O documento descreve a história do sistema de saúde em Moçambique. Antes da independência, o acesso à saúde era limitado para a maioria da população. Após a independência em 1975, Moçambique adotou os princípios da Declaração de Alma Ata de 1978 para criar um Sistema Nacional de Saúde universal e gratuito. O documento explica a estrutura do Ministério da Saúde e do SNS.
O documento descreve a história do sistema de saúde em Moçambique. Antes da independência, o acesso à saúde era limitado para a maioria da população. Após a independência em 1975, Moçambique adotou os princípios da Declaração de Alma Ata de 1978 para criar um Sistema Nacional de Saúde universal e gratuito. O documento explica a estrutura do Ministério da Saúde e do SNS.
O documento descreve a história do sistema de saúde em Moçambique. Antes da independência, o acesso à saúde era limitado para a maioria da população. Após a independência em 1975, Moçambique adotou os princípios da Declaração de Alma Ata de 1978 para criar um Sistema Nacional de Saúde universal e gratuito. O documento explica a estrutura do Ministério da Saúde e do SNS.
O Sistema Nacional de Saúde (SNS) foi criado nos anos 1970 como consequência da situação histórica criada pela Independência Nacional.
Situação antes da independência
Acesso limitado ao sistema de saúde colonial.
Cuidados de saúde modernos eram facilmente
acessíveis só à população de origem Europeia e Asiática, largamente urbanizada, e/ou à pequena minoria de população Africana com alguma capacidade económica (assimilados). O acesso à saúde da população indígena (Moçambicana) largamente rural, era de norma limitado aos hospitais missionários, em número reduzido e mal distribuídos, às campanhas de vacinação (por ex. varíola) e de controlo ou erradicação de doenças transmissíveis (por ex. doença do sono financiadas pelo Estado Colonial, normalmente como medida de protecção -cordon sanitaire- da população expatriada metropolitana). A independência: Nacionalização da saúde. Logo após a independência (1975), com a Lei das Nacionalizações dos Serviços de Saúde, Educação e Habitação e outras medidas tomadas pelo Governo de Moçambique, a maioria dos funcionários coloniais abandonaram o País; entre eles, muitos técnicos e funcionários com nível de educação médio ou superior.
No sector de saúde, só ficaram cerca de 60 médicos (eram
menos de 300 para 8 milhões de habitantes em 1974).
Muitos quadros técnicos de outras carreiras de saúde (farmácia,
radiologia, laboratório, enfermagem) também saíram do País. A crise deixou Moçambique quase sem pessoal de saúde, mas deu a possibilidade aos novos líderes do País de conceber e realizar um SNS completamente original.
O debate mundial sobre saúde
Na altura da independência, anos de experiências e avanços na provisão de cuidados de saúde nos países em desenvolvimento estavam a alimentar um debate rico de ideias inovadoras.
Tais ideias foram consolidadas num documento político
unitário na Conferência de Alma Ata, cidade da então União Soviética (1978). De acordo com a nova visão, o modelo enfermidade/tratamento, baseado sobre o conceito de doença como disfunção do organismo humano foi substituído por um modelo holístico de saúde que tinha em conta o contexto familiar e social dos indivíduos.
Atrás deste conceito estava a definição de saúde como de “um
estado de bem-estar físico, mental e social, e não meramente ausência de doença ou enfermidade” e o reconhecimento das causas subjacentes de doença (pobreza e injustiça social, que determinam as condições de acesso à educação, água, emprego e terra, habitação e saneamento, assim como equidade entre géneros e participação activa na vida pública). Alma Ata representou uma revolução da forma de prestar cuidados de saúde no 3° mundo, implicando uma mudança radical do conceito de saúde baseado num novo relacionamento entre profissionais de saúde (os prestadores dos serviços) e indivíduos (as comunidades de usuários).
Declaração de Alma Ata
As estratégias de saúde aprovadas em Alma Ata resumem-se na abordagem multi-sectorial, tecnologia apropriada, actividades de promoção de saúde, participação comunitária, e descentralização. Importa considerar que o conceito de tecnologia apropriada refere-se não só a equipamento, infra-estruturas ou medicamentos, mas sim também às competências técnicas e ao perfil profissional dos trabalhadores de saúde chamados a prestar serviços num âmbito e com uma visão inéditos.
Cuidados de saúde primários
Alma Ata identificou como prioridades a nutrição apropriada, água e saneamento, saúde materno-infantil, planeamento familiar, imunização, prevenção e controle das doenças endémicas, educação para saúde, tratamento apropriado das doenças mais comuns e disponibilidade dos medicamentos essenciais. Estes programas são agora implementados de rotina, e as suas razões de ser parecem óbvias. Na altura, representaram uma revolução da forma de pensar sobre a saúde. Os programas foram operacionalizados como “cuidados de saúde primários” (CSP). A idéia era que os serviços de saúde fossem prestados de forma integrada, como um continuum de intervenções adequadas às necessidades de saúde de cada um. O técnico de medicina nasceu como (e ainda é) um quadro especialmente vocacionado para os CSP. O MISAU/SNS após a independência Moçambique foi um dos primeiros países que adoptou e implementou ousadamente (em certos casos até antes da própria conferência) os princípios da política de saúde enunciados em Alma Ata e os CSP.
Com efeito, a independência, a mudança de regime político, a
ausência de organizações profissionais empenhadas em manter as suas posições de influência (sobretudo pelo abandono em massa dos médicos coloniais), permitiram fazer tabua rasa (recomeçar da estaca “0”) dos conceitos, valores e formas de actuação do sistema colonial. Na prática, a situação de “crise” do sistema de saúde abriu uma oportunidade única para uma revisão profunda da visão e missão do MISAU/SNS. SNS gratuito e universal e centralismo democrático O próprio regime socialista que foi adoptado pelo primeiro Governo de Moçambique determinou as finalidades e características organizativas do sector de saúde, em particular:
Universalismo e gratuidade na prestação dos serviços de saúde.
Num sistema de saúde gratuito e universal, todos têm direito a cuidados de saúde adequados, de acordo com a evidência científica e com base nos recursos do país, independentemente da filiação, raça, religião, classe social, capacidade económica e género.
Um sistema de saúde universalista é financiado através dos
impostos públicos gerais e não por meio de sistemas de seguros ou pelo pagamento directo da prestação dos serviços. Nos anos que seguiram a independência, o sistema promoveu a equidade e aumentou o acesso à saúde: por exemplo, através da expansão nas zonas rurais do sistema de saúde e do programa alargado de vacinação (PAV).
Sistema fortemente centralizado de gestão técnica e
administrativa da República, baseado nos princípios do Centralismo Democrático. ORGANIZAÇÃO DOS ÓRGÃOS DO MISAU/SNS: DIRECÇÕES, DEPARTAMENTOS E PROGRAMAS.
O MISAU, como os outros Ministérios, é constituído por
Órgãos Centrais, Provinciais e Distritais. A mesma estrutura do MISAU repete-se, de forma progressivamente mais simplificada, a nível Provincial e Distrital. O MISAU, encabeçado pelo Ministro da Saúde, coadjuvado por um Vice-Ministro e um Secretário Permanente, está baseado em 5 Direcções Nacionais:
1. Planificação e Cooperação (DNPC),
2. Administração e Gestão (DNAG), 3. Assistência Médica (DNAM) 4. Saúde Pública (DNSP) 5. Recursos Humanos (DNRH). Cada Direcção Nacional está dividida em departamentos. Por exemplo, A DNRH compreende o Departamento de Formação e Administração do Pessoal.
Cada departamento está organizado em Repartições
(por ex. no Departamento de Formação encontram-se a Repartição de Desenvolvimento Curricular, a Repartição de Formação Contínua e Bolsa de Estudos e a de Administração da Formação). Direcção Nacional de Planificação e Cooperação (DNPC) Departamentos: Objectivos:
Produzir os planos de actividades gerais do sector de
saúde.
Monitorizar/avaliar a sua actuação e coordenar
também os ciclos de planificação dos outros sectores e subsectores do MISAU (direcções provinciais e distritais, outras direcções nacionais) e do SNS. Funções: Recolher e analisar mensalmente a informação relativa às actividades produzidas pelo sistema de saúde, a partir de todas as Unidades Sanitárias (US); - a informação das US é recolhida pelos Serviços Distritais de Saúde (SDSMAS), conferida e enviada às Direcções Provinciais que, por sua vez, a analisam, sintetizam e enviam à DNPC.
Assegurar que os planos das actividades avaliadas estão em
conformidade com a política do Governo.
Dialogar com as agências de cooperação internacional,
coordenar a acção destas e recolher a informação necessária sobre o seu desempenho. Trabalhar em coordenação com a DNAG em relação aos limites orçamentais dos planos, a DNSP e DNAM, (que respondem para o componente técnico das actividades do MISAU e para os programas de actividades prioritários) para assegurar que os planos são realísticos em relação aos recursos humanos de saúde.
Direcção (Nacional) de Administração e Gestão
(DAG) Departamentos: Finanças, Administração, Logística e Manutenção. Objectivos: Proporcionar os recursos financeiros necessários para as actividades do MISAU/SNS, equacionando os planos do Governo com os recursos disponíveis. Supervisionar aquisição e uso apropriado dos bens do MISAU e do SNS. Funções: Elaborar e apresentar os planos financeiros. Alocar os fundos entre os diferentes utilizadores e supervisionar a execução orçamental para o ano financeiro corrente.
Administrar e gerir dos bens do MISAU/SNS.
Executar a compra de bens incluindo equipamentos, através da Central de Abastecimento e a gestão dos transportes. Manter a infra-estrutura do SNS e planificar a sua expansão.
Coordenar com a DNPC e com o Ministério da Finanças e o
Ministério do Plano, a implementação do novo sistema de contabilidade administrativa (chamado e-SISTAFE) para a descentralização do controlo das despesas. Direcção Nacional de Assistência Médica (DNAM) Departamentos: De acordo com o novo organograma (2010), a direcção está organizada em duas áreas funcionais:
Desenvolvimento dos Cuidados Clínicos:
Organização e Desenvolvimento da Rede Sanitária, Cuidados de Saúde, Meios Auxiliares de Diagnóstico (com foco nos Laboratórios Clínicos, Raios X e Anatomia Patológica, para aquisição de equipamento, consumíveis, reagentes, manutenção). Controlo de Qualidade: • Programas e Cuidados Clínicos, Cuidados de Enfermagem; • Finalmente, faz cabo à DAM uma terceira instituição: a Junta Médica, Exames Médicos e Incapacidades, que trata de aspectos médico-legais (incapacidades).
Objectivos Sobreintender à organização e ao funcionamento das Unidades Sanitárias do País. Funções Promover a integração entre os serviços de saúde.
Supervisionar as actividades médicas, cirúrgicas e de
enfermagem e aprovar os protocolos clínicos de tratamento.
•Propor novos modelos de organização dos serviços de acordo
com as necessidades de saúde.
•Gerir a aquisição, distribuição e uso de medicamentos e o
serviço de transfusões de sangue (através de duas instituições subordinadas: a Central de Medicamentos e Artigos Médicos – CMAM -, que opera na área de aquisição e distribuição de medicamentos, e o Serviço Nacional de Transfusão de Sangue - SNTS). Autorizar tratamento médico no exterior com fundos públicos quando não houver recursos apropriados no país.
Direcção (Nacional) de Saúde da Pública
(DSP) Departamentos: Epidemiologia, Grandes Endemias, Saúde Materno-infantil. Objectivos: Promover o envolvimento activo dos cidadãos e das comunidades para melhoria do seu estado de saúde. Promover as medidas de prevenção e controle das principais doenças endémicas e contagiosas do país. Promover medidas de saúde específicas em prol dos grupos prioritários da população (mulheres em idade fértil, crianças, outros grupos vulneráveis). Funções: É responsável pelas actividades de Mobilização Comunitária, Saúde Reprodutiva e Saúde Infantil, Doenças Transmissíveis (grandes endemias), Nutrição, Saúde Mental, Doenças Crónicas não Infecciosas, Epidemiologia.
Manter a vigilância epidemiológica no país, o que significa
produzir e manter a informação relativa às principais doenças epidémicas.
Coordenar a resposta apropriada em termos de medidas de
prevenção e saúde pública (por ex. no caso de epidemias de cólera, meningite). Controlar doenças de particular relevância, como tuberculose, malária, doenças de transmissão sexual (DTS), lepra e de outras doenças não contagiosas. Gerir algumas componentes do Programa de controlo do HIV/SIDA: prevenção da transmissão vertical (de mãe para filho - PTV); prevenção comunitária, que compreendem informação, educação, aconselhamento e testagem para HIV enquadradas no Departamento de Mobilização Comunitária.
Programas Verticais. Os chamados “programas verticais” têm
importância particular na estrutura operacional do MISAU. Estes programas surgiram em relação a doenças específicas (pela sua importância epidemiológica consideradas “prioritárias” ou se constituíram a volta de grupos de população prioritários.
Estes programas mantêm fortes ligações com as Organizações de Saúde
multilaterais das Nações Unidas (principalmente, OMS, UNICEF, FNUAP) e, por vezes, adquirem fundos e assistência técnica directos da Cooperação Bilateral. Os programas verticais estão enquadrados na Direcção de Saúde Pública (por ex., o programa de SMI, o programa nacional de controle da tuberculose e lepra –PNCTL-, o programa nacional da malária). A excepção mais importante é HIV/SIDA. O programa do HIV/SIDA é particularmente complexo e beneficia de fundos avultados. As componentes deste programa são repartidas entre a DNSP (prevenção da transmissão vertical, educação, aconselhamento e testagem em saúde e a DNAM (tratamento anti-retroviral – TARV e IO - infecções oportunistas).
Os programas verticais tendem a manter sistemas autónomos ou
semi-autónomos de informação e de gestão de medicamentos (por exemplo em relação aos medicamentos do TARV; à informação do PNCTL e à formação contínua do pessoal afecto nestes programas). Entre os programas verticais, o Departamento de Saúde Materno-Infantil assume particular relevância, porque foca em actividades historicamente centrais aos CSP. Os programas de saúde materno-infantil têm uma organização parcialmente autónoma dentro do MISAU e beneficiam frequentemente de fundos directos pela cooperação bilateral.
Direcção (Nacional) de Recursos Humanos (DRH)
Departamentos: Administração do Pessoal e Formação. Objectivos: Planificação, administração e formação de recursos humanos (RH) para saúde. Funções: Elaborar, monitorar e supervisionar os planos de RH de saúde, sendo estes análise das necessidades, distribuição, previsão de novos ingressos e custos, tendo em conta as metas, finalidades e objectivos gerais do sector público de saúde (DPC) e seus limites orçamentais (DAG).
Responsável pela contratação, colocação, pagamento salarial
e outros benefícios, incluindo segurança social, progressão na carreira, disciplina e reforma dos funcionários de saúde.
Responsável pela coordenação e implementação de formações
iniciais e de formações contínuas do pessoal . A formação inicial dos técnicos de nível básico, médio e bacharel, planificada a partir dos planos de RH, é cumprida em 4 Institutos de Ciências de Saúde, 6 Centros de Formação Provinciais e 3 centros de formação subordinados. A formação contínua é planificada, organizada e financiada, na maioria dos casos a partir dos programas verticais do MISAU.
As universidades que graduam profissionais de saúde caem sob
a responsabilidade do MINED (Ministério da Educação). O Departamento de Formação é responsável para a pós-formação (especialização) dos médicos e outros técnicos de saúde e pelas bolsas de estudo no estrangeiro. No País existe um número de instituições privadas de ensino superior. Pode ser útil considerar 2 direcções do MISAU de área programática (técnica): DNAM e DNSP, e
3 de Área operacional (ou de gestão):
DNPC, DNRH, DNAG Direcções Provinciais de Saúde (DPS) Existem 10 Direcções Provinciais de Saúde (DPS), mais a Direcção de Saúde da Cidade de Maputo que tem estatuto de DPS. A organização do MISAU em Direcções reflecte-se nas DPS, assim que as direcções nacionais se tornam departamentos e os departamentos do MISAU se tornam “repartições”.
Por exemplo, na Direcção Provincial de Nampula, existem o
Departamento de Planificação, o de Recursos Humanos, Administração e Finanças, Assistência Médica e Saúde da Comunidade. Como única excepção, o sector da Formação é elevado ao nível de Departamento Provincial: portanto, em cada DPS existe um Departamento de Formação. Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Acção Social Nas Direcções Distritais de Saúde (cujo nome foi mudado recentemente em Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Acção Social - SDSMAS), os departamentos do nível provincial têm o nível de “repartições”.
A equipa de gestão do SDSMAS é constituída por um
director, um médico chefe, um responsável da farmácia, um para estatística e um para assistência médica. Por vezes, devido a falta de pessoal, o mesmo funcionário toma conta de duas pastas. No processo actual (2010) de descentralização administrativa, os SDSMAS vão adquirindo maiores competências e responsabilidades de gestão. Por exemplo, nos distritos onde o novo sistema de gestão financeira do Sector Público (e-SISTAFE) estiver operacional, os SDSMAS recebem os fundos para o seu funcionamento e prestam contas directamente à Administração Distrital e não à DPS, como acontecia anteriormente. FIM