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LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

DIVISÃO DE ECONÓMIA E GESTÃO

DISCIPLINA: Sistema Fiscal Moçambicano

Ano: 3º / Semestre: 2º / Período: Laboral

Questões de Revisão – Direito Fiscal e Fiscalidade

Tete, 2021
Hermínio Juvenal Júlio Campira

Questões de Revisão – Direito Fiscal e Fiscalidade

Trabalho de Investigação
Individual, Apresentado a
Disciplina de Sistema Fiscal
Moçambicano, 3º ano, 2º
Semestre, Período Laboral,
leccionado no Instituto Superior
Politécnico de Tete no âmbito do
Cumprimento do Requisito de
Obtenção de Notas de Avaliação
e Assimilação do conteúdo, sob
Orientação das Instruções do
docente.

Docente: Dr. Francisco Guidione

Tete, 2021
1. Diga o que entende por “facto gerador do imposto”?

A relação jurídica tributaria constitui-se quando se verifica o pressuposto na Lei, pela


prática de um determinado facto gerador, no Artigo 40° da Lei 2/2006, de 22 de
Março. O facto gerador da relação jurídica tributária é o rendimento adquirido pelo
sujeito passivo ou contribuinte no final do exercício da actividade económica, segundo a
(Docente Deolinda Isabel Chemane).

2. Distinga a extinção da obrigação de imposto por caducidade da extinção por


prescrição, referindo ainda outras formas de extinção da obrigação de imposto que
conheça.

A prescrição e a caducidade também traduzem -se na extinção de direito pelo seu não
exercício durante determinado prazo. Em sentido lato, o que distingue esta duas formas
de extinção da obrigação do imposto é o prazo da mesma, considera se extinção por
caducidade quando decorre 5 anos previsto na Lei 2/2007 de 22 de Março, no Artigo
86°. Enquanto a extinção por prescrição ocorre quando expira o período de tempo
previsto exigir o pagamento do imposto que é de 10 anos na Lei 2/2007 de 22 de
Março, no Artigo 48°.

A caducidade, cujo prazo é de 5 anos, aplica-se ao direito de liquidar os impostos e a


prescrição, aplica-se ao direito de impostos previamente liquidados.

3. Comente a afirmação: “ Um facto isento de imposto é, simultaneamente,


excluído da tributação”.

Afirmação esta correcta, visto que a isenção não representa nenhum momento de
obrigação do imposto, pois é considerado um benefício fiscal concedido a facto na
incidência imposto ou mesmo uma pessoa, destinada a paralisar a obrigação do
imposto que o constitui.

4. Qual o significado da expressão: “o imposto distingue-se das prestações


delineadas de acordo com a vontade das partes”.

É da competência da Assembleia da República com a autorização o governo, legislar


sobre a criação do imposto e dos seus elementos essenciais como (taxa, incidência,
isenção, sujeitos, e outros).

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Portanto, nem devedor ou sujeito passivo e nem o credor do imposto (Governo), podem
dispor desta relação, isto, é, o imposto não resulta de um vínculo contratual, logo não
está delineada consoante a vontade das partes, pois é a lei que decide de tudo a cerca da
matéria a ser colectada.

5. A contribuição para o Audio-visual (antiga taxa de radiodifusão), paga por


todos os consumidores de energia eléctrica conjuntamente com a factura deste
consumo, é um imposto ou é uma taxa? Porquê?

A contribuição para o Audio-visual é uma taxa por que ela apresenta uma
contraprestação de um serviço prestado e são as autarquias locais que concessionam a
sua aplicação. Ainda sobre a questão de ser uma taxa, a contribuição Audio-visual tem
um carácter bilateral no pagamento, ou seja, ao pagar uma taxa, o estado tem de
prestar um serviço público directamente ao sujeito passivo.

6. Distinga impostos directos de impostos indirectos à luz dos dois critérios que
caracterizam essa distinção.

Os impostos directos refere se a um imposto que são pagos directamente ao Governo ou


Administração fiscal, cobrando o seu interveniente do consumo ou firma, e que incide
por uma norma directamente sobre o rendimento apurado, ou seja, são impostos que
incidem sobre o rendimento ou recaem sobre o rendimento. Exemplo

IRPC- Imposto Sobre o Rendimento Colectivos;

IRPS- Imposto Sobre o Rendimento Singulares;

ISPC- Imposto Simplificado para os Pequenos Contribuintes.

Os impostos indirectos são aqueles que incidem sobre o consumo ou recaem sobre as
despesas realizadas pelas pessoas, este tipo de imposto incide sobre as transacções de
mercadoria e serviços, sendo a base tributária os valores de compra e venda. Exemplo

IVA- Imposto Sobre Valor Acrescentado;

ICE- Impostos Consumos Específicos;

Direitos Aduaneiros.

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7. Comente a afirmação: “à luz da Constituição da República Portuguesa, falar no
princípio da igualdade tributária, é muito mais do que a proibição de qualquer
tipo de discriminação”.

O princípio de igualdade tributária não se difere com o princípio da universalidade e


igualdade, de acordo com o artigo 35° da constituição da república, todo os cidadão são
iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e deveres, enquanto o princípio da
igualdade tributária a conduzem à ideia de justiça na repartição da carga tributária.
Esta proíbe, como refere a afirmação, a discriminação positiva ou negativa dos
particulares, mas não só: também abrange uma repartição justa dos rendimentos e da
riqueza, isto é, as pessoas devem pagar impostos conforme a sua capacidade
contributiva de uma determinada actividade executada.

8. Comente a seguinte afirmação: “Nos impostos proporcionais a taxa é fixa”.

A afirmação está correcta, de facto, os impostos proporcionais são impostos que


aumenta proporcionalmente a matéria colectável, exemplo concreto do (IVA, IRPC), ou
seja quando o valor a pagar é uma importância fixa para todos os contribuintes.

9. Quando se afirma que “ o imposto não representa uma reacção da ordem


jurídica à prática de um facto ilícito” está a distinguir-se o imposto de duas outras
receitas públicas. Quais são? Justifique.

Para ser imposto, a quantia em questão deve possuir as seguintes características:


prestação patrimonial, definitiva, unilateral, estabelecida pela lei, a favor de entidades
que exerçam funções públicas, para satisfação de fins públicos e não constitui sanção de
um acto ilícito.

Assim sendo, está provada a veracidade da primeira parte da afirmação. As outras


receitas à qual a questão se refere correspondem às multas e às coimas, sendo as
primeiras sanções pecuniárias devidas pela prática de um crime e as segundas pela
prática de uma contra-ordenação.

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10. Qual o significado da expressão: “O imposto é uma prestação estabelecida pela
lei”.

De acordo com o Artigo 3° Lei N.° 15/2002, De 2002 de Junho, o Princípio da


Legalidade Tributária, pois a criação do imposto, bem como todos os seus elementos
são definidos por lei, sendo que os seus elementos essenciais (incidência, taxa,
benefícios fiscais e garantias dos contribuintes) são, obrigatoriamente, definidos por
Lei da Assembleia da República ou Decreto-Lei do Governo autorizado por aquela.

11. Comente a seguinte afirmação: “Além da grande importância no


financiamento das despesas públicas, os impostos são também importantes na
prossecução de outras finalidades, a que a doutrina chama de finalidades extra
fiscais”

Começando por definir “finalidades extra fiscais”, estas dividem-se em três grupos: a
redistribuição de riqueza, a estabilização macroeconómica e a influência na afectação de
recursos. O primeiro grupo tem em vista a repartição justa dos rendimentos e da riqueza
e as correcções das desigualdades na distribuição da riqueza, assim, os particulares com
maior capacidade económica deverão contribuir mais do que os de menor capacidade
para o financiamento de bens públicos e para a concessão de subsídios aos de baixo ou
nenhum rendimento. Quanto à estabilização macroeconómica, os impostos contribuem
para o combate ao desemprego ou estagnação macroeconómica, para o controlo da
inflação e para o equilíbrio da balança de pagamentos.

12. O cumprimento da obrigação do imposto pode não ser exclusivamente exigido


ao sujeito passivo originário. Justifique.

Existem situações, em que apesar de não serem os sujeitos passivos originários, o


Estado vê necessidade ou acontece recorrer a outros sujeitos (sujeitos passivos não
originários). Estes podem ser responsáveis pelo sujeito originário, por exemplo no caso
de uma empresa não conseguir efectuar um pagamento de um imposto, este pode ser
exigido aos seus sócios: substitutos, quando um terceiro substitui o sujeito originário na
obrigação de pagar.

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13. O herdeiro de alguém que tem uma dívida fiscal liquidada é sujeito passivo por
força dessa dívida? Justifique.

É dito que “As obrigações tributárias originárias e subsidiárias transmitem-se, mesmo


que ainda não tenham sido liquidadas, em caso de sucessão universal por morte, sem
prejuízo do benefício do inventário”, portanto a dívida de imposto não se extingue com
a sua morte. Os herdeiros sucedem ao falecido no seu património activo e passivo, o que
significa que também respondem pelas dívidas fiscais.

14. Admita que a Assembleia Municipal de Tete aprovou uma postura municipal
concedendo uma redução de 50% da taxa normal do Imposto Municipal sobre as
Transmissões de Imóveis às empresas que se instalem no seu município.
Pronuncie-se sobre a constitucionalidade desta medida.

Cabe única e exclusivamente à Assembleia da República e ao Governo em reduzir ou


aumentar a taxa do imposto. Pode se verificar o princípio da legalidade tributária (não
há lugar a cobrança de imposto que não tenham sido estabelecido por lei), ou seja não
há redução do imposto que não obedeça ou estabelecida por lei. O imposto municipal
sobre transmissões seja um imposto em que o sujeito activo sejam as autarquias, estas
não podem decidir sobre o montante de taxas e assuntos similares.

15. Distinga os conceitos de Liquidação e de Pagamento do Imposto

A liquidação consiste com o calculo da colecta, aplicando se a matéria colectável a taxa


do imposto, ou seja, é o montante em que se apura e notifica o montante da divida do
imposto ao contribuinte. Por outro lado, o pagamento corresponde ao montante
seguinte da obrigação do imposto, nesta fase o contribuinte vai cumprir com as suas
obrigações através do pagamento do imposto. Pode se dizer que a liquidação e o
pagamento correspondem momento diferente na obrigação do imposto.

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16. Diga em que medida o Princípio da Segurança Tributária ou da Protecção de
Confiança procura garantir a conformidade da Lei perante a Constituição.

O facto do sistema fiscal moçambicano, não existir auto-tributação ou auto-


consentimento, já é um instrumento de segurança nas relações jurídicas tributarias, pois
a lei é um vinculo de certeza. Segundo o princípio da legalidade tributária no Artigo
4 da Lei 2/2002, De Março, a base política imposto e sistema fiscal são definidos por
lei, nos termos da constituição da república, ou seja, ninguém pode pagar imposto que
não forem criado nos termos da constituição da república. E o principio da
proporcionalidade que consiste em proteger o património do contribuinte.

17. Comente a seguinte afirmação: “Podem não coincidir o tempo cronológico e o


tempo para exercício do poder dever de cobrar impostos devidamente liquidados”.

De facto, o tempo para o exercício do poder - dever e o tempo cronológico poderão não
coincidir, em sentido mas amplo, a contagem desse prazo difere de imposto para
imposto, ou seja, nos impostos periódicos conta-se a partir do termo do ano em que se
verificou o facto tributário.

18. Utilizando como referência o conceito de imposto e as partes que o compõem,


defina o que são contribuições especiais dando exemplos de algumas situações em
vigor.

O imposto é uma prestação patrimonial, definitiva, unilateral, estabelecida pela lei, a


favor de entidades que exercem funções públicas, para satisfação de fins públicos e não
constitui sanção de acto ilícito. E as contribuições especiais são tributo destinado a
obter meios necessários para satisfazer certos gastos administração do governo, ou seja,
são tributo caracterizados por serem cobrados para atingir as necessidades específicas.
As contribuições especiais contem aspecto de bilateral idade e de unilateralidade.

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19. Comente a seguinte afirmação “Um caso de discussão sobre o enquadramento
que lhe cabe na classificação entre impostos directos e impostos indirectos é o
IMT” (Impostos -Teoria Geral de Américo Brás Carlos).

O IMT é considerado imposto directo, apesar de apenas respeitar o primeiro facto acima
referido, isto é, traduz-se no “ter” direitos sobre imóveis.

O que abre discussão é a segunda característica, no sentido em que não é um imposto de


carácter permanente como, por exemplo, o IRPS, mas sim de natureza transitória, dado
que só ocorre quando se adquire o direito.

O que distingue os impostos directos dos indirectos são dois factos:

 Os directos traduzem-se no “ter” e os indirectos no “fazer” e


 Os directos incidem sobre matéria colectável permanente e os indirectos sobre a
de natureza transitória.

O facto gerador da tributação em IMT é a aquisição de direitos sobre imóveis ou facto a


ela equiparada.

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