconfiança;

 Atingir a complementaridade entre as estratégias e programas nacionais e regionais;

 Promover e maximizar a utilização efectiva de recursos da região;

 Atingir a utilização sustentável dos recursos naturais e a protecção do meio ambiente;

 Reforçar e consolidar as afinidades culturais, históricas e sociais de longa data da


região.

O financiamento dos projectos é obtido através de duas maneiras principais: a primeira


e mais importante é a contribuição de cada um dos membros, com o valor baseado no
PIB de cada um, a segunda é através da colaboração de parceiros económicos
internacionais, como a UE e alguns países desenvolvidos, que dependem dos projectos a
serem desenvolvidos.
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Principais objectivos

Para atingir-se o desenvolvimento económico é essencial que se promova a indústria


local. Com a industrialização atingir-se-á a independência em relação aos produtos
industrializados estrangeiros e aos produtos da África do Sul, que exerce um claro
domínio sobre o mercado dos seus vizinhos. A estratégia principal consiste na
reabilitação e crescimento das capacidades já existentes. Os projectos de
industrialização seguem as directrizes de produzirem sempre mercadorias de destaque
no mercado regional, mas que possam também ser exportadas, seja ou não para fora do
bloco, e que tenham a maior parte possível da matéria-prima extraída dentro dos países
membros. Tendo isso em mente, a produção tem concentrando-se em produtos
manufacturados de necessidade imediata e produtos de base, além de produtos de apoio
às actividades industriais que estiverem sendo desenvolvidas.

Um dos projectos na área de educação, o treinamento de mão-de-obra qualificada tem


sido, em parte, realizado. Os profissionais a serem formados são os que foram
identificados como os mais importantes ao desenvolvimento imediato, como gestores
públicos, técnicos, engenheiros (especialmente agrícolas) e cientistas com formações
aplicáveis à indústria. Devido à falta de

capacidade de treinamento local desses cargos, têm sido oferecidas bolsas de estudo em
centros de formação estrangeiros, e tem-se apostado na criação de centros de formação
intelectual e técnica na região.

O combate ao Human Immunodeficiency Virus (HIV [Vírus da Imunodeficiência


Humana (VIH)]) também se encontra entre as prioridades da SADC. As metas fixadas
incluem ter em 2021 noventa e cinco por cento da população entre quinze e vinte e
quatro anos informada sobre os conceitos básicos que concernem a doença, ter menos
de cinquenta por cento das crianças infectadas e, obter um decréscimo do número de
infectados.

Também pretende-se aumentar a participação da mulher em todas as camadas da


sociedade. Espera-se em menos de cinco anos conseguir abolir todas as cláusulas
sexualmente discriminatórias nas constituições de todos os países, instituir leis que
garantam direitos iguais a homens e mulheres, reduzir a violência contra mulheres e
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crianças e chegar-se a uma participação muito maior da mulher na sociedade. Em uma


década espera aumentar-se a participação feminina em cargos governamentais e
empresas estatais.

Resumindo, os principais objectivos da SADC são:

 - Desenvolver valores políticos comuns, sistemas e instituições;

 - Promover e defender a paz e segurança;

 - Promover o desenvolvimento auto-sustentável na base da auto-suficiência e da


interdependência colectiva entre os Estados-Membros e da auto-fiabilidade;

 - Aliviar a pobreza;

 - Elevar a qualidade de vida dos povos da região;

 - Estimular o comércio de produtos e serviços entre os países membros;

 - Alcançar a complementaridade entre as estratégias e programas nacionais;

 - Promover e maximizar a utilização efectiva dos recursos humanos;

 - Promover o crescimento sustentável dos países do bloco;

 - Conseguir a complementaridade entre as estratégias e os programas nacionais e


regionais;

 - Promover e optimizar o emprego produtivo e a utilização dos recursos da Região;

 - Conseguir a utilização sustentável e a maximização do uso dos recursos naturais da


região e a protecção efectiva do meio ambiente;

 - Reforçar e consolidar as afinidades e laços históricos, sociais e culturais desde há


muito existentes entre os povos da Região;

 - Promover o crescimento económico e o desenvolvimento socioeconómico


sustentáveis e equitativos que garantam o alívio da pobreza com o objectivo final da sua
erradicação, melhorar o padrão e a qualidade de vida dos povos da África Austral e
apoiar os socialmente desfavorecidos, através da integração regional;

 - Promover a paz e bons relacionamentos políticos na região, actuando para evitar


conflitos e guerras;
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 - Cooperação socioeconómica e política na região;

 - Buscar soluções em comum para os principais desafios da região;

 - Redução E unificação das tarifas alfandegárias e taxas de importação e exportação


nas relações comerciais entre os países membros

 - Desenvolver valores, sistemas políticos e instituições comuns.

PRINCIPAIS PARCEIROS ECONÓMICOS

O principal parceiro económico externo da SADC é a UE. O contacto dá-se


maioritariamente pela África do Sul, que com a UE realiza importantes trocas há alguns
anos. Há planos de integração entre o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) da
América do Sul, e a SADC, mais especificamente entre o Brasil e a África do Sul.
Embora ainda não se conheçam datas definidas para a implementação de acordos
bilaterais abrangentes entre esses países, não há previsão da inclusão de uma vasta gama
de produtos com tarifas reduzidas a curto prazo. A nível interno, a SADC mantém
relações comerciais com as demais organizações económicas do seu continente.

Desafios actuais à integração económica regional

Os actuais desafios à integração da região da África Austral prendem-se,


principalmente, a factores históricos, resultantes das colonizações e do contexto político
regional pós-colonial. Um dos maiores problemas da região são as infra-estruturas de
transportes. Heranças do colonialismo, estas foram desenvolvidas visando o escoamento
da produção do interior do continente para a Europa, portanto, as rodovias e ferrovias
estão direccionadas aos portos e raramente privilegiam as conexões dentro do
continente.

Outro factor que favorece mais a economia sul-africana e pode tornar-se


desestabilizador para as dos outros países é a abertura dos direitos aduaneiros dentro do
âmbito da SADC. Esta iniciativa pode empobrecer os Estados menos industrializados,
uma vez que são exportadores históricos de produtos de base primários, enquanto a
África do Sul exporta produtos industrializados com valor acrescentado. Desta maneira,
este país beneficia-se da redução das barreiras alfandegárias, dinamizando a sua
produção industrial, enquanto os pouco ou nada industrializados vizinhos vêem a sua
arrecadação fiscal diminuir, o que colabora com o seu empobrecimento.
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Por outro lado, as independências encontraram os Estados um pouco por toda a África
com suas economias destruídas ou fragilizadas pelo processo de descolonização, o que
veio a piorar com as guerras civis posteriores a este período. Com suas estruturas
produtivas parcial ou totalmente destruídas, os novos países tiveram de lidar com os
diversos desenvolvimentos políticos e económicos mundiais, o que esmagou ainda mais
a sua capacidade de desenvolvimento e autosustento, tornando a sua economia muito
frágil diante das novas crises financeiras e sociais mundiais. Excepção a este cenário é
feita à África do Sul, cujo desenvolvimento se tem destacado mundialmente, facto
constatável com a sua entrada a organismos de desenvolvimento exteriores à África,
como o grupo BRICS, que identifica as economias emergentes.

Há factores sociais que também prejudicam o desenvolvimento da região, como a


prevalência do HIV/SIDA, a desigualdade de género, a falta de acesso a produtos
alimentares e água e o desempenho aquém do desejável quanto ao ensino secundário e
superior (MWANSA & MAYER, 2010).

Estes factores impedem a geração de capital humano qualificado. Outra questão


preocupante prende-se à gestão dos recursos naturais e ao sector energético. No
primeiro caso, a maioria dos recursos naturais dos países são explorados por
companhias estrangeiras e o lucro resultante destas explorações é, na sua maior parte,
canalizado para os países financiadores dos projectos de investimento nestes sectores.
Quanto ao sector energético, é essencial que haja uma estabilização e um aumento do
fornecimento e que este seja feito de modo a não comprometer o meio-ambiente.

A principal meta do SADC bloco econômico é a criação de ações que melhorem a


realidade social, econômica e política dos países que formam o grupo. Os 15 países que
formam o grupo sofrem com falta de recursos, desastres naturais, miséria e dificuldade
no desenvolvimento socioeconômico. 
Dentre os principais objetivos do SADC bloco econômico estão: aumentar a qualidade
de vida da população, desenvolver a economia de forma que alavanque o crescimento
das nações, promover a segurança e a paz, auxiliar os menos favorecidos e tentar
diminuir a dependência de nações mais desenvolvidas. 
Reafirmar os legados socioculturais da população do continente africano, desenvolver
valores políticos, reduzir as taxas de importação e exportação nas relações comerciais e
implementar uma moeda única são outras metas que também fazem parte do projeto do
SADC bloco econômico. 
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A erradicação da AIDS também é tida como uma das principais preocupações do


SADC. Os países que formam o grupo estão entre os mais afetados com o vírus desta
doença. As nações também buscam criar estratégias para maximizar o uso dos recursos
naturais da região de forma sustentável. 

Um dos desafios apontados por Vitória Diogo, e que não deve ser ignorado, tem a ver
com a incorporação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) na gestão dos
sistemas de Segurança Social.

Trata-se de reformas que “exigiram visão, coragem, clareza, firmeza e, acima de tudo,
entendimento por parte de todos os actores de que o utente é a razão da nossa
existência”, explicou a governante, que falava na cerimónia de abertura do seminário
sobre o Sistema de Tecnologia de Informação e Comunicação da Associação
Internacional da Segurança Social (AISS) ao nível da SADC.

“As tecnologias de informação e comunicação desempenham um papel transversal, por


isso devemos encontrar mecanismos que nos permitam tirar benefícios do seu uso. Para
além de melhorar as nossas vidas, elas contribuem para a eficiência dos nossos serviços,
assim como permitem que os gestores tomem decisões correctas e de forma atempada”,
afirmou Lonkhokhela Dlamini.

A Cimeira foi profícua na abordagem dos desafios à


seguranca
 
O Presidente da República e Presidente em Exercício da Comunidade para o
Desenvolvimento da África Austral (SADC), Filipe Jacinto Nyusi, disse ontem que
Cimeira Extraordinária da Dupla Troika da SADC, foi profícua na abordagem dos desafios
à segurança.

“No limiar das nossas deliberações, sentimo-nos regozijados por constatar que a Cimeira
foi profícua e objectiva, porquanto aprofundámos a abordagem dos desafios à segurança
que os ataques terroristas na província de Cabo Delgado representam, bem assim as
medidas acertadas para evitar o seu alastramento em Moçambique e na região”, afirmou o
Presidente Nyusi.

Para o estadista moçambicano, na Cimeira da Dupla Troika houve concertação de


esforços e foi identificado o melhor mecanismo de apoio mútuo para, de forma
contundente, a região fazer face ao terrorismo em todas as suas formas e manifestações.

“Ficou mais claro que sendo o terrorismo um fenómeno global, neste caso, com incidência
em Moçambique e com impacto para a região, temos uma responsabilidade partilhada, em
primeira mão como país e como SADC, sem nunca declinarmos ou minimizar o apoio de
outros parceiros bilaterais e multilaterais”, afirmou.
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O Presidente da República acrescentou que além da condenação nos termos mais


veementes o terrorismo, foi acordado uma resposta multifacetada às acções terroristas em
Cabo Delgado, com destaque para a disponibilização de recursos humanos e materiais
necessários para repor a segurança e ordem pública, assim como prestar assistência
humanitária e normalizar a vida das populações afectadas.

“Os resultados da Cimeira traduzem a determinação da SADC de repudiar e combater


vigorosamente este fenómeno que pode minar o nosso futuro partilhado de
desenvolvimento e bem-estar dos nossos povos”, informou o Presidente Nyusi.

De acordo com o Presidente em Exercício da SADC, a Cimeira foi o momento mais alto da
reafirmação do compromisso comum de contribuir para o reforço da paz, segurança e
estabilidade, dando primazia à segurança colectiva como condição para a implementação
dos programas e projectos conjuntos.

“Adoptámos, ainda, medidas para melhorar a coordenação inter-institucional dos nossos


países; a capacidade operacional das Forças de Defesa e Segurança no combate ao
terrorismo; segurança fronteiriça; eliminação de fontes de financiamento do terrorismo,
reconstrução de infraestruturas destruídas”, notificou o Chefe do Estado.

Conclusão

Durante o período colonial, a conquista, baseada na exploração económica e na


opressão da população autóctone, aliada ao trabalho migratório, em parte decorrente
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mesmo da colonização, fez nascer nos campos de trabalho e nas minas a consciência de
nação e da necessidade de união dos povos em torno da causa da libertação. Em
acréscimo a este facto, o Pan-africanismo, movimento nascido fora da África e fundado
por descendentes de africanos nascidos na América, fez nascer os movimentos
nacionalistas na diáspora e nos pontos de encontro comuns dentro de África, como os
países acolhedores de mão-de-obra. As independências, nascidas dos movimentos
nacionalistas, uniram novamente os novos países em torno dos desafios económicos e
sociais comuns, como a luta contra os regimes racistas da África do Sul e da Rodésia do
Sul. Dito isto, podemos verificar que há um sistema de continuidades entre as relações
de cooperação inter-regionais na África Austral que inicia no período pré-colonial e
estende-se até aos dias actuais, com a formação da SADC. A criação da Comunidade
para o Desenvolvimento da África Austral enfrenta, hodiernamente, grandes desafios
para atingir o seu objectivo de integração regional. A superação destas questões passa
pela resolução de problemas históricos de subdesenvolvimento e dependência política e
económica, tanto dos países ocidentais quanto da parceira África do Sul. Apresenta-se,
portanto, a necessidade de acautelar-se a natural tendência imperialista deste país,
potência económica e política da região. Por outro lado, e visando a libertação da
dependência económica, as economias mais frágeis deverão passar por uma
reestruturação de forma a que se desenvolvam estruturas que promovam o
desenvolvimento equitativo por toda a região. Isso passa, na nossa opinião, pela
industrialização dos países mais pobres, além do investimento em sectores
economicamente em ascensão, como o turismo, por exemplo. Entretanto, para que haja
o crescimento esperado, o ponto fulcral é o investimento em infraestruturas e a
manutenção da paz e da segurança, pontos já inseridos na agenda de desenvolvimento
da SADC. Estes, juntamente com as políticas de desenvolvimento voltadas para a
diminuição das diferenças inter-regionais, são o ponto de partida para o sucesso da
pretendida integração. Sendo assim, consideramos, finalmente, que a integração
regional na África Austral é um projecto ambicioso, cuja concretização passa, em
primeiro lugar e principalmente, pela compreensão e minimização das desigualdades
regionais, além da manutenção da paz e da segurança, sem as quais qualquer processo
de desenvolvimento torna-se impossível.

15. Referência Bibliografia


13

1. ARAÚJO, Paula Maria. Apontamentos de Direito Internacional Económico. Beira,


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9. MWANSA, Ernest; MAYER, Hans-Peter. Assembleia Parlamentar Paritária ACP-


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