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MANUAL DE APOIO
(Recolha: Mouzinho Nicols, Licenciado em Ciências Jurídicas, Mestre em Governação e Administração
Pública e Doutorando em Direito – Docente Universitário)
Direito Económico
APRESENTAÇÃO
O seu sucesso nesta disciplina depende muito do modo como vai planificar e
organizar as tarefas de estudo. À medida que vai experimentando esse
sucesso, isso lhe trará satisfação, cada vez mais interesse, entre outros aspectos.
Por isso, siga os conselhos que lhe são propostos para sair bem-sucedido no
curso.
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UNIDADE TEMÁTICA I
Sumários:
3. CONSTITUIÇÃO ECONÓMICA
Objectivos da Unidade
Nota introdutória
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f) É o mercado que, através da lei da oferta e da procura, regula os preços.
g) O mercado é o grande instrumento coordenador e organizador da actividade
económica.
h) O capitalismo liberal, falha no domínio da justiça social.
i) 1929 - A Grande Crise, do desemprego, da inflação, da fome, da bancarrota,
etc.
j) KEYNES apareceu neste momento a defender, pela 1a vez, a intervenção do
Estado, no sentido do investimento público em tempos de recessão.
k) O Estado passa a intervir directamente e indirectamente.
l) Ocorre a intervenção directa, quando o Estado age como agente económico.
m) E a intervenção indirecta, quando o Estado age como agente de regulação
económico-social e regula o acesso à actividade económica, regula a
concorrência e regula o consumo.
n) Portanto, os primeiros embriões do Direito Económico serviam para salvar a
Economia liberal, introduzindo normas para regular a concorrência livre num
mercado perfeito.
o) Os segundos embriões do Direito Económico, após a 1 a guerra mundial,
correspondiam a um Direito, que visava reformar a Economia.
p) Núcleo originário do Direito Económico: Com as transformações da ordem
liberal clássica, surgem formas específicas de regulação pública da
Economia, dando origem a um conjunto de normas, princípios e instituições
que regem a organização e direcção da actividade económica, impondo
limites, condicionando o ou incentivando os agentes económicos com o
objectivo de colmatar as insuficiências ou disfunções do Direito Privado
clássico.
q) Desenvolvimento do Direito Económico: Devido à crescente complexidade
e multiplicação dos agentes económicos, as próprias entidades privadas
passaram a produzir normas, no âmbito da sua esfera de autonomia, por
delegação pública ou ainda pela negociação e concertação com os
poderes públicos.
r) Dando origem a um novo ramo do Direito, designado de Direito Económico,
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com características particulares, conforme o detalhe que encontraremos
nos desenvolvimentos que se seguem.
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b) Por outro lado, o Direito Económico confundir-se-ia com alguns ramos de
Direito Público com incidência económica, designadamente o Direito das
Expropriações.
c) Uma noção extensiva do Direito Económico dificultaria a determinação da
fronteira entre o Direito Economico e Direito Financeiro, disciplina que
estuda a elaboração e execução orçamental.
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funcionamento interno das empresas, relações entre empresas (Direito da
Concorrência) e entre estas e o Estado. Este entendimento peca por não
tomar em conta a diversidade dos tipos de empresas (públicas, privadas,
cooperativas e mistas), com estruturas e fins diversos, que se manifestam em
regimes jurídicos também diferentes.
c) FARJAT define o Direito Económico como o Direito da concertação e
colectivização dos meios de produção e da organização da Economia.
Adoptando esta proposta de definição o Direito Económico perderia o seu
conteúdo específico, que o distingue dos restantes ramos de Direito.
d) SAVY define o Direito Económico como a disciplina que tem em vista o
equilíbrio dos agentes económicos públicos ou priva dos e o interesse
económico geral. No entanto, o interesse geral não é por si só critério
suficiente para distinguir o Direito Económico do Direito Privado.
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entendimentos.
Do mesmo modo, pode se falar de um Direito Penal Económico, que tem por
objectivo a prevenção e punição de comportamentos inadmissíveis na vida
económica, cujas normas apresentam uma certa especialidade face ao
Direito Penal Geral.
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exemplo, a violação de regras cambiais e as normas de abastecimento dos
mercados. Manifesta-se também na natureza das sanções porque, ao invés
das penas privativas da liberdade, as sanções são de natureza pecuniárias,
nomeadamente, a apreensão ou perda dos objectos obtidos com o crime,
encerramento do estabelecimento comercial.
a) Possui normas dispersas por diversos diplomas legais, ou seja, não possui uma
codificação especial.
b) Não possui uma jurisdição própria. Os litígios económicos são julgados nos
tribunais comuns ou administrativos, utilizando técnicas do Direito Público e
do Direito Privado, conforme os casos.
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percepção de como se vai montar a máquina institucional e operativa de
apoio às atitudes económicas que irá patrocinar, pois só deste modo será
moldada eficazmente a vida económica e social.
d) A Economia precisa do Direito pois o funcionamento harmonioso de um
sistema económico requer um certo mínimo de regras de Direito, que
possam assegurar a apropriação e uso dos meios de produção, dos
produtos e dos serviços.
e) Portanto, o Direito Económico é o ponto de encontro do Direito e da
Economia, com normas específicas. O Direito enquadra, rege e normaliza a
Economia. É assim, porque as leis económicas não são por si auto-suficientes
para regular a actividade económica.
f) O Direito Económico possui características e fontes próprias que serão
analisadas nos subcapítulos seguintes.
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Tem conteúdo próprio:
Conjunto de normas específicas às áreas a ser reguladas;
Possui:
características e fontes específicas.
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igualdade dos sujeitos e o Direito Público como uma manifestação do ius
imperii.
Por este facto, os estudiosos do Direito Económico não recomendam a sua divisão
clássica em Direito Público ou Direito Privado, por se reconhecer que esta disciplina
envolve aspectos pertinentes de ambos, sendo assim considerado um Direito de
terceira espécie.
Conclui-se, deste modo, que o Direito Económico é um Direito híbrido, podendo ser
predominantemente público, atendendo ao papel relevante que o Estado e outros
entes públicos desempenham na edição de normas jurídicas.
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fenómeno da vida social, por outro lado, das razões que justificam a
emergência de um novo ramo e disciplina jurídica.
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1.3.3. A intervenção do Estado como um dos aspectos marcantes do Direito
Económico
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Com efeito, as normas do Direito Económico possuem características
específicas em relação às normas jurídicas em geral pelo grau intenso do
desfasamento da norma do Direito Económico quando confrontada com a s
características tradicionalmente apontadas à norma jurídica. É que a norma
jurídica de materialidade económica está directamente ligada às
necessidades da Economia, desempenhando uma função reguladora da
actividade económica.
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condições económicas e das políticas económicas que lhe correspondem.
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jurídica, cuja aplicação cabe a determinado órgão do Estado, é
tendencialmente substituído pela coercibilidade económica. Ou seja, a
vinculação jurídica é substituído pela vinculação de honra (gentlemen's
agreement ), cuja sanção é constituída pela afectação do bom nome do
agente económico, pela coordenação feita pelo conjunto das empresas do
ramo e pela retaliação das empresas dominantes ou fornecedoras sobre a
empresa em falta.
Actividades 1.1
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Sendo certo que parte substancial das suas regras, nomeadamente às relativas
a forma de organização da Economia, assenta em normas com origem nas
autoridades públicas, também é verdade que o Direito Económico não se
esgota nessas normas.
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nacionais são situadas em ordem diferenciada de hierarquia. Deste modo, as
fontes internas do Direito Económico são as seguintes, por ordem de hierarquia:
A Constituição; Os Actos Legislativos; Os Regulamentos do governo.
A Constituição
Ocupa o vértice do sistema jurídico, afirmando-se como a norma das normas
em termos formais e materiais. Ou seja, aqui afirma-se o princípio da
constitucionalidade plasmado no n° 4 do artigo 2° da CRM nos termos do qual:
as normas constitucionais prevalecem sobre todas as restantes normas do
ordenamento jurídico.
Os Actos Legislativos
São actos legislativos as Leis e Resoluções aprovadas pela Assembleia da
República (conforme o artigo 182° da CRM) e os Decretos-lei aprovados pelo
Governo (artigo 204°, n° 1 al. d) da CRM) que, directa ou indirectamente,
regem determinado aspecto da vida económica.
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Ministros em conformidade com o disposto na al. d) do n° 1 do artigo 204° da
CRM.
Os Regulamentos
Os regulamentos são actos do poder executivo com o objectivo de facilitar a
execução das leis (em sentido restrito). Revestem importância suprema em
Matéria de Direito Económico. Embora, do ponto de vista legal, se afirme o
princípio da preeminência ou superioridade (hierarquia) dos actos legislativos
relativamente aos actos normativos regulamentares, a execução da lei impõe,
em Direito Económico, a aprovação de vários actos normativos secundários e
terciários, entre eles os regulamentos governamentais.
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de Ministros que compete promover o desenvolvimento económico do país,
nos termos do n° 1 do artigo 204° da CRM. A promoção e o estímulo do
desenvolvimento económico pressupõem a criação da base legal que os
sustente.
Por outro lado, há matérias económicas específicas que só são exequíveis por
meio de regulamentos, como por exemplo a regulamentação dos
procedimentos de licenciamento de algumas actividades.
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Convenções Institutivas de Organizações Internacionais: São celebradas
entre vários Estados para instituição de uma organização internacional,
como por exemplo a FMI, o Banco Mundial, etc.
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integram o conjunto de normas que não revestem a natureza pública que,
pela sua origem podem ser agrupadas em:
a) Fontes de origem contratual e profissional: resultam dum acordo entre o
Estado e os agentes económicos ou entre os próprios agentes económicos.
Neste último caso, o acordo vincula apenas os agentes económicos
signatários desse acordo. Estas fontes também podem revestir a natureza
profissional quando as normas são criadas por associações profissionais dum
determinado sector de actividade.
b) Decisões emanadas de autoridades administrativas independentes: são
normas do Direito Economico criadas por órgãos do Estado independentes
ou com poderes próprios, exemplo as normas emanadas pelo Banco de
Moçambique para regularem o mercado cambial.
c) Pareceres de órgão consultivos: Os órgãos consultivos são criados pelo
Estado para analisarem aspectos específicos da Economia e emitem
pareceres.
2.5 A jurisprudencia
Embora as decisões emanadas pelos tribunais para a resolução de casos
concretos não constituam fontes do Direito, no sentido clássico do termo, pois
não vigora em Moçambique a regra do precedente judiciário, é cada vez
importante o papel que revestem como sinais de orientação dos agentes
económicos, quer quando assumem carácter inovatório, quer quando se
cristalizam em correntes jurisprudenciais.
2.6 A arbitragem
É uma forma extrajudicial de resolução de conflitos. Trata-se de uma forma
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alternativa de resolução, fora do recurso judicial. As decisões arbitrais
influenciam a actividade económica, uma vez que acabam sendo adoptadas
como práticas de referência pelos diferentes agentes económicos.
Actividade 1.2
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3. CONSTITUIÇÃO ECONÓMICA
3.1 Introdução - Noção de constituição económica
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Toda a Constituição inclui uma caracterização da ordem económica, ainda
que seja por omissão; na verdade, mesmo que uma Constituição pertença ao
modelo liberal e se limite a estatuir os Direitos, liberdades e garantias dos
cidadãos e as formas de exercício do poder político, o facto de nada se dizer
sobre a Economia, mormente a propriedade dos meios de produção, significa
que nesse âmbito vigora a ordem constitucional dos Direitos fundamentais; por
conseguinte, será a propriedade privada a dominar os meios de produção e a
iniciativa privada a pontuar a vida económica, através da liberdade de
acesso.
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objectivo de estruturar a Economia a partir da intervenção do Estado e
integram:
Princípios Fundamentais;
Direitos e Deveres Económicos; e
Organização Económica.
Cite-se o exemplo das normas que definem o conteúdo e limites dos Direitos de
propriedade e de livre iniciativa privadas.
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3.2 Constituição económica e a ordem jurídica da economia
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3.3.1 Constituição Económica de Moçambique à luz da constituição de 1975
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ainda que de forma limitada (artigos 10°, 12° e 14°);
Apropriação estatal dos meios de produção, incluindo os recursos
naturais (artigos 6° e 8°);
Planificação central da Economia (artigo 9°); e S Intervenção
democrática dos trabalhadores (artigo 2°).
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A base legislativa da Constituição Económica intercalar é infraconstitucional,
ou seja, é sustentada em Decretos que, nalguns casos, derrogam normas
constitucionais.
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Caro estudante, é momento de fazer uma pausa e realizar a actividade a
seguir!
Actividade 1.3
Leituras complementares
Legislação:
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