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Instituto superior de ciências e educação a distância (ISECED)

Departamento de ciências sociais e humanas

Cadeira de direito comunitário

2º Ano

Tema

Modelo jurídico e institucional da U.A para integração económica.

Armando Gota

Quelimane 2020

1
Instituto superior de ciências e educação a distância (ISCED)

Departamento de ciências sociais e humanas

Curso de licenciatura em direito

2º Ano

Tema:

Método jurídico e institucional da UA para a integração económica.

O presente trabalho de campo da cadeira do direito comunitário a ser apresentado ao


(ISCED) como requisito de avaliação para obtenção de grau de licenciatura em direito.

Discente: Tutor:

Armando Samuel Gota

Quelimane 2020

2
Índice
Índice…………………………………………………………………………. 3
Resumo………………………………………………………………………...4
Introdução……………………………………………………………………. .5
Surgimento da união africana……………………………………………….... 6
Integração institucional e coordenação………………………………………...7
Etapas da integração económicas………………………………………….…...8
Objetivos da união africana………………………………………….………....8
As implicações da criação da UA nas relações africanas\ EU………………..10
UA, fragilidade estatal e as contradições do estado………………………….11
Nepad…………………………………………………………………………15
Protocolo de Maputo………………………………………………………….16
Conclusão…………………………………………………………….……….18
Referências bibliográficas…………………………………………………..…19

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Resumo

A integração da África é um tema antigo e relevante para os países do continente. Depois do


notável crescimento desses países na última década, ele ressurgiu com força em fóruns sobre
políticas para o crescimento econômico africano.
União Africana (UA) é uma organização política a nível continental que une todos os Estados
africanos. A UA foi lançada na Cimeira de Chefes de Estado de Durban (Julho de 2002), com o
intuito de se encontrar um novo nível de governação pan-africano para enfrentar os desafios de
desenvolvimento da África. Substitui a Organização da Unidade Africana (OUA).
A UA estabelece um nível de governação pan-africano que fornece um quadro político e
democrático responsável com o objetivo de dar uma resposta africana aos desafios com que se
depara o continente. Em virtude da sua ampla legitimidade no continente, a UA está em posição
de oferecer contribuições específicas para alcançar objetivos de desenvolvimento essenciais que
não podem ser proporcionados por organizações existentes em África.
O Ato Constitutivo da UA abrange um amplo leque de domínios políticos, que incluem as
seguintes três prioridades políticas fundamentais:
 Paz e segurança A UA introduziram, enquanto novidade, o direito de intervenção em
Conflitos nacionais ou regionais no seu Ato Constitutivo. Com base neste princípio está a ser
construída uma estrutura de paz e segurança em torno de um Conselho para a Paz e a Segurança;
 Direitos humanos e democracia UA está a ser construída em torno de um conjunto
De valores essenciais relacionados com a democracia e a governação económica, financeira e
política. Um elemento essencial no desenvolvimento destes objetivos é a aceitação pelos
membros da UA do princípio de sanções em caso de não-cumprimento dos princípios
democráticos;
 Integração económica - A UA pretende melhorar a coordenação entre as comunidades
Económicas regionais (CER) de África e associá-las às suas atividades. Para a UA as CER
constituem os “alicerces” na via da criação de uma única Comunidade Económica Africana
(CEA).

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Introdução
O presente trabalho da cadeira do direito comunitário tem como seu tema “modelo jurídico e
institucional da UA para a integração económica”, sendo o tem supra pretende duma forma
resumida e clara incutir na mente do cursante de direito os conhecimentos sobre o surgimento da
união africana UA, seus princípios básicos, seus fundadores assim como seus objetivos.
Em poucas palavras a união africana foi criada para substituir a OUA.
O promotor da união africana foi o Muhammad Khadafi que na altura era considerado como
líder Líbio.
A substituição da OUA teve como ponto inicial o desajustamento de alguns dos seus objetivos,
como o da defesa da independência dos países africanos colonizados e o da luta contra toda e
qualquer manifestação de colonialismo ou neocolonialismo, face ao atual contexto histórico-
político dos seus estados-membros.
Indo no contexto mundial a UA era para colocar o continente africano no patamar económico
mundial, alem disso tinha seus objetivos internos que è resolver prolemas sociais, económicos e
políticos dos países africanos.

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1-Desenvolvimento

o Surgimento da união africana.


A União Africana foi criada a 11 de Julho de 2000 para substituir a Organização da Unidade
Africana (OUA), fundada a 25 de Maio de 1963. O projeto foi lançado, em 1999, em Sirte, pelo
líder líbio Muhammar Khadafi que convidou os participantes a criar a instituição, com base no
modelo da União Europeia e do Nafta (Acordo de Comércio Livre da América do Norte). Em
Julho de 2000, em Lomé, capital de Togo, foi adaptado o Ato Constitutivo da União Africana
(UA) e, em Julho de 2001, em Lusaca (Zâmbia), foi estabelecido o programa de substituição da
OUA pela UA. Em 2002, na Cimeira de Durban (África do Sul) procedeu-se à sessão inaugural
da Conferência dos Chefes de Estado e do Governo da instituição.
A substituição da OUA pela União Africana teve como ponto de partida o desajustamento de
alguns dos seus objetivos, como o da defesa da independência dos países africanos colonizados e
o da luta contra toda e qualquer manifestação de colonialismo ou neocolonialismo, face ao atual
contexto histórico-político dos seus estados-membros. Esta instituição foi criada com o propósito
de não só colocar a África no panorama económico mundial, como também de resolver os
problemas sociais, económicos e políticos dos países africanos, problemas agravados pelo
fenómeno da mundialização. Seu primeiro presidente foi o sul-africano Thabo Mbeki que foi
sucedido pelo moçambicano Joaquim Chissano em cimeira havida em Maputo em 2003.

Panorama econômico dos países africanos.


A África conta com 54 países reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), dos
quais 16 não têm saída para o mar. Abrange milhares de grupos étnicos, com mais de duas mil
línguas e culturas muito diferentes. A economia também apresenta uma grande diversidade. O
continente é rico em recursos minerais, em particular cobre, diamante, magnésio, ouro, petróleo e
rocha fosfática. Apesar das trajetórias de desenvolvimento desiguais de cada nação, o enorme
potencial econômico da região fortalece o cenário de que o desenvolvimento africano talvez seja
o próximo grande salto econômico global.
A despeito da diversidade institucional, todos os países africanos, exceto Sudão do Sul e
Somália,3 tiveram crescimento positivo no período entre 2004 e 2013. Dos 52 países com
estatísticas disponíveis, 27 apresentaram crescimento esperado do Produto Interno Bruto (PIB)

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igual ou superior a 5% em 2013 (Tabela 1), mostrando que a crise internacional restringiu, mas
não estancou, o crescimento do continente. As economias exportadoras de petróleo, notadamente
Guiné Equatorial, Angola, Nigéria e Sudão, estão entre aquelas que mais cresceram na última
década, refletindo a importância do ciclo de expansão do preço do petróleo para o bom
desempenho econômico do continente.

o Integração institucional e coordenação


A integração econômica é um acordo, em essência, econômico, entre diferentes estados, que tem
como objetivos a redução ou eliminação de barreiras ao comércio e a coordenação das políticas
monetária e fiscal. Visa reduzir os custos para os consumidores e os produtores, bem como
aumentar o comércio entre os países participantes. Existem diferentes níveis de integração
econômica, incluindo os acordos de comércio preferencial, zonas de comércio livre, uniões
aduaneiras, mercados comuns e uniões econômicas e monetárias. Quanto mais as economias se
integram, existem menos barreiras comerciais e alfandegárias e maior coordenação econômica e
política.
As principais motivações para um projeto de integração africana estão na possibilidade de
independência econômica em relação aos países ricos, no desenvolvimento econômico e na
redução da pobreza. Não é somente liberalizar o comércio e o investimento entre os países de
modo a se aproveitar das vantagens específicas de cada um, reduzir custos, aumentar mercado e
ganhar competitividade, porque cada liberalização entre um conjunto de países pode
corresponder a um movimento de protecionismo, em outro conjunto.

A diversidade de situações sugere que uma visão mais abrangente e dinâmica do


desenvolvimento da África requer que os ganhos de escala e de eficiência ocorram para o
conjunto de países simultaneamente, à medida que são removidas as regras de proteção e as
barreiras ao comércio, com ênfase na visão de longo prazo, em detrimento de uma visão de curto
prazo que resolva problemas imediatos de poucos países. Os ganhos, então, seriam expressivos
no incentivo aos investimentos entre as fronteiras; no aumento da competitividade entre
empresas que concorrem entre si nesse mercado “expandido”; no aumento do comércio intra
africano; na diminuição da dependência de produtos importados e da exportação de bens

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primários; no aprimoramento institucional proveniente do aumento das negociações e das
soluções de conflitos e; por fim, na contribuição para a melhoria no bem-estar das populações.

o Etapas da integração económica


A Comunidade Econômica Africana, estabelecida pelo Tratado de Abuja, será criada em seis
etapas:
 Etapa 1 (1994-1999): criação de blocos econômicos regionais onde não existem.
 Etapa 2 (2000-2007): fortalecimento da integração nas comunidades regionais e
harmonização entre essas comunidades.
 Etapa 3 (2008-2017): estabelecimento da área de livre comércio e da união aduaneira em
cada comunidade regional.
 Etapa 4 (2018-2019): coordenação e harmonização dos sistemas tarifários e não tarifários
entre as comunidades regionais visando ao estabelecimento da área de livre comércio e
da união aduaneira africanas.
 Etapa 5 (2020-2023): estabelecimento do mercado comum africano.
 Etapa 6 (2024-2028): estabelecimento da união econômica e monetária africana e do
parlamento africano.

O desenvolvimento do mercado financeiro


A UA criou três instituições financeiras pan-africanas:
 Banco Africano de Investimento,
 Fundo Monetário Africano e
 Banco Central Africano, que permitirão aos países o controle dos deficits dos balanços
de pagamentos, a promoção da cooperação monetária e a disciplina e supervisão
financeira.

o Objetivos da União Africana

São objetivos da União Africana os seguintes:

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 Realizar maior unidade e solidariedade entre os países e povos de africa;
 Respeitar a soberania integridade territorial e independência dos seus estados membros;
 Acelerar a integração política e sócio económica do continente;
 Promover e defender posições africana comum sobre as questões de interesses para o
continente e os seus povos;
 Encorajar a cooperação internacional tendo devidamente em conta a carta das Nações
Unida e a declaração dos Direitos do homem.
 Promover a paz a segurança e estabilidade no continente;
 Promover os princípios e as instituições democráticas a participação popular e a boa
governa;
 Promover e proteger os Direitos do homem e dos povos em conformidade com a carta
africana dos Direitos do homem e dos povos e dos outros instrumentos relativos ao
Direito do homem.
A UA é constituída por uma Assembleia de chefes de Estados e de governo ou Conferencia da
União, o principal órgão, um Conselho Executivo que junta os Ministros dos Negócios
Estrangeiro, o Parlamento pan-africano, o tribunal de Justiça, A comissão, que substitui o cargo
de secretário-geral e um Comité dos Representantes, constituído por Embaixadores (os Comités
técnicos especializados, o Conselho Económico, Social e Cultural e as Instituições financeiras).

Princípios da União Africana


A UA funciona em conformidade com os seguintes princípios fundamentais:

 Igualdade soberana e interdependência entre os Estados membros da união;


 Respeito das fronteiras existentes no momento da acessão a independência;
 Participação dos povos africanos nas atividades da União
 Estabelecimento de uma política comum de defesa para o continente africano;
 Resolução pacífica dos conflitos entre os estados membros da união através dos meios e
apropriados seja decidido pela conferência da união;

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 Proibição do uso da força ou da ameaça entre os Estados membros da união;
 Não ingerência de qualquer estado membro da união nos assuntos internos de outros;
 Direito da união intervir num estado membros em conformidade com uma decisão da
conferência em situações graves.

o As implicações da criação da UA nas relações África/UE.


A Comissão Europeia já é um parceiro essencial para a África. Tem uma longa história de
cooperação multifacetada, que envolve cada país individualmente e cada região através das
comunidades económicas regionais. A criação da UA está atualmente a acrescentar uma nova
dimensão pan-africana às suas relações com a África.
A Comissão Europeia vê as novas instituições políticas pan-africanas como uma oportunidade
para reforçar e estruturar o diálogo político com todo o continente africano. Depois do revés
sofrido em virtude do cancelamento da Cimeira África-UE de Lisboa, o diálogo África-UE foi
relançado com êxito com a primeira reunião oficial da troica a nível ministerial em Roma em
Novembro de 2003. Uma segunda troica a nível ministerial irá ter lugar em Dublin em 1 de Abril
de 2004. A Comissão Europeia e a Comissão da União Africana irão assegurar os requisitos
técnicos, acompanhar os progressos e preparar o terreno para as reuniões da troica. Uma
cooperação intensiva entre a Comissão Europeia e a Comissão da UA será, por conseguinte, um
instrumento essencial na elaboração e consolidação do diálogo África-EU.

Transição da OUA para UA.


A existência da OUA e sua transição para a UA representam respostas do continente africano a
contextos internacionais distintos. Segundo Ianni (1996) a transição é importante e simbolizou
tanto a adaptação africana a um mundo pós-Guerra Fria, como também a adequação desta
organização a novas demandas existentes na África. Para este autor a OUA serviu como um
importante instrumento de alcance continental voltado ao combate à dominação do imperialismo
europeu, enquanto a UA reflete a adequação africana ao novo mundo.

Segundo Ianni (1996), o término da Guerra Fria simbolizou não apenas o fim do cenário
internacional dividido entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS), mas também
inaugurou uma fase de intensa difusão dos valores socioculturais estimados pelo Ocidente.

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De modo geral, se no âmbito político a democracia passava a ser o modelo que os países
deveriam adotar, no plano econômico, a vitória do capitalismo sobre o socialismo criava um
cenário propício à disseminação do neoliberalismo e seus condicionantes, tais como o fim de
possíveis barreiras à globalização financeira, a diminuição da participação do Estado na
economia, a intensificação nos processos de privatizações de empresas estatais, e a valorização
do livre mercado e do livre-comércio.
A historiografia africana deteta o século XXI como uma fase em que surgem novas perguntas
para o continente. Ao redor do mundo, na década de 1990, as regiões passavam por
modificações: a Europa assinava o Tratado de Maastricht para inaugurar um novo momento da
história de integração do continente, a Ásia se reorganizava no pós-Guerra Fria com algumas
economias ocidentalizadas e a América Latina via a retomada da integração regional com
organizações como o Mercosul, transformações estas explicadas pela globalização e em parte
pela ideia de superar o Estado-Nação criando espaços diferenciados. Para a África, sobretudo, a
ordem que nasceu apresentou um desafio, ou melhor, resgatou uma luta anterior e reafirmou uma
vontade comum dos povos africanos.
Ainda nos anos 1990, Nyang’oro e Shaw (2000) indicam que no decorrer desta década diversos
países entraram em uma fase de crescimento econômico e em um processo de financiamento da
economia, refletidos através da criação de bolsas de valores. Além destes fatores econômicos, o
continente também passava a ser palco de transformações políticas, como o fim do apartheid na
África do Sul; a diminuição, isolamento ou fim de ditaduras e o surgimento de eleições
democráticas multipartidárias). Portanto, diferentemente dos anos iniciais da década de 1990,
quando o mundo passava por transformações e a África era vista como estática, imbuída nos
desafios anteriormente indicados, e distante da globalização econômica, no final deste período o
que se via era um continente entrando em uma fase de renascimento, mas comumente conhecido
Como Africa Renaissance.

o União Africana, Fragilidade Estatal e as Contradições do Estado


A UA (anteriormente OUA) existe desde os últimos cinquenta e cinco anos, tendo emergido do
profundo reconhecimento introspetivo da Unidade Africana como base para a relevância na
arena global. Ao teorizar sobre a união dos estados africanos para formar um leviatã político, os
líderes africanos pós-independência consideraram que os estados criados pelos europeus

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poderiam ser usados para construir o edifício político continental. Assim, a então OUA, (agora
UA) através de uma resolução da Assembleia de Chefes de Estado e de Governo em 1964 adotou
as fronteiras coloniais existentes e não impeliu sua renegociação como base para a busca da
unidade continental.
Embora os estados Africanos tenham sido criados para satisfazer os interesses europeus,
nomeadamente a busca de domínio político-económico, o avanço de seus interesses econômicos,
a manutenção da crença psicológica da relevância imperial e a busca pelo poder, os líderes
africanos argumentaram que reajustar as fronteiras coloniais herdadas seria contraproducente,
pois poderia potencialmente levar a conflitos evitáveis. Alguns estudiosos racionalizaram a
posição da UA (então a OUA) sobre as fronteiras coloniais em três bases, a saber:
 Razões pragmáticas;
 Razões ideológicas; e
 A racionalidade política e alegaram que a justificativa para a linha de ação da UA estava
quase na ausência de conflitos interestaduais.
A fragilidade contemporânea associada aos estados africanos originou- se da cristalização
evolutiva das contradições do Estado colonial e, portanto, apela ao questionamento da decisão
histórica da UA em 1964 de preservar as fronteiras coloniais. De fato, essa decisão refletiu uma
contradição séria que é difícil de situar. A então OUA foi um produto de compromisso que
tentou harmonizar as posições extremas dos grupos Brazzaville, Casablanca e Monróvia, que
oscilou entre a criação imediata dos Estados Unidos da África com o Governo Central Africano
(ACG) e o gradualismo baseado no forjamento da unidade continental após a consolidação do
estatal. O surgimento da OUA foi uma renúncia tácita à proposta do ACG. Assim, o caminho
mais natural para a OUA, tendo em vista os seus principais objetivos, especialmente a promoção
da unidade e solidariedade entre os estados Africanos e a erradicação de todas as formas de
colonialismo no continente, teria sido trabalhar no sentido de reexaminar a condição de estado a
partir da perspetiva das fronteiras coloniais como um meio de remover a base para futuras
tensões.

Reinventando a UA para o Exorcismo do Espectro de Fragilidade e Fracasso do Estado.

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A transformação da OUA em UA em Julho de 2001 foi uma resposta direta às deficiências da
OUA e à necessidade de fortalecê-la para enfrentar os desafios da globalização. A UA difere
significativamente da OUA de várias maneiras:
 Primeiro, declara respeito pelos princípios democráticos e denuncia métodos não
democráticos de mudança de governo;
 Segundo, reduz a barreira à não ingerência nos assuntos internos de todos os Estados
membros;
 Terceiro, atribui à si a responsabilidade de proteger, estabelecendo medidas para a ação
coletiva em circunstâncias graves, como guerras, genocídio e crimes contra a
humanidade;
 Em quarto lugar, governos legítimos podem solicitar intervenção se estiverem sob
ameaça de um golpe militar;
 E por fim, estabelece instituições de boa governança, como o parlamento comum, o
Banco Central e uma corte de justiça modelada com base na União Europeia.

Como na época em que a UA surgiu, quase todas as partes da África estavam envolvidas em
variados graus de desafios políticos, econômicos e de segurança. Os conjuntos de fragilidade do
Estado não compreendem apenas a incapacidade do Estado de providenciar o ambiente propício
ao desenvolvimento, mas se estende à natureza do sistema econômico global, especialmente o
status periférico dos estados Africanos.
O maior problema enfrentado pela UA é como quebrar a armadilha da fragilidade na África.
O caso do Mali também forneceu uma reviravolta sobre a facilidade com que um país poderia
passar da estabilidade para a fragilidade (OECD 2012). Antes do golpe militar que mergulhou o
Mali na crise, o país foi apresentado como um epítome da consolidação democrática, tendo
realizado repetidas eleições (Kim 2013). A fragilidade do Estado na África é um produto de
fatores internos e externos.
Fatores internos incluem:
 Crises étnicas-religiosas,
 Terrorismo,
 Pobreza,
 Corrupção,

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 Intolerância política,
 Inoperatividade,
 Ou fraca aplicação do estado de direito e
 Instabilidade política gerada pela desesperança política, entre outros.
No nível externo, há fatores como o sistema capitalista global desfavorável, a proliferação de
armas leves, o domínio férreo das antigas potências imperiais em suas antigas colônias, como
exemplificado pelo padrão de regionalização econômica e por guerras por procuração.

A relevância continuada da UA depende da sua capacidade de desmantelar os vários


impedimentos para operações eficientes. Reconhecido que, no papel, a UA possui as facilidades
institucionais para lidar com os desafios de segurança, a questão é: ela tem a capacidade de fazer
isso? Com base na experiência da Primavera Árabe, particularmente da crise da Líbia e do
conflito do Mali, a resposta pode ser negativa.
As várias instituições criadas pela UA, especialmente:
 O Conselho de Paz e
 Segurança (CPS),
Que entrou em vigor em 26 de Dezembro de 2003, representam a vasta arquitetura securitária
para assegurar a paz em África. O CPS e outras instituições dentro da UA, como a Força de
Reserva Africana (FRA), o Sistema Continental de Aviso Prévio (SCAP) e o Painel dos Sábios
(PS), “destinam-se a proporcionar uma paz abrangente ao continente tal como são as ‘iniciativas
domésticas destinadas a colocar o destino do continente nas mãos do povo.

A eficácia da UA depende de certos fatores críticos, especialmente o apoio total e proactivo de


seus membros. Por mais atraente que possa parecer a máxima da UA de “solução Africana para
os problemas Africanos”, degeneraria- se em mero sloganeering na ausência de ferramentas
necessárias para efetuar a solução. Como os conflitos na Líbia e no Mali demonstraram, a UA
carece dos instrumentos indispensáveis para lidar de forma independente com as crises no
continente. Com relação à crise na Líbia, a indecisão da UA criou espaço para que as Nações
Unidas e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) prestassem mais atenção à
posição da Liga Árabe e de outras organizações. A UA, apesar do seu declarado compromisso
com a noção da “não-indiferença”, não interveio, não ameaçou intervir nem impôs qualquer

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forma de sanção à Líbia, por mais simbólica que fosse, ao longo dos nove meses do conflito na
Líbia (Kasaija 2013). De fato, a UA estava fortemente dividida, com alguns países reconhecendo
os rebeldes e outros em cima do muro.

o NEPAD
A UA baseada no modelo da união europeia (mais atualmente com atuação mais próxima a
Commonwealth) ajuda na promoção da democracia Direitos humanos e desenvolvimento em
África, especialmente no aumento de investimento estrangeiro por meio de um programa
denominado NEPAD.
NEPAD é a sigla de New Partnership for África's Development ou, em português, Nova Parceria
para o Desenvolvimento da África.
NEPAD é um programa da União Africana que materializa a visão holística desenvolvida pelos
líderes Africanos numa moldura de parceria entre os países Africanos com o objetivo de
promover o desenvolvimento sustentável de África.
Filosofia Política A NEPAD quer estancar a marginalização da África no processo de
globalização e promover o papel das mulheres em todas as atividades.
Objetivo Geral da NEPAD è Promover uma nova dinâmica ao desenvolvimento de África,
reduzir o fosso existente entre o continente Africano e os países desenvolvidos.
Objetivo de Longo Prazo de NEPAD
 Promover a paz, a estabilidade política e a democracia;

 Criar condições para boa governação política, económica e corporativa;

 Garantir ótima gestão económica e desenvolvimento centrados nas pessoas;

 Erradicar a pobreza em África e a colocar os países africanos, individual e coletivamente,


na via do crescimento e desenvolvimento sustentáveis.

o Protocolo de Maputo

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Protocolo de Maputo é um diploma aprovado em Julho de 2003, pela Assembleia da União
Africana, em Maputo. O protocolo garante, por exemplo, a todas as africanas cujos governos
serão signatários, a idade mínima do casamento com 18 anos. Estipula igualmente em matéria de
casamento, que nenhuma união poderá ser concluída sem o pleno consentimento das duas partes.
A monogamia é nele encorajada como forma preferível de casamento" e o protocolo garante aos
dois cônjuges a escolha, de comum acordo, do seu regime matrimonial e do seu local de
residência. Confere igualmente à mulher, durante o casamento, o Direito de adquirir bens
próprios, administrar e geri-los livremente.

No que concerne ao divórcio, estabelece que os homens e as mulheres gozam dos mesmos
Direitos em caso de separação de corpos, divórcio e anulação do casamento e garante que estes
casos de rutura devem ser decididos por via judicial.

O protocolo de Maputo garante, por outro lado, que o homem e a mulher têm o mesmo Direito
de pedirem a separação de corpos, divórcio ou anulação do casamento. Logo que seja concedido
pelo juiz, a mulher e o homem têm o Direito à partilha equitativa dos bens comuns adquiridos
durante o casamento. Em caso de viuvez, o protocolo de Maputo proíbe que a viúva seja
submetida a algum tratamento desumano, humilhante ou degradante. Garante que após o
falecimento, a viúva torna-se de imediato o responsável pelos seus filhos, salvo se isto for
contrário aos interesses e ao bem-estar destes filhos. Está também garantido à viúva o Direito de
se casar novamente com o homem da sua escolha.
Em matéria de Direito de sucessão, o protocolo de Maputo estabelece que como os homens, as
mulheres têm o Direito de herdar os bens dos seus parentes, em partes equitativas.

A viúva também tem Direito a uma parte equitativa na herança dos bens do seu cônjuge. Tem o
Direito, independentemente do regime matrimonial, de continuar a viver no teto conjugal.
Em caso de um novo casamento, conserva este Direito caso a casa lhe pertença ou lhe fosse
atribuída como herança.
O protocolo de Maputo insta os Estados membros a proibirem, com medidas legislativas
acompanhadas por sanções, a escarificação e todas as formas de mutilações genitais femininas,
incluindo a sua medicação e atividades paramédicas afins, bem como todas as outras práticas
nefastas. Em caso de conflitos, o protocolo insta os Estados a protegerem as mulheres pedintes
de asilo, refugiadas, repatriadas ou deslocadas, contra todas as formas de violência, o estupro e

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outras formas de exploração sexual, bem como certificarem de que tais violências são
consideradas como crimes de guerra, genocídio e ou crimes contra a humanidade e que os seus
autores são processados judicialmente.

No plano social, o protocolo de Maputo recomenda aos seus Estados membros a promoverem a
igualdade em matéria de emprego e o Direito a uma remuneração igual entre os homens e
mulheres para empregos de valor igual.

Recomenda finalmente aos Estados para tomarem medidas para combaterem a exploração e a
utilização de mulheres para fins de publicidade de carácter pornográfico ou degradante para a sua
dignidade.

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o Conclusão

A União Africana foi criada a 11 de Julho de 2000 para substituir a Organização da Unidade
Africana OUA, fundada a 25 de Maio de 1963. O projeto foi lançado, em 1999, em Sirte, pelo
líder líbio Muhammar Khadaffi que convidou os participantes a criar a instituição, com base no
modelo da União Europeia e do Nafta (Acordo de Comércio Livre da América do.

A integração económica é uma prioridade dos líderes africanos conforme proposta da UA. O
diagnóstico principal é que a integração é um importante motor para o crescimento econômico,
para a redução da pobreza e para o desenvolvimento da África em geral.

A integração proposta pela UA tem dimensões diversas: integração monetária, financeira,


jurídica, de infraestrutura e de comércio exterior e seus pressupostos institucionais e políticos.
Entre esses pressupostos, estão a diminuição da corrupção, a livre movimentação das pessoas
incluindo como mão-de-obra e o controle fiscal.
Prevê também a constituição de três instituições financeiras: Banco Central Africano, Fundo
Monetário Africano e Banco Africano de Investimento.
A UA ajuda na promoção da democracia Direitos humanos e desenvolvimento em África,
especialmente no aumento de investimento estrangeiro por meio de um programa denominado
NEPAD nova parceira para o desenvolvimento de África. Seu primeiro presidente foi o sul-
africano Thabo Mbeki que foi sucedido pelo moçambicano Joaquim Chissano em Cimeira
havida em Maputo em 2003.

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Referências bibliográficas.
CAMPOS, J. M., (1997) - Direito Comunitário, O Direito Institucional Vol. I, 8ª ed., Lisboa.
DÖPCKE, W. (2002), Há salvação para a África, Thabo Mbeki e seu New Partnership for
African Development.
FERNANDES, J. A. (2009), Integração para o desenvolvimento da África: a fusão de blocos
Economicos Ijuí: Editora Unijuí.
RIBEIRO, C. O. (2008), “União Africana: possibilidades e desafios”. IN: Conferência Nacional
de Política Externa e Política Internacional .
Manual de direito comunitário da ISCED.

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