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INSTITUTO POLITECNICO DE SAÚDE MOÇAMBIQUE-LICHINGA

Curso Médio Profissional de Nutrição

Politicas de Cuidado de Saúde Primário em Moçambique

Lichinga, Março de 2023


INSTITUTO POLITECNICO DE SAÚDE DE MOÇAMBIQUE-LICHINGA

Curso médio Profissional de Nutrição

Politicas de Cuidado de Saúde Primário em Moçambique

Nome dos Estudantes: Trabalho de Pesquisa da Disciplina de


Canizio Sandar Ngauje Politica Nacional de Saúde, a ser submetido
Catarina Vicente Uale na coordenação do curso de Nutrição do
Cristina Neves IPSAM de Lichinga, sob orientado por:
Delcia Florinda Alberto
Docente: Charifo Mussa Taibo
Maicha Amade
Ruti Geraldo Damiao

Lichinga, Março de 2023


Índice
1. Introdução .................................................................................................................................... 3

1.1. Objectivos ............................................................................................................................. 3

1.1.1. Geral: .............................................................................................................................. 3

1.1.2. Específicos: .................................................................................................................... 3

1.2. Metodologia .......................................................................................................................... 3

2. Politicas de Cuidados de Saúde Primário em Moçambique ........................................................ 4

2.1. Conceitos .............................................................................................................................. 4

2.2. Conceito de CSP segundo a OMS ........................................................................................ 4

2.3. Importância dos cuidados de saúde primários ...................................................................... 5

2.4. Politica Organizacional da OMS .......................................................................................... 5

2.4.1. Princípios dos Cuidados de Saúde Primário (CSP)........................................................ 6

2.4.2. Componentes dos CSP em Moçambique ....................................................................... 6

2.5. História de conferência de ALMA ATA em 1978................................................................ 6

2.5.1. Declaração de Alma Ata sobre Cuidados Primários ...................................................... 7

3. Conclusão .................................................................................................................................. 11

4. Referencia Bibliográfica ............................................................................................................ 12


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1. Introdução
Moçambique tem um compromisso político e constitucional de garantir que todo o seu povo
tenha acesso universal a cuidados de saúde e que ninguém fica empobrecido pelo binómio saúde
e doença. Dadas as diferenças sociais na população por regiões, idade, género, diferenças na
riqueza etc, o alcance do acesso universal requer um nível de atenção para a equidade e uma
distribuição de recursos que responda às necessidades em saúde, e que eleve as oportunidades
para que haja saúde para todos. Embora Moçambique tenha ainda um nível elevado de pobreza
histórica e de sub desenvolvimento, teve também uma década de progresso macroeconómico,
tendo alcançado novas oportunidades para concretizar o objectivo de equidade.

O presente trabalho de pesquisa aborda sobre Politicas de Cuidados de Saúde Primário em


Moçambique e a história de conferência de ALMA ATA em 1978.

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral:
Conhecer a Politica de Cuidados de Saúde Primário em Moçambique e a breve historial
da conferência de ALMA ATA em 1978.

1.1.2. Específicos:
Conceituar sobre os Cuidados de Saúde Primário;
Mencionar as Politicas de cuidados de Saúde Primário em Moçambique;
Compreender a importância de Cuidados de Saúde Primaria na Sociedade.

1.2. Metodologia
Na elaboração do trabalho teve como metodologia básica do uso de módulo, livros e pdf.
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2. Politicas de Cuidados de Saúde Primário em Moçambique


2.1. Conceitos
Os cuidados de Saúde Primários (CSP) refere-se à prestação de serviços de saúde pessoais
ambulatórios ou do primeiro nível. Ou seja são entendidos como um conjunto de intervenções de
saúde prioritárias oferecidas às populações de baixos rendimentos também chamados de cuidados
de saúde primários selectivos. (MISAU, 2001).

Os cuidados de saúde primários é uma abordagem de toda a sociedade à saúde e bem-estar,


centrada nas necessidades e preferências das pessoas, famílias e comunidades. Aborda os
determinantes da saúde mais vastos e incide sobre os aspectos completos e inter-relacionados da
saúde física, mental e social e do bem-estar. (MISAU, 2001).

Conforme o articulado do Artigo 25.º da Declaração Universal dos Direitos do Homem: Os


cuidados de saúde primários decorrem de um compromisso com a justiça e equidade social e do
reconhecimento do direito fundamental ao nível mais elevado possível de saúde, na qual diz que
"Todas as pessoas têm direito a um nível de vida adequado à sua saúde e bem-estar próprios e da
sua família, incluindo alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e serviços sociais
necessários" (MISAU, 2001).

2.2. Conceito de CSP segundo a OMS


Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) concebeu uma definição coesa com base em
três componentes que são: (ONU, 2007).

1. Satisfazer as necessidades das pessoas em matéria de saúde, através de cuidados


promotores, protectores, preventivos, curativos, reabilitativos e paliativos completos
durante toda a vida, atribuindo prioridade estratégica aos principais serviços de cuidados
de saúde destinados às pessoas e famílias, através dos cuidados primários, e às populações
através das funções da saúde pública como elementos centrais de serviços de saúde
integrados;
2. Abordar de forma sistemática os determinantes da saúde mais vastos (incluindo sociais,
económicos e ambientais, assim como as características e comportamentos das pessoas),
através de políticas e acções públicas informadas por evidências, em todos os sectores; e
3. Capacitar as pessoas, famílias e comunidades para optimizarem a sua saúde, como
defensores de políticas que promovam e protejam a saúde e o bem-estar, como co-
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criadores de serviços de saúde e sociais e como auto-cuidadores e prestadores de cuidados


a terceiros.

2.3. Importância dos cuidados de saúde primários


A importância dos cuidados de saúde primária ajudam a renovar os cuidados de saúde primários e
colocá-los no centro dos esforços para melhorar a saúde e o bem-estar. Porem é fundamental por
três razões: (ONU, 2007).
1. Os cuidados de saúde primários estão bem colocados para dar resposta às rápidas
alterações económicas, tecnológicas e demográficas que ocorrem no mundo e que
exercem, todas elas, impacto sobre a saúde e o bem-estar das pessoas.
2. Os cuidados de saúde primários são, comprovadamente, uma forma altamente eficaz e
eficiente de abordar as principais causas e riscos da falta de saúde e bem-estar nos nossos
dias, assim como de lidar com os desafios emergentes que irão ameaçar a saúde o bem-
estar no futuro. Está igualmente comprovado que são um investimento de grande valia,
visto haver evidências de que os cuidados de saúde primários de qualidade reduzem os
encargos totais com a saúde e melhoram a eficiência, reduzindo os internamentos
hospitalares.
3. Cuidados de saúde primários mais fortes são essenciais para atingir os Objectivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionados com a saúde e a cobertura universal de
saúde. Contribuem também para a consecução de outros objectivos, para além dos da
saúde (ODS3), incluindo os relativos à pobreza, fome, educação, igualdade de género,
água potável e saneamento, trabalho e crescimento económico, reduzindo as
desigualdades e o impacto climático.

2.4. Politica Organizacional da OMS


A OMS reconhece o papel central dos cuidados de saúde primários na consecução da saúde e
bem-estar para todos, em todas as idades. A OMS trabalha com os países para:
Identificar áreas prioritárias para melhorar a saúde e abordagens específicas de contextos
que se baseiem nos conhecimentos técnicos existentes em toda a OMS;
Ajudar os países a elaborarem políticas inclusivas, liderança interna e sistemas de saúde
baseados em cuidados de saúde primários que promovam a igualdade na saúde e
trabalhem no sentido de se atingirem os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável e a
cobertura universal de saúde;
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Abordar os determinantes sociais e de desigualdade mais vastos na saúde, através da


acção multissectorial.
A nível da política isto sugere que as medidas que Moçambique está a seguir para melhorar a
cobertura universal através de um sistema nacional de saúde precisam de ser sustentadas. As
medidas são necessárias para acompanhar e abordar as diferenças geográficas em capacidades e
cobertura incluindo através da integração da equidade na fórmula da alocação de recursos. (Moss,
1975).

2.4.1. Princípios dos Cuidados de Saúde Primário (CSP)


Acessibilidade e cobertura universal com base nas necessidades;
Disponibilidade, acessibilidade, aceitabilidade e qualidade;
Envolvimento comunitário e familiar e auto-suficiência;
Acção Intersectorial para a saúde (Determinantes Sociais de Saúde);
Tecnologias Adequadas e custo-eficácia em relação aos recursos disponíveis.

2.4.2. Componentes dos CSP em Moçambique


Educação para Saúde sobre os problemas de saúde prevalecentes e métodos da sua
prevenção e controlo;
Promoção de abastecimento de comida;
Abastecimento adequado de água potável e saneamento básico;
Programa Alargado de Vacinação;
SMI incluindo planeamento familiar;
Prevenção e controlo de doenças endémicas;
Diagnóstico e tratamento de doenças comuns;
Programa de Medicamentos Essenciais;
Reconhecimento da área de saúde e informação para planificação e monitoria

O Cuidados de Saúde Primários tem sido uma aposta cada vez mais reiterada pelo Ministério da
Saúde, com o intuito de servir melhor o povo moçambicano. À imagem disso, foi realizada o ano
passado em Que

2.5. História de conferência de ALMA ATA em 1978


A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde concita à acção internacional e
nacional urgente e eficaz, para que os cuidados primários de saúde sejam desenvolvidos e
aplicados em todo o mundo e, particularmente, nos países em desenvolvimento, num espírito de
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cooperação técnica e em consonância com a nova ordem económica internacional. Exorta os


governos, a OMS e o UNICEF, assim como outras organizações internacionais, bem como
entidades multilaterais e bilaterais, organizações governamentais, agências financeiras, todos os
que trabalham no campo da saúde e toda a comunidade mundial a apoiar um compromisso
nacional e internacional para com os cuidados primários de saúde e a canalizar maior volume de
apoio técnico e financeiro para esse fim, particularmente nos países em desenvolvimento. A
Conferência concita todos eles a colaborar para que os cuidados primários de saúde sejam
introduzidos, desenvolvidos e mantidos, de acordo com a letra e espírito desta Declaração.

2.5.1. Declaração de Alma Ata sobre Cuidados Primários


A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, reunida em Alma Ata aos doze
dias do mês de Setembro de mil novecentos e setenta e oito, expressando a necessidade de acção
urgente de todos os governos, de todos os que trabalham nos campos da saúde e do
desenvolvimento e da comunidade mundial para promover a saúde de todos os povos do mundo,
formulou a seguinte declaração: Alma-Ata, URSS, (1978)
I. A Conferência reafirma enfaticamente que a saúde - estado de completo bem-estar físico,
mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade - é um direito
humano fundamental, e que a consecução do mais alto nível possível de saúde é a mais
importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros sectores
sociais e económicos, além do sector da saúde.
II. A chocante desigualdade existente no estado de saúde dos povos, particularmente entre os
países desenvolvidos e em desenvolvimento, assim como dentro dos países, é política,
social e economicamente inaceitável e constitui por isso objecto da preocupação comum
de todos os países.
III. O desenvolvimento económico e social baseado numa ordem económica internacional é
de importância fundamental para a mais plena realização da meta de saúde para todos e
para a redução da lacuna entre o estado de saúde dos países em desenvolvimento e dos
desenvolvidos. A promoção e protecção da saúde dos povos são essenciais para o
contínuo desenvolvimento económico e social e contribui para a melhor qualidade de vida
e para a paz mundial.
IV. É direito e dever dos povos participar individual e colectivamente no panejamento e na
execução de seus cuidados de saúde.
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V. Os governos têm pela saúde de seus povos uma responsabilidade que só pode ser
realizada mediante adequadas medidas sanitárias e sociais. Uma das principais metas
sociais dos governos, das organizações internacionais e de toda a comunidade mundial na
próxima década deve ser a de que todos os povos do mundo, até o ano 2000, atinjam um
nível de saúde que lhes permita levar uma vida social e economicamente produtiva. Os
cuidados primários de saúde constituem a chave para que essa meta seja atingida, como
parte do desenvolvimento, no espírito da justiça social.
VI. Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde baseados em métodos e
tecnologias práticas, cientificamente bem fundamentadas e socialmente aceitáveis,
colocadas ao alcance universal de indivíduos e famílias da comunidade, mediante sua
plena participação e a um custo que a comunidade e o país podem manter em cada fase de
seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e autodeterminação. Fazem parte
integrante tanto do sistema de saúde do país, do qual constituem a função central e o foco
principal, quanto do desenvolvimento social e económico global da comunidade.
Representam o primeiro nível de contacto dos indivíduos, da família e da comunidade
com o sistema nacional de saúde pelo qual os cuidados de saúde são levados o mais
proximamente possível aos lugares onde pessoas vivem e trabalham, e constituem o
primeiro elemento de um continuado processo de assistência à saúde.

Os cuidados primários de saúde:


Reflectem, e a partir delas evoluem, as condições económicas e as características
sócio-culturais e políticas do país e de suas comunidades, e se baseiam na aplicação
dos resultados relevantes da pesquisa social, biomédica e de serviços de saúde e da
experiência em saúde pública;
Têm em vista os principais problemas de saúde da comunidade , proporcionando
serviços de protecção, prevenção, cura e reabilitação, conforme as necessidades;
Incluem pelo menos: educação no tocante a problemas prevalecentes de saúde e aos
métodos para sua prevenção e controle, promoção da distribuição de alimentos e da
nutrição apropriada , provisão adequada de água de boa qualidade e saneamento
básico, cuidados de saúde maternoinfantil, inclusive planejamento familiar,
imunização contra as principais doenças infecciosas, prevenção e controle de doenças
localmente endêmicas, tratamento apropriado de doenças e lesões comuns e
fornecimento de medicamentos essenciais;
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Envolvem, além do sector saúde, todos os sectores e aspectos correlatos do


desenvolvimento nacional e comunitário, mormente a agricultura, a pecuária, a
produção de alimentos, a indústria, a educação, a habitação, as obras públicas, as
comunicações e outros sectores;
Requerem e promovem a máxima autoconfiança e participação comunitária e
individual no planejamento, organização, operação e controle dos cuidados primários
de saúde, fazendo o mais pleno uso possível de recursos disponíveis, locais, nacionais
e outros, e para esse fim desenvolvem, através da educação apropriada, a capacidade
de participação das comunidades;
Devem ser apoiados por sistemas de referência integrados, funcionais e mutuamente
amparados, levando à progressiva melhoria dos cuidados gerais de saúde para todos e
dando prioridade aos que têm mais necessidade;
Baseiam-se, aos níveis local e de encaminhamento, nos que trabalham no campo da
saúde, inclusive médicos, enfermeiras, parteiras, auxiliares e agentes comunitários,
conforme seja aplicável, assim como em praticantes tradicionais, conforme seja
necessário, convenientemente treinados para trabalhar, social e tecnicamente, ao lado
da equipe de saúde e para responder às necessidades expressas de saúde da
comunidade.

Todos os governos devem formular políticas, estratégias e planos nacionais de acção, para lançar
e sustentar os cuidados primários de saúde em coordenação com outros sectores. Para esse fim,
será necessário agir com vontade política, mobilizar os recursos do país e utilizar racionalmente
os recursos externos disponíveis.

Todos os países devem cooperar, num espírito de comunidade e serviço, para assegurar os
cuidados primários de saúde a todos os povos, uma vez que a consecução da saúde do povo de
qualquer país interessa e beneficia directamente todos os outros países.

Nesse contexto, o relatório conjunto da OMS/UNICEF sobre cuidados primários de saúde


constitui sólida base para o aprimoramento adicional e a operação dos cuidados primários de
saúde em todo o mundo. X - Poder-se-á atingir um nível aceitável de saúde para todos os povos
do mundo até o ano 200 mediante o melhor e mais completo uso dos recursos mundiais, dos
quais uma parte considerável é actualmente gasta em armamentos e conflitos militares. Uma
política legítima de independência, paz. Distensão e desarmamento pode e deve liberar recursos
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adicionais, que podem ser destinados a fins pacíficos e, em particular, à aceleração do


desenvolvimento social e económico, do qual os cuidados primários de saúde, como parte
essencial, devem receber sua parcela apropriada. Alma-Ata, URSS, (1978)
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3. Conclusão
Conclui-se que Moçambique é um dos países com cláusulas mais abrangentes sobre o direito à
saúde na região. Paradoxalmente, ainda não assinou a Convenção Internacional dos Direitos
Económicos, Sociais e Culturais. O Estado implementou políticas e estratégias de redução da
pobreza para honrar o seu compromisso de progressivamente atender à estes direitos,
particularmente através do acesso universal aos serviços de cuidados de saúde e cuidados de
saúde primários. Nos últimos anos, o governo reconheceu que uma expansão da infra-estrutura e
um aumento dos trabalhadores é necessária para alcançar estes resultados. Declarou a sua
intenção política de abolir as taxas de utilizadores como passo deliberado para garantir que o país
possa cumprir com os seus preceitos constitucionais em relação ao acesso universal aos cuidados
de saúde primários. Moçambique tem consistentemente vindo a defender uma base de valores
para a equidade na saúde e traduziu-a em políticas específicas do sector da saúde. A
sensibilização da sociedade civil e parlamentar são menos evidentes em relação como usar estes
direitos e as políticas na promoção da saúde.

Em Setembro de 1978, a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada


pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em Alma-Ata, na República do Cazaquistão,
expressava a “necessidade de acção urgente de todos os governos, de todos os que trabalham nos
campos da saúde e do desenvolvimento e da comunidade mundial para promover a saúde de
todos os povos do mundo
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4. Referencia Bibliográfica
Alma-Ata, URSS, 12 de Setembro de 1978

Moss AG, (1975). Winton H, organizadores. A New International Economic Order:

MISAU, (2001). Cuidados de Saúde Primários em Moçambique, Republica Popular de


Moçambique. 128pp.

Organização das Nações Unidas (ONU). Encyclopedia de las Naciones. Nova Iorque: ONU;
2007.

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