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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO METROPOLITANO DE ANGOLA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, EDUCAÇÃO E ARTE

TRABALHO DE PESQUISA DE DIREITO FINANCEIRO

Direito Financeiro: conceito e objecto

Luanda, Dezembro de 2021


Direito Financeiro: conceito e objecto

Trabalho apresentado ao Instituto Superior Politécnico Metropolitano de Angola como requisito


parcial para avaliação contínua da disciplina de Direito Financeiro sob orientação do professor
Joaquim Tchipala.

Turma: LDI2N
Turno: Pós-laboral

Luanda / 2021

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Participantes

1. Dumilde Manuel (Nº de matrícula : 20201161)

2. Famireny Gouveia (Nº de matrícula : 20132979)

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Índice

Introdução……………………………………………………………………..…………………09

Conceito e objecto do Direito Financeiro…………………………………...…………………....10

Características e autonomia do Direito Financeiro………………………..……………………...12

Conclusão……………………………………………………………………….………………..14

Referências bibliográficas………………………………………………………...……………...15

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RESUMO

Esta pesquisa visa abordar a temática sobre o “ Direito Financeiro”. Este ramo do Direito
estuda as questões jurídicas das finanças do Estado. Esta actividade por parte do estado, pode ser
intervencionista ou neutra. Os fenómenos financeiros são objetos de análise de diversos ramos do
saber, tais como: Economia, Gestão e Contabilidade financeira, Finanças públicas e pessoais,
Direito Administrativo, Orçamental, fiscal e tributário. O Direito Financeiro também pode ser visto
como o conjunto de regras e princípios que estudam a atividade financeira do Estado. Ele
relaciona-se de forma directa e estrita com o Direito tributário e o Direito fiscal. O Direito
Tributário é o ramo do direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas a
imposições tributárias de qualquer espécie. Já o Direito fiscal, é o ramo do Direito que contém um
conjunto de regras jurídicas que definem os termos da fixação e cobrança de determinados
montantes aos cidadãos. Em relação a natureza jurídica do Direito financeiro, manifesta-se na
imperatividade do estado munir-se de um conjunto de normas jurídicas que regulam a sua
actividade financeira. Quanto a sua autonomia, perante aos outros ramos, se justifica por ser um
sistema próprio de normas, com objetivos bem definidos. E ele se relaciona com outros ramos do
Direito, tais como o Constitucional, Administrativo, Civil, Comercial, Empresarial, etc.

Palavras-chave: Direito; Financeiro; Finanças; Públicas; Estado.

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ABSTRACT

This research aims to address the theme of "Financial Law". This branch of law studies
the legal issues of state finances. This activity on the part of the state, can be interventionist or
neutral. Financial phenomena are the object of analysis in different fields of knowledge, such as:
Economics, Financial Management and Accounting, Public and Personal Finance, Administrative,
Budget, Tax and Tax Law. Financial Law can also be seen as the set of rules and principles that
study the financial activity of the State. It is directly and strictly related to tax law and tax law. Tax
law is the branch of law that deals with the relationship between the tax authorities and people
subject to tax charges of any kind. Tax law, on the other hand, is the branch of law that contains a
set of legal rules that define the terms of setting and collecting certain amounts from citizens.
Regarding the legal nature of financial law, it is manifested in the imperative of the state to provide
itself with a set of legal rules that regulate its financial activity. As for its autonomy, vis-à-vis other
branches, it is justified because it is its own system of rules, with well-defined objectives. And it
relates to other branches of law, such as Constitutional, Administrative, Civil, Commercial,
Business, etc.

Keywords: Right; Financial; Finance; Public; State.

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Introdução

O presente trabalho propõe dar um contributo aos conhecimentos sobre a disciplina de


Direito Financeiro, fazendo uma reflexão em torno da seguinte temática: “O Direito Financeiro:
conceito e o objecto”. Os motivos que nos levaram a escolher esta temática foram de carácter
fundamentalmente académicos, pois, o tema em destaque é muito importante para todo formando
da carreira jurídica, a fim de aprofundarmos os nossos conhecimentos a respeito do Direito
Financeiro, seus conceitos, objecto, natureza e autonomia.

A questão que vamos responder ao longo deste trabalho é a seguinte:


 O que é o Direito Financeiro?

Os objectivos que auguramos alcançar com a elaboração deste trabalho são os seguintes:

Objectivo geral: Compreender o Direito Financeiro.

Objectivos específicos:

 Conhcecer o conceito de Direito Financeiro.


 Caracterizar o objecto de estudo do Direito Financeiro.
 Avaliar a importância do Direito Financeiro dentro da ciência jurídica.
A seguir, apresentaremos os elementos metodológicos que serviram de base para a
concretização deste trabalho.

Para a materialização do nosso trabalho, recorremos aos seguintes métodos: Dedutivo,


Comparativo, e a técnica da pesquisa bibliográfica.
O Método Dedutivo permitiu estudar e compreender os prolegómenos do Direito a fim de
termos uma percepção sobre um dos seus ramos que é o Direito Financeiro.
O Método Comparativo orientou-nos com vista a fazermos um estudo comparativo entre
os diferentes ramos do direito, a fim de identificarmos as diferenças e explicarmos eventuais
semelhanças.

A pesquisa bibliográfica proporcionou-nos o contacto com uma parte do material já escrito


sobre o assunto da pesquisa disponível em formato físico e digital.

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1. Conceito e objecto do Direito Financeiro

A actividade financeira do Estado e dos restantes entes públicos concretiza-se na realização


de despesas e na arreacadação de receitas ou se quisermos, na obtenção, dispêndio e afectação dos
dinheiros públicos. O Estado adquire receitas, transforma essas receitas em despesas e essa
actividade dá origem a um complexo de relações entre os particulares e os agentes do Estado
(normas externas) e destes, entre si, inseridos na máquina financeira do Estado. São relações que,
num Estado de Direito, e atenta de mais a mais a mportância dos interessesem jogo, não podem
deixar de encontrar-se submetidas a normas jurídicas. O conjunto de normas jurídicas que regulam
a obtenção, gestão, dispêndio e o control dos meios financeiros públicos, integram o ramo de
Direito que se denomina por Direito Financeiro. (Nunes, 2011, p.69).

Segundo Nunes, (2004, p.69), o Direito Financeiro pode definir-se como um ramo de
Direito público que regula, mediante um regime próprio, a actividade pública (de gestão e de
controlo dos dinheiros públicos).

O Direito Financeiro é o ramo do direito público que estuda as finanças do Estado em sua
estreita relação com sua actividade financeira. É, portanto, o conjunto de regras e princípios que
estudam a actividade financeira do Estado, composta pela receita, despesa, orçamento e crédito
público. (Leite, 2020, p.43).

Na visão de Torres (2004, p.11), o Direito Financeiro deve ser estudado sob duas
perspectivas diferentes, como ordenamento e como ciência. Ele abre-se para a classificação que
distingue entre sistema objectivo e científico (ou Sistema interno e externo). O sistema objectivo
compreende as normas, a realidade, os conceitos e os institutos jurídicos. Sistema científico é o
conhecimento, a ciência, o conjunto de proposições sobre o sistema objectivo, o discurso sobre a
própria ciência.

Nunes, apud Martinez (2011, p.69), realça que o Direito Financeiro abrange um amplo
sector constituido por normas que dispõem sobre receitas e despesas, sobre receitas e despesas,
sobre a coordenação entre elas, sobre a arrecadação de receitas, sobre a realização de despesas
globais sobre a sua contabilização e fiscalização. Excluem-se do Direito Financeiro, as receitas
públicas de origem privada, cujas relações jurídicas são objecto da regulação de outros ramos de

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Direito. Trata-se de um ramo de Direito que é um produto do Estado demo – liberal e, sobretudo,
do seu modelo parlamentar anglo-saxónico. (Nunes, 2011, p.69)

O direito financeiro estuda a actividade financeira do Estado que, por sua vez, compreende
a receita, o orçamento, a despesa e o crédito público. Para além disso, estuda o controle de todo o
fenómeno financeiro por parte da iniciativa privada, do Poder Legislativo, do Tribunal de Contas
e do Poder Judiciário. Seu objeto de estudo é amplo e inegavelmente vincula-se à efectivação dos
direitos fundamentais, pois perpassa pelo orçamento público a previsão de cumprimento das
políticas públicas. De outro modo, a eficiência dos gastos públicos também possui como ponto de
partida a rigidez na elaboração e na execução da lei orçamentária.(Leite, 2005, p.67).

No complexo de normas que integram o Direito Financeiro é habitual distiguir-se , em


função do respectivo objectivo, três zonas ou sectores: um primeiro sector, constituído por normas
reguladoras da obtenção dos meios financeiros necessários a prossecução dos fins do Estado e de
outros entes públicos, que formaria, o que se denomina por direito das receitas; num segundo
sector, que se denomina Direito das despesas, reúnem-se as disposições reguladoras da aplicação
das receitas; e finalmente, num terceiro sector, alinham-se as normas referentes à administração
económica. (Nunes, 2011, p.69).

O Direito Financeiro é constituído pelas normas que regem a obtenção, a gestão e o


dispêndio dos meios financeiros. As normas financeiras podem ser internas quando regulam a
organização e o funcionamento da actividade financeira do Estado e outras entidades públicas.
Exemplo: regulamentos internos do Ministério das Finanças, e externas quando regulam as
relações financeiras do Estado com os particulares. Ex: normas de lançamento de empréstimo
público. (Paiva, 1998, p.122).

Rosa Júnior (2005, p.17) limita a fronteira entre a Ciência das Finanças e o Direito
Financeiro na constatação que existe uma correlação entre ambas e que a primeira ajuda à segunda
na interpretação das leis ou fornece subsídio ao legislador sobre a conjuntura económica,
incidência tributária, justiça social, etc. da aplicação de um novo entendimento legal. Por outro
lado o Direito Financeiro fornece mecanismos de aplicação da jurisprudência ao caso concreto,
que fortalecerão os princípios e institutos que cerceiam a Ciência das Finanças.

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Segundo Silva (2004, p.240) as finanças públicas podem ser assim classificadas: • Finanças
positivas: referem-se ao estudo que trata as finanças públicas dentro da teoria da realidade,
observando e explicando as uniformidades do comportamento do Estado. • Finanças normativas:
dizem respeito ao estudo das regras e normas que o Estado deve subordinar-se para melhor atingir
os seus fins. Conclui Silva (2004, p.240) interligando Contabilidade e Contabilidade
Governamental às Finanças Públicas: É nesse ambiente que a Contabilidade estuda a actividade
financeira do Estado o que compreende o estudo da receita, da despesa, do orçamento e do crédito
público, bem como de todos os demais reflexos decorrentes da ação dos administradores que
tenham impacto sobre o património. Além disso, a Contabilidade Governamental, ainda, estuda e
analisa os diversos aspetos que consubstanciam formas de actuação do Ente público na prestação
de serviços indispensáveis à satisfação das necessidades do cidadão.

O Direito Financeiro como sistema objectivo, é o conjunto de normas e princípios que


regulam a actividade financeira.

2. Características e a autonomia do Direito Financeiro

Torres (2005, p.12) defende que uma das características básicas de um sistema jurídico é
o pluralismo, o Direito Financeiro também se pluraliza, dividindo-se em inúmeros ramos e
disciplinas, que por seu turno convivem com outras ordens jurídicas parciais no ambiente da
interdisciplinaridade.

Existe um grande debate entre os doutrinadores a favor e os contra a autonomia do Direito


Financeiro. Mas a verdade é que o Direito Financeiro, embora autónomo, está em íntimo
relacionamento com os demais subsitemas jurídicos e extrajurídicos. É autónomo porque possuí
institutos e princípios específicos, como os da capacidde contribuitiva , economicidade, equilíbrio
orçamentário, que não encontram paralelo em outros sistemas jurídicos, mas sendo instrumental,
serve de suporte para a realização dos valores e princípios informadores dos outros ramos do
Direito. (Torres, 2005, p.)

A ciência do Direito Financeiro é relativamente recente no panorama do sistema jurídico


externo. Surge na primeira década deste século com o livro do austríaco Myrbach – Rheinfeld
traduzido para o francês. Desenvolve-se extraordinariamente na Alemanha, inicialmente pelo
trabalho de Enno Becker. (Torres, 2005, p.15).

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A natureza jurídica do Direito Financeiro assenta na grande discussão da sua inserção na
esfera do direito público ou privado. Partimos do princípio de que para que exista autonomia num
determinado ramo de direito é necessário que haja critérios objectivos e subjectivos no âmbito da
prática da actividade financeira. A destrinça da autonomia do direito financeiro tem levado os
grandes tratadistas desta matéria a profundos e acalorados debates. Para vinculrmos a natureza
jurídica do direito financeiro, como ramo do direito público, basta recordar que o fenómeno
financeiro é resultante da satisfação de necessidades públicas a cargo de um ente público, dotado
de “ ius imperii”, que define o modo, como e quando satisfaz as necessidades públicas tendo como
recurso, quando necessário, a coacção. (Franco, 2007, p.101).

Como qualquer outro ramo do direito, O direito financeiro não dispensa, obviamente, o
direito privado para cumprir o seu papel. É inquestionável a unidade e homogeneidade da ordem
jurídica onde releva, obviamente, a autonomia de qualquer ramo do direito; Daí, a impossibilidade
de existência de um ramo de direito totalmente independente sem nenhum vínculo com outros
ramos. Por isso, as “zonas cinzentas” que apresentam o Diireito financeiro na fronteira entre o
direito público e o direito privado não impedem, de forma nenhuma, a autonomia do direito
financeiro, já que “as normas financeiras são, e devem ser, orientadas segundo razões próprias, em
dependência de princípios característicos, em obediência a um espírito inconfundível. (Franco,
2007, p.103).

Importa destacar que quanto a questão da aplicação e materialização da temática na


realidade angolana, os estudos em torno do Direito Financeiro vão crescendo e tornando-se cada
vez mais importantes para o desenvolvimeto socio económico do nosso país, sem descurar que a
nossa Constituição da República de Angola trata de muitas matérias relacionadas ao Direito
Financeiro.

Constituição da República de Angola de 05 de Fevereiro de 2010. ●Princípios gerais (artº-


23-º, 90-º e outros). ● Orçamento1 (art-º 104-º e alínea e) do art-º 161-º). ● Impostos (art-º 102-º e
alínea o) do art-º 162-º). ● Empréstimos (alínea d) do art-º 162-º). ● Responsabilização e controlo
financeiro (alínea b) do artigo 162-º e artigo 182-º).

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Para mais subsídios em relação ao Orçamento, ver: Lei 15/10 – Lei Quadro do Orçamento Geral do Estado.

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Conclusão

Em suma, podemos dizer que o Direito Financeiro é um Sistema de normas e princípios


que regulam a actividade financeira do Estado. Incumbe-lhe disciplinar a constituição e a gestão
da riqueza nacional, estabelecendo as regras e procedimentos para a obtenção da receita pública e
a realização dos gastos necessários à consecução dos objectivos do Estado”. Direito Financeiro,
no quadro geral do direito, pertence ao campo do direito público e se constitui em um ramo
cientificamente autônomo em relação aos demais ramos do direito, uma vez que possui institutos,
princípios e conceitos jurídicos próprios e distintos existentes nos demais ramos.

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Referências Bibliográficas

Obras

LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro. 5º Ed. Editora JusPODIVM, São Paulo, 2020.

NUNES, Elisa Rangel – Lições de Finanças Públicas e de Direito Financeiro — Anistia Edições,
Lda. – 2011.

PAIVA, Fernando de Castro – lições de Direito Financeiro e de Finanças Publicas Angolanas –


colecçãoda F.D.U.A. N – 1-ª edição – Luanda, 1998.

PEREIRA, P., et al. Economia e Finanças Públicas. 3ª ed. Escolar Editora, 2009.

ROSA Jr, L.E.F. Manual de Direito Financeiro & Direito Tributário. 18ª ed. Rio de Janeiro, São
Paulo, Recife: Renovar, 2005.

SILVA, Lino Martins da Silva. Contabilidade Governamental: um enfoque administrativo. 7ª ed.


São Paulo: Atlas, 2004.

TORRES, R.L. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 11ª ed. Rio de Janeiro, São Paulo, Recif:
Renovar, 2004.

Legislação

Constituição da República de Angola, 2010, Assembleia Nacional.

Lei Nº 15 / 10 – Lei Quadro do Orçamento Geral do Estado.

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