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3º Ano - 2021
Tema:
Armando Gota
Quelimane 2021
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Instituto superior de ciências e educação a distância (ISCED)
Tema:
Discente: Tutor
Quelimane 2021
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Índice.
Introdução……………………………………………………………………………………..…..4
A SADC…………………………………………………………………………………….….…5
Os objetivos da integração jurídica: a segurança jurídica e judiciária ………………..…....……..7
Aspetos Jurídicos, Institucionais, Administrativos e Organizativos…………………...…….……8
A SADC, é uma vasta organização de coordenação, de harmonização de políticas, de planos, de
programas, de estratégias e de projetos………………………………………..........................….9
SADC- Conferência de Coordenação para o Desenvolvimento da África Austral ………….….11
Os desafios da SADC no âmbito jurídico………………………………………………….…….12
Como perceber a integração na SADC no âmbito jurídico…………………………………...….14
A SADC uma organização de integração regional ainda por finalizar…………………...……...16
Conclusão …………………………………………………………………………………..……17
Referências bibliográfica…………………………………………………………….………......18
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Introdução.
A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) apresenta-se como uma das
mais desenvolvidas tentativas de integração do continente africano. Esta organização passou a
revestir-se, em 1992, de um caráter permanente, tornando-se produto de um esforço de
institucionalização que se tem vindo a materializar no estabelecimento de metas e estágios para
um ambicioso projeto de integração jurídica assim como económica.
Partindo de um prisma económico, a SADC reflete a difusão da riqueza mundial por novos
polos, bem como materializa uma nova conformação da geografia económica no seu âmbito
jurídico.
As suas instituições, frequentemente percecionadas como sendo regidas por uma lógica
intergovernamental, serão a unidade focal desta análise. Esta tem como principal objetivo a
verificação do seu impacto no processo de integração jurídica desta organização, particularmente
o estabelecimento de uma relação de causalidade entre a estrutura institucional e o atual estado
da vertente jurídica do processo integrativo.
Procura-se assim inferir se o quadro institucional da organização jurídica é capaz de gerar uma
dinâmica autónoma em prol da integração ou se sucumbe perante o voluntarismo estatal dos seus
membros a nível da região Austral no que concerne aos problemas da integração jurídica.
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Desenvolvimento.
A SADC.
Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, é a organização adscrita a esta área
geográfica, compreendendo atualmente 15 Estados Membros. Esta organização herda
diretamente o legado da SADCC, inaugurada em 1980, por iniciativa da organização informal
dos Frontline States Estados da Linha da Frente.
A questão da descolonização, nomeadamente a Guerra Rodésia-Zimbabwe, mas também as lutas
de libertação no então Império Colonial Português em África, fizeram emergir a comunidade de
Estados Frontline States (FLS). O seu advento deu-se no início dos anos setenta, quando a OUA
decidiu estabelecer um Comité de Libertação sediado na capital da Tanzânia (Dar es Salaam) que
tinha como objetivo a mobilização continental (dos Estados independentes fronteiriços com os
ainda colonizados) e mundial em prol da causa anticolonial e, especificamente, dos movimentos
independentistas ou antis segregacionistas em luta em Angola (MPLA), Moçambique
(FRELIMO), Zimbabwe (ZAPU e ZANU), Namíbia (SWAPO) e África do Sul (ANC e PAC)
(Murapa 2002, 157).
Com a independência de Angola, Moçambique e Zimbabwe e sua consequente entrada nos FLS,
a questão económica passou a ser priorizada. Julius Nyerere, o emblemático pan-africanista
presidente da Tanzânia, convocou para esse efeito uma reunião em Arusha, em 1979 (ibid).
Através da Declaração de Arusha, os FLS apostaram na criação de uma conferência que
capacitasse os Estados independentes e anticolonialistas da região, ajudando-os a reduzir a
dependência, conter e transformar a potência com mais resquícios de colonialismo da África
Austral – a África do Sul49 (M. Evans 1984, 2). Os Estados da «Linha da Frente» foram, neste
sentido, verdadeiramente singulares, por terem consubstanciado a aliança diplomática mais
fortemente dedicada a exercer uma decisiva pressão para a subversão do regime sul-africano,
ainda que não a um nível marcadamente securitário e militar (M. Evans 1984, 5). Em 1980, a
Declaração de Lusaca (em prol da libertação50 económica) estabelece a SADCC, reunindo nove
Estados independentes da região51 sob a égide da cooperação económica em prol do
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desenvolvimento dos países integrantes, abrindo caminho para a construção de uma estrutura
formal que orientasse a integração regional.
Integração
Quando se fala em integração se está falando na pretensão de formar um todo provindo de partes
anteriormente separadas. Vale ressaltar, que a formação deste todo integrado não deve ser
compreendida como um mero agrupamento, mas sim como um conjunto de partes amplamente
intercomunicadas, onde cada uma delas mantém suas características próprias.
Perante a intensificação dos fenómenos integrativos, nomeadamente a partir do pós-II Guerra
Mundial, as disciplinas de Ciência Política e Relações Internacionais tiveram que se adaptar a
esta realidade, desenvolvendo teorias que explicassem e elencassem as condições de
possibilidade em que se estabelece a integração. O funcionalismo, o neofuncionalismo e o
intergovernamentalismo destacam-se como sendo as suas principais correntes.
A integração jurídica
A Integração Jurídica refere-se ao preenchimento de lacunas mediante a aplicação de normas
individuais, atendendo ao espírito do sistema jurídico, ou por outras palavras é a convergência, a
harmonização ou a uniformização de Direitos Nacionais de vários países.
Não se pode pensar num processo de integração sem o Direito. A conclusão dum estudo
comparativo-avaliativo do Direito Comercial de oito Estados membros da SADC, (Botswana,
Malawi, Namíbia, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia e Zimbabué) realizado em 1999, pelo
Conselho Consultivo para a Promoção da Pequena Empresa (a seguir designada pela sua sigla
inglesa SEPAC),conclui claramente que: “The creation of a more unified regulatory environment
is also an essential precursor to regional economic integration”. Do mesmo modo, as teorias
económicas da integração fundamentaram a convergência dos direitos nacionais.
Todavia, essas fundamentações não esgotam o conjunto das razões susceptíveis de abonar a
favor da integração jurídica. Fundamentos propriamente jurídicos constituem, também,
argumentos substanciais na escolha desta via. Nesta perspetiva, a integração jurídica implica
atingir fundamentalmente, os objetivos de segurança jurídica e judiciária; isto necessita do uso de
técnicas apropriadas para concretizar tais objetivos.
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Os objetivos da integração jurídica: a segurança jurídica e judiciária
A integração implica uma estratégia global incluindo não só estratégias económicas, políticas e
normas éticas (nomeadamente, as que dizem respeito à luta contra a corrupção), mas também, a
modernização e adaptação do Direito Comercial, bem como a reabilitação da justiça e a
seguração dos justiçáveis. Por outras palavras, trata-se de implementar uma verdadeira
“estratégia jurídica e judiciária”. Nesta perspetiva, a segurança jurídica e a previsibilidade, são
apresentadas como valores essenciais, a fim de favorecer o crescimento das atividades
económicas e a promoção de investimentos.
O imperativo de segurança, surge também, ao nível da justiça. Com efeito, o melhoramento do
clima de investimento, é largamente dependente do bom andamento e desempenho da justiça,
isto é, “de uma justiça credível, equitativa, capaz de dizer o direito com competência e de
segurizar os justiçáveis”. Nesta óptica, a criação de uma jurisdição supranacional pode contribuir
para a promoção da segurança judiciária como é o caso, por exemplo, do sistema da Organisation
pour l’Harmonisation en Afrique du Droit des Affaires (OHADA).
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Uma SADC supranacional implica, também, um Poder Judicial de jurisdição obrigatória e
integrado. O contencioso da aplicação das normas jurídicas uniformizadoras aprovadas pelo
Conselho deveria poder ser solucionado ao nível das jurisdições nacionais dos Estados membros
em primeira e segunda instâncias enquanto, em última instância, o Tribunal da SADC deveria ser
competente para unificar a jurisprudência relativa a aplicação das normas uniformes aprovadas
pelo Conselho. Por outras palavras, o Tratado da SADC, deveria estabelecer um princípio de
supranacionalidade judicial materializado pela transferência de competência das jurisdições
nacionais de última instância (Tribunal Supremo) para o Tribunal Comunitário nas matérias
abrangidas pelas normas uniformizadoras do direito aprovado pelo Conselho. Assim, esses
mecanismos permitiriam estabelecer “uma unidade de jurisprudência” necessária para consolidar
o Direito Comunitário no espaço da SADC. Com efeito, a harmonização do direito seria
extramente difícil na hipótese em que cada jurisdição nacional podia ter a sua própria
compreensão das normas uniformizadoras do direito.
Além disso, este procedimento não deveria impedir a consulta ao Tribunal pelas jurisdições
nacionais, no caso em que o Tribunal fosse solicitado por essas jurisdições para dar o seu
parecer, na ocasião de um contencioso já existente, sobre a interpretação de uma disposição do
Tratado ou das normas aprovadas pelo Conselho.
O Tratado da SADC, não consagra nenhum instrumento que permita razoavelmente concluir pela
existência de um real processo de uniformização das legislações dos Estados-membros. Pelo
contrário, o objetivo é de cooperar, isto é, coordenar a ação dos Estados membros num domínio
determinado. O instrumento privilegiado desta opção é o Protocolo. Assim, esses acordos entre
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Estados membros aparecem como instrumentos particularmente indicados e adaptados para
promoção de uma cooperação entre Estados.
Apesar da sua ratificação pela Cimeira de Chefes de Estados, os protocolos são abertos à
assinatura e ratificação dos Estados e não existe nenhum mecanismo que garante e assegure que
todos os Estados-membros procedam, de modo uniforme ao cumprimento de todas essas
formalidades. Os protocolos entram em vigor 30 dias após o depósito dos instrumentos de
ratificação de dois terços dos Estados membros, o que deixa instalar-se grandes incertezas sobre
a implementação concreta dos protocolos, vista a lentidão com a qual alguns Estados membros
ratificam ou ratificaram alguns protocolos (NG’ONG’OLA, 2005, p. 8). Além disso, alguns
protocolos previram um processo de denúncia ou retirada.
Mas, mesmo na hipótese em que um protocolo entra em vigor pelo cumprimento da condição
acima referida, nada garante a uniformidade na adoção e aplicação de medidas internas visando o
respeito das obrigações que ele impõe.
Portanto, parece desenhar-se, na prática, uma SADC a geometria Variável (Cleary S., 2001, p.
87-104) ou, por outras palavras, uma SADC constituída de Estados que ratificaram uma boa
parte dos protocolos e que executaram as suas disposições e Estados-membros que ratificaram
poucos protocolos e que têm, visivelmente, muitas dificuldades a implementá-los.
Pode-se concluir por uma ausência total de técnicas jurídicas capazes de favorecer o processo de
integração da SADC. A razão fundamental é de que a escolha dos protocolos como instrumento
de pseudointegração permite evitar riscos de limitação da soberania dos Estados. É a soberania
dos Estados que, de facto, paralisou o processo de integração. O atual funcionamento da SADC
não violenta uma sociedade de justaposição de entidades soberanas.
Esta natureza tem implicações nos seus métodos de trabalho e na sua estrutura jurídico-
organizativa. Coordenam-se as políticas nacionais com mais ou menos sucesso. O Protocolo de
Cooperação no domínio da Energia da SADC, de 24 de Agosto de 1996, materializa claramente
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esta opção. Harmonizam-se programas e estratégias. O Protocolo sobre o Sector Mineiro da
SADC, de 8 de Setembro de 1997, constitui um bom exemplo disto: troca-se informações
Promovem-se políticas e a harmonização de medidas administrativas e legislativas em matéria
penal e civil (este protocolo nem trata se quer de Direito Económico ou Comercial), ou
Aduaneiras, mas nenhum desses instrumentos contribuem para uma verdadeira integração.
No que diz respeito à estrutura jurídico-organizativa da SADC, esta não reflete nenhuma
limitação à soberania dos Estados-membros. Os mecanismos organizativos apenas desenvolvem
relações horizontais de simples coordenação das soberanias estaduais. Os Estados- membros
ainda desempenham um papel primordial na vida da SADC. As suas decisões e deliberações têm
como destinatários os próprios Estados-membros e nunca os seus sujeitos internos,
particularmente o indivíduo. Ou seja, o Estado-membro interpõe-se entre a SADC e a sua ordem
interna. As decisões ou deliberações dos órgãos da SADC, não têm efeito direto sobre os
nacionais dos Estados-membros nem sobre as respetivas administrações (Cistac, 2008, p. 15).
Com efeito, se os protocolos são aprovados pela Cimeira sob recomendação do Conselho, estes
são sujeitos à ratificação dos Estados-membros o que significa que apesar desta decisão da
Cimeira, o efeito direto é ainda inexistente nas ordens jurídicas internas dos Estados membros.
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Tipologia da Integração Regional
Todo o processo de integração passa por etapas que, podem ou não evoluir de acordo
com os objetivos pretendidos pelos seus integrantes. Essas etapas podem apresentar-se
sob a forma de:
Zona de Comércio Livre,
União Aduaneira,
Mercado Comum,
União Económica,
Integração Económica Total. Alguns autores falam ainda de Confederação como última fase.
Assim como os ELF, a SADCC não foi criado a partir de um instrumento de Direito
Internacional; existia a Declaração de Lusaka sob o título “Por uma Libertação Económica”
assinada em Abril de 1980, onde estavam espelhadas as linhas orientadoras e objetivos que
motivaram a criação da conferência. Nenhum dos Estados membros – Angola, Botsuana, Lesoto,
Malawi, Moçambique, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué tinha um vínculo legal com a
Declaração de Lusaka, uma vez que esta não estava revestida de carácter jurídico.
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Criação de uma ação conjunta para assegurar a cooperação internacional no âmbito da
estratégia da SADCC para a libertação económica.
Comissões Sectoriais;
Secretariado.
O programa de ação da SADCC foi elaborado a partir dos sectores aonde membros eram
economicamente mais dependentes da África do Sul. Dos 9 (nove) Estados, apenas o Zimbabué
tinha uma estrutura de desenvolvimento aceitável. Os sectores identificados como chaves, em
matéria de cooperação eram exatamente aqueles em que os membros mais dependiam da África
do Sul.
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Pela mudança na sua estrutura organizativa;
Pela criação de um verdadeiro Direito da Integração;
Esses vetores da integração devem desenvolver-se num ambiente favorável, e
Em todo caso, a elaboração de uma estratégia é indispensável para implementar com
sucesso este processo.
A reforma da infraestrutura organizativa da SADC O objetivo que deve nortear esta reforma é
a instauração de uma dose de supranacionalidade nos órgãos da SADC, o que implicará
inevitavelmente uma reforma das estruturas existentes.
Mesmo parecendo como uma evidência que no seio de um espaço económico, a existência de
instituições centrais dotadas de um poder normativo aplicando-se à totalidade deste espaço
contribui para a integração económica, a concretização desta é na prática, de uma extrema
complexidade porque a supranacionalidade deve enfrentar duas barreiras poderosas: a
soberania e o protecionismo.
O instrumento jurídico para proceder à pseudointegração que é o protocolo é uma das suas
manifestações. A arquitetura complexa da estrutura institucional é uma outra. Além disso, a
fraqueza do Secretariado é também uma manifestação desta. O protecionismo que tem ligação
estreita com a proteção da soberania estatal, é também manifesta na Região no que concerne
em particular, à implementação do Protocolo sobre as Trocas Comerciais pelos Estados
membros.
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Apesar de haver um crescimento económico significativo entre os Estados membros da
Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, as assimetrias existentes entre os
mesmos, em termos de desenvolvimento e dinâmica de crescimento, constitui um obstáculo
para a materialização total da Integração ou o cumprimento das etapas fulcrais para o avanço
do processo integracionista na África Austral.
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externas ao panorama institucional, tais como as fortes carências socioeconómicas,
infraestruturais e técnicas (know-how) que os Estados enfrentam, previamente referida.
As primeiras duas hipóteses avançadas foram infirmadas pelo teste feito às variáveis. A
primeira porque assentava na predominância de combinações do tipo “indicativo-rejeição” ou
autoexclusão dos estágios mais avançados de integração económica, - pressupostos que não se
verificaram -, para concluir que o design institucional da SADC não se revestia de agência
suficiente para condicionar o comportamento dos Estados e, consequentemente, o seu empenho
nesta vertente integrativa.
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A estrutura institucional da SADC, ainda que não particularmente eficaz no
constrangimento dos Estados Membros em prol do projeto integrativo, possibilita os
incentivos necessários, sem contrapartidas onerosas no campo do condicionamento estatal,
para estimular a uma participação contínua (não necessariamente aprofundada), dos
Estados que a integram; e/ou
Não obstante a reticência em abdicar substancialmente (e juridicamente) de parte da sua
soberania, os Estados reconhecem o papel da integração económica como necessária para o
seu desenvolvimento interno, pelo que mobilizam esforços em prol de uma integração
“soberanista”, mesmo sem atribuírem às instituições regionais jurisdição para exercer
vinculativamente o seu papel de impulsionadoras da integração.
A SADC uma organização de integração regional ainda por finalizar.
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Conclusão.
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Referências bibliográficas.
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