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Poder constituinte formal na formação da CRPM 1975

O Estado é uma pessoa colectiva, uma colectividade que tem como suporte um estatuto. É esse
estatuto que criará seus órgãos e representará a sua garantia funcional. O estatuto é a forma mais
soberana e única da colectividade cabalmente manifestar sua existência, e é comummente
designa-se por Constituição.

Moçambique alcançou a tão almejada independência no dia 25 de Junho de 1975 por via armada.
A entidade que exerceu-se o poder constituinte formal foi a FRELIMO (Frente de libertação de
Moçambique) que se definia "como uma organização política constituída por Moçambicanos
sem distinção de sexo, origem étnica, crença religiosa ou lugar de domicílio"1em nome do povo.

De acordo com o seu estatuto aprovado no II congresso reunido de 20 a 25 de Julho de 1968 na


província de Niassa, a FRELIMO dispunha de uma estrutura constituída por órgãos como: O
Congresso, o Comité Central, o Comité Político-militar, o Comité executivo e a Presidência. A
constituição foi aprovada pela VII sessão do Comité Central realizada a 23 de Junho de 1975 no
Tofo, província de Inhambane2, efectivando-se deste modo um dos processos de formação da
constituição que é poder constituinte formal segundo o Prof. Jorge Miranda.

No seu programa que a FRELIMO definiu ideias como a conquista da soberania, a construcao de
um Estado de democracia popular, bem-estar social, autodeterminação, igualdade nas relações
sociais, unidade nacional, igualdade racial e étnica, a valorização da cultura entre outras.

A Constituição aprovada pela VII sessão do Comité Central vinha deste modo transformar aquilo
que eram os valores, princípios de ideia de direito que as populações nas zonas libertadas e
semilibertadas vinham já comungando em paralelo com o que o programa da FRELIMO
defendia, em regras de direito, decretando-os em dispositivos com forma e força constitucionais
respectivamente.

1
Frente de libertação de Mocambique (FRELIMO) ESTATUTOS E PROGRAMA; Pag.5
2
Evolução do constitucionalismo na Pátria amada; pag.14
Tanto a publicação como a entrada em vigor da Constituição de 1975 coincidiram com a
proclamação da independência nacional, realizada igualmente pelo Comité Central da
FRELIMO.3

O poder constituinte formal exercido pelo Comité Central da FRELIMO é historicamente


precedente do poder constituinte material pois o triunfo da ideia de direito com a luta armada de
libertação nacional veio antes da sua formalização com aprovação da Constituição; O PCF
confere estabilidade, visto que a ideia de direito exige o estatuto de regra4.

3
Ibdem; pag.14
4
MIRANDA Jorge( )Manual de Direito constitucional Tomo II; pag.
Poder Constituinte Formal na formacao da constituicao da republica popular de Mocambique de
1975

O poder constituinte Fornal , Precede logicamente o Poder constituinte Material , medida em que
uma vez estabelecida uma nova Ideia de Direito, exercido o poder constituinte,de decretacao da
constitui segue-se a formalizacao que se traduz ou culmina no acto de decretacao da constituicao
formal ou acto constitinte em stricto-sensu.

A frelimo em 1975 , exerceu quer o poder constituinte material quer o poder constituinte formal
na qualidade de único e legitimo representante do povo moçambicano.

Constituição de 1975, em um raro exercício do poder constituinte surge logo imediatamente,


conexa com a constituição Material, ainda assim não foi possível garantir a entrada em
funcionamento de todos os órgãos nela instituídos tornando necessário elaborar uma organização
provisória de alguns órgãos do estado do estado ate a entrada em funcionamento destes órgãos
por ela instituídos.

Segundo o Professor Jorge Miranda, a feitura da constituição formal definitiva pode dar-se de
diferentes modos, em razão de circunstancialismos históricos inelutáveis e de factores jurídico-
políticos dependentes da forma de Estado, da legitimidade do poder e da participação da
comunidade politica5

Em 1975 o acto constituinte em stricto sensu competiu a um único órgão o Comité Central da
frelimo , como acima já foi referido , na qualidade de único e legitimo representante do Povo
Moçambicano

5
Miranda Jorge, Manual de Direito Constitucional , Tomo II ,6a Edicao , Coimbra Editora , 2007, pag.118

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