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Escola Superior de Governação

Curso de Licenciatura em Administração Pública

Direito Económico

4o Ano, Pós-Laboral

Regulação do Sistema Financeiro e Monetário Moçambicano

Discentes: Docente:

1. Armelinda Américo Maculuve Dr. António Patrício Daniel


2. Arsénio Lnaga
3. Ester Rodrigues
4. Florinda José Mhula

Maputo, Março de 2023


Índice

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 1
1.1 Objectivo ................................................................................................................................ 1
1.1.1 Objectivo Geral ................................................................................................................... 1

1.1.2 Objectivos Específicos ........................................................................................................ 1

1.2 Metodologia ........................................................................................................................... 2


2. Sistema financeiro em Moçambique ................................................................................... 3

2.1 Importância do Sistema Financeiro ................................................................................. 3


2.2 Composição do Sistema Financeiro Moçambicano ............................................................ 4

2.3 Regulação do Sistema Financeiro Moçambicano ............................................................... 5

2.3.1 1985 – 1987 Período do Sistema Financeiro de Economia Centralmente


Planificada .............................................................................................................................. 5
2.3.2 1987 – 1990 Período de Reforma do Sistema Financeiro no contexto do PRE ....... 6
2.3.3 1991 – 1998 Período de reforma do Sistema Financeiro no contexto do PRES ...... 6
2.3.4 1999 – 2005 Período de reforma do Sistema Financeiro no contexto do PARPA .. 7
3. Objectivos Específicos da Política monetária em Moçambique ............................................ 8
3.1 Agregados Monetários em Moçambique ............................................................................ 8

3.1.1 Instrumentos indirectos de Política Monetária em Moçambique ............................. 9


3.1.2 Reservas Obrigatórias .............................................................................................. 9
3.1.3 Operações de Mercado Aberto ................................................................................. 9
3.2 Expansão e Modernização do sistema financeiro ............................................................. 10

Conclusão ........................................................................................................................................... 11
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 12
INTRODUÇÃO

O presente trabalho, disserte-se sobre o Sistema Financeiro e Monetário Moçambicano desde


a sua regulação. Na verdade, o sistema financeiro passou por grandes transformações ao
longo da história do país. Factores como o abandono da economia socialista para a economia
de mercados, em 1987, e as crises bancários no período de 2000 – 2001, trouxeram a
necessidade de uma adaptação rápida de modo a evitar o colapso do sistema financeiro.

Então, o funcionamento das economias modernas requer sempre maiores investimentos e por
isso as empresas precisam maiores necessidades de capitais que as poupanças das famílias
fornecem através dos mercados financeiros.

Nos anos recentes, a importância do sistema financeiro para o desenvolvimento económico e


social vem ganhando espaço no sentido de que a ampliação do acesso aos mesmos gera
impactos positivos. Além disso, os provedores dos serviços financeiros podem enfrentar
constrangimentos para identificar onde encontrar as oportunidades de investimento que visem
a obtenção de mais-valias sem custos acrescidos na sua actividade diária.

1.1 Objectivo

1.1.1 Objectivo Geral

Marconi e Lakatos (2001:102) referem que os objectivos gerais “estão ligados a uma visão
global e abrangente do tema, relaciona-se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenómenos e
eventos, quer das ideias estudadas vincula-se directamente a própria significação da tese
proposta pelo projecto.”

Assim o trabalho tem como objectivo geral:

 Abordar de forma sintética sobre a regulação do Sistema Financeiro e Monetário


Moçambicano.

1.1.2 Objectivos Específicos

Assim o trabalho tem como objectivos específicos:

 Especificar o funcionamento do sistema financeiro;


 Analisar a composição do sistema financeiro em Moçambique;

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 Identificar o Mercado interbancário em Moçambique;
 Apresentar e analisar a bolsa de valores moçambicana.

1.2 Metodologia

Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica. Onde foi usado o método
indutivo, que é um método responsável pela generalização, isto é, partimos de algo particular
para uma questão mais ampla, mais geral.

Para Lakatos e Marconi (2007:86), Indução é um processo mental por intermédio do qual,
partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou
universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos indutivos
é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais nos
baseamos.

Foram utilizadas técnicas como, Documental aquela que […] vale-se de materiais que não
receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo
com os objetivos da pesquisa […]. Com a técnica documental poder-se-á obter informações
que poderão ser adequada para a pesquisa que se pretende realizar (Gil 2008:51).
Bibliográfica […] acrescenta que refere-se ao levantamento de toda a bibliografia já
publicada, com a finalidade de colocar o pesquisador em contacto directo com tudo aquilo
que foi escrito sobre determinado assunto […]. Esta técnica é relevante para a pesquisa pois,
por meio dela obter-se-á dados congruentes para a pesquisa através de obras já elaboradas
(Lakatos & Marconi 2009: 44).

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2. Sistema financeiro em Moçambique

O sistema financeiro é um dos pilares do desenvolvimento económico das sociedades: por um


lado, as empresas optam por determinados projectos de investimento e formas de assegurar o
respectivo financiamento e, por outro, os consumidores tomam decisões sobre a afectação do
seu rendimento disponível entre poupança e consumo. As instituições financeiras
desempenham um papel determinante ao assegurarem o funcionamento dos sistemas de
pagamentos e liquidação, permitindo ainda o desenvolvimento de uma variedade de produtos
financeiros que facilitam as transacções.

O sistema financeiro moçambicano é robusto e apresenta níveis de solidez acima da média,


considerando os indicadores de crédito malparado e o rácio de solvabilidade.

Segundo Álvaro Louveira (s/d), o crédito malparado reduziu de 3.1% em 2010 para 2,4 em
2014 e o rácio de solvabilidade transitou de 13 para 18%, situando-se nos níveis
recomendáveis internacionalmente. Moçambique registou um crescimento do sistema
financeiro, ao passar de cinco bancos em 2006, para 18 em 2013, com uma rede bancária de
45%.

“A evolução do sistema financeiro foi acompanhado por alguma robustez do próprio sistema,
se tomarmos em consideração que o crédito malparado reduziu de 3.1 em 2006 para 2.4 em
2011, bem como se tomarmos em consideração que o rácio de solvabilidade transitou de 13
por cento em 2006 para 18 por cento em 2011, o que é recomendável internacionalmente.
Tomando como base o Comité que é de 8 por cento, podemos dizer que o nosso sistema é de
facto robusto”, explicou.

O Banco de Moçambique considera que, devido à solidez do sistema financeiro, a economia


nacional teve uma certa resistência ao efeito da crise financeira internacional. Apesar dessa
robustez, o sistema financeiro ainda tem desafios por superar ao nível do financiamento
bancário à economia, bem como no que refere a monitização da economia

2.1 Importância do Sistema Financeiro

O sistema financeiro joga um papel multidimensional no processo de desenvolvimento


económico porque a interacção dos agentes económicos na actividade económica envolve
custos de informação ou de transacção resultados das imperfeições dos mercados, os quais
devem ser minimizados.

Para o efeito, é importante a existência de intermediários financeiros. A presença de


intermediários financeiros contribui para mitigar os problemas decorrentes dos custos de

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transacção e de informação, um facto que concorre para influenciar as decisões de poupança
e de investimentos, e, por via disso, o crescimento económico.

Os intermediários financeiros podem influenciar o crescimento através dos seguintes canais:

 Redução dos custos de aquisição e processamento de informação, e portanto,


melhoramento da alocação de recursos para as famílias;
 Fortalecimento do acompanhamento das operações das empresas, o que pode, por um
lado, reduzir os níveis de racionamento de crédito, e, por outro, facilitar o fluxo de
recursos dos aforradores para os investidores;
 Diversificação do risco, um facto que pode induzir os aforradores a direccionar a sua
carteira de investimentos para projectos com retornos esperados elevados;
 Mobilização de poupanças individuais com vista a aprofundar o processo de
crescimento económico, um facto que permite fazer melhor uso das economias de
escala;
 Uso da moeda como um meio mais eficaz no processo das trocas, permitindo que os
custos de transacção sejam reduzidos, promovendo dessa forma uma maior
especialização, inovação e crescimento económico (Mishkin, 2000, Bencivenga e
Smith, 1993; La Fuente e Marin, 1996, Devereux e Smith, 1994; e Obstfeld, 1994).

2.2 Composição do Sistema Financeiro Moçambicano

Assim como bastante concentrado, a maior instituição possui 40% dos activos totais da banca
e os 90% dos activos e passivos da banca é possuído por apenas seis instituições
nomeadamente: ABC, BA, BCI Fomento, Millennium BIM, BIM e Standard Bank.

Os bancos em Moçambique, são considerados rentáveis e bem capitalizados, no entanto estão


muito vulneráveis face ao risco de crédito no país. Os indicadores de rentabilidade escolhidos
para avaliar a performance do sector são os lucros líquidos, ROAA e OAE. O lucro líquido
demonstra o retorno positivo de um investimento feito pela empresa, após a dedução da
despesas operacionais e não operacionais.

O ROAA (RAA) é um indicador financeiro que mostra, em percentagem, como os activos


lucrativos da empresa estão a gerar receitas e mostra como a empresa é rentável antes da
alavancagem financeira.

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É muito usado para comprar o desempenho das instituições financeiras (como os bancos),
porque a maioria dos activos bancários terá um valor contabilístico que esta perto dos seus
valores de mercado.

O ROAE (ROE) é um indicador, também financeiro, percentual que se refere a capacidade de


uma empresa agregar valor a ela mesma utilizando os seus próprios recursos, ou seja, o
quanto esta consegue crescer usando os seus recursos próprios. Por esta razão este é visto
como um dos mais dos importantes rácios financeiros.

2.3 Regulação do Sistema Financeiro Moçambicano

Estes desenvolvimentos de produtos, serviços e mercados têm sido acompanhados, ao longo


do tempo, pela Regulação e pela Supervisão.

A existência de um vasto sistema de controlos justifica-se pelo papel essencial que a


acumulação de capital e a alocação de recursos financeiros assumem no processo de
desenvolvimento económico e pelas particularidades da actividade de intermediação
financeira e dos operadores que a exercem.

De facto, a regulação do sistema financeiro poderá ser encarada como um caso


particularmente importante de controlo público sobre a economia, em que a intervenção do
Estado é justificada através de argumentos relacionados com a necessidade de corrigir
imperfeições e falhas do mercado, em busca de uma distribuição “justa” e eficiente de
recursos.

Um objectivo fundamental é a prevenção do risco sistemático, ou seja, do risco de ocorrência


de um evento não antecipado, imprevisto, repentino, que afecte o sistema financeiro de tal
forma que acarrete repercussões significativas na economia real. É o caso da falência de
operadores importantes no sistema financeiro, um choque político, falhas de natureza
tecnológica nos sistemas de pagamentos ou ainda a imposição de controlos em importantes
centros financeiros.

Conforme o historial descrito acima o sistema financeiro moçambicano entrou num processo
de reformas. Segundo Abreu (2005) o sistema financeiro observou a seguinte cronologia:

2.3.1 1985 – 1987 Período do Sistema Financeiro de Economia Centralmente


Planificada
 Banco Central e Emissor com funções de principal banco comercial do país;

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 Banca integrada e monopólios do Estado sobre a actividade e as instituições de
intermediação financeira doméstica e com o exterior;
 Limitada ou inexistente diversificação de instituições e de produtos financeiros;
 Subordinação da intermediação financeira ao Plano Estatal Central de cada ano;
 Taxas de juro e de câmbio, preços e comissões, fixos, determinados pelas autoridades
governamentais – repressão financeira.

2.3.2 1987 – 1990 Período de Reforma do Sistema Financeiro no contexto do PRE


 Ajustamento das taxas de câmbio;
 Ajustamento das taxas de juro;
 Controlo quantitativo e selectivo do crédito;
 Criação do Mercado Secundário de Câmbios (MSC);
 Estabelecimento do quadro normativo do exercício da actividade de intermediação
financeira.

2.3.3 1991 – 1998 Período de reforma do Sistema Financeiro no contexto do PRES

No contexto da Reforma jurídico-legal, a regulação observou os seguintes aspectos:

 Lei 28/91 – regula a constituição e o funcionamento das IC’s – licenciamento e


encerramento decididos pelo Governo (abertura do sector à iniciativa privada,
nacional e estrangeira);
 Lei 1/92 – define a natureza, os objectivos e as funções do BM como banco
(exclusivamente) central do país;
 Lei 3/96 – Lei cambial, define regras sobre operações cambiais e o comércio de
câmbios, reforçando o papel do BM como Autoridade Cambial.

No contexto da Reforma de instrumentos de política, a regulação observou os seguintes


aspectos:

 1 de Abril de 1992 – unificação entre as taxas de câmbio do mercado oficial e do


MSC, liberalização das taxas de câmbio;

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 Aviso 6/GGBM/93 – determina taxas de juro máximas e mínimas fixadas
administrativamente;
 Aviso 9/GGBM/94 – liberaliza as taxas de juro activas e passivas;
 Aviso 4/GGBM/96 – formaliza o Mercado Cambial Interbancário (MCI);
 Aviso 12/GGBM/97 – cria o Mercado Monetário Interbancário (MMI);
 Controlo quantitativo do crédito através de limites de Activos Internos Líquidos
(AIL).

2.3.4 1999 – 2005 Período de reforma do Sistema Financeiro no contexto do


PARPA
 Lei 15/99 – Regula o estabelecimento e o exercício da actividade das instituições de
crédito e das sociedades financeiras – preconiza a constituição do fundo de garantia
de reembolso de depósitos;
 Lei 09/2004 – revê algumas das disposições da Lei 15/99, nomeadamente dando
poderes ao BM para licenciar e mandar fechar IC’s e SF’s e permitindo a criação de
novos tipos de instituições financeiras;
 Decreto 56/2004 – regula o funcionamento das instituições microfinanceiras e da
actividade de microfinanças;

É neste contexto que conforme o Gráfico 3 acima, verifica-se entrada de cada vez instituições
de IC´s e SF’s no mercado financeiro moçambicano.

 2000 – controlo da oferta monetária deixa de ser exercido através de limites


quantitativos e passa a ser feito por via das operações de MMI;
 2005 – introduz-se o sistema multilateral de determinação das taxas de câmbio do
MCI e de leilões de divisas;
 2005 – controlo da oferta monetária passa a ser feito através da combinação entre
operações do MMI e as do MCI.

Desde 2005 até ao ano 2008, continua a consolidação do Sistema financeiro nacional, quer
por via de entrada de novas instituições no mercado financeiro, quer pela introdução e
modernização dos instrumentos de política monetária (indirectos) e ainda, a partir de 2007 o
Governo apela as IC’s e SF’s a extensão dos seus serviços às Zonas Rurais, e o BM como
forma de incentivo abre balcões 5 novos balcões nas províncias (Passando a de 3 para 8 o

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número de balcões) para além de em Maio de 2007 – aprovação do Aviso nº10/2007 (que
prevê incentivos para abertura de agências bancárias nas zonas rurais).

3. Objectivos Específicos da Política monetária em Moçambique

Em paralelo ao sistema financeiro encontra-se o monetário cujo objectivo principal em


Moçambique é a inflação, isto é, manter a inflação em níveis baixos e estáveis. Segundo
Navalha e Esmeralda (BM, 2010) as principais razões para que a inflação seja considerado
um objectivo primordial na condução da política monetária, são os seguintes:

 Atracção de novos investimentos;


 Melhoria do ambiente de negócios;
 Eficiência na afectação de recursos;
 Melhoria na distribuição do rendimento;
 Incentivo à poupança;
 Manutenção do poder de compra dos Cidadãos. Importante no processo de combate à
pobreza no país.

É de notar que embora, por natureza a estabilidade da moeda, está intrínseco nos objectivos
do BM, a partir de 2002 (medido pela comparação com os relatórios anuais dos anos
anteriores) é que o BM passa a colocar nas suas metas anuais o nível de inflação
desejado/planeado. Nessa altura já havia sido criado o Mercado Monetário Interbancário
(MMI), e portanto já tinha em sua disposição instrumentos para prática de operações de
mercado aberto e que poderiam permitir o alcance do objectivo almejado.

3.1 Agregados Monetários em Moçambique

Antes de se debruçar sobre a evolução dos instrumentos indirectos e sua contribuição na


condução da política monetária, abaixo faz-se a descrição dos principais agregados
monetários vigentes em Moçambique. É importante salientar que de acordo com a teoria
económica a política monetária é feita por manipulação da massa monetária (M), no entanto
cada economia determina a sua composição, sendo unânime a inclusão de notas e moedas em
circulação no agregado mais líquido (M1).

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3.1.1 Instrumentos indirectos de Política Monetária em Moçambique

A Política Monetária do BM, parte de uma programação Monetária que é desenhada tendo
em conta os objectivos finais da política económica do Governo e pressupõe uma
predeterminação do nível da BaM. Portanto para alcance desses pré-objectivos e objectivos o
BM serve-se de instrumentos.

Conforme foi enunciado no enquadramento teórico, os instrumentos de política monetária


indirectos se subdividem em RO´s, Mercados abertos e Redesconto. A transição para prática
de operações de mercado aberto é por incumbência do aviso 12/GGBM/97 onde é criado o
Mercado Monetário Interbancário (MMI).

O MMI foi criado, tendo em vista um instrumento de gestão de liquidez do sistema bancário
pelo Banco Central e, por outro, visa agilizar a permuta de liquidez entre as instituições de
crédito (BM relatório, 1997). É neste contexto que será analisado, como ao longo dos anos
esses instrumentos foram contribuindo na Gestão da Política Monetária do BM.

3.1.2 Reservas Obrigatórias

As RO’s são conforme definição uma taxa incidente sobre um total de passivos dos bancos
comerciais e que devem ser detidos em forma liquida e em meticais no BM.

Entraram em vigor em Moçambique pela Ordem de Serviço 19/90 de 8 De Dezembro de


1990 onde é fixado o coeficiente em 18%, a incidir sobre os depósitos a ordem, com pré-
aviso e a prazo, em moeda nacional, excluindo os depósitos do Estado. O montante dos
depósitos obrigatórios passou a ser mantido numa conta bloqueada junto do BM.

Em 1997 houve redução do coeficiente, passando a 12% (até final do ano) e posterior
introdução de um regime de constituição em base média, alternativa ao de conta bloqueada.
Importa salientar que em Moçambique as RO´s não são e em nenhum momento foram
remuneradas e que o seu valor não altera somente em função do coeficiente mas também da
base de incidência, isto é, o BM pode não só alterar o coeficiente como também os passivos
sobre o qual essas taxas recaem.

3.1.3 Operações de Mercado Aberto

A política de mercado aberto em Moçambique é feita no MMI, que é um segmento do


mercado monetário do Metical, no qual as instituições autorizadas permutam fundos

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representados por saldos das suas contas de depósito à ordem no Banco de Moçambique ou
valores mobiliários desmaterializados inscritos em contas-título no mesmo Banco, visando
equilibrar os excedentes e necessidades de moeda primária entre as instituições monetárias.
Neste mercado o Banco de Moçambique pode também intervir, absorvendo ou cedendo
liquidez, sendo estas operações sempre realizadas através da compra, venda ou emissão de
títulos (BM, Aviso nº 12/GGBM/97). De um modo geral, pode-se considerar este como sendo
o “palco” da evolução dos instrumentos indirectos, uma vez ser um dos instrumentos
preferências do BM, sendo que é nele onde no período em análise foram verificados maiores
mutações, no campo dos instrumentos introduzidos e inclusive em termos de utilização.

Inicialmente, com a introdução do MMI foram transaccionados Bilhetes de Tesouro (BT´s),


Títulos de autoridade Monetária (TAM´s) e permuta de liquidez entre as Instituições de
Crédito (Permutas), embora com o papel de instrumento de política monetária somente os
dois primeiros. A posterior, conforme pode ser visto do quadro abaixo, foram introduzidos
novos instrumentos e melhorados outros, no âmbito da modernização do MMI e consequente
melhoramento da própria gestão da Política Monetária.

3.2 Expansão e Modernização do sistema financeiro

A evolução dos instrumentos indirectos levou à modernização do próprio sistema financeiro,


criando condições para um maior número de instituições financeiras actuarem no mercado
financeiro moçambicano. Repare-se que com o início das reformas, e no caso em apreço
introdução e modernização dos instrumentos de actuação do BM, foi-se criando um ambiente
favorável à operação de novas instituições de crédito e sociedades financeiras, em sua
maioria de capitais estrangeiros. Estas novas entradas também vem contribuir para aquilo que
seria o aperfeiçoamento desses mesmos instrumentos transaccionados, emprestando ao
mercado financeiro moçambicano aquilo que era a sua experiência nos mercados financeiros
estrangeiros onde actuam. Portanto a evolução da forma como BM passa a actuar, pautando
por mecanismos indirectos, é em si um factor que contribuiu para expansão do sistema
financeiro, isto é da rede bancária.

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Conclusão

Conforme apresentado ao longo da pesquisa pôde-se constatar que numa primeira fase, pôs
independência Moçambique optou por um regime económico socialista que ditava que o
Banco Central actuasse no mercado financeiro de forma directa. Forma de actuar que trazia
ineficiência na forma como os recursos se redistribuíam entre os aforadores e investidores,
principalmente na componente crédito, taxas de juro e de câmbio que era decidido
centralmente. Viu-se igualmente que de alguma forma a adopção de controlos directos foi
devido a inexistência na altura de condições adequadas à institucionalização dos métodos de
controlo indirecto, visto que este segundo é bastante oneroso do ponto de vista de capital
humano e financeiro.

No entanto por imposição da nova orientação económica, que passa a ser capitalista o Banco
de Moçambique entra num processo de reformas, em que o PRES é apontado como o marco,
e torna-se autónomo. Deixa de acumular a função comercial, contribuindo positivamente para
o desenvolvimento e expansão do sistema financeiro, em primeira instância por permitir a
entrada de novos Bancos Comerciais e a concorrência entre eles como resultado da sua
desintegração da função comercial.

Do ponto de vista de fazedor de política monetária, procede com a liberalização das taxas de
juro e de câmbio e prima pela utilização de instrumentos indirectos, culminando com a
criação do Mercado Cambial Interbancário e o Mercado Monetário Interbancário e
promovendo a eficiência nos mercados financeiros.

Por sua vez é no MMI, onde são efectuadas operações de mercado aberto, que passam a ser
as privilegiadas no leque dos instrumentos ao dispor do Banco de Moçambique, e são
introduzidos diferentes instrumentos de política monetária, com destaque para os BT e as
facilidades permanentes, que com a modernização e aperfeiçoamento da sua utilização, vem
dar um contributo significativo na condução da política monetária e consequente alcance dos
objectivos pré-estabelecidos com ênfase na inflação.

Em virtude disso, e das análises feitas ao longo da pesquisa, entre a evolução dos
instrumentos indirectos de política monetárias, e o nível de alcance das metas
preestabelecidas da própria programação monetária, e consequente objectivos finais, pode-se
concluir que esses instrumentos indirectos transaccionados têm contribuído positivamente na
gestão da política monetária do Banco de Moçambique.

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REFERÊNCIAS

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objecto, autonomia e distinções, 1ª edição: revista jurídica do urbanismo e do ambiente.

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