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Programa Alargado de Vacinação  |

República de Moçambique
Ministério da Saúde
Direção de Recursos Humanos
Departamento de Formação

Manual de Formação
para Técnicos de Medicina
Preventiva e Saúde do Meio
PROGRAMA ALARGADO DE VACINAÇÃO
ii | Programa Alargado de Vacinação

O presente Manual do Programa Alargado de Vacinação para Técnicos de Medicina Preventiva é uma adaptação do “Manual
do Programa Alargado de Vacinação” (PAV), 2009 - MISAU.

© 2011. Ministério da Saúde


Esta publicação foi realizada com apoio da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA).
É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte.
1ª edição - Ano 2011.

Elaboração, distribuição e informações:


MINISTÉRIO DA SAÚDE
Direcção de Recursos Humanos
Departamento de Formação
Repartição de Planificação e Desenvolvimento Curricular (RPDC)
Av. Eduardo Mondlane, 4º andar
Maputo – MZ

Coordenação
Lucy Sayuri Ito (JBPP/DRH - Departamento de Formação)
Extra Chadreque (DRH - Departamento de Formação)
Elisa Mavili (Direcção Nacional de Saúde Pública - PAV)

Colaboradores
Fidel Luis Paizone (Direcção Provincial de Saúde - Inhambane)
Carlos Bambo (DRH - Departamento de Formação)
Lucy Ramirez (DRH - Departamento de Formação)

Revisor de português
Extra Chadreque (DRH - Departamento de Formação)
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Prefácio

A vacina é uma das formas de prevenir doenças e com isso garantir saúde para
ao Homem e consequentemente o desenvolvimento e bem-estar do povo.
Este manual foi elaborado com a perspectiva de ser um instrumento de
apoio aos professores e alunos no aprimoramento dos conhecimentos
técnicos do Programa Alargado de Vacinação, proporcionando subsídios
teóricos e práticos para a formação profissional com fundamentação
científica de modo a melhorar a sua capacidade de intervenção.
O presente instrumento de ensino é uma adaptação do actual Manual do
Programa Nacional de Vacinação para o profissional de Medicina Preven-
tiva em uso no MISAU e contou com a colaboração de profissionais desta
área, docentes e técnicos do departamento de formação. A sua estrutura
teve em conta o plano temático da disciplina do novo currículo de Técni-
cos de Medicina Preventiva e Saneamento do Meio, onde cada tópico foi
arrolado tendo em consideração a sua complexidade e pertinência numa
perspectiva bivalente, isto é, melhoria da qualidade de ensino e o alcance
dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio.
Assim, esperamos que o presente manual sirva como um suporte para o
alcance dos objectivos da disciplina e sem intenção de o tornar o único
instrumento de consulta mas sim uma fonte de apoio na qual o docente
poderá buscar o fortalecimento do conhecimento de forma a garantir
uma dinâmica uniformizada na transmissão da matéria aos alunos, de-
vendo, porém, o docente e os alunos procurarem outra bibliografia para
aprofundar o conhecimento.
O manual foi escrito numa linguagem simples e acessível para que seja de
fácil compreensão para o aluno das Instituições de Formação em Saúde.

Maputo, Novembro de 2011.


Alexandre J. L. Manguele
Ministro da Saúde
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Í ndice
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

2. Introdução À disciplina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.1. Introdução ao conceito do PAV e sua generalidade. . . . . . . 4
2.2. Características e especificidade das vacinas. . . . . . . . . . . . . 5
2.3. Grupos-alvo do PAV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.4. Doenças-alvo do PAV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.8. Doenças causadas pelo haemophilus influenzae. . . . . . . . . 21

3. Vacinação e calendário vacinal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25


3.1. Vacinação da criança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.2. Mulher grávida e mulher em idade fértil (MIF). . . . . . . . . . 30
3.3. Actividades especiais de vacinação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

4. Vias de administração de vacina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35


4.1. Vias de administração de vacinas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.2. Seringas e agulhas para a vacinação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.3. Vacina da BCG. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.4. Vacina da dpt/hepatite b+hib (difteria / pertussis / tétano /
hepatite b/ haemophilus influenzae). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.5. Vacina anti-pólio (VAP). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.6. Vacina anti-sarampo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
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4.7. Toxóide tetânico (TT ou VAT). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51


4.8. Eventos adversos pós-vacinação (EAPV). . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.9. Notificação de casos de EAPV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.10. Investigação de caso de EAPV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.11. Desafios colocados pelos eapv durante os DNV’s. . . . . . . 63
4.12. Estratégias para minimizar os casos de EAPV . . . . . . . . . . 63
4.13. Vacina Anti Pneumococo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

5. Cadeia de frio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.1. Equipamento da cadeia de frio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5.2. Refrigeradores (geleiras). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5.3. Caixas isotérmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.4. Acumuladores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

6. Monitoria do sistema de cadeia de frio. . . . . . . . . . . . . . 81


6.1. Registo de temperatura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
6.2. Cartão monitor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
6.3. Monitor do frasco de vacina (VVM) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
6.4. Relógio de congelamento (freeze watch). . . . . . . . . . . . . . . 86
6.5. Teste de agitação (shake test). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

7. Gestão da vacina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
7.1. Procurement de vacina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
7.2. Requisição de vacina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
7.3. Controle de stock de vacina e materiais . . . . . . . . . . . . . . 107
7.4. Teste de potência da vacina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
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8. Como organizar uma sessão de vacinação. . . . . . . . . 111


8.1. Organização de uma sessão de vacinação. . . . . . . . . . . . . 112
8.2. Fortalecimento dos serviços de vacinação. . . . . . . . . . . . . 122

9. Brigadas móveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126


9.1. Vacinação em áreas distantes e de difícil acesso. . . . . . . . 127
9.2. Brigada móvel - situações a considerar . . . . . . . . . . . . . . . 130

10. Mobilização social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132


10.1. Informação básica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
10.2. Estratégias a serem usadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
10.3. A quem deve ser dirigida a educação. . . . . . . . . . . . . . . . 134
10.4. A que nível a intervenção deve tomar lugar . . . . . . . . . . 135
10.5. Quais os canais usar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
10.6. Quem deve comunicar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
10.7. Que método usar para alcançar a audiência pretendida. . . 136
10.8. Qual é a melhor altura para as actividades de educação. . . 137
10.9. Como o técnico de saude pode tornar a campanha de
vacinação num sucesso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
10.10. Visita porta-a-porta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138

11. Indicadores do pav. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145


11.1 Definição de alguns indicadores úteis para o PAV . . . . . . 145

12. Sistema de informação de saúde (sis) . . . . . . . . . . . . . . . 153


12.1. Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
12.2. Fichas do PAV e o modo de preenchimento. . . . . . . . . . . 159
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13. Planificação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176


13.1 Planificação no contexto da estratégia ACD . . . . . . . . . . . 177
13.2. Objectivos da planificação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
13.3. Aspectos importantes na planificação do PAV. . . . . . . . . 185
13.4. Inventário e requisição de equipamento e material do PAV. . 191

14. Monitoria e avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194


14.1. Avaliação da eficácia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
14.2. Registo, análise e interpretação de dados da vigilância
epidemiológica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
14.3. Controle da cobertura vacinal com dados de rotina. . . . 201
14.4. Controle através do gráfico cumulativo. . . . . . . . . . . . . . 204
14.5. Avaliação por inquéritos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206
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1. INTRODUÇÃO

APRESENTAÇÃO DO PLANO TEMÁTICO

Apresentação do tópico, conteúdo e objectivo da aprendizagem

Apresentação da estrutura da aula

Métodos de avaliação

Apresentação da disciplina

Objectivos

No final do tempo lectivo desta disciplina, o formando deverá ser capaz de:

1. Conhecer os objectivos do PAV e a importância da vacinação na prevenção das


doenças.

2. Calcular os grupos alvo do PAV de acordo com os indicadores.

3. Executar actividades de vacinação.

4. Fazer a gestão adequada de cadeia de frio (desde o nível central ao consumidor).

5. Fazer a manutenção do equipamento de conservação de vacinas (geleira a pe-


tróleo, a gás, solar e eléctrica, etc.).

6. Reconhecer a importância de envolver os ACSs e autoridades locais na mobiliza-


ção das famílias e as comunidades para aderirem ao PAV.
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7. Planificar e implementar actividades de brigadas móveis.

8. Fazer a supervisão e a monitoria das actividades do PAV.

9. Fazer avaliação das actividades do PAV (Inquérito à saída, de 75 casas e segundo


outras metodologias da OMS).
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2.
OBJECTIVOS
INTRODUÇÃO À DISCIPLINA

No final do tema, os alunos devem ser capazes de:

1. Definir o PAV e sua generalidade

2. Conhecer os objectivos do PAV e doenças preveníveis por vacina

3. Conhecer os grupos alvos do PAV

4. Conhecer as doenças alvos do PAV

5. Explicar a importância da vacinação na prevenção das doenças

6. Definir vacina

7. Conhecer as várias vacinas do PAV

8. Caracterizar as vacinas do PAV


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RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/


APRENDIZAGEM
Ensino/Aprendizagem
Conteúdo Objectivos da Aprendizagem
Actividades
Definir o PAV é sua
generalidade As aulas consistirão em breves
Conceito do PAV e
Conhecer os objectivos do exposições dialogadas sobre o conceito
sua generalidade
PAV e doenças preveníveis por do PAV e sua generalidade e atraves
vacina de discussões o docente irá fazer uma
Explicar a importância da avaliação diagnóstico do conhecimento
Importância e dos alunos em relação a matéria.
vacinação na prevenção das
seus objectivos
doenças
Definir vacina As aulas consistirão em breve
Características e exposição dialogada sobre o conceito
Listar as várias vacinas do
especificidade das da vacina e em seguida aplicar-se-á
programa
vacinas o método de discussão em grupo,
Caracterizar vacinas do PAV
apresentação em plenária ou debates
Grupos Alvo do Conhecer os GA prioritários sobre as caraterística das vacinas, sua
PAV do PAV importância, grupos alvo e as doenças
cobertas pelo PAV. Os recursos didáticos
Doenças alvos do a serem utilizados constarão de
Listar as doenças alvos do PAV projetor multimídia (datashow), quadro
PAV
e canetas de filtro.

2.1. INTRODUÇÃO AO CONCEITO DO PAV E SUA GENERALIDADE


O Programa Alargado de Vacinação (PAV) é um programa nacional e gratuito, lançado em
Moçambique em 1979.

O PAV contribuiu, ao longo dos anos, para a redução da morbilidade e da mortalidade pelas
doenças infecciosas alvos da vacinação. Entretanto, apesar do êxito do PAV, ainda verifica-
-se a existência de níveis de assimetrias geográficas na sua aplicação e a presença de grupos
populacionais com níveis de protecção inferiores ao desejável. Neste contexto, compete
aos profissionais de saúde divulgar o programa, motivar as famílias e aproveitar todas as
oportunidades de proteger mais pessoas contra um número cada vez maior de doenças e
extender os serviços de vacinação para alcançar todas as pessoas elegíveis.
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Assim, o objectivo é elevar os níveis actuais de cobertura vacinal, estender a vacinação


aos que são actualmente subservidos, aos grupos etários para além da infância, introduzir
novas vacinas e tecnologias e integrar a vacinação com a prestação de outras intervenções
prioritárias de saúde, de modo a acelerar o alcance dos objectivos do desenvolvimento do
milénio, no que concerne á redução da mortalidade infantil, melhoria da saúde materna e
combate às doenças, eventualmente incluindo a Malária e o HIV/SIDA.

Para que os objectivos sejam atingidos, é fundamental garantir a formação e permanente


actualização de todos os que trabalham na área da vacinação de modo a cumprirem a sua
função e melhor compreenderem a importância do sentido humano em que assentam es-
ses objectivos.

2.2. CARACTERÍSTICAS E ESPECIFICIDADE DAS VACINAS


Definição: Vacinar é o acto de inocular ou administrar substâncias biológicas no organismo
de forma a criar, artificialmente e sem risco, um estado de protecção contra determinadas
doenças transmissíveis.

De um modo muito simples, podemos descrever o processo da seguinte maneira:

99 As vacinas são substâncias biológicas preparadas a partir de micro-organismos cau-


sadores de doenças - bactérias ou vírus.

99 Esses micro-organismos, depois de submetidos a um tratamento laboratorial, per-


dem o poder de causar doença, pelo que não mais representam perigo quando
entram na constituição da vacina e, através dela, são inoculados no organismo hu-
mano.

Exemplo:

99 A vacina da BCG contém bactérias que causam a Tuberculose. Contudo, essas bac-
térias, modificadas por um processo laboratorial, estão tão enfraquecidas que não
conseguem provocar doença.

99 A vacina contra o Sarampo contém vírus respectivos. Porém, esses vírus, também
estão modificados e não conseguem desenvolver doença.
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Esses preparados de bactérias ou vírus (vacinas), quando introduzidos no organismo, esti-


mulam-no, depois de algum tempo, à criação de anticorpos contra aquela bactéria ou vírus.

Os anticorpos são os defensores do nosso organismo e têm a capacidade de eliminar a


acção dos vírus e das bactérias que, sem essa defesa, seriam capazes de causar a doença.

Os anticorpos são, assim, os elementos responsáveis pela defesa do organismo contra as


doenças.

Quando o organismo de uma pessoa já vacinada entra em contacto com o vírus ou bactéria
de outra pessoa doente, o organismo reage e defende-se através dos anticorpos produzi-
dos pela vacina, eliminando a acção dos vírus ou bactérias invasores.

Os anticorpos são específicos, isto é, protegem contra uma determinada doença para a qual
é feita a vacinação.

Por exemplo: Os anticorpos contra o vírus do Sarampo protegem apenas contra esta doen-
ça. Por isso, a vacina deve ser administrada à criança ANTES do seu contacto com o vírus do
Sarampo, para que dê tempo à formação de anticorpos.

2.3. GRUPOS-ALVO DO PAV


O grupo-alvo do PAV é um determinado grupo específico de pessoas que está em risco
comum de contrair determinadas doenças. Para se obter o grupo-alvo é relevante que seja
conhecido o número da população de cada área gerida por uma Unidade Sanitária.

Os grupos-alvo do PAV prioritários são:

99 Menores de 1 ano (0 - 11 meses)

99 Mulheres grávidas

Também constituem os grupos-alvo do PAV:

99 Mulheres em idade fértil (15-49 anos)

99 Alunos das escolas (primeiras e segundas classes)


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99 Trabalhadores de empresas cuja actividade profissional os torna vulneráveis ao ris-


co de contrair o tétano.

As crianças, que não tenham recebido todas as vacinas completamente antes de completar
um ano de vida, deverão ser vacinadas até aos 23 meses, mas devem ser registadas como
crianças fora do grupo-alvo. Estas crianças não são incluídas na avaliação do PAV.

2.4. DOENÇAS-ALVO DO PAV


As doenças-alvo do PAV são as que se podem evitar com a aplicação de vacinas específicas
incluídas no Programa. Uma vez que cada país tem a sua política em relação às vacinas a
serem usadas nos seus respectivos programas, as doenças-alvo do PAV devem ser bem defi-
nidas de modo a facilitar a sua detecção e seguimento a todos os níveis, através do sistema
da vigilância epidemiológica.

A seguir são enumeradas, de forma detalhada, as doenças preveníveis pela vacinação em


Moçambique.

2.4.1. SARAMPO

O sarampo é uma doença altamente infecciosa causada por um vírus. A doença é


frequente em algumas populações e frequentemente ocorre em proporções epidé-
micas. O sarampo epidêmico é particularmente comum em condições de hiperpo-
voamento e pobreza, onde elevado número de pessoas não imunizadas vivem em
contacto muito próximo. O sarampo é uma doença de notificação obrigatória, e é a
mais letal nas crianças dentre as doenças preveníveis pela vacinação.

Definição de caso

Presença ou história de rash cutâneo generalizado, febre e qualquer um dos seguin-


tes sinais: constipação, corrimento nasal ou vermelhidão nos olhos.

Epidemiologia

A epidemiologia do sarampo é dinâmica, mudando com o tempo à medida que os


serviços de vacinação alteram o “pool” de indivíduos susceptíveis (OMS, 1996). As
epidemias continuam a ocorrer mesmo quando as coberturas vacinais se situam aci-
8 | Programa Alargado de Vacinação

ma dos 90%. Contudo, elas são de muito pequena magnitude e são separadas por
intervalos muito longos. Isto se deve ao acúmulo de indivíduos susceptíveis (os indi-
víduos não vacinados e os que falham em fazer a seroconversão) associado ao facto
do sarampo ser uma doença altamente infecciosa.

Em condições de alta densidade populacional, é muito provável que o sarampo ocor-


ra ao longo de todo o ano, às vezes com picos sazonais. Em áreas de pouca densi-
dade populacional, a cada dois ou três anos. Nos casos em que um grande “pool”
populacional de crianças é susceptível, um único caso de sarampo pode provocar
epidemias.

As pessoas que se recuperam do sarampo são imunes por toda a vida, e crianças que
nascem de mães que tiveram sarampo, geralmente são imunes por 6 a 8 meses. A
vacinação é a intervenção mais efectiva que existe em saúde pública, para proteger
uma criança contra o Sarampo.

A vacina contra o Sarampo dada aos 9 meses, protege 85% das crianças
vacinadas. Se crianças menores de 9 meses forem vacinadas em resposta a
surtos epidêmicos, elas devem ser revacinadas aos 9 meses, pois algumas
podem não estar protegidas.

Prevenir o sarampo através da imunização terá influências profundas na morbidade e


mortalidade pela doença e trará outros benefícios através da prevenção de outras con-
dições tais como a desidratação, infecções respiratórias, cegueira, malnutrição severa e
deficiência de Vitamina A.

O vírus do sarampo é transmitido através de gotículas respiratórias libertadas por pes-


soas infectadas ao tossir ou espirrar. Os casos são infecciosos um a três dias antes do
aparecimento do rash cutâneo até 7 dias depois.

O período de incubação vai de 7 a 18 dias.

A doença propaga-se rapidamente nos locais onde as crianças e adolescentes se juntam,


tais como, hospitais, casas, escolas, mercados, centros de refugiados e locais de convívio.
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Crianças entre os 9 e 12 meses, não vacinadas, tem uma grande probabilidade de


serem infectadas pelo vírus do sarampo.

O sarampo severo é também muito provável de ocorrer nos seguintes casos:

99 Crianças malnutridas, especialmente aquelas com deficiência de Vitamina A.

99 Crianças vivendo em ambiente superlotados.

99 Crianças com fraco sistema imune devido, por exemplo, ao HIV/SIDA.

Quadro Clínico

A erupção característica que é acompanhada de inflamação da mucosa ocorre no


momento em que a imunidade para o vírus se desenvolve. A febre, constipação e
diarréia precedem a erupção. Pode haver uma erupção na boca que se apresenta
como “manchas de koplik”.

A erupção cutânea usualmente aparece primeiro por detrás das orelhas e se espalha
pela face e parte superior do tronco e depois se estende para o resto do corpo. A
erupção é macular ou mais frequentemente maculo-papular e de cor mais escura do
que a pele normal.

As seguintes complicações podem ocorrer especialmente em crianças menores de


5 anos:

99 Infecções respiratórias agudas, principalmente pneumonia, que é a doenças mais


comum associada a mortalidade por sarampo

99 Infecções do ouvido (otites)

99 Diarréia

99 Lesões da córnea (Keratomalácia) que podem provocar cegueira

99 Encefalite, entre outras complicações


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O Sarampo mata muitos infantes e crianças; assim, a vacinação contra o


sarampo fará grande diferença na redução da morbilidade e mortalidade.

Tratamento

Uma vez que trata-se de infecção viral, não existe tratamento específico. No entanto,
o tratamento sintomático é importante e deve ser feito em casa nos casos ligeiros. O
tratamento caseiro deve incluir:

99 Tratamento da febre (antitérmico, arrefecimento corporal), alimentação e cuidados


oculares (limpeza com água morna, sem usar medicamentos tradicionais).

99 Reconhecimento dos sinais de complicação, especialmente dispnéia, desidratação


e convulsões, os quais requerem que o paciente seja referido com urgência para a
unidade sanitária mais próxima.

Cuidados na unidade sanitária incluem:

99 Vitamina A, (100.000 unidades para crianças entre os 6 e 12 meses e 200.000 uni-


dades para maiores de 1 ano) a todos os casos e uma segunda dose no dia seguinte.
Se houver xeroftalmia ou keratomalácia, dar uma terceira dose uma semana mais
tarde.

99 Tratamento com antibióticos para as infecções (pneumonia, otites, etc.).

99 Tratamento da desidratação com SRO ou líquidos intravenosos.

99 Alimentação extra se houver perda de peso.

Não existe tratamento específico para o sarampo, mas a vitamina A, dada


em dois dias consecutivos, reduz drasticamente a taxa de letalidade por
sarampo.
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2.4.2. POLIOMIELITE

É uma infecção viral aguda que se propaga pela via fecal-oral. Consequentemente, a
transmissão é mais alta em áreas de pobre saneamento e água contaminada. A pa-
ralisia flácida aguda (PFA) que é a condição clínica para se suspeitar da poliomielite,
é uma doença notificável.

Definição de caso de suspeita de pólio ou paralisia flácida aguda

Qualquer caso de início súbito de paralisia flácida de um ou mais membros em crian-


ças menores de 15 anos de idade.

Epidemiologia

O vírus propaga-se pela via fecal-oral. Quase todas as crianças que vivem numa casa
onde alguém esteja infectado pelo vírus, serão infectadas. As pessoas infectadas são
muito susceptíveis de propagar o vírus 7 a 10 dias depois de manifestarem os primei-
ros sintomas da doença. Pessoas infectadas assintomáticas também podem propa-
gar a infecção.

Durante uma epidemia, somente uma pequena proporção de indivíduos manifes-


ta a doença. No entanto, embora este seja o caso, a incapacidade severa (a qual é
prevenível) torna a pólio numa doença muito séria. É a causa mais importante de
incapacidade física em crianças.

A poliomielite é causada por uma das três estirpes de poliovirus (1, 2 ou 3), e tem um
período de incubação até ao início da paralisia de 2 – 3 semanas.

A infecção pode ser assintomática ou causar uma doença febril com mal-estar, cefa-
léias, náuseas, vômitos e dores musculares. Depois de alguns dias começa a paralisia
dos membros, geralmente de distribuição assimétrica. Às vezes há envolvimento dos
músculos respiratórios (nestes casos o doente pode morrer por dificuldades de res-
pirar) e da deglutição. É possível haver recuperação completa espontânea, mas mais
frequentemente ocorre paralisia residual, a qual se não for bem tratada com fisio-
terapia, pode levar à deformidade marcada do(s) membro(s) e incapacidade física.
12 |  Programa Alargado de Vacinação

Tratamento

Não existe tratamento para esta doença. No entanto, os sintomas podem ser alivia-
dos com tratamento sintomático. Às vezes o paciente necessita de respiração assisti-
da, quando ocorre paralisia dos músculos respiratórios.

A polio é uma doença séria, sem tratamento e que deixa sequelas graves.
No entanto é facilmente prevenível pela vacinação.

2.4.3. TÉTANO NEONATAL

O tétano é uma doença neurológica aguda causada pela exotoxina (toxina) do bacilo
do tétano (Clostridium tetani), o qual cresce em tecidos mortos na ausência de oxigê-
nio, como por exemplo, em feridas profundas e sujas, ou no coto do cordão umbilical
do bebé. O bacilo forma esporos que podem sobreviver no ambiente, particularmen-
te na superfície de metais enferrujados. A toxina que produzem, intoxica os nervos
que controlam os músculos e causa rigidez.

Os recém-nascidos podem sofrer de tétano neonatal (TNN), que ocorre via cordão
umbilical se o parto ou cuidados pós-parto não tiverem sido assépticos (limpos). A
infecção ocorre como resultado do uso de instrumentos contaminados. Qualquer
pessoa pode apanhar tétano. O tétano neonatal é uma doença notificável.

Definição de caso

Doença caracterizada por início entre o 3o e o 28o dias de idade e história de incapaci-
dade de sugar, seguida de rigidez e ou espasmo muscular, e frequentemente, morte.

Epidemiologia

O reservatório do bacilo é o meio ambiente em locais com poeira e lixo. É uma doença co-
mum com uma taxa de letalidade muito alta. Os que trabalham nas machambas, recém-
nascidos ou qualquer pessoa com ferida suja tem um risco maior de ter a doença. Está
também associada à convivência com animais, falta de vacinação ou vacinação incomple-
ta e aplicação de remédios tradicionais como cinzas ou outro tipo de sujidade nas feridas.
Programa Alargado de Vacinação  | 13

A magnitude do tétano neonatal não é conhecida porque muitas das mortes ocor-
rem em casa e são poucas vezes reportadas pela comunidade.

Os recém-nascidos tornam-se infectados se:

99 faca, lâmina ou outro instrumento usado para cortar o cordão umbilical estiver sujo.

99 fezes ou cinza são usadas para esfregar no cordão ou se a areia entrar no cordão
umbilical do bebé.

99 as mãos da pessoa que faz o parto não estiverem limpas.

Bebés e crianças também podem contrair o tétano quando instrumentos sujos são
usados para circuncisão, para perfurar a pele ou quando carvão, sujidade ou outras
substâncias desconhecidas são usadas para esfregar na ferida.

Quadro clínico

A doença é caracterizada por espasmo doloroso e involuntário dos músculos volun-


tários.

O recém-nascido nasce normal, mas pára de sugar 3 a 10 dias mais tarde. O bebé
fica irritável e chora muito. Em seguida ocorre rigidez generalizada, convulsões e
espasmos musculares severos por estímulos como tocar na criança, barulho ou luz.
A morte segue-se em muitos casos.

Os músculos da mandíbula são frequentemente os primeiros a serem afectados pela


contração espástica, dando o característico “riso sardônico”. Mais tarde são cada vez
mais envolvidos outros grupos musculares resultando no quadro característico de
rigidez da nuca, rigidez abdominal (opistótonus) e dificuldades em respirar e deglutir.

Prevenção

Indivíduos imunizados com TT (toxóide tetânico) desenvolvem anticorpos contra o


tétano. Mulheres grávidas com vacinação anti-tetánica em dia passam os anticorpos
para seus bebés, assim, garantindo sua protecção contra o tétano à nascença, mas
por período limitado. Por isso, a VAT correcta às mulheres em idade fértil (incluindo
grávidas) protege a mãe e ao bebé contra o tétano.
14 |  Programa Alargado de Vacinação

O tétano neonatal também pode ser prevenido se forem observadas as condições de


assepsia em todos os momentos do parto.

Adicionalmente, o manejo adequado das feridas também previne o tétano. As feri-


das devem ser completamente limpas e todo o tecido morto removido. Pessoas com
feridas sujas e que não estejam completamente protegidas contra o tétano, devem
receber imunoglobulina tetânica para neutralizar os efeitos da toxina.

2.4.4. TUBERCULOSE

A tuberculose (TB) é causada pelo Mycobacterium tuberculosis, um bacilo gram po-


sitivo também conhecido por Bacilo de Koch. Afecta primariamente os pulmões, mas
outras partes do corpo podem ser atingidas, tais como, os ossos, as articulações, os
rins e o cérebro.

Casos suspeitos de tuberculose

Qualquer criança doente com história de contacto com um caso suspeito ou confir-
mado de tuberculose pulmonar.

Qualquer criança com as seguintes características:

99 Perda de peso, tosse e expectoração, que não respondem ao tratamento antibiótico


para doenças respiratórias agudas.

99 Massa anormal no corpo, dura, não dolorosa e livremente móvel debaixo da pele.

99 Nódulos linfáticos aumentados, firmes e não dolorosos.

Epidemiologia

A TB é endêmica em Moçambique, tanto nas áreas rurais como nas urbanas, e afecta
todas as idades. O HIV/SIDA e a falência terapêutica são factores contribuintes para
o agravamento do impacto da doença.

A fonte de infecção é uma pessoa com tuberculose pulmonar com baciloscopia posi-
tiva e que transmite a doença através da tosse.

O período de incubação é de 4 – 12 semanas, mas a infecção pode persistir por me-


Programa Alargado de Vacinação  | 15

ses ou anos antes da doença se tornar sintomática.

Os factores de risco para a tuberculose incluem:

99 Imunodeficiência

99 Malnutrição

99 Alcoolismo

99 Diabetes

99 Superlotação (superpovoamento)

99 Locais com ventilação inadequada e contacto próximo com pessoa infectada

Quadro clínico

História de tosse há mais de 4 semanas.

Quadro de sudação nocturna, fraqueza geral e perda de peso.

Prevenção

A BCG protege principalmente contra as formas infantis severas de TB, que são a
tuberculose miliar e a meningites tuberculosa. Não protege efectivamente contra a
forma adulta da tuberculose.

Tratamento

Pessoas com tuberculose devem completar o curso da terapia curativa, o qual usual-
mente inclui duas ou mais drogas antituberculosas por pelo menos 6 meses. Infeliz-
mente, algumas pessoas não tomam a medicação como prescrito ou não completam
o curso de terapia. Isto pode levar a formação de estirpes resistentes às drogas da TB,
que podem ser propagadas às outras pessoas.

2.4.5. DIFTERIA

É uma infecção aguda causada por estirpes de Corynebacterium diphtheria que pro-
duzem a toxina diftérica. A toxina pode lesar ou destruir os tecidos do corpo humano
16 |  Programa Alargado de Vacinação

e órgãos. Há dois tipos:

99 Forma tóxica: com falência cardíaca, contrações miocárdiacas fracas, pulso rápido,
fraco e pressão arterial baixa.

99 Forma obstructiva: na qual as membranas necróticas podem propagar-se a partir da


garganta e obstruir a laringe.

A difteria afecta pessoas de todas as idades, mas principalmente crianças não-imuni-


zadas menores de 15 anos.

Definição de caso

Dor de garganta, febre e membrana esbranquiçada aderente às amígdalas, faringe e


ou passagens nasais.

Epidemiologia

A difteria propaga-se quer por contacto directo pessoa-a-pessoa, ou através de go-


tículas quando um portador tosse. O portador pode ser assintomático e imune. A
propagação da doença é favorecida em locais superpovoados e com baixas condi-
ções de vida.

O período de incubação é de 1 – 7 dias. As pessoas infectadas podem propagar a do-


ença até 4 semanas. Raramente, podem continuar infectantes até 6 meses. Durante
os surtos e epidemias, algumas crianças podem ser portadoras assintomáticas, mas
ainda podem espalhar a doença às outras pessoas.

Quadro clínico

Quando a difteria afecta a garganta e as amígdalas, os sintomas precoces são a dor


de garganta, perda de apetite e febre ligeira. Dentro de 2 ou 3 dias, aparece uma
membrana esbranquiçada ou acinzentada na garganta e amígdalas e os gânglios do
pescoço aumentam de volume. Os pacientes podem recuperar ou desenvolver fra-
queza severa e morrer dentro de 6 a 10 dias.
Programa Alargado de Vacinação  | 17

Tratamento

Casos de difteria devem ser tratados com toxina anti-diftérica e antibióticos, e de-
vem ser isolados para evitar exposição às outras pessoas. Culturas das secreções da
garganta devem ser feitas para confirmar o diagnóstico. Os pacientes tornam-se não
infecciosos dois dias depois de iniciarem o tratamento antibiótico.

2.4.6. PERTUSSIS (TOSSE CONVULSA)

É uma doença bacteriana causada pelo Bordatella pertussis, que vive na boca, nariz e
garganta. A doença é extremamente contagiosa, especialmente em ambientes de su-
perpovoamento e má nutrição. Muitas crianças com pertussis apresentam quadros
de tosse que duram 4 a 8 semanas. A doença é comum em crianças não imunizadas.
A tosse convulsa tem uma mortalidade elevada quando afecta crianças com menos
de 1 ano de idade. Devido à tosse com vómitos constantes, o estado nutricional da
criança doente tende a complicar-se.

Definição de caso

Tosse há pelo menos duas semanas e caracterizada por, pelo menos, um dos seguin-
tes sinas: tosse, inspiração em guincho ou vômito a seguir à tosse sem outra causa
aparente.

Epidemiologia

A pertussis propaga-se muito facilmente de pessoa-para-pessoa através de gotículas


produzidas pela tosse ou espirro. Muitas pessoas expostas ao germe tornam-se in-
fectadas. A doença é transmitida a partir de 7 dias depois da exposição até 3 sema-
nas depois do início da tosse. O período de infecção pode ir até 21 dias. Ocorre pouca
ou nenhuma transferência de imunidade da mãe para o filho. Infantes e crianças
pequenas são muito susceptíveis de se tornar infectadas, desenvolver complicações
sérias e morrer. Popularmente, a tosse convulsa é chamada “doença dos seis meses”
e figura em segundo lugar, depois do sarampo, entre as doenças causadoras de com-
plicações sérias em crianças.
18 |  Programa Alargado de Vacinação

Quadro clínico

Descrevem-se 3 estágios no caso típico de tosse convulsa. Eles são:

99 Estágio 1: inicialmente, por volta da primeira semana, há um estágio catarral, com


sintomas respiratórios superiores semelhantes aos de um resfriado comum. A
criança parece ter um resfriado comum com corrimento nasal, olhos lacrimejantes,
febre e tosse. A tosse piora gradualmente.

99 Estágio 2: envolve acessos de tosse rápida. No fim destes acessos, a criança inspira
com um guincho. A criança pode ficar cianótica devido à falta de oxigênio durante
os acessos de tosse. Vômito e exaustão frequentemente ocorrem a seguir aos ata-
ques de tosse, que são particularmente frequentes à noite. Este estágio dura uma
a seis semanas, mas pode ir até 10 semanas. Os ataques tornam-se menos severos
com o passar do tempo.

99 Estágio 3: a tosse gradualmente torna-se menos intensa e pára em 2 a 3 semanas.


Geralmente há febre alta durante o curso da doença.

As complicações são mais prováveis em crianças menores e incluem a pneumonia,


que é a complicação mais comum e causa mais comum de morte, convulsões, perda
de apetite, otite e desidratação.

Tratamento

Os antibióticos ajudam a reduzir os episódios de tosse e no tratamento de com-


plicações como pneumonia e otite média. Deve-se também dar muito líquido para
prevenir a desidratação.

A eritromicina é usada para a profilaxia dos contactos (reduz a propagação secundá-


ria entre os contactos) especialmente quando administrada poucos dias depois do
início dos sintomas.

2.4.7. HEPATITE B

A hepatite B é o maior problema de saúde pública no mundo. Aproximadamente


30% da população mundial tem evidências serológicas de infecção pelo vírus da he-
Programa Alargado de Vacinação  | 19

patite B (VHB). É uma doença viral altamente infecciosa e que afecta o fígado.

Muitas das consequências sérias da infecção pelo virus da hepatite B (VHB) ocorre
entre pessoas que se tornam cronicamente infectadas. Pessoas com infecção crônica
geralmente são assintomáticas durante décadas depois da infecção e 15-25% destas
pessoas desenvolvem cancro do fígado ou cirrose. Estes portadores crônicos tam-
bém são um reservatório importante para a transmissão de novas infecções.

Diagnóstico

O vírus da hepatite B é um dos 5 vírus causadores da hepatite no homem. A doença


aguda causada por todos estes vírus é similar e é necessário fazer testes laboratoriais
específicos para determinar o vírus causador numa pessoa com sinais e ou sintomas
de hepatite aguda.

As crianças geralmente são assintomáticas quando são infectadas pelo VHB, mas fre-
quentemente desenvolvem infecção crônica. Assim, os casos reportados de hepatite
B subestimam a magnitude da doença, particularmente em países com alta endemi-
cidade da infecção pelo VHB, onde a maioria das infecções crônicas são adquiridas
na infância.

Epidemiologia

A doença é altamente endêmica em África. 60 – 90% são infectadas até à idade adul-
ta, dos quais 5 – 25% são portadores crônicos. A transmissão do VHB pode ocorrer
com a exposição percutânea ou da mucosa, de sangue ou fluídos corporais de porta-
dores. O vírus é encontrado em altas concentrações no sangue e exudatos serosos,
moderada no sêmen e fluído vaginal, e baixa na saliva.

As vias primárias de transmissão são:

99 Perinatal (da mãe para o filho)

99 De criança para criança

99 De injecções e transfusões contaminados

99 Contacto sexual
20 |  Programa Alargado de Vacinação

A transmissão perinatal geralmente ocorre desde a exposição ao sangue materno, ao


líquido amniótico e ou fluído vaginal na altura do parto.

A transmissão pessoa para pessoa (criança para criança), responde pela maioria das
infecções pelo VHB á nível mundial. Ocorre em contactos interpessoais através de
feridas e ulcerações. Muitas crianças se infectam nos primeiros anos de vida.

Nas unidades sanitárias, a infecção pelo VHB pode ser transmitida através de agulhas
e seringas usadas e outro equipamento que não tenha sido devidamente esteriliza-
do, e através de transfusão de sangue contaminado e que não tenha sido testado
para o antígeno do VHB (AgHbs).

A transmissão sexual pode contribuir para uma alta proporção de casos de hepatite B
entre os adolescentes e adultos em países com uma baixa prevalência da hepatite B.
Em países com alta prevalência a maioria das pessoas já terá sido infectada durante
a infância.

Quadro clínico

Quando uma pessoa é infectada pela primeira vez com o VHB pode apresentar do-
ença sintomática (hepatite B aguda) ou pode ter uma infecção assintomática, sem
sinais nem sintomas da doença. Independentemente de serem sintomáticos ou as-
sintomáticos, podem em ambos os casos se recuperar da infecção e desenvolver
uma imunidade duradoura, ou desenvolver uma infecção crônica que usualmente
permanece pelo resto da vida.

Em pessoas com hepatite B aguda, o período de incubação é usualmente de 3 – 4


meses, com uma variação de 6 semanas a 6 meses. Os sintomas e sinais da doença
geralmente duram várias semanas e incluem perda de apetite, fraqueza, náuseas,
vômitos, dor abdominal, icterícia (pele e olhos amarelados), urina carregada, rash
cutâneo e dor nas articulações. Cerca de 1 – 2 % de pessoas com hepatite B morrem
de hepatite fulminante.

Prevenção

Existe uma vacina segura e eficaz contra a hepatite B há aproximadamente 30 anos.


A vacina da hepatite B é eficaz na prevenção da infecção pelo VHB quando é aplicada
Programa Alargado de Vacinação  | 21

quer antes ou pouco depois da exposição ao vírus. A OMS recomenda a inclusão da


vacina da hepatite B em todos os programas de vacinação de rotina de todos os paí-
ses. Moçambique introduziu a vacina contra a hepatite B no programa de vacinação
em Julho de 2001, sob a forma combinada de DPT/Hepatite B. O objectivo primário
da vacinação contra a hepatite B é prevenir a infecção crônica que ocorre na infância,
a qual pode resultar em doença crônica do fígado mais tarde na vida.

Tratamento

Não existe tratamento específico para o vírus da hepatite B. Geralmente, recomen-


da-se dieta com baixo teor de gorduras e não consumo de álcool.

2.8. Doenças causadas pelo Haemophilus influenzae


Introdução

Infecções causadas pelo Haemophilus influenzae (Hib) são uma das principais causas de
morbidade e mortalidade em crianças menores de 5 anos no mundo. As manifestações
mais importantes causadas pelo Hib são pneumonia, meningite e outras patologias como
a epiglotite, septicemia, celulite, artrite, osteomielite, pericardite devido a metástases sép-
ticas à distância.

O Haemophilus influenzae é um cocobacilo Gram-negativo, aeróbio. Estirpes não-capsula-


das são menos virulentas do que as capsuladas. Estirpes capsuladas podem ser classificadas
em seis serotipos (tipo a,b,c,d,e,f), a partir da diferença antigênica da cápsula polissacarídi-
ca. São conhecidas por causar doença mas, o tipo b é o mais virulento e é responsável pelos
quadros clínicos mais graves.

Idade

A infecção é mais comum em crianças menores de 5 anos e as crianças entre 4 à 18 meses


estão em maior risco. Nos recém nascidos, os anticorpos maternos protegem da infecção
mas por volta dos 2 à 3 meses esta protecção entra em queda e a incidência da infecção
aumenta.
22 |  Programa Alargado de Vacinação

Epidemiologia

O Haemophilus influenzae, incluindo Haemophilus influenzae tipo b, são comensais da na-


sofaringe das crianças. Portanto, as bactérias são passadas de criança para criança através
de gotículas e secreções nasofaringeas quando uma criança infectada tosse ou espirra. A
transmissão pode ainda ocorrer quando partilham brinquedos ou outros objectos que le-
vam a boca.

O reservatório do H. influenzae é o homem doente ou portador .

Nos países em desenvolvimento 3% à 20% dos casos são fatais. Das crianças que sobrevi-
vem 30 a 40% ficam com deficiência neurológica permanente como paralisia, atraso mental
e/ou perda auditiva.

Geralmente o período de incubação é de 2 a 4 dias e a transmissão é interrompida após 48h


de antibioterapia eficaz.

A OMS recomenda que a vacina Hib seja incluída na rotina dos programas de imunização.

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico e laboratorial, sendo o principal exame laboratorial a amostra do


liquido cefaloraquídeo.

Controlo dos contactos

A quimioprofilaxia é feita com Rifampicina e só é importante se o contacto tem menos de


4 anos, não esta imunizado e teve contacto com o doente há menos de 4 dias. Neste caso
a dosagem é a seguinte:

99 Crianças com menos de 1 mês: 5mg/kg em cada toma

99 Outras crianças e adultos: 10mg/kg em cada toma, até um máximo de 600mg

Prevenção

Vacina
Programa Alargado de Vacinação  | 23

Meningite por Haemophilus influenzae

É a infecção da membrana que cobre a medula espinal e o cérebro, provocando inflamação


da mesma.

Diagnóstico

A. Clínico: caracterizado por febre, calafrios, cefaléia intensa, náuseas, vômitos,


irritabilidade ou agitação, abaulamento da fontanela, convulsões, alteração do
estado de consciência, sinais meníngeos (sonolência, rigidez da nuca, sinais de
Kerning e Brudzinski presentes), prostração, opistótonus e hipotonia.

B. Laboratorial: o exame bacteriológico, esfregaço corado com Gram, cultura e tes-


te de sensibilidade a antibióticos, é feito com amostra do líquido cefalo-raquí-
deo (LCR).

Tratamento

99 Isolamento nas primeiras 48 horas de antibioterapia.

99 Antibioterapia com ampicilina e cloranfenicol ou cefalosporina da 3ª geração.

Pneumonia por Haemophilus influenzae

Nos países em desenvolvimento é a maior causa de infecção pulmonar baixa na faixa etária
dos 2 meses até 5 anos.

Diagnóstico

A. Clínico: Caracteriza-se por início agudo de febre e tosse. Os achados do exame físico
podem ser: dispnéia com ou sem tiragem, expansibilidade torácica diminuída, macicez e
murmúrio vesicular diminuído, estertores crepitantes, sopro tubárico.

B. Radiológico: o Rx do tórax pode apresentar padrão lobar, bronco-alveolar ou intersticial.


O derrame pleural pode estar associado.

C. Laboratorial: o hemograma pode revelar leucocitose com neutrofilia ou leucopénia. As-


pirado traqueal ou lavado bronco-alveolar para a baciloscopia e cultura. Hemocultura.
24 |  Programa Alargado de Vacinação

Tratamento

99 Isolamento nas primeiras 48 horas de antibioterapia.

99 Antibioterapia com ampicilina e cloranfenicol, ou cefalosporina de 3ª geração.


Programa Alargado de Vacinação  | 25

3. VACINAÇÃO E CALENDÁRIO
VACINAL

OBJECTIVOS

No final do tema, os alunos devem ser capazes de:

1. Conhecer os diferentes calendários vacinal em uso no Pais;

RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/


APRENDIZAGEM
Objectivos da Ensino/Aprendizagem
Conteúdo
Aprendizagem Actividades
Conhecer o As aulas práticas serão desenvolvidas com a
calendário vacinal demostracao passo a passo dos procedimentos
em uso no Pais de preenchimento do calendário vacinal e
Calendário Vacinal Conhecer o utilizando o método de estudo de caso onde
intervalo mínimo de os estudantes serão divididos em grupos.
separação de uma Cada grupo será atribuído um caso para
dose para outra. apresentação em plenária.

O objectivo da vacinação no país é garantir que todas as crianças recebam todas as doses
de todos os antígenos antes do seu primeiro aniversário, embora crianças até aos 23 meses
permaneçam elegíveis para a vacinação de rotina. Uma criança completamente vacinada é
aquela que tenha recebido a BCG, Sarampo, VAP3 e DPT/Hepatite B3 até ao seu primeiro
ano de vida. As crianças que abandonam – isto é, as que não completam o ciclo vacinal –
devem ser identificadas e seguidas.
26 |  Programa Alargado de Vacinação

O MISAU adoptou a política de oferecer os serviços de vacinação de rotina às crianças e


mulheres de uma idade específica para satisfazer as necessidades do país. Os serviços de
vacinação devem ser integrados com outros aspectos de promoção da saúde, tais como,
educação para a saúde e aconselhamento, suplementação em micronutrientes, planea-
mento familiar, cuidados pré-natais e pós-natais. Adicionalmente ao esquema de rotina,
em caso de necessidade, são também organizadas campanhas especiais de vacinação.

3.1. VACINAÇÃO DA CRIANÇA


3.1.1. Calendário vacinal

Cada criança deve receber uma dose de BCG, quatro de VAP, três de DPT/Hepatite
B+Hib e uma dose de Sarampo antes do seu primeiro aniversário. Se a criança é vista
na unidade sanitária ou se ela se apresenta no posto de vacinação da brigada móvel
nas primeiras duas semanas de vida (até 13 dias de idade) deve receber a VAP0 ao
mesmo tempo que a BCG.

Para as vacinas de doses múltiplas como a VAP e a DPT/Hepatite B+Hib, é enfatizado


que o intervalo entre as doses deve ser de pelo menos 4 (quatro) semanas. Dar doses
de uma vacina com um intervalo menor do que as 4 semanas recomendadas pode
reduzir a resposta da produção dos anticorpos. No entanto, um intervalo entre as
doses maior do que o recomendado, não reduz a concentração final dos anticorpos.

Quando uma criança está atrasada, inicie as doses o mais cedo possível. Se uma dose
de DPT/Hepatite B+Hib ou VAP é perdida (oportunidade perdida), a vacinação na
ocasião seguinte deve continuar como se o intervalo usual tivesse passado, e não é
necessário dar uma dose extra.

A vacina (Hib) contra o Haemophilus influenzae protege as crianças a partir dos 2


meses de vida. É segura e altamente eficaz, 90-99% das crianças desenvolvem an-
ticorpos depois de três doses de aplicação. A vacina contra Haemophilus influenzae
do tipo b está indicada para a imunização de rotina nos programas de vacinação, de
crianças entre 2 meses e 5 anos de idade.
Programa Alargado de Vacinação  | 27

Tabela 1. Calendário Vacinal da Criança

VACINA IDADE IDADE MÍNIMA

BCG À nascença ou ao 1o contacto À nascença

À nascença ou ao 1o contacto
VAP0 (Pólio Primária) À nascença
antes das 6 semanas de vida

VAP1 e DPT/Hepatite À 6a semana de vida ou ao 1o


6 semanas
B1+Hib contacto depois das 6 semanas

À 10a semana ou 4 semanas


VAP2 e DPT/Hepatite
depois da VAP1 e DPT/Hepatite 10 semanas
B2+Hib
B1+Hib
À 14a semana ou 4 semanas
VAP3 e DPT/Hepatite
depois da VAP2 e DPT/Hepatite 14 semanas
B3+Hib
B2+Hib

Ao 9o mês ou 1o contacto depois


Sarampo 8,5 meses
dos 9 meses

3.1.2. Administração simultânea de vacinas

Múltiplas vacinas podem ser dadas ao mesmo tempo. Por exemplo, a BCG, VAP0,
ou a VAP1 e a DPT/Hepatite B1+Hib, devem ser dadas ao mesmo tempo se a criança
for elegível para tal. Isto reduz o número de contactos necessários para completar o
calendário vacinal.

É importante que a criança receba as vacinas antes de ser exposta às doenças, mas
depois da perda suficiente de anticorpos maternos, dado que eles influenciam a efi-
cácia das vacinas. Em alguns casos a vacinação antes das idades recomendadas pode
ser eficaz. No entanto, crianças mais novas do que a idade recomendada não devem
ser vacinadas, excepto em circunstâncias excepcionais autorizadas pelas autoridades
sanitárias á nível nacional. Crianças vacinadas em idade precoce do que a recomen-
dada, podem não manter a protecção necessária contra as doenças sem doses de
reforço.
28 |  Programa Alargado de Vacinação

3.1.3. Vacinação de recuperação

Crianças mais velhas que não estejam completamente vacinadas devem receber as
doses perdidas. Todas as outras doses em falta devem ser dadas a intervalos de tem-
po normais, de acordo com o calendário.

3.1.4. Contra-indicações para a vacinação

Existem poucas contra-indicações absolutas para a vacinação. O risco de adiar uma


vacinação por causa de uma doença intercorrente, é que a criança pode não voltar e
perder-se a oportunidade. Em todo o mundo, oportunidades perdidas por causa de
falsas contra-indicações, são a principal causa do atraso em completar a vacinação
ou da não vacinação.

Em geral, o PAV recomenda que todos os trabalhadores da saúde devem usar todas
as oportunidades para vacinar as crianças elegíveis; a vacina deve ser dada à todas
as criança elegíveis que frequentam todos os estabelecimentos de saúde, mesmo
em regime ambulatório. Crianças hospitalizadas devem ser vacinadas logo que a sua
condição clínica melhore, pelo menos antes de terem alta do hospital. A vacina anti-
sarampo deve, preferencialmente, ser administrada na admissão, devido ao risco de
transmissão nosocomial do sarampo.

99 Contra-indicação absoluta

Indivíduos com doenças imuno-deficientes, ou sob terapia com agentes imunossu-


pessores, ou radiação, geralmente, não devem receber vacinas vivas. No entanto,
todos os antígenos excepto a BCG, devem ser dados à todas as crianças com HIV/
SIDA sintomático.

Um efeito adverso severo a seguir à aplicação de uma dose de vacina (anafilaxia ou


alergia a qualquer um dos componentes da vacina por exemplo toxóide da Difteria
para o caso de Hib, colapso ou shock, convulsões não febris) constitui uma verdadei-
ra contra-indicação à vacinação. A mãe e o trabalhador de saúde podem facilmente
reconhecer tais efeitos. Uma segunda ou terceira dose de DPT/Hepatite B+Hib não
deve ser administrada a uma criança que tenha sofrido tais reacções adversas à uma
dose prévia.
Programa Alargado de Vacinação  | 29

99 Falsas contra-indicações

É particularmente importante vacinar crianças sofrendo de mal-nutrição. Febre bai-


xa, infecções respiratórias médias e outras doenças menores não devem ser consi-
deradas como uma contra-indicação para a vacinação. A diarréia não deve ser consi-
derada contra-indicação para a VAP.

Algumas condições que não são contra-indicação para a vacinação são:

99 Doenças menores tais como, infecções respiratórias superiores ou diarréia, febre <
38.5oC.

99 Alergia, asma ou outra manifestação atípica, febre do feno

99 Malnutrição

99 Amamentação

99 História familiar de convulsões

99 Tratamento com antibióticos, dose baixa de corticosteróides

99 Dermatoses, eczema ou infecção localizada na pele

99 Doença crônica do coração, pulmões ou fígado

99 História de icterícia logo depois do nascimento

As mães ou outros responsáveis pelas crianças, devem ser encorajados a conservar o


cartão de registo de peso e vacinas das suas crianças mesmo depois da infância para
referência futura.

3.1.5. Efeitos colaterais

Não foram reportados efeitos secundários graves. No entanto, pode ocorrer febre
e irritabilidade, dor no local e um pequeno inchaço avermelhado dentro de 3 dias.
Neste caso a criança pode ser tratada com Paracetamol.
30 |  Programa Alargado de Vacinação

3.2. MULHER GRÁVIDA E MULHER EM IDADE FÉRTIL (MIF)


Todos os contactos com mulheres em idade fértil devem ser usados para verificar se a
sua vacinação está em dia e dar o conselho apropriado. Isto deve levar a uma redução de
oportunidades perdidas de vacinar com VAT e melhorar as coberturas com esta vacina.
Cada dose de VAT deve ser registada no cartão de VAT da mulher. Doses recebidas durante
a gravidez devem ser registadas tanto na fica pré-natal assim como no cartão de VAT. Doses
recebidas antes da gravidez actual devem ser transferidas do cartão de VAT para a ficha
pré-natal.

A política em Moçambique é que cada grávida deve ser protegida contra o tétano neonatal,
aderindo ao esquema da tabela 2 abaixo. As doses de tétano recebidas durante a infância
podem contar para o esquema da VAT e a DPT3 conta como VAT2. Se uma mulher tiver uma
história documentada de cinco (5) injecções de VAT, ela não precisa fazer doses adicionais
de VAT, dado que cinco (5) doses dão uma protecção completa durante os anos de idade
fértil como mostrado na tabela 3.

Tabela 2. Calendário Vacinal da Mulher Grávida/MIF

DOSE DE VAT CONTACTO


VAT 1 Ao primeiro contacto ou o mais cedo possível durante a gravidez ,
incluindo o primeiro trimestre
VAT 2 Pelo menos quatro (4) semanas depois de VAT 1
VAT 3 Pelo menos 6 meses depois da VAT 2 ou durante a gravidez subsequente
VAT 4 Pelo menos 1 ano depois da VAT 3 ou durante a gravidez subsequente
VAT 5 Pelo menos 1 ano depois de VAT 4 ou durante a gravidez subsequente

Este é o calendário ideal. Se não fôr possível segui-lo exactamente, deve-se adaptá-lo às
condições locais.
Programa Alargado de Vacinação  | 31

Tabela 3. Duração esperada da imunidade depois da aplicação de diferentes doses de VAT


em Mulheres em Idade Fértil (15 – 49 anos)

DURAÇÃO DA
DOSES INTERVALO MÍNIMO PROTECÇÃO
PROTECÇÃO
VAT1 1O CONTACTO 0 0
VAT2 4 SEMANAS 80% 3 ANOS
VAT3 6 MESES 95% 5 ANOS
VAT4 1 ANO 99% 10 ANOS
VAT5 1 ANO 99% TODA A VIDA

No esquema vacinal do PAV de rotina, os grupos visados pela VAT compreendem as grávi-
das, as mulheres em idade fértil, os alunos do 1º ingresso e os trabalhadores.

É necessário, no entanto, ter presente que as vacinas antitetânicas anteriormente recebi-


das, isto é, na infância, idade escolar etc, são contadas para o cumprimento do calendário,
desde que entre elas tenham sido respeitados os intervalos mínimos. Não há intervalo má-
ximo entre as doses.

A comprovação de vacinações anteriores exige a apresentação de um documento válido


das Unidades Sanitárias onde foram efectuadas (cartão de saúde da criança, ficha de con-
sulta pré-natal, etc).

Na falta de comprovação nas condições referidas, a mulher deve iniciar e completar o ca-
lendário de 5 doses. Neste caso, se a mulher estiver grávida, deve fazer 2 doses durante a
gestação (Consulta Pré-Natal), uma 3.ª dose quando o filho fôr vacinado contra o sarampo,
ficando a 4.ª dose para além de um ano e a 5.ª dose, passado também um outro ano.

O quadro seguinte indica a conduta a seguir em algumas situações que se podem apresen-
tar comprovadas.
32 |  Programa Alargado de Vacinação

Tabela 4. Situações a considerar na vacina antitetânica (MIF’s)

DOSES JÁ RECEBIDAS DOSES A RECEBER

NA INFÂNCIA NA ESCOLA NA IDADE ADULTA

Doses Doses Doses


VACINA-DOSES VACINA - DOSES VACINA - DOSES
válidas válidas válidas

DPT0 ou 1 Dose 0 VAT0 ou 1 Dose 0 Iniciar calendário 5

fazer 3.ª,4.e 5.ª


DPT0 ou 1 Dose 0 VAT - 2 Doses 2 3
Doses
DPT2 ou 3 fazer 3.ª,4.e 5.ª
2 VAT - 0 Doses 0 3
Doses Doses
2 doses com um
DPT2 ou 3
2 inter- valo mínimo de 2 Completa a 5 Dose 1
Doses
1 Ano

A última hipótese - 2 doses na infância e 2 doses na escola - só é válida se o intervalo entre


as duas doses recebidas na escola for superior a um ano (1.ª e 2.ª classes).

Se o intervalo for inferior (4 semanas por exemplo) deve-se contar apenas uma dose, anu-
lando a segunda por não corresponder ao intervalo entre a 3.ª e 4.ª doses do calendário.

As vacinas recebidas na infância, na escola ou noutras situações, só po-


derão ser consideradas válidas quando comprovadas por um documento
oficial e reconhecido pelo MISAU.

Não há intervalo máximo entre as doses

3.3. ACTIVIDADES ESPECIAIS DE VACINAÇÃO


Moçambique também adoptou as políticas e princípios da OMS em relacção à eliminação
Programa Alargado de Vacinação  | 33

do sarampo, eliminação do tétano neonatal e erradicação da poliomielite. Estas políticas


incluem campanhas de vacinação especiais, direccionadas a grupos de idade diferentes
daqueles da vacinação de rotina.

3.3.1. Eliminação do Sarampo

As estratégias para a eliminação do sarampo incluem:

99 Atingir coberturas de vacinação de rotina iguais ou superiores a 95% com uma dose
de vacina anti-sarampo dada aos 9 meses de idade.

99 Realizar uma vez a nível nacional, uma campanha de vacinação de ataque para in-
terromper a transmissão.

99 Fazer á nível nacional, campanhas periódicas de seguimento para manter a inter-


rupção da transmissão do sarampo.

99 Estabelecer a vigilância baseada no caso com confirmação laboratorial.

A eliminação do sarampo requer uma vigilância intensiva a todos os níveis. Qualquer


caso de suspeita de sarampo deve ser investigado. Isto implica preencher a ficha de
investigação de caso, colher amostra de sangue entre 0 – 30 dias depois do início do
rash e amostras de urina dos casos detectados somente durante 0 – 7 dias depois do
início.

3.3.2. Erradicação da Pólio

As seguintes 4 actividades são necessárias no processo de erradicação da Pólio:

99 Vacinação de rotina: atingir e manter altos níveis de cobertura com VAP3 (pelo me-
nos 80% em todos os distritos).

99 Vigilância Epidemiológica: focalizar na vigilância da paralisia flácida aguda (PFA), um


sistema para detectar todos os casos de paralisia flácida aguda e confirmar se são
ou não pólio.

99 DNV`s (Dias Nacionais de Vacinação): dar doses suplementares de VAP a todas as


crianças dos 0 – 59 meses.
34 |  Programa Alargado de Vacinação

99 Actividades de limpeza: campanhas sub-nacionais de vacinação antipólio, somente


numa área focal, quando nela se suspeite da circulação do vírus da pólio.

Moçambique está comprometido com os esforços globais de erradicação da pólio e tem le-
vado a cabo com sucesso, campanhas dos DNV`s em 1996, 1997, 1998 e 1999. A vigilância da
PFA é parte integral dos esforços para a erradicação da Pólio. Qualquer caso de PFA em crian-
ças menores de 15 anos de idade deve ser notificado. As investigações devem ser iniciadas o
mais cedo quanto possível incluindo a colecta de duas (2) amostras de fezes, de preferência
dentro dos primeiros 14 dias depois do início da paralisia. As amostras de fezes podem ainda
ser colhidas até 60 dias depois do início da paralisia. Um exame de seguimento para definir a
paralisia residual deve ser feito pelo menos 60 dias depois do início da paralisia.

3.3.3. Eliminação do tétano neonatal

Para reduzir a incidência do tétano neonatal para menos do que 1caso em cada 1000 nacidos
vivos, Moçambique propõe-se a:

99 Elevar a cobertura de VAT em mulheres em idade fértil através da redução de oportunidades


perdidas;

99 Intensificar a mobilização social e informação, educação e comunicação (IEC) a todos os con-


tactos e;

99 Melhorar a vigilância epidemiológica. Dando ênfase as actividades especiais em áreas de


alto risco.

Outra estratégia de suporte à vacinação na eliminação do tétano neonatal é a observância dos


“cinco aspectos” de assépsia durante o parto:

99 limpar o local de parto;

99 lavar bem as mãos;

99 usar fios limpos para laquear o cordão umbilical;

99 usar lâmina ou tesoura limpa para cortar o cordão e;

99 limpar bem o coto umbilical.


Programa Alargado de Vacinação  | 35

4. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE
VACINA

OBJECTIVOS

No final do tema, os alunos devem ser capazes de:

1. Conhecer as vias de administração de cada tipo de vacina

2. Diferenciar os tipos de seringas usadas para cada tipo de vacina

3. Identificar as contra-indicações e efeitos colaterais de cada vacina


36 |  Programa Alargado de Vacinação

RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/


APRENDIZAGEM
Objectivos da Ensino/Aprendizagem
Conteúdo
Aprendizagem Actividades
As aulas consistirão em exposições dialogadas das
Conhecer as vias de técnicas de vacinação auxiliado pelo método de
administração de demonstração com recursos didáticos como é o caso
cada tipo de vacina de projetor multimídia (datashow), quadro e canetas
Conhecer os de filtro.
Vias de
procedimentos para Demonstrações prática serão desenvolvidas nas
administração
aplicação da vacina Unidades Sanitárias durante uma sessão de vacinação,
Identificar as onde os alunos, divididos em grupos e distribuídos em
contra-indicações e diferentes US com posto fixo de vacinação irão praticar
efeitos colaterais as diferentes actividades inerentes ao processo de
vacinação.

Para minimizar o risco de falhas resultantes de um manuseamento e administração inade-


quados de vacina durante as sessões de vacinação, os trabalhadores da saúde devem estar
conscientes dos requisitos para cada vacina, os quais diferem em relacção a quando e como
são administradas e como devem ser manuseadas. Outros princípios gerais, os quais se
aplicam igualmente quando se faz a triagem das crianças para a vacinação são:

99 É seguro e imunologicamente eficaz administrar todas as vacinas no mesmo dia em


diferentes locais do corpo.

99 Febre moderada, malnutrição, infecções respiratórias moderadas, tosse, diarreia e


vómitos não são contra-indicações para a vacinação.

4.1. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE VACINAS


A tabela 5 apresenta um sumário do calendário vacinal, das vias e doses de administração
de vacinas.
Programa Alargado de Vacinação  | 37

Tabela 5. Calendário vacinal, vias e doses de administração de vacinas

IDADE IDADE IDADE VIA DE


VACINA DOSE
IDEAL MÍNIMA MÁXIMA APLICAÇÃO
< 1 ano 0,05
à
BCG à nascença 23 meses ml Intradérmica
nascença
> 1 ano 0,1 ml
à
Pólio Zero à nascença 5 semanas 2 gotas Oral
nascença
Pólio 1 2 meses 6 semanas 23 meses 0,5 ml Intramuscular
Pólio 2 3 meses 10 semanas idem idem Idem
Pólio 3 4 meses 14 semanas idem idem Idem
DPT/HepB 1 2 meses 6 semanas 23 meses 0,5 ml Intramuscular
DPT/HepB 2 3 meses 10 semanas idem idem Idem
DPT/HepB 3 4 meses 14 semanas idem idem Idem
23 meses
(4 anos na
Sarampo 9 meses 8.5 meses 0,5 ml Subcutânea
população
deslocada)

Figura 1. Vias de administração da vacina


38 |  Programa Alargado de Vacinação

4.2. SERINGAS E AGULHAS PARA A VACINAÇÃO


Com a introdução de seringas auto-destrutíveis (seringas AD) em julho de 2001, já não se
justifica o uso de seringas e agulhas esterilizáveis. As seringas AD são desenhadas para pre-
venir a reutilização por mecanismo interno que bloqueia o êmbolo depois de usada uma
vez. As seringas AD devem estar disponíveis em todas as unidades sanitárias do país.

4.3. VACINA DA BCG


A BCG protege contra a tuberculose. É feita de uma microbactéria atenuada, desenvolvida
por Calmette e Guerin, daí o nome de BCG (Bacilo de Calmette e Guerin).

É uma vacina liofilizada congelada e se apresenta em pó num frasco. É reconstituída com


um diluente esterilizado antes de ser injectada. Somente o diluente particular pertencente
ao mesmo lote de uma dada vacina deve ser usado.

4.3.1. Conservação da vacina de BCG

99 A BCG pode ser com segurança conservada e transportada a temperaturas entre


-15oC e -25oC e entre +2oC e +8oC.

99 O diluente não deve ser congelado, mas deve estar à mesma temperatura que a
vacina no ponto de utilização. Isto significa que o diluente deve ser colocado na
geleira a temperaturas entre +2oC e +8oC pelo menos 24 horas antes de ser usado.

99 A BCG nunca deve ser exposta à luz do sol. A BCG é mais estável ao calor do que a
pólio antes da reconstituição, mas menos estável depois da reconstituição.

99 A vacina reconstituída deve ser usada dentro de 6 horas ou descartada ao fim desse
tempo.
Programa Alargado de Vacinação  | 39

4.3.2. Aplicação da vacina BCG

Tabela 6.

Dose: 0.05 ml, para crianças < de 1


Idade: à nascença ou a qualquer
ano.
momento até aos 23 meses de idade
0.1 ml, para crianças > = 1 ano.
Via: injecção intradérmica, na parte
No de doses: uma
superior do ombro direito.

Se não aparecer cicatriz no local de injecção seis (6) semanas depois da vacinação
com BCG, a injecção deve ser repetida.

4.3.3. Como administrar a BCG

Preparar a BCG

99 Verificar a data de expiração da vacina e do diluente.


99 Verificar se é o diluente apropriado (da mesma fábrica e mesmo lote que a vacina).
99 Verificar se o diluente está frio.
99 Retirar todo o diluente para uma seringa de diluição (reconstituição).
99 Misturar a vacina com o diluente.
99 Não agitar a vacina, pois isto pode estragá-la.
Posição do bebé e enchimento da seringa
99 Preparar a seringa apropriadamente.
99 Inserir a agulha no frasco da vacina e retire 0.05 ml do frasco para uma criança me-
nor de 1 ano de idade, e 0.1 ml para crianças com 1 ano ou mais.
99 Deixar a mãe segurar a criança firmemente ou ajude-a.
99 Segurar o braço direito do bebé com a palma virada para cima com a sua mão es-
querda, enquanto injectas com a mão direita.
40 |  Programa Alargado de Vacinação

Aplicar a vacina por via intradérmica

99 Inserir a ponta da agulha na pele com o bisel virado para cima – apenas o bisel e
um pouco mais.

99 Manter a agulha paralela à parte superficial da pele, de modo que ela avance ape-
nas na camada superficial da pele.

99 Não pressionar muito e não apontar para baixo (senão a injecção será profunda
demais, portanto, subcutânea).

99 Pressionar o êmbolo com o polegar, enquanto seguras a seringa entre o indicador


e os dedos médios.

Figura 2. Administração intradérmica da vacina BCG

Capa subcutânea

Derm
Músculo e
  

4.3.4. O que acontece depois da injecção

99 Reacção normal

Deve aparecer um pequeno inchaço na pele no local de injecção semelhante ao da


picada de mosquito, com buracos muito pequenos. Isto geralmente desaparece den-
tro de 30 minutos. Depois de aproximadamente duas semanas, aparece uma ferida
vermelha com cerca de 10 mm de diâmetro. A ferida permanece por mais duas se-
manas e depois cura. Uma pequena cicatriz de cerca de 5 mm permanece. Este é um
sinal de que a criança foi eficazmente vacinada com a BCG.
Programa Alargado de Vacinação  | 41

A mãe deve ser informada de que isto vai acontecer, e que desde que a lesão não
aumente ou cause dor, não é motivo para preocupação. Aconselhe a mãe a não es-
fregar ou pôr qualquer medicamento na ferida.

Se por engano a injecção for muito mais profunda, aparecerá um inchaço redondo
debaixo da pele (efeitos colaterais, tais como, abcesso ou gânglios aumentados são
mais prováveis se a BCG tiver sido subcutânea).

99 Reacção severa

Às vezes ocorre inflamação local com reacção severa, inchaço na região axilar ou
perto do cotovelo, ou abcesso profundo. Isto pode acontecer porque:

99 A seringa e agulhas usadas não eram esterilizadas.

99 A injecção tenha sido demasiado profunda debaixo da pele.

99 Dose demasiado grande de vacina tenha sido administrada.

99 A estirpe usada pelo fabricante na produção da vacina.

Se a reacção permanecer localmente, não é necessário nenhum tratamento. Para


úlceras muito grandes, o tratamento antibiótico é efectivo. Tipicamente, linfonodos
supurativos podem necessitar de excisão total, em vez de incisão e drenagem.

4.3.5 Contra-indicações

A única contra-indicação para a BCG é a infecção sintomática por HIV/SIDA. Estas


crianças não devem ser administradas BCG. Suspeita de infecção com HIV, baixo peso
á nascença ou prematuridade não são contra-indicações para a BCG.

4.4. VACINA DA DPT/HEPATITE B+Hib (DIFTERIA / PERTUSSIS / TÉTANO / HEPATITE


B/ HAEMOPHILUS INFLUENZAE)
A vacina DPT/Hepatite B+Hib contém a bactéria diftérica enfraquecida, o toxóide tetánico, a
bactéria pertussis morta e o antígeno de superfície do Virus da Hepatite B (HBsAg). A vacina
DPT/Hepatite B é uma vacina líquida mas a Hib esta disponível nas formas líquida ou liofi-
lizada, em frascos de dose única ou multidoses e como monovalente ou combinadas com
42 |  Programa Alargado de Vacinação

outras vacinas por exemplo DTP, Hepatite B (Hep B), DTP-Hepatite B. A vacina Hib liofilizada
deve ser diluída com solução salina.

A vacina do Hib é preparada com o polissacarídeo capsular purificado do Haemophilus in-


fluenzae tipo b, ou seja, um polímero de ribose, ribitol e fosfato poliribosil, conjugado com
a proteína tetânica (PRP-T) ou toxina diftérica ( PRP-CRM197) ou proteína da membrana
externa do meningococo (PRP-OMP). Esta bactéria é revestida com uma cápsula polissa-
carídica que a torna resistente ao ataque dos leucócitos. Neste caso a vacina estimula a
resposta imunitária dos linfócitos B T-dependentes contra o polissacarídeo.

4.4.1. Conservação da vacina DPT/Hepatite B+Hib

A temperatura de armazenamento da vacina conjugada contra Hib é a mesma da


DTP-Hep B entre +2°C e +8°C. A vacina líquida do Hib não deve ser congelada mas
a vacina liofilizada deve ser congelada até a sua reconstituição. O diluente mais co-
mum do Hib é o DTP-Hep B. Portanto, A DPT/Hepatite B deve ser conservada a tem-
peraturas positivas. Nunca se deve congelar esta vacina.

4.4.2. Aplicação da DPT/Hepatite B+Hib

Tabela 7.

Idade: comece à 6a semana de vida,


Dose: 0.5 ml
depois na 10a e 14a semanas.

Via: Injectável intramuscular ou


subcutânea, na face antero lateral da Nr. de Doses: 3 com intervalo mínimo
coxa esquerda (latentes) ou no músculo de 4 semanas entre as doses.
Deltóide (crianças maiores).

Espere pelo menos 4 semanas entre as doses. Se o intervalo for maior, não precisa
recomeçar o calendário. Continue com as doses seguintes normalmente.

O Hib pode ser administrada de forma segura com DTP, DPT-Hepatite B, Pólio, Hepa-
tite B, Sarampo, Febre Amarela ou BCG. Se a administração for em simultâneo com
DTP a injecção deve ser intramuscular com a mesma seringa.
Programa Alargado de Vacinação  | 43

Crianças maiores de 12 meses que não foram vacinadas uma dose da vacina é sufi-
ciente para a imunização. Crianças que foram vacinadas podem receber um reforço
entre os 12 à 18 meses.

4.4.3. Como administrar DPT/Hepatite B+Hib

Preparar a vacina

99 Verificar a data de expiração da vacina

99 Agitar para se assegurar que a vacina não congelou

99 Verificar o monitor de vacina se o frasco o tiver

99 Remover o centro da tampa do frasco

99 Agitar bem o frasco

99 Retirar a quantidade de vacina necessária, 0.5 ml

99 Expelir o ar ou excesso de vacina

Posicionar o bebê

99 Peça a mãe para sentar o bebé nas coxas

99 O braço esquerdo da mãe passa à volta do bebé para suportar a cabeça, o pescoço,
o ombro e seu braço esquerdo.

99 O braço direito do bebé fica em repouso para trás

99 O braço direito da mãe segura firmemente as pernas do bebé

Aplicar a vacina

99 O melhor local para injectar é a porção central da face externa da coxa do bebé.

99 Dividir através de uma linha imaginária a coxa em 3 partes iguais entre o joelho e a
espinha ilíaca.
44 |  Programa Alargado de Vacinação

99 Limpar a pele se estiver suja com bola de algodão húmida e deixe secar.

99 Colocar seu polegar e indicador em cada um dos lados do local aonde vai injectar e
esticar a pele suavemente.

99 Introduzir a agulha profundamente para dentro do músculo.

99 Pressionar o êmbolo com o polegar para injectar a vacina e depois retirar a agulha.

99 Esfregar o local de injecção rapidamente com uma bola de algodão.

A vacina líquida é usada directamente do frasco. A vacina liofilizada deve ser diluída
antes da administração, quer com diluente (solução salina) ou com outra vacina que
tenha sido identificada ou indicada para esse efeito pelo fabricante, como a DTPhe-
pB. No entanto, se for utilizada como uma vacina monovalente, não deve ser injecta-
da no mesmo local que as outras vacinas.

Não injecte nas nádegas, pois a injecção pode lesar o nervo ciático e
provocar paralisia da perna da criança.

Figura 3. Administação da vacina DPT/Hepatite B+Hib

Dermis (skin)
(pele)
Subcutaneous
Capa Subcutânea
layer

Muscle
˙˙˙

  
Programa Alargado de Vacinação  | 45

4.4.4. Contra-indicações

No geral, não há contra-indicações para a vacinação com a DPT/Hepatite B+Hib ex-


cepto se houver história de hipersensibilidade (alergia) a qualquer um dos compo-
nentes da vacina (por exemplo, o tétano ou toxóide da difteria). Em crianças com
febre alta a vacinação pode ser feita mais tarde quando esta estiver controlada.

4.4.5. Efeitos colaterais

99 Febre: advirta a mãe de que muitas crianças experimentam febre e ficam irritáveis
depois de receber a vacina da DPT/Hepatite B+Hib, e que isto desaparece dentro de
24 horas. A criança pode ser tratada com antitérmico para resolver este problema.

99 Dor local: informe à mãe que a criança pode ter um pequeno inchaço avermelhado
e doloroso no local de injecção. Isto não é sério e não necessita de tratamento. No
entanto, se aparecer pus no local de injecção, uma semana ou mais depois da injec-
ção, a mãe deve levar a criança à unidade sanitária mais próxima.

99 Abcesso: se a dor e o inchaço começarem tarde (uma semana ou mais depois da


injecção), pode ser devido a um abcesso. Os abcessos podem ocorrer:

99 Se a agulha não for esterilizada

99 Se se tiver tocado com os dedos

99 Se se tiver pousado a seringa em local não esterilizado

99 Se o topo do frasco tiver sido tocado ou tiver estado em contacto com su-
perfícies sujas

99 Se não se injectar a vacina com a profundidade suficiente

Se a criança desenvolver um abcesso, aplicar compressas mornas no inchaço e tratar


com antibióticos. Se o abcesso não resolver, referir a criança para a unidade sanitária
de referência mais próxima para incisão e drenagem.

99 Convulsões: esta é uma complicação rara que ocorre em cerca 1/1.200 a 1/1.600
crianças e está frequentemente relaccionado com a febre. Isto é devido à compo-
46 |  Programa Alargado de Vacinação

nente pertussis da vacina.

NOTA
Se uma criança que tenha recebido a vacina DPT/Hepatite B tiver convul-
sões ou choque nos três dias seguintes, essa criança não deve receber
mais doses de DPT/Hepatite B.

4.5. VACINA ANTI-PÓLIO (VAP)


A vacina contém um vírus vivo atenuado. É mais facilmente estragada pelo calor do que as
outras vacinas. Pode ser armazenada e transportada á temperaturas negativas até ao nível
da unidade sanitária. Entretanto, a este nível, deve sempre ser conservada a temperaturas
positivas, entre + 2oC e + 8oC.

A VAP apresenta-se quer em plásticos com conta-gotas ou em frasco de vidro com conta-
gotas separado. É importante usar o conta-gotas apropriado para a vacina a fim de evitar
que esta jorre.

4.5.1. Conservação da vacina da Pólio

Deve ser conservada entre -15oC e -25oC. Os monitores do frasco da VAP indicam se
a vacina foi estragada pelo calor. Se o quadrado é mais claro do que o círculo circun-
dante, a vacina pode ser usada.

4.5.2. Aplicação da vacina da pólio oral (VAP)

Idade: dentro das primeiras 6 semanas Dose: 2 a 3 gotas, dependendo do


depois do nascimento, à 6a , 10a e 14a fornecedor (verificar sempre as
semanas instruções do fornecedor)
Nr de doses: 4 com intervalo mínimo
Via: Oral
de 4 semanas entre as doses
Programa Alargado de Vacinação  | 47

4.5.3. Como administrar a VAP

Preparar a vacina

99 Verificar a data de expiração.

99 Verificar o monitor do frasco de vacina para se certificar de que a vacina pode ser
usada.

99 Verificar se é a vacina certa.

99 Verificar o número de gotas necessárias para uma dose de vacina do frasco.

Posicionar o bebé

99 Peça à mãe para segurar o bebé firmemente, sentando-o de forma a que não aspire
a vacina.

Aplicar a vacina

99 Abra a boca da criança apertando-a suavemente entre os dedos.

99 Dar duas ou três gotas (depende das instruções do fabricante) na língua da criança,
usando o conta-gotas.

99 Assegurar que a criança engole a vacina.

99 Se ela cuspir, repetir a dose.

O conta-gotas nunca deve entrar em contacto com a boca ou língua do bebé.


48 |  Programa Alargado de Vacinação

Figura 4. Administração da vacina anti-pólio

4.5.4. Contra-indicações

Não há contra-indicações. Se a criança tiver diarréia, administrar a vacina mesmo


assim.

4.5.5. Efeitos colaterais

Geralmente não existem efeitos colaterais

Os intervalos entre as doses de DPT/Hepatite B e OPV devem ser de pelo


menos 4 semanas. Intervalos maiores de 4 semanas não prejudicam a
criança e não implicam recomeçar o calendário

4.6. VACINA ANTI-SARAMPO


A vacina contém o vírus do sarampo atenuado. A vacina é liofilizada congelada e deve ser
reconstituída (misturada com diluente) antes de ser usada. Use SOMENTE o diluente que é
fornecido pelo mesmo fabricante da vacina, para fazer a reconstituição desta.
Programa Alargado de Vacinação  | 49

História de suspeita de sarampo não constitui contra-indicação para a


vacinação. Vacine todas as crianças elegíveis.

4.6.1 Conservação da vacina anti-sarampo

Nos níveis central e provincial, a vacina deve ser conservada a temperaturas entre -
15oC e -25oC. No nível distrital e de unidade sanitária, entre +2oC e +8oC. O diluente
não deve ser congelado, mas resfriado antes de ser usado para não neutralizar a
vacina. A vacina do sarampo é muito sensível à luz. Assim, as seringas nunca devem
ser preenchidas e deixadas sobre a mesa fora da caixa isotérmica.

4.6.2. Aplicação da vacina anti-sarampo

Os anticorpos maternos contra o sarampo permanecem mais tempo do que outros


anticorpos. Assim, a vacinação contra o sarampo não é eficaz antes dos 9 meses de
idade.

Idade: aos 9 meses; no entanto pode-


Dose: 0.5 ml
se vacinar a partir dos 8.5 meses.
Via: Injecção subcutânea, na face
Nr de doses: uma
lateral do braço.

4.6.3. Como administrar a vacina anti-sarampo

Preparar a vacina

99 Verificar a data de expiração da vacina e do diluente.

99 Verificar se é o diluente correcto (mesmo fabricante).

99 Verificar se o diluente está frio.

99 Retirar o diluente para a seringa de diluição.

99 Misturar a vacina e o diluente.


50 |  Programa Alargado de Vacinação

99 Não agitar a vacina, pois pode estragar.

Aplicar a vacina

A dose é de 0.5 ml, dada por via subcutânea na parte lateral externa superior do
braço esquerdo.

1. O local de injecção deve ser limpo com algodão mergulhado em água limpa para
remover qualquer sujidade visível.

2. Segurar o braço da criança pela parte inferior, seus dedos devem estar a volta do
braço e formar uma prega da pele entre os dedos polegar e indicador.

3. Introduzir a agulha na parte da pele abaulada numa profundidade não superior


a 1 cm. A agulha deve penetrar num ângulo inclinado (cerca de 35o a 45o), não reto.

4. Pressionar o êmbolo com o polegar para injectar a vacina.

5. Retirar a agulha e pressionar o local de injecção com uma bolinha de algodão. Se


houver algum sangramento, manter a pressão até este parar.

Figura 5. Aplicação da vacina Anti-Sarampo

Derm is (skin)
(pele)
Su bcu taneou s
Capa
layerSubcutânea
Mu scle
˙˙˙

  
Programa Alargado de Vacinação  | 51

4.6.4. Efeitos colaterais

Informar à mãe de que a criança pode ter febre de 1 a 3 dias até cerca de uma sema-
na depois da vacinação, e que pode aparecer um rash de sarampo ligeiro.

Assegurar à mãe que este rash é muito mais ligeiro do que a doença do sarampo, e
que desaparecerá expontaneamente.

4.7. TOXÓIDE TETÂNICO (TT OU VAT)


A vacina consiste em um toxóide (uma anti-toxina ou neutralizador de toxina). A vacina é
dada a mulheres grávidas e às mulheres em idade fértil para prevenir o tétano neonatal. Em
Moçambique, também é administrada aos estudantes dos primeiros anos e trabalhadores
cuja actividade lhes põe um certo risco de contrair o tétano. É o mesmo toxóide tetânico da
vacina DPT/Hepatite B.

4.7.1. Conservação da VAT

Deve ser conservada a temperaturas entre +2oC e +8oC. O congelamento destrói a


VAT. O teste da agitação confirmará se esta foi ou não congelada, como no caso da
DPT/Hepatite B.

4.7.2. Aplicação da VAT

Idade: a qualquer momento durante


a gravidez e mulheres em idade Dose: 0.5 ml.
fértil.
Nr de doses: cinco (5), observando
Via: Intramuscular, na região
o intervalo mínimo entre as doses
deltóide do braço esquerdo.
sucessivas.

4.7.3 Como administrar a VAT

Preparar a vacina da mesma maneira como se prepara a DPT/Hepatite B

99 Verificar a data de expiração da vacina.


52 |  Programa Alargado de Vacinação

99 Agitar para se assegurar que a vacina não congelou.

99 Verificar o monitor de vacina se o frasco o tiver.

99 Remover o centro da tampa.

99 Agitar bem o frasco.

99 Retirar a quantidade de vacina necessária (0.5 ml).

99 Expelir o ar ou excesso de vacina.

Posicionar a mulher

Aplicar a vacina intramuscular na região deltóide do braço esquerdo.

99 Usar uma das suas mãos para apertar os músculos do braço da mulher.

99 Introduzir a agulha profundamente para o músculo.

99 Injectar a vacina.

99 Retirar a agulha.

99 Esfregar o local de injecção rapidamente com uma bola húmida de algodão.

Figura 6. Aplicação da vacina antitánica (VAT) nas MIF’s

Dermis (skin)
(pele)
Subcutaneous
Capa Subcutânea
layer

Muscle
˙˙˙

  
Programa Alargado de Vacinação  | 53

4.7.4. Efeitos colaterais

É comum haver dor ligeira a moderada, vermelhidão e inchaço no local de injecção,


até 48 horas depois da aplicação. Informar a mulher que isto passa expontâneamen-
te e não necessita tratamento.

4.8. EVENTOS ADVERSOS PÓS-VACINAÇÃO (EAPV)


4.8.1. DEFINIÇÃO DE CASO DE EAPV

Um acidente médico que ocorra depois de uma vacinação e que pareça estar asso-
ciado com a vacinação é chamado um “evento adverso pós-vacinação” (EAPV). A
associação de um evento adverso com uma vacina específica é sugestivo se existe um
grupo de incidentes médicos não usuais entre as pessoas que receberam uma dada
vacina, num intervalo de tempo limitado a seguir á vacinação.

O objectivo da vacinação é proteger o indivíduo e o público das doenças preveníveis


pela vacinação. Muito embora as vacinas sejam seguras, nenhuma vacina é comple-
tamente sem risco. As reacções adversas pós-vacinação podem minar o programa,
fazendo com que os pais e a comunidade percam a confiança nos benefícios da va-
cinação. Assim, é importante que os programas de vacinação façam a monitoria dos
eventos adversos e tomem as medidas correctivas apropriadas.

Muitos dos EAPV são ligeiros a moderados, sendo os mais frequentes a febre e infla-
mação local a seguir à DPT/Hepatite B. EAPV sérios são definidos como aqueles even-
tos que resultam em hospitalização ou morte. São extremamente raros e ocorrem
em proporções que são uma fracção muito pequena comparada às complicações
causadas pela doença.

Cada EAPV deve ser investigado e esforços devem ser envidados para determinar
a causa, entretanto, de uma maneira que ambos o cliente e o provedor de serviços
sejam protegidos. A detecção de um EAPV deve ser seguido pelo tratamento apro-
priado e comunicação aos interessados e trabalhadores de saúde, e, se muita gente
tiver sido afectada, à comunidade.
54 |  Programa Alargado de Vacinação

4.8.2. FACTORES QUE PODEM INFLUENCIAR OS EAPV

Os factores que podem influenciar os EAPV são agrupados em 4 categorias. Eles po-
dem ser devidos à erros programáticos, resposta individual à vacina, coincidência ou
de causa desconhecida.

Erros Programáticos

O erro programático é a causa mais frequente dos eventos adversos. Ele inclue erros
no manuseamento, na reconstituição ou administração de vacinas, tais como:

99 Superdosagem numa aplicação.

99 Via de administração incorrecta.

99 Vacina reconstituída com diluente impróprio.

99 Quantidade errada de diluente usado.

99 Outra droga inadvertidamente tida como vacina.

99 Vacina preparada incorrectamente antes de ser usada, por exemplo, DPT ou TT e


não agitada apropriadamente antes do uso.

99 Vacina ou diluente contaminados.

99 Seringa e agulhas inapropriadamente estrerilizados.

99 Ignorar as verdadeiras contradindicações, por exemplo, quando uma criança com


história de reacção severa à DPT é vacinada com esta vacina.

99 Vacina reconstituída não descartada no fim da sessão e usada na sessão seguinte.

Resposta individual às vacinas

Os seguintes factores são conhecidos como recções raras geralmente associadas às


vacinas:

99 Linfadenite a seguir à administração de BCG.


Programa Alargado de Vacinação  | 55

99 Febre, convulsos febris ou choque anafilático a seguir à administração da vacina


anti-sarampo ou DTP (componente pertussis).

99 Paralisia a seguir à administração da vacina anti-pólio.

Coincidência

Algumas condições médicas que podem ocorrer depois da vacinação podem ser pura
coincidência. Nestes casos, não existe nenhuma associação entre a vacinação e o
acidente médico que ocorre depois da vacinação. As vezes a doença parece mais evi-
dente a seguir à vacinação devido à preocupação dos pais ou maior atenção prestada
à criança logo depois da vacinação.

Causa desconhecida

Neste caso não se conhece a causa, nem se consegue estabelecer qualquer relação
com a vacinação. Com uma investigação continuada, alguns dos casos desconhecidos
poderão acabar por ser classificados em uma das 3 categorias acima.

4.8.3. “EVENTOS DESENCADEADORES”

De acordo com a OMS, existem 5 eventos que indicam a necessidade de iniciar uma
investigação, “eventos desencadeadores” de um EAPV que possa ter sido causado
pela vacinação. Estes eventos estão listados a seguir:

99 Linfadenite por BCG.

99 Qualquer abcesso a seguir a uma aplicação de vacina injectável.

99 Qualquer hospitalização como resultado de vacinação.

99 Qualquer reação anormal que se acredite tenha sido causada pela vacinação.

4.8.4. DETECÇÃO DE UM CASO DE EAPV

A detecção de casos de EAPV é da responsabilidade de qualquer pessoa envolvida na


atenção à criança:

99 Trabalhadores de saúde fazendo tratamento clínico, vacinação ou outros serviços


56 |  Programa Alargado de Vacinação

preventivos no governo e no sector privado.

99 Pais e zeladores que devem reportar os EAPV que afectem as suas crianças.

99 Oficiais de vigilância e pesquisadores.

Deve haver um elemento de suspeita quando uma criança que tenha sido vacinada
fique doente pouco tempo depois da vacinação e se apresente ao hospital para tra-
tamento na unidade sanitária. A importância de detectar EAPV deve ser enfatizada
durante o treinamento e supervisão.

Para detectar um EAPV siga os seguintes passos:

99 Verificar o cartão de saúde da criança para verificar se foi vacinada recentemente.

99 Fazer a história clínica desde o início da doença para determinar se a vacinação


pode estar ligada à doença.

99 Utilizar a lista dos “eventos desencadeadores” para determinar se a doença está


dentro da lista destes eventos.

99 Avaliar a situação para determinar se a criança apresenta efeitos colaterais normais


da vacinação ou se uma reacção severa deve ser suspeita.

99 Se a doença é uma suspeita de EAPV, notificar o caso como descrito abaixo.

99 Se não estiver seguro, consultar o supervisor.

Se a doença não for um EAPV, mas sim um efeito colateral normal da vacina, fazer o
tratamento e explicar ao acompanhante o que terá acontecido e que os benefícios da
vacinação superam de longe os riscos e os efeitos colaterais moderados.

4.8.5. RESPOSTA IMEDIATA

O tratamento deve ser sempre a primeira resposta a um caso de EAPV. Todos os ca-
sos de EAPV severos devem ser imediatamente referidos para uma unidade sanitária
mais próxima que possa tratar o caso.

Os casos de anafilaxia devem ser tratados na US mais próxima com um kit de emer-
Programa Alargado de Vacinação  | 57

gência. Sintomas ligeiros a moderados tais como febre podem ser tratados em casa.
Os trabalhadores de saúde devem ser capazes de decidir quais casos de EAPV devem
ser tratados e quais devem ser referidos, e quais requerem atenção imediata, como
por exemplo, a anafilaxia.

4.8.6. TRATAMENTO DE UM CASO DE EAPV

Tratamento

O tratamento deve ser sempre a primeira resposta a um caso de EAPV.

Todos os casos severos de EAPV devem ser referidos imediatamente ao centro de saúde
ou hospital mais próximos para tratamento. A ficha de investigação de caso deve ser
preenchida e seguir junto com o doente a ser referido, pois caso contrário a investiga-
ção pode não ser prosseguida.

Uma ficha de investigação de caso deve ser preenchida para cada caso de EAPV severo.

99 Os casos de anafilaxia devem ser tratados na unidade sanitária onde a vacinação


teve lugar ou numa unidade mais próxima onde exista o kit de emergência.

99 Sintomas modestos tais como febre, podem ser tratados em casa ou por traba-
lhadores de saúde. Os trabalhadores de saúde devem ser capazes de decidir quais
casos devem ser tratados e quais requerem atenção imediata (p.e. anafilaxia).

99 O tratamento de EAPV deve ser grátis.

4.8.7. Procedimentos de Emergência nos Casos de Anafilaxia

A anafilaxia é uma reacção severa muito rara que pode ocorrer depois de qualquer
injecção incluindo a vacinação (ex: vacinação anti-sarampo). O paciente apresenta
sinais de choque e dificuldades respiratórias. Se isto acontecer, siga os seguintes pas-
sos imediatamente:

1. Procurar ajuda e colocar a criança numa superfície plana. Comece a assistí-la


imediatamente.

2. Verificar a respiração e os batimentos cardíacos.


58 |  Programa Alargado de Vacinação

99 Se o paciente não estiver a respirar, desobstruir as vias aéreas e fazer ventilação


artificial com ambú ou boca-a-boca.

99 Se não houver batimentos cardíacos, fazer ressuscitação cardio-pulmonar, se pos-


sível.

4.8.8. ACÇÕES A SEREM TOMADAS NO CASO DE EAPV

Quadro 1: Abordagem de um caso de EAPV

Notas

1) Definida como Severa se resulta em hospitalização ou morte.

2) Um Cluster (neste caso) é definido como um evento de EAPV que ocorre com frequ-
ência incomum, por vacina, por tipo de reacção, ou por localidade/unidade sanitária.
Programa Alargado de Vacinação  | 59

Quadro 2: Procedimentos de emergência na anafilaxia

PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA
EM CASO DE ANAFILAXIA
A anafilaxia é um reacção severa que pode ocorrer raramente depois de
qualquer injecção incluindo a vacinação. O paciente colapsa com sinais de
choque e problemas respiratórios. Se isto ocorrer, siga imediatamente os
seguintes passos abaixo descritos:
1. Procure apoio e assista o paciente imediatamente.
2. Verifique a respiração e os batimentos cardíacos.
3. Se o paciente não está respirando:
- Assegure a ventilação e faça respiração artificial (ambú ou boca-a-
boca)
- Se não houver batimentos cardíacos:
- Faça o RCP (resuscitação cardio-pulmonar)
4. Dê adrenalina 1:1000
- Crianças menores 3 anos: 0.1 ml subcutâneo duma só vez
- Crianças 4-7 anos: 0.2 ml subcutâneo duma só vez
- Crianças 8- 15 anos: 0.3 ml subcutâneo duma só vez
5. Dê a adrenalina como se segue: 1 ampola diluída com solução salina
normal para 10 ml em pequenas quantidades lentamente por via endove-
nosa ou tubo endotraqueal. O rítmo cardíaco não deve exceder 160/minu-
to.
6. Dê hidrocortisona sódio succinato lentamente por via IV nas doses se-
guintes:
Crianças menores de 1 ano: 100 mg
Crianças de 1- < 3 anos: 200 mg
Crianças de 3- < 7 anos: 300 mg
Crianças de 7- < 9 anos: 400 mg
Crianças de 9 anos e mais: 500 mg
7. Corra solução salina normal ( 0.9% ).
8. Uma vez estabilizada, referir para o hospital mais próximo
60 |  Programa Alargado de Vacinação

4.9. NOTIFICAÇÃO DE CASOS DE EAPV


99 O trabalhador de saúde deve reportar todos os casos suspeitos de EAPV ao distrito
dentro de 24 horas.

99 O trabalhador que detectar o caso de EAPV deve colher toda a informação relevan-
te possível à esse nível, e preencher o formulário de investigação de caso de EAPV.
Este formulário só será completamente preenchido depois de completada a inves-
tigação do caso de EAPV.

99 As hospitalizações e mortes devem ser imediatamente notificadas.

99 Todos os “eventos catalizadores” de EAPV devem ser notificados para qualquer va-
cina administrada.

4.10. INVESTIGAÇÃO DE CASO DE EAPV


O objectivo da investigação de um caso de EAPV é determinar a causa e corrigi-la, se possível.
Os que são afectados ou envolvidos, devem ser informados dos resultados. Uma investiga-
ção completa pode, por si só, aumentar a confiança do público pelos serviços de vacinação.

4.10.1. Quem deve investigar o caso de EAPV

O trabalhador de saúde que inicialmente viu o caso deve iniciar a investigação do


caso e preencher a ficha de investigação de caso o mais cedo possível. Ele pode ne-
cessitar da ajuda de outros na investigação, como por exemplo, o trabalhador que
realizou o ato de vacinação e o responsável do PAV ou um clínico.

Todos os casos de EAPV devem ser investigados o mais cedo possível

4.10.2. Propósito da Investigação de EAPV

99 Confirmar o diagnóstico reportado ou propor outros possíveis diagnósticos.

99 Determinar se outras pessoas não vacinadas estão a experimentar a mesma condi-


ção médica.
Programa Alargado de Vacinação  | 61

99 Determinar se o evento reportado era um caso de acidente singular ou parte de um


“cluster” e, neste caso, onde, quando e como a vacinação foi feita.

99 Identificar as especificações da vacina usada para vacinar o paciente ou pacientes.

99 Examinar os aspectos operacionais do programa. Mesmo nos casos em que o even-


to pareça ter sido precipitado pelo ato de vacinação ou ser coincidente, erros pro-
gramáticos podem ter aumentado a sua severidade.

99 Para reassegurar ao público e trabalhadores de saúde de que a vacinação é um


procedimento seguro e efectivo.

A investigação deve colher dados sobre o paciente, o evento adverso, a vacina, a ses-
são de vacinação, outras crianças vacinadas, como descrito na ficha de investigação
de caso.

4.10.3. Papel do laboratório

O papel mais importante do laboratório é diagnosticar e ou confirmar o diagnóstico


de um evento médico. O teste laboratorial da vacina é de valor limitado. Muitas
das vacinas usadas no dia da vacinação não estarão disponíveis para serem testadas
dado que, de acordo com a política de frasco aberto, as vacinas da BCG e Sarampo
devem ser descartadas 6 horas após a sua reconstituição.

Pode-se testar a vacina do mesmo lote, mas seu valor é bastante limitado. Vacinas
como a VAP, DPT/Hep B e a VAT, ainda podem ser testadas poucos dias depois da ad-
ministração da dose do frasco suspeito, dado que o frasco aberto pode ser usado até
28 dias depois, desde que tenham sido observadas algumas regras básicas.

As vacinas enviadas ao laboratório para testagem devem ser acompanhadas de uma


cópia do relatório de investigação e instruções claras sobre o que se pretende seja
testado. Nenhuma vacina deve ser enviada para testagem antes que a investigação
tenha sido levada a cabo, e a testagem está indicada apenas nos casos em que gran-
des lotes estejam envolvidos.
62 |  Programa Alargado de Vacinação

4.10.4. Análise de dados

Uma vez os dados necessários para a investigação do EAPV tenham sido colhidos,
deve-se fazer uma análise para diagnosticar o caso e determinar a causa.

O trabalhador de saúde que iniciou a investigação, o ponto focal para os EAPV da


área, a equipe de gestão distrital, os epidemiologistas do MISAU e outros especialis-
tas que possam ser solicitados (ex, pediatras), devem fazer a análise.

Pode ser necessária assistência técnica da OMS/UNICEF.

Diagnóstico do caso

O primeiro passo no processo de análise é o diagnóstico de caso. Os sinais do pacien-


te, sintomas, história da condição médica, data da vacinação suspeita, resultados
laboratoriais, contrinuem para o diagnóstico. Devem ser usadas definições standard
de caso.

Determinação da causa

Um certo número de elementos pode ser usado para classificar o caso em uma das
4 categorias: programático, induzido pela vacina (resposta individual), coincidência
ou desconhecida.

99 O trabalhador de saúde fez todas as vacinações suspeitas.

99 Pessoas não vacinas no mesmo grupo etário na mesma área tiveram os mesmos
sintomas. Estes não terão sido induzidos pela vacinação.

99 Outras crianças vacinadas com o mesmo lote de vacina, no mesmo dia e na mesma
unidade sanitária ou posto de vacinação não tiveram os mesmos sintomas – a causa
pode ser um erro humano, mas também existe a possibilidade de que o EAPV tenha
sido induzido pela vacinação ou ser coincidental.

Se o erro humano for descartado como causa, a análise deve procurar evidência de
que a doença tenha sido induzida pela vacina ou sido uma coincidência. Casos des-
conhecidos são aplicados a todos os casos de EAPV para os quais não se encontra
nenhuma outra causa.
Programa Alargado de Vacinação  | 63

4.10.5. Retro-informação

Uma vez que se tenha chegado a uma conclusão, deve-se dar retro-informação a
todos os que estiveram envolvidos na investigação, mas especialmente aos pais e
acompanhantes, a outros membros da família do paciente e à comunidade.

Se o EAPV tiver causado preocupações sérias na comunidade ou gerado interesse da


midia, os resultados da investigação e as acções tomadas devem ser comunicados
através da mídia.

4.11. DESAFIOS COLOCADOS PELOS EAPV DURANTE OS DNV’s


As campanhas de vacinação em massa necessitam de considerações extra em relação aos
observados para a rotina. A planificação de campanhas de vacinação deve tomar em consi-
deração medidas para minimizar os EAPV pelas seguintes razões:

99 A necessidade de dispensar um número maior de doses de vacina em um período


de tempo curto em todo o país, frequentemente estreita os recursos do programa
de vacinação no que diz respeito à qualidade da vacinação (número correcto de do-
ses, segurança na prática das injecções, manutenção da cadeia de frio). Tal situação
é mais proeminente quando os injectáveis são envolvidos.

99 O impacto de um EAPV na reacção do público dentro de um curto período de tempo


(comparado a um grande intervalo de tempo entre os casos reportados de EAPV
na rotina), requer uma investigação imediata, resolução e retro-informação, o que
impõe uma grande demanda ao programa.

99 A urgência envolvida na prestação de serviços, as vezes torna a investigação de pos-


síveis alergias através de história, difíceis ou impossíveis.

99 O impacto de um EAPV nos utentes no local de prestação de serviços pode minar os


propósitos da vacinação no local e para além.

4.12. ESTRATÉGIAS PARA MINIMIZAR OS CASOS DE EAPV


99 As vacinas devem ser reconstituídas somente com diluente fornecido pelo produtor
das mesmas.
64 |  Programa Alargado de Vacinação

99 A vacina reconstituída deve ser descartada no final de cada sessão de vacinação


(ou 6 horas depois de reconstituída) e NUNCA guardada para uso em sessões sub-
sequentes.

99 Na geleira de vacinas não devem ser conservados outros medicamentos ou produ-


tos que não sejam vacina.

99 É essencial treinar os vacinadores e supervisores para garantir que procedimentos


correctos sejam seguidos de modo a prevenir lesões ou mortes a seguir à vacinação.

99 Uma investigação epidemiológica cuidadosa deve ser levada à cabo no caso de um


evento de EAPV. É de importância vital completar a ficha de investigação de EAPV
para detectar a causa do acidente e corrigir as prácticas de vacinação de modo a
prevenir futuros EAPV.

4.13. Vacina anti pneumococo

4.13.1 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS


O Streptococcus pneumoniae ou pneumococo é uma bactéria gram-positiva, capsula-
da, que tem 90 sorotipos imunológicamente distintos de importância epidemiológica
mundial na distribuição das doenças pneumocócicas invasivas (pneumonias bacterê-
micas, meningite, sepse e artrite) e não-invasivas (sinusite, otite média aguda, con-
juntivite, bronquite e pneumonia). São estes sorotipos que definem a composição
das vacinas existentes nos diversos países onde ela é utilizada.

O pneumococo vem se apresentando como principal causador de infecções em ne-


onatos e em crianças até 02 anos de idade. É também responsável por pneumonias,
otites, sinusites, meningites e bacteremias na infância; respondendo por 27% dos ca-
sos de pneumonia em crianças nos países em desenvolvimento e por 70% dos casos
de doenças invasivas em menores de 02 anos de idade.

Estima-se que, nos países mais pobres, aproximadamente 5 milhões de crianças


abaixo de 05 anos de idade morrem, anualmente, de pneumonia. Destas, 1
milhão acometidas pelo pneumococo.
Programa Alargado de Vacinação  | 65

4.13.2. Calendário vacinal


A imunização pneumococo 10 valente protege contra 7 sorotipos. Valente é uma
vacina conjugada à proteína do Hib não-tipável, pode ser administrada em todas
as crianças a partir dos 2 meses de vida, sendo necessárias nesse caso 3 doses com
intervalo de 2 meses e um reforço na idade de 1 ano e 5 meses.

4.13.3. Características específicas da vacina


É uma vacina fluída, sensível ao congelamento e deve ser descartada depois de 6h.
Não se usa para sessões seguintes depois de abertas.

4.13.4. Via de administração


Intramuscular e a dosagem é 0.5ml.

4.13.5. Eventos adversos


Esta vacina tem raro efeito adverso, podendo ocorrer dor no local, com edema e
inchaço e mais raramente, febre após a aplicação.
66 |  Programa Alargado de Vacinação

5.
OBJECTIVOS
CADEIA DE FRIO

No final do tema, os alunos devem ser capazes de:

1. Conceituar a cadeia de frio e listar os diferentes níveis de conservação

2. Listar o equipamento da cadeia de frio

3. Fazer a arrumação adequada e verificar o funcionamento da geleira

4. Fazer a manutenção preventiva das geleiras e assegurar o cumprimento das nor-


mas

5. Fazer o levantamento de consumíveis necessários para o funcionamento normal


das geleiras
Programa Alargado de Vacinação  | 67

RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/


APRENDIZAGEM
Ensino/Aprendizagem
Conteúdo Objectivos da Aprendizagem
Actividades
Conceituar a cadeia de frio e listar os As aulas consistirão em exposições
diferentes niveis de conservação dialogadas dos conceitos de
cadeia de frio e listagem dos
Listar o equipamento da cadeia de frio equipamentos que a compõem.
Fazer a arrumação adequada e
funcionamento da geleira Demonstrações prática serão
Cadeia de Frio desenvolvidas nos depósitos
Fazer a manutenção preventiva das
centrais, provinciais, distritais e nos
geleiras e assegurar o cumprimento
depósitos das unidades sanitárias,
das normas Avariada
onde os alunos divididos em
grupos irão praticar as diferentes
Fazer o levantamento de consumíveis
necessários para o funcionamento
actividades inerentes ao processo
normas das geleiras de gestão da cadeia de frio.

As vacinas são sensíveis ao calor e ao congelamento, devendo, por isso, serem conservadas
em temperaturas correctas desde a altura em que são produzidas até ao uso. O sistema
usado para manter e distribuir a vacina em boas condições (manter a potência da vacina)
é chamado de cadeia de frio.

A cadeia de frio consiste em uma série de relações de armazenamento e transporte, de-


senhados com o objectivo de manter as vacinas dentro de temperaturas aceitáveis até al-
cançar os beneficiários que são a mãe e a criança. Falhas em qualquer um dos pontos pode
tornar a vacina inútil. Mesmo pequenas exposições a temperaturas adversas pode ser pre-
judicial, pois o efeito é cumulativo.

O calor e a luz solar destróem ou reduzem a eficácia de todas as vacinas.

A Pólio, o Sarampo e a BCG são mais rapidamente destruídas pelo calor por este matar as
partículas vivas.
68 |  Programa Alargado de Vacinação

O congelamento destrói a DPT/Hepatite B e a VAT. Estas vacinas quando congeladas for-


mam grânulos que não se dissolvem mesmo depois de agitados fortemente.

Devido à sensibilidade das vacinas à temperaturas adversas, deve-se prestar uma atenção
crítica às temperaturas de conservação recomendadas para cada tipo de vacina em todos
os estágios de transporte e durante o armazenamento.

Manter a cadeia de frio requer que as vacinas e o diluente sejam:

99 Colhidas do fabricante ou do aeroporto logo que estejam disponíveis.

99 Transportadas entre os +2oC e os +8oC do aeroporto ou de um depósito para o ou-


tro.

99 Conservada a temperaturas correctas no depósito central, provincial, distrital e nas


unidades sanitárias.

99 Transportada entre os +2oC e os +8oC para as brigadas móveis e durante as sessões


das brigadas móveis.

99 Mantidas entre os +2oC e os +8oC durante as as sessões de vacinação; e

99 Mantidas entre os +2oC e os +8oC durante o regresso das sessões das brigadas mó-
veis para a unidade sanitária.

A cadeia de frio irá funcionar devidamente se as pessoas responsáveis tiverem conheci-


mentos e habilidades sobre como organizar e manter o equipamento da cadeia de frio
disponível.

O equipamento deve ser de qualidade e quantidade apropriadas para permitir uma conser-
vação correcta da vacina á medida que ela vai de um estágio da cadeia de frio para o outro
até alcançar o consumidor final, a mãe e a criança.

Certas vacinas podem ser conservadas a temperaturas diferentes conforme se trate de de-
pósito central ou provincial e distrital ou de unidade sanitária.
Programa Alargado de Vacinação  | 69

Figura 7. Cadeia de frio

A tabela 6 ilustra as diferentes temperaturas recomendáveis para a conservação da vacina


nos diferentes pontos.

Tabela 6. Temperaturas de conservação de vacinas a diferentes níveis

Níveis Níveis
Tipos de Vacinas
Central e Provincial Distrital e U. Sanitária
BCG - 15oC a - 25ºC + 2oC a + 8ºC
ANTI-PÓLIO - 15°C a - 2 5ºC + 2°C a + 8ºC
ANTI-SARAMPO - 15oC a - 25ºC + 2oC a + 8ºC
DPT/Hepatite B + 2oC a + 8ºC + 2°C a + 8ºC
ANTI-TÉTANO + 2 C a + 8ºC
o
+ 2oC a + 8ºC

5.1. EQUIPAMENTO DA CADEIA DE FRIO


Os diferentes níveis dentro do sistema de saúde necessitam de diferentes equipamentos
70 |  Programa Alargado de Vacinação

de frio para o transporte e conservação de vacinas e diluentes a temperaturas correctas.


Por exemplo, nos níveis centrais e provinciais usam câmaras de frio, congeladores, caixas
isotérmicas grandes e, às vezes, camiões com refrigerador para transportar vacina. As uni-
dades sanitárias necessitam de geleiras com um compartimento de congelamento, caixas
isotérmicas médias e pequenas.

5.1.1. Câmaras de frio

A câmara de frio é uma sala construída com material especial, que é mecanicamente
mantida fria, cuja temperatura é ajustável ao nível desejado. As câmaras frias são en-
contradas nos depósitos centrais, provinciais e regionais, onde grandes quantidades
de vacina são conservadas.

5.1.2. Como trabalhar com segurança na câmara de frio

99 Quando mais de uma pessoa esteja a trabalhar dentro da câmara fria deve-se to-
mar o cuidado para evitar fechar acidentalmente alguém dentro da câmara.

99 Para evitar lesões por frio, deve-se usar roupa quente e permanecer pouco tempo
dentro da câmara de frio.

99 A quantidade de diesel no tanque do gerador deve ser verificada regularmente e o


tanque preenchido conforme necessário.

99 Um técnico de frio deve verificar regularmente o equipamento, especialmente os


cintos, filtros e o compressor.

5.1.3. Armazenamento da vacina na câmara de frio

99 As vacinas devem ser guardadas nas prateleiras.

99 É aconselhável arrumá-las por ordem de expiração para evitar a possibilidade de


algumas vacinas expirarem sem serem usadas.

99 As câmaras de frio não devem ser superlotadas. As vacinas devem ser arrumadas
com espaço adequado entre elas para permitir a circulação adequada de ar.
Programa Alargado de Vacinação  | 71

5.1.4. Como cuidar da câmara de frio

Cuidados diários

99 Deve-se ler o termômetro diariamente e ajustar a temperatura aos valores reco-


mendáveis.

99 A ficha de registo de temperatura, a qual se encontra afixada na câmara deve ser


verificada.

99 Qualque ruído estranho no funcionamento da máquina deve ser investigado e re-


parado.

99 No final do dia, todas as portas do local onde está instalada a câmara de frio devem
fechadas e as luzes apagadas.

Cuidados semanais

99 Deve-se testar o alarme que indica a mudança para temperaturas adversas.

99 Deve-se testar o gerador desligando a corrente principal e deixando-o funcionar por


pelo menos 5 minutos.

Cuidados mensais

99 Uma verificação maior deve ser feita pelos técnicos de manutenção.

99 Deve-se fazer pedido de qualquer peça sobressalente necessária para o funciona-


mento adequado da câmara de frio.

5.2. REFRIGERADORES (GELEIRAS)


Existem fundamentalmente dois tipos de refrigeradores: de compressão e de absorção.

5.2.1. Refrigeradores de compressão

Muitos refrigeradores eléctricos e solares são do tipo compressão. Um exemplo de


refrigerador com um sistema de refrigeração do tipo compressão é o congelador
horizontal que pode ser ajustado para funcionar como refrigerador. O refrigerador
72 |  Programa Alargado de Vacinação

do tipo compressão usa um motor eléctrico de compressão para circular o fluído frio
chamado refrigerante. A bomba comprime o refrigerante do estado gasoso para o
estado líquido, um processo que retira o calor.

O sistema de compressão circula o ar muito rapidamente e assim tem maior efeito


de arrefecimento do que o sistema de absorção. A temperatura no interior do refri-
gerador é controlada por um termostato automático que liga e desliga o compressor
de acordo com a temperatura desejada.

O termostato pode ser girado para temperatura mais quente ou mais fria conforme
necessário. O mínimo dá a temperatura mais quente e o máximo a temperatura mais
fria.

Os refrigeradores do tipo compressão consomem muita energia eléctrica para ar-


rancar, mas também necessitam de suprimento constante de energia, mesmo que
a uma voltagem mais baixa e estável, para funcionar. Isto limita a sua utilização aos
locais onde haja suprimento de energia eléctrica fiável.

5.2.2. Refrigeradores do tipo absorção

Os refrigeradores de absorção usam o calor produzido pela electricidade ou pela


chama do gás ou petróleo, para produzir o ciclo de frio, sob pressão produzida pelo
hidrogênio. O calor faz circular a amônia e a água num sistema fechado de tubos.
No evaporador dentro do refrigerador o fluído de amônia converte-se em gás, que
absorve o calor do ar interior. À medida que o gás circula para fora do refrigerador
onde condensa em líquido, liberta o calor para o ar exterior.

Os refrigeradores do tipo absorção são menos eficientes do que os do tipo compres-


são por causa da fraca circulação do refrigerante, mas são muito mais recomendáveis
para os locais onde haja energia fraca e pouco fiável. Nestes casos deve-se usar refri-
geradores a petróleo ou a gás.
Programa Alargado de Vacinação  | 73

Figura 8. Tipos de refrigerador


Refrigerador vertical do tipo absorção Refrigerador horizontal do tipo compressão,
Petróleo/Eléctrica com câmara de congelação eléctrica com câmara de congelação

Compartimento de congelação

Compartimento de
refrigeração

5.2.3. Modelos de refrigeradores

Os modelos mais comuns de refrigeradores usados no país são as geleiras verticais


modelo RAK, SIBIR e ZERO, e as geleiras horizontais modelo RCW 42 EK, RCW 42 AC,
RCW42 EG e ZERO. É importante conhecer e referir o modelo do refrigerador quando
fizer a requisição de peças sobressalentes para efeitos de reparação/manutenção.

5.2.4. Como instalar um refrigerador

99 Colocar o refrigerador no local mais frio da sala.

99 A sala deve ser bem ventilada com boa ventilação a volta do refrigerador. No en-
tanto, evitar locais onde o refrigerador possa apanhar sol pelas portas ou janelas.

99 Manter o refrigerador na sombra e longe de qualquer fonte de calor.

99 O refrigerador deve ser colocado a pelo menos 40 cm do tecto e 15 cm das paredes.


74 |  Programa Alargado de Vacinação

99 Para manter o refrigerador seco, colocar sobre um estrado de madeira. O refigera-


dor deve permanecer firme e nivelado sobre o estrado.

99 O refrigerador deve estar bem nivelado. Para verificar isso, coloque um prato raso
com água em cima da geleira. Quando bem nivelado, a água ficará à igual distância
dos bordos do prato. Se estiver desnivelado, coloque por baixo dele pequenos pe-
daços de madeira até ficar na posição desejada. A porta deve estar herméticamente
fechada.

99 Os refrigeradores de tipo absorção devem estar bem nivelados, caso contrário, não
irão funcionar devidamente.

Para verificar se a geleira fecha correctamente

99 Colocar um papel fino no ponto de encontro entre a porta e o corpo da geleira.


Fechar a porta.

99 Puxar devagar o papel. Se o mesmo sair facilmente é porque a porta não está a
fechar completamente.

99 Tentar ajustá-la. Se não fôr possível localmente resolver o problema, contactar o


técnico de frio.

99 Se a geleira fôr eléctrica, usar uma tomada exclusiva para ela. Evitar o uso de fichas
triplas que podem provocar sobrecarga ou desconexão acidental, desligando assim
a geleira.

5.2.5. Arrumação da vacina no refrigerador

Nos refrigeradores verticais, o espaço do refrigerador é composto por prateleiras


onde são arrumados os pacotes de vacinas. Estes devem ser colocados de forma a
manter uma distância aproximada de dois dedos entre uma caixa e outra e com uma
distância idêntica das paredes da geleira, de modo a permitir a livre circulação do ar
frio.

99 Na prateleira superior, colocar as vacinas anti-pólio, anti-sarampo.

99 Na segunda prateleira, arrumar as vacinas da BCG e frascos abertos (VAP, DPT/He-


Programa Alargado de Vacinação  | 75

patite B e VAT que tenham sobrado da sessão anterior de vcacinação). Os frascos


abertos devem ficar dentro de uma caixa assinalada “vacina devolvida”.

99 Na terceira prateleira, colocar a DPT/Hepatite B e VAT.

99 Na última prateleira, colocar as caixas de diluentes e acumuladores de gelo.

99 Nunca guardar vacinas na parte inferior da geleira nem na parte interior da porta,
por serem os locais menos frios.

99 Conservar os diluentes das vacinas de Sarampo e BCG na parte inferior da geleira, a


fim de os refrigerar antes da sua utilização. O diluente deve estar à mesma tempe-
ratura da vacina para não prejudicar a sua potência no momento da reconstituição
(diluição).

Os refrigeradores horizontais têm dois compartimentos, sendo um para congelação


e outro para a refrigeração das vacinas, divididos por um separador plástico que ser-
ve para impedir a congelação de vacinas.

As vacinas anti-pólio, anti-sarampo e BCG devem ser colocadas próximas do separa-


dor, por ser a zona mais fria. A DPT/Hepatite B e a VAT devem ser colocadas depois
das vacinas acima referidas, mais afastadas do separador.

Em qualquer das geleiras de vacinas

As vacinas mais antigas devem ser colocadas numa posição tal que seja fácil usá-las
em primeiro lugar. Pode-se colocar uma marca para as identificar melhor. Por exem-
plo, a vacina mais recente pode ser colocada à direita ou na parte de trás da prate-
leira, e a mais antiga à esquerda ou na parte da frente da prateleira. Assim, como
rotina, pode-se adoptar a prática de usar as vacinas à esquerda ou à frente primeiro.
Use sempre primeiro as vacinas que estão há mais tempo na geleira, observando
sempre as datas de expiração e o estado do monitor do frasco de vacina (VVM), se
existir.

O termómetro deve ser colocado juntamente com as vacinas DPT/Hepatite B e VAT.


76 |  Programa Alargado de Vacinação

Figura 9. Arrumação da vacina num refrigerador vertical

Acumuladores congelados
Acumuladores não
à esquerda
congelados à direita

Acumuladores na
posição vertical Compartimento
para evitar pingar de congelação
(-20°C)
Espaço entre os Trinco
acumuladores

Prazo de validade
longo atrás
VAP e vacinas liofi-
Prazo de
Use lizadas (Sarampo,
validade curto
Primeiro BCG) no topo
à frente Trinco

Espaço entre as
vacinas Vacinas líquidas
(DPT/HepB, VAT) no meio Termômetro
Frascos abertos
das sessões Compartimento
anteriores de refrigeração
+ 4°C
Diluente no
fundo

Acumulado res
não congelados no
fundo

5.2.6. Como cuidar de um refrigerador

99 Verificar a temperatura no interior do refrigerador duas vezes por dia.

99 Verificar se a chama é azul, o que sugere que o refrigerador funciona devidamente


e que manterá as temperaturas ideais.

99 Verificar a formação do gelo no evaporador. Se o gelo atingir 6 mm ou mais de


Programa Alargado de Vacinação  | 77

espessura, descongelar o refrigerador. O congelamento espesso no evaporador irá


resultar na subida da temperatura.

99 Depois do descongelamento, limpar e secar dentro e fora do refrigerador.

Figura 10. Arrumação da vacina numa geleira horizontal


Acumuladores
Compartimento de Compartimento de não congela-
congelação (- 20°C) Trinco refrigeração (+ 4°C) dos a volta da
Termômetro
vacina
Espaço entre os
acumuladores

Diluente a
+ 4°C
Espaço entre
as vacinas

Mesmo tipo
de vacina na
mesma área

Prazo de vali- Prazo de


dade longo no validade curto
Acumuladores Vai trocando os Acumuladores Vacinas líquidas VAP e vacinas fundo no topo
na posição ver- acumuladores vazios para (DPT/HepB, VAT) liofilizadas
tical para evitar não congelados elevar as vacinas no topo (Sarampo, BCG)
pingar pelos conge- do fundo no fundo
lados
Atenção: Nunca coloque mais do que 6 acumuladores grandes ou 10 acumuladores pequenos por dia

5.2.7. Como manter a vacina fria no refrigerador

99 Colocar a vacina no compartimento correcto.

99 Evitar abrir a geleira desnecessáriamente.

99 Manter a temperatura entre os +2oC e os +8oC, baseado no registo da temperatura


duas vezes por dia.

99 Descongelar o refrigerador regularmente.

99 Arrumar as vacina com espaço suficiente entre as caixas para permitr circulação do
78 |  Programa Alargado de Vacinação

ar.

99 Evitar arrumar a vacina em contacto com o evaporador.

5.2.8. Falhas de energia

Na eventualidade da falha de energia deve-se proceder da seguinte maneira:

Se se tratar de refrigerador a gás/eléctrico ou petróleo/eléctrico

99 Desligar o regulador de gás e acender a chama de gás ou a petróleo.

99 Verificar se a chama está a arder correctamente.

99 Verificar se o cilindro de gás tem gás suficiente. Se o gás for insuficiente e não hou-
ver um cilindro de reserva, transferir a vacina para o centro de saúde mais próximo
onde a cadeia de frio possa ser mantida. Proceder de igual modo, se o petróleo for
insuficiente e não houver de reserva.

99 Deligar o interruptor de electricidade.

Se o refrigerador é somente eléctrico

99 Não faça nada e não abra a porta do refrigerador até que estejas pronto para trans-
ferir a vacina para outra unidade sanitária onde a cadeia de frio possa ser mantida.

99 Manter a a vacina por um período de tempo seguro.

99 Comunicar ao seu supervisor ou ao técnico de frio.

5.3. CAIXAS ISOTÉRMICAS


As caixas isotérmicas são usadas para conservar as vacinas frias durante o transporte. Estes
contentores são desenhados para manter o ar frio dentro e prevenir a entrada de ar quen-
te. Por isso, durante o transporte da vacina, deve-se evitar abrir esses contentores.
Programa Alargado de Vacinação  | 79

5.3.1. Arrumação correcta de vacinas nas caixas isotérmicas

Quando os acumuladores estão congelados, devem ser colocados sobre a superfície


de uma mesa em uma linha só, durante 5 a 10 minutos, depois de retirados do con-
gelador. Quando o gelo no interior do acumulador começar a se movimentar, então
o acumulador está pronto para ser colocado no interior da caixa isotérmica para a
conservação da vacina. Com esta exposição a temperatura ambiente, a temperatura
no interior do acumulador irá subir ligeiramente a ponto de não constituir perigo
para o congelamento das vacinas DPT/HepatiteB e VAT. Apesar de todo este cuidado,
é recomendável que estas vacinas sejam embrulhadas com material leve e não sejam
colocadas em contacto com os acumuladores para evitar o risco de congelamento.

Os passos a seguir são:

99 Forrar primeiro os lados e o fundo da caixa com os acumuladores de gelo.

99 Arrumar as vacinas. Lembre-se que as vacinas DPT/HepB e VAT não devem ficar em
contacto directo com os acumuladores de frio. Colocar no meio das outras e emba-
lar com plástico ou outro material de embrulho ou caixinha.

99 Colocar um termómetro ou monitor no interior da caixa.

99 Quando tiver arrumado todas as vacinas e o termómetro/monitor na caixa, colocar


acumuladores de frio por cima.

99 Fechar bem a caixa de forma a não permitir a entrada do ar e manter na sombra.

99 Manter as vacinas no frio até a sua aplicação.

99 No local de vacinação, manter a caixa isotérmica na sombra e fechada.

99 Só tire da caixa a vacina que vai ser imediatamente utilizada.

Para conservação de vacinas já preparadas para aplicação, durante uma sessão de


vacinação, utiliza-se uma caixa isotérmica pequena “RCW2”
80 |  Programa Alargado de Vacinação

5.4. ACUMULADORES
Os acumuladores são contentores plásticos que se enchem de água ou gelatina. São colo-
cados na câmara frigorífica para congelarem antes de serem usados nas caixas isotérmicas
para o transporte e conservação de vacina.

Durante a sessão de vacinação, os frascos de vacina são colocados nos acumuladores para
evitar que se abra frenquentemente as caixas isotérmicas, o que subiria facilmente a tem-
peratura interna.

Assegurar de que as tampas dos acumuladores estão bem fechadas para que a água não
pingue. Os acumuladores devem ser preenchidos de líquido até cerca de um dedo do topo
ou até á marca perto do topo do acumulador, para permitir a expansão da água.

Figura 11. Caixa isotérmica média/grande Figura 12. Caixa isotérmica pequena

  Figura 13. Caixa isotérmica de mesa Figura 14. Acumuladores    .


Programa Alargado de Vacinação  | 81

6. MONITORIA DO SISTEMA DE
CADEIA DE FRIO

OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM

No final da aula, os alunos devem ser capazes de:

1. Conhecer os diferentes instrumentos usados para a monitoria da cadeia de frio

2. Efectuar o registo de temperatura conforme as normas

RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/


APRENDIZAGEM
Objectivos da Ensino/Aprendizagem
Conteúdo
Aprendizagem Actividades

Conhecer os As aulas consistirão em demonstração,


diferentes coadjuvado pelo método Phillips 66 onde os
instrumentos usados alunos serão divididos em grupo de 6 e que,
Monitores de
para a monitoria da em 6 minutos os mesmos deverão trocar idéias
sistema de cadeia
cadeia de frio sobre os instrumentos usados para a monitoria
de frio
Efectuar o registo da cadeia de frio e procedimentos para o
de temperatura registo de temperatura e ao final cada grupo
conforme as normas fará uma apresentação.

Existem diferentes instrumentos usados na monitoria do sistema de cadeia de frio. Os mais


comuns são os termómetros, os cartões monitores, o monitor do frasco de vacina (VVM), o
frezze watch (relógio de congelação). Adicionalmente, quando se suspeite de congelamen-
to de vacina, também se usa o teste de agitação (shake test).
82 |  Programa Alargado de Vacinação

6.1. REGISTO DE TEMPERATURA


O registo de temperatura é feito diariamente duas vezes por dia, de manhã e a tarde, usan-
do instrumentos de medição de temperatura chamados termômetros. A temperatura é
registada em fichas especialmente desenhadas para o efeito. Esta tarefa é muito importan-
te dado que qualquer falha no funcionamento do refrigerador será descoberta e tomadas
medidas imediatamente através do reajustamento do termostato. Isto irá evitar a perda da
vacina ou a administração de vacina que tenha sido exposta a altas temperaturas.

Existem vários tipos de termómetros. Os mais comuns são:

99 Termômetros de líquido cristalino: são usados durante o transporte de vacina e


nos refrigeradores. Não funcionam em temperaturas abaixo do ponto de congela-
mento.

99 Termômetros de relógio (figura 15): existem dois tipos de termômetros de relógio.


O primeiro é usado nos depósitos centrais, regionais e distritais de vacina. Tem alar-
me e pode registar temperaturas mínimas e máximas. O segundo tipo não possui
nem alarme nem capacidade de registar temperaturas máximas e mínimas. São
usados durante o transporte da vacina e na maioria dos refrigeradores.

99 Termômetros termográficos (figura 15): são termômetros construídos no interior


das câmaras frias, que registam gráficamente a temperatura da câmara de forma
contínua. São geralmente usados nos depósitos centrais e regionais de vacina.

6.2. CARTÃO MONITOR


O cartão monitor é um cartão rectangular especial com 4 janelas ovais com uma fita estabi-
lizadora na extremidade. O monitor é activado quando a fita é removida. As mudanças de
côr ocorrem em correspondência ao aumento da temperatura.

6.2.1. Como funciona o cartão monitor

Cada cartão monitor tem um indicador sensível ao calor na forma de uma fita com 4
janelas acopladas a ela. O indicador funciona a duas temperaturas diferentes, 10oC
e temperaturas acima de 34oC. O cartão é completamente estável ao calor até que
seja activado pela remoção da fita estabilizadora. As instruções para a interpretação
Programa Alargado de Vacinação  | 83

do cartão monitor se encontram impressas no cartão. Uma vantagem deste monitor


é que a mudança da côr é irreversível. A côr pára de se espalhar quando a tempera-

Figura 15. Termómetros de relógio e termográfico

Figura 16. Gráfico de registo de temperatura

Verifique o refrigerador se
a temperatura aumentar

Limites de tempera-
tura segura

Ajuste o termostato para “mais


quente”
84 |  Programa Alargado de Vacinação

tura esteja abaixo de 10oC, mas não volta ao estágio anterior mesmo que a vacina
seja colocada num congelador. Quanto maior for a temperatura, maior será a rapidez
com que a côr azul se espalhará de uma janela para outra.

Conserve o Cartão Monitor da Cadeia de Frio juntamente com a vacina

99 Quando o Cartão Monitor chegar, preencha a parte superior esquerda do Cartão:

(1) anote a data de entrada

(2) anote o índice (0, A, B, C e/ou D)

(3) anote o local

99 Quando o Monitor sair, complete a parte superior direita do Cartão:

(4) anote a data de saída

(5) anote o índice (0, A, B, C e/ou D)

99 Se as janelas A,B,C e D estiverem completamente brancas, use as vacinas normal-


mente.

99 Se as janelas A a C estiverem completamente azuis e a D ainda estiver branca, quer


dizer que a vacina esteve exposta a uma temperatura superior a 10ºC durante o
seguinte número de dias:

Tabela 7. Interpretação da alteração do cartão monitor com a exposição à


temperaturas elevadas

ÍNDICE
A B C
A uma temperatura de 12ºC 3 dias 8 dias 14 dias
A uma temperatura de 21ºC 2 dias 6 dias 11 dias

Se a janela D estiver azul, quer dizer que houve uma quebra na cadeia de frio a uma
temperatura superior a 34ºC, durante duas horas pelo menos. Verifique a cadeia de frio.
Programa Alargado de Vacinação  | 85

A instrução “use antes de três meses” não deve ser observada se a data de expiração
ou a política local da cadeia de frio requerer um período mais curto antes do seu uso
ou descarte.

Garanta a aplicação da vacina potente observando as normas do Cartão


Monitor

Figura 17. Cartão Monitor

6.3. MONITOR DO FRASCO DE VACINA (VVM)


A vacina anti-pólio já é produzida com um monitor pequeno no frasco. Esse monitor tem
uma parte interior de côr branca. Quando essa parte branca fica com uma côr igual à da
parede externa que a reveste ou se torna mais escura, a vacina anti-pólio já não pode mais
ser usada (figura 18).

Muito em breve, todas as vacinas usadas pelo PAV terão o respectivo monitor. Os monitores
86 |  Programa Alargado de Vacinação

dos frascos de vacinas líquidas situam-se na parte lateral (cilíndrica) do frasco de vacina,
enquanto o monitor das vacinas liofilizadas (em pó), situa-se na parte superior (topo) do
frasco de vacina (figura 19).

6.4. RELÓGIO DE CONGELAMENTO (FREEZE WATCH)


É uma pequena ampola de vidro preenchida com líquido colorido. Se a temperatura cair
abaixo de –3o C, a ampola arrebenta e espalha um líquido vermelho (figura 20). É útil para
detectar se as vacinas que não devem ser congeladas (DPT/Hepatite B e VAT) foram ou não
expostas a temperaturas adversas (congeladas). Se as vacinas tiverem sido congeladas não
devem ser usadas pois terão perdido a potência.

6.5. TESTE DE AGITAÇÃO (SHAKE TEST)


É um teste simples que pode ser feito em qualquer estágio da cadeia de frio. A velocidade
de sedimentação de um frasco suspeito de ter congelado é comparada com a de um frasco
similar de DP/Hepatite B ou VAT que se sabe tenha sido conservado a temperaturas correc-
tas. Agite os dois frascos vigorosamente e siga as instruções como descrito abaixo (figura
21).

Este teste não é perfeito. É subjectivo, requer experiência e não identifica fielmente todos
os frascos de DPT/Hepatite B e VAT que possam estar estragados por congelamento. Assim,
descarte os frascos se houver forte probabilidade de terem sido congelados.
Programa Alargado de Vacinação  | 87

Figura 18. Interpretação do monitor

Figura 19. Localização do VVM no frasco de vacina líquida e liofilizada

Ampola de
vacina liofilizada
congelada
Frasco de vacina
liofilizada

Frasco de Vacina
líquida
88 |  Programa Alargado de Vacinação

Figura 20. Interpretação do Relógio de Congelamento (Freeze Watch)

Figura 21. Teste de agitação para as vacinas líquidas DPT/Hep B e VAT

Vacina nunca Vacina congelada e


congelada descongelada

Imediatamente depois de
agitada

Vêm-se
partículas
Turvo
granulares

Depois de 15 a 30 min.
Começa a
Quase Claro
Clarear

Não há
sedimentação sedimento denso

Use esta vacina Não use esta vacina


Programa Alargado de Vacinação  | 89

7.
OBJECTIVOS
GESTÃO DA VACINA

No final do tema, os alunos devem ser capazes de:

1. Conhecer os diferentes instrumentos usados para a monitoria da cadeia de frio

2. Efectuar o registo de temperatura conforme as normas

RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/


APRENDIZAGEM
Objectivos da Ensino/Aprendizagem
Conteúdo
Aprendizagem Actividades
Conhecer os
procedimentos usados
As aulas consistirão em exposições dialogada.
para o procurement das
vacinas
As aulas práticas serão desenvolvidas com
Gestão de demostração tendo em consideração o
Vacinas Dominar os cálculos desenvolvimento
de estimativa anuais, de técnicas e recursos que permitam ao
semestrais, trimestrais e aluno efectuar os cálculos de estimativa
mensais das vacinas. de vacina. Cada aluno deverá exercitar os
cálculos de estimativas mensais, trimestrais,
semestrais e anuais.
90 |  Programa Alargado de Vacinação

7.1. PROCUREMENT DE VACINA


As estimativas anuais para o procurement da vacina para todo o país são feitas pela unida-
de central do PAV numa base anual. Estas estimativas têm em conta:

99 Se houve rupturas de stock.

99 O aumento da população menor de 1 ano.

99 O desperdício de vacina.

O pedido é enviado ao Centro de Medicamentos e Artigos Médicos (CMAM) do MISAU e ao


UNICEF, que facilitam processo de procurement para todo o programa de vacinação.

Antes da vacina chegar ao país, normalmente recebe-se um fax no depósito central do PAV
dando a sguinte informação:

99 Tipo de vacina a ser desembarcada.

99 Número de frascos ou doses esperados.

99 No de vôo.

99 Hora de partida do país de origem.

99 Hora de chegada ao país receptor (neste caso, Moçambique).

99 No do Airway Bill (AWB).

99 No de embalagens esperadas e o peso bruto.

Uma vez se tenha recebido esta informação:

99 A MEDIMOC inicia os procedimenntos para o desalfandegamento da mercadoria.

99 O depósito central prepara espaço para armazenar a vacina.

99 Disponibiliza-se transporte para colecta imediata da vacina logo que desembarcar


no aeroporto.
Programa Alargado de Vacinação  | 91

Quando a vacina chega no depósito central deve-se proceder do seguinte modo:

99 Verificar e registar o estado dos monitores de vacina que acompanham as caixas


individuais de vacina, para avaliar a manutenção da cadeia de frio durante o trans-
porte.

99 Verificar e registar as condições dos acumuladores que acompanham as caixas in-


dividuais de vacina.

99 Verificar e registar a quantidade de vacina recebida e as embalagens.

99 Uma vez que se confirme que as vacinas foram transportadas adequadamente, elas
são organizadas pela data de expiração e armazenadas a várias temperaturas reco-
mendadas, isto é, entre – 15oC e – 25oC para a VAP e a anti-Sarampo e BCG, e entre
+ 2oC e 8oC, para as vacinas da DPT/Hepatite B e VAT.

7.1.1. Como calcular as necessidades em vacina

É importante receber as quantidades correctas de vacina durante cada período de


abastecimento, por exemplo, durante cada mês. Se poucas quantidades forem rece-
bidas, pode haver ruptura antes do abastecimento seguinte, causando atrasos nas
actividades de vacinação. Se muita quantidade for solicitada, algumas vacinas po-
dem expirar antes de serem usadas e serem disperdiçadas. Adicionalmente, existe
sempre o risco de falhas na energia, ou avaria do refrigerador. Nestes casos, se hou-
ver muito stock de vacina, uma grande quantidade da vacina poderá ser destruída
enquanto o refrigerador estiver avariado

Assim, é importante calcular a quantidade exacta de vacina necessária para cada


unidade sanitária.

Os passos seguintes ajudam na estimativa das quantidades de vacina necessária:

A = Estimar o tamanho da população total. Pode-se usar dados do censo se estiverem


disponíveis.

B = Calcular o grupo-alvo em %.

C = Estimar a cobertura esperada.


92 |  Programa Alargado de Vacinação

D = Calcular o número de doses a serem administradas.

E = Estimar a quantidade de vacina necessária.

F= Estimar o desperdício (converter em factor de desperdício).

G = Calcular a quantidade de vacina incluindo o desperdício.

H = Estimar o stock de segurança, normalmente 25% de G.

I = Calcular a quantidade total de vacina incluindo o stock de segurança.

J = Calcular o número de frascos de vacina, tendo em conta que a vacina sempre vem
em frascos.

Tendo em conta os passos acima, a seguinte fórmula é usada para o cálculo da quan-
tidade de vacina necessária:

E=BxCxD

A seguir estima-se o desperdício (F) que é convertido em factor de desperdício (FD).

No país foi estabelecido que o desperdício ocorre aos seguintes níveis para as dife-
rentes vacinas:

BCG........................................... 50%

VAP........................................... 20%

Sarampo...................................30%

DPT/Hepatite B.........................20%

VAT........................................... 25%

Estas taxas de desperdício correspondem aos seguintes factores de desperdício:


Programa Alargado de Vacinação  | 93

Tabela 8. Taxas de desperdício e factores correspondentes

Taxa de
desperdício 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60%
de vacina
Factor de
desperdício 1.05 1.11 1.18 1.25 1.33 1.43 1.54 1.67 1.82 2.00 2.22 2.50
equivalente

Qualquer taxa de desperdício pode ser convertida em factor de desperdício apli-


cando a seguinte fórmula:

100
Factor de desperdício = -------------------------------------
(100 – taxa de desperdício)

Por exemplo, para converter uma taxa de desperdício de 40% em factor de desper-
dício, fica:

100 100
Factor de desperdício = ----------------- = ---------------- = 1.666 ~ 1.67
(100 – 40) 60

Uma vez calculado o fator de desperdício, calcula-se a quantidade de vacina necessá-


ria incluindo o desperdício (G), usando a seguinte fórmula: G = E + F

Segue-se o cálculo do stock de segurança (H), que corresponde a 25% da vacina cal-
culada na alínea anterior (G). Assim, teremos: H = G x 25%

Finalmente, a quantidade total de vacina (I) necessária para o distrito será dada pela
soma da quantidade de vacina incluindo o desperdício (G) com o stock de segurança
(H), isto é, I = G + H.
94 |  Programa Alargado de Vacinação

Exemplo de cálculo de necessidades em vacinas para um distrito com uma popula-


ção total de 35.000 habitantes.

Exemplo de vacina de dose única – BCG

A = População total (Pt) = 35.000


B = Grupo-alvo = 4% da Pop Total = 35.000 x 4% = 1.400 crianças

C = Cobertura esperada = 95%


D = Número de doses a administrar por criança = 1 dose
E = Número de doses de vacina = B x C x D

Ou seja, 1.400 x 95% x 1 = 1.330

F = Estimar o desperdício para a BCG, geralmente 50% (FD = 2)


G = Calcular a quantidade de vacina incluindo o desperdício = E x F

Ou seja, 1.330 x 2 = 2.660

H = Estimar o Stock de Segurança, geralmente 25% de G

Ou seja, 2.660 x 0,25 = 665

I = Calcular a quantidade total de vacina = G + H

Ou seja, 2660 + 665 = 3.325 doses de BCG necessárias para todo o ano no
distrito.

Como a BCG vem em frascos de 20 doses cada, divide-se a quantidade total


de vacina calculada (I) em doses por 20, para saber quantos frascos de va-
cina (J) são necessários.

Assim teremos: J = I / 20
Frascos de BCG = 3.325/20 = 166,25 frascos, arredondados para 167 frascos
de BCG.
Programa Alargado de Vacinação  | 95

Exemplo de vacina de dose Múltipla – DPT/Hepatite B

A = População total (Pt) = 35.000


B = Grupo-alvo = 4% da Pop Total = 35.000 x 4% = 1.400 crianças
C = Cobertura esperada = 90%
D = Número de doses a administrar por criança = 3 dose
E = Número de doses de vacina = B x C x D

Ou seja, 1.400 x 90% x 3 = 3.780

F = Estimar o desperdício para a DPT/Hepatite B, geralmente 20% (FD =


1,25)
G = Calcular a quantidade de vacina incluindo o desperdício = E x F

Ou seja, 3.780 x 1,25 = 4.725

H = Estimar o Stock de Segurança, geralmente 25% de G

Ou seja, 4.725 x 0,25 = 1.181

I = Calcular a quantidade total de vacina = G + H

Ou seja, 4.725 + 1.181 = 5.906 doses de DPT/Hepatite B necessárias para


todo o ano no distrito.

Como a DPT/Hpatite B vem em frascos de 10 doses cada, divide-se a quan-


tidade total de vacina calculada (I) em doses por 10, para saber quantos
frascos de vacina (J) são necessários.

Assim teremos: J = I / 10

Ou seja, Frascos de DPT/Hepatite B = 5.906/10 = 509,6 frascos, arredonda-


dos para 510 frascos de DPT/Heapatite B.
96 |  Programa Alargado de Vacinação

7.1.2. Estimativa das necessidades em seringas AD

Continuando os passos iniciados acima, os cálculos devem continuar para estimar


a quantidade de seringas auto-destructíveis – AD (K) para a aplicação da vacina. A
fórmula para tal é a seguinte:

K (Total seringas AD) = (E (número de doses de vacina) + H (stock de segurança) ) x 1,11 onde:

E = Número de doses de vacina calculada acima


H = Stock de segurança da vacina em causa
1,11 é o factor de desperdício corresponde à taxa de desperdício de 10%,
geralmente considerado o valor máximo aceitável para o desperdício de
seringas.

Continuando o exemplo acima para a BCG, teremos:

E = 1.330

H = 665

Taxa de desperdício para seringas, 10% ~ FD = 1,11

Ou seja, K (Total Seringas AD) = (1.330 + 665) x 1,11 = 1995 x 1,11 = 2.215 Seringas AD para
a BCG

Continuando o exemplo acima para a DPT/Hepatite B, teremos:

E = 3.780

H = 1.181

Taxa de desperdício para seringas, 10% ~ FD = 1,11

Ou seja, K (Total Seringas AD) = (3.780 + 1.181) x 1,11 = 4.961 x 1,11 = 5.507 Seringas AD para
a DPT/Hepatite B.
Programa Alargado de Vacinação  | 97

NOTA
para obter o número total de seringas auto-destructíveis (AD) para injec-
ção, é necessário somar a quantidade de seringas AD necessárias para cada
vacina. Considerando que na aplicação das vacinas DPT/Hepatite B, VAS e
VAT, usa-se o mesmo tipo de seringas de 0,5 ml, o total de seringas AD de
0,5 ml será:

Total AD (0,5 ml) = Seringas AD (DPT/Hepatite B) + Seringas AD (VAS) + Seringas AD (VAT)

No caso da BCG, porque usa seringas AD de graduação diferente de qualquer outra


vacina, a quantidade total necessária deve ser considerada separadamente. Assim,
para a BCG teremos:

Total seringas AD (0,05 ml) = Seringas AD (calculadas para a BCG).

7.1.3. Estimativa das necessidades em seringas de diluição

Para calcular o número total de seringas de diluição necessárias divide-se o número


total de doses de vacina calculado pelo número de doses por frasco, neste caso 20 se
se tratar de BCG e 10 se for VAS, ou seja, o número total de frascos é igual ao número
de seringas de reconstituição. Deve-se acrescer 10% de desperdício, que convertido
em factor de desperdício (FD) é igual a 1,11.

Assim, a fórmula será:

H (Total doses de vacina)


L (Total seringas diluição) = ------------------------------------- x 1,11
20 ou 10
98 |  Programa Alargado de Vacinação

Continuando o exemplo acima para a BCG, teremos:

L = Total de seringas de diluição

H = Total de doses de vacina da BCG incluindo o stock segurança= 3.325

1,11 é o FD ~ à taxa de desperdício de 10%

3.325
Logo, L (Total des seringas de diluição) = ------------------ x 1,11 = 166 x 1,11
20

= 185 seringas de diluição só para a BCG são necessárias para todo o ano no distrito.

A vacina DPT/Hepatite B não necessita de seringas de diluição, por isso não são
aqui calculadas.

NOTA
para obter o número total de seringas de diluição (SD) para todas as vacinas
injectáveis liofilizadas (BCG e VAS), é necessário somar a quantidade de
seringas de diluição (SD) necessárias para cada vacina, isto é,
Total SD = SD (BCG) + SD (VAS).

Todas estas necessidades podem ser resumidas numa tabela de acordo com cada
tipo de seringas, como no exemplo a seguir:
Programa Alargado de Vacinação  | 99

Tabela 9. Tipos de vacina e respectivas seringas

Tipo de vacinas Tipo de seringas Total


BCG 0,05 ml
DPT, Hepatite B, VAS e VAT 0,5 ml
Para diluição 5 ml

7.1.4. Estimativa das necessidades em Caixas Incineradoras

Finalmente o cálculo das necessidades termina com a estimativa do número de cai-


xas incineradoras (M) necessárias para a deposição de todas as seringas, tanto as
Auto-Destructíveis (K) assim como as de Diluição (L). Estima-se que cada caixa inci-
neradora deve comportar 100 seringas. Assim, a fórmula para o cálculo do número
de caixas incineradoras (M) será:

K + L
M (Número de caixas incineradoras) = ------------------------- x 1,11
100

onde,

K = Número total de seringas AD

L = Número total de seringas de diluição

1,11 é o FD ~ à taxa de desperdício de 10%,

Continuando o exemplo acima para a BCB, teremos:

K = Número total de seringas AD = 2.215

L = Número total de seringas de diluição SD = 185

1,11 ~ Factor de Desperdício (FD) para as caixas incineradoras;


100 |  Programa Alargado de Vacinação

2.215 + 185
M (Número de caixas incineradoras) =-------------------------- x 1,11 = 24 x 1,11 = 27 cxs. incinera-
100 doras para a BCG

Continuando o exemplo acima para a DPT/Hepatite B, teremos:

K = Número total de seringas AD = 6.883

L = Número total de seringas de diluição SD = 0

1,11 é o FD ~ à taxa de desperdício de 10%,

5.507
M (Número de caixas incineradoras) =------------------- x 1,11 = 55,07 x 1,11 = 61,127 ~ 62 cxs.
100 incineradoras para a DPT/HepatiteB.

NOTA
para obter o número total de caixas incineradoras (Cx Inc) para todas as
vacinas injectáveis (BCG, DPT/Hepatite B, VAT e VAS), é necessário somar
a quantidade de caixas incineradoras necessárias para cada vacina, isto é,

Total Cx Inc = Cx Inc (BCG) + Cx Inc (DPT/Hepatite B) + Cx Inc (VAT) + Cx Inc (VAS).

Os cálculos acima apresentados sobre a estimativa das necessidade podem ser resu-
midos na tabela seguinte:
Programa Alargado de Vacinação  | 101

Tabela 10. Cálculo das necessidades em vacina da BCG e respectivos materiais de


injecção segura
102 |  Programa Alargado de Vacinação

Tabela 11. Cálculo das necessidades em vacina da DPT/Hepatite B e respectivos


materiaisde injecção segura
Programa Alargado de Vacinação  | 103

NOTA
No cálculo das necessidades há que ter sempre em conta o número de do-
ses necessárias para cada tipo de vacina:
99 A vacina BCG é uma dose única
99 A vacinação antitetânica compreende, em média, 2 doses por ano
99 A vacina DPTHepatite B é dada em 3 doses
99 A vacina anti-sarampo é dada numa dose única
99 A vacina Antipólio é dada em 4 doses

7.2. Requisição de Vacina


Para proceder à requisição de vacina é necessário definir os seguintes parâmetros:

99 Definir o período de abastecimento

99 Calcular as necessidades para o período

99 Estabelecer o nível dos stocks críticos

99 Calcular a quantidade a ser requisitada

O período de abastecimento é trimestral para os níveis central e provincial, e mensal para


os níveis distrital e de unidade sanitária.

Para os níveis central e provincial, as necessidades de vacina para o período serão calcula-
das dividindo a quantidade anual por 4 (o ano tem 4 trimestres). Para os níveis distrital e
de unidade sanitária as necessidades da vacina para o período serão calculadas dividindo a
quantidade anual por 12 (o ano tem 12 mêses).

Continuando com o exemplo acima para a BCG:

Quantidade Total de Vacina

99 Para Depósito Central/Provincial

Quantidade total calculada da vacina BCG: 3.325 ~ 3.340 (os frascos são de 20 doses cada)
104 |  Programa Alargado de Vacinação

99 Para Depósito Distrital/Unidade Sanitária

Quantidade total calculada da vacina BCG: 3.325 ~ 3.340 (os frascos são de 20 doses cada)

Período de Abastecimento

99 Para Depósito Central/Provincial

Período de abastecimento trimestral, logo: 3.340/4 = 835 ~ 840 doses por trimestre.

99 Para Depósito Distrital/Unidade Sanitária

Período de abastecimento mensal, logo: 3.340/12 = 278,3 ~ 280 doses por mês.

Stocks Críticos (Máximo e Mínimo)

Os níveis de stock críticos compreendem o stock máximo, o stock mínimo e o ponto de


requisição.

O stock máximo é a quantidade trimestral ou mensal calculada como ilustrado na alínea


anterior, conforme se trate de depósito central/provincial ou distrital/unidade sanitária,
respectivamente.

Assim, continuando com o exemplo acima para a BCG, para o nível distrital/US o stock
máximo mensal é:

3.340/12 = 278,3 ~ 280 doses

O stock mínimo corresponde ao stock de segurança, geralmente considerado 25% das ne-
cessidades reais. É importante recordar que no cálculo da quantidade total anual da vacina
já estão incluídos os 25% do stock de segurança (ver alínea H da tabela de cálculo das ne-
cessidades em vacina e materiais de injecção). Assim, 25% de 280 doses correspondem ao
stock de segurança, isto é,

280 x 25% = 70 doses.

Isto significa que a quantidade real de vacina necessária é igual a 280 – 70 = 210 doses.
Programa Alargado de Vacinação  | 105

Ponto de Requisição

Para calcular o ponto de requisição usa-se a quantidade real necessária. Continuando com
o exemplo da BCG, teríamos:

280 – 70 = 210 doses de BCG é a quantidade real de vacina necessária por mês

Neste caso é necessário ter-se uma idéia de quanto tempo é necessário para o carro ir até
ao depósito provincial ou distrital e voltar. Para fins práticos adopta-se o tempo de uma
semana, considerando que o mês tem 4 semanas. Isto significa que quando sobrar quan-
tidade de vacina para uma semana, deve-se fazer uma nova requisição. Este é o ponto de
requisição.

Continuando o exemplo anterior da BCG, teríamos:

210/4 = 52,5 ~ 53 doses de BCG correpondem ao ponto de requisição; como os frascos de


BCG são de 20 doses, pode-se arredondar para 60 doses.

Isto significa que quando sobrarem 60 doses de BCG (ponto de requisição) + as 70 doses
do stock de segurança, o responsável do PAV no distrito ou na unidade sanitária, deve fazer
uma nova requisição da vacina BCG.

Enquanto o carro vai trazer a nova vacina, ele/ela vai usando ao longo da semana as 130
(60+70) doses que sobram. Assim, teoricamente, até á altura em que o carro chegar com a
nova vacina, o responsável do PAV terá no seu depósito cerca de 70 doses de BCG, corres-
pondente ao stock de segurança. É importante notar que, em condições normais, o stock
de segurança é igual em todos os meses, isto é, é sempre de 70 doses, neste exemplo.

A quantidade de vacina a requisitar é dada pela seguinte fórmula:

Quant. Requisitar (Qreq) = Stock Máximo (S Max) – Stock Disponível (S Disp) + Ponto de Requisição(Preq)

Continuando exemplo da vacina da BCG acima, teríamos:

S Max = 280 doses


106 |  Programa Alargado de Vacinação

S Disp = 90 doses

Preq = 60 doses

Qreq = S Max – S Disp + Preq

Qreq = 280 – 90 + 60 = 250

NOTA
o stock disponível é a quantidade de vacina existente em stock na altura em
que se emite a requisição. Pode ser encontrado através da contagem física
ou calculado subtraindo do stock máximo o total da vacina gasta, ou seja:

Stock Disponível (S Disp)= Stock Máximo (S Max) – Total Vacina Gasta (Aviada + Perdas).

Outro exemplo ainda com a BCG para o nível do distrito/US:

S Max = 280 doses

S Disp = 170 doses

Preq = 60 doses

Qreq = S Max – S Disp + Preq

Qreq = 280 – 170 + 60 = 170

Os mesmos passos são usados para calcular as necessidades a requisitar para outras vaci-
nas e materiais de vacinação.
Programa Alargado de Vacinação  | 107

NOTA
É muito importante observar as seguintes condições:
99 Uma nova requisição deve ser feita antes ou o mais tardar quando
o stock alcança o ponto de requisição.
99 De cada vez que se emite uma requisição, deve-se requisitar todos
os antígenos com o respectivo diluente.
99 Se houver actividades suplementares, como por exemplo, campa-
nhas, deve-se emitir emitir uma requisição separada, para não in-
terferir com os cálculos para a rotina.

7.3. CONTROLO DE STOCK DE VACINA E MATERIAIS


Para controlar a quantidade de vacina recebida no depósito distrital e distribuída às unida-
des sanitárias e manter o controle da vacina à medida que é entregue ao pessoal do PAV, é
necessário manter os registos. Esses registos mostrar-lhe-ão imediatamente:

99 Que a quantidade de cada vacina se encontra no refrigerador.

99 A data de expiração de cada vacina.

99 Que vacinas foram aviadas aos centros de saúde e dispensários.

99 Que vacinas foram devolvidas pelos centros de saúde e dispensários.

99 Quanta vacina foi aviada para o depósito distrital ou unidade sanitária e as datas.
108 |  Programa Alargado de Vacinação

Tabela 12. Ficha de requisição de vacina para os níveis provinciais, distritais e de unidade
sanitária

A B C D E F G H
Doses de Vacina Expirada
Consultar registos Doses de Frascos Partidos
Qt Anual/12 de controle de Doses de Vacina Estragada =B-(C+D) Calcular =B-E+F
stock (congela/ VVM estadio 3 ou 4)

BCG

Diluente BCG
Seringas AD
BCG 0,05 ml

VAP

DPT/Hepatite B

VAS

Diluente VAS

Seringas AD
DPT/Hep B, VAS e VAT 0,5 ml

Seringas Diluição 5 ml

Caixas incineradoras

Estes dados devem ser guardados numa ficha de registo de stock de vacina, usando uma
ficha separada para cada tipo de vacina. Para tal, pode-se usar, por exemplo, um livro de
registo de stock de vacinas e materiais recebidos ao longo do ano. Proceda da seguinte
maneira:

99 Dividir o livro em secções separadas de várias páginas para cada tipo de vacina ou
outro material ou equipamento usado.

99 Preparar tabelas para cada vacina e identificar as colunas com na tabela 12. As pági-
nas frontais do livro são usadas para registar os detalhes de cada vacina ou seringas
AD ou diluente ou outro material/equipamento.

99 Para cada vacina recebida ou aviada, deve-se registar todos os detalhes incluindo
o número de lote, a data de expiração, o estado do monitor do frasco de vacina
(VVM), a quantidade, etc.
Programa Alargado de Vacinação  | 109

99 Depois de cada recepção ou aviamento, deve-se calcular e registar o stock em ba-


lanço. O balanço registado deve ser verificado periodicamente a intervalos regula-
res, através de contagem física, por exemplo, uma vez por mês no nível distrital e de
unidade sanitária, e trimestralmente nos depósitos provincial e central.

Tabela 13. Ficha de controle de stock de vacinas e materiais de vacinação

7.4. TESTE DE POTÊNCIA DA VACINA


As vacinas não são rotineiramente enviadas para o teste a menos que uma grande quanti-
dade tenha sido exposta a uma falha da cadeia de frio. Não é econômico testar pequenas
quantidades.

A potência e segurança das vacinas são testadas pelo fabricante antes de serem liberadas
para o mercado. É mandatório que os protocolos de produção sejam devidamente assina-
dos pela Autoridade Nacional de Controle Laboratorial e sejam submetidos com cada lote
recebido pelo depósito central. Esses protocolos devem conter todos os detalhes dos testes
realizados e devem incluir os testes de esterilidade, testes de inocuidade, considerações
finais, testes de identidade e datas de expiração de cada lote.
110 |  Programa Alargado de Vacinação

Devido aos custos e complexidade envolvidos no teste das vacinas, a OMS forneceu um
guião sobre a quantidade de vacina sob suspeita que justifique um teste (tabela 13).

Tabela 14. Informação para testar a potência da vacina

Nr. de doses Tempo em que se


Nr de doses
envolvidas espera a resposta Condições de
Vacina necessárias para
justificando (pemitindo testes transporte
o teste
um teste repetidos)
VAP (oral)
2.000
Sarampo (Lifilizada- 50 1 mês
2.000
congelada)
BCG (Liofilizada-
20.000
congelada) 2o C a 8o C

DPT/Hepatite B 200.000 100 3 mêses

Tetanus Toxóide
50.000
(VAT)

NOTA
não é normal levar vacina de uma unidade sanitária para ser testada. A
quantidade é muito pequena para justificar o custo de transporte e do tes-
te.

Algumas vezes é necessário testar a potência das vacinas em uso num programa de vacina-
ção, particularmente quando se suspeita de sua potência.

As amostras a serem testadas devem ser colhidas nos pontos onde é mais provável a cadeia
de frio estar enfraquecida. Essas amostras devem ser claramente identificadas com a data,
o local e o nome da pessoa que as colheu. As amostras são depois embrulhadas, colocadas
numa caixa isotérmica com acumuladores e enviadas ao laboratório onde serão testadas.
Os resultados obtidos irão ditar as acções subsequentes.
Programa Alargado de Vacinação  | 111

8. COMO ORGANIZAR UMA


SESSÃO DE VACINAÇÃO

OBJECTIVOS

No final do tema, os alunos devem ser capazes de:

1. Conhecer os objectivos de uma sessão de vacinação

2. Conhecer os objectivos de uma sessão de vacinação

3. Planificar uma sessão de vacinação e BM

4. Garantir o envolvimento da comunidade

5. Conhecer o equipamento a levar numa brigada móvel (BM)

6. Dominar as técnicas de arumação das vacinas

7. Determinar as frequência das sessões de vacinação

8. Conhecer as causas de desperdício e estratégias para reduzir o desperdício


112 |  Programa Alargado de Vacinação

RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/


APRENDIZAGEM
Ensino/Aprendizagem
Conteúdo Objectivos da Aprendizagem
Actividades
As aulas consistirão em uma
breve exposição dialogada sobre
os objectivos de uma sessão de
Conhecer os objectivos de uma
vacinação onde o docente irá
sessão de vacinação
fazer uma avaliação diagnóstica
do conhecimento dos alunos em
relação a matéria.
Planificar uma sessão de
vacinação e BM
Garantir o envolvimento da
Execução das acções Aplicar-se-a o método de trabalho
comunidade
da vacinação com grupos diversificados, onde a
Conhecer o equipamento a levar posterior os alunos deverão fazer a
numa brigada móvel (BM) apresentação em plenária e debates
sobre os diferentes tópicos para
Dominar as tecnicas de uma boa planificação das BM´s. Os
arumacao das vacinas recursos didáticos a serem utilizados
Determinar as frequência das constarão de projetor multimídia
sessões de vacinação (datashow), quadro e canetas de
filtro.
Conhecer as causas de
desperdício e estratégias para
reduzir o desperdício

8.1. ORGANIZAÇÃO DE UMA SESSÃO DE VACINAÇÃO


8.1.1 Objectivo de uma sessão de vacinação

O objectivo de uma sessão de vacinação é o mesmo, quer seja realizada num posto
fixo quer numa brigada móvel. É a protecção das crianças e mulheres contra doen-
ças preveníveis pela vacinação. Assim, o trabalhador de saúde deve assegurar que
todos os potenciais clientes:
Programa Alargado de Vacinação  | 113

99 Recebam todas as vacinas devidas

99 Conheçam a importância da vacinação e o respectivo calendário

99 Tenham um cartão com o registo das vacina recebidas

99 Se sintam satisfeitas e agradadas com a experiência durante a sessão de vacinação

Para atingir os objectivos acima citados, deve-se realizar as seguintes tarefas:

99 Preparar quantidade suficiente de agulhas e seringas para aplicar injecções com


segurança o que requer uma seringa e uma agulha por injecção a aplicar.

99 Preparar a vacina e todos os outros materiais necessários à realização de uma ses-


são de vacinação.

99 Limpar o local da sessão.

99 Arranjar espaço suficiente, mesa e cadeiras para permitir que as mães se movimen-
tem confortavelmente.

99 Desejar as boas vindas às mães e as faça sentir confortáveis.

99 Fazer educação para a saúde incluindo a importância de conservar os cartões de


vacinação.

99 Decidir para cada mãe e criança o (s) tipo (s) de vacina a ser administrada de acordo
com os seguintes critérios.

99 Idade da criança

99 Vacina(s) já aplicada(s)

99 Datas em que foram aplicadas (intervalo)

99 Presença de cicatriz de BCG

99 Vacinar as mães e as crianças usando as técnicas apropriadas

99 Registar as vacinas aplicadas no cartão, no livro de registo da vacinação e na folha


114 |  Programa Alargado de Vacinação

de contagem.

99 Descartar toda a vacina recosntituída no final da sessão ou ao fim de 6 horas


depois da reconstituição.

99 Limpar o local no fim da sessão.

99 Tenha um colega para fazer entrevistas à saída de vez em quando para ava-
liar a satisfação das mães com os serviços de vacinação.

8.1.2. Planificação de uma sessão de vacinação

Uma boa planificação pode aumentar a cobertura de uma sessão de vacinação, re-
duzir o desperdício e a quebra vacinal. Para alcançar estes objectivos, o trabalhador
de saúde deve:

99 Assegurar que os pais e encarregados das crianças e as mulheres elegíveis estejam


informadas sobre o local e quando os serviços de vacinação estarão disponíveis.

99 Prover estes serviços de forma fiável e conforme o planeado.

99 Evitar roturas de stock de vacina e materiais de injecção.

Os trabalhadores de saúde devem planear as suas actividades de vacinação nos pos-


tos fixos e brigadas móveis de modo a que possam atingir as coberturas planeadas
usando os recursos disponíveis da forma mais eficiente possível. A comparação das
taxas de desperdício da vacina, taxas de cobertura, custos de vacinação por criança,
o feed-back da comunidade em relação ao local, à hora, frequência das sessões pode
ajudar no desenho das estratégias mais apropriadas.

8.1.3. Calendário para as sessões das brigadas móveis

O calendário das brigadas móveis deve ser feito em cada uma das unidades sanitá-
rias de maneiras que seja possível cobrir a população-alvo dentro de um determina-
do período de tempo. Se poucas mães e mulheres elegíveis afluem às sessões das
brigadas móveis, pode-se reduzir a frequência destas, de modo a reduzir o desperdí-
cio e os custos com as deslocações. É melhor planificar poucas sessões que possam
ser cumpridas de forma fiável, do que planificar muitas sessões e depois as cancelar
Programa Alargado de Vacinação  | 115

devido à falta de recursos.

8.1.4. Envolvimento da comunidade

É importante ter um bom relaccionamento com a comunidade. A comunidade deve


ser envolvida na planificação e implementação do plano de acção da vacinação. Os
líderes comunitários e os pais que irão trazer os seus filhos para a vacinação devem
ser envolvidos. Pode ser útil consultar aos pais que não tenham vacinado os seus
filhos sobre como a comunidade pode aumentar a cobertura vacinal.

A seguir apresentam-se algumas sugestões de como pode ser planificada uma briga-
da móvel de vacinação:

99 Planificar a sessão para as horas mais convenientes das mães.

99 Tentar ir sempre para o mesmo lugar, à mesma hora e no mesmo dia da semana/do
mês para ajudar as pessoas a lembrar o dia da vacinação .

99 Se houver alguma emergência, informar às mães e aos líderes locais porque a ses-
são foi cancelada, peça desculpas pelos transtornos e planifique uma nova data.

8.1.5. Equipamento a levar numa brigada móvel (BM)

Equipamento da cadeia de frio para transportar vacinas

99 Caixas isotérmicas pequenas e grandes

99 Acumuladores congelados

99 Termômetro

Equipamento de injecção

99 Seringas auto-destructíveis

99 Caixas incineradoras

Material de Registo
116 |  Programa Alargado de Vacinação

99 Cartão de vacina

99 Fichas de contagem

99 Canetas

Equipamento para outras tarefas

99 Balanças e sacos de pesagem

99 Corda

99 Medicamentos

99 Cápsulas de Vitamina A

99 Tesouras para abrir as cápsulas de vitamina A

Material de Educação para a Saúde

99 Cartazes e tríplicos

99 Albuns seriados

NOTA
Deixe os acumuladores no congelador por pelo menos 2 dias para congela-
rem bem, antes de usá-los para a brigada móvel.

8.1.6. Transporte para brigada móvel (BM)

Assegurar a disponibilidade de transporte. Pode ser um carro, motorizada ou bici-


cleta.
Programa Alargado de Vacinação  | 117

8.1.7. Como arrumar as vacinas

Decidir sobre a quantidade certa a levar. Arrumar frascos suficientes de cada tipo de
vacina, dependendo do número de doses por frasco e do número esperado de clien-
tes a vacinar com cada tipo de vacina.

99 Retirar os acumuladores do congelador/refrigerador.

99 Arrumar os acumuladores no fundo e nos lados da caixa isotérmica.

99 Retirar a vacina do refrigerador; primeiro os frascos abertos cujo o monitor de fras-


co de vacina (VVM) tenha começado a mudar, frascos que tenham sobrado na ses-
são anterior, rotulados “frascos devolvidos”, e frascos com a data de expiração mais
próxima.

99 Embrulhar as vacinas DPT/Hepatite B e VAT com pedaço de jornal ou papelão, para


que não congelem.

99 Colocar as vacinas, os diluentes e o termômetro, no meio da caixa isotérmica.

99 Colocar os últimos acumuladores em cima da vacina, na caixa istoérmica.

99 Fechar a tampa firmemente.

99 Levar quantidade suficiente de cápsulas de vitamina A.


118 |  Programa Alargado de Vacinação

Figura 22. Arrumação da vacina na caixa isotérmica

8.1.8. Realizando uma sessão de vacinação

Escolha do local de vacinação

Pode ser numa casa, escola ou num local aberto. Se for fora, procure um local com
sombra para manter a vacina e as caixas isotérmicas.

A sessão de vacinação

Para manter a qualidade da vacina durente uma sessão de vacinação é necessário


guardá-las em caixas isotérmicas pequenas, uma que contém as vacinas necessárias
para uma sessão de vacinação, e a outra mais pequena que fica na mesa de vacina-
ção com as vacinas já preparadas – Modelo RCW42.
Programa Alargado de Vacinação  | 119

Figura 23. Caixa isotérmica de mesa, do tipo RCW2

Para usar uma caixa isotérmica pequena de mesa do tipo RCW2 proceda do seguinte
modo:

99 Colocar dois acumuladores frios, um a frente e o outro atrás.

99 Preencher o espaço do meio com o número de frascos abertos e preparados para o


início da sessão de vacinação.

99 Tirar os frascos de vacina somente para encher a seringa. Depois guardá-los imedia-
tamente e manter sempre a tampa da caixa fechada.

As sessões de vacinação devem ser integradas com outros serviços preventivos e


promotivos. Assim, sempre que possível, uma sessão de vacinação deve incluir:

99 Registo e triagem

99 Pesagem

99 Tratamento

99 Administração dos antígenos correctos.

99 Suplementação com micronutrientes, incluindo a administração de vitamina A.


120 |  Programa Alargado de Vacinação

99 Promoção do aleitamento materno.

99 Cuidados pré-natais

99 Educação para a Saúde e aconselhamento

Mensagens específicas a serem incluídas numa sessão de vacinação

Existem 6 mensagens essenciais que as mães das crianças e todas as mulheres em


idade fértil devem receber se se pretende que elas sejam completamente protegidas
contra as doenças preveníveis pela vacinação.

99 A data e hora da vacinação seguinte devem ser bem especificadas. Escrever o dia,
por exemplo, Segunda-feira, e a data, por exemplo, “quatro semanas a partir de
hoje”. Se o calendário não for comum, dar outros pontos de referência para facilitar
que se lembrem, por exemplo, as fases da lua, os festivais ou outros eventos co-
muniutários. Dar ao cliente um registo escrito da data e hora da próxima sessão de
vacinação. Isto pode ser lido por um membro literado da família ou da comunidade
que ajudará a mãe.

99 O local da sessão de vacinação seguinte. Informar a mãe onde ela se deve apresen-
tar para a vacinação seguinte. Isto é particularmente importante quando se muda
de lugar.

99 O número de visitas ainda necessárias para que a criança esteja completamente


vacinada ou o número de doses que a mulher recebendo a VAT ainda necessita.

99 O tipo de vacina (s) administrada (s).

99 Que efeitos colaterias podem ocorrer.

99 Como essses efeitos colaterais podem ser tratados.

Cada uma destas mensagens deve ser dada mais de uma vez. A probabilidade de que
elas sejam recordadas aumenta se os trabalhadores de saúde a diferentes níveis as
transmitirem de forma consistente. Verifique a compreensão dos clientes fazendo
perguntas.
Programa Alargado de Vacinação  | 121

De regresso ao Centro de saúde

99 Descartar os frascos abertos de BCG e Sarampo

99 Descartar frascos com o monitor do frasco de vacina (VVM) que já estejam no ponto
ou para além do ponto de descarte.

99 Registar o número de frascos descartados na ficha de contagem.

99 Marcar os frascos de “devolvidos”, colocar sempre no mesmo lugar no refrigerador


e usar os primeiros na sessão seguinte.

99 Colocar os acumuladores de volta na câmara do refrigerador ou congelador.

99 Limpar o equipamento.

Seja sempre respeitoso e acolhedor com as mães. Não retire a vacina


antes que a criança chegue. Não reconstitua a vacina até que a criança
esteja pronta para ser vacinada. Não encha antecipadamente as seringas
com qualquer vacina.

8.1.9. Frequência das sessões de vacinação

No esquema da vacinação de rotina, as unidades sanitárias com posto fixo de vacina-


ção devem oferecer serviços de vacinação diariámente. Elas devem também realizar
brigadas móveis com periodicidade definida nas normas das brigadas móveis.

Para actividades especiais tais como as campanhas de vacinação, as unidades sanitá-


rias devem levar a cabo actividades de mobilização social para as sessões planeadas,
e garantir que todas as sessões sejam realizadas conforme o plano.

8.1.10. Causas de desperdício

As vacinas podem ser desperdiçadas quando elas expiram seu prazo de validade ou
quando a cadeia de frio quebra. As vacinas também podem ser desperdiçadas duran-
te a sua utilização. As principais causas de desperdício de vacina durante a utilização
122 |  Programa Alargado de Vacinação

são as quantidades que sobram no frasco, quantidades excessivas que os trabalhado-


res de saúde retitam com a seringa, e a vacina descartada no fim da sessão. Assim, a
quantidade de vacina desperdiçada durante a sessão de vacinação depende de três
principais factores: o tamanho do frasco (nr. de doses por frasco), a possibilidade de
usar os frascos abertos nas sessões subsequentes (política do frasco aberto) e habili-
dades do trabalhador de saúde.

8.1.11. Estratégias para reduzir o desperdício

99 Monitorizar a utilização da vacina e o desperdício.

99 Planificar cuidadosamente a requisição e distribuição da vacina.

99 Usar apropriadamente os frascos mono e multi-doses.

99 Manutenção cuidadosa da cadeia de frio.

99 Atenção à segurança da vacinação.

99 Reduzir as oportunidades perdidas de vacinação.

8.2. FORTALECIMENTO DOS SERVIÇOS DE VACINAÇÃO


8.2.1. Estratégias para melhorar e suster altas coberturas de roti-
na

Existem vários factores que contribuem para uma baixa cobertura dos serviços de
vacinação. Estes factores necessitam de ser identificados para cada Unidade Sani-
tária e para cada Distrito, e soluções apropriadas esboçadas e aplicadas para cada
problema ou constrangimento. Os planos de acção Distrital e da Unidade Sanitária,
devem focalizar nas estratégias que irão contribuir para o melhoramento da cober-
tura de rotina.

Algumas estratégias para ulltrapassar problemas comuns são:

99 Aumentar o acesso à vacinação assegurando que todas as unidades sanitárias re-


alizem a vacinação nos seus postos fixos e nas brigadas móveis como apropriado.
Programa Alargado de Vacinação  | 123

99 Usar todas as oportunidades para vacinar todas as crianças e mulheres elegíveis.

99 Organizar actividades especiais tais como, semanas ou dias de vacinação, especial-


mente em áreas com deficiente cobertura sanitária ou baixas coberturas vacinais.

99 Este exercício pode ser realizado em um certo número de dias e repetido periodi-
camente dependendo da disponibilidade logística e do pessoal. Durante esses dias
de saúde, por exemplo, “Dias Mensais de Saúde”, devem ser integradas outras ac-
tividades tais como, promoção das redes mosquiteiras, suplementação com ferro,
desparasitação, etc.

99 Estender os serviços das brigadas móveis para as populações de difícil acesso.

99 Expandir a rede sanitária conforme apropriado.

99 Aumentar a capacidade das US para realizarem os serviços de vacinação através


da alocação do pessoal e do desenvolvimento de habilidades. Todas as US devem
ter pessoal adequado munido de conhecimentos e habilidades para realizarem os
serviços de vacinação.

99 Envolver outros sectores externos ao Ministério da Saúde na provisão dos serviços


de vacinação, por exemplo, o sector privado.

99 Estimular a participação comunitária, por exemplo, através do envolvimento da co-


munidade na consciencialização e promoção da vacinação, seguimento pela comu-
nidade dos faltosos, educação e aconselhamento familiar.

99 Assegurar que toda a logística para a vacinação esteja disponível a todo o momento
e funcione devidamente. Cadeia de frio ou outro equipamento com defeitos deve
ser levado à reparação imediatamente para não interromper a provisão dos servi-
ços por longos períodos de tempo.

8.2.2. Estratégias para reduzir as oportunidades perdidas de vaci-


nação

Algumas estratégias para reduzir as oportunidades perdidas estão listadas a seguir:

99 Implementação da estratégia do AIDI (Atenção Integrada às Doenças da Infância).


124 |  Programa Alargado de Vacinação

99 Triagem das crianças e mulheres nas consultas externas.

99 Campanhas de recuperação em comunidades de difícil acesso.

99 Realizar brigadas móveis para cada vez mais locais de modo a tornar os serviços
mais acessíveis.

99 Introduzir a política de vacinação nas escolas, especialmente para a eliminação do


tétano materbo e neonatal.

99 Treinamento dos trabalhos de saúde em relacção às verdadeiras contra-indicações


da vacinação.

8.2.3 Estratégias para reduzir a quebra vacinal

A quebra vacinal é determinada comparando a diferença nas taxas de cobertura en-


tre:

99 BCG e Sarampo

99 DPT/Hepatibe B 1 e DPT/Hepatite B 3, ou VAP1 e VAP3, ou BCG e VAS.

Quebras vacinais superiores a 10% devem ser investigadas e suas causas determina-
das. As razões podem incluir:

99 Factores sociais (ex. recusa por cumprimento de hábitos religiosos).

99 Factores geográficos (ex. longas distâncias a percorrer).

99 Factores sazonais, ex. emprego, agricultura (época de sementeira, colheita), cheias,


etc.

99 Não verificação dos cartões de peso das crianças que vão às consultas dos serviços
curativos.

99 Falta de mobilização social e/ou de informação às mães sobre a necessidade de


voltar para as doses seguintes.

99 Gestão deficiente da Unidade Sanitária, por exemplo, longos tempos de espera,


Programa Alargado de Vacinação  | 125

mau atendimento, cobranças não previstas por lei (ilícitas), nas actividades de va-
cinação, controle de crescimento e consulta pré-natal (CPN), ruptuta de stock de
vacinas ou materiais de injecção, avarias da cadeia de frio, etc.

99 Sessões de vacinação realizadas em horas e lugares pouco ou não convenientes.

99 Elevado número de abcessos pós-vacinação devido à baixa qualidade da vacinação.

O programa do PAV pode adoptar as seguintes medidas para reduzir a quebra va-
cinal:

99 Abastecimento contínuo de vacinas.

99 Reprogramação das visitas (Brigadas Móveis) canceladas, se possível.

99 Mobilização social sobre a importância da vacina.

99 Comunicação interpessoal com mensagens padronizadas sobre a importância da


vacinação e do cumprimento do calendário vacinal.

99 Extensão dos serviços fixos ou das brigadas móveis para alcançar cada vez mais
populações de difícil acesso.

Adicionalmente, deve-se estabelecer um sistema de seguimento dos faltosos tanto


nas unidades sanitárias como nas comunidades. Os responsáveis da vigilância epi-
demiológica e os activistas da saúde nas comunidades devem trabalhar juntos no
seguimento dos faltosos. Os registos devem ser mantidos actualizados e revistos re-
gularmente pelos trabalhadores de saúde.
126 |  Programa Alargado de Vacinação

9.
OBJECTIVOS
BRIGADAS MÓVEIS

No final do tema, os alunos devem ser capazes de:

1. Concetuar Brigada Movel e situações a serem consideradas,

2. Planificar actividade de Brigada Movel,

3. Realizar e colaborar nas actividades das brigadas móveis,

4. Vacinar em áreas distantes e de dificil acesso,

5. Organizar as actividades de “Dias mensais de saúde,”:

6. Participar nas campanhas ou jornadas de trabalho e feiras de saúde.


Programa Alargado de Vacinação  | 127

RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/


APRENDIZAGEM
Ensino/Aprendizagem
Conteúdo Objectivos da Aprendizagem
Actividades
Concetuar Brigada Movel e As aulas consistirão em exposições
situações a serem consideradas dialogadas.
Elas abordarão aspectos de revisão
Planificar actividade de Brigada de conceitos e objectivos de uma
Movel BM e DMS sua planificação e
Realizar e colaborar nas organização, onde o docente irá
Implementação das actividades das brigadas móveis. fazer uma avaliação diagnóstica
brigadas móveis de do conhecimento dos alunos em
vacinação e fora do Vacinar em áreas distantes e de relação a matéria.
quadro dificil acesso A partir da técnica de discussão em
gupo as aulas serão desenvolvidas
Organizar as actividades de “Dias
com a demonstracao em plenária
mensais de saúde”:
dos passos e procedimentos usados
Participar nas campanhas ou no processo de planificação das BM
jornadas de trabalho e feiras de e DMS pelos diferentes grupos que
saúde compõe a turma.

9.1. VACINAÇÃO EM ÁREAS DISTANTES E DE DIFÍCIL ACESSO


Em princípio, a mobilização social deveria ser orientada de forma a que as crianças fossem
vacinadas nos postos fixos de vacinação onde normalmente estão garantidas as condições
para uma vacinação de qualidade.

Há casos em que a população tem dificuldades em vacinar os seus filhos devido à falta de
transporte, pois reside em áreas muito distantes, ou tem que percorrer longas distâncias
a pé. Estas áreas constituem um campo aberto às epidemias, caso não sejam realizadas
acções programadas de vacinação.

Não restam dúvidas que o processo de vacinação, através das Brigadas Móveis é bastante
oneroso, mas infelizmente, devido à escassez da rede sanitária para cobrir o país, esta acti-
vidade ainda se reveste de uma importância vital para o PAV.
128 |  Programa Alargado de Vacinação

Não é aceitável a existência de Brigadas Móveis se os resultados não as


justificarem.

Por esta razão, torna-se importante traçar algumas orientações (normas) para a sua imple-
mentação:

99 A planificação de Brigadas Móveis deve ser incluída nos planos orçamentais dos
Distritos.

99 Sempre que possível, é necessário (caso se justifique), que as Brigadas Móveis se-
jam realizadas a partir dos postos de saúde estratégicos e não apenas das sedes dos
Distritos. Isso, requer recursos adicionais, incluindo meios de transporte.

99 A planificação da actividade das Brigadas Móveis deve ser feita vários dias ou se-
manas antes da sua execução, possibilitando desse modo, os contactos necessários
com os responsáveis das áreas a visitar e a participação dos agentes comunitários
de saúde (APE’s e Parteiras Tradicionais).

99 Nenhuma Brigada Móvel deve-se deslocar sem haver um estudo prévio da área
a vacinar. Para tal, é necessário ter um mapa da área de saúde, que vai permitir a
escolha de um ponto estratégico central a vários bairros/aldeias e a verificação de
aldeias ou bairros que se encontram num raio de 8 kms.

99 Conhecimento da população estimada das áreas a vacinar pelas Brigadas Móveis.


Deste modo, serão conhecidos os grupos-alvo (n.º de crianças menores de um ano
de idade, MIF’s, mulheres grávidas), o que será útil para a avaliação dos resultados
e o cálculo das vacinas necessárias.

99 Planificação dos locais de concentração da periferia para o centro, iniciando a acti-


vidade pelos bairros mais distantes e populosos. Não é aceitável a vacinação por
Brigada Móvel num raio de 8 kms da Unidade Sanitária, onde, preferencialmente,
deve ser exercida uma intensiva acção de esclarecimento e mobilização para que a
vacinação se faça no Posto Fixo (US).
Programa Alargado de Vacinação  | 129

99 A Brigada Móvel nunca se deve deslocar sem que tenha garantia das estruturas
locais dos bairros ou das aldeias a visitar de que, no dia determinado, nas horas
combinadas préviamente e no local de concentração designado, as crianças da área
- bairro ou aldeia - num raio de 8 km estarão presentes. É um trabalho de prepara-
ção que o responsável da Unidade Sanitária deve orientar e supervisar. Uma saída
para um pequeno bairro, sem a antecipada preparação que leve à mobilização da
população dos bairros vizinhos, representa um trabalho de elevado custo e os re-
sultados serão nulos e não justificáveis.

99 Sempre que possível, uma área deverá ser visitada 3 – 4 vezes ao longo do ano. Isto
significa que a periodicidade das visitas para cada área deve ser de 3 meses. No
entanto, em algumas áreas, dependendo das condições de acessibilidade ao longo
do ano, podem ser programadas saídas das Equipas Móveis para vacinação com
uma periodicidade mais curta, mas nunca inferior a 1 mês para uma mesma área,
pois, neste caso, as crianças não poderão completar o calendário de vacinação no
primeiro ano de vida.

99 De outra forma, nos casos excepcionais em que não é possível visitar a área pelo
menos 3 vezes por ano, será preferível sair apenas uma vez, por ano para essas
áreas e aplicar somente as vacinas de dose única (BCG e VAS), que, em casos muito
especiais, poderão aplicar-se até às crianças menores de 5 anos, no caso da VAS.
Poderá ainda se aplicar uma dose de VAT a mulheres em idade fértil (MIF’s), na
perspectiva de uma 2.ª dose em data posterior.

99 Utilizar o meio de transporte mais econômico possível - bicicleta, motorizada - para


os locais mais próximos da Unidade Sanitária.

99 As Brigadas Móveis, para além do PAV e do Programa de SMI/PF, devem integrar


outras actividades para rentabilizar o tempo, como sejam a saúde escolar, educa-
ção para a saúde, recuperação de doentes com TP faltosos. Neste caso, o meio de
transporte a utilizar seria uma viatura, caso possível.

99 No fim de cada deslocação deverá ser feita uma avaliação dos resultados, na pre-
sença de todos os elementos participantes e de acordo com a ficha resumo diário
das actividades das brigadas móveis, em anexo.
130 |  Programa Alargado de Vacinação

Conclusões
A actividade de Brigadas Móveis deve obedecer a uma planificação prévia
e aprovação do responsável da Unidade Sanitária. O objectivo é alcançar os
melhores resultados com o custo mais baixo.

9.2. BRIGADA MÓVEL - SITUAÇÕES A CONSIDERAR


Quadro 3. Situações a considerar na vacincação nas brigadas móveis

4.ª visita
Idade
3.ª visita da da
aquando 1.ª visita da 2.ª visita da
Brigada Brigada Observação
da 1.ª Brigada Móvel Brigada Móvel
Móvel Móvel
visita

Na última
visita (4.ª)
DPT/
a criança
DPT/HepB1 HepB3
DPT/HepB2 deverá ter
Até 6 + +
BCG + Pólio 0 + 9 meses de
Semanas Pólio1 (verificar a Pólio3
Pólio2 idade ou
cicatriz da BCG) Anti-
então 8,5
Sarampo
meses, pode
vacinar

DPT/HepB2 + DPT/HepB3
DPT/HepB1
Mais de 6 Póio2 + A vacina Anti-Sarampo
+
Semanas e + Pólio3 será administrada a
Pólio1
menos de Anti-Sarampo ? + partir dos 8,5 meses de
+
8,5 Meses (verificar a cicatriz Anti- idade ou aos 9 meses
BCG
da BCG) Sarampo?

DPT/HepB1 + DPT/HepB2 + DPT/


8,5 Meses
Pólio1 + BCG + Pólio2 (verificar a HepatiteB3 +
ou mais
Sarampo cicatriz da BCG) Pólio3
Programa Alargado de Vacinação  | 131

CRIANÇAS COM VACINAÇÃO ANTERIOR INCOMPLETA


A situação vacinal deve ser analisada caso a caso. As vacinas a administrar
dependerão das doses anteriormente recebidas e da idade da criança. O
mais importante é vacinar a criança de modo a terminar a vacinação aos 9
meses de idade.
132 |  Programa Alargado de Vacinação

10.
OBJECTIVOS
MOBILIZAÇÃO SOCIAL

No final do tema, os alunos devem ser capazes de:

1. Colaborar nas actividades de mobilização comunitária para o PAV

2. Dominar e aplicar as técnicas de mobilização social

3. Fazer actividades do campo porta a porta

RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/


APRENDIZAGEM
Objectivos da Ensino/Aprendizagem
Conteúdo
Aprendizagem Actividades
Colaborar nas actividades As aulas consistirão de dramatização de um
de mobilização tema recorrendo onde alguns alunos irão
comunitária para o PAV demostrar como mobilizar a comunidade
para aderir ao processo de vacinação.
Mobilização das Dominar e aplicar as No final o docente ira fazer uma breve
famílias e das técnicas de mobilização exposição dialogada sobre as técnicas de
comunidades para social mobilização social.
aderirem o PAV
Identificar-se-a um bairro onde os alunos
Realizar actividades do divididos em grupos de 3 elementos, irão
campo porta a porta por em prática as actividades de mobilização
porta a porta.

Um dos sobjectivos da abordagem dos cuidados de saúde primários é capacitar as comu-


nidades, através da provisão de informação e da educação para a saúde, a tomar controle
Programa Alargado de Vacinação  | 133

sobre a sua saúde e sobre o meio ambiente, e a adoptar comportamentos e atitudes con-
ducentes a um melhor estado de saúde. Este processo é chamado Promoção da Saúde.

10.1. INFORMAÇÃO BÁSICA


99 Mobilização social é um termo ligado às actividades de informação e educação
para a saúde. Outros termos incluem:

99 Informação, educação e comunicação (IEC): é cada vez mais usado como um ter-
mo geral para comunicar actividades de promoção de saúde e tem como objectivo
prover informação relevante para encorajar a adopção e mudança para um melhor
e mais saudável comportamento pessoal e social.

99 Marketing social: envolve a aplicação de estratégias de publicidade e marketing


comercial para a saúde, e tem sido usada para a promoção do uso de condoms, sais
de reidratação oral (SRO), redes mosquiteiras, etc.

99 Extensão: originalmente da extensão agrícola. Esta estratégia promove mudanças


através de demonstrações, trabalho com os líderes de opinião e comunidade base-
ada em actividades educacionais.

99 Ainda existem outros termos como educação comunitária, educação do paciente


e comunicação suportiva.

A mobilização social envolve planos de acção e processos para alcançar, influenciar e en-
volver todos os segmentos relevantes da sociedade através de todos os actores desde o na-
cional, passando pelo comunitário até ao de chefe da família, de modo a criar um ambiente
favorável a um comportamento positivo e a uma mudança social.

A mobilização comunitária usa uma abordagem participativa para envolver as instituições


locais, os líderes locais, grupos da comunidade e membros da comunidade, a se organiza-
rem para uma acção colectiva e atingir um objectivo comum. A mobilização comunitária é
caracterizada pelo respeito á comunidade e seus interesses.

Advocacia é um processo que envolve uma série de acções feitas por cidadãos organizados
a fim de transformar o relacionamento entre as diferentes esferas sociais.
134 |  Programa Alargado de Vacinação

O propósito da advocacia é atingir mudanças específicas nas políticas, nos programas, ou


alocação de recursos que beneficiem a população envolvida nesses processos. Estas mu-
danças podem ter lugar no sector público ou privado. Uma advocacia efectiva é feita de
acordo um plano estratégico e dentro de um tempo razoável.

Comunicação para a mudança de comportamento é desenhada para atingir objectivos


mensuráveis; esta alcança e envolve audiências específicas. Baseia-se no reconhecimento
de que a mudança de comportamento é um processo e que as pessoas usualmente passam
por várias etapas antes de mudarem seu comportamento.

Mobilização social é um termo popular para descrever a abordagem de campanhas combi-


nando o uso da mídia e o trabalho com as comunidades e organizações. Esta seria a melhor
palavra a ser usada, dado que muitos dos programas de mobilização para a vacinação en-
volvem campanhas. No entanto, a mobilização social deve ser parte das acções dos serviços
de vacinação de rotina e não apenas realizada em preparação às campanhas de vacinação.

10.2. ESTRATÉGIAS A SEREM USADAS


Existem várias estratégias, algumas das quais incluem:

99 A persuasão: uma tentativa deliberada de influenciar outras pessoas a fazerem o


que pretendemos que elas façam (frequentemente chamada abordagem directa ou
quando feita compulsivamente, coersão).

99 Tomada de decisão informada: fornecendo às pessoas informação, dotando-lhes


de capacidades para a solução de problemas e tomada de decisão e deixando a
escolha para elas. Isto envolve a promoção da consciencialização e a “construção”
da confiança entre as pessoas de que elas têm a capacidade de tomar decisões e de
controlar suas vidas.

10.3. A QUEM DEVE SER DIRIGIDA A EDUCAÇÃO


O comportamento individual é extermamente importante para a saúde do indivíduo. Mas
geralmente não é o indivíduo quem toma as decisões e nem sempre deve ser o alvo. As-
sim, a comunicação deve ser dirigida às pessoas que tomam as decisões-chave na família e
Programa Alargado de Vacinação  | 135

na comunidade em relação à vacinação. Também depende de quando a advocacia é feita


e com que propósito. Mesmo nos casos em que se tenha decidido sobre um grupo-alvo
particular, será necessário considerar em que momento na vida dessa pessoa é o melhor
para comunicar. Um programa de vacinação bem planificado inclui actividades educativas
direccionadas a uma série de diferentes grupos. Estes incluem:

99 Pais e zeladores.

99 Crianças em idade escolar.

99 Mulheres grávidas.

99 Líderes comunitários.

10.4. A QUE NÍVEL A INTERVENÇÃO DEVE TOMAR LUGAR


As actividades de comunicação podem ter lugar a diferentes níveis: individual, de família,
da comunidade, do distrito, etc. Por exemplo, pode-se trabalhar com os indivíduos usando
a educação pessoa-a pessoa (comunicação interpessoal), pode-se passar algum tempo com
uma família, mobilizar a participação comunitária, etc.

A selecção do nível de intervenção dependerá dos problemas identificados, das vantagens


especiais a serem ganhas a cada nível de intervenção e dos reursos e oportunidades dis-
poníveis. Numa dada comunidade a educação será baseada nos problemas identificados
nessa comunidade. Estes podem não ser os mesmos noutras áreas.

10.5. QUAIS OS CANAIS USAR


O trabalhador de saúde deve decidir sobre a melhor forma de atingir a audiência pretendi-
da – casa, comunidade, unidade sanitária, escolas, igrejas ou local de trabalho. Por exem-
plo, mulheres em idade fértil (MIF’s) podem ser melhor alcançadas através dos serviços
de atenção á criança, incluindo as sessões de vacinação. Os homens adultos são melhor
alcançáveis através dos locais de trabalho. A mídia, tais como a rádio e a televisão são mais
usadas para alcançar a população geral. Enquanto esses canais podem ser organizados á
nível nacional, mensagens para grupos específicos são melhor comunicadas ao nível de
face-a face.
136 |  Programa Alargado de Vacinação

10.6. QUEM DEVE COMUNICAR


É necessário tomar decisões sobre quem deve comunicar. Existem pessoas que o técnico do
PAV pode envolver nas actividades de educação para a vacinação.

Estas podem incluir professores, empregadores, políticos, atletas, músicos, etc.

Educação e promoção para a saúde são parte do trabalho de uma vasta gama de pessoas
na saúde, na educação, na sociedade e noutros seviços, e todos eles podem ser mobiliza-
dos. Pode-se tomar a decisão de trabalhar com Organizações Não-Governamentais (ONGs),
igrejas, comitês de saúde da vila e diferentes grupos baseados na comunidade.

10.7. QUE MÉTODO USAR PARA ALCANÇAR A AUDIÊNCIA PRETENDIDA


Existem diferentes métodos através dos quais se pode pretender motivar a participação
comunitária. Recomenda-se o uso de método de aprendizagem participativo e o diálogo.
Estes métodos usam pequenos grupos de aprendizagem, estudos de casos e os participan-
tes jogam papel em peças teatrais.

O método participativo tem várias vantagens: os participantes tem um papel activo e tem
maior probabilidade de se recordar do que tiver sido tratado durante a sessão. Estes méto-
dos são particularmente relevantes para as pessoas com baixa escolaridade. Outras vanta-
gens desta abordagem, relacionadas à vacinação são:

99 Pode-se descobrir as crenças e prácticas das pessoas na comunidade.

99 Cria uma paroximação entre o trabalhador da saúde e o grupo.

99 Mostra o interesse e o respeito do trabalhador da saúde pela opinião do grupo.

99 Torna a educação para a saúde divertida.

Jogar papel de peça teatral é o uso de drama, no qual as pessoas representam para elas
mesmas a fim de adquirir capacidades de comunicação e de solução de problemas e enten-
der a situação. Nestas representações, o trabalhador de saúde pode explorar os eventos
sob diferentes pontos de vista e desenvolver empatia pela comunidade. Por exemplo, um
homem pode representar o papel de uma mulher e assim entender as dificuldades que eles
Programa Alargado de Vacinação  | 137

enfrentam e por em práctica as mensagens de educação para a saúde. Para um sumário dos
canais de comunicação, veja a figura 24.

Figura 24. Ilustração dos canais de comunicação

Aconselhamento Participação Comunitária Mass Média em Capanha


pessoa-a-pessoa Escolas
Visita domiciliária Grupos de Aprendizagem

10.8. QUAL É A MELHOR ALTURA PARA AS ACTIVIDADES DE EDUCaÇÃO


O trabalhador de saúde terá de decidir sobre o melhor momento para as actividades de
comunicação. Uma abordagem intensiva por um período de tempo curto é chamado cam-
panha. Numa campanha de vacinação, a comunicação frequentemente envolve um grande
número de pessoas de diferentes grupos por um curto período de intensa actividade.

10.9. COMO O TÉCNICO DE SAUDE PODE TORNAR A CAMPANHA DE VACINAÇÃO


NUM SUCESSO
Para um programa de vacinação bem sucedido há necessidade de participação comuni-
tária. Qualquer infomação acerca da saúde que for dada à comunidade será passada aos
outros através de contactos informais. Pode-se deliberadamente encorajar este processo,
através da selecção de membros da comunidade e dando-lhes treinamento como educa-
dores. Seria bom para a comunidade seleccionar um ou mais dos seus membros para o
treinamento como educadores para a saúde. Seleccione pessoas que são respeitadas pela
comunidade. Podem ser pessoas que são figuras legendárias na comunidade, tais como
parteiras tradicionais, médicos tradicionais, régulos ou outras pessoas respeitadas.
138 |  Programa Alargado de Vacinação

10.10. VISITA PORTA-A-PORTA


Sem prejuízo das acções acima mencionadas, salienta-se a importância da visita porta a
porta que, quando bem executada, poderá contribuir poderosamente para o aumento da
cobertura vacinal e melhoria de outras actividades, particularmente de SMI/PF, saneamen-
to do meio e prevenção de doenças (figuras 14 e 15).

A visita porta a porta será sempre uma visita e não um acto de fiscalização. Deve ter por
objectivo esclarecer, sensibilizar e ouvir os problemas da população, num espírito de frater-
nidade e compreensão, com a maior delicadeza e respeito pelos usos, costumes, crenças e
tradições da população.

O visitante deve ter sempre em mente que ninguém nasce ensinado e se a população não
cumpre com determinadas normas e orientações definidas pelo Ministério da Saúde na
área da vacinação não poderá ser culpada por isso, pois não tem conhecimentos suficien-
tes sobre os benefícios de vacinação na prevenção de doenças evitáveis por vacinação.
Sabe-se que uma grande percentagem dessa população não ouve rádio, não lê jornais, não
frequenta as reuniões do bairro nem têm Centro de Saúde e, por isso, merece uma atenção
especial. Não é aceitável uma visita de “corrida”, porque desse modo não é possível atingir
o verdadeiro objectivo: consciencializar para compreensão da importância de vacinação e
da necessidade do cumprimento das mensagens de saúde relacionadas com a vacinação.

Para tal, é determinante que em cada casa visitada fique uma família amiga, grata pela
visita do trabalhador de saúde ou activista comunitário e com o compromisso de seguir os
ensinamentos deixados.

10.10.1. Quem deve participar na visita porta a porta

Todos os trabalhadores de saúde, do servente ao médico, quando disponíveis, todo o


tipo de voluntários, alunos das escolas secundárias (em férias), alunos dos institutos
e dos centros de formação, ONG’s e outros.
Programa Alargado de Vacinação  | 139

Figura 25. Ficha de registo para a visita porta-a-porta (face anterior)


140 |  Programa Alargado de Vacinação

10.10.2. Quando é que se deve fazer uma Visita Porta a Porta

Ao longo do ano, com particular importância no último trimestre, para os bairros


mais populosos. Normalmente as tardes dos dias úteis são os períodos em que é
possível realizar visitas. Raramente será necessário exceder o período diário normal
de trabalho do funcionário.

Figura 26. Ficha de registo para a visita porta-a-porta (face posterior)


Programa Alargado de Vacinação  | 141

10.10.3. Em que áreas de prevenção deve incidir a visita porta a porta

Sempre que possível, além do PAV, devem-se priorizar as consultas pré-natais, par-
tos institucionais, consultas preventivas da criança (consultas de crescimento), TP e
saneamento do meio ambiente.

Quando a visita é efectuada por elementos não pertencentes ao SNS, poderá limitar
a sua acção ao PAV, consulta pré-natal e de crianças (peso).

A população irá, certamente, apresentar problemas de outras áreas de saúde, que


deverão ser escutados e registados e transmitidos superiormente para a sua resolu-
ção.

10.10.4. Fases da visita porta a porta (VPP)

A VPP compreende várias fases:

Preparação, Execução, Controlo e Avaliação.

Fase de Preparação

99 Sempre que possível, deve haver um croquis (planta) do bairro a visitar; conhecer a
sua população, o número do quarteirão e a localização de cada um.

99 Distribuir as equipas (dois ou três elementos por cada quarteirão), prevendo-se a


data, horas e o transporte para o efeito.

99 Marcar encontros com os responsáveis do bairro e discutir com eles todos os por-
menores relativos à visita (datas, horas, elementos de apoio, esclarecimento da po-
pulação).

99 Organizar fichas do controle da VPP, cartões de saúde, lápis, pranchetas, borrachas,


etc.

99 Iniciar a preparação das equipas: instruir sobre os calendários de vacinação, inter-


pretação do cartão de saúde da criança , da ficha pré-natal, do cartão de tratamento
de TP, utilização correcta de uma latrina, metodologia da VPP e técnicas de comuni-
cação interpessoal a seguir no relacionamento com a população.
142 |  Programa Alargado de Vacinação

99 Entregar fichas de contrôle e cartões aos chefes de cada equipa.

99 Marcar a data e a hora, em coordenação com as autoridades do bairro ou da aldeia.

Fase de Execução

99 Colocação de uma equipa em cada quarteirão para realizar visita casa-a-casa.

99 Sensibilização dos pais para vacinação dos filhos e para o cumprimento de outras
normas preventivas.

99 Análise dos cartões de saúde da criança, de VAT da mãe, fichas de consulta pré-
natal (grávidas), cartão de tratamento de TP, observação directa quanto à higiene e
saneamento da habitação e existência ou não de uma latrina.

99 Registo de situações irregulares na ficha de controle e entrega de cartões de con-


vite.

99 Saudações de despedida.

No fim da visita, fazer entrega na US de Cartões e Fichas que tenham sobrado.

Avaliação imediata da visita

Logo depois da visita, deve-se reunir todas as fichas preenchidas para uma análise
da situação encontrada. Os procedimentos de avaliação imediata são os seguintes:

1. Se a população do bairro é conhecida, deve se calcular o grupo-alvo de crianças


menores de um ano de idade, de mulheres grávidas, das MIF’s e, de acordo com o
n.º dos que não cumprem com as normas estabelecidas para cada grupo, calcular a
sua percentagem, analisando-a, para conhecer o grau de participação da população
na procura de cuidados de saúde no bairro visitado.

Exemplo:

N.º da população do Bairro = 30.000 habitantes

N.º de crianças menores de 1 ano = 30.000 x 4% =1.200


Programa Alargado de Vacinação  | 143

N.º de grávidas previstas = 30.000 x 5% = 1.500

Crianças que não cumprem com as datas de vacinação e as que nunca foram à vaci-
nação = 800

Crianças que não vão ao peso = 3.550

Mulheres Grávidas faltosas às CPN ou que nunca a frequentaram = 750

Exemplo de crianças menores de um ano de idade, quanto ao seu estado de vacina-


ção.

Percentagem (% ) de crianças que não cumprem com o calendário de vacinação =


800: 1.200 x 100 = 67%.

Isto significa que, em cada 100 crianças daquele bairro, 67 não cumprem com a va-
cinação.

2. Quando o n.º da população do bairro não é conhecido, para o cálculo da per-


centagem dos que não cumpriram com as normas, utiliza-se a média de pessoas por
família que, em Moçambique, varia de 5 a 6 pessoas.

Exemplo:

N.º de casas visitadas = 5.000

N.º médio de pessoas por família = 6

N.º da população = 5.000 x 6 = 30.000 habitantes

É preciso calcular a percentagem de casas com latrinas, utilizando o n.º de casas com
latrinas dividido pelo n.º total de casas visitadas. Proceder da mesma maneira em
relação ao cálculo de casas com lixo.

A partir daqui, se podem calcular os grupos-alvo e proceder-se aos passos seguintes.

Avaliação Tardia

Quinze dias depois da visita porta a porta deve-se proceder à avaliação dos cartões
144 |  Programa Alargado de Vacinação

de visita entregues às mães para se apresentarem na US. A referida avaliação é feita


do seguinte modo:

99 Conferir os cartões entrados na US e registá-los na ficha de recolha de dados.

99 Apontar os cartões das mães que não foram à US, apesar da sensibilização feita.

99 Entregar a relação de cartões dos faltosos ao responsável do PAV e SMI.

99 Avaliar a relação entre o número de faltosos e o dos que vieram à US:

É importante calcular a percentagem de faltosos que responderam à VPP. De salientar que


o impacto esperado neste tipo de visitas é a subida do n.º de vacinações na US.

NOTA
É uma experiência longa que já deu resultados muito positivos. Está mais
do que provado que a visita porta a porta é uma metodologia eficaz para a
mobilização da população porque permite uma comunicação directa com a
mãe da criança na sua própria casa, onde ela facilmente pode compreender
as mensagens de saúde transmitidas pelo visitante.
Programa Alargado de Vacinação  | 145

11.
OBJECTIVOS
INDICADORES DO PAV

No final do tema, os alunos devem ser capazes de:

1. Conhecer os indicadores usados no PAV

2. Dominar os cálculos dos grupos alvos do PAV para todas as componentes

RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/


APRENDIZAGEM
Objectivos da Ensino/Aprendizagem
Conteúdo
Aprendizagem Actividades
Listar os indicadores As aulas consistirão em exposições dialogadas
usados no PAV dos indicadores usados no PAV

Calcular os grupo alvos As aulas práticas serão desenvolvidas com


Calculo dos a técnica de trabalhos em grupo, seguida
com base nos seus
indicadores dos a demostração, tendo em consideração o
indicadores
grupos alvos do desenvolvimento de técnicas e recursos que
PAV permitam ao aluno calcular os grupos alvos
Calcular grupos alvos
com base nos seus indicadores. Onde para tal,
de crianças e mulher
serão utilizados quadro, bem como materiais e
em idade fértil.
equipamentos necessários.

11.1 DEFINIÇÃO DE ALGUNS INDICADORES ÚTEIS PARA O PAV


Os indicadores são muito importantes para a monitorização e avaliação do PAV. Assim, exis-
tem dois tipos de indicadores: Quantitativos e Qualitativos
146 |  Programa Alargado de Vacinação

11.1.1. Quantitativos

São aqueles que nos dão a conhecer o volume do trabalho realizado por uma deter-
minada instituição ou área de saúde, etc.

São eles:

99 A taxa de cobertura vacinal.

99 A taxa de cobertura de crianças completamente vacinadas antes de um ano de vida.

99 A taxa de cobertura de mulheres grávidas protegidas.

99 O Índice do cumprimento (ultimamente não usado)

Taxa de cobertura vacinal (TCV)

Para se calcular esta taxa, utiliza-se a seguinte fórmula:


Realizado
CV =----------------------- x 100
Grupo-alvo

ou

N.º de crianças < de 1 ano de idade que receberam


uma determinada vacina num determinada período
Taxa de Cobertura= ---------------------------------------------------------------- x 100
N.º total de crianças < de um ano de idade existentes
no mesmo príodo

Taxa de Cobertura de Crianças Completamente Vacinadas antes de um ano de vida


(CCV)

Do mesmo modo, pode-se calcular a Taxa de Cobertura de Crianças Completamente


Vacinadas antes de um ano de vida (CCV)
Programa Alargado de Vacinação  | 147

Crianças Completamente Vacinadas antes de um ano de idade


CCV= -------------------------------------------------------------------------------- x 100
N.º total de crianças do grupo-alvo (com < de 1 ano)

Este indicador é útil para conhecer o esforço dispendido na mobilização da comuni-


dade, avaliar o grau de esclarecimento da população em relação aos problemas da
vacinação e determinar o nível de funcionameno dos serviços.

Por outro lado, este indicador permite um acompanhamento da gestão do programa.

No entanto, este indicador não é o mais exacto para a avaliação dos serviços de va-
cinação por 3 razões:

99 Baseia-se, para o cálculo do grupo-alvo, em dados demográficos que podem não


ser os reais.

99 Utiliza o número de doses aplicadas que pode não ser o correcto.

99 Não inclui a qualidade da vacina.

Não basta no processo de avaliação conhecer a percentagem de crianças que recebe-


ram uma dada vacina ou completaram todas elas. É muito mais importante calcular
e saber quantas delas foram realmente imunizadas por uma vacinação completa e
correcta, isto é, que obedeceram a todos os critérios de qualidade que a seguir se
indicam:

99 Ter cartão de saúde

99 Ter cicatriz de BCG

99 Ter recebido as 8 doses sem erros no calendário:

99 (DPT/HepB1 e Pólio1, com idade mínma de 6 semanas)

99 (Intervalo mínimo de 4 semanas entre as doses nas vacinas de doses múl-


tiplas)
148 |  Programa Alargado de Vacinação

99 (Sarampo com a idade mínima de 8,5 meses)

Essa percentagem de crianças com vacinação completa e correcta representa a taxa


de cobertura vacinal com critérios de qualidade, que é obtida através de inquéritos
periódicos de cobertura vacinal, especialmente realizados para esse fim, com uma
metodologia própia.

Um outro indicador refere-se à vacina anti-tétano para as mulheres grávidas, por


exemplo:

Taxa de cobertura de mulheres grávidas Protegidas

N.º de de mulheres grávidas que receberam de


2.ª a 5.ª Doses de VAT num determin. período
TC de mulheres = ---------------------------------------------------------------- x 100
grávidas Protegidas N.º de mulheres grávidas existentes na área
(5% da população) no mesmo período

Da mesma maneira, pode-se calcular a taxa de cobertura de Mulheres em Idade Fér-


til, no lugar da taxa de cobertura de mulheres grávidas.

Outros indicadores importantes:

11.1.2. Qualitativos

São aqueles que nos indicam a qualidade de serviços prestados e a qualidade de


procedimentos, por exemplo:

99 Índice de quebra vacinal

99 Taxa de utilização de vacinas

99 Disponibilidade de petróleo

99 Disponibilidade de vacinas
Programa Alargado de Vacinação  | 149

Quebra vacinal

Geralmente calcula-se para as vacinas de doses múltiplas. Mas pode também ser
calculada entre diferentes vacinas de dose única. É a diferença entre o número de
pessoas vacinadas com as 1as e o número de crianças vacinadas com as doses subse-
quentes (2as ou 3as doses) de uma determinada vacina. Normalmente, a diferença é
maior que Zero, por isso, se chama de Quebra Vacinal.

Índice de Quebra Vacinal

É um indicador que serve para avaliar o esforço que o pessoal de saúde faz para in-
formar a população sobre a importância de completar a vacinação, principalmente
as vacinas de doses múltiplas, como a DPTHepatiteB.

Como se calcula o Índice de Quebra Vacinal

Se, por exemplo, durante o ano foram vacinadas 1.023 crianças com a 1ª dose da
DPT/HepatiteB e foram apenas aplicadas 383 vacinas com a 3ª dose, o Índice de
Quebra Vacinal (IQV) será:

1as Doses – 3as Doses


IQV = ---------------------------------- x 100
1as Doses

1.023 - 383 640


I.Q.V. = ---------------- X 100; I.Q.V. = ------------ X 100 = 62.6%
1.023 1.023

O Índice de Quebra Vacinal de 62.6% é muito elevado. O índice de quebra vacinal


ideal deve ser inferior a 15%. Este indicador revela o esforço feito pela Unidade Sa-
nitária na planificação correcta do horário e o circuito das vacinações pelas Brigadas
Móveis bem como o trabalho desenvolvido para a mobilização social das populações
e a consciencialização da população.
150 |  Programa Alargado de Vacinação

Taxa de utilização de vacinas (TUV)

É um indicador importante para a gestão do Programa. Pode ser calculada trimes-


tralmente, utilizando dados estatísticos trimestrais e as fichas de stock de vacinas. A
fórmula é a seguinte:

N.º total de Doses administradas ( pessoas vacinadas)


num determinado período
TUV = ------------------------------------------------------------------- x 100
N.º total de Doses gastas de uma deteminada vacina
no mesmo período

O denominador é obtido através da ficha A11: Vacinas distribuídas (utilizadas).

99 O numerador é facilmente conhecido através de fichas A03 ou A04 da US e do Dis-


trito, respectivamente.

Exemplo da taxa de utilização da vacina DPTHepatiteB

N.º total de crianças vacinadas contra a DPT/HepB


(fora e dentro do grupo-alvo) durante o trimestre
Tx Utiliz. DPT/HepB = -------------------------------------------------------------- x 100
N.º total de Doses de vacinas gastas
durante o mesmo trimetre.

N.º de crianças vacinadas dentro e fora do grupo-alvo = 2000


N.º de Doses de vacinas gastas = 3800

2000
TUV = ------------- X 100 = 52.6%
3800

A taxa de utilização de 52,6% é muito baixa atendendo que a aceitável seria a partir
Programa Alargado de Vacinação  | 151

de 75%. A diferença entre 100% e 52,6% que é de 47.4%, denominando-se a taxa de


desperdício.

Também se pode calcular directamente a Taxa de Desperdício da Vacina (TDV), da


seguinte forma:

N.º total de doses gastas – N.º total de pessoas vacinadas


TDV = ------------------------------------------------------------------------ x 100
N.º total de vacinas gastas

A taxa de utilização é um indicador muito útil para apreciação da qualidade de


planificação do PAV.

O ideal estaria acima de seguintes valores:

PT/ HepB ; VAT e VAS ----------------------------------- 75%

BCG ------------------------------------------------------ 40%

Disponibilidade de Recursos

Por exemplo, disponibilidade de Petróleo (Disp. Petr) nas US’s (mensal, trimestral ,
anual...)

É um indicador que permite avaliar a qualidade da logística e da utilização dos recur-


sos, nomeadamente, do petróleo.

Exemplo do cálculo:

N.º de US´s que tiveram petróleo


durante um determinado período
US`s. Disp. Petr. = --------------------------------------------------------- x 100
N.º total de Unidades Sanitárias
152 |  Programa Alargado de Vacinação

US com Disponibilidade de vacinas

Calcula-se da mesma maneira que a disponibilidade de petróleo. Por exemplo:

N.º de US´s que tiveram vacina


durante um determinado período
US`s. Disp. Vac. = ----------------------------------------------------------------- x 100
N.º total de Unidades Sanitárias existentes
numa determinada área de saúde
Programa Alargado de Vacinação  | 153

12. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE


SAÚDE (SIS)

OBJECTIVOS

No final do tema, os alunos devem ser capazes de:

1. Utilizar os instrumentos e normas para o controle de qualidade, tratamento de


dados,

2. Listar as fichas do SIS do PAV

99 Mod. sis-A01-livro de registo das activ. de vacinação de cças

99 Mod sis A01-ficha de registo diário para o PF ou BM (BCG, Pólio, DTP-HepB e Sa-
rampo).

99 Mod.sis-A02-ficha de registo diário do PAV para PF e BM-VAT.

99 Mod.sis-A03-A-ficha de resumo mensal para US BCG, DPT-HepB, Pólio e Sarampo,

3. Fazer representação gráfica, análise e interpretação, análise e envio de retroin-


formação para os pessoal que envia os dados.
154 |  Programa Alargado de Vacinação

RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/


APRENDIZAGEM
Objectivos da Ensino/Aprendizagem
Conteúdo
Aprendizagem Actividades
1. Utilizar os instrumentos As aulas práticas serão desenvolvidas
Instrumentos normas e normas para o Controle com o método In-Basket onde o
para o Controle de qualidade, tratamento professor fornece aos alunos um
de qualidade, de dados, conjunto de documentos e instruções,
tratamento de 2. Listar as fichas do SIS auxiliado pela discussão e exposição
dados, do PAV dialogada tendo em consideração o
apresentação, desenvolvimento
interpretação, 3. Fazer representação de técnicas com recursos que permitam
análise e envio de gráfica, analise e ao aluno reconhecer as fichas em uso
retroinformacao para interpretação, análise e no programa e elaborar os gráficos
os pessoal que envia envio de retroinformacao de análise e interpretação. Serão
os dados para os pessoal que envia utilizados, quadro, bem como materiais
os dados e equipamentos necessários.

Um sistema de informação de saúde é um conjunto de instrumentos, normas e activida-


des relacionados entre si, que produz informação útil para tomada de decisões na área de
saúde.

Dirigir é decidir, face a uma informação. Quem não recebe informação não dirige correcta-
mente; quem recebe informação e a não utiliza, também não pode dirigir com sucesso. Um
dirigente que não tem ou não usa informação, geralmente comete erros sucessivos e não
consegue atingir os objectivos. Este dirigente nem sequer é capaz de avaliar os resultados
do seu trablho e corrigir os erros que comete por não conhecer as suas causas.
Programa Alargado de Vacinação  | 155

12.1. CONCEITO
Um conceito crucial que temos que ter presente em relação ao SIS é o seguinte:

O SIS não tem nenhum sentido se não leva à tomada de decisões e acções
aos diferentes níveis de atenção

12.1.1. Instrumentos

Os instrumentos são os impressos (livros de registo e fichas) através dos quais os


dados são registados e recolhidos/enviados.

12.1.2. Normas

As normas definem quem deve realizar as várias actividades do SIS (por exemplo,
quem deve enviar os dados e quem os deve elaborar), qual é a periodicidade de
envio (semanal mensal, anual, etc.) e qual o fluxo que os impressos devem seguir.

12.1.3. Actividades do SIS

As actividades compreendem o registo, a recolha, o controlo de qualidade, o envio, a


recepção, a elaboração, a apresentação e a interpretação de dados.

12.1.4. O registo

Consiste em tomar nota num impresso de um caso diagnosticado em ambulatório


(exemplo: caso de diarreia), de uma actividade realizada, ex: (a administração de
uma dose de vacina antipólio) ou de um recurso recebido, ex: (a chegada de uma
remessa nova de vacinas).

12.1.5. A recolha

É o acto de transferir os dados dos registos ou fichas diárias para a ficha de resumo.
Este passo permite organizar, com uma certa periodicidade, os dados em grandes ca-
tegorias. Mensalmente são recolhidos (somados) os dados de vacinas administradas.
156 |  Programa Alargado de Vacinação

12.1.6. Controlo de qualidade

Consiste em verificar se os dados nos diferentes impressos estão completos, correc-


tos e atempados.

No primeiro caso (completos) verifica-se se há ou não diferença entre casos obser-


vados e registados (exemplo: casos de sarampo diagnosticados e os registados nas
consultas externas); se há unidades sanitárias que não enviaram resumos precisos
nem qualquer informação.

No segundo caso (correctos) confirma-se se os dados são lógicos, se conferem (so-


mas correctas e sem grandes variações em relação a dados anteriores), são compre-
ensíveis (números corrigidos e duvidosos), respeitam as normas de preenchimento
dos impressos, se existem e são utilizadas definições padronizadas de doenças ou
actividades, etc.

No terceiro caso (atempados) certifica-se se os impressos chegam dentro do prazo


estabelecido.

O controlo de qualidade é uma actividade que tem de ser realizada por rotina pelos
trabalhadores que registam, recolhem, enviam e recebem os dados.

Por vezes, o pessoal que recebe os impressos das unidades sanitárias do nível infe-
rior tem possibilidade de corrigir os erros (ex: é possível corrigir um cálculo de uma
taxa quando são conhecidos o numerador e o denominador). Em outros casos mais
frequentes, é impossível corrigir erros quando os dados de base não estão disponí-
veis. Por outro lado, é frequentemente possível suspeitar um erro pelas razões acima
mencionadas: dados ilógicos e grandes diferenças com dados precedentes.

Sempre que houver dúvidas quanto à qualidade da informação recebida, principal-


mente quando há erros evidentes, é necessário pôr uma referência na nota de acom-
panhamento do resumo enviado para o nível superior e procurar-se um esclareci-
mento junto da US donde os dados foram recebidos, podendo revelar-se necessária
uma imediata supervisão.
Programa Alargado de Vacinação  | 157

12.1.7. A elaboração ou tratamento de dados

Consiste na agregação de dados para transformá-los em informações. Tem por objec-


tivo obter uma informação que, por sua vez, levará à tomada de decisões. Um dado
considerado isoladamente não pemite interpretações e portanto não é útil para to-
mar decisões. Por outro lado, diferentes tipos de dados juntos, de uma forma lógica,
permitem, parcialmente, conhecer e compreender uma realidade.

É claro que quando os dados são falsos, incompletos ou errados, as decisões não
serão as mais convenientes e desejadas, podendo colocar em risco as acções já pro-
gramadas ou a programar.

12.1.8. Apresentação

Consiste na organização das informações em tabelas e gráficos. Estes meios facilitam


a análise e compreensão das informações, em particular os gráficos que evidenciam
uma situação sobre a qual é, talvez, necessário tomar uma decisão.

12.1.9. Interpretação

Consiste na individualização dos factores que determinam uma certa realidade. Por
exemplo: se as taxas de cobertura do PAV na sede do distrito diminuíram durante o
último ano, é possível que as causas que estiveram na origem daquela situação seja
uma ou algumas das seguintes:

99 O abastecimento em vacinas não foi suficiente;

99 Houve prolongadas rupturas de stock de petróleo;

99 A geleira ficou inoperante durante um tempo significativo;

99 Houve transferência de alguns trabalhadores mais dinâmicos

99 A população perdeu confiança em relação aos serviços prestados pela US

99 A população perdeu confiança por maus tratos dos trabalhadores de saúde

Saber interpretar é a permissa indispensável para poder escolher medidas correc-


tivas adequadas e não tomar iniciativas descabidas. Se por ex, no distrito a taxa de
158 |  Programa Alargado de Vacinação

cobertura de uma determina vacina baixou fundamentalmente por causa da falta de


petróleo, seria uma escolha errada tentar resolver o problema pedindo mais vacinas
ou uma nova geleira ou mais pessoal.

12.1.10. Envio

Consiste na transmissão dos impressos de resumo para o nível superior. O envio deve:

99 seguir percursos pré-fixados (ex: da Direcção Distrital ao Núcleo de Estatística e


Planificação);

99 respeitar os prazos estabelecidos (ex: transmissão, envio, dentro da primeira sema-


na do mês);

99 utilizar meios de transporte ou mensageiros definidos (ex: não se pode enviar um


relatório anual de um distrito através de uma pessoa não fiável ou que não perten-
ce à saúde, simplesmente pelo facto de que esta se desloca à capital provincial).

12.1.11. Recepção

É o acto de receber os impressos enviados pelo nível inferior. Infelizmente nem sem-
pre os impressos enviados são recebidos ao nível superior por diferentes razões: por
ex, erros de endereço, utilização de mensageiros que não são de confiança e proble-
mas de correio

A maioria dos trabalhadores de saúde limita-se ao registo, recolha e envio de dados


ao nível superior sem os elaborar, interpretar e utilizar. É um ponto a corrigir. Impõe-
se que as unidades sanitárias aprendam a agregar os dados, apresentá-los em gráfico
e tabelas de modo que, através deles, possam tirar conclusões que levem à tomada
de medidas apropriadas.

Só quando todas estas actividades (do registo à interpretação para tomada de deci-
são) são levadas a cabo, o SIS pode constituir um instrumento de trabalho essencial,
deixando de ser uma questão burocrática com pouco interesse e importância ou de
interesse de alguém colocado no nível superior ou no estrangeiro. Portanto, o SIS
deve ser reconhecido pelos trabalhadores como um indispensável e constante ins-
trumento de trabalho para conhecer, de forma sistemática, quais os principais pro-
Programa Alargado de Vacinação  | 159

blemas que devem enfrentar, quais são os recursos disponíveis, qual é o volume de
trabalho realizado e quais os resultados do próprio esforço.

Para tal, todo o processo, desde o registo ao arquivo, passando pela recolha, controlo
de qualidade, deve obedecer ao maior cuidado e o mais alto sentido de responsabi-
lidade.

A qualidade de dados é melhor quando a sua utilidade resulta clara de imediato.

12.1.12. Em Resumo

O SIS permite-nos individualizar situações preocupantes que precisam de medidas


correctivas mas, não nos permite conhecer os factores determinantes. As decisões e
acções apropriadas poderão ser tomadas somente depois de uma análise mais por-
menorizada no local onde os dados são registados e enviados.

O SIS é o instrumento que ajuda a decidir os objectivos, programar actividades e


distribuir recursos; o mesmo instrumento permite-nos avaliar as decisões tomadas
anteriormente, através do processo de avaliação/monitorização.

Lembre-se sempre que:

O SIS não tem nenhum sentido se não leva à tomada de decisões e de


acções aos diferentes níveis de atenção

12.2. FICHAS DO PAV E O MODO DE PREENCHIMENTO


Mod. SIS – A01 registo diário do PAV (BCG, DPTHepatiteB, sarampo e pólio)

Mod. SIS – A02 registo diário do PAV (VAT)

Mod. SIS – A02A registo diário do PAV (VAT nas Escolas e Instituições de Trabalho)

Mod. SIS – A03 resumo mensal do PAV para US


160 |  Programa Alargado de Vacinação

Mod. SIS – A04 – A ao Mod. SIS A04 – F, resumo mensal do PAV para o nível distrital

Mod. SIS – A05 – A ao Mod. SIS A05 – F, resumo mensal doPAV para o nível provincial

O PAV, como um programa dinâmico, introduziu fichas que ajudam o pessoal a registar
melhor alguns dados importantes.

NORMAS DE PREENCHIMENTO DO LIVRO DE REGISTO

I – Livro de registo de vacinação de crianças

A capa

Na capa do livro de registo preencha: o período (data/mês/ano) no início e no fim da utili-


zação do livro; a Província, o Distrito e o Código da Unidade Sanitária (US).

Assinale com um (X) no rectângulo apropriado, conforme o livro se destine a ser usado no
Posto Fixo da US ou na Brigada Móvel.

Livro de registo de crianças

Coluna 1: Número de ordem anual - Enumerar esta coluna começando por um (1), no início
de cada ano. Este número deve também ser registado no cartão de peso da criança para
facilitar a localização nas visitas seguintes.

Coluna 2: Data - Escrever o dia e o mês em que a criança é registada no livro.

Coluna 3: Nome - Escrever o nome da criança conforme aparece no cartão de saúde. No


caso das crianças que ainda não foram atribuídas os respectivos nomes, registar o nome da
mãe, precedido de inominado/a.

Coluna 4: Data de nascimento - Escrever a data de nascimento da criança conforme apare-


ce no cartão de peso ou dado por outra fonte de informação.

Coluna 5: Sexo - Escrever o sexo da criança conforme o caso: feminino (F), masculino (M).

Coluna 6: Residência - Escrever a localidade, Bairro, Rua e o número da casa da criança.

Coluna 7: BCG - Escrever a data em que a criança receber a vacina da BCG na unidade
Programa Alargado de Vacinação  | 161

sanitária ou na brigada móvel. Se a criança recebeu esta vacina em dias anteriores ao do


registo, confirmado pelo registo no cartão de peso da criança, assinale com um visto (√).

Coluna 8: Pólio primária – Escrever a data em que a criança receber a vacina da Pólio Pri-
mária na unidade sanitária ou na brigada móvel. Se a criança recebeu esta vacina em dias
anteriores ao do registo, confirmado pelo registo no cartão de peso da criança, assinale
com um visto (√).

Coluna 9: Pólio 1ª dose – Escrever a data em que a criança receber a primeira dose da
vacina anti-Pólio (VAP1) na unidade sanitária ou na brigada móvel. Se a criança recebeu
esta vacina em dias anteriores ao do registo, confirmado pelo registo no cartão de peso da
criança, assinale com um visto (√).

Coluna 10: Pólio 2ª dose – Escrever a data em que a criança receber a segunda dose da
vacina anti-Pólio (VAP2) na unidade sanitária ou na brigada móvel. Se a criança recebeu
esta vacina em dias anteriores ao do registo, confirmado pelo registo no cartão de peso da
criança, assinale com um visto (√).

Coluna 11: Pólio 3ª dose – Escrever a data em que a criança receber a terceira dose da
vacina anti-Pólio (VAP3) na unidade sanitária ou na brigada móvel. Se a criança recebeu
esta vacina em dias anteriores ao do registo, confirmado pelo registo no cartão de peso da
criança, assinale com um visto (√).

Coluna 12: DPT-HepB 1ª dose – Escrever a data em que a criança receber a primeira dose
da vacina DPT-HepB na unidade sanitária ou na brigada móvel. Se a criança recebeu esta va-
cina em dias anteriores ao do registo, confirmado pelo registo no cartão de peso da criança,
assinale com um visto (√).

Coluna 13: DPT-HepB 2ª dose – Escrever a data em que a criança receber a segunda dose
da vacina DPT-HepB na unidade sanitária ou na brigada móvel. Se a criança recebeu esta va-
cina em dias anteriores ao do registo, confirmado pelo registo no cartão de peso da criança,
assinale com um visto (√).

Coluna 14: DPT-HepB 3ª dose – Escrever a data em que a criança receber a terceira dose da
vacina DPT-HepB na unidade sanitária ou na brigada móvel. Se a criança recebeu esta vaci-
na em dias anteriores ao do registo, confirmado pelo registo no cartão de peso da criança,
162 |  Programa Alargado de Vacinação

assinale com um visto (√).

Coluna15: Sarampo – Escrever a data em que a criança receber a vacina anti-Sarampo na


unidade sanitária ou na brigada móvel. Se a criança recebeu esta vacina em dias anteriores
ao do registo, confirmado pelo registo no cartão de peso da criança, assinale com um visto
(√).

Coluna16: Criança Completamente Vacinada menor que um ano (CCV<1ANO) – Escrever a


data em que a criança se considera completamente vacinada segundo o calendário vacinal
antes de completar um ano de vida. Se a criança recebeu todas as vacinas depois de com-
pletar um ano de idade, assinale com um visto (√).

NOTA
A ausência da vacina pólio primária não interfere em que a criança seja
considerada completamente vacinada se tiver todas as outras vacinas em
dia.

Modelo SIS –A01: Ficha de registo diário do PAV para posto fixo ou brigada móvel - BCG,
Pólio, DTP-HepB e Sarampo.

Coluna 1: vacinas

Coluna 2: 0-11 meses - Pintar uma bolinha correspondente ao tipo de vacina para cada
criança de 0-11 meses de idade vacinada e registada no livro de vacinação.

Coluna 3: Total - Escrever o total de bolinhas pintadas na coluna 2, das crianças dos 0-11
meses, para cada vacina, no fim do mês.

Coluna 4: 12-23 meses - Pintar uma bolinha correspondente ao tipo de vacina para cada
criança de 12-23 meses de idade vacinada e registada no livro de vacinação.

Coluna 5: Total - Escrever o total de bolinhas pintadas na coluna 4, das crianças de 12-23
meses, para cada vacina, no fim do mês.

Coluna 6: Frascos abertos– Pintar uma bolinha correspondente ao frasco de vacina aberto.
Programa Alargado de Vacinação  | 163

Coluna 7: Total de frascos abertos - Escrever o total de bolinhas pintadas na coluna 6, em


cada tipo de vacina, no fim do mês.

Coluna 8: Femininas - Pintar uma bolinha para cada criança de 0-11 meses de idade do sexo
feminino, e que estiver a completar a vacinação.

Coluna 9: Escrever o total das bolinhas pintadas na coluna 8, de crianças completamente


vacinadas do sexo feminino, no fim de cada mês.

Coluna 10: Masculino - Pintar uma bolinha para cada criança de 0-11 meses de idade do
sexo masculino, e que estiver a completar a vacinação.

Coluna 11: Escrever o número total das bolinhas pintadas na coluna 10, de crianças comple-
tamente vacinadas do sexo masculino, no fim de cada mês.

Nome legível do responsável pelo preenchimento: Escreva o nome completo do respon-


sável pelo preenchimento da ficha sempre que fechar (terminar). O responsável pelo pre-
enchimento da ficha é o chefe do PAV na unidade sanitária ou seu substituto legal, e não
necessariamente a pessoa que preenche a ficha.

NB: Considera-se a ficha fechada sempre que a possibilidade de preenchimento de qual-


quer um dos itens estiver esgotada.

Categoria: Escreva a categoria do responsável pelo preenchimento da ficha. Exemplo: Téc-


nico de Medicina Preventiva.

Data: Escreva o dia/mês/ano do fecho da ficha.


164 |  Programa Alargado de Vacinação

Mod.SIS-AO2: Ficha de registo diário do PAV para posto fixo ou brigada móvel - VAT.

Coluna 1 : Mulher grávida 1ª dose - Pintar uma bolinha correspondente a cada mulher
grávida que receber a 1ª dose de vacina antitêtanica.

Coluna 2 : Total Mulher grávida – Escrever o total das bolinhas pintadas na coluna 1, no fim
de cada mês.

Coluna 3 : Mulher grávida 2ª a 5ª dose - Pintar uma bolinha correspondente a cada mulher
grávida que receber da 2ª a 5ª dose da vacina antitetânica.

Coluna 4 : Total Mulher grávida 2ª a 5ª dose – Escrever o total das bolinhas pintadas na
coluna 3 no fim de cada mês.

Coluna 5: MIF (15-49anos) 1ª dose - Pintar uma bolinha correspondente a cada mulher em
idade fértil (MIF) que receber a 1ª dose da vacina antitetânica.

Coluna 6 : Total MIF (15-49anos) 1ª dose – Escrever o total das bolinhas pintadas na coluna
5, no fim de cada mês.

Coluna 7 : MIF (15-49anos) 2ª- 5ª dose - Pintar uma bolinha correspondente a cada mulher
em idade fértil (MIF) que receber da 2ª -5ª dose de vacina antitetânica.

Coluna 8 : Total MIF (15-49anos) 2ª - 5ª dose – Escrever o total das bolinhas pintadas na
coluna 7, no fim de cada mês.

Coluna 9 : Outros, 1ª dose - Pintar uma bolinha correspondente a cada indivíduo que não
seja mulher grávida nem MIF que receber a 1ª dose de vacina antitetânica.

Coluna 10 : Total Outros – Escrever o total das bolinhas pintadas na coluna 9, no fim de
cada mês.

Coluna 11 : Outros, 2ª - 5ª dose - Pintar uma bolinha correspondente a cada indivíduo que
não seja mulher grávida nem MIF que receber da 2ª- 5ª dose da vacina antitetânica.

Coluna 12 : Total : outros 2ª- 5ª dose – Escrever o total das bolinhas pintadas na coluna 11,
no fim de cada mês.

Coluna 13: Frascos abertos de VAT – Pintar uma bolinha para cada frasco aberto da vacina
Programa Alargado de Vacinação  | 165

antitetânica.

Coluna 14: Total - Escrever o total das bolinhas pintadas na coluna 13, no fim de cada mês.

Nome legível do responsável pelo preenchimento: Escrever o nome completo do respon-


sável pelo preenchimento da ficha sempre que fechar (terminar). O responsável pelo pre-
enchimento da ficha é o chefe do PAV na unidade sanitária ou seu substituto legal, e não
necessariamente a pessoa que preenche a ficha.

Categoria: Escreva a categoria do responsável pelo preenchimento da ficha, como no exem-


plo da ficha AO1.
166 |  Programa Alargado de Vacinação

Mod SIS AO2-A Ficha de registo diário do PAV para estudantes e trabalhadores - VAT.

Indica com um (x) no rectângulo de estudantes se a brigada móvel vacinar alunos ou no


rectângulo de trabalhadores se a brigada móvel vacinar trabalhadores.

Coluna 1: Instituição - Escrever o nome da instituição (escola ou local de trabalho) para


onde a brigada móvel se desloca .

Coluna2: Data – Escrever a data em que a brigada móvel se desloca à referida instituição
(escola ou local de trabalho).

Coluna 3 : VAT 1ª dose – Escrever o total de alunos não MIF’s ou trabalhadores não MIF’s
vacinados contra o tétano 1ª dose.

Coluna 4 : VAT 2ª - 5ªdose – Escrever o número de alunos não MIF’s ou trabalhadores não
MIF’s vacinados contra o tétano, da 2ª- 5ª dose.

Coluna 5: MIF’s 1ª dose – Escrever o número de alunas MIF’s ou trabalhadoras MIF’s vaci-
nadas contra o tétano 1ª dose.

Coluna 6: MIF 2ª - 5ª dose – Escrever o número de alunas MIF’s ou trabalhadoras MIF’s


vacinadas contra o tétano da 2ª-5ª dose.

Coluna 7: Total de frascos abertos - Escrever o total de frascos abertos da vacina antitetâ-
nica no fim de cada sessão vacinal.

Nome legível do responsável pelo preenchimento: Escrever o nome completo do respon-


sável pelo preenchimento da ficha quando fechar (terminar). O responsável pelo preen-
chimento da ficha é o chefe do PAV na unidade sanitária ou seu substituto legal, e não
necessariamente a pessoa que preenche a ficha.

Categoria: Escrever a categoria do responsável pelo preenchimento da ficha, como no


exemplo da ficha AO1.

Data: Escreva o dia/mês/ano do fecho da ficha.


Programa Alargado de Vacinação  | 167

Mod SIS AO3 Resumo mensal do PAV para o nível da Unidade Sanitária.

Coluna 1: vacinas

Coluna 2: Grupos Alvo – Escrever o número do grupo-alvo mensal para cada tipo de vacina.

Coluna 3: Posto Fixo – Escrever o total de crianças de 0-11 meses vacinadas nos postos fixos
( coluna 3 da ficha A01 do posto fixo) para cada vacina e dose administrada.

Coluna 4: Brigada móvel – Escrever o total de crianças de 0-11 meses vacinadas nas briga-
das móveis (coluna 3 da ficha A01 das brigadas móveis) para cada vacina e dose adminis-
trada.

Coluna 5: Total – Escrever o total das crianças de 0-11 meses de idade vacinadas no posto
fixo e nas brigadas móveis (soma das colunas 3 e 4 ).

Coluna 6: Taxa de cobertura – Número total de crianças de 0-11 meses vacinadas com um
determinado tipo de vacina (coluna 5), dividido pelo número do grupo alvo para a vacina
(coluna 2) e no fim multiplicado por 100.

Número de crianças de 0-11 meses vacinadas


com certo tipo de vacina
Taxa de cobertura = ________________________________________ x 100
Número do grupo alvo para a vacina

Coluna 7: Posto Fixo – Escrever o total de crianças de 12-23 meses vacinadas no posto fixo
(coluna 5 da ficha A01 do posto fixo) para cada vacina e dose administrada.

Coluna 8: Brigada móvel - Escrever o total de crianças de 12-23 meses vacinadas nas bri-
gadas móveis (coluna 5 da ficha A01 das brigadas móveis) para cada vacina e dose admi-
nistrada.

Coluna9: Total – Escrever o total das crianças de 12-23 meses vacinadas no posto fixo e nas
brigadas móveis, (soma das colunas 7 e 8) para cada vacina e dose administrada.
168 |  Programa Alargado de Vacinação

Coluna 10: Total de Vacinados – Escrever o total de crianças dos 0-23 meses vacinadas,
(soma das colunas 5 e 9) para cada vacina e dose administrada.

Coluna 11: Frascos abertos – Escrever o número total de frascos abertos nas brigadas mó-
veis e postos fixos (coluna 7 da ficha A01 do posto fixo e das brigadas móveis).

Coluna 12: Taxa de desperdício – Escrever o número de doses gastas (coluna 11 x nr. de do-
ses por frasco) de um tipo de vacina, menos o total de crianças vacinadas (coluna 10) com
essa mesma vacina, dividido pelo nr. de doses gastas (coluna 11 x nr. de doses por frasco)
e no fim multiplicado por 100.

Doses gastas de uma vacina – Total de crianças


0-23 meses vacinadas com essa vacina
Taxa de desperdício = ______________________________________ X 100
Doses gastas

NB. Doses gastas = número de frascos abertos x número de doses por


frasco

Coluna 13: Crianças Completamente Vacinadas (CCV)

Coluna 14: Posto fixo – Escrever o número de crianças femininas completamente vacinadas
no posto fixo (coluna 9 da ficha A01) e masculina igualmente do posto fixo (coluna 11 da
ficha A01).

Total – escrever a soma de femininas e masculinas completamente vacinas nos postos fixos
(coluna 14 femininos + coluna 14 masculinos).

Colunas 15: Brigada Móvel: Escrever o número de crianças femininas completamente va-
cinadas nas brigadas móveis (coluna 9 da ficha A01) e masculina igualmente das brigadas
móveis (coluna 11 da ficha A01).

Total – escrever a soma de femininas e masculinas completamente vacinas nas brigadas


móveis (coluna 15 femininos + coluna 15 masculinos).
Programa Alargado de Vacinação  | 169

Coluna 16: Total – Escrever a soma das colunas 14 e 15.

Coluna 17: Grupos de vacinação

Coluna 18: Grupos Alvo/ meta – Escrever o número do grupo alvo mensal de mulheres
grávidas = (Pt x 5%)/12; das MIF’s (15-49 anos) = (Pt x 19,9%)/12.

Coluna 19: Postos Fixos - Escrever o número total da 1ª dose da vacina antitetânica admi-
nistrada no posto fixo para os diferentes grupos de vacinação:

Mulheres grávidas – Coluna 2 da ficha A02 do posto fixo

MIF’s (15 a 49 anos) – Coluna 6 da ficha A02 do posto fixo

Outros – Coluna 10 da ficha A02 do posto fixo

Coluna 20: Brigada móvel - Escrever o número total da 1ª dose da vacina antitetânica ad-
ministrada nas brigadas móveis para os diferentes grupos de vacinação:

Mulheres grávidas – Coluna 2 da ficha A02 da brigada móvel

MIF’s (15 a 49 anos) Comunidade – Coluna 6 da ficha A02 da brigada móvel

MIF’s (15 a 49 anos) Estudante – Coluna 5 da ficha A02A Estudante

MIF’s (15 a 49 anos) Trabalhador – Coluna 5 da ficha A02A Trabalhador

MIF’s (15 a 49 anos) Subtotal – Somatório das linhas (MIF’s Comunidade + MIF’s Estudante
+ MIF’s Trabalhador) da coluna 20.

Estudante não MIF – Coluna 3 da ficha A02A Estudante

Trabalhador não MIF - Coluna 5 da ficha A02A Trabalhador

Outros – Coluna 10 da ficha A02 da brigada móvel

Coluna 21: Total – Escrever o total da 1ª dose de vacina antitetânica aplicada, soma das
colunas 19 e 20 de cada linha.

Coluna 22: Postos Fixos - Escrever o número da 2ª -5ª doses da vacina antitetânica adminis-
170 |  Programa Alargado de Vacinação

trada nos postos fixos, para os diferentes grupos de vacinação

Mulheres grávidas – Coluna 4 da ficha A02 do posto fixo

MIF’s (15 a 49 anos) – Coluna 8 da ficha A02 do posto fixo

Outros – Coluna 12 da ficha A02 do posto fixo

Coluna 23: Brigada móvel – Escrever o número da 2ª -5ª doses da vacina antitetânica admi-
nistrada nas brigadas móveis, para os diferentes grupos de vacinação:

Mulheres grávidas – Coluna 4 da ficha A02 da brigada móvel

MIF’s (15 a 49 anos) Comunidade – Coluna 8 da ficha A02 da brigada móvel

MIF’s (15 a 49 anos) Estudante – Coluna 6 da ficha A02A Estudante

MIF’s (15 a 49 anos) Trabalhador – Coluna 6 da ficha A02A Trabalhador

MIF’s (15 a 49 anos) Subtotal – Somatório das linhas (MIF’s Comunidade + MIF’s

Estudante + MIF’s Trabalhador, de cada coluna acima desta linha.

Estudante não MIF – Coluna 4 da ficha A02A Estudante

Trabalhador não MIF - Coluna 4 da ficha A02A Trabalhador

Outros – Coluna 12 da ficha A02 da brigada móvel

Coluna 24: Total – Escrever o total de 2ª-5ª doses da vacina antitetânica administrada nos
postos fixos e brigadas móveis ( a soma das colunas 22 e 23).

Coluna 25: Total de 1ª e de 2ª-5ª doses – Escrever o total da 1ª e da 2ª-5ª doses de vacina
antitetânica aplicada aos diferentes grupos (a soma das colunas 21 e 24).

Coluna 26: Taxa de cobertura – Número total da 2ª-5ª doses da vacina antitetânica (coluna
24) administradas, dividido pelo número do grupo alvo correspondente (coluna 18) e no
fim multiplicado por 100.
Programa Alargado de Vacinação  | 171

Número de doses da 2ª-5ª doses da vacina antitetânica


Taxa de cobertura = _______________________________________ x 100
Número do grupo alvo correspondente

Coluna 27: Frascos abertos – Escrever o número dos frascos abertos da vacina antitetânica
(coluna 14 da ficha A02 + coluna 7 da ficha A02A).

Coluna 28: Taxa de desperdício – Escrever o número de doses de VAT gastas (coluna 27 x
nr. de doses por frasco), menos o total de vacinados (linha total na coluna 25), dividido
pelo nr. de doses gastas (coluna 27 x nr. de doses por frasco) e no fim multiplicado por 100.

Doses gastas de VAT – Total de Vacinados com VAT


Taxa de desperdício = ______________________________________ x 100
Doses gastas de VAT

NB: Doses gastas = número de frascos abertos x número de doses por frasco

Linha Total = somatório das linhas de cada coluna.

Linha Total VAT 1a dose estudantes = somatório das linhas MIF’s 15-49 anos Estudante +
Linha Estudantes não MIF, ambos da coluna 21.

Linha Total VAT 2a – 5a doses estudantes = somatório das linhas MIF’s 15-49 anos Estudan-
te + Linha Estudantes não MIF, ambos da coluna 24.

Recursos:

Na secção de recursos, indique, assinalando com um visto, se houve ou não rotura de stock
dos seguintes recursos:
172 |  Programa Alargado de Vacinação

Sim Não
Seringa
Vacinas
Caixas incineradoras
Petróleo
Gás
Outros

Indique, assinalando também com um visto, se a geleira esteve ou não avariada. Se sim,
quantas vezes, o tempo mais prolongado em que a geleira esteve sem funcionar. Mencione
as causas da paralisação.

Indique outros constrangimentos ou problemas caso existam.

Nome legível do responsável pelo preenchimento: Escrever o nome completo do respon-


sável pelo preenchimento da ficha quando fechar (terminar). O responsável pelo preen-
chimento da ficha é o chefe do PAV na unidade sanitária ou seu substituto legal, e não
necessariamente a pessoa que preenche a ficha.

Categoria: Escrever a categoria do responsável pelo preenchimento da ficha, como no


exemplo da ficha AO1.

Data: Escrever o dia/mês/ano do preenchimento da ficha.


Programa Alargado de Vacinação  | 173

Mod SIS AO4-A Resumo Mensal do PAV para o nível distrital - BCG/Pólio primária

Coluna 1: Unidades Sanitárias – Escrever o nome todas as Unidades Sanitárias existentes


no distrito incluindo as que não reportaram actividades durante o mês em referência.

Coluna 2: Grupo-alvo – Escrever o número do grupo-alvo mensal da vacina de BCG para


cada Unidade Sanitária.

Coluna 3 Posto Fixo – Escrever o número de crianças dos 0-11 meses de idade vacinadas
contra a BCG nos postos fixos (coluna 3 da ficha A03), em cada Unidade Sanitária.

Coluna 4: Brigada Móvel - Escrever o número de crianças dos 0-11 meses de idade vacina-
das contra a BCG nas brigadas móveis (coluna 4 da ficha A03), em cada Unidade Sanitária.

Coluna 5: Total – Some as colunas 3 e 4 e escrever o total de crianças dos 0-11 meses de
idade vacinadas contra a BCG, em cada Unidade Sanitária.

Coluna 6: Posto Fixo – Escrever o número de crianças dos 12-23 meses de idade vacinadas
contra a BCG nos postos fixos (coluna 7 do A03), em cada Unidade Sanitária.

Coluna 7: Brigada móvel - Escrever o número de crianças dos 12 -23 meses de idade va-
cinadas contra a BCG nas brigadas móveis, (coluna 8 do A03), em cada Unidade Sanitária.

Coluna 8: Total - Some as colunas 6 e 7 e escrever o total de crianças dos 12-23 meses de
idade vacinadas contra a BCG, em cada Unidade Sanitária.

Coluna 9 Total de BCG – Soma as colunas 5 e 8 e escrever o total de crianças dos 0-23 meses
de idade vacinadas contra a BCG, em cada Unidade Sanitária.

Coluna 10: Taxa de cobertura de BCG – Número total de crianças dos 0-11 meses de idade
vacinadas contra a BCG (coluna 5), dividido pelo número do grupo alvo correspondente
(coluna 2) e no fim multiplicado por 100.
174 |  Programa Alargado de Vacinação

Número de crianças de 0-11 meses de idade


vacinadas com a BCG
Taxa de cobertura da BCG = _________________________________ X 100
Número do grupo-alvo correspondente

Coluna 11: Frascos Abertos – Escrever o número de frascos abertos (coluna 11 da ficha
A03) de cada Unidade Sanitária.

Coluna 12: Taxa de desperdício – Escrever o número de doses de BCG gastas (coluna 11 x
nr. de doses por frasco), menos o total de vacinados dos 0-23 meses(coluna 9), dividido
pelo nr. de doses gastas (coluna 11 x nr. de doses por frasco) e no fim multiplicado por 100.

Doses gastas de BCG – Total de Vacinados com a BCG


Taxa de desperdício = _____________________________________ X 100
Doses gastas de BCG_

NB: Doses gastas = número de frascos abertos X número de doses por fras-
co

Coluna 13: Postos Fixos - Escrever o número de crianças de 0-6 semanas vacinadas contra
a Pólio Primária (VAP0) nos postos fixos (coluna 3 da ficha A03), de cada Unidade Sanitária.

Coluna 14: Brigada móvel - Escrever o número de crianças de 0-6 semanas vacinadas con-
tra a Pólio Primário (VAP0) nas brigadas móveis (coluna 4 da ficha A03), de cada Unidade
Sanitária.

Coluna 15: Total de Pólio Primária – Some as colunas 13 e 14, e escreva o total de crianças
de 0-6 semanas vacinadas contra Pólio Primária (VAP0), de cada Unidade Sanitária.

Coluna 16: Frascos abertos * – Escrever o número de frascos abertos (coluna 11 da ficha
A03), de cada Unidade Sanitária.
Programa Alargado de Vacinação  | 175

Coluna 17: Taxa de desperdício da Pólio * – Escrever o número de doses da Pólio Primária
(VAP0) gastas (coluna 16 x nr. de doses por frasco), menos o total de vacinados de 0-6 se-
manas (coluna 15), dividido pelo nr. de doses gastas (coluna 16 x nr. de doses por frasco) e
no fim multiplicado por 100.

Doses gastas de BCG – Total de Vacinados com a BCG


Taxa de desperdício = ______________________________________ x 100
Doses gastas de BCG

NB: Doses gastas = número de frascos abertos x número de doses por


frasco

Observação: * a serem preenchidos somente pelas maternidades nas Unidades Sanitárias


que não administram as doses seguintes: por exemplo, as maternidades dos hospitais cen-
trais e provinciais.

As restantes fichas de resumo, de A04-B à A04-F, seguem o mesmo padrão de preenchi-


mento que a ficha A04-A.
176 |  Programa Alargado de Vacinação

13.
OBJECTIVOS
PLANIFICAÇÃO

No final do tema, os alunos devem ser capazes de:

1. Definir planificação e gestão

2. Listar as etapas no processo de planificação

3. Colaborar na planificação e gestão do PAV

4. Fazer o levantamento das estimativas de recursos necessários (humanos, mate-


riais e financeiro)

5. Fazer o inventário de manutenção do equipamento e material e outros consumí-


veis

6. Controlar o stock do material de conservação a vacinação (politica de frascos


abertos

7. Controlar a qualidade de dados

8. Coordenar com outros intervenientes nas campanhas de vacinação

9. Coordenar com vários intervenientes na programação das campanhas de vaci-


nação
Programa Alargado de Vacinação  | 177

RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/


APRENDIZAGEM
Ensino/Aprendizagem
Conteúdo Objectivos da Aprendizagem
Actividades
Definir planificação e gestão As aulas consistirão em
uma breve exposiçao
Listar as etapas no processo de planificação
dialogada sobre o conceito
Colaborar na planificação e gestão do PAV do planificação e gestão
sua generalidade onde
Fazer o levantamento das estimativas de o docente ira fazer uma
recursos necessários (humanos, materiais e avaliação diagnóstica do
financeiro) conhecimento dos alunos
em relação a matéria, e
Fazer o inventário de manutenção do coajuvado pela técnica dos
equipamento e material e outros consumíveis casos onde o professor
Planificação e
com base em matérias já
Gestão do PAV
Controlar o stock do material de conservação abordadas propõe a turma
a vacinação (politica de frascos abertos uma situação real, para
ser apreciada e focalizada
Controlar a qualidade de dados de novo, sem que forneça
quaisquer indícios de
Coordenar com outros intervenientes nas orientações, o professor
campanhas de vacinação apresenta um caso de um
distrito ou provincia aos
alunos, deixando à estes, a
Coordenar com vários intervenientes na
iniciativa e os passos para a
programação das campanhas de vacinação
sua reolução.

13.1 PLANIFICAÇÃO NO CONTEXTO DA ESTRATÉGIA ACD


Entende-se por planificação um conjunto de acções orientadas para alcançar objectivos
bem definidos. Assim, pode-se chamar planificação à operação de coordenar a totalidade
de acções preventivas ligadas à vacinação da comunidade, segundo um projecto geral que
fixa os objectivos de redução da morbi-mortalidade por doenças preveníveis pala vacina-
ção e os meios escolhidos para a sua execução.
178 |  Programa Alargado de Vacinação

O caminho escolhido para a execução dos objectivos acima referidos é a implementação da


estratégia Alcançando Cada Distrito (ACD), com foco no distrito e composto pelos seguintes
cinco competentes operacionais:

1. Re-estabelecimento das actividades das brigadas móveis regulares as comunidades


distantes

As brigadas móveis são uma estratégia essencial para levar os serviças de vacinação a todas
as áreas populacionais pouco servidas ou desprovidas de serviços de vacinação, sejam elas
urbanas ou rurais, próximas dos serviços de saúde ou remotas. A base para uma implemen-
tação com sucesso das brigadas móveis é a existência de uma unidade sanitária equipada
com uma geleira funcional, abastecida com vacinas potentes e os respectivos materiais de
injecção, com recursos humanos adequadamente treinados e supervisados, e com meios
de transporte funcionais ou fundos adequados para custear as deslocações das brigadas
móveis.

2. Supervisão formativa – formação contínua no local de trabalho pelos supervisores

A supervisão formativa deve construir a capacidade no distrito de implementar serviços


de vacinação seguros e de boa qualidade, incluindo actividades de comunicação, através
de treinamento no local de trabalho e assistência regulares. Deve-se aproveitar a oportu-
nidade para integrar a supervisão de outras intervenções de saúde, como por exemplo, o
programa do AIDI, da Malária, etc.

3. Ligação entre os serviços e a comunidade – encontros regulares entre a comunidade e


os profissionais de saúde

Os serviços de vacinação necessitam de estar melhor integrados na estrutura comunitária,


o que pode se conseguido através de consultas permanentes entre a comunidade e os
gestores dos serviços de saúde. A comunicação para a vacinação deve ser considerada uma
componente chave do plano distrital, visando motivar as comunidades a fazer uma utiliza-
ção efectiva dos serviços de vacinação e outros serviços e saúde disponíveis.

4. Monitoria para a acção – gráficos, mapas em cada unidade sanitária

O sistema de monitoria deve ser fortalecido para direccionar as acções de planificação e


gestão ao nível distrital. Os dados colhidos devem ser interpretados e usados ao nível da
Programa Alargado de Vacinação  | 179

unidade sanitária.

5. Planificação e Gestão dos recursos – melhor gestão dos recursos humanos e financeiros

A planificação e gestão de recursos é geralmente fraca ao nível do distrito. Os planos distri-


tais devem possuir o diagnóstico da situação financeira actual e, a cada nível, detalhes dos
recursos humanos e financeiros necessários para alcançar todas as crianças elegíveis, de
uma maneira sustentada.

Para além de planificar para a implementação efectiva das cinco componentes operacionais
acima referidas, a abordagem ACD também preconiza que os serviços de vacinação devem
ser dispensados como um pacote integrado de intervenções essenciais em todos os distri-
tos, de modo a contribuir efectivamente para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento
do Milênio.

Este princípio deriva do facto de os serviços de vacinação serem geralmente os mais de-
senvolvidos em todos os distritos e poderem, assim, ser usados como uma plataforma para
outras intervenções essenciais, as quais incluem o AIDI, o controle da Malária, a suplemen-
tação com Vitamina A e outros micronutrientes, as consultas pré-natais, as consultas pós-
parto, a educação sanitária, os serviços curativos, etc.

Por outro lado, a integração torna os serviços mais custo-efectivos e motivadores para as
comunidades, em especial nas áreas de pobre acesso. O pacote mínimo de imntervenções
deve ser definido de acordo com as necessidades específicas e a capacidade de cada dis-
trito.

Para mais detalhes no que concerne à abordagem alcançando em cada distrito (ACD), reco-
memnda-se a leitura do guião para a equipa de gestão do distrito, sobre a implementação
da estratégia ACD.

13.1.1. Etapas no processo de planificação

De uma forma resumida, podem-se caracterizar as diferentes etapas de planificação


do seguinte modo:
180 |  Programa Alargado de Vacinação

Conhecimento da comunidade

Não é possível planificar correctamente as actividades de vacinação sem um conhe-


cimento preciso da comunidade e dos seus problemas. Este conhecimento funda-
menta-se, por um lado, na recolha de elementos que caracterizam a área - limites,
divisão administrativa, dados demográficos básicos da população, vias de comuni-
cação, rede sanitária, estruturas sócio-econômicas, etc. e, por outro, no contacto
directo e profundo com a comunidade, único meio de conhecer os seus hábitos, os
seus anseios e os problemas reais relacionados com a sua saúde.

Identificação dos problemas

São sete as doenças abrangidas pelo PAV, nomeadamente, a tuberculose, difteria,


tétano, tosse convulsa, poliomielite, sarampo e Hepatite B. Algumas destas doen-
ças afectam uma elevada proporção de crianças nos dois primeiros anos de vida. O
conhecimento da sua incidência e a identificação das áreas de risco são aspectos
primordiais de uma planificação que tenha em vista a redução da morbi-mortalida-
de. Os dados estatísticos anteriores existentes nas Unidades Sanitárias (US) são uma
base de apoio a esse conhecimento. Recomenda-se a análise a nível local (Distrito/
US), relacionando-se as coberturas vacinais com a incidência das doenças do PAV.

Estabelecimento de prioridades

É uma sequência lógica da etapa anterior: a identificação de problemas leva à pro-


cura de medidas eficazes de controlo para os problemas mais graves e frequentes,
considerados prioritários.

É, desse modo, que as crianças menores de um ano e as mulheres grávidas surgem,


naturalmente, como grupos-alvo prioritários. Por outro lado, se considerarmos a
localização geográfica, as áreas urbanas e as periurbanas deverão figurar também
como prioritárias, devido à sua maior acessibilidade e maior facilidade de transmis-
são das doenças. Alguns grupos da população como crianças malnutridas e, em situ-
ação de emergência, devem merecer, do mesmo modo, uma atenção especial, por
serem de alto risco.
Programa Alargado de Vacinação  | 181

Inventário dos recursos disponíveis

É uma questão que não pode ser negligenciada, pois, sem essa inventariação, não
é possível programar as acções futuras a desencadear. Essa inventariação compre-
ende, não apenas os meios materiais com a cadeia de frio, meios de transporte,
material de vacinação, eventual apoio financeiro, etc. mas também, o pessoal exe-
cutor e colaborador, como sejam os Técnicos de Medicina Preventiva, os Agentes de
Medicina Preventiva, as Enfermeiras de SMI e outro pessoal ligado ao PAV. Pode-se
incluir também os apoiantes da comunidade, como alunos, socorristas, estruturas
locais de base, etc.

Escolha de estratégias e tácticas

O conhecimento da área geográfica onde vive a comunidade, dos recursos disponí-


veis e dos problemas identificados, levarão à escolha de estratégia(s) a adoptar para
um bom cumprimento do plano. Só assim será possível cumprir o plano traçado,
de forma mais produtiva, vacinando a área com sucesso, tendo em consideração as
prioridades estabelecidas, as vantagens e as desvantagens.

A vacinação na US é sempre preferível por razões bem conhecidas. Apesar disso,


em áreas distantes, de difícil acesso, poderá ser necessária a utilização de Equipas
Móveis. Em qualquer dos casos, é imprescendível ter presente a existência de um
grupo populacional - por vezes numeroso - que por falta de informação pode não
utilizar os serviços oferecidos nas Unidades Sanitárias, não cumprindo assim com as
normas de vacinação e exigindo, portanto, estratégias especiais de mobilização e de
consciencialização.

Escalonamento de actividades de vacinação

As circunstâncias particulares da vida da comunidade, em determinadas áreas, po-


dem levar à alteração do horário e da periodicidade das sessões de vacinação, de
modo a torná-las mais acessíveis a grupos populacionais com outros interesses. É o
caso, por exemplo, de áreas essencialmente agrícolas em que a vacinação no perí-
odo da tarde ou mesmo fora das horas normais de serviço, poderá ser indicada. Em
zonas menos povoadas, poderá justificar-se a redução das sessões de vacinação para
uma ou duas vezes por semana, enquanto que em áreas mais distantes, servidas por
182 |  Programa Alargado de Vacinação

Equipas Móveis, não será possível mais que uma deslocação mensal, bimensal ou
mesmo trimestral.

Seja qual for o horário e a periodicidade da vacinação, o sucesso estará sempre de-
pendente de uma boa organização dos serviços e da clara informação transmitida à
comunidade.

Estabelecimento de objectivos

Se o objectivo geral de uma boa planificação do PAV for o aumento da cobertura


vacinal e a consequente redução da morbi-mortalidade, não podemos ignorar que
a sua concretização depende de muitos outros objectivos de base a serem atingidos
ao longo do processo.

Da boa ou má execução das acções programadas para cada um deles resultará o su-
cesso ou o fracasso do objectivo geral do Programa.

Por tal motivo, cada objectivo deve ser claramente definido, tendo, indubitalvelmen-
te, como pressuposto, a necessidade da sua realização. É indispensável, por isso, que
para cada objectivo se tenha as suas acções bem programadas e sejam quantificadas,
indicando, com precisão, os pormenores específicos, a data de realização e o respon-
sável ou responsáveis pelo seu cumprimento.

Cada objectivo deve ser realizável de acordo com os meios disponíveis e avaliado no
seu desempenho.

Programação da distribuição de vacinas

A existência de vacinas em quantidades suficientes para a vacinação prevista em


cada US, deve ser uma preocupação constante de quem tem a responsabilidade de
programação e distribuição.

Cada Província, Cidade ou Distrito tem particularidades próprias que devem ser co-
nhecidas e consideradas para que não se verifiquem roturas de stock, que poderão
comprometer o plano de vacinação.

A distância, a capacidade do depósito, o equipamento de frio e as condições de


Programa Alargado de Vacinação  | 183

transporte são, entre outros, aspectos que o depósito de distribuição de vacinas não
deve menosprezar.

Há, porém, toda a conveniência de que o rigor de evitar roturas no abastecimento,


não leve a um armazenamento excessivo de vacinas onde não haja condições para a
sua conservação, dentro do período estabelecido para cada nível.

POLÍTICA DE FRASCO ABERTO ANTIGA


Frasco aberto refere-se ao frasco multi-dose do qual uma ou mais doses de
vacina foram retiradas, segundo procedimentos estéreis padronizados. A
antiga política estabelecia que todos os frascos abertos de vacinas líquidas
deviam ser descartados no fim de cada sessão nas brigadas móveis, ou po-
diam ainda ser usados na sessão seguinte por mais um dia nos postos fixos
de vacinação, desde que a sessão fosse no dia seguinte. Quanto as vacinas
liofilizadas, estas deviam ser descartadas 6 horas após a sua reconstituição,
independentemente de se tratar de brigada móvel ou posto fixo de vacina-
ção.

POLÍTICA DO FRASCO ABERTO REVISTA (NOVA POLÍTICA)

A nova política do frasco aberto revista pela OMS aplica-se às vacinas líquidas como a VAP,
VAT e DPH/HepB, desde que estejam satisfeitas a seguintes condições:

99 A vacina satisfaz os requisitos da OMS para a potência e estabilidade térmica.

99 A vacina tenha sido embalada de acordo com os padrões estabelecidos pela OMS.

99 A vacina contenha concentração apropriada de preservativo.

Todas as vacinas líquidas (VAP, VAT e DPT/Hep B) adquiridas pelo MISAU satisfazem estes
critérios, e , consequentemente, podem ser usadas sob esta nova política do frasco aberto.
184 |  Programa Alargado de Vacinação

A política revista ou nova política do frasco aberto estabelece que os fras-


cos multi-doses de VAP, VAT e DPT/Hep B, que sobram de uma sessão de
vacinação podem ser usados nas sessões subsequentes até um máximo de
4 semanas (28 dias).

No entanto, a nova política do frasco aberto requer que estejam satisfeitas as seguintes
condições:

99 A data de expiração não tenha sido ultrapassada.

99 A técnica de assépsia tenha sido usada para retirar as doses usadas.

99 Os frascos tenham sido conservados sob condições apropriadas de cadeia de frio.

99 O monitor do frasco de vacina, se existir, não tenha atingido o ponto de descarte.

99 O frasco de vacina não tenha sido submerso na água.

A nova política não altera os procedimentos da política antiga em relacção aos frascos de
vacinas que necessitam de ser reconstituídas, tais como, a BCG e a VAS. Estas, uma vez
reconstituídas, devem ser descartadas no fim de cada sessão ou 6 horas após a sua recons-
tituição, conforme o que acontecer primeiro.

Programação da mobilização da comunidade


(ver mobilização social, capítulo 11 do Manual do Programa Alargado de
Vacinação)

Avaliação do programa e modificação do plano conforme os resultados

Estas duas etapas finais são importantes para o sucesso do PAV e encontram-se pormeno-
rizadamente desenvolvidas nos capítulos 17, 18 e 19 do Manual dp Programa Alargado de
Vacinação. A sua leitura constituirá um apoio decisivo para uma boa planificação.
Programa Alargado de Vacinação  | 185

13.2. OBJECTIVOS DA PLANIFICAÇÃO


99 Determinar os recursos necessários para alcançar uma certa taxa de cobertura va-
cinal

99 Determinar as estratégias necessárias para alcançar uma certa taxa de cobertura


vacinal.

99 Elaborar um plano para as actividades de vacinação a ser implementado durante o


ano.

13.3. ASPECTOS IMPORTANTES NA PLANIFICAÇÃO DO PAV


Para uma planificação eficiente do PAV, numa determinada área de saúde, é necessário em
primeiro lugar, conhecê-la e saber recolher dela os elementos indispensáveis para o suces-
so da actividade de vacinação.

Esse conhecimento obtém-se através do Reconhecimento Físico da área de Saúde, que


compete aos técnicos, aos agentes de medicina preventiva e à outro pessoal de saúde liga-
do ao Programa. O Guião de Planificação, Organização e Avaliação para Centros de Saúde
descreve os seus aspectos fundamentais.

Nestes apontamentos referir-se-á apenas a alguns desses aspectos considerados mais im-
portantes aos processos de planificação e avaliação. Tal facto não impede a consulta do
referido GUIÃO, em caso de dúvidas ou necessidade.

As duas primeiras condições para uma planificação do programa são:

99 Possuir um mapa pormenorizado que indique os limites administrativos da área


de saúde, vilas, aldeias, bairros, os obstáculos naturais (rios e montanhas), vias
de comunicação, distâncias em quilómetros das Unidades Sanitárias. Numa orga-
nização mais completa, o referido mapa poderá desdobrar-se em simples croquis,
um por cada bairro, assinalando a localização de cada quarteirão ou da Unidade
Sanitária.

99 Recolher dados demográficos básicos da população.


186 |  Programa Alargado de Vacinação

Com esta informação pretende-se estabelecer os seguintes critérios:

99 Definir a área a servir ou zona sanitária para cada Centro de Saúde.

99 Conhecer a população / comunidade da zona sanitária.

99 Conhecer as distâncias entre as aldeias / comunidades da zona sanitária e o Centro


de Saúde.

99 Analizar a situação actual da vacinação.

99 Definir padrões de decisão sobre quando devem ser utilizadas as brigadas móveis
e equipas avançadas.

A seguir é apresentado um exemplo de um processo de microplanificação distrital por eta-


pas.

13.3.1 Exemplo de um processo de planificação por etapas

1. Desenhar o mapa de cada zona sanitária incluindo a distância do centro de saúde


a cada aldeia / comunidade e a respectiva população.
Programa Alargado de Vacinação  | 187

Figura 27. Exemplo de mapa de uma área de saúde

2. Determinar a população-alvo por estratégia (fixa, móvel, avançada).

Tabela 15. População por Estrategia

Estrategia fixo de aldeia 148 Pop Fixo 279644 Pop. Alvo fixo 12864
Estrategia avançada de aldeia 87 Pop de avançada 67170 Pop.alvo avançada 3090
Estrategia movel de aldeia 86 Pop de Movel 46415 Pop. Alvo movel 2135
Total aldeias 321 Pop. Total 393229 Pop. Alvo Total 18089

3. Identificar os principais problemas de vacinação da zona utilizando informações dispo-


níveis e fazendo uma análise da situação.
188 |  Programa Alargado de Vacinação

4. Identificar as estratégias correctivas para alcançar os objectivos.

5. Determinar as actividades prioritárias.

Figura 28. Fluxograma para identificar as áreas de prioridade e as estratégias

6. Determinar as necessidades anual e mensal em vacinas, seringas e caixas incineradoras


ou de segurança.
Programa Alargado de Vacinação  | 189

Tabela 16. Necessidades em vacina e materiais de injecção segura para postos fixos e
avançados

Pop. Alvo Fixo e avançado 15953


2. NECESSIDADES EM VACINAS PARA OS POSTOS FIXOS E AVANÇADOS

Pop alvo meta doses factor perda Necess Stock seg Nec. Annual Mensal
BCG 15,953 0.9 1 2 28,715 7,179 35,894 2,991
DPT/Hep B 15,953 0.9 3 1.33 57,287 14,322 71,609 5,967
VAP 15,953 0.9 4 1.43 82,126 20,532 102,658 8,555
VAS 15,953 0.9 1 1.33 19,096 4,774 23,870 1,989
VAT 15,953 0.9 2 1.33 38,191 9,548 47,739 3,978

3. NECESSIDADES EM SERINGAS PARA OS POSTOS FIXOS E AVANÇADOS

Pop alvo meta doses factor perda Necess Stock seg Nec. Annual Mensal
BCG 15,953 0.9 1 1.1 15,793 3,948 19,742 1,645
DPT/Hep B 15,953 0.9 3 1.1 47,380 11,845 59,226 4,935
VAS 15,953 0.9 1 1.1 15,793 3,948 19,742 1,645
VAT 15,953 0.9 2 1.1 31,587 7,897 39,484 3,290
138,193 11,516

4. NEC. EM SERINGAS DE DILUIÇÃO E CXS INC. - POSTOS FIXOS E AVANÇDOS

Seringas de Diluição tot doses dose/frasc # frasc FD=1.1/FS=1.25


BCG 35,894 20 1,795 2,468
VAS 23,870 10 2,387 3,282
30 4,182 5,750

FD=1.1/FS=1.25
Tot Seringas Cxs Inc.
143,943 1,979
190 |  Programa Alargado de Vacinação

Tabela 17. Necessidades em vacina e materiais de injecção segura para a estratégia das
brigadas móveis

5. NEC. EM VACINA PARA ESTRATÉGIA MÓVEL

Pop alvo meta doses factor perda Necess Stock seg Nec. Annual Mensal
BCG 2,139 0.9 1 2 3,850 963 4,813 401
DPT 2,139 0.9 3 1.33 7,681 1,920 9,601 800
OPV 2,139 0.9 4 1.43 11,012 2,753 13,764 1,147
VAS 2,139 0.9 1 1.33 2,560 640 3,200 267
TT 2,139 0.9 2 1.33 5,121 1,280 6,401 533

6. NEC. EM SERINGAS E MATERIAIS DE INJECÇÃO SEGURA PARA A ESTRATÉGIA MÓVEL

Pop alvo meta doses factor perda Necess Stock seg Nec. Annual Mensal
BCG 2,139 0.9 1 1.1 2,118 529 2,647 221
DPT 2,139 0.9 3 1.1 6,353 1,588 7,941 662
VAS 2,139 0.9 1 1.1 2,118 529 2,647 221
VAT 2,139 0.9 2 1.1 4,235 1,059 5,294 441
18,529 1,544

7. NEC. EM SERINGAS DE DILUIÇÃO E CXS INC. - ESTRATÉGIA MÓVEL

Seringas de Diluição tot doses doses/frasc # frasc FD=1.1/FS=1.25


BCG 4,813 20 241 331
VAS 3,200 10 320 440
561 771

FD=1.1/FS=1.25
Tot Sering Cxs Inc.
19,300 268

7. Agregar os planos das áreas de saúde em plano distrital.


Programa Alargado de Vacinação  | 191

Tabela 18. Necessidades totais em vacina e materiais de injecção segura

8. VACINA

Pop alvo meta doses factor perda Necess Stock seg Nec. Annual Mensal
BCG 18,089 0.9 1 2 32,560 8,140 40,700 3,392
DPT/Hep B 18,089 0.9 3 1.33 64,958 16,239 81,197 6,766
VAP 18,089 0.9 4 1.43 93,122 23,281 116,403 9,700
Sarampo 18,089 0.9 1 1.33 21,653 5,413 27,066 2,255
VAT 18,089 0.9 2 1.33 43,305 10,826 54,131 4,511

9. SERINGAS

Pop alvo meta doses factor perda Necess Stock seg Nec. Annual Mensal
BCG 18,089 0.9 1 1.1 17,908 4,477 22,385 1,865
DPT/Hep B 18,089 0.9 3 1.1 53,724 13,431 67,155 5,596
VAS 18,089 0.9 1 1.1 17,908 4,477 22,385 1,865
VAT 18,089 0.9 2 1.1 35,816 8,954 44,770 3,731
156,696 13,058

10. Seringas de Diluição e Caixas Incineradoras

Seringas de Diluição tot doses doses/frsc # frsc FD=1.1/FS=1.25 FD=1.1/FS=1.25


BCG 40,700 20 2,035 2,798 Tot Seringas Cxs Inc.
VAS 27,066 10 2,707 3,722 163,216 2,244
4,742 6,520

8. Determinar o número de sessões por estratégia, fixa, móvel e avançada.

Geralmente, as sessões são realizadas em todos os dias úteis nos postos fixos e 3 – 4 vezes
por ano nas brigadas móveis e avançadas.

9. Determinar o número de equipamentos necessários (refrigeradores, caixas isotérmi-


cas, carros, motorizadas, bicicletas, etc.).

10. Orçamente as actividades planeadas incluindo a comunicação, supervisão, monitoria e


avaliação.

13.4. INVENTÁRIO E REQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTO E MATERIAL DO PAV


Existe uma ficha estandardizada para a identificação do material, do equipamento e das
necessidades do PAV. A referida ficha contem o equipamento necessário para uma Unidade
192 |  Programa Alargado de Vacinação

Sanitária com o PAV a funcionar (ver tabela 19). É através dessa ficha que se pode fazer o
levantamento do material existente nas Unidades Sanitárias e do que falta, ou ainda, do
que necessita de substituição.

Tabela 19. Ficha estandardizada para a requisição de material e equipamento do PAV

MATERIAL

Descrição Exis- Subs- Necessi- Requi


Código Obs:
Cadeia de frio tente tituir dades sição

Geleira a petróleo/eléctrica/gás E3/22 1


Congelador para acumuladores 1
Caixa isotérmica RCW2 E/4 53 2
Caixa isotérmica IVC 3 (INALSA) E4/67 2
Caixaisotérmica RCW12 1
Caixa isotérmica RCW25 1
Acumuladores de frio E/515 20
Monitores da cadeia de frio E6/16 2/gel.
Termómetros E6/28 2
Monitor de congelação ( freeze watch) E6/14 1/gel.
Seringas Auto-destrutíveis 0,05 ml
E8/18 50
(BCG)
Seringas Auto-destrutíveis 0,5 ml E8/12 200
Seringas de 5 ml para diluição E8/03 25
Petróleo 35 litros
Recipiente para petróleo (50 litros) 2
Motorizada (para CS Sede ou US com
1
DMS´s
Programa Alargado de Vacinação  | 193

Cartões de Saúde da criança 500


Cartões de VAT 500
Manual de Normas do PAV 1
Ficha A01 - Registo diário de crianças 50
Ficha A02 - Registo diário de VAT 50
Ficha A03 - Resumo mensal – US 50
Ficha A11 Controlo de movimento
15
mensal de vacinas
Ficha de planificação para as Brigadas
5
Móveis
Ficha de actividades das Brigadas
50
Móveis

DMS´s = Dias Mensais de Saúde

Quando se trata de um novo Posto Fixo de Vacinação é importante que a ficha seja preen-
chida, localmente, para permitir a requisiçao do que na realidade não existe.
194 |  Programa Alargado de Vacinação

14.
OBJECTIVOS
MONITORIA E AVALIAÇÃO

No final do tema, os alunos devem ser capazes de:

1. Conceituar supervisão e monitoria do PAV

2. Calcular as taxas de:

99 Coberturas de crianças dos 0 a 11 meses

99 Crianças completamente vacinadas

99 Taxas de coberturas de cada uma das vacinas e taxas de desperdício I.Q.V.

3. Fazer a representação gráfica das taxas de coberturas

4. Avaliar no terreno a qualidade de vacinação, registos e distribuição das metas.

5. Identificar as dificuldades na implementação do PAV e respectivas soluções


Programa Alargado de Vacinação  | 195

RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/


APRENDIZAGEM
Ensino/Aprendizagem
Conteúdo Objectivos da Aprendizagem
Actividades
Concetuar supervisão e monitória do PAV
Calcular as taxas de:
As aulas consistirão em
99 Coberturas de crianças dos 0 a 11 exposições dialogadas.
meses Elas abordarão aspectos de
99 Crianças completamente vacina- revisão de conceitos sobre
das a supervisão e monitoria do
99 Taxas de coberturas de cada uma PAV, e para os cálculos e as
representações gráfica, usar-
das vacinas e taxas de desperdício
se-á o método de trabalho em
99 I.Q.V. grupo.
Fazer a representação gráfica das taxas de
Supervisão e coberturas
monitoria do
Avaliar no terreno a qualidade de Aulas prática serão desenvolvidas
PAV
vacinação, registos e distribuição das nos serviços distritais de saúde,
metas. direcções provinciais e Misau
sem se esquecer da fonte
primária dos dados, neste caso
as unidades sanitárias, onde
os alunos, divididos em grupos
Identificar as dificuldades na e distribuídos em diferentes
implementação do PAV e respectivas pontos irão avaliar a qualidade de
soluções vacinação, registos e distribuição
das metas e ao mesmo tempo
identificar as dificuldades na
implementação do PAV e as
respectivas soluções.

A avaliação é um acto essencial para o Programa Alargado de Vacinação (PAV), sem o qual
não é possível conhecer, em determinado momento, a situação em que o programa se en-
contra em relação ao cumprimento dos objectivos.
196 |  Programa Alargado de Vacinação

Através da avaliação, é possível saber se o plano está correctamente elaborado, se a exe-


cução tem correspondido à expectativa e as alterações a introduzir para o melhoramento
do programa.

Figura 29. Analisando a execução

Através do processo de monitorização, isto é, do seguimento das actividades realizadas,


através de indicadores de processos definidos, recebe-se informação das acções realizadas,
permitindo corrigir os erros de planificação e programação. Por outro lado, a avaliação per-
mite obter dados concretos sobre os resultados obtidos em função dos objectivos definidos
previamente, contribuindo, assim, para avaliar o impacto das acções realizadas no âmbito
da redução da morbi-mortalidade infantil através do PAV.

Sem prejuízo da avaliação obrigatória a realizar a nível provincial e nacional, é na Unidade


Sanitária que, primeiramente se deve efectuar a avaliação como um processo de aprecia-
ção permanente do trabalho do pessoal do PAV.

As principais acções sobre as quais deve incidir a avaliação baseada num questionário se-
manal e mensal, a preencher pelos intervenientes são:

SEMANALMENTE

99 Foram realizadas todas as sessões de vacinação planificadas?

99 As vacinas eram em quantidade suficiente? Estavam dentro do prazo?


Programa Alargado de Vacinação  | 197

99 Foram mantidas à temperatura conveniente até ao momento da administração?

99 A temperatura do refrigerador foi controlada e registada duas vezes ao dia e sem-


pre mantida entre os +2oC e + 8ºC?

99 A aplicação das vacinas tem obedecido às regras de uma boa técnica e respeita
rigorosamente o calendário vacinal?

99 A cicatriz da vacina de BCG tem sido observada na altura da administração das 1as
Doses de DPT/HepB e PÓLIO?

99 Foram registados os casos de abcessos em crianças vacinadas?

99 Todas as mulheres grávidas e as crianças do grupo-alvo, incluindo as crianças doen-


tes, tiveram o seu estado vacinal controlado e receberam as vacinas necessárias?

99 Todas as Mulheres em Idade Fértil que frequentam a Unidade Sanitária estão a ser
vacinadas contra o Tétano de acordo com o calendário de 5 Doses?

99 As mulheres grávidas e as mães acompanhantes receberam esclarecimentos sobre


o calendáro vacinal e sobre a data de vacinação seguinte?

99 Todo o pessoal de saúde tem participado na Educação Sanitária?

MENSALMENTE

99 Quantas doses de cada vacina forma aplicadas em comparação com a meta mensal?

99 Qual foi a quebra entre a 1.ª e 3.ª doses da vacina DPT/HepB/PÓLIO? Foi superior
a 20%? Como corrigir?

99 Quantos casos de doenças-alvo do PAV foram registados? Em que bairros? Há ten-


dência de aumentar o n.º de casos? que fazer? Os casos têm algum relacionamento
com a cobertura vacinal?

99 Há casos de doenças-alvo do PAVem crianças vacinadas? Porquê? Quais as medidas


a tomar ou tomadas para evitar novos casos?
198 |  Programa Alargado de Vacinação

99 Os vacinadores têm sido informados dos erros mais frequentes registados nos in-
quéritos de cobertura vacinal?

99 Em quantos bairros foram realizados trabalhos de esclarecimento e de mobilização


social da população (reuniões, visitas porta a porta, etc.) ou foram vacinados atra-
vés de Brigadas Móveis?

99 O Boletim Epidemiológico Semanal e os dados estatísticos do mês anterior foram


analisados e enviados ao nível superior dentro do prazo?

14.1. AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA


O objectivo do PAV é diminuir a incidência das doenças-alvo e não apenas vacinar crianças. É
importante seguir a evolução do número de casos destas doenças para verificar se o Programa
é efectivo, tem impacto e corresponde ao que se espera dele.

Todas as Unidades Sanitárias do País devem seguir a evolução das doenças-alvo do PAV (Saram-
po, Poliomielite, Tosse Convulsa, Difteria, Tétano Neonatal, HepatiteB e Tuberculose).

O seguimento deve ser feito através do sistema de notificação de doenças transmissíveis, com
o Boletim Epidemiológico Semanal (BES), que, depois de uma análise local, é enviado aos níveis
Distrital, Provincial e finalmente para o Central. A interpretação destes ao nível provincial e cen-
tral é de extrema importância para uma boa gestão do Programa.

Não obstante, a interpretação destes dados é muito importante também ao nível distrital, prin-
cipalmente para o Sarampo, a Pólio e o Tétano Neonatal.

Para a Pólio ou Tétano, se o Programa de Vacinações funcionar correctamente, deve-se verificar


uma diminuição do número de casos. Isto poderá verificar-se facilmente através de um gráfico
linear com dados anuais. É preciso seguir as mudanças a longo prazo, ao longo de vários anos,
para poder realmente identificar a eficácia do PAV.

Relativamente ao Sarampo se pode seguir a evolução através de um gráfico com dados anuais.
Isto pemite seguir as tendências a longo prazo. Porém, os dados anuais dão uma informação
incompleta.

O Sarampo é uma doença que evolui para epidemias de curta duração, podendo ser de 2 a 6
Programa Alargado de Vacinação  | 199

meses. Estes surtos não podem ser bem identificados com dados anuais. Por isso, será melhor
um gráfico linear, representando os casos mensais de Sarampo em cada Distrito. Mas, neste
caso, também a evolução recente do Sarampo pode ser mal interpretada. Não se deve ficar
satisfeito com as actividades de vacinação porque há poucos casos de Sarampo: pode ser que
se esteja num ano calmo.

Do mesmo modo, não é porque temos um surto que o PAV é inefectivo. O objectivo do PAV
para o Sarampo é diminuir a magnitude dos surtos, quer dizer, ter surtos de menor importância
(como por exemplo, um surto com 100 casos num Distrito, num ano, em lugar de 1000 casos
registados durante um surto precedente, e aumentar os intervalos entre os surtos, isto é, ter
um surto em cada 5 anos ao invés de intervalos de 3 anos. Por isso, para avaliar o impacto do
PAV na morbilidade por Sarampo, deve-se seguir a sua evolução no Distrito durante vários anos.

Finalmente, deve-se ter em conta também o número de óbitos notificados.

O objectivo final do PAV é evitar que mais crianças morram por doenças facilmente prevení-
veis.

O BES permite igualmente avaliar a qualidade do trabalho, através da observação da percenta-


gem de casos vacinados. Num Distrito rural, se o PAV funcionar correctamente e a cadeia de frio
fôr boa, pode haver menos de 5% dos casos de Sarampo em crianças vacinadas. Caso a percen-
tagem for maior, deve-se verificar o bom funcionamento da geleira e das técnicas de vacinação
dos trabalhadores de saúde (nas cidades com alta cobertura vacinal, a percentagem de casos
vacinados pode ser superior a 5%, sendo o máximo aceitável de 10%).

Em relação ao Tétano Neonatal, nenhuma criança deve aparecer com a doença se a mãe tiver
sido vacinada. Todos os casos de Tétano Neonatal de mães vacinadas devem ser investigados.

14.2. REGISTO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS DA VIGILÂNCIA EPIDEMIO-


LÓGICA
Para uma vigilância epidemiológica permanente é necessária a utilização de gráficos ou
tabelas, que permitam uma análise de dados de uma forma rápida e clara.

A forma mais simples de análise faz-se pelo lançamento mensal dos casos de doença num
gráfico (um para cada tipo de doença) e por área de saúde.
200 |  Programa Alargado de Vacinação

O gráfico anterior de casos de sarampo é um exemplo de como acompanhar a evolução da


doença e levar à tomada de decisões no momento adequado. No caso referido, ilustrou-se
como através do gráfico é possível intensificar a vacinação no início do surto epidêmico.
Outra forma, também fácil, de análise de dados pode ser efectuada pela elaboração de
tabelas de incidência das doenças, por grupos de idade e estado vacinal, que podem ser
actualizados mensal, trimestral/semestralmente.
Vejamos alguns exemplos:

Tabela 20. Incidência e frequência do sarampo, por grupos de idade, 1.º trimestre

Idade N.º de casos Frequência relativa %


Menores de 9 meses 5 6,25
De 9 a 23 meses 40 50,0
Mais de 24 meses 35 43,75
TOTAL 80 100,00

O quadro seguinte só será possível elaborá-lo quando haja um registo do estado vacinal de
cada caso, o que se pode conseguir através da utilização de fichas próprias.

Tabela 21. Incidência e frequência relativa do sarampo por estado vacinal

Estado vacinal N.º de casos Frequência relativa %


Vacinado com prova 7 9,3
Vacinado por história 5 6,7
Não vacinado 52 69,3
Vacinado com menos de 15 dias 4 5,3
Vacinado antes de 8,5 meses 2 2,7
Sem informação 5 6,7
Total 75 100,0

Fonte: Dados fictícios


Programa Alargado de Vacinação  | 201

O terceiro processo na apresentação de dados compreende a localização dos casos num


mapa de uma determinada área de saúde, com sinalizaçao de bairro, quarteirão, cidade,
etc, com uso de pioneses, alfinetes de cabeça de diferentes côres. A côr poderá variar de
acordo com o número de casos que representa, ex: côr branca= 1 caso; vermelha = 5 casos;
amarela = 10 casos, etc.

Este processo de controle é útil para mostrar a aglomeração de casos e indica com precisão
onde se pode suspeitar o aparecimento de um surto epidêmico numa área onde a aglome-
ração aumenta.

É sempre de interesse calcular a taxa de letalidade que é a percentagem de um determina-


do número de casos observados e que faleceram.

Na unidade sanitária é importante acompanhar o número de óbitos que se vão registando,


para apreciação da evolução da doença e da sua gravidade. Porém, só nas unidades sani-
tárias dotadas de camas de internamento, hospitais rurais, provinciais e centrais pode-se
obter dados para o cálculo da taxa de letalidade, quando os seus registos forem fiáveis.

A taxa de letalidade (TL) calcula-se do seguinte modo:

N.º de óbitos por determinada doença


TL = --------------------------------------------------------------------------- x 100
N.º total de casos da mesma doença

14.3. CONTROLE DA COBERTURA VACINAL COM DADOS DE ROTINA


A taxa de cobertura obtida através de dados de cobertura de rotina, pela sua importância
como indicador do PAV, deve ser controlada por meio de uma avaliação frequente, o que
poderá ser feito todos os meses (US e Distrito), trimestralmente (DPS) e semestralmente
(MISAU).

No quadro seguinte, que serve de exemplo para as Unidades Sanitárias, apresenta-se um


controle trimestral da vacinação anti-sarampo, numa área imaginária, que tem servido de
base para estes apontamentos.
202 |  Programa Alargado de Vacinação

Uma tabela idêntica deve ser elaborada no início do ano, para cada tipo de vacina.

Tabela 22. Controle trimestral da taxa de cobertura vacinal da vacina anti-sarampo, por
dados obtidos através da cobertura de rotina

G. Alvo Meta Realizado Taxa De Indice De


Trimestre
Cumulativo Cumulativa Trimestral Cumulativo Cobertura Cumprimento
1.º
513 410 380 380 74% 93%
Trimestre
2.º
1026 820 372 752 73% 92%
Trimestre
3.º
1539 1230 390 1142 74% 93%
Trimestre
4.º
2052 1640 295 1537 75% 94%
Trimestre

A primeira coluna indica os trimestres do ano.

A 2.ª coluna indica o n.º de crianças menores de um ano de idade existentes nessa área
(grupo-alvo). Esse grupo-alvo é colocado por trimestre, de uma forma cumulativa, isto é,
multiplica-se o valor do primeiro trimestre pelo número de trimestre em causa. Por exem-
plo:

Grupo-alvo do 1.º trimestre = 51

Grupo-alvo do 2.º trimestre - 513 X 2 =1.026

Grupo-alvo do 3.º trimestre - 513 X 3 = 1539

Grupo-alvo do 4.º trimestre - 513 X 4 = 2.052

A 3.ª coluna indica a meta cumulativa por trimestre. O procedimento é igual ao da coluna
2. Porém, deve-se calcular a meta antes de tal procedimento. Por exemplo:

Meta do 1.º trimestre - 513 X 0,8 = 410


Programa Alargado de Vacinação  | 203

Meta do 2.º trimestre - 410 X 2 = 820

Meta do 3.º trimestre - 410 X 3 = 1230

Meta do 4.º trimestre - 410 X 4 = 1640

NOTA: As metas são planificadas pelo sector de Estatística e Planificação Provincial, com
base nas metas atribuídas pela Direcção Nacional de Planificação e Cooperação, Departa-
mento de Planificação.

A coluna 4 inscreve o n.º de vacinações feitas contra o Sarampo, a crianças menores de um


ano de idade, por trimestre e cumulativamente. Para calcular o n.º de vacinações cumula-
tivas procede-se do seguinte modo:

1.º trimestre = 380

2.º trimestre 380 + 372 = 752

3.º trimestre 752 + 390 = 1142

4.º trimestre 1142 + 395 = 1537

A coluna 5 apresenta as taxas de cobertura vacinal, por trimestre. A taxa de cobertura é


calculada de uma maneira cumulativa, segundo a seguinte fórmula:

N.º cumulativo de crianças < 1 ano de idade vacinadas até ao trimestre


TC = ------------------------------------------------------------------------------------- x 100
N.º de crianças do grupo-alvo cumulativo

Exemplo para o 3.º trimestre:

Realizado cumulativo = 1142

Grupo-alvo cumulativo = 1539


204 |  Programa Alargado de Vacinação

1142
TCV = -------------- x 100 Ý TCV = 74,2% (74%)
1539

A coluna 6 regista o índice do cumprimento cumulativo do plano sectorial, em relação à


meta. Exemplo:

N.º cumulativo de crianças menores de um ano de idade vacinadas


IC =------------------------------------------------------------------------------------- x 100
Meta cumulativa

Exemplo do 2.º trimestre:

Meta cumulativa do 2.º trimestre = 820

752
IC = ----------------- X 100 Ý IC = 91,7% (92%)
820

14.4. CONTROLE ATRAVÉS DO GRÁFICO CUMULATIVO


O contrôle do gráfico cumulativo é um outro modo de avaliar o cumprimento de vacina-
ções. O gráfico que a seguir se exemplifica deve ser elaborado logo no princípio do ano,
para permitir o lançamento mensal de dados, para a sua actualização.
Programa Alargado de Vacinação  | 205

Figura 30. Frequência cumulativa de taxas de cobertura da vacina Anti-Sarampo, área X e


ano Y.

G.Alvo - 2.052

J F M A M J J A S O N D
Mensal 115 135 130 113 126 133 122 135 133 120 137 138

Cumul. 115 250 380 493 619 752 874 1009 1142 1262 1399 1537

Para elaborar um gráfico cumulativo deste tipo deve-se proceder do seguinte modo:

99 Na linha vertical à esquerda (ordenada), traçar a escala que vai servir de base à
marcação dos dados cumulativos mensais. No caso presente, cada espaço de 10
mm corresponde ao valor 200, o que significa que cada mm. Representa 20 crianças
vacinadas (200:10).

99 Marcar o ponto correspondente ao grupo-alvo do Plano no gráfico acima apre-


sentado no ponto corresponde ao valor 2052. Se o gráfico é feito no computador,
a meta anual é igual ao grupo-alvo (2052). Este número divide-se por 12, o que
corresponde ao número de meses do ano, para acumular os valores mensais, por
exemplo: Meta anual 2052:12 = 171. Este número de crianças a vacinar, vai servir
para os valores cumulativos mensais e, no gráfico, a linha que representa a meta
anual far-se-á automaticamente.

99 Marcar os dados cumulativos mensais no gráfico, no ponto de cruzamento da linha


206 |  Programa Alargado de Vacinação

vertical do mês em questão com a linha horizontal, na escala correspondente e uní-


los com uma linha tracejada, podendo ser de côr diferente. Essa linha representa a
taxa de cobertura, quando relacionada com a linha do grupo-alvo.

99 Analisando o gráfico apresentado, verifica-se que a linha de valores cumulativos


realizados não a atinge a linha cumulativa do grupo-alvo, o que significa que não se
está a vacinar todas as crianças.

14.5. AVALIAÇÃO POR INQUÉRITOS


Os dados de rotina permitem avaliar a cobertura vacinal. No entanto, sabemos que a cober-
tura obtida através de dados de rotina não é muito exacta. A população estimada pode ser
diferente da população real. Muitas vezes, o número de doses aplicadas, não corresponde à
realidade. Por isso, é preciso realizar inquéritos periódicos que nos possam permitir avaliar,
de uma forma mais exacta, a cobertura vacinal e o funcionamento do Programa Alargado
de Vacinação em geral.

Os inquéritos são mais aproximados à realidade porque não dependem dos dados demo-
gráficos, que, por vezes, não são exactos. Se houvesse dados exactos no momento da ava-
liação do número de crianças do grupo-alvo ou, se fosse possível contá-las uma a uma, é
claro que a estimativa, a partir dos dados de rotina, seria mais aproximada que a obtida por
amostragem.

Em Moçambique, utilizam-se 2 tipos de inquéritos para avaliar a cobertura vacinal:

99 Inquérito dos 30 conglomerados, seguindo a metodologia da OMS

99 Inquérito de “75 casas”

Usa-se ainda, um terceiro tipo, o Inquérito à saída, com a finalidade de avaliar o cumpri-
mento das normas do programa.

14.5.1. Inquérito à saída

Este tipo de inquérito é realizado à saída da Unidade Sanitária que se avalia. Avalia o
cumprimento das normas do funcionamento da Unidade Sanitária, como por exem-
plo, o grau de aproveitamento das oportunidades para vacinar todas as crianças que
Programa Alargado de Vacinação  | 207

se apresentam à US, independentemente do motivo que as trouxe. Permite conhecer


o grau de cumprimento do calendário de vacinação por parte do pessoal vacinador.

Como se realiza

O pessoal que realiza este tipo de inquérito deve-se instalar à saída da US que se pre-
tende avaliar, solicitando, a todos os acompanhantes das crianças dos 0-23 meses de
idade, o Cartão de Saúde, quando estes se dirigem às suas casas. O Cartão deve ser
analisado atentamente. Com a ajuda do calendário móvel, ler a idade da criança no
Cartão e verificar se as doses das vacinas aplicadas foram feitas na idade correcta ou,
se naquele dia, faltou alguma vacina que deveria ter sido aplicada à criança.

Por exemplo, se no Cartão de Saúde de uma criança de 10 meses de idade faltar a


vacina anti-Sarampo na altura do inquérito, significa que não aproveitam as opor-
tunidades de vacinar todas as crianças que vão a essa US. (normalmente envia-se a
criança em causa ao sector de vacinação)

O data móvel permite detectar

99 Criança vacinada com DPT1/PÓLIO1 antes de 6 semanas de vida.

99 Crianças que receberam 2.ª e 3.ª Doses das vacinas DPT/PÓLIO antes de 4 semanas
de intervalo.

99 Crianças que receberam a vacina Anti-Sarampo antes dos 8,5 meses de idade.

99 Se a vacina foi aplicada com antecedência em relação à data prevista, houve um


erro de calendário e se considera como vacina não efectiva. Igualmente devemos
verificar a presença da cicatriz de BCG e, se não existir, considera-se também como
vacina não efectiva.
208 |  Programa Alargado de Vacinação

Data-móvel: É um pequeno aparelho, normalmente feito de material plásti-


co, constituído por dois discos: um, que se mantém fixo durante a utilização
e o outro, que gira sobre o primeiro, fazendo coincidir a sua seta indicativa
na data de nascimento da criança que se encontra no disco giratório. Com a
data do mês em que a criança nasceu, que se encontra no disco fixo, pode-
se saber, por meio de outras setas, as diferentes datas em que deverá ser
vacinada a criança de acordo com o calendário vacinal. O data-móvel deve
ser utilizado pelo pessoal que recebeu treino específico para o efeito.

Se tiverem sido aplicados todos os antigénios em função da idade, sem erros de ca-
lendário, a criança será considerada como “em dia”. (O calendário vacinal encontra-
se no capítulo 3 deste manual do PAV, enquanto que as definições encontram-se nas
páginas seguintes neste capítulo).

Indicadores a calcular na avaliação:

N.º de crianças com oportunidade de


vacinar perdida
a) % de oportunidades perdidas =-------------------------------------------- x 100
Número total de crianças inquiridas

N.º de crianças com vacina não efectiva


b) % de vacinas não efectivas =----------------------------------------------- x 100
N.º total de crianças inquiridas

No de crianças com
vacinação em dia
c) % de crianças c/ vacinação em dia (CVD) = -------------------------------x 100
N.º total de crianças
inquiridas
Programa Alargado de Vacinação  | 209

O ideal será não consentir oportunidades perdidas e vacinas não efectivas.

Sempre que, durante o inquérito, se detectam crianças que saem da US


sem a vacina necessária ou que tenha vacina não efectiva, devem ser en-
caminhadas para a sala de vacinação logo depois de preencher a ficha do
inquérito.

Conhecidos os resultados do inquérito, deve-se realizar um encontro com os traba-


lhadores locais (US avaliada) para correcção e solução dos erros encontrados, como
forma de melhorar a qualidade de prestação dos serviços de imunização. É um in-
quérito fácil de se realizar e dá informações importantes sobre a qualidade de aten-
dimento por parte do pessoal de Saúde.

O procedimento mais correcto seria o de dar-lhes a conhecer os referidos erros e


capacitá-los de forma a evitar que cometam os mesmos erros.

Na página seguinte encontra-se uma ficha para recolha de dados durante o inquéri-
to. Essa ficha é um modelo que se pode adaptar de acordo com as informações que
desejamos obter. Por exemplo, pode - se fazer um inquérito para saber se as crianças
com diarréia foram atendidas correctamente e se as mães perceberam bem as infor-
mações relacionadas com a preparação e administração do soro oral, em casa.
210 |  Programa Alargado de Vacinação

Tabela 23. Ficha de inquérito à saída

FICHA DE INQUÉRITO À SAÍDA

UNIDADE SANITÁRIA_________________DISTRITO_________________

INQUÉRITO A CRIANÇAS DOS 0-23 MESES

1 2 3 4 5 6
MOTIVO DA VISITA
DATA DE
NASCIMENTO
TEM CARTÃO S/N S/N S/N S/N S/N S/N
DATA DE BCG
CICATRIZ S/N S/N S/N S/N S/N S/N
DATA DA PÓLIO 0
DATA PÓLIO 1
DATA PÓLIO2
DATA PÓLIO3
DATA DPT/HepB 1
DATA DPT/HepB 2
DATA DPT/HepB 3
DATA VAS
OPORTUNIDADE
S/N S/N S/N S/N S/N S/N
PERDIDA
VACINAÇÃO
S/N S/N S/N S/N S/N S/N
INCORRECTA
CRIANÇA EM DIA S/N S/N S/N S/N S/N S/N
Programa Alargado de Vacinação  | 211

14.5.2. INQUÉRITO 75 CASAS

Neste inquérito escolhem-se 75 casas próximas da Unidade Sanitária em estudo,


num raio de 1 Km em redor. Portanto, não representa toda a população servida pela
US. Provavelmente, as pessoas que vivem mais próximas da unidade sanitária tê-
la-ão visitado mais vezes e, portanto, teriam cumprido o Calendário de Vacinação e
teriam tido maior frequência às consultas pré-natais, etc.

Ao visitar aquelas casas se investiga (no caso do PAV), o estado vacinal das crianças
dos 0 - 35 meses. Os resultados do inquérito permitirão o cálculo dos seguintes in-
dicadores:

99 Percentagem de crianças menores de um ano de idade com vacinação em dia.

99 Percentagem de crianças de 12-23 meses com vacinação completa e com vacina-


ção completa e correcta. (As definições destes termos encontram-se nas páginas
seguintes).

Como só realizamos o inquérito nas casas mais próximas da US, o resultado que se
obtém representa apenas o melhor resultado possível da área de saúde. Não obs-
tante, é muito útil e permite aprender muito sobre a população e o nível do trabalho
realizado pela US.

Por exemplo, quando se consegue uma percentagem de 30% de crianças com vacina-
ção em dia, é muito provável que a cobertura total da nossa área seja inferior a esta
percentagem. Será então urgente tomar-se medidas para mudar a situação vacinal
daquela área.

No caso de se encontrar crianças que não estão vacinadas ou com erros de calendá-
rio ou ainda com vacina não em dia, durante o inquérito, devem ser encaminhadas
para a US.

Este tipo de inquérito está bem adaptado para avaliação ao nível dos Distritos e deve
ser realizado com o apoio de um supervisor provincial, isto é, da DPS.

Com a mesma metodologia, é possível também avaliar os outros Programas, como


por exemplo, o Programa de Controle das Doenças Diarréias e o Programa de SMI
212 |  Programa Alargado de Vacinação

(pré-natal e pesagens de crianças sadias). É, de facto, conveniente que ao se realizar


uma avaliação com esta metodologia se incluam, desde logo, os outros Programas.
Evita-se, deste modo, a realização de vários inquéritos por cada Programa, o que,
para além de perda de tempo e de energias, acabariam por acarretar grandes custos
e cansaço por parte da população.

Na página seguinte, encontra-se um Modelo de Ficha Padrão que, no entanto, pode


ser adaptado conforme a necessidade.
Programa Alargado de Vacinação  | 213

Tabela 23. Ficha de inquérito a 75 casas

INQUÉRITO A 75 CASAS

UNIDADE SANITÁRIA________________________DISTRITO_________________
Preencher uma ficha para cada família onde exista, pelo menos, uma criança com menos de
3 anos de idade, (nascidas depois de _____/_____/_____)
Pessoa entrevistada______________________________( mãe, pai, avó, tia, etc.)
Nome da criança
Data de Nascimento
ou idade
Tem Cartão de Saúde S/N S/N S/N
Data da última
pesagem
Nº de pesagens antes
de 1 ano de idade
Perímetro braquial
Tem cicatriz de BCG S/N/ausente S/N/ausente S/N/ausente
BCG
PÓLIO 0
PÓLIO1
PÓLIO2
PÓLIO3
DPT/HepB1
DPT/HepB 2
DPT3/HepB 3
Anti-Sarampo
214 |  Programa Alargado de Vacinação

VAT na mulher:

Durante a última gravidez foi à CPN?     Sim ;   Não

Tem um documento que comprova as Doses de VAT que recebeu?      Sim ;   Não

Se tem documento, de que tipo? ______________________________________________

Doses Datas
1.ª Dose
2.ª Dose
3.ª Dose
4.ª Dose
5.ª Dose

Quantas Doses de VAT recebeu na última gravidez? ___por história    Não sabe  

Controle das Doenças Diarreicas (CDD):

Quando uma das suas crianças estiver com diarreia, costuma dar menos, mais, ou a mesma
quantidade de líquidos como quando não tem diarreia?

 Normal;   Mais;   Menos;    Não sabe

Mostrar o pacote de SRO à mãe:

Conhece isto?   Sim ;    Não; (Se não, não fazer mais perguntas)

Para que serve?  Diarréia;    Outro ;   Não sabe (se não, evitar mais perguntas)

Se disser que serve para diarreia: Qual é o seu efeito?

___________________________________________________________________

Alguma vez utilizou o pacote?    Sim ;   Não;   Não se lembra


Programa Alargado de Vacinação  | 215

A última vez que a sua criança teve diarreia, utilizou o pacote?

  Sim ;   Não;   Não se lembra

A casa tem latrina?    Sim ;   Não;

Data:_____/_____/____ Assinatura do inquiridor _________________________________

  
(Nome bem legível)
216 |  Programa Alargado de Vacinação

Definições para os inquéritos à saída e de 75 casas

a) Vacinação completa e correcta (criança maior de um ano de idade):

99 Tem Cartão de Saúde;

99 Recebeu 8 antigéneos (BCG, DPT/HepB 1, 2 e 3, Pólio 1, 2 e 3 e VAS) sem erros de


calendário;

99 Intervalo mínimo de 4 semanas na aplicação da DPT/HepB2 e POLIO 2 e DPT/HepB3


e PÓLIO3;

99 Sarampo recebida a partir de uma idade mínima de 8,5 meses;

99 Tem cicatriz de BCG

NB: A pólio “0” não entra na definição de vacinação completa e correcta.

b) Vacinação completa, (Criança com idade igual ou superior a um ano):

99 Recebeu as 8 Doses sem critérios de qualidade (BCG, DPT/HepB 1, 2 e 3, Pólio 1, 2


e 3 e VAS).

c) Vacinação incompleta: Criança com idade igual ou superior a 1 ano):

99 Ainda não completou as 8 Doses (BCG; Pólio 1, 2 e 3; DPT/HepB 1,2 e 3; VAS)

d) Vacinação em dia (e correcta)

Criança menor de dois meses:

99 Tem Cartão de Saúde

99 Recebeu BCG e tem cicatriz

Criança de 2 a 9 meses:

99 Tem Cartão de Saúde


Programa Alargado de Vacinação  | 217

99 Recebeu BCG e tem cicatriz

99 Recebeu DPT/HepB 1 e Pólio 1

99 Se passou mais de um mês desde a aplicação da 1.ª Dose,

99 já recebeu a 2.ª Dose da DPT/HepB e Pólio

99 Se passou mais de 1 mês de idade desde a aplicação da 2.ª Dose da

DPT/HepB e Pólio, já recebeu a 3.ª Dose

Criança maior de 9 meses:

99 Tem Cartão de Saúde

99 Recebeu BCG e tem cicatriz

99 Recebeu DPT/HepB 1/Pólio 1

99 Se passou mais de um mês desde a aplicação da 1.ª Dose, já recebeu a 2.ª Dose

99 Se passou mais de 1 mês de idade desde a aplicação da 2.ª Dose da DPT/HepB e


Pólio, já recebeu a 3.ª Dose

99 Recebeu a vacina anti-Sarampo

NB: Para crianças com idade igual ou superior a 1 ano, a definição de


“criança em dia” é a mesma que a de “criança com vacinação completa e
correcta”

14.5.3. Como se calculam os grupos-alvo do PAV

Para crianças dos 0 – 11 meses:

A taxa para o cálculo do grupo-alvo para BCG = (4%)

População da área X 0,04


218 |  Programa Alargado de Vacinação

Exemplo: População da área= 20.000

Taxa para cálculo = (4%)

a) Grupo-alvo (0 – 11 meses BCG) = 20.000X 0,04

Grupo alvo (0-11 meses BCG) = 800 (crianças a vacinar na área).

a) Para as outras vacinas: A taxa para cálculo do grupo-alvo = (3,9%); no entanto,


pode-se também usar 4% como nos exemplos anteriores, dada a diferença ser insig-
nificativa.

Grupo-alvo (0-11 meses para DPT, Polio e VAS) = 20.000 X 0,039

Grupo-alvo (0-11 meses para DPT, Polio e VAS) = 780

b) Para as Grávidas: Taxa para cálculo do grupo-alvo = (5%); Grupo-alvo de grávidas


protegidas contra o tétano = 20.000 X 0,05 = 1000

c) Para as Mulheres em Idade Fértil no geral (MIF’s): Taxa para cálculo = (24,9%);
Grupo-alvo das MIF´s = 20.000 X 0,249 = 4980

d) Grupo-alvo alunos = Alunos da 1ª classe do ensino primário da área.

e) Grupo-alvo de trabalhadores = Nº de trabalhadores das empresas cuja activida-


de os torna vulneráveis a contrair o tétano.

O cálculo dos grupos-alvo é obrigatório e deve ser feito no início de cada


ano para priorizar as áreas a serem abrangidas em primeiro lugar e permitir
também o cálculo das necessidades em termos de vacinas, materiais, etc.

Exemplo do cálculo dos grupos-alvo:

O Grupo-alvo dos 0-11 meses, numa população de 20.000 habitantes, de acordo com
o exemplo acima referido, seria de 800 crianças para vacinar durante todo o ano. As-
sim, para o nível da Unidade Sanitártia, é interessante avaliar o grau de cumprimento
de vacinação mensal. Por isso, é preciso saber quantas crianças devem ser vacinadas
Programa Alargado de Vacinação  | 219

no fim de cada mês. Por exenplo:

Grupo-alvo dos 0-11 meses para BCG (anual) = 800


Grupo-alvo mensal dos 0-11 meses = 800 : 12
Grupo-alvo mensal dos 0-11 meses = 66,6 (67 crianças a vacinar mensal-
mente)

Taxas adoptadas pela Direcção Nacional de Planificação e Cooperação para cálculo


dos diferentes grupos-alvo do PAV

Tabela 24. Taxas adoptadas no cálculo dos diferentes grupos-alvo

Taxas a aplicar no
Idades Variações
processo de planficação
Gravidas previstas 5% 5%
Partos previstos 4.5% 4.5%
Crianças menores de 1ano 4% 4%
Crianças entre 1-4 anos 13-16% 13,3%
Crianças entre 0-4 anos 17-20% 17,3%
Crianças entre 5-14 anos 25-30% 27,0%
Crianças entre 0-14 anos 42-50% 44,3%
Mulheres em idade fértil 22.8% 24.9%

A população total do ano pode ser obtida através das estruturas administrativas, através de
um mini-recenseamento, por inquérito ou por estimativa. Por estimativa terá de ser aplica-
da a taxa de crescimento natural (TCN) de 2,6% (0,026), que é a média Nacional, ou a taxa
de crescimento natural da província, se conhecida, em relação à população do ano anterior.

Habitantes em 1996 + (hab. de 1996 x TCN) = habitantes em 1997

Exemplo do cálculo da Taxa de Crescimento Natural para uma população de 50.000 habi-
tantes em 2000:
220 |  Programa Alargado de Vacinação

50.000 + (50.000 x 0,026) = 51.300 habitantes (2001)

Cada Unidade Sanitária deve conhecer os grupos-alvo do PAV que, ao


mesmo tempo, constituem a meta:
99 número de crianças 0-11 meses
99 número de mulheres grávidas existente
99 número das mulhres em idade fértil ( MIF´s)
99 número de trabalhadores das empresas seleccionadas para VAT
99 n.º de crianças da 1.ªs classes
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Anexos
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224 |  Programa Alargado de Vacinação
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226 |  Programa Alargado de Vacinação
Programa Alargado de Vacinação  | 227
228 |  Programa Alargado de Vacinação
Programa Alargado de Vacinação  | 229
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