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Introdução
Para atingir estes objectivos, em primeiro lugar, será traçado um breve histórico do
desenvolvimento das relações entre os países da África Austral, destacando os factores
históricos de cooperação e solidariedade mútuas, além dos mecanismos de continuidade
entre períodos históricos. Em segundo lugar, serão apontados os desafios actuais à
integração regional, na opinião da autora
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Contextualização
O prelúdio histórico da SADC tem início basicamente em 1969-70, quando três líderes
de países independentes da África Austral fronteiriços com o colonialismo e com os
regimes racistas (Julius Kambarage Nyerere [1964-85] da República Unida da
Tanzânia, Kenneth David Kaunda [1964-91] da República da Zâmbia e Sir Seretse
Khama [1966-80] da República do Botswana), e os movimentos de libertação nacional,
iniciaram entre si, um processo de frequentes consultas informais, sobre as estratégias e
tácticas para enfrentarem os inimigos de África, coordenando os seus esforços políticos,
diplomáticos e militares para dar um fim ao governo colonial e de minoria branca na
África Austral (na República da África do Sul e na então República da Rodésia).
Vieram a ser conhecidos como Frontline States (FLS) ou Estados da Linha da Frente
(ELF), o precursor imediato da cooperação política e do suporte de segurança da então
SADC. Presididos por Nyerere, os ELF fizeram conjuntamente esforços para a
libertação de países que ainda se encontravam sob o jugo colonial e sob o apartheid. Em
1975 a eles se juntaram Samora Moisés Machel (1975-86) e António Agostinho Neto
(1975-79), respectivamente, os presidentes das então República de Moçambique e
República Popular de Angola, que acabavam de conquistar a sua independência. Desse
modo, a Linha da Frente - criada em Abril de 1977, por iniciativa dos presidentes
Agostinho Neto, Samora Machel, Seretse Khama, Julius Nyerere e Kenneth Kaunda -,
foi a primeira forma de coordenação e integração regional formalmente reconhecida dos
países da África Austral e visava a mobilização e cooperação de esforços para fortalecer
os movimentos de libertação nacional que lutavam contra a opressão colonial na região.
Os países da Linha da Frente, uniram esforços no sentido de travar as acções de
desestabilização militar, desencadeadas pelo regime do apartheid da África do Sul
contra os países independentes da região. A Linha da Frente, tinha por objectivo a
libertação total dos povos e territórios oprimidos e sob dominação política, económica e
social na África Austral. A independência do Zimbabwe em 1980, foi sem dúvidas uma
vitória do movimento da Linha da Frente. Os ELF estavam conscientes de que a
independência política não era por si só suficiente, e a experiência positiva adquirida no
trabalho conjunto foi aproveitada e transformada numa cooperação mais ampla com
vista ao desenvolvimento económico e social. Com a contínua solidificação da
organização, os estados independentes da região sentiram a necessidade de se engajarem
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A região enfrenta uma série de problemas, desde dificuldades naturais como secas
prolongadas, a grande prevalência da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA)
e a pobreza. A erradicação destes problemas está as principais metas do grupo, que são:
Principais objectivos
capacidade de treinamento local desses cargos, têm sido oferecidas bolsas de estudo em
centros de formação estrangeiros, e tem-se apostado na criação de centros de formação
intelectual e técnica na região.
- Aliviar a pobreza;
Por outro lado, as independências encontraram os Estados um pouco por toda a África
com suas economias destruídas ou fragilizadas pelo processo de descolonização, o que
veio a piorar com as guerras civis posteriores a este período. Com suas estruturas
produtivas parcial ou totalmente destruídas, os novos países tiveram de lidar com os
diversos desenvolvimentos políticos e económicos mundiais, o que esmagou ainda mais
a sua capacidade de desenvolvimento e autosustento, tornando a sua economia muito
frágil diante das novas crises financeiras e sociais mundiais. Excepção a este cenário é
feita à África do Sul, cujo desenvolvimento se tem destacado mundialmente, facto
constatável com a sua entrada a organismos de desenvolvimento exteriores à África,
como o grupo BRICS, que identifica as economias emergentes.
Um dos desafios apontados por Vitória Diogo, e que não deve ser ignorado, tem a ver
com a incorporação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) na gestão dos
sistemas de Segurança Social.
Trata-se de reformas que “exigiram visão, coragem, clareza, firmeza e, acima de tudo,
entendimento por parte de todos os actores de que o utente é a razão da nossa
existência”, explicou a governante, que falava na cerimónia de abertura do seminário
sobre o Sistema de Tecnologia de Informação e Comunicação da Associação
Internacional da Segurança Social (AISS) ao nível da SADC.
“No limiar das nossas deliberações, sentimo-nos regozijados por constatar que a Cimeira
foi profícua e objectiva, porquanto aprofundámos a abordagem dos desafios à segurança
que os ataques terroristas na província de Cabo Delgado representam, bem assim as
medidas acertadas para evitar o seu alastramento em Moçambique e na região”, afirmou o
Presidente Nyusi.
“Ficou mais claro que sendo o terrorismo um fenómeno global, neste caso, com incidência
em Moçambique e com impacto para a região, temos uma responsabilidade partilhada, em
primeira mão como país e como SADC, sem nunca declinarmos ou minimizar o apoio de
outros parceiros bilaterais e multilaterais”, afirmou.
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De acordo com o Presidente em Exercício da SADC, a Cimeira foi o momento mais alto da
reafirmação do compromisso comum de contribuir para o reforço da paz, segurança e
estabilidade, dando primazia à segurança colectiva como condição para a implementação
dos programas e projectos conjuntos.
Conclusão
mesmo da colonização, fez nascer nos campos de trabalho e nas minas a consciência de
nação e da necessidade de união dos povos em torno da causa da libertação. Em
acréscimo a este facto, o Pan-africanismo, movimento nascido fora da África e fundado
por descendentes de africanos nascidos na América, fez nascer os movimentos
nacionalistas na diáspora e nos pontos de encontro comuns dentro de África, como os
países acolhedores de mão-de-obra. As independências, nascidas dos movimentos
nacionalistas, uniram novamente os novos países em torno dos desafios económicos e
sociais comuns, como a luta contra os regimes racistas da África do Sul e da Rodésia do
Sul. Dito isto, podemos verificar que há um sistema de continuidades entre as relações
de cooperação inter-regionais na África Austral que inicia no período pré-colonial e
estende-se até aos dias actuais, com a formação da SADC. A criação da Comunidade
para o Desenvolvimento da África Austral enfrenta, hodiernamente, grandes desafios
para atingir o seu objectivo de integração regional. A superação destas questões passa
pela resolução de problemas históricos de subdesenvolvimento e dependência política e
económica, tanto dos países ocidentais quanto da parceira África do Sul. Apresenta-se,
portanto, a necessidade de acautelar-se a natural tendência imperialista deste país,
potência económica e política da região. Por outro lado, e visando a libertação da
dependência económica, as economias mais frágeis deverão passar por uma
reestruturação de forma a que se desenvolvam estruturas que promovam o
desenvolvimento equitativo por toda a região. Isso passa, na nossa opinião, pela
industrialização dos países mais pobres, além do investimento em sectores
economicamente em ascensão, como o turismo, por exemplo. Entretanto, para que haja
o crescimento esperado, o ponto fulcral é o investimento em infraestruturas e a
manutenção da paz e da segurança, pontos já inseridos na agenda de desenvolvimento
da SADC. Estes, juntamente com as políticas de desenvolvimento voltadas para a
diminuição das diferenças inter-regionais, são o ponto de partida para o sucesso da
pretendida integração. Sendo assim, consideramos, finalmente, que a integração
regional na África Austral é um projecto ambicioso, cuja concretização passa, em
primeiro lugar e principalmente, pela compreensão e minimização das desigualdades
regionais, além da manutenção da paz e da segurança, sem as quais qualquer processo
de desenvolvimento torna-se impossível.
3. KISANGA, Eliawony J.. Industrial and Trade Cooperation in Eastern and Southern
Africa. Aldershot, Avebury, 1991.
4. FAGE, J.D., TORDOFF, William. História da África. Lisboa: Edições 70, 2013.