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RESUMO ANALÍTICO

DISCENTES
Assane Assane; Hermenigildo Francisco Macalane; Maneca Beca; Masoka Numbe; Natália
Victor1

DOCENTES
Neivaldo Murrube & Ribeiro Vasco Ribeiro

Título da obra: Agenda Nacional de Pesquisa em Saúde 2017-20212(MISAU, 2017)


Bibliografia: MISAU. (2017). Agenda Nacional de Pesquisa em Saúde 2017-2021. VERSÃO
1.0.

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICAÇÃO
O Governo da República de Moçambique reconhece a importância da pesquisa em saúde
como mecanismo de busca de evidência para uma melhor planificação e tomada de decisão no
Sector da Saúde. Novos problemas de saúde poderão emergir ou reemergir com o passar dos
anos.
A pesquisa tem um papel importante na solução dos problemas de saúde das populações
para gerar conhecimento para compreender melhor os problemas da população e daí propor
estratégias e soluções, torna-se uma componente indispensável para a promoção da saúde.
A realização de investigações baseadas em prioridades traz benefícios para a saúde da
sociedade e para o desenvolvimento de novas políticas, a melhoria dos sistemas de saúde e
dos indicadores sanitários, a priorização da pesquisa em saúde é uma etapa chave necessária
no fortalecimento dos Sistemas Nacionais de Pesquisa em Saúde.
O desenvolvimento de uma Agenda Nacional de Pesquisa em Saúde (ANAPES) surge
como uma estratégia crucial para a resolução da diferença entre a despesa mundial para

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Graduandos do curso de Farmácia, I-semestre do 3º ano na Faculdade de Ciências de Saúde da UniLúrio,
(Nampula-Moçambique);
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Tema referente ao resumo analítico na cadeira de Saúde da Comunidade V, Agosto de 2022;
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pesquisa e desenvolvimento em saúde e os problemas que afetam a maioria da população
mundial.
Neste contexto surge a necessidade de se elaborar uma ANAPES para Moçambique, que
inclui as prioridades nacionais de pesquisa, fortalecendo as capacidades institucionais para
levar a cabo uma pesquisa nacional multidisciplinar, desenvolvimento de políticas e
programas nacionais de saúde e a disseminação do conhecimento científico. Finalmente, a
existência de uma ANAPES vai melhorar a coordenação e contribuir para a regulamentação
do ambiente de investigação científica no país.
A ANAPES utiliza fundos externos e por isso deve conter a lista de prioridades de
pesquisa em saúde do país, sendo particularmente relevante nos países com recursos escassos,
onde a maior parte da pesquisa é financiada por fundos externos e funcionam como
programas verticais, que por vezes não vão de acordo com as necessidades de pesquisa
nacionais.

2. DESCRIÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE DE MOÇAMBIQUE


O Sistema Nacional de Saúde em Moçambique compreende o sector público, os sectores
privados com fins lucrativos e não lucrativos, e sector comunitário. Mais de 90% dos serviços
de saúde são prestados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), que constitui o principal
prestador. Quanto ao sector privado com fins lucrativos, está a desenvolver-se especialmente
nas grandes cidades, na prestação de cuidados de saúde aos cidadãos. Embora ainda que
incipiente a prestação de cuidados de saúde é feita pelo sector privado com fins não lucrativos
e algumas entidades religiosas. Ao nível da comunidade com destaque para a medicina
tradicional mais da metade da população moçambicana procura e recebe cuidados prestados.

3. O SISTEMA NACIONAL DE PESQUISA EM SAÚDE


3.1. Características de um Sistema Nacional de Pesquisa em Saúde
SNPS é descrito como sendo “pessoas, instituições e actividades cujo objectivo principal é
gerar conhecimento de alta qualidade que pode ser usado para promover, melhorar e/ou
manter o estado de saúde das. O SNPS tem quatro funções: governação e liderança,
financiamento, fortalecimento das capacidades e produção e utilização de resultados de
pesquisa.
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 Governação e liderança (articula e aplica a visão e a missão do sistema, inclui a
formulação de políticas e legislação relacionadas a pesquisa em saúde, como
“definição de prioridades, manutenção de padrões éticos na realização da pesquisa,
monitoria e avaliação do SNPS e decisão baseada em evidência”).
 Financiamento (alocação de fundos para pesquisa e sua distribuição de forma
equitativa e sustentável).
 Fortalecimento das capacidades e produção (desenvolvimento de metodologias de
pesquisa, tradução, habilidades de política em aceder, avaliar, adaptar e aplicar
pesquisa).
 Produção e utilização de resultados de pesquisa (qualidade da pesquisa produzida e
implementação de políticas).

3.2. Sistema Nacional de Pesquisa em Saúde em Moçambique


Desde 2006 que Moçambique conta com a estratégia de Ciência, Tecnologia e Inovação,
elaborada pelo elaborada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico-
Profissional) para promover o fornecimento de soluções científicas e tecnológicas para os
sectores definidos de cinco anos do governo (2005-2009), o Plano de Acção de Redução da
Pobreza e a Agenda 20-25 visando a melhoria da qualidade de vida da sociedade
Moçambicana. A inexistência de uma Agenda Nacional específica da Saúde, que possa
orientar a pesquisa nacional, dificulta o alinhamento da pesquisa.
O Instituto Nacional de Saúde (INS) é uma instituição pública subordinada ao MISAU,
cuja mandato, é para coordenar e realizar pesquisa em saúde. Sendo dado atribuições do INS
relacionadas com a Pesquisa prevista no (Boletim da República, 12 de Maio de 2004). Como
forma de cumprir o seu mandato o INS estabeleceu no seu Plano Estratégico 2010-2014, a
elaboração da ANAPES.
As outras instituições que contribuem de forma significativa para a investigação em saúde
no país, A maior parte das instituições nacionais, apresentam dificuldades para realização da
pesquisa no que concerne a existência de infra-estruturas e recursos humanos capacitados.

3.3. Ética na Pesquisa


O MISAU criou em 2002, o Comité Nacional de Bioética para a Saúde (CNBS), veio
contribuir para a regulamentação da pesquisa em saúde realizada em Moçambique, e em 2012
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foi designada a criação de Comités Institucionais de Bioética para a Saúde (CIBS), onde cada
instituição que realize pesquisa em saúde pudesse de forma autónoma avaliar seus protocolos.
Os resultados da pesquisa obtidos nas pesquisas são disseminados por meio de Jornadas
Científicas de Saúde Nacionais (trienais), Regionais (bianuais), publicação em revistas
indexadas, sessões científicas entre outros promovidos pelo INS.

3.4. Disseminação dos resultados de Pesquisa


O INS, promove a realização das Jornadas Científicas de Saúde Nacionais (trienais) e
regionais (bianuais), que são oportunidade para divulgação e discussão dos resultados de
pesquisa. As diferentes jornadas ou congressos ao nível dos Hospitais Centrais, Centros de
formação e Institutos Superiores constituem um importante fórum para divulgação científica,
o INS e a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) possuem uma revista científica periódica.

4. METAS E OBJETIVOS DA AGENDA NACIONAL DE PESQUISA EM SAÚDE


Constitui meta, promover a pesquisa em áreas prioritárias para o Serviço Nacional de
Saúde, através dos objetivos estratégicos da Agenda: Promover a realização de pesquisa com
base nas prioridades do serviço nacional de saúde; promover o financiamento nacional de
pesquisa em áreas de prioridade nacional; contribuir para a criação e estabelecimento de redes
e parcerias nacionais e internacionais;
Promover pesquisa multidisciplinar e interação entre diferentes atores (pesquisadores,
gestores de programas e serviços, sociedade civil, e fazedores de política); promover a
divulgação e o uso de resultados para melhoria de políticas de saúde.

5. METODOLOGIA USADA PARA O DESENVOLVIMENTO DA AGENDA


A metodologia usada consistiu prioridades de pesquisa, identificação de áreas de maior
potencial de evolução, e elaboração de documentos para submissão dada em seis etapas que:
Elaboração de lista de prioridades, Formação de um comité para elaboração do primeiro
rascunho da Agenda, Questionário sobre prioridades em pesquisa em saúde, Oficina nacional
sobre determinação de prioridades em pesquisa em Moçambique e Redação da Agenda.

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5.1. Elaboração de lista de prioridades
Em Novembro de 2011, foi realizada uma reunião de auscultação o para a qual foram
convidados vários actores do sistema de saúde. O objectivo desta reunião foi discutir a
metodologia de elaboração da Agenda, identificar tópicos de pesquisa em grupo e formar um
grupo de trabalho para elaboração da Agenda.

5.2. Formação de um comité para elaboração do primeiro rascunho da Agenda


Durante a reunião, foi feito um convite aos participantes para a elaboração da Agenda. O
Comité foi organizado em subgrupos compostos por investigadores, especialistas envolvidos
em pesquisa epidemiológica, clínica e laboratorial, bem como investigadores trabalhando em
ONGs nacionais e internacionais. Foi elaborada uma base de especialistas, instituições e
grupos de trabalho consultados ao longo do processo.

5.3. Questionário sobre prioridades em pesquisa em saúde


Com base na lista de tópicos de pesquisa agrupados em áreas, foi elaborado um
questionário que em Junho de 2012 foi enviado a 80 indivíduos (pesquisadores, clínicos,
fazedores de política, sociedade civil e outros actores do SNPS). feita ao questionário, foi
elaborada uma lista final de prioridades que posteriormente foi analisada e pontuada.

5.4. Oficina nacional sobre determinação de prioridades em pesquisa em


Moçambique
Em Agosto de 2012, foi realizada uma oficina com o objectivo de priorizar os tópicos de
pesquisa, foram convidados os mesmos actores das reuniões anteriores e representantes de
instituições nacionais localizadas fora de Maputo, organizados em grupos de trabalho de
acordo com a sua perícia técnico-científica: Grupo 1 – Doenças infecciosas Grupo 2 –
Doenças crónicas e não transmissíveis Grupo 3 – Sistemas de saúde & medicina preventiva e
saúde pública Grupo 4 - Saúde materno infantil Grupo 5 - Ensaios clínicos, farmacovigilância
e uso racional de fármacos Grupo 6 - Pesquisa básica Grupo 7 - Pesquisa sócio antropológica
e medicina tradicional.
Os grupos analisaram os tópicos e obtiveram uma lista final de tópicos de forma
consensual. Foram pontuados de forma individual de 1 a 5 pontos, sendo o 5 altamente

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prioritário, subcritérios: adequação, relevância, viabilidade e impacto dos resultados de
pesquisa.
 Adequação da pesquisa – se a pesquisa é ética e moralmente aceitável e se a
informação sobre a pesquisa na área se encontra disponível;
 Relevância – até que ponto a pesquisa contribui para a maior equidade em saúde e
responde a preocupação ou demanda da comunidade, qual pode ser o impacto dos
resultados de pesquisa e o tamanho da gravidade do problema ou carga da doença.
 Viabilidade – capacidade nacional de levar a cabo a pesquisa e possibilidade de
sucesso. Quão adequada é a capacidade do sistema de levar a cabo a pesquisa em
termos de competência, infra-estrutura, sistema de suporte, mecanismos e recursos.
Também foi analisada a justificativa do custo (quão justificável é o custo de execução
do projecto de pesquisa).

5.5. Redacção da Agenda


O comité de elaboração da Agenda realizou encontros periódicos para elaboração do
presente documento e discussão com outros pesquisadores.

5.6. Reunião de validação da Agenda


Após a redacção da ANAPES, esta foi partilhada com instituições que realizam pesquisa,
a sociedade civil e os demais intervenientes do SNPS do país. Foram publicados anúncios no
jornal para permitir a comunidade pudesse contribuir para o desenvolvimento e garantir que o
processo fosse inclusivo.
A ANAPES foi validada em Fevereiro de 2014 foram convidados todos os contribuintes.
Após a aprovação pelas instituições de pesquisa e comunidade, foi compartilhada com o
MCTESTP para adequação as políticas nacionais e harmonização do documento.

6. ÁREAS PRIORITÁRIAS DE PESQUISA EM SAÚDE


Foram definidas 7 áreas de pesquisa, cada com subáreas e tópicos de pesquisa. As áreas de
pesquisa constituem uma mistura entre a classificação de doenças, sistemas e programas,
considerando que existem áreas com lacunas existência de capacidades.

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O padrão de doença em Moçambique é dominado por doenças transmissíveis que se
associam à pobreza e más condições de saneamento do meio, estas responsáveis por grande
parte da morbilidade e mortalidade em todos grupos etários. As doenças com elevada
prevalência têm sido alvo de pesquisa básica, clínica e operacional. Contudo, há necessidade
de incremento da pesquisa nas áreas de doenças parasitárias doenças emergentes e zoonoses
transmissíveis ao homem, tendo em conta o conceito de one-health.
Doenças crónicas não transmissíveis não estão incluídas no actual sistema de vigilância
epidemiológica ou no sistema de informação para a saúde. As doenças crónicas associadas à
pobreza constituem problema de magnitude e carecem de pesquisa por serem geralmente
negligenciadas. Por último, condições ligadas à urbanização poderão vir a constituir um sério
problema de saúde pública.
Os relatórios anuais do programa de saúde materno-infantil mostram cumprimento das
actividades abaixo de 50%, para partos institucionais, de consultas pós-parto e de
planeamento familiar. Em relação à saúde da criança, há uma cobertura insuficiente de cadeia
de frio de qualidade e fraca afluência às consultas acima dos 11 meses.

7. IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA
O MISAU em colaboração com os principais intervenientes da pesquisa nacional,
suportará a promoção, facilitação e coordenação das actividades de pesquisa. Os recursos do
Governo serão usados para investigar tópicos prioritários.
O INS promoverá a implementação da ANAPES através do Programa Nacional de
Pesquisa em Saúde, que incluirá fundos para pesquisa e vigilância e bolsas para o pessoal
técnico científico engajado na pesquisa em saúde.
Devido ao contexto do país, três pilares serão fundamentais para realização da pesquisa
em saúde incluída na presente agenda: recursos humanos, desenvolvimento institucional e
financiamento.
O desenvolvimento de recursos humanos para a pesquisa de forma estratégica, através da
identificação das necessidades de acordo com as áreas de actuação é um factor importante e
crítico para o aumento da quantidade e qualidade da pesquisa realizada no país. Os três pilares
consistem basicamente em capacitação institucional através de transferência de tecnologia e
apetrechamento dos laboratórios quando aplicável e a integração da formação nos projetos de
pesquisa, assegurando, sempre que viável, que cada projeto sirva para treinar e formar
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recursos através de realização de mestrados e doutoramentos. há necessidade de se estabelecer
e fortalecer parcerias nacionais estratégicas a fim de minimizar a dependência de instituições
internacionais.
A realização de pesquisa através de redes nacionais pode ser levada a cabo através de
busca de financiamento para projectos conjuntos, mobilidade de investigadores de uma
instituição para outra, mentoria de estudantes ou investigadores jovens e realização de
investigação multidisciplinar conjunta onde cada uma das instituições contribui para o
projecto com a sua perícia técnico-científica.

8. MECANISMOS DE COORDENAÇÃO DA PESQUISA NACIONAL


O INS promoverá a criação de um mecanismo de coordenação da pesquisa nacional e se
encarregará de monitorar a implementação da Agenda, que será auxiliado pela criação do
registo nacional de Pesquisa.
Os Núcleos Províncias de Pesquisa criados ao nível das direcções províncias de saúde são
actores importantes no monitoramento da pesquisa realizada em cada província. o registo ou
Base de Dados constituem outras fontes de busca de informação de pesquisa realizada em
Moçambique.

9. FINANCIAMENTO DA AGENDA
Os seguintes mecanismos de financiamento da agenda deverão ser estabelecidos:
financiamento governamental, fontes de financiamento de pesquisa e parcerias público-
privadas.

10.REVISÃO DA AGENDA
A agenda é revista e atualizada a cada 5 anos pelo INS, envolvendo diferentes atores de
pesquisa em saúde.

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11.MONITORIA E AVALIAÇÃO DA AGENDA
A implementação dos Núcleos Provinciais de Pesquisa, a criação de um diploma
ministerial para resolução da Pesquisa em Saúde e o registo nacional de Pesquisa são
importantes para monitorar e
avaliar a agenda nacional de pesquisa.
Como forma de monitorar a implementação da Agenda, foram estabelecidos os
resultados esperados e os indicadores para cada resultado.

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