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2 ANO
2 ANO
DOCENTE
REGAI BACALHANE
NOME DO ESTUDANTE
SERES ESPIRITUAIS.................................................................................................................. 10
Conclusão: ................................................................................................................................... 12
Por fim, o trabalho explora a importância dos seres espirituais na cosmologia Ndau,
incluindo a crença nos Vadzimu, espíritos ancestrais que protegem e orientam a
comunidade, e a ausência da crença no espírito Nhandhoro, comum entre outros povos
Shona do Zimbabwe.
ORIGEM E A ETNOLOGIA DO POVO NDAU
As origens do povo Ndau não são fáceis de traçar devido a escassez de fontes e as
contradições existentes. Contudo, parece seguro afirmar que as origens do grupo se
encontram ligadas é fragmentação dos reinos do Muenemutapa e Dom Pire aos ciclos
expansionistas de grupos linhageiros Shonas-Caraga, os Rozvi, dos planaltos centrais do
Zimbabwe na direcção da costa litoral do indico.
Segundo Martinho (2004) o povo Ndau localiza-se na região sul do continente africano na
região central de Moçambique, pois, na província de Sofala encontram se mais
aglomerados nos distritos de Chibabava, Buzi, Machanga, Gorongosa, Nhamantada,
cidade da Beira, Dondo.
Segundo keith, (19870) é comuns os Ndaus traçarem a sua origem na região do Mbire,
existia nesta região, nos século XVII/XVI com pequeno reino que esteve ligado ao
grande reino de Muenemutapa mais que se teria tornado independente.
O reino de Quiteve surge igualmente nos finais do século XV representa mais uma cisão
no reino de Muenemutapa. Este reino veio assumir uma certa importância sobretudo o
século XVII em virtude do interesse dos mercadores árabes e portugueses no comércio
de marfim e ouro.
São vários os autores que postulam que o nome Ndau foi atribuídas a estes populações
pelos invasores Nguni e deriva da observação da forma de saudação costumeira perante
um rei Chefe, ou mesmo um estrangeiro desta e populações Ndau, que é a de se sentar
no chão, ou ajoelharem, e bater as palmas gritando “Ndau ui ui, Ndau ui ui” (Junod,
1934,Rita Ferreira, 1982).
Esta forma tradicional de saudação foi descrita pela primeira vez por Frei João dos
Santos na sua obra ethiopia oriental, de 1609. Não é claro, a partir de que fonte este
autor retirou esta informação ou se ela não passa de especulação; contudo, é certo que
esta concepção sobre a origem do etnónimo Ndau esta na actualidade amplamente
enraizada e aceite por estas populações.
No entanto, segundo esta autora o termo Ndau já teria utilizado muito antes da chegada
dos europeus, informação essa que a autora retira da obra de Rennie Keith (1987).
1. Os Shangas: estes habitam principalmente a faixa costeira entre os rios Save e Buzi e
cujo o clã totémico principal, é o Simango. Simango foi o Mambo mais poderoso desta
região, vivia em Chiloane.
2. Os gova, que habitam as terras baixas situadas entre os rios Buzi e Save , cujo o
mutupu o mais importante é o Nkomo.
4. Os Tombodji, que habitam as terras altas do maciço central, junto da fronteira, entre o
rio Save e o maciço chiamanimani. O mambo mais importante dos tombodji era o
mutema nkomo, que vivia numa região do actual zimbabwe.
considerar os teve um subgrupo Ndau. Apesar terem origens comuns, parece ser grupos
diferentes, com aspectos da sua organização social que são distintos, com diferenças
linguísticas, significativas.
RITOS DE INICIAÇÃO
FASE DE MENSTRUAÇÃO
Quando a mãe descobre na filha os sinais de menstruação ou tende certificar-se bem da
verdade se é real a suposição. Acordam a menina e esta, por tudo ter sido preparado em
segredo, assusta-se. Mandam-na pôr de pé e molham-na toda três ou 4 vezes. Depois
tiram-lhe toda a roupa para só lhe colocar uma pequena tira de pano que -lhe passa por
entre as pernas.
Nesta atitude começam a cantar, explicando a rapariga que não tenha medo que aquela
doença é normal; dão-lhes norma de higiene e ensinam-lhe como ela deve fazer acto
sexual com o seu homem. A madrinha vai lhe explicando tudo com gesto no corpo.
Vestem-lhe um pano grande que a cobre totalmente e obrigam a ficar uma semana
inteira dentro de casa sem tomar banho.
Durante este período de tempo deve abster-se de comer certas comidas e não pode
provar alimento com sal.
Esta temporada pode demorar 2 meses ou ate mais de 1 ano conforme a dificuldade que
a família encontrar em arranjar dinheiro para acabar a festa.
Depois reúnem-se as mulheres nuas batucam, todo o dia e todo a noite ensinando a
rapariga a dançar são severas e rigorosas nestes exercícios e se a rapariga não sabe ou
lhe custa aprender alem dos castigos que sofre, é uma grande vergonha para a mãe.
Durante a noite chegam os rapazes cerimoniados e os homens casados. Vem todos para
ouvir os conselhos dado a rapariga, administrado em estilo de advinha ou representadas
ao vivo por figuras alegóricas.
É este um costume social, hoje os rapazes estão já em não se importarem com o assunto,
mas é frequente encontrar raparigas que não arranjam casamento ou são abandonadas e
difamadas por não terem isso.
O seu fim é alargar a entrada da vagina para facilitar o acto sexual. Na sua ostentação
sente o homem prazer. Quando ele esta triste ou cansado, no fim de um dia de trabalho,
ou de uma viagem a mulher despe-se para lhe mostrar isso e assim lhe dar alegria.
Os Ndau praticam o casamento exogamico entre bvumbu, pois”as pessoas não podem
casar dentro do mesmo mutupu”. No entanto, actualmente, esta regra é frequentemente
desrespeitada, sobre tudo entre a população mais urbanizada das vilas-sede de distrito, e
casamento entre indivíduos com o mesmo mutupu, ou pertencendo ao mesmo bvumbu.
Exemplo: Quando alguém pretendesse uma mulher levava a sua filha para fazer tipo
troca. Deixava a sua filha e levava a filha do outro como esposa. Isto por falta de
dinheiro.
SERES ESPIRITUAIS
Franz Boas, antropólogo que usou como informate k”amba Simango, escrevia em 1920
que a vida para os Ndaus designa-se por Vgomi. Sobre o conceito de pessoa, ela é
constituído por duas partes:
O murugo tem o carácter e a forma do falecido. Não fica no túmulo como o corpo, mais
fica a viver com a família, é imortal, e os Ndaus não acreditam na reencarnação.
Os Ndaus utilizam o termo Mudzimu para designarem o espírito de uma família. Os
vadzimu (plural) são os espíritos de musi e ficam a habitar junto dos restantes membros
que é Nhamussoro:
Exemplo: Quando morrer a pessoa vai se a enterrar, depois aquele espírito, se a pessoa
tiver filhos vão para filho ou para filha, caso não tiver vão para outra família daquele
falecido(a).
Os Vadzimu são, pois, os varungu dos falecidos de determinado grupo familiar, e a sua
função é de proteger os membros desse agregado contra todo e qualquer infelicidade
que seja provocada por outros espíritos.
Uma vez que os Ndaus não existe a noção de acaso e todos os acontecimentos da vida
individual e colectiva são interpretados como manifestações dos varungu. Esta função
protectora dos vadzimu é sublinhada por S, para que “os vadzimu são bons porque
ajudam a cuidar da vida aos que ainda não morreram como se fossem Deus, os vadzimu
andam junto de Deus”, “ou também por AI, segundo o qual os vadzimu” é para a
protecção da própria família são eles que podem, por exemplo proteger a família de
outros espíritos maus. “Os vadzimu da casa fazem luta com aqueles espíritos maus que
estiverem a sair da outra casa, para não entrarem na quela casa”.
Entre os Ndaus de Moçambique não existem a crença, comum entre os povos Shona do
Zimbabwe, sobre o espírito de Nhandhoro, espírito de falecido mambo que encarna num
médium (Land 1987). Para os Ndaus o espírito Nhandhoro, é um espírito que sai num
leão e esta liga do aos trabalhos de médium, Nhamussoro.
Conclusão:
Terminado o trabalho descobrimos que manifestação do povo Ndau revela uma riqueza
cultural profunda, enraizada em tradições ancestrais que moldaram sua identidade ao
longo dos séculos. Apesar das lacunas nas fontes históricas, é possível vislumbrar uma
trajectória de origem ligada à fragmentação dos reinos do Muenemutapa e Dom Pire,
impulsionada pelos ciclos expansionistas dos grupos linhageiros Shonas-Caraga, os
Rozvi, em direção à costa litoral do Índico.
A organização social tradicional dos Ndau é marcada pela sua presença no vale do
Zambeze, abrangendo o centro de Moçambique até o litoral, e leste do Zimbabwe ao sul
do Mutare. Sua língua, pertencente à família linguística xona, o ndau, é um elemento
unificador dentro da diversidade de variantes regionais.
Os Ndau também mantêm uma relação profunda com o mundo espiritual, expressa por
meio de rituais e crenças que transcendem gerações. Os espíritos dos antepassados,
vadzimu, desempenham um papel vital na proteção e orientação da comunidade Ndau,
refletindo sua visão de mundo e sua cosmovisão única.
BICA, Ismael A. Ismael Firoza, Tempos e espaços, Porto editora, 6ᵃ classe, porto
editora. Portugal