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Relação Jurídica Fiscal e Obrigação Fiscal em Moçambique

Introdução

O Direito pode ser definido como um conjunto de princípios universais, imutáveis, superiores
ou normas jurídicas inerentes à própria condição humana; anterior ao homem e situa-se acima
dele. É eterno; não é racional; é fundamento do direito positivo.

Direito Tributário ou Fiscal é o conjunto das leis reguladoras da arrecadação dos tributos,
bem como de sua fiscalização. Regula as relações jurídicas estabelecidas entre o Estado e o
contribuinte, no que se refere à arrecadação dos tributos.

Cuida dos princípios e normas relativas à imposição e à arrecadação dos tributos, analisando
a relação jurídica tributária, em que são partes o ente público e os contribuintes, bem como o
fato jurídico gerador dos tributos. O objecto é a obrigação tributária, que pode consistir numa
obrigação de dar (levar o dinheiro aos cofres públicos) ou uma obrigação de fazer ou não
fazer.

Devido a sua intensa actividade financeira envolvendo despesas e em contrapartida receitas, a


conservação dos bens públicos, o património, o controle monetário, o orçamento público,
demandam a necessidade de arrecadação de tributos para garantir o seu meio de subsistência,
para dirigir a economia e direccioná-la para o bem-estar social.

Conceitos Básicos

Segundo IBRAIMO, (2002:78), imposto é uma prestação coactiva, pecuniária, definitiva e


unilateral, estabelecida por lei, sem carácter de sanção, a favor do Estado, para realização de
fins públicos.

A definição acima citada pode ser discernida da seguinte forma:

a) Prestação coactiva: imposta pelo Estado;

b) Prestação pecuniária ou patrimonial: avaliável em dinheiro

c) Prestação definitiva: sem direito a restituição, reembolso, retribuição ou indemnização;

d) Prestação unilateral ou não sinalagmática: sem contraprestação específica, individual,


imediata e directa (ao contrario da taxa, não dá ao devedor o direito de exigir qualquer
contraprestação imediata);

e) Prestação estabelecida por lei: de acordo com o princípio da legalidade, isto é, todos os
imposto devem ser estabelecidos por lei através da Assembleia da República, para o caso de
Moçambique;

f) Prestação sem carácter de sanção: sem fins sancionatórios;

g) Prestação a favor do Estado: em sentido muito amplo, equivalente aqui a qualquer entidade
que exerça funções públicas;
Com uma definição similar, WATY (2002:88), define o imposto como, uma prestação
coactiva, patrimonial, positiva, definitiva, não sinalagmática, sem carácter de sanção,
estabelecida por lei, a favor de uma entidade pública, ou com funções públicas para a
satisfação de necessidades públicas e redistribuição de riqueza, independentemente de
qualquer vínculo anterior.

Objetivos dos Impostos e das Politicas Tributárias

Como já é sabido, os impostos são criados para a satisfação de fins públicos e necessidades
colectivas dos cidadãos, expressão que engloba objectivos fiscais (obtenção de receitas
publicas) e extrafiscais (sociais, económicas, etc.). Segundo (IBRAIMO, 2002:98), Os
impostos foram criados com vista a atender os seguintes objectivos:

a) Objectivos Fiscais

De acordo com este objectivo os impostos visam a obtenção de receitas para financiamento
de despesas públicas, isto é, satisfação das necessidades financeiras do Estado.

b) Objectivos sociais

Os impostos visam a repartição justa da riqueza e dos rendimentos, a diminuição das


desigualdades, tendo em conta as necessidades e rendimentos do agregado social, operando-
se uma verdadeira reatribuição de riqueza.

c) Objectivos Económicos

Os impostos podem combater a inflação (reduzindo o rendimento disponível e,


consequentemente, o consumo), obter a selectividade do consumo (tributando mais
pesadamente os consumos nocivos e supérfluos, como o tabaco, o jogo, certas bebidas e as
antiguidades), proteger as indústrias nacionais (estabelecendo direitos aduaneiros protectores
durante um certo período), incentivar a poupança e o investimento (indirectamente através
dos desagravamentos fiscais).

O IRPS e suas Categorias

O Código do IRPS (CIRPS) foi aprovado pelo Decreto 20/2002 de 30 de Julho e, no seu art,
define o IRPS como um imposto directo que incide sobre o valor global anual dos
rendimentos, mesmo quando provenientes de actos ilícitos (SITOE, 2008).

De acordo com o art. 17 do CIRPS, consideram-se sujeitos passivos do IRPS, os seguintes:

As pessoas singulares que residam em território moçambicano e as que, nele não residindo,
aqui tenham rendimentos. Portanto, a extensão da obrigação fiscal depende da residência ou
não em território nacional;

Os residentes, são tributados por todos os rendimentos obtidos em Moçambique ou no


estrangeiro;

Os não residentes, são tributados apenas pelos rendimentos obtidos em Moçambique;


Consideram-se residentes, para este efeito, as pessoas que, no ano a que respeitem os
rendimentos obtidos:

– Hajam permanecido no país mais de 180 dias;

– Tendo permanecido menos tempo, aqui tenham habitação;

– Desempenhem no estrangeiro funções ou comissões de carácter público;

– Sejam tripulantes de navios ou aeronaves, desde que estejam ao serviço de entidades com
residência;

– As pessoas que constituem agregado familiar e aqui resida um dos cônjuges.

Abordagem do principal tema

A relação jurídica fiscal é uma relação complexa que compreende quer obrigações principais
quer obrigações acessórias.

O cerne da relação jurídica fiscal e constituído pela obrigação fiscal ou de imposto que,
apesar de ser uma obrigação ou direito de crédito tem características especiais que
diferenciam das demais.

Segundo (TEXEIRA,1995), constitui obrigação o vínculo que nasce entre o estado e o


particular através do imposto.

Para Betioli (1996), a relação jurídica estabelece um vínculo entre pessoas, do qual derivam
consequências obrigatórias por corresponder a uma hipótese normativa.

Para CAMPOS (1995), refere que a relação jurídica como sendo, a relação da vida
disciplinada pelo direito, vinculado o titular do direito subjectivo e obrigado, e o obrigado,
relativamente ao objecto ou bem jurídico.

No nosso ponto de vista, a relação jurídica pode ser conceituada no plano objectivo ou
subjectivo.

Obrigação Fiscal

De um modo coerente, a obrigação fiscal pode ser tida como o vinculo jurídico nascido de
verificação de situação ou das condições abstractamente previstas na lei tributaria e cujo
objectivo e a prestação do imposto.

Assim, WATY (2004), considera a obrigação fiscal como parte da relação jurídica, pós esta e
amais vasta e complexa. Para ele, a obrigação fiscal inclui todas as relações de diferente
objecto e conteúdo que resultam daquela obrigação central, na qual os sujeitos passivos são o
contribuinte e outras pessoas estranhas a essa obrigação de imposto. A relação jurídica e
composta de um núcleo constituído pelo contribuintes e pelos terceiros que, de algum modo ,
estão ligados aos pressupostos do facto de tributação, que podem ser designados de obrigação
ou deveres tributários acessórios .
a relação jurídica fiscal é pós , uma relação obrigacional , embora de direito publico. Nesse
trata de uma particularidade do direito fiscal que possa interpretar se como correspondendo à
aquela conhecida orientação que visa aproximar esse ramo jurídico do direito civil.

A primeira obrigação, nuclear, é a obrigação fiscal que se traduz no pagamento do imposto. O


segundo tipo de obrigações – as obrigações acessórias – definem-se como aquelas que
auxiliam o cumprimento da obrigação central de pagamento do imposto. Dentro destas
encontram-se, assim, as obrigações criadas pelo legislador a propósito da contabilidade.

No plano objectivo a relação jurídica e toda a relação social disciplinada pelo direito,
enquanto no plano subjectivo ela representa o vínculo entre dois ou mais indivíduos, dotados
de obrigatoriedade. Nessa perspectiva as situações subjectivas são momentos de uma relação
jurídica fracções temporárias de uma relação interpessoal regulada pelo direito.

Nas relações jurídicas pressupõe se um acto devindo ou permitindo, e dois sujeitos um dito
activo e outro passivo, sujeito activo não e necessariamente aquele que pratica o acto, mas
aquele que na situação jurídica encontra se na posição subordinante. Simetricamente, a este,
esta o sujeito passivo aquele que se encontra na posição subordinada em relação a acto
considerado. A subordinação é estabelecida ao direito em beneficio de quem prática o acto, a
beneficio de terceiro ou da comunidade.

Segundo Bem (2004), conceitua a relação jurídica como a ligação entre dois ou mais sujeito,
em razão de um facto previsto no ordenamento jurídico, em que um dos sujeitos, tem o
direito de exigir uma prestação e o outro, o dever de compri-lá. Assim vê se que a exigência
de uma relação jurídica pressupõe o posicionamento de duas ou mais pessoas adoptadas de
poderes e resultantes das normas jurídicas, dai porque, só interessam ao direito as relações
que estejam, de alguma forma previstas num modelo jurídico.

Segundo Fashin (2002, p.4), a relação jurídica se constitui o elemento unificador de código
civil, padecendo dos vices da abstracção e da generalidade que conduzem a uma exclusão
social. Neste sentido o autor afirma que, há divisão entre as relações sociais abrangidas pelo
manto jurídico e aquelas que estão excluídas no âmbito de relação, os modelos de relações
juridicamente relevantes não poderiam se ater as vicissitudes das relações fácticas, o código
civil e visto como um sistema pre̵t a̶ porter, mais do que isso o direito se reduz a essas
soluções prévias, se reduz a modelos.

Portanto, a relação jurídica é um facto geral e abstracto, por ser próprio da ciência jurídica,
sendo impossível o legislador elaborar normas sem deixar de tutelar certos bens jurídicos,
uma vez que sua interacção maior e regular a vida das pessoas naquilo que elas tem de maior
ou mais do quotidiano, (BEM, 2004).
Para a melhor compreensão da relação jurídica fiscal é necessário ter a noção dos seus
pressupostos, que constituem o conjunto de condições de que a lei faz depender o nascimento
da relação jurídica fiscal.

Quanto a sua natureza os pressupostos podem ser:

Objectivos ou subjectivos;

Quanto ao seu âmbito podem ser:

Genéricos ou específicos.

No que se refere aos pressupostos genéricos da relação jurídica fiscal pode se apontar a
personalidade jurídica, a capacidade jurídica (subjectivos) e matéria colectável (objectivo).

Elementos da relação jurídica fiscal

Os elementos da relação jurídica fiscal são 4:

Sujeitos

Objectos

Facto jurídico e

Garantias

Os sujeitos são os pontos terminais da relação jurídica. O sujeito activo, que é o titular do
correspondente direito subjectivo e o sujeito passivo, que é sobre quem recai o
correspondente dever. Na obrigação fiscal, existe a particularidade como se vera de o sujeito
activo ser sempre uma entidade do direito público ou que exerce funções públicas, que tem o
direito de exigir o cumprimento da obrigação. Por sua vez, o sujeito passivo é a pessoa
singular ou colectiva ou qualquer outra entidade (património ou organização de facto de
direito, diz a lei), que nos termos legais, esta vinculada ao cumprimento da obrigação.

O sujeito activo da relação jurídica fiscal

Em relação a sujeitos activos da relação jurídica fiscal importa distinguir:

Poder tributário: poder conferido constitucionalmente para a criação, incidência, instituição,


estabelecimento do imposto e a definição do seu regime;

Competência tributaria: a administração ou gestão de imposto e que se traduz no lançamento,


liquidação e cobrança dividindo se esta competência entre a administração fiscal e os
particulares (contribuintes ou terceiros).

Capacidade tributária activa: qualidade do sujeito activo da relação de crédito em que a


relação jurídica fiscal se consubstancia. Ѐ a titularidade de crédito de imposto e outros
direitos tributários e é inerente a personalidade tributária activa ou susceptibilidade de ser
sujeito activo da relação jurídica fiscal e é imposto;
Titularidade de receita de imposto: verifica se nos casos em que as receitas provenientes de
certos impostos estão consignadas a determinadas entidades que não tenham todas ou
algumas das titularidades fiscais activas.

Sujeito passivo da relação jurídica fiscal

A doutrina costuma distinguir as seguintes: contribuintes, devedor de imposto e sujeito


passivo da relação jurídica fiscal.

Contribuinte é a pessoa em relação em qual se verifica o facto tributário, o pressuposto de


facto ou facto gerador do imposto, isto é, o titular da manifestação na capacidade contributiva
que a lei visa atingir e que por esse efeito ira suportar d desfalque patrimonial que o imposto
provoca.

Devedor de imposto é o sujeito passivo que deve satisfazer perante o credor fiscal a
obrigação de imposto.

Sujeito passivo é toda e qualquer pessoa, singular ou colectiva, a quem a lei imponha o dever
de efectuar uma prestação tributária, quer seja a prestação de imposto, quer seja nas
obrigações acessórias.

Quando a abstracção, não há duvida de que a relação jurídica e um conceito geral e abstracto.
Mas isso e próprio de qualquer ciência, por mais concreta que se queira faze̵ lá, porque e pelo
pensamento, necessariamente abstracta, que o homem aprende a realidade, sendo, portanto,
abstracta a própria ideia de homem concreto.

Entretanto, algumas relações são reguladas pelo direito e outras não, o que cada vez menor, e
bom que ainda haja relações interpessoais imane a autoridade do Estado, não havendo
nenhuma concretização da maldade nesses conceitos, mas dependência em relação a natureza
do pensamento humano.

Teoria da relação jurídica

A relação jurídica e a relação entre pessoas tuteladas pelo ordenamento jurídico (BEM, 2004,
pag.17). Nessa perspectiva, e importante ressaltar que dois requisitos são essências para que
se perceba a tutela pelo direito, sendo um de ordem material a ligação intersubjectiva, e outro
de certeza formal, a hipótese normativa ou laco entre as partes, necessariamente previsto por
normas. As relações do direito privado são classificadas em quatro categorias:

Familiares;

Sucessórias;

Obrigacionais e

Essas, que representam uma semelhança em relação aos elementos externos que nelas estão
inseridos: sujeitos, objectos, factos jurídicos e garantias. Assim, toda a relação jurídica
corresponde a uma acção com intenção de assegurar a protecção de Estado aos litigantes,
como meio processual.

Sujeito de direito é aquele que participa na relação jurídica como sujeito activo, o titular do
direito ou passivo, o titular do dever. O objecto da relação é o bem, ou a prestação em que
incide o poder jurídico, com a intenção de favorecer sujeito activo.

O facto jurídico é todo e qualquer acontecimento gera uma relação jurídica contribuindo com
criação, modificação ou extinção de direitos.

Para DINIZ (2002), o facto jurídico é um acontecimento previsto em que a norma do direito,
em razão do qual nascem, se modifica, suscitem ou se extinguem as relações jurídicas.

Teoria dos fatos jurídicos

Todo direito nasce do facto, isso é, o facto pode ter consequências jurídicas justamente por
ter sido previsto pelo direito. Tais factos com consequências jurídicas dividem-se em factos
jurídicos em sentido estrito e em actos jurídicos.

Os factos jurídicos em sentido estrito representam todos os fenómenos actuantes sobre o


mundo exterior que, não obstante gerem efeitos jurídicos, não são frutos da vontade humana.
Segundo AMARRO (1999), o facto jurídico é ”o facto ou complexo de factos sobre o qual
incidiu a regra jurídica.”

Os actos jurídicos são os acontecimentos que geram efeitos legais e que são fruto da
consciência e da vontade humana, subdividindo-se em actos lícitos-conforme o direito-e actos
ilícitos em contraposição ao direito.

Aqui serão abordados, apenas, os factos jurídicos decorrentes da consciência e da vontade


humanas, tanto na modalidade lícita como na modalidade ilícita, uma vez que, como afirma
FALCÃO (1959), todos os factos que não produzem, pela norma, efeitos jurídicos serão
irrelevantes para o direito.

Nessa perspectiva, conceitua-se facto jurídico, em sentido lato, todo acontecimento natural ou
humano, susceptível de produzir efeitos jurídicos.

Entretanto, usualmente, essa expressão tem sido utilizada em sentido estrito, como facto
independente da vontade humana que suscita efeitos jurídicos.

Os factos jurídicos, em sentido estrito ou factos naturais independem da vontade humana,


mas apenas da natureza humana, e podem ser classificados como factos, trazem em si uma
posição jurídica, produzindo efeitos como a aquisição e a extinção de direitos, como é o caso
do nascimento e da morte que são os termos iniciais e finais da personalidade.
O acto jurídico em sentido amplo, ou acto humano, é um acontecimento que depende da
vontade humana. Estando essa vontade de acordo com o direito, a moral e os bons costumes,
tem-se um facto lícito e tem defeitos esperados pelo agente humano.

A vontade é o elemento principal do negócio jurídico, portanto, ela determina a criação, a


modificação ou a extinção da expressão do ser humano.

Para RODRIGUES (1966) define a vontade como, o substrato do negócio jurídico.

A finalidade do negócio jurídico é a satisfação da vontade de criar, conversar, modificar ou


extinguir direitos. Sem essa interacção, caracteriza-se, apenas, um acto jurídico, conforme a
compreensão de GONSALVES (2003) assim expressa: a existência do negócio jurídico
depende da manifestação da vontade, com a finalidade negocial.

Para que um facto jurídico seja considerado valido, são necessários alguns elementos
determinados em lei, independente da vontade dos sujeitos de direito.

Para Amaral (1998), esses elementos são as entidades que compõem a estrutura do negócio
jurídico. Assim, são elementos primários indispensáveis para que um negócio jurídico seja
considerado valido: agente capaz, objecto lícito, possível determinado ou indeterminável e
forma prescrita ou não defesa da lei.

Interpretar o acto é determinar o sentido que ele deve ter, procurando-se compreender o
conteúdo de suas normas e as manifestações das vontades das pessoas. Inexiste negócio ou
acto jurídico sem a vontade, pressuposto, aliás, elementar, ainda que seja produzida por meio
da linguagem do silêncio.

No negócio jurídico ou acto jurídico benéfico se sobrepõem a natureza da benevolência, da


generosidade, da liberdade, que traduz a disposição do agente em ofertar um direito ou um
benefício em favor de outrem, sem contrapartida. Nesse negócio, quer o agente conferir,
voluntariamente, a outrem, uma vantagem friável juridicamente por quem passa a tê-la, na
condição de titular de um direito, nascido em face a dádiva.

Relação jurídica fiscal e obrigação fiscal

O conceito da relação jurídica fiscal, foi importada de direito privada.

Código Civil

Secção I, personalidade e capacidade jurídica

Artigo 66, Começo da Personalidade


Personalidade adquire- se no momento de nascimento completo e com vida.

Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.

Artigo 67, capacidade jurídica

As pessoas podem ser sujeitas de quaisquer relações jurídicas, salvo disposição legal, em
contrário, nisto consiste a sua capacidade jurídica.

Artigo, 68 termos da personalidade

A personalidade cessa com a morte.

Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma ou outra pessoa, pressupõe-
se, em caso de dúvida que uma e outra faleceram ao mesmo tempo.

Tem se por falecida a pessoa, cujo cadáver não foi encontrado ou reconhecido, quando
desaparecimento se tiver dado, em circunstanciais que não permitam duvidar da morte dela.

Artigo 69, Renuncia a capacidade jurídica

Ninguém pode renunciar, no todo ou em parte a sua capacidade jurídica.

Das relações jurídicas

Ana Prata, (2009,), define a relação jurídica, num sentido restrito, como a relação inter
privada que o direito regula através da atribuição a um sujeito de um direito privado e a
imposição de outro de um dever ou sujeição. Por seu lado a obrigação fiscal, respeita somente
aquela que e a principal obrigação do sujeito passivo na relação jurídica fiscal, ou seja, a
obrigação e pagar o imposto.

Objecto da relação jurídica fiscal

Segundo Waty (2007, pag.137), o objecto da relação jurídico fiscal é a prestação a que o
devedor de imposta esta a distrito para com o sujeito activo.
A prestação é, em regra precedida de uma actividade para a sua concretização lançamento e
determinada pela aplicação de ma taxa a matéria colectável, liquidação.

O facto jurídico é a constituição da obrigação fiscal. Sendo a concorrência de elementos,


obtenção de rendimentos ou aquisição de bens, que hipoteticamente previstos na lei como
credores de relações jurídicas fiscais fazem nascer a obrigação de imposto.

Obrigação Tributaria

A obrigação pode ser entendida de duas formas, a primeira pela relação jurídica entre credor
(sujeito activo), e o devedor (sujeito passivo), tendo o primeiro o direito ao recebimento de
determinada prestação.

A obrigação tributária de uma relação jurídica estabelecida entre as pessoas jurídicas de


direito público, competentes para instituir sobre tributos, e as pessoas, físicas ou jurídicas,
que praticam o facto previsto a lei, ou seja, e um dever de fazer um contribuinte prestar
determinada prestação.

Ainda pode ser conceituada a obrigação como, a relação entre pessoas que pode ser gerada
em razão da vontade o em razão da lei.

A obrigação tributaria, decorre da lei, sendo por tanto, exemplos legais, não necessitando da
vontade do agente.

O nascimento da obrigação não depende de nenhuma manifestação de vontade das partes, que
passam a ocupar os polos passivos e activos do vínculo jurídico.

Basta a ocorrência de facto previamente descrito na lei para que surja a obrigação. Sendo
assim ocorrido o facto gerador nasce a relação tributária compreendida entre o dever de
alguém (sujeito passivo), e o direito do Estado sujeito passivo.

Obrigação tributária
Obrigação tributária é toda a obrigação que surge quando se consuma um facto impossível
previsto na legislação tributaria. Ѐ considerado como um vínculo que une o credor (activo) e
o devedor (passivo), para o pagamento de uma divida. Também pode ser considerada como
obrigação tributaria a própria prestação que o devedor tem que cumprir, sendo assim,
ocorrido o facto gerador, sempre decorrente de lei, e assim nasce a obrigação tributaria.

Formação da obrigação tributaria

A imposição de pagar o tributo surge do vinculo que se estabelece entre o particular sujeito
passivo contribuinte, quando há ocorrência de um facto gerador, a situação prevista em lei,
que faz com que surja o vinculo, entre o particular e o Estado ( a obrigação tributaria).

O particular fica determinado a pagar uma prestação de fundo particular prevista na


legislação.

A prestação pode servir para pagar tributo, ou penalidade dependendo de como e definido
pela lei praticado pelo particular.

O contribuinte, pode ainda ser Estado a fazer coisas no interesse do fisco, ou deixar de
praticar algum acto de acordo com a lei.

Descumprimento da obrigação

Caso contribuinte não cumpra a obrigação tributaria espontaneamente, poderá ser objecto de
lançamento de oficio de crédito inadinplido, sendo que o processo de determinação e
exigências de créditos tributários da união.

Tipos de obrigações tributárias

As obrigações tributárias são dois, que são:

Obrigação tributária principal, é a obrigação de pagar o tributo devido (pecuniária).


Obrigação tributária acessória, consiste em acção ou missão que facilita a acção do fisco,
como por exemplo a obrigação de emitir nota fiscal, e a de não rasurar os livros fiscais da
empresa.

São chamadas também de prestações negativas ou positivas.

A obrigação principal e acessória, são autónomas, por tanto, diante de uma unidade esta só
atingira a principal, diferentemente de direito civil não desobrigando o seu cumprimento.

O objecto da obrigação, deve ser determinado ou, ao menos, determinável indeterminado


relativamente ou susceptível de determinação no momento da execução. Admite-se, pois a
venda da coisa incerta, indicada ao menos pelo género e pela quantidade, que será
determinada pela escolha, bem como a venda alternativa, cuja indeterminação cessa com a
concentração.

O objecto da obrigação deve ser economicamente apreciável. Obrigações jurídicas, mas sem
conteúdo patrimonial, como dever de fidelidade reciproca entre os conjugue e outros meios
do direito ou família, são excluídas do direito das obrigações.

Elementos da Obrigação Tributaria

Constitui se por quatro elementos:

Lei: acto que cria ou institui o tributo, determina aumento de alíquotas, outorga isenções,
vedações, não incidência, define o fato gerador e tudo mais que for desta obrigação e
estrutura- se pela hipótese, o mandamento e a sanção.

Fato gerador: elemento nuclear da obrigação tributaria ou sua própria natureza jurídica, sem o
qual não há que se falar em obrigação;

Sujeito activo: é lado credor da obrigação fiscal, Sujeito passivo: e o lado devedor da relação
obrigacional tributário contribuinte;

Objecto: e o valor devido que pode ser definido como principal ou acessório

Momentos da constituição da obrigação de imposto


Esta obrigação de imposto, como as demais, resulta de: um facto, uma realidade, um acto que
se subsume integral e precisamente a hipótese de uma norma. Contudo, o que se pretende
analisar e o momento em que a obrigação fiscal se constitui, quando o rendimento e
percebido pelo sujeito passivo ou pelo contrario, no final do ano fiscal.

Para WATY (1997), os momentos da constituição da obrigação de imposto são os seguintes:

Constituição do crédito tributário

Nesta primeira fase, primeiramente deve ocorrer a constituição de crédito tributário que pode
ser lançado em três formas, que são:

Por declaração: quando o ocorre devido a entrega de uma declaração a autoridade


administrativa competente;

De ofício: este e feito por iniciativa de autoridade administrativo, competente independente


da colaboração do devedor;

Por homologação: também conhecimento como auto lançamento. Esse tipo de lançamento
tributário e efectuado em relação aos tribos cuja, a legislação atribui ao devedor de antecipar
o pagamento dos mesmos sem previa exame de autoridade administrativa competente.

Extinção da obrigação fiscal

A forma normal de extinção de obrigação fiscal é o comprimento ou pagamento, que


constitui a execução da prestação do imposto. Assim, importa referir que na extinção do
imposto pelo pagamento há necessidade de determinar por quem deve e pode ser feito autor
do pagamento; a quem deve ser feito refere se ao destinatário; o que deve pagar se refere se
ao objecto; como deve pagar se refere se a forma; onde deve pagar se refere se ao lugar; e
quando deve pagar se refere ao tempo.

Desta feita o comprimento da se com pagamento pontual do imposto pelo sujeito passivo. No
pagamento, pode se apontar o voluntário e o coercivo. O voluntário pode ser feito a boca do
cofre, que se efectua durante um certo prazo de vencimento, fixado para cada imposto (em
regra um mês); ou antes do relaxe ou com juros de mora, realizado após este período e
durante os prazos que precedem o relaxe.
Por outro lado, o imposto pode ser realizado a pronto pagamento ou em prestações. (WATY
2004). Para além do pagamento que é a forma ou norma de extinção de obrigação fiscal, a
outras formas dignas, de menção pelas quais esta pode se distinguir.

Formas de extinção de obrigação tributária

Doação em comprimento, a lei pode pode admitir que no lugar da prestação pecuniária seja
entregue a outra de valor idêntico.

Prescrição, conta se do início do ano seguinte aquele em que tiver ocorrido o fato tributário
ou a partir da actuação do processo executivo. No entanto, a reclamação, a impugnação, o
recurso e a execução interrompe a prescrição.

Compreensão, ocorre quando o contribuinte compensa com crédito representando um título


que tiver constituído noutra obrigação do mesmo imposto.

Confusão, quando o sujeito activo em simultaneamente o sujeito passivo do imposto ou


quando o estado é chamado para suceder para um contribuinte.

Anulação do imposto, só quando a lei prevê e é feita através de um titulo de anulação


(WARY 2004). Se o contribuinte não efectuar o pagamento do imposto dentro do prazo
legalmente prescrito, pratica um acto ilícito, colocando se em situação de não comprimento.

Este facto resulta em algumas consequências desfavoráveis ao devedor, cuja gravidade e


onerosidade se acentua a medida que prolonga o tempo. Desta feita pode se apontar o
acréscimo dos juros de mora, se o imposto não for pago dentro do prazo legalmente
estabelecido, começa se a dever juros de mora.

Relaxe é uma operação preliminar da cobrança coerciva através do processo executivo.


Cobrança coerciva, quando o pagamento não se efectua dentro do prazo, instaura se um
procedimento executivo com base na certidão de relaxe.

Conclusão
Neste presente trabalho podemos concluir que , a relação jurídica pode ser conceituada no
plano objectivo ou subjectivo.

A relação jurídica e composta de um núcleo constituído pelo contribuinte e pelos terceiros


que, de algum modo, estão ligados aos pressupostos do facto de tributação, que podem ser
designados de obrigação ou deveres tributários acessórios.

a relação jurídica fiscal é pós , uma relação obrigacional , embora de direito publico. Nesse
trata de uma particularidade do direito fiscal que possa interpretar se como correspondendo à
aquela conhecida orientação que visa aproximar esse ramo jurídico do direito civil.

A primeira obrigação, nuclear, é a obrigação fiscal que se traduz no pagamento do imposto.


Os segundos tipos de obrigações, as obrigações acessórias – definem-se como aquelas que
auxiliam o cumprimento da obrigação central de pagamento do imposto.

Quando a abstracção, não há duvida de que a relação jurídica e um conceito geral e abstracto.
Mas isso e próprio de qualquer ciência, por mais concreta que se queira faze̵ lá, porque e pelo
pensamento, necessariamente abstracta, que o homem aprende a realidade, sendo, portanto,
abstracta a própria ideia de homem concreto.

Entretanto, algumas relações são reguladas pelo direito e outras não, o que cada vez menor, e
bom que ainda haja relações interpessoais imane a autoridade do Estado, não havendo
nenhuma concretização da maldade nesses conceitos, mas dependência em relação a natureza
do pensamento humano.

Referências bibliográficas

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Civil. Corimbo: JM, 2004. I

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