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Cadeira de Direito Economico

Curso de Ciência Jurídico Publico

ÍNDICE

1. NOÇÃO DE DIREITO ECONÓMICO ..........................................................................................................2


2. RELAÇÃO ENTRE DIREITO E ECONOMIA .............................................................................................2
3. NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO ECONÓMICO ...............................................................................3
4. OBJECTO DO DIREITO ECONÓMICO ......................................................................................................4
5. AUTONOMIA DO DIREITO ECONOMICO ................................................................................................5
6. FORMAÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO ECONOMICO ...........................................................................6
7. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO ECONÓMICO ....................................................................................7
8. FONTES DO DIREITO ECONOMICO ........................................................................................................8
9. O DIREITO ECONÓMICO EM MOÇAMBIQUE ........................................................................................9
10. A CONSTITUIÇÃO ECONÓMICA ............................................................................................................. 10
11. O SISTEMA ECONÓMICO ......................................................................................................................... 12
12. O SISTEMA FINANCEIRO ......................................................................................................................... 13
13. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA ....................................................................................... 14
14. O DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO ............................................................................................... 17
15. A EMPRESA - ELEMENTO FUNDAMENTAL DA ACTIVIDADE ECONÓMICA ............................... 18
16. A PROPRIEDADE PRIVADA - ART. 82 DA CRM .................................................................................... 19
17. A INICIATIVA PRIVADA – ART. 101 – 108 DA CRM .............................................................................. 19
18. A INICIATIVA COOPERATIVA – ART. 99 DA CRM – LEI 9/79 DE 10 DE JULHO ............................ 19
19. A INICIATIVA PUBLICA – ART. 101 Nº 2 DA CRM ................................................................................ 20
20. A NACIONALIZAÇÃO ................................................................................................................................. 20
21. A PRIVATIZAÇÃO ....................................................................................................................................... 21
22. O INVESTIMENTO EM MOÇAMBIQUE .................................................................................................. 22
23. O PLANEAMENTO ...................................................................................................................................... 23
24. O PLANO EM MOÇAMBIQUE ................................................................................................................... 25
25. OS MERCADOS ............................................................................................................................................ 28
26. REGIME JURÍDICO MOÇAMBICANO DA CONCORRÊNCIA.............................................................. 30
27. INTEGRAÇÃO ECONÓMICA ..................................................................................................................... 31
28. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................... 35

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Docente:
Ossama M. Assane
Cadeira de Direito Economico
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DIREITO ECONOMICO
(Breves Noções)

1. NOÇÃO DE DIREITO ECONÓMICO

Antes porém, é necessário trazermos conceitos básicos sobre os termos:

 Direito – conjunto de normas que regulam a vida em sociedade e


 Economia – é o conjunto de atividades desenvolvidas pelos homens visando a produção,
distribuição e o consumo de bens e serviços necessários à sobrevivência e à qualidade de
vida.

Deste modo, o termo Direito Economico poderá ser entendido de várias formas, como sejam:

“Ordenação jurídica das relações entre entes públicos e entre estes e os sujeitos privados, na
perspectiva do Estado na vida económica”.

“O estudo da ordenação (ou regulação) jurídica específica da organização e direcção da


actividade económica pelos poderes públicos e (ou) pelos poderes privados, quando dotados de
capacidade de editar ou contribuir para a edição de regras com carácter geral, vinculativas dos
agentes económicos”.

Agente económico - é uma pessoa ou entidade que toma decisões económicas. O agente
económico pode ser um indivíduo, uma família, uma empresa, um país, um banco central ou
qualquer outro tipo de decisor económico.

Normalmente, o problema que os agentes económicos têm que resolver consiste num problema
de optimização: maximização da utilidade, no caso das famílias; maximização do lucro para as
empresas; maximização do bem-estar para o Estado.

2. RELAÇÃO ENTRE DIREITO E ECONOMIA

Direito como um conjunto de normas e princípios estruturadores do trato social, dotados de força
coerciva e resultantes do poder do Estado;

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Economia como modelo organizado de produção e distribuição de bens e serviços de acordo com
um determinado sistema, ou seja, modelo teórico;

O Direito Económico surge da necessidade de intervenção do Estado sobre o processo produtivo


e desenvolve-se de modo diverso, de acordo com os Estados e com os sistemas que se inspiram.

3. NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO ECONÓMICO

A questão sore a natureza jurídica do direito encómio, leva-nos remeter o nosso estudo para a
definição que apresentamos do direito económico.

Considerando alguns autores que defendem que o direito económico é um ramo do direito
dominado por normas do direito constitucional, administrativo ou penal por isso, o mesmo é um
ramo do direito público. Esta afirmação não é correcta, visto que a própria dinâmica da
actividade económica envolve em grande medida os particulares na decisão das várias questões
que se levantam nas suas relações, originando o surgimento de normas de natureza privada,
assumindo a natureza de um direito privado.

O facto do Estado privatizar maior número das suas unidades e grande parte das actividades que
outrora lhe dizia respeito, originando assim, o surgimento de um sector privado cada vez mais
crescente, é um dos sinais que nos leva a considerar haver uma forte transição do domínio
público para o privado, e, por maioria da razão notar-se o envolvimento cada vez mais acentuado
dos privados na vida económica.

Assim, tanto as noras do Direito Público como as do Direito Privado aplicam-se nas novas
relações que se estabelecem entre os particulares e o Estado. Tal facto, leva-nos a considerar
estarmos em presença de um estado de direito hibrido, contudo, tal afirmação poderá não
satisfazer totalmente.

Todo direito tem uma dupla abordagem: Estrutural e Funcional. A abordagem estrutural
relacionam-se com o conteúdo da norma jurídica, enquanto oque a funcional trata da intensidade
da sua aplicação.

Finamente podemos afirmar que a natureza jurídica do direito económico pode-se encontrar entre
o público e o privado, dependendo sobremaneira da intensidade das formas de intervenção.
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4. OBJECTO DO DIREITO ECONÓMICO

No direito económico temos um quadro com intensa carga funcional nítida que se traduz na
existência de uma disciplina de direito regulando a actividade económica resultante de um
rejuvenescimento de direito comercial que progressivamente se vai adaptando as modernas
formas de realização de actividade económica, bem como de uma disciplina de direito que,
usando normas de direito público pretende regular a actividade económica. No entanto, o direito
económico apresenta particularidades com realce para as seguintes:

a) Preenche o espaço jurídico entre o direito público e o privado;


b) Visa disciplinar a vida da económica;
c) Regula e orienta a actividade económica, quando as normas de outro ramo de direito não
se mostram adequadas para o efeito.

Assim é que o objecto do direito económico ao longo da sua evolução histórica já não se trata de
um direito tendente a reger tao somente as relações entre os sujeitos económicos, mas sim, de
exercer uma influência do comportamento daqueles no âmbito da sua actividade e, tendo em
consideração os objectivos do Estado no que refere ao bem-estar social.

Sabido que as transformações económicas são hoje muito rápidas, obrigando frequente vezes a
revisão de regras e normas jurídicas por forma a adequadas a realidade económica. No entanto, o
direito económico deve acompanhar esta evolução, sob pena de deixar um vazio jurídico na vida
económica e nas relações entre os agentes económicos.

Face ao exposto, podemos considerar o objecto do direito económico como compreendendo três
acepções:

a) O direito económico tem a missão de dirigir a vida económica e em especial a produção e


circulação de riquezas. Trata-se de uma abordagem privatística do direito económico
considerando-o um prolongamento do direito comercial;
b) O direito económico como “direito da organização e do desenvolvimento económico”
quer estes dependem do estado, da iniciativa privada ou do concerto de um ou doutro,
tem como objecto fundamental a actividade da “empresa”. Esta é uma concepção que

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polariza o direito económico em torno da ideia da empresa – é o conjunto de regras


aplicáveis a empresa (nos seus aspectos micro e macro económicos);
c) “Direito económico geral englobando as instituições jurídicas fundamentais da actividade
económica e um direito económico especial” – que compreenderia as diversas medidas
pelas quais os poderes públicos intervêm activamente na vida económica.

Em suma, estaríamos em presença de um direito económico de natureza jurídica mista (usando


normas de direito público e privado), cujo objecto claramente é a intervenção do Estado através
da sua relação com outros agentes económicos no âmbito da actividade económica visando bem-
estar social.

5. AUTONOMIA DO DIREITO ECONOMICO

Alguns autores atribuem autonomia ao Direito Economico, outros não, porque, o mesmo, possui
um objecto de estudo que também encontramos noutros ramos do Direito.

 Ao Direito Constitucional, competiria o estudo das normas da constituição económica;


 Ao Direito Administrativo – a intervenção dos poderes públicos na actividade
económica;
 Ao Direito Comercial, o estudo de toda a regulamentação das empresas de direito
privado, incluindo as relações especiais de concorrência e o regime particular aplicável às
sociedades com participação do Estado.

Por outro lado, tal negação baseia-se ainda nos seguintes factos:

 Ausência de uma jurisdição própria, sendo ora, os tribunais comuns, ou administrativos


competentes para julgar matéria ou litígios emergentes da actividade económica;
 Utilização de técnicas jurídicas umas vezes oriundas do direito privado e outras do
Direito Publico.
 Falta de uma codificação especial.

Em síntese: O direito económico não seria assim, mais do que um “Mosaico” incoerente de
institutos jurídicos que, num dado momento nos aparece nos “intervalos” das disciplinas
tradicionais, mas que tenderia a desaparecer à medida que as referidas disciplinas fossem

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abarcando esses mesmos aspectos. Considera-se o Direito Economico como sendo Difuso e
Precário.

6. FORMAÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO ECONOMICO


a) Estado Liberal
 O Estado em nenhum momento regulamenta a economia, porque deverá sim garantir a
liberdade individual, do comércio, industria, etc;
 Na economia liberal, existem algumas actividades de pequenas empresas sem a
intervenção do Estado, apenas dos empresários e por sua iniciativa;
 No aspecto da concorrência, os comerciantes tinham o poder de compra, os detentores do
poder económico, e o Estado garantia tal concorrência.
 O mercado era um instrumento de controlo da direcção de mercadorias no Estado
Liberal; Ex: Comércio de escravos – Moçambique era um mercado para diversas áreas do
mundo);

Agora estamos no Estado de Direito Social, estas regras já não são aplicáveis.

b) Estado Contemporâneo
 Após a 1ª G.M, notou-se um momento de instabilidade socio-económica;
 Após a 2ª G.M, os Estados começaram a vocacionar actividades importantes à economia,
para se promover e preservar o bem-estar económico;
 Elimina-se a ideia de que o pensamento individual não è a tese para o desenvolvimento
socio-económico, não è a simples liberdade individual que faz surgir uma sociedade boa;
 Neste momento, o Estado è promotor;
 O fundamento assenta-se na intervenção do Estado, seja qual for o Estado, de mercado ou
não, já não existe o Liberalismo.

Conclusão - Hoje em dia, pode-se afirmar que os Estados Contemporâneos, intervém com maior
frequência na economia, com interesse de fornecer ao cidadão o bem-estar socio-politico-
económico-cultural.

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7. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO ECONÓMICO


a) Direito recente: porque só se manifesta a partir do momento em que o Estado toma a seu
cargo a Economia (a partir de 1914).
b) Direito fluído: não é um direito rígido, estático, estável, modifica-se rapidamente de
acordo com a política existente. Anda ligado à estrutura política.
c) Direito não codificado: é um direito disperso.
d) Direito misto: é público (parte constitucional, Estado dotado de iuris imperi) e privado
(contratos económicos de financiamento, ex. contratos de leasing).

As suas características são ainda consequência da função instrumental – tutelar do Direito e


podem ser enunciadas da seguinte forma:

a) Hipoteticidade: a norma existe de acordo com potencialidades;


b) Imperatividade: a força coactiva, baseada de uma sanção a aplicar-se em caso de
violação;
c) Generalidade: a norma dirige-se a um universo de situações que cabem na sua moldura;
d) Abstracção: a norma tem em vista regular situações futuras e não casos concretos já
existentes.

Ainda poderemos encontrar certas características específicas do Direito Economico, a saber:

a) Mobilidade ou mutabilidade do Direito Economico - As normas do Direito Económico


estão em constantes mudanças, e essas alterações estai ligadas as necessidades de adapta-
las as condições económicas e as respectivas politicas económicas concretas das épocas
ou alturas.
b) Dispersão - Ausência de uma codificação, normas dispersas.
c) Heterogeneidade - As normas são consequências dos recursos simultâneos do Direito
Publico e do Direito Privado.
d) Carácter Concreto - Suas normas tendem a realçar características próprias da realidade
do objecto da regulamentação. Ex: pessoa colectiva – empresa – pequena empresa –
media empresa – empresa nacional – empresa regional ou local – Estado de Producao –
Estado de Distribuicao, etc.

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e) Declínio Das Fontes Clássicas Do Direito - O declínio das fontes tradicionais devido ao
peso e valor que assumem as novas fontes – contratos entre empresas, convenções
colectivas, acordos de concertação, etc.
f) Declínio Da Coercibilidade E Da Vinculação - A vinculação jurídica è as vezes
substituída pela vinculação de honra, cuja sanção è sobretudo constituída pela afectação
do bom nome do agente económico.

8. FONTES DO DIREITO ECONOMICO


a) Fontes internas;
 CRM;
 Leis;
 Decretos-lei
 Decreto;
 Resoluções.

b) Fontes internacionais; (Ractificados por Moçambique)


 Multilaterais – integração económica (vários países);
 Bilaterais – F.M.I.;
 Institutivas – Banco Mundial.

c) Fontes Mistas - Comissão consultiva do trabalho (onde o direito se vai emergindo de um


trabalhão conjunto entre poderes públicos e privados, e surge a decisão que será depois
transformada em direito remetido ao Ministro ou Assembleia da República.

d) Fontes Privadas – acordos que vinculam a banca, neste caso entre os privados,
surgimento de normas para os vincular, essas normas são privadas, contudo, do direito
internacional fazem parte as fontes privadas (contratos de adesão, prestação de serviços,
etc).

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9. O DIREITO ECONÓMICO EM MOÇAMBIQUE

Na ordem jurídica moçambicana, o desenvolvimento na área jurídica, encontra-se ainda, numa


fase embrionária, por várias razoes, pois, soo no quarto quartel do Séc. XX, concretamente
depois da independência de 25 de Junho de 1975, é que se pode afirmar internacionalmente
como um Estado independente e Soberano.

Este facto implicou a rotura com o ordenamento jurídico instituído, gerando assim a necessidade
de implementação de um novo sistema jurídico que traduzisse a vontade soberana do povo
moçambicano, ou seja, de Moçambique, um especial destaque, registou nesse momento a
manifestação de normas de direito económico, uma vez que a afirmação da independência
coincidiu com a formação da política que implementava a instituição de um sistema económico
socialista.

Embora o sistema económico não se confunda com o regime de economia, a sua instituição de
um novo sistema económico depende da criação de normas jurídicas que possam traduzir e
introduzir as respectivas medidas necessárias.

O exemplo claro destas normas, cuja razão de ser radical e simultânea formação da soberania e
na constituição de um sistema económico inspirada pela política socialista, podemos apontar
logo aqueles que regularam as nacionalizações ocorridas na fase após a independência.

Ainda que tenha sido a fase prodiga no aparecimento de normas de direito económico, o facto é
que este se verificou com um atraso significativo relativo ao ordenamento jurídico europeu.

No ordenamento jurídico moçambicano, o tratamento jus científico do direito económico, é na


actualidade, praticamente inexistente pelo facto que se deve não só ao surgimento tardio de
normas jurídicas que integra o seu objecto, mas também, pelas mudanças verificadas ao nível da
conjuntura político-económico que impediram a regulação e estabilidade deste novo conjunto de
normas necessário a este tratamento.

A assimetria, é um exemplo claro entre a primeira constituição e a actual, resultante de um


complexo processo de transição para sistremas de democracia multipartidária.

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Podemos todavia, deixar de realçar o papel que a faculdade de direito da Universidade Eduardo
Mondlane tem vindo a desempenhar para o desenvolvimento do pensamento jus económico e
que se manifesta na inclusão do seu curriculum da disciplina do direito económico, desde que a
faculdade foi criada no ano de 1975, com conteúdo bem diferente do actual.

Embora esses todos factores, é visível o desenvolvimento económico de Moçambique, olhando


pelos grandes projectos como por exemplo a ponte Armando Guebuza, sobre o rio Zambeze,
maior obra desde a independência nacional, ou a ponte sobre o rio Rovuma, dentre outros, mas o
país precisa de sair da situação de pobreza em que se encontra e com os recursos que dispõe.

Isto significa que, mesmo que as empresas cresçam, os bancos cresçam, os megaprojecto gerem
lucros, e que haja mais infraestruturas, é preciso assegurar que os moçambicanos fiquem mais
ricos e menos pobres.

Moçambique tem todas as potencialidades para se transformar num país de vanguarda em África,
os moçambicanos merecem-no.

10. A CONSTITUIÇÃO ECONÓMICA

A ordem jurídica económica è constituída por todas as normas e actos jurídicos que disciplinam
a actividade económica, sejam leis, decretos, regulamentos, despachos, e outras.

Deste modo, entende-se por;

Constituição Económica – o conjunto de normas e princípios constitucionais relativos à


economia, ou seja, a ordem constitucional da economia.

Constituição Económica Formal – conjunto de preceitos jurídicos fundamentais de conteúdo


económico, inseridos no texto constitucional, dai que afirmamos que <<formalmente, a
constituição económica corresponde a parte económica da Constituição do Estado>>, onde está
contido o ordenamento essencial da actividade económica, desenvolvida pelos indivíduos, pelas
pessoas colectivas, ou pelo Estado.

Constituição Económica Material – abarca o sentido material da constituição, onde caberiam


<<outras fontes formalmente inferiores que no entanto consagram normas essenciais para

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caracterização do sistema e forma de economia>>; trata-se de conjunto de princípios e normas


que constituem o verdadeiro fundamento de valor da comunidade politica, que explicam e
regulamentam a vida jurídica, com valor substancial.

a) Constituição Económica na História das Constituições.

O primeiro a introduzir uma secção especialmente dedicada ao enquadramento da vida


económica, foi a Constituição de Weimar1 (1919), embora outras anteriores – como o caso da
Lei fundamental Soviética (1918), e seguiram-se também;

 A Constituição Espanhola 1931;


 A Constituição Portuguesa 1933;
 A Constituição Brasileira 1934;
 A Constituição Francesa 1946;
 A Constituição Helvética 1947 e
 A Constituição Italiana 1947.

b) A Actividade e Organização Económica na CRM de 1975

Aprovado na sequência da independência nacional, o texto caracterizava-se em matéria de


organização económica, principalmente pelo objectivo de garantir a luta pela eliminação das
estruturas de opressão e exploração colonial e tradicional.

Projectava-se a transição para o socialismo, construindo deste modo, o estado democrático


popular.

 Cfr. CRM 1975


 Artigo 4
 Artigo 9 – 14

Com a revisão de 1990, a parte económica da Constituição sofre considerável modificação, com
vista a promover o desenvolvimento da economia, e o progresso da ciência e da técnica,

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A Constituição de Weimar, oficialmente Constituição do Império Alemão - era o documento que governou a curta
República de Weimar (1919-1933) da Alemanha.
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assegurando-se deste modo, a construção de uma sociedade de justiça social, e a criação do bem-
estar material aos cidadãos.

 Cfr. CRM 1990


 Art. 35 – 58.

Com isto, o Estado valoriza e promove o desenvolvimento nas diversas áreas estratégicas do
país, concedendo aos cidadãos a possibilidades de os explorar, como forma de garantir a
satisfação e bem-estar dos mesmos.

 Cfr. CRM 2004


 Art. 11
 Art. 82 –111.

11. O SISTEMA ECONÓMICO

Por sistema económico entende-se o conjunto harmonizado de instituições jurídicas económicas


e sociais, através dos quais se realizam os objectivos da sociedade tendo em vista o equilíbrio
económico e as relações que se estabelecem entre o Estado e outros agentes económicos no
âmbito da actividade económica.

Ainda, podemos considerar o sistema económico como o conjunto de objectivos que tornam
possível a realização da actividade económica pelo Estado e outros agentes económicos visando
o bem-estar social.

Em qualquer sociedade, é importante a definição do sistema económico que se pretende abraçar


como forma de se realizar a actividade económica.

Entretanto, são dois os sistemas que predominam no mudo económico:

O sistema capitalista ou de economia de mercado livre, também designado de economia


descentralizada – apropriação privada dos factores de produção, procura do máximo do lucro
baseada nos preços dos factores, o Estado não intervém directamente na catividade económica –
produz normas que regulam a actividade económica (intervenção indirecta);

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O sistema socialista ou centralmente planificado – a propriedade dos meios de produção


pertencem as comunidades que os dispõe através do Estado, o Estado desempenha um papel
regulador e produtor de bens e serviços que os coloca à disposição da sociedade.

a) O Sistema Económico Moçambicano

Moçambique possui um sistema económico misto, que no entanto se baseia em algumas


características do sistema de marcado. Embora se note uma grande influência do modelo de um
sistema de economia centralmente planificada, a constatar pelo que a própria constituição
económica dispõe.

„Há, no entanto, uma notória existência de um sector público ainda muito forte e um sector
privado que embora influenciado pelos grandes projectos demostra ainda uma grande
dependência do regulamento estatal e decisões que ainda emanam dos órgãos estatais.

Embora tal possa significar uma fase da transição própria de uma economia que foi largamente
influenciada pelo sistema centralmente planificado. Nota-se que o Estão está conduzir de forma
lenta mais cautelosa do processo de passagem daquele sistema para ode mercado.

Pode-se dizer que a passagem de um sistema planificado para o de mercado, carece sempre de
tempo.

12. O SISTEMA FINANCEIRO

O desenvolvimento de qualquer economia pressupõe a existência de um sistema financeiro capaz


de assegurar o funcionamento da actividade económica levada a cabo pelos agentes económicos.
No entanto, para compreendermos o valor do sistema financeiro, devemos antes de mais
defender que as relações que exprimem o conteúdo ecónomo – social se designam de fenómeno
financeiro.

Consiste em compreender a problemática das relações entre os agentes económicos no âmbito da


sua actividade, bem como o impacto que as finanças jogam na economia no seu todo.

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Às finanças não se refere apenas ao dinheiro, mas também, as relações económicas que se
estabelecem entre os vários agentes económicos no processo de criação, distribuição e utilização
dos diferentes fundos monetários das suas empresas e da actividade do Estado, ou seja, de toda
sociedade.

Os princípios do sistema financeiro são as finanças das empresas provadas, do Estado e diversos
conjuntos de agentes económicos que participam na vida económica de um determinado país.
Nas finanças privadas temos o funcionamento das empresas privadas, e nas finanças públicos
temos o desempenho da actividade do Estado com vista ao bem-estar social.

O Estado tem como instrumento principal das suas finanças o Orçamento Geral do Estado,
enquanto que, os Particulares tem o Orçamento das suas empresas.

a) A Regulação da Economia e a Intervenção do Estado na Ordem Económica

A regulação da Economia é um acto de poder do Estado que pode assumir diversas formas.

 A ordem económica, é a resultante das relações que se estabelecem entre agentes


económicos em função da produção e distribuição de riqueza;
 A ordem jurídica, é o conjunto do Direito Positivo servido por uma rede institucional
própria;
 A ordem jurídica da Economia, é o corpo de normas de Direito que têm por objecto
assegurar um certo regime económico.

13. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA

A noção de intervenção do Estado é a resposta a essa necessidade de regulação como meio de


garantir o bom funcionamento da Economia.

A intervenção do estado na economia, faz-se dentro de um quadro geral caracterizado por


princípios e regras da política económica cuja acção desenha-se dentro das normas jurídicas e da
conduta social. Dentro da ordenação económica encontramos a definição da política ou doutrina
económica e social do estado, na qual se indicam as formas da sua intervenção e actuação.

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Todo quadro geral onde se desenham as formas de actuação do Estado, suas regras, normas e
aquilo que a sociedade aceita ser o modelo que lhe satisfaz designa-se de Constituição
económica.

O estado desempenha o papel na intervenção na economia de modo a:

 Pôr a disposição da população bens e serviços que, de outro modo não seriam facilmente
produzidos;
 Para defender a indústria nacional‟
 Para evitar a falência de empresas com dificuldades financeiras e de importância para a
economia nacional‟
 Para evitar a diminuição da actividade económica, a diminuição da produção nacional e o
aumento do desemprego;
 Para haver uma distribuição mais equitativa do rendimento nacional e melhores
condições de vida para as classes de menores rendimentos;
 Para controlar a inflação.

a) Formas de Intervenção
 Global – abarca a economia na sua globalidade;
 Sectorial – alguns ramos da economia;
 Pontual – quando o Estado intervém directamente nua determinada empresa, quando esta
mostra deficiência financeira, por forma a “salva-la”;
 Imediata – intervenção directa dos poderes públicos (apoio ou fomento de actividade
económica);
 Mediata – não intervém na economia, mas sim sobre a economia (politica fiscal, fixação
de rendas, etc)
 Unilateral – de forma unilateral, proíbe ou autoriza certas actividades em determinados
sectores;
 Bilateral – via contratual, oferta pelos poderes públicos, de certas ventagens fiscais,
creditícias, etc;
 Directa – atribui ao Estado, o papel de agente económico activo, podendo surgir sem
concorrência com o modelo socialista ou em paralelo com outros agentes económicos de

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diferentes sectores de propriedade dos meios de produção, o próprio Estado assumiu o


papel do agente produtivo, cria empresas públicas e actua através delas;
 Indirecta – esta surge quando as empresas privadas ou mistas ou ainda públicas, virem a
sua actividade ser objecto de medidas de caracter fiscalizados (função da policia) ou de
estímulo (função de fomente) é a forma típica de regulação adoptada nos regimes de
mercado, uma vez que o seu poder de autoridade para conformar a vida económica,
através da via legislativa ou da via contratual.

.
b) Intervencionismo, Dirigismo e Planificação

A diferença entre intervencionismo e dirigismo é muito importante, porque é uma diferença


qualitativa, dado que só o dirigismo, característico do período que medeia entre as duas guerras
mundiais, pressupõe uma actividade coordenada do Estado em prol da obtenção de certos fins, ao
contrario das medidas esparsas e situadas, e portanto não sistemáticas, de controlo económico
que a caracterizada o intervencionismo restrito, característico do período pós-primeira guerra
mundial.

A intensidade da intervenção do Estado teve o seu auge no final da segunda guerra mundial. O
poder político dirigia de forma incisiva toda a vida da sociedade. Os poderes públicos
sobrepunham-se aos poderes privados e, era cada vez mais acentuado o dirigismo do Estado.

No entanto, a par do dirigismo, o Estado usava o plano como seu instrumento privilegiado de
cumprimento obrigatório de toda a sociedade. O plano era a lei, como foi usado em vario países
durante o período em que o sistema da economia centralmente planificada vigorou nos países
ditos socialista.

A diferença entre o dirigismo e planificação, mais recente (o primeiro texto constitucional que
prevê, é o italiano de 1946), de ordem quantitativa. A planificação é um dirigismo por planos. A
diferença reside, contudo, no grau de renacionalização mais apurado que subentende o
documento planificatório.

Na verdade, no período pós-segunda guerra mundial, o Estado devia intervir através de um


processo global, coerente e sistemático, tendente a racionalizar, ordenar e sistematizar a
economia do país (planificação).
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14. O DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

O termo desenvolvimento comunitário descreve um método de trabalho, ou conjunto de técnicas


particulares, trata-se de um processo global que deve conduzir a melhoria do bem-estar humano.
Este processo é, ao mesmo tempo, causa e consequência de uma certa atitude em relação a vida e
em relação aos outros. Na sua ausência, consiste em as pessoa interessadas participar na
planificação e execução dos programas destinados a melhorar os seus níveis de vida, quer dizer
que, muito especialmente nas regiões de maior pobreza, o desenvolvimento comunitário implica
uma transformação tanto nas atitudes de espirito como nas aspirações e comportamento da
população.

Tem esta definição o mérito de chamar a atenção para um aspecto muito importante do
desenvolvimento comunitário, a sua influência numa transformação de atitudes e
comportamentos individuais e colectivos. Entende-se, com efeito, que este é o objectivo
principal do desenvolvimento comunitário e que está na base da continuidade do próprio
progresso económico.

O fim do programa do desenvolvimento comunitário é aumentar o nivel de vida da população


rural pelo desenvolvimento integral da comunidade rural, baseado este no principio da
capacidade da própria comunidade para fazer face as suas necessidades e no valor da interajuda
suscitadas uma e outra pela assistência do governo e convergindo para uma integração gradual na
linha de uma politica geral.

O desenvolvimento comunitário é a promoção entre os membros da comunidade, dum espirito de


progresso e de cooperação, graças ao qual se consciencializa necessidades comuns e, para lhes
fazer face, se desenvolvem, valorizando-se ao máximo, os recursos humanos e naturais da
colectividade com vista a elevação contínua do seu nível e vida.

Em resumo, o desenvolvimento comunitário depende da criação e da manutenção de uma


dinâmica social que não pode resultar se não da vida profunda dos indivíduos e dos grupos em
causa. Isso, supõe a existência de um grande número de actividades e de instituições sociais. O
desenvolvimento comunitário, torna necessário por exemplo, serviços de emprego para os jovens
ou um sistema novo de ensino técnico.

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15. A EMPRESA - ELEMENTO FUNDAMENTAL DA ACTIVIDADE ECONÓMICA

A Empresa constitui uma obra, acções árduas e dificultosas que se principiam a executar com
ânimo, usando-se meios e conhecimento com fim de se prosseguir um certo objecto. É uma
actividade organizada pelo empreendedor com vista a atingir certo objectivo com base na
coragem isolada ou colectiva, enfrentando um risco.

O conceito da empresa pressupõe a existência de um património que sustenta a sua unidade e


segurança, e ao mesmo tempo, a continuidade da associação de funções criadas.

De ponto de vista económico, a Empresa constitui o conjunto de factores de produção, reunidos


sob a autoridade de um individuo ou de um conjunto de indivíduos para produzir bens e serviços
e, ou para os vender obtendo um rendimento monetário (lucro).

Assim, a Empresa poderá apresentar-se em forma de empresa privada – sociedades comerciais e


em nome individual.

Por outro lado teremos as empresas públicas – as criadas pelo Estado com capitais próprios ou
fornecidos por outras entidades públicas para a exploração da actvidade de natureza económica e
social.

Encontramos ainda as Empresas de propriedade social – as cooperativas – sendo que o


cooperativismo se estende por todo mundo, países desenvolvidos e subdesenvolvidos, países
capitalistas e socialistas.

Constitui principalmente, o resultado da resposta as necessidades das classes economicamente


modestas e o produto da sua criatividade própria, os princípios e objectivos cooperativos são
susceptiveis de diferences enquadramentos ideológicos e de diversas técnicas de aplicação. O
cooperativismo pode ser um fim ou meio, uma ética ou técnica, um processo de produção ou
meio de transformação social. Elevado a princípio de incidência política ou utilizada como
fórmula eficaz de resolução de necessidades, é também hoje, quase uma filosofia e quase uma
ciência.

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16. A PROPRIEDADE PRIVADA - ART. 82 DA CRM

Existem 4 componentes importantes;

 O direito de acesso à propriedade;


 O direito de usar e fruir dos bens de que se è proprietário;
 A liberdade de transmissão;
 E o direito de não ser privado dela.

Restrições – art. 98 e 109 da CRM.

17. A INICIATIVA PRIVADA – ART. 101 – 108 DA CRM


 Traduz a possibilidade de exercer a actividade económica tendo em conta;
 A liberdade de acesso ao investimento – art. 98 e 108 da CRM;
 A liberdade de organização – criação de normas que regem a organização das empresas –
tipos de empresas;
 E a liberdade negocial – relação contratual, segurança dos trabalhadores no emprego, etc.

18. A INICIATIVA COOPERATIVA – ART. 99 DA CRM – LEI 9/79 DE 10 DE JULHO

As liberdades são as mesmas que destacamos na iniciativa privada.

Cooperativas – são organizações de natureza colectiva. De livre constituição, de capital e


composição variável, o seu objecto principal è economizar em benefício dos sócios, os lucros da
exploração de certos ramos da actividade, com vista a alcançar o bem star social, económico e
cultural.

 Princípio Da Adesão Livre – Porta Aberta – art. 10

Além do capital e muitos membros, a admissão e demissão são actos voluntários, sem restrições
ou descriminações.

 Princípio Da Gestão Democrática – art. 8 al. b)

Igualdade de direitos e deveres dos membros, independentemente da participação do capital.

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 Princípio Do Retorno Dos Excedentes – art. 21 nº 2

Distribuição proporcional as operações económicas realizadas pelos membros com o trabalho


prestado.

 Princípio Da Educação Cooperativa – art. 22 al. c)

Fomentar a educação cooperativa nos seus trabalhadores e membros, através de reservas


especiais para o efeito.

 Princípio Da Intercooperação – art. 23 e 24.

Privilegiar as relações entre uma e outra cooperativa.

19. A INICIATIVA PUBLICA – ART. 101 Nº 2 DA CRM


 Criação de empresas públicas;
 Sociedade de capital públicos e
 Participação no capital das empresas privadas.
 O direito ao trabalho - art. 84 da CRM

O direito dos trabalhadores – Ferias, descanso, remuneração, etc.

 Segurança no trabalho – art. 85 da CRM


 O direito de organização dos trabalhadores – art. 86 da CRM
 O direito a greve e proibição do lock-out – art. 87 da CRM.

20. A NACIONALIZAÇÃO

A nacionalização consiste essencialmente na transferência de propriedade das mãos dos


particulares para a esfera jurídico patrimonial do Estado, ao mesmo tempo se transforma essa
propriedade numa actividade económica privada em pública.

Trata-se pois, de um acto de soberania do Estado.

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Juridicamente, a Nacionalização é uma espécie de “Expropriação”, ainda que dela distinta,


traduzindo-se na transferência forçada por acto de autoridade de uma unidade económica
(exploração, estabelecimento, empresa) da propriedade privada para propriedade pública.

A nacionalização pressupõe deste modo, a presença simultânea das seguintes componentes e


características essenciais:

Uma componente ideológica política, reveladora em si mesmo da subordinação do poder


económico ao poder politico, que juridicamente se vai formalizar no acto legislativo;

O objectivo da Nacionalização é um bem económico em sentido estrito. O que motiva a


Nacionalização não é o valor real do património do bem ou bens, mas antes o facto de se tratar
de uma “unidade produtiva” (explorações ou empresas agrícolas, comerciais, industriais, etc.)
por específicos motivos de intervenção na estrutura do poder económico ou na condução da
economia. Daqui decorre que o acto de nacionalização não pode implicar uma alteração da
utilidade e finalidade económica dos bens objectivo da nacionalização. Eles continuam como
unidade produtiva, no entanto, da posse da colectividade (nação);

A titularidade e posse útil dos bens transferem-se para a naco, ou seja, para a esfera jurídico -
patrimonial do Estado.

21. A PRIVATIZAÇÃO

A Privatização designa uma técnica pela qual o Estado reduz ou modifica a sua intervenção na
economia a favor do sector privado, indicando por isso, a redução do domínio económico do
sector público. A fim de alcançar este objectivo, o Estado usa formas que variam em função das
políticas públicas e económicas por ele definidas.

O termo privatização tem sido muitas vezes utilizado para referir:

A transferência total ou parcial da propriedade de empresa e / ou bens públicos para entidades


privadas. Contudo, pode haver privatização sem transferência de propriedade. Por exemplo, nos
casos em que se faz a concessão a entidades privadas, da gestão das empresas públicas ou de
serviços mediante contrato (gestão de estabelecimentos de saúde ou gestão dos serviços

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prisionais). Nestes casos de serviços públicos, a privatização da gestão não implica não
financiamento do sector público;

A contratação de serviços por entidades públicas a entidades privadas tais como, serviços de
mão-de-obra, serviço de limpeza que são normalmente serviços de natureza intermitente;

O termo privatização é ainda empregue para designar a desregularização quando as entidades


públicas deixam de regulamentar o modo de produção ou de distribuição de um bem ou serviços,
permitindo um funcionamento mais livre da economia, com base nas regras de marcado. O
processo de submissão dos serviços ou das empresas públicas, as regras da gestão baseada numa
economia de mercado, constitui a base fundamental do funcionamento do sector económico

De acordo com a Lei nº 15/91 de 03 de Agosto, poder-se-ão apontar os seguintes objectivos da


privatização:

 Promover a dinamização da actividade económica através de uma intervenção do sector


privado;
 Promover alterações de tecnologia e organização da produção em geral, por forma a
aumentar a eficiência, a competitividade das empresas e a concorrência;
 Atrair investimentos privados, nacionais e estrangeiros que permitam recapitalizar as
empresas, reabilitando-as ou ampliando as duas capacidade de produção;
 Reduzir a sobrecarga sobre o orçamento do estado resultante dos subsídios atribuídos as
empresas estatais de forma directa e indirecta;
 Reduzir o envolvimento governamental no processo de decisão empresarial;
 Promover a disseminação do capital social, através do aceso a titularidade das
participações sociais nas empresas por parte dos cidadãos em geral e dos trabalhadores
em particular;
 Gerar receitas para o Estado.

22. O INVESTIMENTO EM MOÇAMBIQUE

O investimento, constitui assunto do desenvolvimento económico, sempre actual para qualquer


Estado. Verdadeira tese que, pela sua elevada projecção, comporta, para cada caso que se

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estruture, um estudo técnico apurado, para que o mesmo facilmente se torne permeável às forcas
directoras dos que procuram impulsionar actividades económicas, industriais ou comerciais.

O investimento público é todo e qualquer forma de empreendimento económico realizado pelo


Estado ou outras pessoas colectivas públicas que integram o sector público através da aplicação
de capitais ou vens públicos susceptiveis de avaliação pecuniária ou em comparticipação parcial
dos privados nas áreas que constituem reserva expressa do sector público.

Investimento privado, é todo e qualquer empreendimento económico realizado por pessoas


singulares ou colectivas não integradas sono sector público, através de aplicação de capitais ou
bens susceptiveis de avaliação pecuniária por elas tituladas e aplicados em áreas de livre
iniciativa privada.

23. O PLANEAMENTO

O Planeamento, é um instrumento auxiliar da sociedade para ordenar os seus esforços de modo a


atender melhor as inspirações que correspondem o plano económica, para a elevação persistente
dos níveis do bem-estar e da construção de uma sociedade aberta, livre, democrática,
desenvolvida e estável.

Por outro, entende-se que o Plano é um conjunto de obrigações, de comportamento de poderes


públicos, que pode destruir a ideia do plano no acto colectivo. A obrigação do comportamento
não é um acto político e não jurídico, o Plano é uma ideia que se reveste de uma plasmação
instituída fora dos conceitos discursivos e técnicos em que criam uma nova realidade e propõe
um dever consagrada do povo no ciclo magico.

a) Tipos de Planos Económicos

Os planos económicos que devem ser sempre entendidos como planos económicos e sociais,
além da vertente económica e social, são aquelas que contem opções politicam, técnicas e
administrativas formuladas e que podem ser:

 Regulares ou normais – quando incidem sobre um processo continuo do planeamento;

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 Eventuais ou de emergência – quando refere a necessidade individualizadas ou


execpcionais;
 Sectorial – quando apontam para as áreas fundamentais de realização do plano;
 Regionais – quando os mesmos incidem em regiões não serão porém planos se não
tiverem uma referência global.

b) Planificação Como um Problema Jurídico

A planificação é moeda corrente em textos constitucionais deferindo o alcance dimensão, afecta


juridicamente a actividade económica e intervém na definição das posições jurídicas dos vários
sujeitos de direito participantes nas actividades económicas.

O plano define direitos, obrigações, espectativas e é um instrumento privilegiado para realização


de certos direitos fundamentais com assentos constitucional, e especial repercussão socio-
ecónomico.

O plano é sector de actividades de intervenção de poderes públicos em que claramente se


evidencia a vontade as opções ideológicas dos agentes administrativos, e como consequência, na
maneira como é executado o plano, o seu papel cimentador de certos direitos fundamentados e o
direito de propriedade privado. Não se vá concluir que o planeamento seja o título autónomo
para restrições ao direito de propriedade.

c) Natureza Jurídica do Plano

A analise na natureza jurídica do plano, implica antes demais, na distinção entre o plano e o
direito da planificação e planeamento.

A planificação exprime actos jurídicos diversos cuja qualificação só é possível avaliando


previamente o plano económico nacional.

As obrigações assumidas no âmbito do plano têm preferência imediata, automática e oficiosa,


considerando-se nula as que sejam contrárias, e na medida que lhe seja desconforme, mesmo que
pré-existente.

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d) Juridicidade do Plano

Pretende-se definir a natureza jurídica do plano quando esta é um conjunto de actos jurídicos
perfeitamente individualizados.

As carecteristicas dos actos de planificação relativas ao seu caracter prospectivo e a sua


programatividade aponta os incisivos actos que distinguem materialmente os diversos actos
jurídicos.

A juridicidade do plano, compreende o desacompanhamento do plano, a lei reforçada, a lei de


orientação, o plano com um acto incentivo:

 Desacompanhamento do plano: é numa lei no sentido formal, com capacidade


inovadora que não é sujeita ao controlo de legalidade pelos tribunais, modificável ou
revogável por normas inferiores. A origem do plano é extra-parlamentar, e não é uma lei
verdadeira e própria, pese embora seja aprovado pelo parlamento;
 Lei Reforçada: a lei do plano tem um significado politico económico distinto das
restantes leis ordinárias que encerram um conjunto de medidas politicas e económicas a
um nível de interesse público;
 Lei de orientação: é uma lei de direção política directiva, na qual a lei do plano não tem
um caracter dirigida e coordenador da acção.
 O plano como acto incentivo: através do plano e do poder político do estado propõem-se
a levara a sociedade de determinados níveis de crescimento, de desenvolvimento, de
despesa e de poupança. é o plano que prevê beneficio aos que atinge certas metas que não
obriga que aquelas metas se atinjam mais se possibilitam aos agentes administrativos a
praticar os seus actos de execução, atribuídos aos aludidos benefícios a que preenchem o
normativo do plano.

24. O PLANO EM MOÇAMBIQUE

O plano é uma importante pedra de toque para definição do modelo institucional da economia,
pois, através dele, procura-se orientar e coordenar a acção de desenvolvimento económico e
social, impedindo que o árbitro das iniciativas privadas com as suas incapacidades óbvias,
limitações compreensíveis, ambições e excesso naturais impere.
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Por causa da complexidade da vida social, recomenda-se a definição de metas e orientações com
vista a coordenar e racionalizar o aproveitamento dos recursos naturais existentes.

Entende-se que o plano deve ser considerado típico para ecomimia social, se a expressão
planificação ou planeamento não for usada de acordo com o termo amplo.

Tomando em conta que a priorização convencional, requer o estudo da constituição económica, é


assim que em Moçambique, o plano começa logo com a tomada de posse do governo de
transição.

Sendo assim, que o referido plano, embora que insipido, encontrava-se inserido no decreto nº
33/74, de 31 de dezembro, no qual aprovada e punha em execução o orçamento geral do estado
moçambicano para o ano de 1975, aprovado pelo governo de transição, usando da competência
da alínea b) do nº 5 do acordo de Lusaca, que no seu capitulo VII, nº 33 refere a atribuição de
recursos financeiros disponíveis, podia ser feita em função das propriedades estabelecidos pelo
presidente da Frelimo, no discurso de tomada de posse do governo de transição em Moçambique.

Não era o verdadeiro plano, mas sim, era considerado de P.A.P – programa de acções
prioritários.

Na constituição da república popular de Moçambique de 1975, no seu artigo 9 refere que “o


estado promove a planificação da economia, com vista garantir o aproveitamento concreto das
riquezas do país e sua utilização em benefício do povo moçambicano”.

A constituição de 1975, estabelecia como competência do conselho de ministros, preparar o


plano geral do estado e executa-lo e que acima do conselho de ministro, para aprová-los, só
caberia a assembleia popular.

Na resolução nº 13/87, de 22 de setembro, deliberou sobre o funcionamento das comissões de


trabalho da assembleia popular e atribuiu no artigo 8, as comissões que dentre outros assuntos, a
competência de analisar o projecto de lei relativo as questões de planificação, desenvolvimento
económico e social, assim como os projectos de planos.

E já na constituição de 1990, o artigo correspondente ao artigo 9 da constituição de 1975, seriam


os artigos 135 e 153, que estabelece na sua alínea h) do nº 2 do primeiro que compete a

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assembleia da republica deliberar sobre o plano, e na alínea d) do nº do segundo, preparar o


plano.

Por último, a nova constituição da república de Moçambique de 2004, reafirma ligeiramente


distintos da anterior que, a assembleia compete deliberar sobre as grandes opções do plano
económico – alínea a) do nº 2 do art. 179. E compete ao conselho de ministro preparar o plano
económico e social (PES) e executa-lo após a provação pela assembleia da república – alínea e)
do nº 1 do art. 204.

a) Natureza Jurídica do Actual Plano Económico

A natureza jurídica do plano, é uma questão com relevo doutrinário, pois, ele define o plano
como lei em sentido formal.

A indicação dos grades objectivos do amplo poder até levantar varias questões semelhantes, mas
que como deu a entender na finanças públicas, o direito financeiro é consagrada de uma lei em
sentido material.

No caso e Moçambique, o planeamento está regulada pela constituição da república nos seus
artigos 128 e 129, que debruça sobre o plano económico-social (PES) e elaboração e execução
do plano económico e social.

b) História da Planificação em Moçambique

a presença colonial portuguesa em Moçambique, baseava-se essencialmente e de forma sucessiva


até ao final do séc. XIX, neste tempo, os portugueses faziam pilhagem de recursos naturais
moçambicanos, sobretudo o ouro e marfim, no tráfico de escravos e na pilhagem do comercio
desigual em que vasta gama de produtos e riquezas naturais, para alem de desproporcionalidade
desfavorável aos nativos da sociedade moçambicana.

foi dai que, apos a realização da conferencia de Berlim no ano de 1885 e nos anos subsequentes,
os portugueses viram-se forcados para manter os seus domínios sobre as colinas, a promover
uma ocupação efectiva.

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na zona sul de Moçambique, os portugueses conseguiram realizar a exploração directa através da


fundação do porto de Lourenço Marques na altura.

25. OS MERCADOS

Geralmente, o Mercado é considerado o lugar de encontro real ou ideal da procura e oferta de


uns ou vários produtos (bens ou serviços), ou ainda, o espaço onde os vendedores e compradores
realizam as suas transações.

a) Tipos de Marcados

O Marcado caracteriza-se:

 Segundo a natureza física dos produtos transacionados (mercados de bens) – o marcado


pode ser de açúcar, chá, cobre, ouro;
 Segundo a natureza económica dos produtos transacionados (mercados de bens
financeiros) – designado de mercado de bens reais, de bens financeiros;
 Segundo a extensão do espaço geográfico (mercado internacional, nacional e comum) –
que tem por finalidade delimitar a oferta e a procura.

b) Formas de Mercado

Por forma de mercado designa-se a característica especifica do mesmo, tomando como base o
número de compradores e/ou número de vendedores.

A forma de mercado encerra em si, a particularidades de permitir que os agentes económicos


demostrem a sua capacidade ou dificuldade bem como os problemas que cada um enfrenta ou
pode enfrentar no mercado.

c) Classificação dos Mercados

O primeiro critério que se utiliza para definir o mercado, é o número de participantes, ao qual se
alia automaticamente a importância deles. Assim, se existir um grande número de compradores e
vendedores e, ainda, se a entrada de novos produtos ou consumidores for completamente livre,
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estamos na presença da concorrência perfeita, se, pelo contrário, se verificar a existência de um


único vendedor face a numerosos compradores, então teremos o monopólio.

Por último, quando um mercado ou num ramo de actividade se encontra um pequeno número de
grandes empresas que detém o monopólio e decidem sobre os preços do mercado, estamos
perante u oligopólio.

O critério do número de participantes segundo alguns autores, nem sempre é suficiente, pois, por
outro lado, não é possível determinar o número a partir do qual se passa da concorrência ao
oligopólio.

Por outro lado, o grande número de vendedores, não é condição suficiente para que haja
concorrência pura, pois, a marca, a apresentação do produto, entre outros aspectos, podem
suscitar preferência dos consumidores por um vendedor, determinando então, uma nova forma de
mercado chamado Concorrência Monopolista.

De facto, o número é apenas um elemento exterior, o que conta são as relações que se
estabelecem entre os vendedores.

Em concorrência, o importante é que cada vendedor não tenha, praticamente, influencia no


mercado, já que a oferta final do bem é apenas uma parte muito pequena da oferta global. É o
que acontece por exemplo caso exista um grande número de empresas, aproximadamente iguais
a 500 ou 1000 assegurando cada uma 1/500 ou 1/1000 da produção de bens colocados no
mercado. Neste caso, podemos falar em atomicidade do mercado em regime de concorrência.

Pelo contrário, em caso de oligopólio, cada vendedor tem uma dimensão suficiente para que as
suas decisões exerçam uma acção sobre as decisões dos outros vendedores do mesmo produto.

Podemos então, afirmar que no mercado de oligopólio existe uma interdependência entre as
decisões dos vendedores, ao passo que em concorrência, os vendedores são independentes um
dos outros, não sendo influenciados pela política de produção de um deles, por ser demasiado
fraco para modificar a oferta global e também o preço do mercado ao qual cada um está
submetido.

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Um outro critério de distinção dos mercados é a natureza do bem transacionado. Se o produto


vendido pelas empresas é homogénico, isto é, apresenta características uniforme, de tal modo
que os compradores ano tem motivos para referirem um vendedor do outro, podemos falar de
concorrência pura ou oligopólio puro.

26. REGIME JURÍDICO MOÇAMBICANO DA CONCORRÊNCIA

O decreto nº 18/99, de 04 de Maio, enquadra a concorrência desleal como infracção contra a


propriedade industrial.

Conforme indicado no art. 56 do referido decreto, as práticas que tenham por finalidade obter
vantagens, causando prejuízos a outrem, induzir ao erro o público consumidor relativamente aos
direito de propriedade industrial dos produtos, serviços e estabelecimento constitui infracção
legal.

A concorrência desleal, é um comportamento ilícita que nos termos da lei é punível. O acto que
resulta da concorrência desleal é qualificável da conduta ilícita e culposa pela sua
susceptibilidade de causar prejuízos.

Enquanto não causar prejuízos, o acto não poderá ser considerado como acto grave.

Portanto, podemos concluir que o nº 1 do art. 157 do decreto nº 18/99, de 04 de Maio, ao definir
a concorrência desleal como todo o cometimento de actos contrários aos bons usos e costumes da
actividade industrial, comercial ou de serviços, pretende, embora vagamente, qualificar tal
concorrência como acto que é contrário aos bons costumes e as regras sãs de uma economia de
mercado.

a) A Regulação dos Preços na Concorrência

Em Moçambique, o Estado intervém por meio jurídico e político na fixação do salario mínimo
nacional para a indústria, comercio e serviços e para o sector agropecuário, também participa e
regula as taxas de juro permitidas as instituições de créditos e na fixação de preços de alguns
produtos alimentares fundamentais, tais como o pão e o transporte, e determina os preços de
combustível, agua e enria eléctrica.

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27. INTEGRAÇÃO ECONÓMICA

A Integração Económica consiste na união de um número de economias nacionais numa reunião


económica mais vasta, que ultrapassa as fronteiras nacionais. Este processo consiste na
alimentação de barreiras quanto a livre circulação de produtos, serviços, capitais e pessoas, ou
seja, é um tipo de relação económica internacional que consiste numa união de diversos países
que procuram retirar vantagens da criação de um mercado de maior dimensão constituído pela
soma dos mercados nacionais de cada país. Dependendo do grau de profundidade, o processo de
integração económica implica a transferência de parte das soberanias nacionais para uma
entidade supranacional.

A integração económica pode assumir diversas formas, entre as quais:

 Sistema de preferência aduaneira;


 Zina de comércio livre;
 União aduaneira;
 Mercado comum;
 União Económica;
 União Politica.

a) As Fases da Interação Económica Entre Países

Cinco são as fases de integração económica entre países;

 Zona de livre comércio: As barreiras ao comércio de bens entre países membros são
eliminadas, mas estes mantêm autonomia na administração da sua política comercial;
 União Aduaneira: a circulação interna de bens e serviços é livre, a politica comercial é
uniformizada e os países membros utilizam uma tarifa externa comum;
 Mercado Comum: superada a fase de união aduaneira, atinge-se uma forma mais
elevada de integração económica, em que são abolidas não apenas as restrições sobre os
produtos negociados, mas também as restrições aos factores produtivos (trabalho e
capital);
 União Económica: esta fase associa a supressão de restrições sobre investimentos de
mercadorias e factores com um certo grau de harmonização das políticas económicas
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nacionais, de forma a abolir as descriminações resultantes de disparidades existentes


entre estas politicas, tornando-as mais semelhantes possível;
 Integração económica total: passa-se a adoptar uma política monetária, fiscal, social e
anticíclica uniforme, bem como se delega a uma autoridades supranacionais podres para
elaborar e aplicar estas políticas. As decisões sessa autoridade devem ser acatadas por
todos estados membros.

b) Etapas do Processo de Integração Económicas

Um processo de integração económica caracteriza-se por um conjunto de medidas de caracter


económico, que tem por objectivo promover a aproximação e a união entre as economias de dois
ou mais países.

O grau de profundidade dos vínculos que se criam entre as economias dos países envolvidos num
processo de integração económica permite que se visualize, ou determine, as fases ou etapas do
seu desenvolvimento.

A teoria do comércio internacional registra a classificação de associação entre países que


decidem integrar suas economias:

 A zona de preferência tarifária é o mais elementar dos processos de integração, apenas


assegura os níveis tarifários preferências aos grupos de países que formam a zona. Assim,
uma ZPT estabelece que as tarifas incidentes sobre o comércio entre os países membros
do grupo são inferiores as tarifas cobradas aos países não membros;
 Uma segunda modalidade, a Zona de livre comércio – ZLC, consiste na eliminação das
barreiras tarifárias e não tarifarias que incidem sobre o comércio entre os países que
constituem a ZLC;
 A união aduaneira é uma zona de livre comércio que adoptar também uma tarifa externa
comum (TEC). Nessa fase do processo de integração, um conjunto de países aplica uma
tarifa para suas importações provenientes de países não pertencentes ao grupo, qualquer
que seja o produto, e por fim, prevê a livre circulação de bens entre si com a tarifa zero.
O exemplo mais conhecido desse tipo de integração foi a Zollverein (União aduaneira em

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alemão), idealizada e impulsionada por OTTO VON BISMARCK, o grande líder


responsável pela unificação política da Alemanha em 1850.

c) Formas de Integração Económica


 Sistema de preferência aduaneiras: Abolição/redução dos direitos aduaneiros de certas
mercadorias.
 Zona de comércio livre: abolição de todos direitos aduaneiros e restrições quantitativas
ao comércio de mercadorias, no entanto, cada pais é livre de manter as suas pautas
próprias e as restrições quantitativas que entender em relação a países terceiros.
Resultado: se pretendem entrar em país A, e este possui uma pauta aduaneira pouco
sugestiva, boicotam a política de proteção desse país, entrando na zona de comércio livre
do país A, atreves de um dos parceiros;
 União Aduaneira: Não há direitos aduaneiros nem contingentações como na zona de
comércio livre, e ainda é introduzida uma mesma pauta exterior comum a todos os países
da união aduaneira a ser aplicada a países terceiros.
 Mercado Comum: Livre circulação de mercadorias, serviços, pessoas e capitais;
 União económica: Mercado comum + harmonização das políticas nacionais;
 Integração económica total: União económica + unificação das políticas monetárias,
fiscais e socias = UEM (União Económica e Monetária). Estabelecimento de uma
autoridade supranacional, cujas as decisões são obrigatórias para todos os Estados –
Membros.

d) Bloco Económico

Os Blocos Económicos são um tipo de acordo intergovernamental, muitas vezes parte de uma
organização intergovernamental, onde barreiras ao comércio são reduzidas ou eliminadas entre
os estados participantes.

A maioria dos blocos comerciais está definida por uma tendência regional e podem ser
classificados de acordo com seu nível de integração económica.

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 Descrição

Um dos primeiros blocos económicos da Europa foi o BENELUX (BE de Bélgica, NE de


Netherlands, e LUX de Luxemburgo), o acordo aduaneiro que iniciou a união foi assinado em
1944. Ele é usado agora de uma forma mais geral para se referir ao agrupamento geográfico,
económico e cultural dos três países.

Em 1951, estes países aderiram a Alemanha Ocidental, Franca, e Itália para formar a
Comunidade Europeia do Carvão e do aço, o antecessor da comunidade económica europeia
(CEE) e de hoje a União Europeia (EU).

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Docente:
Ossama M. Assane
Cadeira de Direito Economico
Curso de Ciência Jurídico Publico

28. BIBLIOGRAFIA

a) Constituição da República de Moçambique, 1975;


b) Constituição da República de Moçambique, 1990;
c) Constituição da República de Moçambique, 2004;
d) SANTOS, António C., GONÇALVES, Maria E., MARQUES, Maria M.L., Direito
Economico, Almedina, 1993;
e) VASQUES, Sérgio, Legislação Económica de Moçambique, Almedina, 2004;
f) ALFREDO, Benjamim, Noções Gerais do Direito Económico, Maputo, 2010;
g) WATY, Teodoro Andrade, Direito Económico, W&W Editora Limitada, Maputo, 2011.

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Docente:
Ossama M. Assane

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