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Por Prof.

Denílson Costa
HISTÓRIA DO BRASIL

CIOPEM CURSOS E CONCURSOS

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Apostila Preparatória
Para Provas Militares

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SAUDAÇÕES CONCURSEIROS

Olá meu amigo concurseiro. Está tentando


ingressar na ESA, uma área que atrai por várias
razões: Tanto pela estabilidade e possibilidades
de progressão na carreira uma vaga de um cargo
importante para a sociedade. São várias as
motivações pelas quais você está tentando. É
onde você encontrará motivação nas horas mais
difíceis, quando até mesmo podemos ter a ideia
absurda de desistir. A motivação é o combustível
necessário para a sua preparação. Motivação
associada à disciplina de estudos é a chave do
sucesso.

Motivação, Disciplina e Foco.

O nosso conteúdo tem uma quantidade


razoável de assuntos, mas que distribuídos em
um bom número de aulas, vamos estudar tudo,
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bem detalhadamente, então pode conter a


ansiedade. Tudo vai correr bem e foi
devidamente distribuído para que você possa
alcançar seu almejado sucesso!!!

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SOBRE O AUTOR

Denílson de Paula Costa, é formado em História na modalidade de


Licenciatura Plena. Fez especialização em História Cultural (Latu-
Sensu, Pós-Graduação), sendo Professor de Antropologia e Ética na
Faculdade UNIESP, nos cursos de Administração e Ciências
Contábeis, Professor de Pós-graduação em Pedagogia ,
Psicopedagogia, Políticas Públicas e História da Faculdade
Anhanguera, Professor Substituto Universitário da FACIC de
Cruzeiro -SP nos cursos de Administração, Contabilidade, Direito e
Pós em Cultura Afro (Lei 10639/03), Por fim é Membro Efetivo da
Academia Militar de Estudos Terrestres do Brasil Exército Brasileiro e
do Comitê da Saúde da População Negra do Estado de São Paulo
DRS4 Diretoria de Taubaté-SP, Prof. Do CIOPEM CURSOS E
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CONCURSOS MILITARES e CIOPEM EAD.


Já publicou em vários jornais da região, ATOS, GUAYPACARÉ e
VALEPARAIBANO, sobre história regional. Coautor do Livro:
“Encontros com a história e a cultura Africana e Afro-Brasileira”, de
autoria da Prefeitura de Arujá/SP. Também foi auto do livro digital:
"Quando o negro ri, é noite estrelada: relações étnico-raciais na
sociedade brasileira" no suporte e-book, formato PDF.

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Com o Plano de Aprovação você vai:


1. Definir o foco dos seus estudos

2. Estabelecer metas para o ano, mês e semana

3. Escolher uma Técnica de estudo

4. Aprender a administrar melhor o seu tempo

5. Definir as prioridades de cada matéria

6. Criar um Ciclo de estudos

7. Separar os seus estudos por blocos de leitura, exercícios e


revisão.

SUCESSO, FOCO E DETERMINAÇÃO!!!

VAMOS AOS ESTUDOS!


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1. A EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL


A Idade Moderna é a divisão convencionada pelos historiadores para
caracterizarmos a sociedade europeia entre os séculos XIV e XVIII. Este período
caracteriza-se por transformações muito profundas na sociedade, economia e
cultura. Compreende o período de formação das monarquias nacionais, a expansão
marítima, a colonização da América, e também do Renascimento Cultural e da
Reforma Religiosa.
Um dos momentos mais importantes para o desenvolvimento da História ocidental
e um dos momentos de maior ampliação do capitalismo comercial foi o denominado
como o período das “Grandes Navegações”, que se inicia com as navegações
portuguesas em busca de novas rotas para a compra de especiarias, pois os antigos
trajetos não eram mais viáveis.
1.1. Antecedentes Europeus:
No século XIV ocorre a transição entre o período denominado Idade Média para a
Idade Moderna, quando floresce o capitalismo e o Estado Absolutista. Na Idade
Média o sistema político era a monarquia descentralizada, ou seja, o rei não possuía
poderes plenos pois eles estavam distribuídos entre a nobreza feudal. O monarca
só mandava de fato em seu próprio feudo enquanto os outros senhores feudais
possuíam autonomia administrativa. E nos aspectos econômicos a Idade Média se
caracteriza por uma estrutura econômica agrária, sem comércio (praticamente
estática comercialmente), e de subsistência.
Após as guerras entre católicos e islâmicos no século XII, as chamadas cruzadas,
ocorreu a reabertura comercial do Mar Mediterrâneo, que durante os séculos da
Idade Média em termos comerciais estava tecnicamente estático. As cruzadas
tinham antes de tudo, objetivos religiosos, porém sua maior consequência foi o
“Renascimento Comercial e Urbano”. Foram pioneiras as cidades italianas de
Gênova e Veneza (naquela época eram cidades independentes e não havia ainda
o Estado Nacional italiano que só surgiria no século XIX) que passaram a
monopolizar a navegação no Mediterrâneo, impondo barreiras militares e
aduaneiras (impostos alfandegários), às embarcações de outras localidades.
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Entre o século XII e XIV surge e se fortalece a classe social que será o elemento
social catalisador da formação do Estado Nacional Moderno e das Grandes
Navegações: A Burguesia.

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1.2 - O MEDITERRÂNEO E SUA IMPORTÂNCIA

O mar Mediterrâneo é o maior mar interior continental do mundo.


Compreendido entre a Europa meridional (sul), a Ásia ocidental (oriente médio), e
a África setentrional (Norte). Possui aproximadamente 2,5 milhões de km². Era a
plataforma de navegação dos romanos que o chamavam de “mare nostrum”, pois
os limites interiores do império eram seus litorais. Na idade média os europeus
viveram entre os séculos IX e XII o feudalismo, que se caracteriza principalmente
por ser uma estrutura econômico-social totalmente agrária, de subsistência, com
ausência quase total de comércio e baseada em relações medievais de
vassalagem, em que um guerreiro que possuía maior nobreza e poder, ao comandar
a conquista de um território em uma campanha militar, reconhecia seus nobres
subordinados com a concessão de feudos (territórios – grandes faixas de terra),
para que fossem então seus senhores. O mar neste período era dominado pelos
árabes islâmicos no norte da África, que enquanto a Europa padecia de uma
estrutura monárquica descentralizada em que o rei só tinha soberania de fato sobre
seu próprio feudo. O comércio era raro e uma atividade custosa de praticar, pois a
cada feudo que se atravessava, havia muitos impostos a serem pagos tanto para
entrar quanto para sair, como para usar suas estradas e pontes. Isso somado a uma
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variedade de moedas que também variavam de feudo a feudo, assim como as leis
também variavam. Isso tudo tornava a atividade comercial bastante difícil.
O mar permitiu o contato entre regiões e povos muito diferentes. Com as cruzadas
Gênova e Veneza, enriqueceram muito e se impuseram economicamente e
militarmente no Mar mediterrâneo e passaram a dominá-lo. O mar passa a
movimentar um intenso comercio marítimo, pois unia a Europa ocidental às regiões
do Oriente Médio, onde iam buscar especiarias.

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O mar mediterrâneo passa a ser a partir das cruzadas um grande eixo comercial em
que a navegação e o comércio eram cada vez mais importantes. E a burguesia ia
ficando mais rica e influente.

1.3 - A Revolução de Avis e a formação do Estado Nacional Moderno:


Portugal e Espanha são chamados países Ibéricos por estarem localizados na
Península Ibérica. Entre o século XII e XIV, Portugal se formou como um reino
cristão que lutou pela expulsão dos “mouros” (árabes e berberes islâmicos que
habitavam a península ibérica e hoje o norte da África) da península Ibérica
(Episódio conhecido como Guerra de Reconquista). Ao Norte haviam os reinos:
Cristão de Leão, Castela, Navarra e Aragão, enquanto ao sul, na maior parte da
península estavam os mouros. Nesse contexto o nobre francês Henrique de
Borgonha recebeu por seu destaque na luta pela expulsão dos islâmicos o
condado portucalense. Seu filho, Afonso Henriques, libertou-se politicamente do
reino de Leão e proclamou-se rei de Portugal em 1139. A independência do novo
reino foi formalmente reconhecida pelo rei de leão de Castela em 1143. A Guerra
de Reconquista influenciou toda a organização do Estado português. A constante
mobilização para a guerra reforçou o poder do rei como chefe militar, facilitando a
centralização política. A luta contra os mouros continuou até 1249, quando se deu
a conquista final do território atual de Portugal e a expulsão dos árabes. Para os
lusitanos, haviam encerrado a Guerra de Reconquista.
Portugal produzia vinhos, azeites e era um entreposto comercial marítimo
importante. As embarcações ancoravam onde hoje é a Cidade do Porto para se
abastecerem. Ali desde o século XIV, já era praticado um importante comércio em
razão disso.
Portugal sofreu intensamente os efeitos da peste negra (1347 – séc. XIV). Ocorreu
uma enorme perda populacional (em toda a Europa a peste chegou a matar quase
um terço da população) que tornou a mão de obra escassa e, portanto, mais cara,
gerando conflitos entre os camponeses e os senhores. Nesse momento foi criada
a Lei das Sesmarias em 1375 com o objetivo de superar a fome e a baixa produção
obrigando àqueles que possuíam terras produzir, e deveriam doar as terras a quem
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pudesse cultivá-las e torná-las produtivas. Neste momento ocorreu uma crise


sucessória ao trono português que deu fim a dinastia de Borgonha, que estava no
poder desde D. Afonso Henriques.

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2. A crise sucessória no trono:


Em meio a esse clima de tensão social o último rei da dinastia de Borgonha morreu:
D. Fernando I. Para piorar as coisas, não deixou herdeiros masculinos. A filha do
rei morto, Dona Cristina era casada com o rei de Castela que se apresentou como
pretendente do trono português. A alta nobreza de Portugal apoiou as pretensões
do rei castelhano, mas a alta burguesia de Lisboa e do Porto foram contra o que
acabou por dividir Portugal.
Sob a liderança de Álvaro Pais, a burguesia comercial-marítima tomou a iniciativa
de aliar-se a D. João, mestre de Avis, irmão bastardo de Fernando I, o rei morto.
Depois de sublevar Lisboa, Álvaro Pais apelou com êxito para o povo. Graças ao
apoio popular, a alta burguesia venceu os castelhanos na batalha de Aljubarrota
(1385) pondo fim a ameaça estrangeira, representada pelo risco de anexação à
Espanha. Vitorioso contra os inimigos externos e internos, D. João, mestre de Avis,
com o apoio da alta burguesia, assumiu o trono como o título de D. João I (1385-
1433), fundando a Dinastia de Avis (1385-1580). Esse acontecimento, conhecido
como Revolução de Avis é considerado pelos historiadores portugueses, o início da
Era Moderna em Portugal. É considerado o primeiro Estado Nacional moderno
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europeu. Também pode ser chamado de Estado Absolutista.


Nesta associação da burguesia e nobreza, que colocou D. João mestre de Avis
como soberano, o Estado passou a ser parceiro dos burgueses organizando a
legislação e os impostos de forma a estimular o comércio. Estabeleceu impostos,
leis e moedas nacionais (válidos em todo o território do país e não mais somente
nos feudos), enquanto se beneficia dos altos impostos que passa a receber e se
tornam a principal fonte de receita do reino. Desse encontro entre o Estado e a
economia, nos quadros de uma sociedade aristocrática foi ganhando forma a

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política econômica mercantilista. O mercantilismo consistiu no controle da


economia pelo rei, ou mais exatamente na intervenção do estado na economia.
Mercantilismo: Prática econômica dos Estados Nacionais que pode ser sintetizada
em cinco características:
Metalismo: A riqueza das Nações seria determinada pela quantidade de
metais preciosos acumulados.
Balança comercial favorável: Exportar mais que importar (superávit), para
favorecer a entrada de metais preciosos, e com as vendas impedir sua saída
importando produtos.
Protecionismo: cobrança de altas taxas alfandegárias de produtos de
outros países para estimular a produção no seu. Taxas altas para manufaturados e
baixas para matérias primas, de forma a estimular a manufatura para ser exportada
em seu país.
Incentivo à manufatura: estímulo à produção de determinados produtos e
concessão de monopólio ao fabricante, impedindo a concorrência.
Sistema Colonial: A Busca por possuir colônias para que pudessem ser
exploradas. Eram importantes fontes das matérias primas e mercado consumidor
para as manufaturas da metrópole. As colônias deveriam realizar comércio
exclusivamente com a metrópole.
3. As grandes navegações:

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Portugal foi pioneiro na expansão marítima pelo Oceano Atlântico. Este período é
muito importante, pois além de significar um momento de ampliação e
fortalecimento do capitalismo europeu, marcou a mudança do eixo econômico do

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mar mediterrâneo para o Atlântico. As grandes navegações foram impulsionadas


pelo interesse dos reis e da burguesia (que contavam com o apoio da Igreja
Católica), a escassez de metais preciosos e a necessidade de buscar novas rotas
para as “índias”, pois o mar mediterrâneo estava monopolizado pelas cidades
italianas, e por terra os perigos eram muitos. O comércio atlântico fortaleceu-se mais
ainda a partir de 1453, quando a cidade de Constantinopla foi tomada militarmente
pelos Turcos Otomanos e inviabilizaram o comércio de especiarias na região para
os europeus.

4. O pioneirismo português:
São razões do pioneirismo português:
I. Centralização política (Portugal é o primeiro Estado nacional absolutista,
também chamado Estado Moderno).
II. Paz interna (Estabilidade político-social enquanto a Espanha ainda estava em
sua guerra de reconquista, e outros reinos europeus estavam em guerra).
III. Posição geográfica favorável.
IV. Existência de uma burguesia ambiciosa e com capacidade de investimento.
V. Experiência comercial.
VI. Interesse e incentivo comercial do Estado português (que inclusive criou escolas
de navegação).
VII. Novas invenções tecnológicas (Bússola, pólvora, astrolábio, quadrante,
cartografia etc.).

De todos os elementos que tornaram Portugal pioneiro, se destacam o ESTADO


ABSOLUTISTA e a PAZ INTERNA estas características exclusivas do reino
lusitano.

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O infante D. Henrique, filho do rei D. João I, foi considerado o principal


impulsionador da expansão ultramarina portuguesa. Por isso passou à História
como D. Henrique, o navegador.
Segundo uma tradição nascida no início do século XVIII, deve- se ao infante D.
Henrique a fundação da Escola de Sagres, onde eram formados os navegadores
portugueses do século XV. Essa escola náutica nunca existiu como instituição
formal, mas não há dúvida de que D. Henrique desempenhou um papel importante
na expansão marítima portuguesa. A determinação em gastar elevadas quantias
sem esperar compensação imediata foi decisiva para a sua maior realização – a
ultrapassagem do cabo Bojador, em 1434. Trinta anos após a Revolução de Avis,
tiveram início as navegações portuguesas. Em 1415 Portugal conquistou a
cidade de Ceuta, localizada no norte da África, no Marrocos, que era um importante
centro comercial árabe.
Entre 1415 e 1488 foi explorado o litoral atlântico, onde hoje está o território litorâneo
entre o Marrocos e a África do sul. A esta faixa denomina-se Périplo africano. É
bom lembrar que avançar alguns quilômetros no oceano é tarefa complicada que
exige domínio das correntes marítimas e o mapeamento da trajetória. Tarefas lentas
e custosas. Em 1488, Bartolomeu Dias conquistou o extremo sul do continente
africano e dobrou o que era chamado de “cabo das tormentas”, devido ao mar
agitado, encontro dos oceanos Atlântico e Pacífico. Depois disso foi rebatizado de
cabo da boa esperança. Em 1498, Vasco da Gama conquistou a cidade de
Calicute, na Índia. Com a descoberta do caminho para a Índia, Portugal passou a
dominar o comércio de especiarias, e com sua rede de Feitorias, dominou o
comércio do ouro por cem anos (1450 a 1550) e já era um grande traficante de
escravos quando Pedro Álvares de Cabral chegou ao Brasil, em 1500.

5. As Navegações Espanholas
A Espanha começou sua navegação após o fim de sua Guerra de Reconquista, a
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conquista da paz e o desenvolvimento do seu Estado Absolutista (O ano é 1492. No


mesmo ano que acaba a reconquista, Colombo chega à América). Seu primeiro
Grande navegador foi Cristóvão Colombo que em busca de novas rotas tentou a
circo navegação (dar a volta na terra de navio). Lembre-se que o mediterrâneo era
monopolizado pelos italianos, o caminho por terra e por Istambul (Turquia) eram
inviáveis devido aos riscos, e o Atlântico foi dominado por portugueses. A audaciosa
viagem de Colombo através do Atlântico tinha o objetivo de atingir a China.
Quando foi constatado que as terras atingidas por Colombo pertenciam a um
continente até então desconhecido, foram consideradas um obstáculo.

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O “Novo mundo” – a América –, no início, não despertou o interesse da Coroa


espanhola. O mesmo ocorreu com o Brasil depois que aqui chegou à esquadra de
Pedro Álvares Cabral. Com a Espanha entrando em cena, colocou-se o problema
das fronteiras luso-espanholas no ultramar, que só foi solucionada com o Tratado
de Tordesilhas. Motivações culturais
A crise do período medieval e a transição para Idade Moderna foram também
marcadas por uma profunda revolução intelectual, o chamado Renascimento
Cultural.
Nesse período, a instituição da Igreja Católica passou por uma intensa crise,
possibilitando as reformas religiosas protestantes e, posteriormente, a
própria contrarreforma católica. Esse fenômeno provocou certas mudanças nos
valores fundamentais da intelectualidade europeia moderna, que vieram a se
entrelaçar com os da época feudal.
O teocentrismo (Deus no centro das explicações sobre o mundo), por exemplo, dá
lugar ao antropocentrismo (o homem no centro das explicações). O surgimento do
antropocentrismo incentivou a expansão marítima ao valorizar o homem como
alicerce central da sociedade e, por isso, responsável por seu desenvolvimento.
Outra característica do Renascimento Cultural, o racionalismo, proporcionou
o desenvolvimento da ciência e de instrumentos fundamentais para a navegação,
como as caravelas de vela triangular, e o aperfeiçoamento de instrumentos de
localização, como a bússola e o astrolábio.
O surgimento da cartografia foi outro fator importante, já que deu maiores
precisões às medidas e orientações geográficas necessárias para o deslocamento
pelo mar.
Além disso, como consequência dessa crise institucional da Igreja Católica e das
reformas protestantes, a Igreja perdeu um número significativo de fiéis.
Sendo assim, a expansão marítima configurou-se também a partir de
uma justificativa religiosa: tornou-se necessário desbravar novos territórios a fim
de catequizar populações nativas e, assim, provocar o aumento do número de
fiéis. Essa missão foi atribuída aos jesuítas.
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7.1. Motivação social e política


Outro fator fundamental para a realização da expansão marítima foi o fato de que,
ainda na Baixa Idade Média, acontece a formação de Portugal e a formação da
Espanha, importantes monarquias nacionais que centralizaram o poder no
Estado. Essas nações proporcionaram recursos humanos e
financeiros suficientes para a expansão. Além disso, a ascensão da
burguesia nestes reinos foi também determinante, uma vez que esse grupo social

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pressionou seus reis na direção da ampliação das rotas comerciais e da busca por
metais preciosos.

6. A Expansão
Portugal foi o reino pioneiro da expansão marítima, lançando seus primeiros navios
ao mar ainda no século XV.
A tomada de Ceuta, marco da expansão marítima portuguesa, data de 1415. Isso,
porque além de sua posição geográfica privilegiada, sua formação como Estado
centralizado aconteceu de forma precoce, ainda na Idade Média.
A Espanha se insere nessa empreitada no final do século XV, estendendo sua
expansão por todo século XVI. Em seguida, Holanda e Inglaterra inauguraram as
expansões marítimas tardias, durante o século XVII.
É na busca pelas rotas até a Índia que a Espanha acaba por descobrir a América;
e Portugal, por chegar ao Brasil.
Até o final do Século XVI, tanto Portugal quanto Espanha continuaram a explorar os
oceanos e a colonizar territórios. Esse processo acabou por mudar o eixo
econômico do Mar Mediterrâneo para o Oceano Atlântico, fundando um complexo
sistema colonial escravista e proporcionando o fortalecimento econômico e
político dos reinos europeus.
7. As Navegações Portuguesas:
Trinta anos após a Revolução de Avis, tiveram início as navegações portuguesas.
Em 1415 Portugal conquistou a cidade de Ceuta, localizada no norte da África,
no Marrocos, que era um importante centro comercial árabe. Entre 1415 e 1488 foi
explorado o litoral atlântico, onde hoje está o território litorâneo entre o Marrocos e
a África do sul. A esta faixa denomina-se Périplo africano. É bom lembrar que
avançar alguns quilômetros no oceano é tarefa complicada que exige domínio das
correntes marítimas e o mapeamento da trajetória. Tarefas lentas e custosas. Em
1488, Bartolomeu Dias conquistou o extremo sul do continente africano e dobrou
o que era chamado de “cabo das tormentas”, devido ao mar agitado, encontro dos
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oceanos Atlântico e Pacífico. Depois disso foi rebatizado de cabo da boa


esperança. Em 1498, Vasco da Gama conquistou a cidade de Calicute, na Índia.
Com a descoberta do caminho para a Índia, Portugal passou a dominar o comércio
de especiarias, e com sua rede de Feitorias, dominou o comércio do ouro por cem
anos (1450 a 1550) e já era um grande traficante de escravos quando Pedro
Álvares de Cabral chegou ao Brasil, em 1500. A disputa comercial e territorial entre
Portugal e Espanha, fez com que o arbítrio internacional fosse necessário.
Em 1493, mediado pelo Papa, foi proposta a Bula Intercosteira que determinava
que os limites a 100 léguas das ilhas de Cabo Verde (pequeno arquipélago africano

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próximo à Europa), a Oeste, seriam espanhóis e, a Leste, seriam portugueses.


Portugal negou. Depois em 1494, logo após a viagem de Colombo e antes da
chegada dos portugueses ao Brasil, foi assinado o Tratado de Tordesilhas,
tomando por base o meridiano que passava a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo
Verde, ficou estabelecido que os domínios espanhóis eram aqueles situados a
Oeste e os portugueses os situados à leste. Porém, à medida que outros países
entraram na corrida pelas possessões ultramarinas, esse acordo passou a ser
questionado, principalmente pelo rei da França, que indagava “onde estava o
testamento de Adão, dizendo que o mundo era de Portugal e Espanha”. Nos anos
seguintes o território Brasileiro passou a ser alvo de invasões estrangeiras
francesas, inglesas e no século XVII dos holandeses.

8. A IGREJA E A EXPANSÃO MARÍTIMA.


Desde o século XV a Igreja vinha sofrendo várias críticas, e no século XVI passou
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por um momento de enfraquecimento na Europa em razão da Reforma Religiosa


iniciada por Martinho Lutero. Para evitar que o protestantismo se espalhasse para
o Novo Mundo (as novas terras descobertas, as Américas) a Igreja apoiou
ativamente a expansão Ibérica e se associou ao Estado português e espanhol
através do regime de padroado. O padroado era a associação entre o Estado
Absolutista e a Igreja Católica. O Estado colaborava para a expansão territorial do
catolicismo e a Igreja apoiava a expansão tanto através de justificativas teológicas,
quanto na colaboração com a educação e aculturação dos habitantes do Novo
Mundo. Não podemos esquecer que também eram importantes como fator de
ocupação do território e a presença de povoamentos jesuíticos também eram
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usados como forma de demarcar fronteiras. A educação proporcionada pela Igreja


era dada pela Ordem religiosa dos padres Jesuítas que construíam as “Missões
Jesuíticas”, cuja função era transmitir a fé católica aos indígenas e ensiná-los
agricultura de subsistência. Há de se destacar que os indígenas não foram
oficialmente escravizados por Portugal e muito disso se deve a oposição da Igreja
e a atuação dos jesuítas que tentavam impedir que os indígenas se tornassem
cativos

Oscar Pereira da Silva: Desembarque de Pedro Alvarez Cabral em Porto Seguro. Obra atualmente
exposta no Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro. PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500/1530).

Fase caracterizada por uma certa marginalização de Portugal em relação ao Brasil.


O interesse português neste momento era o comércio com as Índias. Ademais, os
portugueses não encontraram na área colonial - de imediato - produtos lucrativos.
À exceção do pau-brasil, que seria extraído pelos indígenas.
Neste período a Metrópole realizou algumas expedições no litoral brasileiro, sem
fins lucrativos ou colonizadores.
Em 1501, sob o comando de Gaspar de Lemos, chegou uma expedição com o
objetivo de reconhecimento geográfico.
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Em 1503, uma nova expedição, sob o comando de Gonçalo Coelho; prosseguiu o


reconhecimento da nova terra. O navegador italiano Américo Vespúcio
acompanhava as duas expedições.
Além destas expedições de reconhecimento da nova terra, Portugal enviou outras
duas expedições - em 1516 e 1526 - com objetivos militares. Foram as chamadas
expedições guarda-costas, comandadas por Cristóvão Jacques, com a missão de
aprisionar navios franceses e espanhóis, que praticavam o contrabando no litoral
brasileiro.

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Estas expedições contribuíram para a fixação - em solo brasileiro - dos primeiros


povoadores brancos: degredados, em sua maioria.

9. PERÍODO COLONIAL (1530/1822)


O início da colonização brasileira é marcado pela expedição de Martim Afonso de
Souza, que possuía três finalidades: iniciar o povoamento da área colonial, realizar
a exploração econômica e proteger o litoral contra a presença de estrangeiros.
Para efetivar o povoamento, Martim Afonso de Souza fundou a vila de São Vicente,
em 1532 e o primeiro engenho: Engenho do Governador. Também iniciou a
distribuição de sesmarias, isto é, grandes lotes de terra para pessoas que se
dispusessem a explorá-los. Com esta expedição, o sistema de capitanias
hereditárias começou a ser adotado, iniciando efetivamente o processo de
colonização do Brasil.

9.1 ADMINISTRAÇÃO COLONIAL


A administração colonial portuguesa no Brasil girou entre dois eixos: o centralismo
político - caracterizado por uma grande intervenção da Metrópole, para um melhor
controle da área colonial; e o localismo político - marcado pela descentralização e
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atendia os interesses dos colonos, em virtude da autonomia dos poderes locais para
com a Metrópole.

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9.2 AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS


O Brasil foi dividido em 14 capitanias que foram entregues os 12 donatários. O
sistema de donatárias possuía sua base jurídica em dois documentos:
Carta de Doação: documento que estabelecia os direitos e deveres do donatário e
outorgava a posse das terras ao capitão donatário. É importante notar que o
donatário não possuía a propriedade da terra, mas sim a posse, o usufruto; cabendo
ao rei o poder ou não de tomar a capitania de volta.
Foral: documento que estabelecia os direitos e obrigações dos colonos.
Pelo regime das donatárias, os capitães donatários possuíam amplos poderes
administrativos, jurídicos e militares, sendo por isto caracterizado como um sistema
de administração descentralizado.

9.3 FRACASSO DO SISTEMA


O sistema de capitanias hereditárias, de um modo geral, fracassou. Na maioria dos
casos, a falta de recursos financeiros para a exploração lucrativa justifica o
insucesso.
Duas capitanias prosperaram: São Vicente e Pernambuco, ambas graças ao
sucesso da agricultura canavieira. Além do cultivo da cana, a capitania de São
Vicente mantinha contatos com a região do Prata e iniciaram uma nova atividade
comercial: a escravidão do índio.
Um outro fator para justificar o fracasso do sistema era a ausência de um órgão
político metropolitano para um maior controle sobre os donatários. Este órgão será
o Governo-Geral, criado com o intuito de coordenar a exploração econômica da
colônia.

10. O GOVERNO-GERAL
Com a criação do Governo-Geral em 1548, pelo chamado Regimento - documento
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que reafirmava a autoridade e soberania da Coroa sobre a colônia, e definia os


encargos e direitos dos governadores-gerais - o Estado português assumia a tarefa
de colonização, sem extinguir o sistema de capitanias hereditárias.
O Governador-Geral era nomeado pelo rei por um período de quatro anos e contava
com três auxiliares: o provedor-mor, encarregado das finanças e responsável pela
arrecadação de tributos; o capitão-mor, responsável pela defesa e vigilância do
litoral e o ouvidor-mor, encarregado de aplicar a justiça.
A seguir, os governadores-gerais e suas principais realizações:

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Tomé de Souza (1549/1553)


-Fundação de Salvador, em 1549, primeira cidade e
capital do Brasil;
-Criação do primeiro bispado do Brasil (1551);
-Vinda dos primeiros jesuítas, chefiados por
Manuel da Nóbrega, e início da catequese dos índios;
-Ampliação da distribuição de sesmarias;
-Política de incentivos aos engenhos de açúcar;
-Introdução das primeiras cabeças de gado;
proibição da escravidão indígena e início da adoção da mão-de- obra escrava
africana.

Duarte da Costa (1553/1558)


-Conflitos entre colonos e jesuítas envolvendo
a escravidão indígena; invasão francesa no
Rio de Janeiro, em 1555 pelos huguenotes
(protestantes), e fundação da França Antártica;
-Fundação do Colégio de São Paulo, no planalto de
Piratininga pelos jesuítas José de Anchieta
e Manuel de Paiva;
-Conflito do governador com o bispo
Pero Fernandes Sardinha em virtude da vida
desregrada de D. Álvaro da Costa, filho do governador.

Mem de Sá (1558/1572)
-Aceleração da política de catequese, como forma de
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efetivar o domínio sobre os indígenas;


-Início dos aldeamentos indígenas de jesuítas, as
chamadas missões;
-Restabelecimento das boas relações com o bispado;
-Expulsão dos franceses e fundação da Segunda cidade
do Brasil, São Sebastião do Rio de Janeiro, em
1565.

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Com a morte de Mem de Sá, a Metrópole dividiu a administração da colônia


entre dois governos: D. Luís de Brito, que se instalou em Salvador, a capital
do Norte, e; ao sul, D. Antônio Salema, instalado no Rio de Janeiro.

11. UNIÃO IBÉRICA (1580/1640)


D. Sebastião, rei de Portugal, morreu em 1578 durante a batalha de Alcácer-Quibir
contra os mouros sem deixar herdeiros diretos. Entre 1578 e 1580 o reino de
Portugal foi governado por D. Henrique, tio-avô de D. Sebastião - que também
morreu sem deixar herdeiros.
Foi neste contexto que o rei da Espanha, Filipe II, neto de D. Manuel invadiu
Portugal com suas tropas e assumiu o trono, iniciando o período da União Ibérica,
onde Portugal ficou sob domínio da Espanha até 1640.Com o domínio espanhol sob
Portugal, as colônias portuguesas ficaram sob a autoridade da Espanha. Este
domínio implicou mudanças na administração colonial: houve um aumento da
autoridade do provedor-mor para reprimir as corrupções administrativas; houve uma
divisão da colônia em dois Estados: o Estado do Maranhão ( norte ) e o Estado do
Brasil ( sul ), com o objetivo de exercer um maior controle sobre a região.
Outras consequências da União Ibérica: suspensão temporária dos limites impostos
pelo Tratado de Tordesilhas, contribuindo para a chamada expansão territorial;
invasão holandesa no Brasil.

12. RESTAURAÇÃO (1640)


Movimento lusitano pela restauração da autonomia do reino de Portugal, liderado
pelo duque de Bragança. Após a luta contra o domínio espanhol, inicia-se uma
nova dinastia em Portugal - a dinastia de Bragança.
O domínio espanhol arruinou os cofres portugueses e levou Portugal a perder
importantes áreas coloniais, colocando Portugal em séria crise econômico-
financeira. D. João IV intensifica a exploração colonial criando um órgão chamado
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Conselho Ultramarino.
Através do Conselho Ultramarino, o controle sobre a colônia não era apenas
econômico, mas também político: as Câmaras Municipais tiveram seus poderes
diminuídos e passaram a obedecer a ordens do rei e dos governadores.
D. João IV também oficializou a formação da Companhia Geral do Brasil, que teria
o monopólio de todo o comércio do litoral brasileiro e o direito de cobrar impostos
de todas as transações comerciais. Após pressões coloniais, a Companhia foi
extinta em 1720.

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13. AS CÂMARAS MUNICIPAIS


Os administradores das vilas, povoados e cidades reuniam-se na Câmaras
Municipais, que garantiam a participação política dos senhores de terra. As
Câmaras Municipais eram compostas por vereadores, chamados "homens bons"
(grandes proprietários de terra e de escravos). A presidência da Câmara ficava a
cargo de um juiz.
As Câmaras Municipais representavam o localismo político na luta contra o
centralismo administrativo português.

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14. A IGREJA E A COLONIZAÇÃO


A igreja Católica teve um papel de destaque na colonização americana.
Várias ordens religiosas atuaram no Brasil - carmelitas, dominicanos, beneditinos
entre outras - com destaque para a Companhia de Jesus, os jesuítas.
A Companhia de Jesus, criada em 1534, por Inácio de Loyola, surgiu no contexto
da Contra Reforma e com o objetivo de consolidar e ampliar a fé católica pela
catequese e pela educação.
A ação catequista dos jesuítas na colônia gerou um intenso conflito com os colonos,
que queriam escravizar os índios. A existência de um grande número de índios nos
aldeamentos de índios - as Missões, atraía a cobiça dos colonos, que destruíam as
Missões e vendiam os índios como escravos.
A Companhia de Jesus, pela catequese, não tinha exatamente intensões
humanitárias, pois dominavam culturalmente os índios, facilitando sua submissão à
colonização e impondo um novo modo de vida. O excedente de produção - realizado
pelo trabalho indígena - era comercializado pelos jesuítas.
A catequização do índio fortaleceu e incentivou a escravidão negra, pelo tráfico
negreiro.

16. ECONOMIA COLONIAL


A primeira atividade econômica na colônia foi a extração do pau-brasil (período pré-
colonial). A extração era efetuada pelos indígenas e em troca do trabalho, os
europeus davam produtos manufaturados de baixa qualidade. Esse comércio é
chamado de escambo.
A atividade econômica que efetivou a colonização brasileira foi o cultivo da cana-
de-açúcar.

17. EMPRESA AGRÍCOLA COMERCIAL - A CANA-DE-AÇÚCAR


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No contexto do antigo Sistema Colonial, o Brasil foi uma colônia de exploração.


Sendo assim, a economia colonial brasileira será de caráter complementar e
especializada, visando atender às necessidades mercantilistas. A exploração
colonial será uma importante fonte de riquezas para os Estados Nacionais da
Europa.
Portugal não encontrou, imediatamente, os metais preciosos na área colonial.
Para efetivar a posse colonial e exploração da área, a Metrópole instala no Brasil a
colonização baseada na lavoura da cana- de-açúcar com trabalho escravo.

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18. Por que açúcar?


O açúcar era um produto muito procurado na Europa e, além disto, Portugal já tinha
uma experiência anterior nas ilhas do Atlântico. Contribuiu também o clima e solo
favoráveis na colônia.
18.1 Estrutura de produção
Para atender as necessidades do mercado consumidor europeu a produção teria
de ser em larga escala, daí a existência do latifúndio (grande propriedade) e do
trabalho escravo.
Latifúndio monocultor, escravista e exportador formam a base da economia colonial,
também denominado PLANTATION.
As unidades açucareiras agroexportadoras eram conhecidas por engenhos e
estavam assim constituídas:
-Terras para o plantio da cana; a casa-grande, que era a moradia do proprietário; CIOPEM CURSOS E CONCURSOS

-A senzala, que abrigava os escravos; uma capela;


-A casa de engenho, onde se concentrava a principal tarefa produtiva de
transformação da cana-de-açúcar.
A casa de engenho, por sua vez, era formada pela moenda, onde a cana era
esmagada, extraindo-se o caldo; a casa das caldeiras, onde o caldo era engrossado
ao fogo e, finalmente, a casa de purgar em que o melaço era colado em formas para
secar. O açúcar, em forma de "pães de açúcar" era colocado em caixas de até 750
Kg e enviado para Portugal.

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Havia dois tipos de engenhos. Engenhos reais eram aqueles movimentados por
força hidráulica; e Engenhos Trapiches - mais comuns - movidos por tração animal.
A produção de aguardente, utilizada no escambo de escravos, era realizada pelos
"molinetes" ou "engenhocas".
Muitos fazendeiros não possuíam engenhos, sendo obrigados a moer a cana em
outro engenho e pagando por isto, eram os chamados senhores obrigados.
Deve-se destacar a intensa participação dos holandeses na atividade açucareira
no Brasil. Eram os responsáveis pelo financiamento na montagem do engenho do
açúcar, transporte do açúcar para a Europa, refino e sua distribuição.

19. TRÁFICO NEGREIRO


A implantação da escravidão na área colonial serviu de elemento essencial no
processo de acumulação de capitais.
Os negros eram capturados na África e conduzidos para o Brasil em navios (navios
negreiros), chamados de tumbeiros. Quando chegavam ao Brasil era exibidos como
mercadorias nos principais portos.
A mão-de-obra africana contribui para a acumulação de capitais no tráfico - como
mercadoria; em seguida, como força de trabalho na produção do açúcar.

20. ATIVIDADES SUBSIDIÁRIAS


O mundo do açúcar será possível graças a existência de outras atividades
econômicas que contribuem para a viabilidade da produção açucareira: a pecuária,
o tabaco e a agricultura de subsistência.
Pecuária- atividade econômica essencial para a vida colonial. O gado era utilizado
como força motriz, transporte e alimentação.
Atividade econômica voltada para atender as necessidades do mercado interno, a
pecuária contribuiu para a interiorização colonial e usava o trabalho livre (o
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boiadeiro).
Tabaco- atividade econômica destinada ao escambo com as regiões africanas,
onde era trocado por escravos. A principal área de cultivo era a Bahia. A produção
do tabaco era realizada com mão-de- obra escrava.
Lavoura de subsistência- responsável pela produção da alimentação colonial:
mandioca e hortaliças. A força de trabalho era livre (mestiços).
A economia açucareira entra em crise a partir do século XVIII, dada a concorrência
das Antilhas e da produção de açúcar na Europa, a partir da beterraba. No entanto,

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o açúcar sempre foi importante para a economia portuguesa, obedecendo ciclos de


alta e baixa procura no mercado consumidor.
21. As Rebeliões Nativistas
Ocorreram no Brasil entre os séculos XVII e XVIII como resultado, em sua maioria,
de indisposições com a Coroa Portuguesa.
Durante a colonização do Brasil, muitos problemas foram se apresentando. Tais
problemas abrangiam situações como a forma de concessão de terrenos para
colonos e aventureiros que vinham de Portugal para aqui se estabelecer, a extração
de recursos naturais, como o pau-brasil, o apresamento e o tráfico de indígenas,
entre outras coisas. Essas situações acabaram promovendo as chamadas
contradições da colonização. De tais contradições, as Rebeliões Nativistas
acabariam por se tornar emblemáticas.
A expressão “Rebeliões Nativistas” refere-se às revoltas e tentativas de revoluções
políticas que se desenrolaram em solo brasileiro entre os séculos XVII e XVIII.
Essas rebeliões aconteceram nesse período especialmente porque o sistema
colonial (começado efetivamente em 1530) já estava consolidado no Brasil e a Corte
Portuguesa já conseguia exercer sua autoridade na maior parte do território que
dominava, sobretudo naqueles que se tornaram os grandes polos de atividade
econômica: a Capitania de Pernambuco e a Capitania de Minas Gerais.
Contudo, o estabelecimento pela Coroa de regras e de exigências para os colonos,
como a cobrança de impostos sobre o que se produzia, chocava-se com as
perspectivas dos próprios nativos, que aqui passaram a fazer suas próprias regras,
inclusive, em alguns momentos, articulando-se com outros povos europeus, como
os holandeses e os espanhóis. Esse choque de perspectivas gerou situações
extremas, provocando confrontos e tentativas de instituição de governos paralelos
com autonomia política.
A chamada Aclamação de Amador Bueno, que ocorreu na Capitania de São Paulo,
por exemplo, consistiu em uma tentativa dos bandeirantes paulistas de elegerem o
fazendeiro e também bandeirante, Amador Bueno, governador da referida Capitania
à revelia da Coroa. As razões para tanto vinham das restrições que a Coroa
Portuguesa, após o fim da União Ibérica, passou a impor ao tráfico de índios na
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colônia (uma das atividades mais lucrativas para os bandeirantes) e, sobretudo à


comercialização com os espanhóis por meio das fronteiras na região Sul.
Outro exemplo foi a Revolta de Beckmam, ocorrida em 1684, na cidade de São Luís
do Maranhão. Essa revolta teve como motivo central as exigências de melhorias
nas relações entre Maranhão e a Coroa Portuguesa, que, segundo os revoltosos,
não garantia o devido amparo à região. Os líderes da revolta eram irmãos (Tomás
e Manuel) Beckmam e deram nome ao evento. A rebelião durou cerca de um ano e
foi debelada por tropas portuguesas em 1685.

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Nas primeiras décadas do século XVIII, alguns confrontos tornaram-se notórios e


todos estavam diretas ou indiretamente associados à administração da Coroa
Portuguesa no Brasil. Três deles são notórios e seguem abaixo:

21.1. A Guerra dos Mascates:


Esse conflito ocorreu em meio à situação em que a Capitania de Pernambuco se
encontrava nas décadas que se seguiram após a expulsão dos holandeses em
1654. A situação financeira dos senhores de engenho, cujo centro político estava
na cidade de Olinda, agravava-se, haja vista que os bancos da Holanda que os
financiavam no passado não mais o faziam. Como tinham controle sobre a
autoridade local, a Câmara de Olinda, esses senhores de engenho induziram o
governo a aumentar os impostos que os comerciantes tributavam. A maior parte
desses comerciantes estava em Recife e, em protesto, entre os anos de 1710 e
1711, rebelou-se contra Olinda. Esses comerciantes eram chamados de mascates,
por isso o nome da revolta.

21.2. A Guerra dos Emboabas:


Essa guerra ocorreu dois anos antes da Guerra dos Mascates, porém na Capitania
de Minas de Gerais. Assim como o termo “mascate” era atribuído pejorativamente
aos comerciantes recifenses pelos senhores de Engenho de Pernambuco, o termo
“emboaba” era usado pelos mineiros, em geral bandeirantes paulistas estabelecidos
na Capitania de Minas Gerais, em referência aos estrangeiros que vinham a essa
Capitania à procura de metais preciosos. A Guerra aconteceu, portanto, entre
paulistas e os “emboabas”, tendo solução apenas no ano de 1709.

21.3. A Revolta de Vila Rica:


Essa revolta, conhecida também como Revolta Felipe dos Santos, também ocorreu
na Capitania de Minas Gerais, porém não entre mineiros ou prospectores de metais,
mas entre líderes políticos locais e a autoridade real da Coroa Portuguesa.
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Os motivos da Revolta de Vila Rica (lugar onde o conflito estourou) eram


semelhantes às das outras: a imposição de alta carga tributária (impostos) aos
nativos pela Coroa. O conflito se deu no ano de 1720, e o seu nome secundário
remete a um dos revoltosos, o tropeiro Felipe dos Santos.
A Revolta de Vila Rica, em especial, tornou-se um preâmbulo para as chamadas
Rebeliões Separatistas, como a Inconfidência Mineira.

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22. A ECONOMIA MINERADORA


A descoberta de ouro vai provocar uma profunda mudança na estrutura do Brasil
colonial e auxilia Portugal a solucionar alguns de seus problemas financeiros.
A descoberta dos metais preciosos está relacionada com a expansão bandeirante
entre os séculos XVII e XVIII.
As primeiras descobertas datam do final do século XVII na região de Minas Gerais.
22.1. ADMINISTRAÇÃO DAS MINAS
Para administrar a região mineradora foi criada, em 1702, a Intendência das Minas,
diretamente subordinada a Lisboa. Era responsável pela fiscalização e exploração
das minas. Realizava a distribuição de datas - lotes a serem explorados, e pela
cobrança do quinto (20% do ouro encontrado).
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Apesar do controle metropolitano, a prática do contrabando era muito comum e,


para coibi-la, a Coroa criou no ano de 1720, as Casas de Fundição- transformavam
o ouro bruto (pó ou pepita) em barras já quitadas, ou seja, extraído o quinto
pertencente à Coroa.
A criação das Casas de Fundição gerou violentos protestos, culminando com a
Revolta de Filipe dos Santos.
Quando ocorre o esgotamento da exploração aurífera, o governo português fixa
uma nova forma de arrecadar o quinto: 100 arrobas anuais de ouro por município.

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Para garantir a arrecadação é instituída a derrama - a população completaria as 100


arrobas com seus bens pessoais. Este imposto trará um profundo sentimento de
insatisfação para com a Metrópole.

23. FORMAS DE EXPLORAÇÃO DAS MINAS.


Havia dois tipos de exploração do ouro:

-As lavras: a grande empresa mineradora, com utilização de trabalho escravo,


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ferramentas e aparelhos;

-A faiscação: a pequena empresa, que explorava o trabalho livre ou escravos


alforriados

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24. OS DIAMANTES
As primeiras descobertas de diamantes no Brasil ocorreram em 1729, no
Arraial do Tijuco, atual Diamantina. A dificuldade em se quinta o diamante levou a
Metrópole a criar o Distrito Diamantino - expulsão dos mineiros da região e a
exploração passou a ser privilégio de algumas pessoas - os contratadores - que
pagavam uma quantia fixa para extrair o diamante. Em 1771, o próprio governo
português assumiu a exploração do diamante, estabelecendo a real extração.

25. CONSEQÜÊNCIAS DA MINERAÇÃO


A atividade mineradora no Brasil, como já dissemos, provocou uma alteração na
estrutura colonial, ou seja, provocou mudanças econômicas, sociais, políticas e
culturais.
25.1 - As mudanças econômicas
Para começar, a mineração mudou o eixo econômico da vida colonial - do litoral
nordestino para a região Centro-Sul; incentivou a intensificação do comércio interno,
uma vez que fazia-se necessário o abastecimento da região das minas - aumento
da produção de alimentos e da criação de gado; surgimento de rotas coloniais
garantindo a interligação da região das minas com outras regiões do Brasil. Por
estas rotas, as chamadas tropas de mulas, levavam e traziam mercadorias. Entre
estas mercadorias, destaque para o negro africano, transportado da decadente
lavoura açucareira para a região das minas.
Houve também um enorme estímulo a importação de artigos manufaturados, em
decorrência do aumento populacional e da concentração de riquezas.
25.2 - As mudanças sociais
Como dito acima, houve um enorme aumento populacional nas regiões das minas.
Tal crescimento demográfico altera a composição e estrutura da sociedade. A
sociedade passa a ter um caráter urbano e multiplica-se o número de comerciantes,
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intelectuais, pequenos proprietários, funcionários públicos, artesãos. A sociedade


mineradora passa a apresentar uma certa flexibilidade e mobilidade - algo que não
existia na sociedade açucareira. Inicia-se o processo de uma relativa distribuição de
riquezas.
A sociedade torna-se mais politizada, graças a vinda de imigrantes e, com eles, a
entrada das ideias iluministas- liberdade, igualdade e fraternidade.

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25.3 - As mudanças políticas


A Europa do século XVIII foi marcada pelo movimento filosófico denominado
Iluminismo. As ideias iluministas chegavam ao Brasil pelos imigrantes sedentos pelo
ouro ou trazidas pelos filhos dos grandes proprietários que foram estudar na Europa.
Alguns nomes merecem destaque, como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel
da Costa, Inácio Alvarenga Peixoto, entre outros. Estes nomes estão relacionados
ao primeiro movimento de caráter emancipacionista da história do Brasil: a
Inconfidência Mineira.
25.4 - As mudanças culturais
Toda esta dinâmica econômica, política e social favoreceu uma intensa atividade
intelectual na região das minas. A intensa riqueza extraída das minas também
incentiva a produção cultural, tais como a música (Joaquim Emerico Lobo de
Mesquita, padre José Maurício Nunes Garcia); a literatura (o Arcadismo); a
arquitetura e a escultura. Nesta área destaque para Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho e para mestre Valentim.

26. AS CONTRADIÇÕES DA ECONOMIA MINERADORA


A descoberta do ouro, como dissemos, auxilia Portugal a solucionar alguns de seus
problemas financeiros, principalmente seu saldo devedor para com a Inglaterra.
Em 1703 Portugal assinou com a Inglaterra um acordo denominado Tratado de
Methuen. Através dele, Portugal conseguia benefícios alfandegários para a venda
de vinhos na Inglaterra e ficavam obrigados a comprar manufaturados ingleses sem
qualquer taxa aduaneira. Assim, o Tratado de Methuen vai inibir o desenvolvimento
das manufaturas em Portugal e torná-lo dependente da Inglaterra.
Sendo assim, para pagar os produtos manufaturados que vinham da Inglaterra,
Portugal vai utilizar o ouro encontrado no Brasil. O afluxo de ouro brasileiro para a
Inglaterra contribui para o processo da Revolução Industrial, daí o ditado de que "a
mineração serviu para fazer buracos no Brasil, construir igrejas em Portugal e
enriquecer a Inglaterra".
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27. O RENASCIMENTO AGRÍCOLA


No final do século XVIII, o Brasil conhece um período denominado Renascimento
Agrícola, marcado pela decadência da atividade mineradora e pelo retorno das
atividades agrícolas para o processo de acumulação de capitais.
A seguir os fatores deste renascimento agrícola:
-Esgotamento da exploração aurífera e decadência da região das minas;
-Processo de independência dos EUA (1776);
-Processo da Revolução Industrial na Inglaterra;
-Política de fomento agrícola patrocinada pelo marquês de Pombal.
A partir da Revolução industrial, a Inglaterra aumenta suas necessidades de
algodão - matéria prima para a indústria têxtil; sua principal área fornecedora
declara independência (as treze colônias inglesas), iniciando a guerra de
independência. Foi neste contexto que o Brasil passou a produzir algodão para
atender as necessidades inglesas. O cultivo do algodão será no Maranhão,
utilizando a mão de obra escrava.
Além do algodão, outros produtos merecem destaques neste período: o açúcar, o
cacau e o café.
Para encerrar, uma atividade econômica serviu para a ocupação do interior do
Brasil- assim como a pecuária- trata-se da extração das "drogas do sertão",
guaraná, anis, pimenta, salsaparrilha...
27.1 - A Monarquia Brasileira.
No início do século XIX, a França e a Inglaterra eram países capitalistas industriais,
já Portugal, ainda era um país mercantilista. Sendo assim, Portugal era dependente
da Inglaterra econômica e politicamente. Essa dependência é caracterizada pelo
Tratado de Methuen (Panos e Vinhos), assinado em 1703, o qual consistia no
consumo de têxteis pelos portugueses e no consumo de vinho pelos britânicos.
Nesse período, a França era governada por Napoleão Bonaparte, o qual defendia
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os interesses da burguesia francesa. Deste modo, Napoleão desejava derrubar a


Inglaterra. Os dois países entram em conflito e a Inglaterra vence. Sendo assim, a
França reage.
Foram 14 anos de disputas. A França dominava a terra e a Inglaterra dominava os
mares, isso foi evidenciado pela Batalha de Trafalgar, em 1805 (disputa naval
travada entre a França - juntamente com a Espanha - contra o Reino Unido).
Percebe-se, então, que Napoleão possuía hegemonia sobre todo o continente, com
exceção da Grã-Bretanha. Dessa forma, Napoleão decreta o Bloqueio Continental
(proibição de contato comercial com o Reino Unido pelos países dominados por

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Napoleão) em 1806 em Berlim, a fim de estrangular a economia britânica. Aqueles


países que não respeitassem o Bloqueio Continental eram invadidos pelas tropas
francesas.
27.2 - Como se deu a vinda da Família Real para o Brasil
Como Portugal dependia da Inglaterra econômica e politicamente, o país não
respeitou o Bloqueio Continental. Dessa forma, Lord Strangford (embaixador
inglês) sugeriu a transferência do governo português para o Brasil, já que Portugal
seria invadido pelas tropas napoleônicas. O Príncipe-Regente, D. João, aceitou a
proposta dada por Lord Strangford. Essa estratégia visava assegurar a
independência de Portugal.
Esse acordo fornecia escolta inglesa à Corte Portuguesa e garantia a legitimidade
do governo português. Em contrapartida, fornecia a Ilha da Madeira à Inglaterra
durante o conflito com a França, além da liberdade de comércio com portos
brasileiros.
Para invadir Portugal, a França fez um tratado com a Espanha, chamado Tratado
de Fontainebleau. Este acordo permitia a passagem das tropas francesas pelo
território espanhol e, em troca, os espanhóis poderiam ficar com parte do território
português.
Em novembro de 1807, a Família Real embarca rumo ao Brasil antes da invasão de
Portugal pelas tropas francesas.
27.3 - Chegada da Corte Portuguesa no Brasil e sua estadia
Devido a uma forte tempestade, em 22 de janeiro de 1808 uma parte da Corte
Portuguesa (incluindo D. João) chega em Salvador (Brasil). Também em janeiro de
1808, outra parte chega no Rio de Janeiro. Vale ressaltar que, além da Família Real,
vieram diversas pessoas associadas à Corte.
Logo após a chegada da Família Real no Brasil, o Príncipe-Regente, D. João,
estabelece, no dia 28, através de uma Carta Régia, a Abertura dos Portos às
Nações Amigas. Esse fato marcou o rompimento do Pacto Colonial, pois extinguia
a exclusividade de comércio com Portugal. A Abertura dos Portos às Nações
Amigas favoreceu a Inglaterra, pois aumentava o seu mercado consumidor (a
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Inglaterra defendia o livre-cambismo). Em março de 1808, a Corte Portuguesa foi


instalada no Rio de Janeiro.
Em 1º de abril de 1808, D. João estabeleceu o Alvará de Liberdade Industrial, que
permitia o estabelecimento de manufaturas e indústrias no Brasil. No entanto, essa
tentativa de instalar manufaturas e indústrias não funcionou, pois não havia
mecanismos de proteção da produção brasileira e havia uma forte economia
agroexportadora escravista.

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HISTÓRIA DO BRASIL

Durante a estadia da Família Real no Brasil, diversos brasileiros foram despejados


para abrigar a Corte, o que gerou insatisfação popular. Além disso, a Corte
Portuguesa trouxe diversos livros, obras de arte, documentos, riquezas, entre outros
artigos.
27.4 - Medidas culturais tomadas por D. João
A vinda da Família Real para o Brasil trouxe diversas medidas culturais, as quais
foram tomadas por D. João durante o Período Joanino. Dentre elas:
A criação do Museu Nacional;
A criação da Biblioteca Real;
A criação da Escola Real de Artes;
A criação do Teatro Real de São João;
A criação do Observatório Astronômico;
A criação do Jardim Botânico;
A criação de cursos; e
A Missão Artística Francesa, que incentivou o desenvolvimento das artes.
27.5 - Tratados de 1810
Por conta do Bloqueio Continental, a Inglaterra utilizava o Brasil para escoar suas
mercadorias armazenadas. Essas mercadorias eram completamente
desnecessárias para o Brasil, como roupas inviáveis para os trópicos, espartilhos,
candelabros e, até mesmo, patins de gelo.
Em junho de 1808, as taxas sobre as mercadorias foram reajustadas: 16% de taxa
para as mercadorias portuguesas e 24% de taxa para as mercadorias das Nações
Amigas. Essa medida foi tomada para corrigir a diferença que desfavorecia
Portugal.
Após essa medida, os ingleses reivindicaram por seus benefícios. Dessa forma, os
ingleses e portugueses estabeleceram os Tratados de 1810 (o Tratado de
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Comércio e Navegação, o Tratado de Amizade e Aliança e o Tratado dos


Paquetes). Esses Tratados têm como principais características:
O direito de extraterritorialidade: ingleses que cometessem crimes em territórios
portugueses seriam julgados conforme a lei inglesa; A liberdade religiosa para os
ingleses, além da garantia de que a Inquisição não seria estabelecida no Brasil;
15% de taxa para as mercadorias inglesas; Abolição do tráfico de negros. Os
Tratados de 1810 têm como principais consequências:

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A aniquilação da burguesia portuguesa mercantil em relação ao comércio com o


Brasil;
O atraso no desenvolvimento industrial brasileiro; O domínio britânico sobre
Portugal. Brasil elevado a Reino Unido
Em 1814, os membros do Congresso de Viena estavam redefinindo o mapa que
foi muito modificado pela expansão de Napoleão e pela Revolução Francesa.
Dessa forma, recomendavam o retorno da Família Real a Portugal para que o
governo fosse legítimo. No entanto, Talleyrand, membro do Congresso, sugeriu a
elevação do Brasil a Reino Unido para que a Corte permanecesse em território
brasileiro e seu governo fosse legítimo. Em 16 de dezembro de 1815, D. João
criou, por meio de uma Carta Régia, o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
27.6 - Retorno a Portugal
Após alguns meses da invasão de Portugal pelas tropas francesas, os ingleses
derrotaram e expulsaram os franceses do território português.
Em 1821, D. João VI (D. João se tornou D. João VI, pois ele se tornou rei após a
morte de sua mãe, D. Maria I) retornou à Portugal devido à Revolução Liberal do
Porto que ocorreu em 1820. O filho de D. João VI, D. Pedro, permaneceu no Brasil
como Príncipe-Regente. Durante a regência de seu filho ocorre o processo de
Independência do Brasil.
Consequências da Vinda da Família Real para o Brasil
A principal consequência da vinda da Família Real para o Brasil foi a antecipação
do processo de Independência do Brasil.

27.7 - O Primeiro Reinado (1822/1831)


O Primeiro Reinado é caracterizado pela organização do
Estado Nacional Brasileiro, que pode ser
dividido nas seguintes etapas: as guerras de
independência, o reconheci- mento externo de
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nossa independência, a elaboração da


primeira Constituição e a abdicação de D. Pedro I.

27.8 - As guerras de independência


Para garantir a independência e manter a unidade territorial D. Pedro I teve que
enfrentar a resistência de algumas províncias, governadas por portugueses e que
se mantiveram leais às Corte portuguesas. As províncias foram a Bahia, Pará, Piauí
e Maranhão.

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Outra província que se opôs foi a Cisplatina. A guerra da Cisplatina, que se iniciou
em 1823, só terminou em 1828 com a proclamação de sua independência (é o atual
Uruguai).
As guerras de independência contrariam a visão tradicional de que a independência
brasileira foi pacífica. Em virtude da ausência de um exército nacional organizado,
as guerras de independência contaram com o apoio das milícias civis - com forte
participação popular- e auxílio de mercenários ingleses e franceses, destacando-se
Lord Cochrane, John Grenfell, John Taylor e Pierre Labatut.
Com a derrota das forças militares contrárias à independência a unidade territorial
foi mantida e D. Pedro I coroado imperador em dezembro de 1822.
28. O reconhecimento da independência
O primeiro país a reconhecer oficialmente a independência do Brasil foram os
Estados Unidos da América, no ano de 1824. O reconhecimento deu-se
obedecendo os princípios da Doutrina Monroe, que pregava e defendia a não
intervenção da Europa - através da Santa Aliança- nos assuntos americanos. "A
América para os americanos" era o lema da Doutrina Monroe. Desta forma, os
Estados Unidos da América garantiam sua supremacia política na região.
No ano de 1825 foi a vez de Portugal reconhecer a independência de sua antiga
colônia. A Inglaterra atuou como mediadora entre o Brasil e Portugal. Em troca do
reconhecimento, Portugal exigiu uma indenização de dois milhões de libras, que
auxiliariam o Reino lusitano a saldar parte de suas dívidas com os britânicos. Como
o Brasil não possuía este montante, a Inglaterra tratou de emprestar. Assim, o
dinheiro exigido por Portugal nem saiu da Inglaterra e, de quebra, o Brasil tornou-
se seu dependente financeiro.
Graças à mediação inglesa no reconhecimento de nossa independência, esta
obteve importantes regalias comerciais com a assinatura de um tratado, no ano de
1827, que reafirmava os tratados de 1810. O acordo garantia tarifas alfandegárias
preferenciais aos produtos ingleses, o que prejudicou o desenvolvimento econômico
brasileiro. O novo acordo estabelecia a extinção do tráfico negreiro - clausula que
não foi concretizada.
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Assim, o Brasil continuava a ser um exportador de produtos primários, importador


de produtos manufaturados e dependente financeiramente da Inglaterra.

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29. A Organização jurídica do Estado Brasileiro


Após a independência do Brasil, tornou-se necessário organizar o novo Estado,
através de uma Constituição. Neste momento, a vida política no novo país estava
dividida em dois grupos. O Partido Português, que articulava a recolonização do
Brasil, e o Partido Brasileiro, dividido em duas facções: os conservadores, liderados
pelos irmãos Andrada e que defendiam uma monarquia fortemente centralizada; e
os liberais, que defendiam uma monarquia onde os poderes do rei fossem limitados.
No ano de 1823, uma Assembleia Constituinte - composta por 90 deputados -
apresentou um projeto constitucional que mantinha a escravidão, restringia os
poderes do imperador e instituía o voto censitário: o eleitor ou o candidato teria de
comprovar um determinado nível de renda. A renda seria avaliada pela quantidade
anual de alqueires de mandioca produzidos. Dado a isto, este projeto constitucional
ficou conhecido como a "Constituição da Mandioca".
Não gostando de ter os seus poderes limitados, D. Pedro I fechou a Assembleia
Constituinte. Procurando impedir sua dissolução, a Assembleia ficou reunida na
noite de 11 para 12 de novembro, episódio conhecido como Noite da Agonia.
Dissolvida a Assembleia, D. Pedro convocou um grupo de dez pessoas - Conselho
de Estado - que ficou encarregado de elaborar um novo projeto constitucional. O
projeto será aprovado em 25 de março de 1824.

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30. A CONSTITUIÇÃO DE 1824.

Os principais aspectos da primeira Carta do Brasil:


- Estabelecimento de uma monarquia hereditária;
- Instituição de quatro poderes: poder Executivo, exercido pelo imperador e seus
ministros; poder Legislativo, exercido por deputados eleitos por quatro anos e
senadores nomeados em caráter vitalício; poder Judiciário, formado por juízes e
tribunais, tendo como órgão máximo o Supremo Tribunal de Justiça e o poder
Moderador, de atribuição exclusiva do imperador e assessorado por um Conselho
de Estado. Pelo poder Moderador, o imperador poderia interferir nos demais
poderes. Na prática, o poder político do imperador era absoluto;
- O país foi dividido em províncias, dirigidas por governadores nomeados pelo
imperador;
- O voto era censitário, tendo o eleitor ou candidato de comprovar uma determinada
renda mínima; o voto seria a descoberto (não secreto);
- Eleições indiretas;
- Oficialização da religião católica e subordinação da Igreja ao controle do Estado.
- Assim, a Constituição outorgada em 1824, impedia a participação política da
maioria da população e concentrava os poderes nas mãos do imperador, através
do exercício do poder Moderador.
O excessivo autoritarismo do imperador, explicitado com o fechamento da
Assembleia Constituinte e com a outorga da Constituição centralizadora de 1824,
provocaram protestos em várias províncias brasileiras, especialmente em
Pernambuco, palco da primeira manifestação do Primeiro Reinado. Trata-se da
Confederação do Equador.
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31. A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR.


O nordeste brasileiro, no início do século XIX, encontrava-se em grave crise
econômica. Somada aos ideais revolucionários de 1817 (Revolução
Pernambucana) ocorre em Pernambuco um movimento republicano, de caráter
separatista e popular.
Entre os líderes do movimento temos as figuras de Manuel de Carvalho Pais de
Andrade, Cipriano Barata, padre Gonçalves Mororó e Frei Caneca. O movimento
recebeu apoio de outras províncias nordestinas (Rio Grande do Norte, Ceará e

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Paraíba). Os rebeldes proclamaram a independência e fundaram uma república,


denominada Confederação do Equador (dada à localização geográfica das
províncias rebeldes, próximas à linha do Equador) e adotaram, de forma provisória,
a Constituição da Colômbia.
A repressão ao movimento, determinada pelo imperador, foi violenta e seus
principais líderes condenados à morte.

32. A Abdicação de D. Pedro I


Vários foram os fatores que levaram à abdicação de D. Pedro I. O Primeiro Reinado
apresentava uma difícil situação financeira em decorrência da balança comercial
desfavorável, contribuindo para as altas taxas inflacionárias.
Um grande descontentamento em relação à figura do imperador, em virtude de seu
autoritarismo, como o fechamento da Assembléia
Constituinte, a imposição da Constituição de 1824, a repressão à Confederação do
Equador.
Contam-se ainda, a desastrosa Guerra da Cisplatina e a participação do imperador
na sucessão do trono português.
A imprensa brasileira inicia uma série de críticas ao governo imperial, resultando no
assassinato do jornalista Líbero Badaró, grande opositor de D. Pedro I.
No ano de 1831, em Minas Gerais, o imperador enfrentou sérias manifestações,
sendo recebido com faixas negras em sinal de luto pela morte do jornalista.
Retornando à capital do Império, seus partidários promoveram uma festa em
homenagem ao imperador, desagradando a oposição e ao povo. Inicia-se uma luta
entre partidários e opositores ao imperador, denominada "Noite das Garrafadas".
Após sucessivas mudanças ministeriais, procurando conter as manifestações, D.
Pedro I abdicou, na madrugada de 7 de abril de 1831, em favor de seu filho D. Pedro
de Alcântara.
Em Portugal, após enfrentar o irmão D. Miguel, será coroado rei de Portugal, com o
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título de Pedro IV.


A abdicação de D. Pedro I consolidou o processo de independência, ao afastar o
fantasma da recolonização portuguesa. Daí, nos dizeres de Caio Prado Jr., "o 7 de
abril, completou o 7 de setembro".
Como seu legítimo sucessor possuía apenas cinco anos de idade, inicia-se um
período político denominado Período Regencial.

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33. O Período Regencial (1831/1840)

O Período Regencial foi um dos mais conturbados da história brasileira. Dada a


menoridade do sucessor ao trono, o país foi governado por regentes, que, segundo
a Constituição de 1824, seriam eleitos pela Assembléia Geral. Durante as regências
haverá três correntes políticas: os Moderados ou Chimangos, que representavam a
aristocracia rural; os Restauradores ou Caramurus, composto por comerciantes
portugueses e pela burocracia estatal; os Exaltados ou Farroupilhas que
representavam as camadas médias urbanas.
Os Moderados defendiam uma monarquia moderada, os Restauradores pregavam
a volta de D. Pedro I e os Exaltados exigiam uma maior autonomia das províncias.
Os mais radicais, entre os exaltados, pediam o fim da Monarquia e a proclamação
de uma República.

34. A ORGANIZAÇÃO DAS REGÊNCIAS.


Regência Trina Provisória (abril a junho de 1831)
Composta por Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, José Joaquim Carneiro de
Campos e Francisco de Lima e Silva. O principal ato dos regentes foi a promulgação
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da Lei Regencial, que suspendia temporariamente o exercício do poder Moderador.

34.1 - Regência Trina Permanente (1831/1835)


Composta por Francisco de Lima e Silva, José da Costa Carvalho e Bráulio Muniz.
O ministro da Justiça foi o padre Diogo Antônio Feijó, que criou a Guarda Nacional;
uma milícia armada formada por pessoas de posses, que se transformou no
principal instrumento de repressão da aristocracia rural, para conter os movimentos

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populares. O comando da Guarda Nacional nos municípios era entregue ao coronel,


patente vendida aos grandes proprietários de terras, que assumiam, localmente, as
funções do Estado, garantindo a segurança e a ordem.
No ano de 1832, foi aprovado o Código do Processo Criminal, que concedia aos
municípios uma ampla autonomia judiciária. Esta autonomia será utilizada para
garantir a imunidade aos grandes proprietários de terras.
No ano de 1834, procurando atenuar as disputas políticas entre exaltados e
moderados, foi elaborado o Ato Adicional, que estabelecia algumas alterações na
Constituição de 1824. A seguir, as emendas à Constituição de 1824:
-A criação das Assembléias Legislativas Provinciais, substituindo os Conselhos
Provinciais e garantindo uma maior descentralização administrativa;
-A extinção do Conselho de Estado, que assessorava o imperador no exercício do
poder Moderador;
-Criação do Município Neutro do Rio de Janeiro, sede da administração central;
-Substituição da Regência Trina pela Regência Una, eleita pelas assembléias de
todo país. O mandato do regente seria de quatro anos. Semelhante medida é tida
como uma experiência republicana.
O Ato Adicional é visto como um avanço das idéias liberais visando garantir uma
maior autonomia aos poderes locais.
No ano de 1835 o padre Feijó foi eleito regente uno.

35. A REGÊNCIA UNA DE FEIJÓ (1835/1837)


Durante a regência de Feijó a uma reorganização dos grupos políticos. O grupo
Moderado divide-se em progressistas, defensores da autonomia provincial, e os
regressistas, que pregavam uma maior centralização política, para enfrentar os
movimentos populares. Os progressistas criaram o Partido Liberal, e os regressistas
o Partido Conservador. CIOPEM CURSOS E CONCURSOS

Durante a regência de Feijó ocorrerá dois importantes levantes regenciais - a


Cabanagem na província do Pará e a Guerra dos Farrapos, na província do Rio
Grande do Sul.
Mostrando incapacidade para conter as revoltas, Feijó sofre grande oposição
parlamentar sendo obrigado a renunciar em 1837.

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36. A REGÊNCIA UNA DE ARAÚJO LIMA (1837/1840)


Araújo Lima era presidente da Câmara e partidário dos Conservadores. Sua
regência é de caráter conservador. Os movimentos populares eram atribuídos às
reformas liberais do Ato Adicional. Procurando restaurar a ordem no país, o Ato
Adicional foi alterado, mediante a aprovação, no ano de 1840, da Lei Interpretativa
do Ato Adicional, que suprimia a autonomia das províncias e garantia a
centralização política.
No ano de 1840 foi fundado o Clube da Maioridade, que defendia a antecipação da
maioridade do imperador. Segundo os membros do Clube, a presença do imperador
contribuiria para cessar os movimentos populares.
Em julho de 1840, após a aprovação de uma emenda constitucional - que
antecipava a maioridade do imperador - D. Pedro II foi coroado imperador do Brasil.
Este episódio é conhecido como Golpe da Maioridade (D. Pedro tinha, na ocasião
15 anos).
36.1 - As Rebeliões Regenciais.
O período regencial foi marcado por uma grande instabilidade política, devido aos
conflitos entre a própria elite dirigente - os liberais e os conservadores - e das
camadas populares contra esta elite dirigente.
Após a independência, tornou-se necessária a organização do Estado Nacional
que, como vimos, manteve as estruturas socioeconômicas herdadas do período
colonial: o latifúndio monocultor e escravocrata, mantendo a economia nacional
voltada para atender as necessidades do mercado externo. Tal quadro veio agravar
a situação das camadas populares que passaram, por meio das rebeliões, a
questionar a estrutura do novo Estado e a propor um novo modelo- daí as propostas
separatistas e republicanas.
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37. A CABANAGEM (PARÁ- 1835/1840)


Um dos mais importantes movimentos sociais ocorridos na história do Brasil,
marcado pelo controle do poder político pelas camadas populares.
A população do Pará vivia em um estado de penúria, e sua esmagadora maioria
vivia em cabanas, à beira dos rios, em condições de absoluta miséria.
O início do levante está ligado às divergências, no interior da elite dirigente, em
torno da nomeação do presidente da província. A revolta contou com apoio da

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população pobre - insatisfeita com as péssimas condições de vida e contra os


privilégios das oligarquias locais.

Em 06 de janeiro de 1835, os cabanos dominam a capital da província e ocupam o


poder. Estabelecem um governo autônomo e de caráter republicano. Entre os
principais líderes encontravam-se o cônego Batista Campos, os irmãos Antônio e
Francisco Vinagre, Eduardo Angelim e o fazendeiro Clemente Melcher- proclamado
o novo presidente da província.
A Cabanagem foi um movimento essencialmente popular. Em virtude de traições
ficou enfraquecido, facilitando a repressão pelas forças regenciais. A primeira
rebelião popular da história brasileira terminou com um saldo de mais de 40.000
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mortes, em população de aproximadamente 100.000 pessoas.

38. A GUERRA DOS FARRAPOS (RIO GRANDE DO SUL- 1835/1845)

A revolução farroupilha foi a mais longa que já ocorreu na história brasileira. O


movimento possui suas raízes na base econômica da região. A economia gaúcha
desenvolveu-se para atender as necessidades do mercado interno - a pecuária e a
comercialização do charque.

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Os fazendeiros de gado gaúcho, denominados estancieiros, se revoltaram contra a


elevação dos impostos sobre o charque, impedindo de competir com o charque
argentino- que era privilegiado com tarifas alfandegárias menores

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Os estancieiros reivindicavam uma maior autonomia provincial. Os farroupilhas -


que pertenciam ao Partido Exaltado, em sua maioria republicanos; liderados por
Bento Gonçalves ocuparam Porto Alegre - no ano de 1835 - e em 1836 proclamaram
a República de Piratini.
Em 1839, com o auxílio do italiano Giuseppe Garibaldi e Davi Canabarro
proclamaram a República Juliana, região de Santa Catarina.
Com o golpe da maioridade, em 1840, D. Pedro II; procurando pacificar a região,
prometeu anistia aos revoltosos - medida que não surtiu efeito. Em 1842 foi enviado
à região Luís Alves de Lima e Silva - o barão de Caxias - para dominar a região. Em
1845 foi assinado um acordo de paz - Paz de Ponche Verde - entre Caixas e
Canabarro, que entre outras coisas estabelecia anistia geral aos rebeldes,
libertação dos escravos que lutaram na guerra e taxação de 25% sobre o charque
platino.
O termo "farrapos" foi uma alusão à falta de uniforme dos participantes da rebelião.

39. A SABINADA (BAHIA - 1837/1838)


Movimento liderado pelo médico
Francisco Sabino Barroso, contrário
à centralização política patrocinada
pelo governo regencial.
Foi proclamada uma república
independente até que D. Pedro II
assumisse o trono imperial.
O governo central usou da violência
e controlou a rebelião, que ficou
restrita à participação da camada
média urbana de Salvador.
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40. A BALAIADA (MARANHÃO - 1838/1841)


Movimento de caráter popular
que teve como líderes
Raimundo Gomes, apelidado
de "Cara Preta"; Manuel dos Anjos
Ferreira, fabricante de cestos e
conhecido como "Balaio"
e Cosme Bento, líder de
negros foragidos.

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A grave crise econômica do Maranhão e a situação miserável da população,


provocou uma rebelião contra a aristocracia local. Os rebeldes ocuparam a cidade
de Caxias e procuraram implantar um governo próprio. A repressão regencial foi
liderada por Luís Alves de Lima e Silva, que recebeu o título de "barão de Caxias"
pelo sucesso militar.
Houve ainda um outro levante, que durou apenas dois dias, mas tem grande
importância, por tratar-se de uma rebelião de escravos. Trata-se da Revolta dos
Negros Malês, ocorrida na Bahia, no ano de 1835. Os negros malês eram de religião
muçulmana, e se rebelaram contra a opressão dos senhores brancos. Com gritos
de "morte aos brancos, viva os nagôs", espalharam pânico pela região. A repressão
foi muito violenta.
41. O Segundo Reinado (1840/1889)
41.1 - Política interna
A vida política nacional, ao longo do Segundo Reinado, foi marcada pela atuação
de dois partidos políticos: o Partido Conservador e o Partido Liberal. Os dois
partidos representavam a classe dominante, defendiam a monarquia e a
manutenção da mão-de- obra- escrava. Por isto, não apresentavam divergências
ideológicas, justificando uma frase muito comum na época: "Nada mais parecido
com um conservador do que um liberal no poder, e nada mais parecido com um
liberal do que um conservador no poder".
41.2 - Evolução Politica
O primeiro ministério do Segundo Reinado era composto por liberais, que apoiaram
o golpe da Maioridade. Funcionou de 1840 a 1841 e ficou conhecido como
"Ministério dos Irmãos", sendo formado pelos irmãos Cavalcanti, Coutinho e
Andrada. O gabinete ministerial sofria oposição da Câmara, formada, na sua maioria
por conservadores. Diante desta situação, a Câmara de Deputados foi dissolvida e
marcada novas eleições.

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Para garantir uma maioria de deputados liberais, os membros do Partido Liberal,


usando de violência, fraudaram as eleições e garantiram a maioria parlamentar. Tal
episódio é conhecido como "eleições do cacete".
Os conservadores reagiram e exigiram que o imperador dissolvesse a Câmara que
havia sido eleita nas "eleições do cacete". D. Pedro II demitiu o ministério liberal,
nomeou um ministério conservador e marcou novas eleições - também marcadas
pelas fraudes.
A vitória dos conservadores e o avanço de medidas centralizadoras provocaram
uma reação dos liberais, em São Paulo e Minas Gerais - a chamada Revolta Liberal
de 1842.
Em 1844 o imperador demitiu o gabinete conservador e nomeou um gabinete liberal,
cuja principal decisão foi a criação da tarifa Alves Branco (1844), que extinguiu as
taxas preferenciais aos produtos ingleses; no ano de 1847 foi criado o cargo de
presidente do Conselho de Ministros, implantando o parlamentarismo no Brasil.
41.3 - O PARLAMENTARISMO ÀS AVESSAS
O parlamentarismo é um regime político onde o partido que detém a maioria no
Parlamento indica o primeiro-ministro, que é o chefe de governo e comanda o poder
Executivo. Desta forma, o Executivo fica subordinado ao Legislativo.
No Brasil, ao contrário, o primeiro-ministro era escolhido pelo imperador. Se a
Câmara não tivesse uma maioria de parlamentares do partido do ministério adotado,
ela seria dissolvida e novas eleições eram marcadas, o que tornava o Legislativo
refém do Executivo.

42. A REVOLUÇÃO PRAIEIRA (PERNAMBUCO- 1848/1850)


Movimento que ocorreu na província de Pernambuco, e está relacionado aos
levantes liberais de 1848, período conhecido como Primavera dos Povos.
As causas do movimento podem ser encontradas no controle do poder político pela
família dos Cavalcanti e no monopólio do comércio exercido pelos estrangeiros,
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principalmente portugueses e que não empregavam trabalhadores brasileiros,


desenvolvendo um forte sentimento antilusitano.
O porta-voz da rebelião era o Diário Novo, jornal dos liberais que estava instalado
na Rua da Praia - daí a denominação de praieiros aos rebeldes - que no ano de
1848 publicou o "Manifesto ao Mundo", redigido por Borges da Fonseca. O
manifesto, fortemente influenciado pelas idéias do socialismo utópico, reivindicava
o voto livre e universal, a liberdade de imprensa, autonomia dos poderes,
liberdade de trabalho, federalismo, nacionalização do comércio varejista, extinção
do poder Moderador e do Senado vitalício e a abolição do trabalho escravo.

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Entre as lideranças do movimento, que contou com forte apoio popular, encontram-
se Nunes Machado e Pedro Ivo. Embora reprimida com muita facilidade foi um
movimento contra a aristocracia fundiária e está inserida no quadro geral das
revoluções populares que ocorreram na Europa de 1848.

43. Política externa


A política externa brasileira, durante o Segundo Reinado, foi marcada por conflitos
na região do Prata - responsáveis pela Guerra do Paraguai e por atritos diplomáticos
com a Inglaterra, gerando a chamada Questão Christie.

44. A QUESTÃO CHRISTIE (1863)


A influência da Inglaterra no Brasil está presente desde antes da nossa
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independência. Com a assinatura dos tratados de 1810, a Inglaterra ganha


privilégios econômicos. Com a independência do Brasil, em 1822, a Inglaterra
impõe, como forma de reconhecer a independência, a renovação dos tratados de
1810. Ademais, o Brasil era dependente financeiramente da Grã-Bretanha.
Durante o Segundo Reinado, as relações entre Brasil e Inglaterra conhece
sucessivos atritos que culminaram com o rompimento das relações diplomáticas
entre os dois países.

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As hostilidades entre Brasil e Inglaterra começaram em 1844, com a aprovação da


tarifa Alves Branco, que acabou com as vantagens comerciais que a Inglaterra tinha
no Brasil.
A resposta do governo britânico foi a aprovação do Bill Aberdeen, decreto que
proibia o tráfico negreiro e outorgava o direito, aos ingleses, de aprisionar qualquer
navio negreiro.
Respondendo às pressões inglesas, no ano de 1850 foi promulgada a Lei Euzébio
de Queiróz, que extinguia definitivamente o tráfico negreiro no Brasil.
No ano de 1861, o navio inglês Prince of Wales afundou nas costas do Rio Grande
do Sul e sua carga foi pilhada. O embaixador inglês no Brasil, William Christie, exigiu
uma indenização ao governo imperial.

No ano de 1862, marinheiros britânicos embriagados foram presos no Rio de


Janeiro e o embaixador Christie exigiu a demissão dos policiais e desculpas oficiais
do governo brasileiro à Inglaterra.
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O Brasil recusou-se a aceitar as exigências de Christie. Alguns navios brasileiros


foram aprisionados pela Inglaterra; o governo brasileiro pagou a indenização
referente ao roubo da carga do navio inglês naufragado.
Em 1863, sob a mediação de Leopoldo I, rei de Bélgica, ficou estabelecido que a
Inglaterra deveria pedir desculpas ao governo brasileiro, pelo ocorrido com os
marinheiros na cidade do Rio de Janeiro. Diante da negativa da Inglaterra, D. Pedro
I resolveu romper relações diplomáticas com a Inglaterra.

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45. AS CAMPANHAS BRASILEIRAS NO PRATA.


Entre 1851 e 1870, o governo brasileiro realiza intervenções militares na região
platina - formada pela Argentina, Uruguai e Paraguai. Os motivos destas
intervenções eram as disputas territoriais, a tentativa de impedir a formação de um
Estado poderoso e rival e garantir a livre navegação nos rios da bacia do Prata
(Paraná, Paraguai e Uruguai).
45.1 - Campanha contra Oribe (1851)
O Uruguai possuía dois partidos políticos: o Blanco, liderado por Manuel Oribe,
aliado dos argentinos; e o Colorado, liderado por Frutuoso Rivera, apoiado pelo
Brasil.
A aliança entre Manuel Oribe, então presidente do Uruguai, com o governo
argentino de Juan Manuel Rosas, trouxe à tona a ideia de restauração do antigo
vice-reinado do Prata. Procurando garantir a livre navegação no rio da Prata, D.
Pedro II envia uma tropa militar - sob o comando de Caxias. Esta tropa recebe o
apoio das tropas militares de Rivera que, juntas, depuseram Manuel Oribe do poder.
45.2 - Campanha contra Rosas (1851)
Como Rosas apoiava os blancos, o governo imperial organizou uma expedição e
invadiu a Argentina. Os brasileiros venceram, na batalha de Monte Caseros,
depuseram Rosas e, em seu lugar colocaram o General Urquiza, auxiliar do Brasil
na campanha contra Oribe.
No ano de 1864 outro conflito na região, desta vez envolvendo o Paraguai.

46. A GUERRA DO PARAGUAI (1864/1870).

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O Paraguai se constituiu em uma exceção na América Latina, durante o século XIX,


em virtude de seu desenvolvimento econômico autônomo. Durante os governos de
José Francia (1811/1840) e Carlos López (1840/1862) houve um relativo progresso
econômico, com construção das estradas de ferro, sistema telegráfico eficiente,
surgimento das indústrias siderúrgicas, fábricas de armas e a erradicação do
analfabetismo.
As atividades econômicas essenciais eram controladas pelo Estado e a balança
comercial apresentava saldos favoráveis, garantindo a estabilidade da moeda,
criando as condições para um desenvolvimento autossustentável, sem recorrer ao
capital estrangeiro.
Solano Lopes, presidente do Paraguai a partir de 1862, inicia uma política
expansionista, procurando ampliar o território paraguaio. O objetivo desta política
era conseguir acesso ao oceano Atlântico, para garantir a continuidade do
desenvolvimento econômico da nação. A expansão territorial do Paraguai deu-se
com a anexação de regiões da Argentina, do Uruguai e do Brasil.
Ademais, a Inglaterra não via com bons olhos o desenvolvimento autônomo do
Paraguai, achando necessário destruir este modelo econômico.
No ano de 1864, o governo paraguaio aprisionou o navio brasileiro Marquês de
Olinda, e invadiu o mato Grosso, levando o Brasil a declarar guerra ao Paraguai.
Em 1865 é formada a Tríplice Aliança, união das forças brasileiras, argentinas e
uruguaias contra o Paraguai.

47. PRINCIPAIS BATALHAS


Batalha de Riachuelo e a batalha de Tuiuti, onde as forças paraguaias foram
derrotadas; após a nomeação de Caxias no comando das tropas brasileiras (no
lugar do general Osório), houve sucessivas vitórias nas batalhas de Humaitá,
Itororó, Avaí, Lomas Valentinas e Angostura. Solano López foi morto em 1870, na
batalha de Cerro Corá. CIOPEM CURSOS E CONCURSOS

48. CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA DO PARAGUAI.


A guerra serviu para destruir o modelo econômico do Paraguai, tornando-o um dos
países mais pobres do mundo, sua população sofreu uma drástica redução (cerca
de 75% dela morreu na guerra).
Para o Brasil, a participação na guerra contribuiu para o aumento da dívida externa
e a morte de aproximadamente 40 mil homens.

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A Inglaterra foi a grande beneficiada com a guerra, pois acabou com a experiência
econômica do Paraguai na região, e seus empréstimos reafirmaram a dependência
financeira do Brasil, Argentina e Uruguai.
A guerra do Paraguai marca o início da decadência do Segundo Reinado, em razão
do fortalecimento político do Exército, que se torna um foco abolicionista e
republicano.
49. Economia do Segundo Reinado.
Durante o Segundo Reinado houve uma diversificação das atividades econômicas,
muito embora o modelo econômico estivesse voltado para atender as necessidades
do mercado externo.
O cacau e a borracha ganharam destaque na produção agrícola. O surto da
borracha - Pará e Amazonas - levou o Brasil a dominar 90% do comércio mundial.
Porém, o principal produto de exportação brasileira será o café.
49.1 - Café: expansão e modernização.
O café foi introduzido no Brasil, por volta de 1727, por Francisco de Mello Palheta.
A partir de 1760 o produto passou a Ter uma importância comercial, sendo utilizado
para a exportação. Inicialmente no Rio de Janeiro, no vale do Paraíba e,
posteriormente o Oeste paulista.
No vale do Paraíba, as fazendas de café eram estruturadas de forma tradicional, ou
seja, grandes propriedades que utilizavam a mão- de-obra escrava. O esgotamento
do solo e a escassez de terras contribuíram para a decadência da produção na
região. Em contrapartida, a expansão do mercado consumidor internacional
favoreceu a expansão do cultivo do café para o Oeste paulista.
A economia cafeeira foi responsável pelo processo de modernização econômica do
século XIX: desenvolvimento urbano, dos meios de transportes (ferrovias e portos),
desenvolvimento dos meios de comunicação (telefone e telégrafo), a substituição
do trabalho escravo pelo trabalho livre e o surto industrial.
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50. Substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado.


A crise do escravismo brasileiro está relacionada a uma série de fatores, entre
os quais, as pressões inglesas sobre o tráfico negreiro e a expansão da
atividade cafeeira, trazendo a necessidade de ampliar a força de trabalho.
Com a extinção do tráfico negreiro em 1850- lei Euzébio de Queiróz- os
fazendeiros de café tiveram que encontrar uma solução para suprir a falta de
mão-de-obra; esta solução será a importação de imigrantes europeus.
O pioneiro em recrutar imigrantes europeus foi um grande fazendeiro da região
de Limeira, em São Paulo, o senador Nicolau de Campos Vergueiro, que trouxe
para a sua fazenda famílias da Suíça e da Alemanha, iniciando o chamado
sistema de parceria.
51. O sistema de parceria.
O fazendeiro custeava o transporte dos imigrantes europeus até suas fazendas
e estes, por sua vez, pagariam os fazendeiros com trabalho. O trabalho consistia
no cultivo do café e gêneros de subsistência, entregando ao fazendeiro boa parte
da produção (dois terços).
O regime de parceria não obteve sucesso, em razão dos elevados juros
cobrados sobre as dívidas assumidas pelos colonos para trabalharem no Brasil,
os maus tratos recebidos e o baixo preço pago pelo café cultivado.
Diante do fracasso do sistema e das revoltas de colonos, outras formas de
estímulo à vinda de imigrantes formam adotados.
A imigração subvencionada substituiu o sistema de parcerias. Nela, o Estado
pagava os custos da viagem do imigrante europeu e regulamentava as relações
entre os fazendeiros e os colonos.
Os grandes "importadores" de imigrantes foram a Itália e a Alemanha, países
que passavam por guerras, em virtude do processo de unificação política.
A consolidação do trabalho livre e assalariado fortaleceu o mercado interno
brasileiro e criou condições para o desenvolvimento industrial.
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Com a extinção do tráfico negreiro e a entrada maciça de imigrantes europeus,


abriu-se a possibilidade do desenvolvimento da chamada economia familiar:
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pequenas propriedades, voltadas para o abastecimento do mercado interno.


Pressionado pela aristocracia rural, o governo imperial aprovou, em 1850, a
chamada Lei das Terras, determinando que as terras públicas só poderiam
tornar-se privadas mediante a compra. Dado ao preço elevado das terras,
pessoas de poucos recursos não tinham acesso, evitando desvio de mão-de-
obra para outras atividades que não fossem o setor agroexportador.

52. O surto industrial.


O desenvolvimento industrial brasileiro está relacionado com a promulgação, em
1844 da tarifa Alves Branco, que aumentou as taxas alfandegárias sobre os
artigos importados; o fim do tráfico negreiro foi um fator que também favoreceu
o florescimento industrial, pois os capitais destinados ao comércio de escravos
passaram a ser empregados em outros empreendimentos e, com a vinda dos
imigrantes e da consolidação do trabalho assalariado, houve uma ampliação do
mercado consumidor.
O maior destaque industrial do período foi, sem dúvida nenhuma, Irineu
Evangelista de Souza, o barão de Mauá. Dirigiu inúmeros empreendimentos, tais
como bancos, companhias de gás, companhias de navegação, estradas de ferro,
fundição, fábrica de velas. No campo das comunicações, trabalhou na instalação
de um cabo submarino ligando o Brasil à Europa.
O surto industrial e a chamada "Era Mauá", entraram em crise a partir de 1860,
com a tarifa Silva Ferraz, que substituiu a tarifa Alves Branco. Houve uma
redução nas taxas de importação e a concorrência inglesa foi fatal para os
empreendimentos de Mauá.

53. A queda da monarquia brasileira.


A queda monarquia brasileira está relacionada às mudanças estruturais que
ocorreram no Brasil ao longo do século XIX: a modernização da economia, o
surto industrial, a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre e
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assalariado, o abolicionismo, o movimento republicano, os choques com a Igreja


e o Exército.

54. O movimento abolicionista:


A campanha pela abolição da escravidão ganhou impulso com o final da guerra
do Paraguai - muitos soldados negros que lutaram na guerra foram alforriados.
Organizaram-se no país vários "clubes" que discutiam a questão. Visando
diminuir as pressões internas e externas, (a Inglaterra tinha interesses na
abolição), o governo imperial iniciou uma série de reformas, com o intuito de
reduzir a escravidão:

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-Lei do Ventre Livre (1871) - filhos de escravas nascidos a partir daquela data
seriam considerados livres. Os seus efeitos foram reduzidos visto que o escravo
ficaria sob a tutela do proprietário até os oito anos, cabendo a este o direito de
explorar o trabalho do escravo até este completar 21 anos de idade.
-Lei dos Sexagenários (1885) - libertava os escravos com acima de 65 anos de
idade. Esta lei ficou conhecida como "a gargalhada nacional". Primeiro pelo
reduzido número de escravos libertados, uma vez que poucos atingiam tal idade;
além disto, um escravo com mais de 65 anos representava um custo ao grande
proprietário, não tendo condições alguma de trabalhar. Por fim, depois da
libertação, o negro deveria dar mais três anos de trabalho ao senhor, como forma
de indenização!!
-Lei Áurea (1888) - decretava, no dia 13 de maio, a libertação de todos os
escravos no Brasil.
“A abolição da escravidão no Brasil foi um duro golpe aos grandes
proprietários de terras escravocratas, que passaram a combater a
Monarquia. São os chamados "Republicanos de 13 de maio".

55. A Questão Religiosa.


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Choque do governo imperial com a Igreja Católica, em virtude do regime do


padroado, ou seja, o poder do imperador de nomear bispos- ficando a Igreja
subordinada ao Estado.
Em 1864, o Papa Pio IX, através da bula Sillabus proibiu a perman6encia de
membros da maçonaria dentro da organização eclesiástica. O imperador,
membro da maçonaria, rejeitou a bula. Porém, dois bispos obedeceram ao papa
e expulsaram párocos ligados à maçonaria. Os bispos foram condenados à
prisão com trabalhos forçados, sendo anistiados pouco depois. Os bispos eram
D. Vidal de Oliveira da diocese de Olinda, e D. Antônio de Macedo da diocese
de Belém.

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56. A Questão Militar.


Desde o final da Guerra do Paraguai, o exército vinha exigindo uma maior
participação nas decisões políticas do império. A insatisfação política, as idéias
positivistas e os baixos soldos levaram os militares, através da imprensa, a
criticarem a monarquia.
Em 1883, o tenente-coronel Sena Madureira criticou as reformas no sistema de
aposentadoria militar, sendo punido. O governo proibiu qualquer tipo de
declaração política dos militares na imprensa.
Em 1885, o coronel Cunha Matos do Piauí, utilizou-se da imprensa para
defender-se da acusação de desonesto, sendo preso por 48 horas.
A punição provocou um mal-estar na alta oficialidade, reclamando da
interferência civil sobre os assuntos militares. Entre os oficiais descontentes com
a Monarquia estava o marechal Deodoro da Fonseca.
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57. O movimento republicano.


O movimento republicano iniciou-se em 1870, com a fundação do Clube
Republicano e do jornal "A República" e o lançamento do "Manifesto
Republicano".
O Partido Republicano apresentava duas correntes: os
evolucionistas, liderados por Quintino Bocaiúva, que defendiam a via pacífica
para atingir o poder; os revolucionários, sob a liderança de Silva Jardim, que
pregavam a revolução e a participação popular. O movimento de 15 de novembro
foi conduzido pelos evolucionistas.
Entre os republicanos militares, as idéias de Augusto Comte foram muito
difundidas, principalmente por Benjamin Constant - trata-se do positivismo, cujo
lema era "Ordem e progresso".

58. A proclamação da República.


Em 1888, um novo gabinete fora nomeado, tendo como primeiro ministro Afonso
Celso de Oliveira Figueiredo, o visconde de Ouro Preto. Este iniciou um amplo
programa reformista procurando salvar a monarquia.
No dia 14 de novembro de 1889 foi divulgado um boato de que o visconde de
Ouro Preto havia decretado a prisão de Deodoro da Fonseca e Benjamin
Constant. Os militares rebelaram-se e na madrugada do dia 15, o marechal
Deodoro da Fonseca assumiu o comando dos rebelados que marcharam em
direção ao centro da cidade.
Na tarde de 15 de novembro de 1889, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro,
José do Patrocínio declarava a proclamação da República.

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O movimento, elitista e que não contou com a participação popular, foi aplaudido
e incentivado pela burguesia cafeicultora do Oeste Paulista, pois o ideal
republicano envolvia a idéia de federação, ou seja, grande autonomia aos
estados membros. Desta forma, a província de São Paulo ocuparia um ligar de
destaque no Estado republicano, como se verá adiante.
59. República Velha
59.1- A República da Espada (1891/1894)
Período inicial da história republicana onde o governo foi exercido por dois
militares, devido o temor de uma reação monárquica. Momento de consolidação
das instituições republicanas. Os militares presidentes foram os marechais
Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
59.2 - GOVERNO DE DEODORO DA FONSECA.
O governo de Deodoro da Fonseca é dividido em dois momentos, o governo
provisório e o governo constitucional.
59.3 - GOVERNO PROVISÓRIO (1889/1891).
Período que vai da proclamação da República em 15 de novembro de 1889 até
a elaboração da primeira constituição republicana, promulgada em 24 de
fevereiro de 1891.
Entre as principais medidas do governo provisório estão a extinção da
vitaliciedade do Senado, a dissolução da Câmara dos Deputados, a supressão
do Conselho de Estado, extinção do Padroado e do beneplácito, a separação
entre Igreja e Estado, a transformação das
Além disto, estabeleceu-se a liberdade de culto, a secularização dos cemitérios,
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criação do Registro Civil - para legalizar nascimentos e casamentos - a grande


naturalização, ou seja, todo estrangeiro que vivia no Brasil adquiriu
nacionalidade brasileira, e foi convocada uma Assembléia Nacional Constituinte,
responsável pela elaboração da primeira constituição republicana do Brasil.

60. A CONSTITUIÇÃO DE 1891.


Durante os trabalhos da Assembléia Constituinte evidenciaram-se as
divergências entre os republicanos. Havia o projeto de uma república liberal -
defendido pelos cafeicultores paulistas - grande autonomia aos estados

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(federalismo); garantia das liberdades individuais; separação dos três poderes e


instauração das eleições. Este projeto visava a descentralização administrativa,
tornando o poder público um acessório ao poder privado - marcante ao longo da
República Velha.
O outro projeto republicano era inspirado nos ideais da Revolução Francesa, o
período da Convenção Nacional e a instalação da Primeira República Francesa.
Este ideal era conhecido como república jacobina, defendida por intelectuais e
pela classe média urbana. Exaltavam a liberdade pública e o direito do povo
discutir os destinos da nação. Por fim, inspirada nas idéias de Augusto Comte,
com bastante aceitação dentro do exército brasileiro, o projeto de uma república
positivista. O seu ideal era o progresso dentro da ordem, cabendo ao Estado o
papel de garantir estes objetivos. Este Estado teria de ser forte e centralizado.
Em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a segunda
Constituição brasileira, e a primeira republicana. O projeto de uma república
liberal foi vencedor.
Foram características da Constituição de 1891:
-instituição de uma República Federativa, onde os Estados teriam ampla
autonomia econômica e administrativa;
-separação dos poderes em Poder Executivo, exercido pelo presidente - eleito
para um mandato de quatro anos (sem direito à reeleição), e auxiliado pelos
ministros; o Poder Legislativo, exercido pelo Congresso Nacional, formado pela
Câmara de Deputados( eleitos para um mandato de três anos, sendo seu
número proporcional à população de cada Estado) e pelo Senado Federal, com
mandato de 9 anos, a cada três anos um terço dele seria renovado; o Poder
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Judiciário, tendo como principal órgão o Supremo Tribunal Federal.


-o voto era descoberto (não secreto), direto e universal aos maiores de 21 anos.
Proibido aos soldados, analfabetos, mendigos e religiosos de ordens
monásticas.
-ficava estabelecida a liberdade religiosa, bem como os direitos e as garantias
individuais.
A Constituição de 1891 foi fortemente influenciada pelo modelo norte-americano,
sendo adotado o nome de República Federativa dos Estados Unidos do Brasil.
Nas "diposições transitórias" da Constituição ficava estabelecido que o primeiro

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HISTÓRIA DO BRASIL

presidente do Brasil não seria eleito pelo voto universal, mas sim pela
Assembléia Constituinte.

61.O ENCILHAMENTO.
Além da elaboração da Constituição de 1891, o governo provisório de Deodoro
da Fonseca foi marcado uma política econômica e financeira, conhecida como
Encilhamento.
Rui Barbosa, então ministro da Fazenda, procurou estimular a industrialização e
a produção agrícola. Para atingir estes objetivos, Rui Barbosa adota a política
emissionista, ou seja, o aumento da emissão do papel-moeda, com a intenção
de aumentar a moeda em circulação.
O ministro facilitou o estabelecimento de sociedades anônimas fazendo com que
boa parte do dinheiro em circulação não fosse aplicado na produção, mas sim
na especulação de títulos e ações de empresas fantasmas.
A especulação financeira provocou uma desordem nas finanças do país,
acarretando uma enorme desvalorização da moeda, forte inflação e grande
número de falências.
Deve-se ressaltar que a burguesia cafeeira não via com bons olhos esta tentativa
de Rui Barbosa em industrializar o Brasil, algo que não estava em seus planos.

62. GOVERNO CONSTITUCIONAL (1891).


Após a aprovação da Constituição de 1891, Deodoro da Fonseca- eleito pela
Assembléia- permaneceu no poder, em parte devido às pressões dos militares
aos cafeicultores. A eleição pela Assembléia revelou os choques entre os
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republicanos positivistas ( que postulavam a idéia de golpe militar para garantir


o "continuísmo" ) e os republicanos liberais. O candidato destes era Prudente de
Morais, tendo como vice- presidente o marechal Floriano Peixoto. Como o voto
na Assembléia não era vinculado, Floriano Peixoto foi eleito vice-presidente de
Deodoro da Fonseca.
O novo governo, autoritário e centralizador, entrou em choque com o Congresso
Nacional, controlado pelos cafeicultores, e com militares ligados a Floriano
Peixoto.
Deodoro da Fonseca foi acusado de corrupção e o Congresso votou o projeto da

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Lei das Responsabilidades, tornado possível o impeachment de Deodoro. Este,


por sua vez, vetou o projeto, fechou o Congresso Nacional, prendeu líderes da
oposição e decretou estado de sítio. A reação a este autoritarismo foi imediata e
inesperada, ocorrendo uma cisão no interior do Exército.
Uma greve e trabalhadores, contrários ao golpe, em 22 de novembro no Rio de
Janeiro, e a sublevação da Marinha no dia seguinte- liderada pelo almirante
Custódio de Melo- onde os navios atracados na baía da Guanabara apontaram
os canhões para a cidade, exigindo a reabertura do Congresso - forçaram
Deodoro da Fonseca a renunciar à Presidência, sendo substituído pelo seu vice-
presidente, Floriano Peixoto.

63. GOVERNO DE FLORIANO PEIXOTO (1891-1894).


Adepto do republicanismo radical, o "florianismo" virou sinônimo de
"jacobinismo". Foi um defensor da força para garantir e manter a ordem
republicana, recebendo o apelido de "Marechal de Ferro".
Floriano reabriu o Congresso Nacional, suspendeu o estado de sítio e tomou
medidas populares, tais como a redução do valor dos aluguéis das moradias
populares e suspendeu a cobrança do imposto sobre a carne vendida no varejo.
Estas medidas, porém, estavam restritas à cidade do Rio de Janeiro.
Seu governo também incentivou a indústria, através do estabelecimento de
medidas protecionistas - evidenciando o nacionalismo dos republicanos radicais.
No entanto, este caráter nacionalista de Floriano Peixoto era mal visto no
exterior, o que podia dificultar as exportações de café e os interesses dos
cafeicultores.
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O início da oposição à Floriano partiu em abril de 1892, quando foi publicado o


Manifesto dos Treze Generais, acusando o governo de ilegal e exigindo novas
eleições. Pela Constituição de 1891, em seu artigo 42, caso o Presidente não
cumprisse a metade do seu mandato, o vice- presidente deveria convocar novas
eleições. Floriano não acatou as determinações do artigo, alegando ter sido
eleito de forma indireta.
Os oficiais que assinaram o manifesto foram afastados e presos por
insubordinação.
Paralelamente, o Rio Grande do Sul foi palco de uma guerra civil, envolvendo

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grupos oligárquicos pelo controle do poder político.


Federalistas (maragatos), liderados por Gaspar Silveira Martins, contra os
castilhistas (pica-paus), chefiados por Júlio de Castilhos, que controlavam a
política do Estado de maneira centralizada. Floriano interveio no conflito,
denominado Revolução Federalista em favor de Júlio de Castilhos. O apoio de
Floriano aos castilhistas fez com que a oposição apoiasse os maragatos.
Em setembro de 1893, na cidade do Rio de Janeiro, eclode a Segunda Revolta
da Armada, liderada pelo almirante Custódio de Melo. A revolta da Armada
fundiu-se com a Revolução Federalista. A repressão aos dois movimentos foi
extremamente violenta.
Após três anos de governo, enfrentando com violência as oposições, Floriano
Peixoto passa a presidência à Prudente de Morais, tendo início a República das
Oligarquias.

64. República das Oligarquias (1894/1930).

As oligarquias eram constituídas por grandes proprietários de terra e que


exerciam o monopólio do poder local. Este período da história republicana é
caracterizado pela defesa dos interesses destes grupos, particularmente da
oligarquia cafeeira. Os grupos oligárquicos vão garantir a dominação política no
país, através do coronelismo, do voto do cabresto, da política dos governadores
e da política de valorização do café.

64.1 - A política dos governadores


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Um acordo entre os governadores dos Estados e o governo central. Os


governadores apoiavam o presidente, concordando com sua política. Em troca,
o governo federal só reconheceria a vitória de deputados e senadores que
representassem estes governadores. Desta forma, o governador controlaria o
poder estadual e o presidente da República não teria oposição no Congresso
Nacional.
O instrumento utilizado para impedir a posse dos deputados da oposição foi a
Comissão Verificadora de Poderes : caso um deputado da oposição fosse eleito
para o Congresso, uma comissão - constituída por membros da Câmara dos

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Deputados - acusando fraude eleitoral, não entregava o diploma. O candidato da


oposição sofria a chamada "degola". No entanto, para manutenção de seu
domínio político, no plano estadual, sob o apoio do governo central, as
oligarquias estaduais usavam das fraudes eleitorais.
A política dos governadores foi iniciada na presidência de Campos Sales, e
responsável pela implantação da chamada política do café-com- leite.
64.2 - A política do café-com-leite.
Revezamento, no executivo federal, entre as oligarquias paulistas e mineiras. O
número de deputados federais era proporcional à população dos Estados. Desta
forma, os estados mais populosos - São Paulo e Minas Gerais - tinham maior
número de representantes no Congresso.
64.3 - Coronelismo e voto do cabresto.
O sistema político da República Velha estava assentado nas fraudes eleitorais,
visto que o voto não era secreto. O exercício da fraude eleitoral ficava à cargo
dos "coronéis", grandes latifundiários que controlavam o poder político local ( os
municípios ).
Exercendo um clientelismo político (troca de favores) o grande proprietário
controlava toda uma população ("curral eleitoral"), através do voto de cabresto.
Assim, o poder oligárquico era exercido no nível municipal pelo coronel, no nível
estadual pelo governador e, através da política do café- com-leite, o presidente
controlava o nível federal.
64.4 - A política de valorização do café.
Durante a segunda metade do século XIX, até a década de 30, no século XX, o
café foi o principal produto de exportação brasileiro. As divisas provenientes
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desta exportação, contribuíram para o início do processo de industrialização- a


partir de 1870.
Por volta de 1895, a economia cafeeira passou a mostrar sinais de crise. As
causas desta crise estavam no excesso de produção mundial. A oferta, sendo
maior que a procura, acarreta uma queda nos preços - prejudicando os
fazendeiros de café.
Procurando combater a crise, a burguesia cafeeira - que possuia o controle do
aparelho estatal - criou mecanismos econômicos de valorização do café.
Em 1906, na cidade de Taubaté, os cafeicultores criaram o Convênio de Taubaté

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- plano de intervenção do estado na cafeicultura, com o objetivo de promover a


elevação dos preços do
produto. Os governadores dos estados produtores de café ( São Paulo, Rio de
Janeiro e Minas Gerais ) garantiam a compra de toda a produção cafeeira com
o intuito de criar estoques reguladores. O governo provocaria uma falta do
produto, favorecendo a alta dos preços, e, em seguida vendia o produto.
Os resultados desta política de valorização do café foram prejudiciais para a
economia do país. Para comprar toda a produção de café, os governos estaduais
recorriam a empréstimos no exterior, que seriam arcados por toda a população;
além disto, caso a demanda internacional não fosse suficiente, os estoques
excedentes deveriam ser queimados, causando prejuízos para o governo - que
já havia pago pelo produto!
Outro mecanismo da valorização do café, foi a política cambial de desvalorização
do dinheiro brasileiro em relação à moeda estrangeira. Para quem dependia da
exportação - no caso a burguesia cafeeira - semelhante política atendia seus
interesses: na hora da conversão da moeda estrangeira em moeda brasileira não
havia perdas; porém, para quem dependia das importações - no caso a grande
maioria dos brasileiros, visto que se importava quase tudo, principalmente
gêneros alimentícios e roupas - esta política tornava os produtos estrangeiros
muito mais caros.
A política de valorização do café, de forma geral, provoca o que se chamará de
"socialização das perdas". Os lucros econômicos ficariam com a burguesia
cafeeira e as perdas seriam distribuídas entre a população.
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65. A sucessão oligárquica ( 1894/1930)


65.1 - PRUDENTE DE MORAIS (1894/1898)
Seu governo foi marcado pela forte oposição dos florianistas. Adotou uma
postura de incentivar a expansão industrial, mediante a adoção de taxas
alfandegárias que dificultavam a entrada de produtos estrangeiros. Esta política
não agradou a oligarquia cafeeira, reclamando incentivos somente para o setor
rural.
O principal acontecimento de seu governo foi a eclosão da Guerra de Canudos,
entre 1896 e 1897, no interior da Bahia. As causas deste movimento são

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HISTÓRIA DO BRASIL

encontradas no latifúndio de caráter monocultor -


voltado para atender os interesses do mercado externo. O predomínio do
latifúndio acentua a miséria da população sertaneja e a fome.
O movimento de Canudos possui um cunho religioso (messianismo). Antônio
Conselheiro, pregando a salvação da alma, fundou o arraial de Canudos, às
margens do rio Vaza-Barris. Canudos possuirá uma população de,
aproximadamente, 20 mil habitantes. Dedicavam-se às pequenas plantações e
criação de animais para a subsistência.
O arraial de Canudos não agradava à Igreja Católica, que perdia fiéis; nem aos
latifundiários, que perdiam mão-de-obra. Sob a acusação do movimento ser
monarquista, o governo federal iniciou uma intensa campanha militar.
A Guerra de Canudos é objeto de análise de Euclides da Cunha, em sua obra
"Os Sertões".
65.2 - CAMPOS SALES ( 1898/1902).
Em seu governo procurou reorientar a política econômica para atender os
interesses das oligarquias rurais: café, algodão, borracha, cacau, açúcar e
minérios. Adotando o princípio de que o Brasil era um país essencialmente
agrícola, o apóio à expansão industrial foi suspenso. Já em seu governo, a
inflação e a dívida externa eram problemas sérios. Seu ministro da Fazenda,
Joaquim Murtinho, deu início ao chamado saneamento financeiro: política
deflacionista visando a valorização da moeda. Além do corte de crédito à
expansão da industria, o governo deixou de emitir moeda e criou novos impostos,
aumentando os que já existiam. Procurou-se uma redução dos gastos públicos
e foi
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adotado uma política de arrocho salarial.


Outra medida para o equilíbrio econômico foi o funding-loan, acordo de
negociação da dívida externa: o Brasil teria um novo empréstimo; suspensão,
por 13 anos do pagamento das dívidas e de 63 para liqüidar as dívidas.
Para conseguir apóio do Congresso na adoção do saneamento financeiro,
Campos Sales colocou em funcionamento a política dos governadores.
65.3 - RODRIGUES ALVES (1902/1906)
Período conhecido como "qüadriênio progressista", marcado pela modernização
dos portos, ampliação da rede ferroviária e pela

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urbanização da cidade do Rio de Janeiro - preocupação de seu prefeito, Pereira


Passos.
Houve também a chamada Campanha de Saneamento, dirigida por Osvaldo
Cruz, buscando eliminar a febre amarela e a varíola. Para combater a varíola, foi
imposta a vacinação obrigatória, provocando um descontentamento popular. Os
opositores ao governo aproveitaram-se da situação, eclodindo a Revolta da
Vacina.
No quadriênio de Rodrigues Alves foi aprovada as decisões do Convênio de
Taubaté, visando a valorização do café.
Destaque para o surto da borracha que ocorreu em seu governo. A extração e
exportação da borracha atendia os interesses da indústria de pneumáticos e de
automóveis. No entanto, a extração da borracha não se mostrou como alternativa
ao café. Sua exploração apresentou um caráter de surto, de aproximadamente
50 anos.
A economia da borracha provocou uma questão externa, envolvendo Brasil e
Bolívia, a chamada Questão do Acre. A solução veio com a assinatura do
Tratado de Petrópolis, em que o Brasil anexou o Acre, pagando uma indenização
de 2 milhões de libras para a Bolívia.
65.4 - AFONSO PENA ( 1906/1909).
Implantação do plano para a valorização do café, onde o governo compraria toda
a produção de café e armazenando-a, para depois vendê-la. Faleceu em 1909,
tendo seu mandato presidencial terminado por Nilo Peçanha, seu vice-
presidente.
65.5 - NILO PEÇANHA (1909/1910).
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Criação do Serviço de Proteção ao Índio, dirigido pelo marechal Cândido Mariano


da Silva Rondon.
Seu curto governo foi marcado pela sucessão presidencial. De um lado,
representando a máquina oligárquica, estava o candidato Hermes da Fonseca,
de outro, como candidato da oposição, estava Rui Barbosa.
O lema da campanha de Rui Barbosa era Campanha Civilista, visto que Hermes
da Fonseca era marechal do exército. Rui Barbosa defendia a reforma eleitoral
com o voto secreto, a revisão constitucional e a elaboração do Código Civil.
Apesar de grande votação, Rui Barbosa não venceu as eleições.

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65.6 - HERMES DA FONSECA ( 1910/1914).


Imposição da chamada Política das Salvações: intervenção federal para
derrubar oligarquias oposicionistas, substituindo-as por outras que apoiassem a
administração.
Esta política de intervenção provocou a chamada Revolta de Juazeiro, ocorrida
no Ceará, e liderada pelo padre Cícero.
Ainda em seu governo, na cidade do Rio de Janeiro, eclodiu a Revolta da
Chibata, liderada pelo marinheiro João Candido, contra os castigos corporais e
excesso de trabalho na Marinha. A rebelião militar foi duramente reprimida.
O seu governo foi marcado por uma acentuação da crise econômica - queda nas
exportações do café e da borracha - levando o governo a realizar um segundo
funding loan.

65.6 - VENCESLAU BRÁS ( 1914/1918).


Em seu governo ocorre, no sul do país, um movimento social muito semelhante
à Guerra de Canudos. O conflito, denominado Guerra do Contestado,
apresentava como causas a miséria e a fome da população sertaneja, nas
fronteiras de Santa Catarina e Paraná. O movimento teve um caráter messiânico,
pois liderado pelo "monge" João Maria. A exemplo de Canudos, o movimento foi
duramente reprimido pelo governo.
O principal evento, que marcou o quadriênio de Venceslau Brás, foi a Primeira
Guerra Mundial (1914/18). A duração da guerra provocou, no Brasil, um surto
industrial. Este processo está ligado à política de substituição de importações: já
que não se conseguia importar nada, em virtude da guerra, o Brasil passou a
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produzir. Este impulso à industrialização fez nascer uma burguesia industrial e o


operariado.
A classe operária, por sua vez, vivia em precárias condições, não possuindo
salário mínimo, não tendo jornada de trabalho regulamentada, havia exploração
do trabalho infantil e feminino. Muitos acidentes de trabalho aconteciam. Contra
este estado de coisas, a classe operária manifestou-se, através de greves. A
maior delas ocorreu em 1917, sendo reprimida pela polícia. Aliás, a questão
social na República Velha, ou seja, a relação capital/trabalho, era vista como
"caso de polícia". Até a década de 30 o movimento operário terá como bandeira

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os ideiais do anarquismo e do anarcossindicialismo.

65.7 - RODRIGUES ALVES/ DELFIM MOREIRA (1918/1919).


O eleito em 1918 fora Rodrigues Alves que faleceu - gripe espanhola - sem tomar
posse. Seu vice-presidente, Delfim Moreira, de acordo com o artigo 42 da
Constituição Federal, marcou novas eleições. O vencedor do novo pleito foi
Epitácio Pessoa.

65.8 - EPITÁCIO PESSOA ( 1919/1922).


Seu governo é marcado pelo início de graves crises econômicas e políticas,
responsáveis pela chamada Revolução de 1930.
A crise econômica foi deflagrada com o início da queda - gradual e constante -
dos preços das matérias primas no mercando internacional, por conta do final da
Primeira Guerra Mundial. O setor mais afetado no Brasil foi, como não poderia
deixar de ser, o setor exportador do café.
No plano militar, Epitácio Pessoa resolveu substituir ministros militares por
ministros civis, em pastas ocupadas por membros das Forças Armadas. Para o
Ministério da Marinha foi indicado Raul Soares, e para o Ministério da Guerra,
Pandiá Calógeras. A nomeação causou descontentamento militar.
A oposição militar às oligarquias desencadearam o chamado Tenentismo . O
tenentismo foi um movimento que propunha a moralização do país, mediante o
voto secreto e da centralização política. Teve um forte caráter elitista - muito
embora sua propostas identificavam-se com os interesses das camadas médias
do país. Os tenentes julgavam-se os únicos capazes de solucionarem os
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problemas do país: o chamada "ideal de salvação nacional".


O primeiro levante do tenentes ocorreu em 05 de julho de 1922, episódio
conhecido como Levante do Forte de Copacabana ( os 18 do Forte). O motivo
deste levante foi a publicação de cartas, cujos conteúdos, ofendiam o Exército.
O autor teria sido Artur Bernardes, recém eleito presidente da República.

65.9 - ARTUR BERNARDES ( 1922/1926).


Apesar do episódio das "cartas falsas", Artur Bernardes foi declarado vencedor
em março de 1922 . O descontentamento no meio militar foi muito grande. O

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levante do forte de Copacabana foi uma tentativa de impedir a sua posse.


No ano de 1924 uma nova revolta tenentista ocorre. Desta feita em São Paulo -
Revolução Paulista de 1924. A reação do governo foi violenta, forçando os
rebeldes a fugirem da cidade. Os revoltosos encontraram-se com outra coluna
militar - gaúcha - é comandada por
Luís Carlos Prestes. Originou-se assim, a Coluna Prestes, que percorreu cerca
de 25 mil quilômetros no interior do Brasil, denunciando os problemas da
República Oligárquica. No ano de 1927 a Coluna foi desfeita, tendo a maioria
dos líderes buscado refúgio na Bolívia.
O governo de Artur Bernardes foi palco da Semana de Arte Moderna,
inaugurando o Modernismo no Brasil. A expansão industrial, o crescimento
urbano, o desenvolvimento do operariado inspiraram os modernistas.

65.1.1 - WASHINGTON LUÍS ( 1926/1930).


Governo marcado pela eclosão da Revolução de 1930.
No ano de 1929, a Bolsa de Valores de Nova Iorque quebrou, causando sérios
efeitos para a economia mundial. A economia norte- americana fica arruinada,
com pesadas quedas na produção, além da ampliação do desemprego. A crise
econômica nos EUA fizeram-se sentir em todo o mundo.
Os efeitos da crise de 1929, para o Brasil, fizeram-se sentir com a queda brutal
nos preços do café. Os fazendeiros de café pediram auxílio ao governo federal,
que rejeitou, alegando que a queda nos preços do café seria compensada pelo
aumento no volume das exportações, o que, aliás, não ocorreu.
No plano interno, em 1930, ocorriam eleições presidenciais. Washington Luís
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indicou um candidato paulista - Júlio Prestes, rompendo o pacto estabelecido na


política do café-com-leite. Os mineiros não aceitaram ( Washington Luís
representava os paulista e, seguindo a regra, o próximo presidente deveria ser
um mineiro, aliás o governador de Minas Gerais, Antônio Carlos de Andrada ). O
rompimento da política do café-com-leite vai fortalecer a oposição, organizada
na chamada Aliança Liberal.
A Aliança Liberal era uma chapa de oposição, tendo Getúlio Vargas para
presidente e João Pessoa para vice-presidente. Esta chapa contava com o apoio
das oligarquias do Rio Grande do Sul, Paraíba e de Minas Gerais, além do

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Partido Democrático, formado por dissidentes do Partido Republicano Paulista


(PRP).
O programa da Aliança Liberal vai de encontro aos interesses das classes
dominantes marginalizadas pelo setor cafeeiro e, aumentando sua base de
apoio, defendia a regulamentação das leis trabalhistas, a instituição do voto
secreto e do voto feminino. Reivindicava a expansão da industrialização e uma
maior centralização política. De quebra, propunha a anistia aos tenentes
condenados, sensibilizando o setor militar.
Porém, mediante as tradicionais fraudes eleitorais, o candidato da situação, Júlio
Prestes, venceu as eleições. A vitória do candidato situacionista provocou
insatisfação das oligarquias marginalizadas, dos tenentes e da camada média
urbana. Alguns tenentes, como Juarez Távora e João Alberto, iniciaram uma
conspiração para evitar a posse de Júlio Prestes. Temendo que a conspiração
pudesse contar com a participação popular, os líderes oligárquicos tomaram o
comando do processo. "Façamos a revolução antes que o povo a faça", esta fala
de Antônio Carlos Andrade, governador de Minas, sintetiza tudo.
O estopim do movimento foi o assassinato de João Pessoa. Em 03 de outubro,
sob o comando de Góes Monteiro eclode a revolta no Rio Grande do Sul; em 04
de outubro foi a vez de Juarez Távora iniciar a rebelião na Paraíba. Por fim. Em
24 de outubro de 1930, temendo-se uma guerra civil, o alto-comando das Forças
Armadas no Rio de Janeiro desencadeou o golpe, depondo Washington Luís,
impedindo a posse de Júlio Prestes e formando uma junta pacificadora,
composta pelos generais Mena Barreto, Tasso Fragoso e pelo almirante Isaías
Noronha. No dia 03 de novembro Getúlio Vargas era empossado, de forma
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provisória, como presidente da República.

66. SIGNIFICADO DA REVOLUÇÃO DE 30.

O movimento de 1930, apesar de sua complexa base social ( oligarquias


dissidentes, tenentes, camadas médias urbanas ) não deve ser visto como
uma ruptura na estrutura social, política e econômica do Brasil. A
revolução não rompeu com o sistema oligárquico, houve tão somente uma
substituição de oligarquias no poder. A revolução de 30 colocou um novo

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governo compromissado com diversos grupos sociais. Sob este ponto de


vista, pode-se dizer que o movimento de 1930 patrocinou um "re-arranjo"
do Estado brasileiro.

67. Era Vargas (1930/45)

A chamada Era Vargas está dividida em três momentos: Governo Provisório,


Governo Constitucional e Estado Novo.
O período inaugurou um novo tipo de Estado, denominado “Estado de
compromisso”, em razão do apóio de diversas forças sociais e políticas: as
oligarquias dissidentes, classes médias, burguesia industrial e urbana, classe
trabalhadora e o Exército. Neste “Estado de compromisso” não existia nenhuma
força política hegemônica, possibilitando o fortalecimento do poder pessoal de
Getúlio Vargas.
68. Governo Provisório ( 1930/1934 ).
68.1 - Aspectos políticos e econômicos
No plano político, o governo provisório foi marcado pela Lei Orgânica, que
estabelecia plenos poderes a Vargas. Os órgão legislativos foram extintos, até a
elaboração de uma nova constituição para o país. Desta forma, Vargas exerce o
poder executivo e o Legislativo. Os governadores perderam seus mandatos –
por força da Revolução de 30 – seu nomeados em seus lugares os interventores
federais ( que eram escolhidos pelos tenentes ).
A economia cafeeira receberá atenções por parte do governo federal. Para
superar os efeitos da crise de 1929, Vargas criou o Conselho Nacional do Café,
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reeditando a política de valorização do café ao comprar e estocar o produto. O


esquema provocou a formação de grandes estoques, em razão da falta de
compradores, levando o governo a realizar a queima dos excedentes.
Houve um desenvolvimento das atividades industriais, principalmente no setor
têxtil e no de processamento de alimentos. Este desenvolvimento explica-se pela
chamada política de substituição de importações.

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69. REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 32.

Movimento ocorrido em São Paulo ligado à demora de Getúlio Vargas para


reconstitucionalizar o país, a nomeação de um interventor pernambucano para o
governo do Estado (João Alberto). Mesmo sua substituição por Pedro de Toledo
não diminuiu o movimento. O movimento teve também como fator a tentativa da
oligarquia cafeeira retomar o poder político.
O movimento contou com apoio das camadas médias urbanas. Formou-se a
Frente Única Paulista, exigindo a nomeação de um interventor paulista e a
reconstitucionalização imediata do país.
Em maio de 1932 houve uma manifestação contra Getúlio que resultou na morte
de quatro manifestantes: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Iniciou-se a
radicalização do movimento, sendo que o MMDC passou a ser o símbolo deste
momento marcado pela luta armada.
Após três meses de combates as forças leais a Vargas forçaram os paulistas à
rendição.
Procurando manter o apoio dos paulistas, Getúlio Vargas acelerou o processo
de redemocratização realizando eleições para uma Assembléia Constituinte que
deveria elaborar uma nova constituição para o Brasil.

70. A CONSTITUIÇÃO DE 1934.

Promulgada em 16 de novembro de 1934 apresentando os seguintes aspectos:


A manutenção da República com princípios federativos;
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Existência de três poderes independentes entre si: Executivo, Legislativo e


Judiciário; Estabelecimento de eleições diretas para o Executivo e Legislativo;
As mulheres adquirem o direito ao voto;
Representação classista no Congresso (elementos eleitos pelos sindicatos);
-Criado o Tribunal do Trabalho;
-Legislação trabalhista e liberdade de organização sindical;
-Estabelecimento de monopólio estatal sobre algumas atividades industriais;
-Possibilidade da nacionalização de empresas estrangeiras;
-Instituído o mandato de segurança, instrumento jurídico dos direitos do cidadão

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perante o Estado.
A Constituição de 1934 foi inspirada na Constituição de Weimar preservando o
liberalismo e mantendo o domínio dos proprietários visto que a mesma não toca
no problema da terra.

71. Governo Constitucional (1934/1937).


Período marcada pelos reflexos da crise mundial de 1929: crise econômica,
desemprego, inflação e carestia. Neste contexto desenvolve-se, na Europa, os
regimes totalitários ( nazismo e fascismo) – que se opunham ao socialismo e ao
liberalismo econômico.
A ideologia nazi-fascista chegou ao Brasil, servindo de inspiração para a
fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), liderada pelo jornalista Plínio
Salgado. Movimento de extrema direita, anticomunista, que tinha como lema
"Deus, pátria, família”. Defendia a implantação de um Estado totalitário e
corporativo. A milícia da AIB era composta pelos “camisas verdes”, que usavam
de violência contra seus adversários.
Os integralistas receberam apoio da alta burguesia, do clero, da cúpula militar e
das camadas médias urbanas.
Por outro lado, o agravamento das condições de vida da classe trabalhadora
possibilitou a formação de um movimento de caráter progressista, contando com
o apoio de liberais, socialista, comunistas, tenentes radicais e dos sindicatos –
trata-se da Aliança Nacional Libertadora (ANL). Luís Carlos Prestes, filiado ao
Partido Comunista Brasileiro foi eleito presidente de honra.
A ANL reivindicava a suspensão do pagamento da dívida externa, a
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nacionalização das empresas estrangeiras e a realização da reforma agrária.


Colocava-se contra o totalitarismo e defendia a democracia e um governo
popular.
A adesão popular foi muito grande, tornando a ANL uma ameaça ao capital
estrangeiro e aos interesses oligárquicos. Procurando conter o avanço da frente
progressista o governo federal - por meio da aprovação da Lei de Segurança
Nacional – decretou o fechamento dos núcleos da ANL.
A reação, por parte dos filiados e simpatizantes, foi violenta e imediata.
Movimentos eclodiram no Rio de Janeiro, Recife, Olinda e Natal – episódio

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conhecido como Intentona Comunista.

71.1 - O golpe do Estado Novo


No ano de 1937 deveria ocorrer eleições presidenciais para a sucessão de
Getúlio Vargas.
A disputa presidencial foi entre Armando de Sales Oliveira – que contava com o
apoio dos paulistas e de facções de oligarquias de outros Estados. Representava
uma oposição liberal ao centralismo de Vargas. A outra candidatura era a de
José Américo de Almeida, apoiado pelo Rio Grande do Sul, pelas oligarquias
nordestinas e pelos Partidos Republicanos de São Paulo e Minas Gerais. Um
terceiro candidato era Plínio Salgado, da Ação Integralista.
A posição de Getúlio Vargas era muito confusa – não apoiando nenhum
candidato. Na verdade a vontade de Getúlio era a de continuar no governo, em
nome da estabilidade e normalidade constitucional; para tanto, contava com
apoio de alguns setores da sociedade. O continuísmo de Vargas recebeu apoio
de uma parte do Exército – Góes Monteiro e Eurico Gaspar Dutra representavam
a alta cúpula militar – surgindo a idéia de um golpe, sob o pretexto de garantir a
segurança nacional.
O movimento de “salvação nacional” – que garantiu a permanência de Vargas
no poder – foi a divulgação de um falso plano de ação comunista para assumir
o poder no Brasil. Chamado de Plano Cohen, o falso plano serviu de pretexto
para o golpe de 10 de novembro de 1937, decretando o fechamento do
Congresso Nacional, suspensão da campanha presidencial e da Constituição de
1934. Iniciava-se o Estado Novo.
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O Estado Novo ( 1937/1945 ).


O Estado Novo – período da ditadura de Vargas – apresentou as seguintes
características: intervencionismo do Estado na economia e na sociedade e um
centralização política nas mãos do Executivo, anulando o federalismo
republicano.

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72. A CONSTITUIÇÃO DE 1937.

Foi outorgada em 10 de novembro de 1937 e redigida por Francisco Campos.


Baseada na constituição polonesa ( daí o apelido de “polaca” ) apresentava
aspectos fascistas. Principais características: centralização política e
fortalecimento do poder presidencial; extinção do legislativo; subordinação do
Poder Judiciário ao Poder Executivo; instituição dos interventores nos Estados e
uma legislação trabalhista.
A Constituição de 1937 eliminava a independência sindical e extinguia os
partidos políticos.
A extinção da AIB deixou os integralistas insatisfeitos com Getúlio. Em maio de
1938 os integralistas tentaram um golpe contra Vargas – o Putsch Integralista –
que consistiu numa tentativa de ocupar o palácio presidencial. Vargas reagiu até
a chegada a polícia e Plínio Salgado precisou fugir do país.

73. POLÍTICA TRABALHISTA

O Estado Novo procurou controlar o movimento trabalhador através da


subordinação dos sindicatos ao Ministério do Trabalho. Proibiu-se as greves e
qualquer tipo de manifestação. Por outro lado, o Estado efetuou algumas
concessões, tais como, o salário mínimo, a semana de trabalho de 44 horas, a
carteira profissional, as férias remuneradas. As leis trabalhistas foram reunidas,
em 1943, na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), regulamentando as
relações entre patrões e empregados.
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A aproximação de Vargas junto a classe trabalhadora urbana originou, no Brasil,


o populismo – forma de manipulação do trabalhador urbano, onde o atendimento
de algumas reivindicações não interfere no controle exercido pela burguesia.

74. POLÍTICA ECONÔMICA


O Estado Novo iniciou o planejamento econômico, procurando acelerar o
processo de industrialização brasileiro. O Estado criou inúmeros órgãos com o
objetivo de coordenar e estabelecer diretrizes de política econômica.
O governo interveio na economia criando as empresas estatais – sem questionar

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o regime privado. As empresas estatais encontravam-se em setores


estratégicos, como a siderúrgia ( Companhia Siderúrgica Nacional ), a mineração
( Companhia Vale do Rio Doce ), hidrelétrica ( Companhia Hidrelétrica do Vale
do São Francisco ), mecânica ( Fábrica Nacional de Motores ) e química (Fábrica
Nacional de Álcalis ).

75. POLÍTICA ADMINISTRATIVA.

Procurando centralizar e consolidar o poder político, o governo criou o DASP (


Departamento de Administração e Serviço Público), órgão de controle da
economia.
O outro instrumento do Estado Novo foi a criação do DIP (Departamento de
Imprensa e Propaganda ), que realizava a propaganda do governo. O DIP
controlava os meios de comunicação, por meio da censura. Foi o mais
importante instrumento de sustentação da ditadura que, ao lado da polícia
secreta, comandada por Filinto Müller, instaurou no Brasil o período do terror:
prisões, repressão, exílios, torturas etc...
Como exemplo de propaganda tem-se a criação da Hora do Brasil – que difundia
as realizações do governo; o exemplo do terror fica por conta do caso de Olga
Benário, mulher de Prestes, que foi presa e deportada para a Alemanha
(grávida). Foi assassinada num campo de concentração.

76. O BRASIL E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.

Devido a pressões – internas e externas – Getúlio Vargas rompeu a neutralidade


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brasileira, em 1942, e declarou guerra ao Eixo ( Alemanha, Itália, Japão ). A


participação do Brasil foi efetiva nos campos de batalha mediante o envio da
FEB ( Força Expedicionária Brasileira ) e da FAB ( Força Aérea Brasileira ).
A participação brasileira na guerra provocou um paradoxo político: externamente
o Brasil luta pela democracia e contra as ditaduras, internamente há ausência
democrática em razão da ditadura. Esta situação, somada à vitória dos aliados
contra os regimes totalitários, favorece o declínio do estado Novo e amplia as
manifestações contra o regime.

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HISTÓRIA DO BRASIL

77. O FIM DO ESTADO NOVO

Em 1943 Vargas prometeu eleições para o fim da guerra; no mesmo ano houve
o Manifesto dos Mineiros, onde um grupo de intelectuais, políticos, jornalistas e
profissionais liberais pediam a redemocratização do país.
Em janeiro de 1945, o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores exigia a
liberdade de expressão e eleições. Em fevereiro do mesmo ano, Vargas
publicava um ato adicional marcando eleições presidenciais para 2 de dezembro.
Para concorrer as eleições surgiram os seguinte partidos políticos:

UDN ( União Democrática Nacional )- Oposição liberal a Vargas e contra o


comunismo. Tinha como candidato o brigadeiro Eduardo Gomes;
PSD ( Partido Social Democrático ) – era o partido dos interventores e apoiavam
a candidatura do general Eurico Gaspar Dutra;
PTB ( Partido Trabalhista Brasileiro ) – organizado pelo Ministério do Trabalho e
tendo como presidente Getúlio Vargas. Apoiava, junto com o PSD, Eurico
Gaspar Dutra;
PRP ( Partido de Representação Popular ) – de ideologia integralista e fundado
por Plínio Salgado;
PCB ( Partido Comunista Brasileiro ) – tinha como candidato o engenheiro Yedo
Fiúza.
Em 1945 houve um movimento popular pedindo a permanência de Vargas –
contando com o apoio do PCB. Este movimento ficou conhecido como
queremismo, devido ao lema da campanha “Queremos Getúlio “.
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O movimento popular assustou a classe conservadora, temendo a continuidade


de Vargas no poder. No dia 29 de outubro foi dado um golpe, liderado por Goés
Monteiro e Dutra. Vargas foi deposto sem resistência.
O governo foi entregue a José Linhares, presidente do Supremo Tribunal
Federal. Em dezembro de 1945 foram realizadas as eleições com a vitória de
Eurico Gaspar Dutra.

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78. República Populista.

A década de 30 trouxe profundas mudanças na estrutura social e econômica


brasileiras. Houve um avanço na industrialização brasileira, grande
desenvolvimento urbano – com aumento da população. O urbanismo favoreceu
o crescimento da burguesia industrial, da classe média e do proletariado.
O fortalecimento destas novas forças sociais trouxe uma mudança no aparelho
estatal: a permanência do populismo, transformado em prática política
costumeira com o intuito de conquistar o apoio das massas – principalmente a
urbana.
O fenômeno do populismo consiste, enfim, na manipulação – por parte do Estado
ou dos políticos – dos interesses da classe trabalhadora. O período que vai de
1945 (fim do Estado Novo) até 1964 (golpe militar) apresentou as características
acima.

79. Governo de Eurico Gaspar Dutra (1946/1951)

Marcado pela aliança política PSD/PTB, apresentou aspectos conservadores.


Em setembro de 1946 foi promulgada uma nova constituição, onde manteve-se
a república presidencialista e o princípio federativo. Foi instituído o voto secreto
e universal e a divisão do estado em três poderes ( Executivo, Legislativo e
Judiciário).
Externamente seu governo foi marcado pela aproximação com os Estados
Unidos – início da guerra fria e a opção brasileira pelo capitalismo. Como reflexo
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desta política houve o rompimento das relações diplomáticas com a União


Soviética e o Partido Comunista foi colocado na ilegalidade.
No plano interno, Dutra procurou colocar em prática o primeiro planejamento
global da economia brasileira, o Plano Salte (saúde, alimentação, transporte e
energia). Houve a pavimentação da rodovia Rio-São Paulo e a instalação da
Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF).
Verificou-se uma enorme inflação, em razão do aumento da emissão de papel-
moeda. Ao mesmo tempo elevava-se o preço do café e das matérias-primas,
auxiliando a balança comercial brasileira.

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80. Governo de Getúlio Vargas ( 1951/1954 ).

A Segunda presidência de Vargas foi marcada pelo nacionalismo e pelo


intervencionismo estatal na economia, trazendo insatisfações ao empresariado
nacional e ao capital internacional.
No ano de 1951 o nacionalismo econômico de Vargas efetivou-se no projeto de
estabelecer o monopólio estatal do petróleo. Esse programa, que mobilizou boa
parte a população brasileira tinha como slogan “O Petróleo é nosso”, resultando
na criação da Petrobrás – empresa estatal que monopolizou a exploração e o
refino do petróleo no Brasil. Vargas planejava também a criação da Eletrobrás,
com o objetivo de monopolizar a geração e distribuição de energia elétrica.
Propôs, no ano de 1954, um reajuste de 100% no salário mínimo, como forma
de compensar as perdas salariais, em virtude da inflação.
A aplicação de uma política nacionalista, bem como a aproximação de Vargas à
classe trabalhadora, preocupava a classe dominante. Temia-se a criação de uma
República Sindicalista, como na Argentina de Perón. O líder da oposição a
Vargas era o jornalista Carlos Lacerda, que denunciava uma série de
irregularidades do governo; Lacerda também era o porta-voz dos setores ligados
ao capital estrangeiro.
Neste contexto ocorreu o atentado da Rua Toneleiros, uma tentativa de
assassinar Carlos Lacerda. No episódio foi morto o major da aeronáutica Rubens
Vaz. Os resultados da investigação apontaram que Gregório Fortunato - principal
guarda-costas do presidente - como o responsável pelo acontecimento.
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Embora nunca tivesse ficado provado a participação de Getúlio Vargas no


episódio, este foi acusado pelos opositores como o mandante do atentado.
Em 23 de agosto o vice-presidente, Café Filho rompeu com o presidente; no
mesmo dia, o Exército divulga um manifesto exigindo a renúncia de Vargas. Na
madrugada de 24 de agosto, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no coração.

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81. Governo de Café Filho ( 1954/1955 ).

Após a morte de Vargas, Café Filho – vice de Vargas assumiu o poder. Nas
eleições de 1956, o candidato da aliança PSD-PTB – Juscelino Kubitschek –
venceu.
O período de governo de Café Filho apresentou uma crise política quando o
coronel Bizarria Mamede, da Escola Superior de Guerra, proferiu um discurso
contra a posse de JK. O então Ministro da Guerra, general Henrique Teixeira
Lott, resolveu punir o coronel – ferindo a hierarquia, pois a punição deveria ser
dada pelo presidente da República – ao qual o ministro era subordinado.
Café Filho foi afastado da presidência, por motivos de saúde, assumindo o
presidente da Câmara de Deputados, Carlos Luz. Este era do PSD, da ala
conservadora, e inimigo político de Juscelino. Carlos Luz resolveu não punir o
general Mamede – tornando-se cúmplice de suas declarações e forçando o
pedido de demissão do general Lott.
Ficava claro a tentativa de um golpe e Henrique Lott, um defensor da legalidade
constitucional e da posse dos candidatos eleitos, antecipou-se aos golpistas. Lott
não assinou o pedido de demissão e organizou um contra-golpe. Ordenou que
as tropas fossem às ruas, reassumiu o poder e afastou Carlos Luz da
presidência.
A presidência foi entregue ao presidente do Senado, Nereu Ramos, que
governou até a posse de Juscelino Kubitschek (31/01/56).

82. Governo de Juscelino Kubitschek ( 1956/1961).


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Governo marcado pelo grande desenvolvimento econômico. Política econômica


delineada pelo Plano de Metas, que tinha como lema “Cinqüenta anos de
progresso em cinco de governo.”
A realização do Plano de Metas resultou na expansão e consolidação do
:”capitalismo associado ou dependente” brasileiro, pois o processo de
industrialização ocorreu em torno das empresas estrangeiras (as
multinacionais). Estas empresas controlaram os setores chaves da economia
nacional – maquinaria pesada, alumínio, setor automobilístico, construção naval

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HISTÓRIA DO BRASIL

– ocasionando a desnacionalização econômica.


A política econômica de JK acarretou um processo inflacionário, em razão da
intensa emissão monetária, e a política de abertura ao capital estrangeiro
resultou em remessas de lucros e royalties ao exterior.
O período de JK foi marcado, também, pela consrtrução de Brasília, pela criação
da Sudene (Superitendência para o Desenvolvimento do Nordeste).
A era JK foi também marcada por crises políticas, ocorrendo duas tentativas de
golpe: o levante de Jacareacanga e o de Aragarças – insurreições por parte de
alguns militares.
No final de seu governo a dívida externa brasileira aumentou consideravelmente,
levando o país a recorrer ao FMI e ao seu receituário.
Em 1960 houve eleições e Jânio da Silva Quadros, então governador de São
Paulo foi o vencedor, tendo como partido político a UDN e como vice-presidente
João Goulart, da coligação PSD/PTB.

83. Governo de Jânio Quadros (1961).

Jânio Quadros assume a presidência em um contexto de grave crise financeira:


intensa inflação, crescimento da dívida externa e déficit na balança de
pagamentos. Visando restabelecer o equilíbrio financeiro do país, Jânio realizou
um reajuste cambial, restringiu os créditos, incentivou as exportações e congelou
os salários. Iniciou a apuração de denúncias de corrupção administrativa e
nomeou uma comissão para definir a limitação da remessa de lucros para o
exterior.
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No campo externo, Jânio Quadros procurou estabelecer uma política externa


independente dos Estados Unidos: aproximou-se dos países socialistas ao
restabelecer as relações diplomáticas com a União Soviética, enviou o vice-
presidente à China e prestigiou a Revolução Cubana, ao condecorar com a
Ordem do Cruzeiro do Sul um de seus líderes, Ernesto “Che” Guevara.
Semelhantes atitudes preocuparam os norte-americanos e a classe dominante
nacional.
A oposição ao governo tinha em Carlos Lacerda, governador do Rio de Janeiro,
seu principal representante e que articulava um golpe de estado.

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Sem apoio político Jânio acabou renunciando no dia 25 de agosto de 1961 –


após sete meses de governo. Sua renúncia nunca foi satisfatoriamente
explicada. A renúncia gerou uma grave crise política envolvendo a posse, ou
não, de seu vice-presidente João Goulart.

84. Governo de João Goulart ( 1961/1964 ).

João Goulart – cujo apelido nos meios sindicais era Jango – não era bem visto
pela elite nacional e pelas Forças Armadas. Era tido como agitador e com
tendências comunistas.
Representava uma ameaça a “segurança nacional” trazendo risco às instituições
democráticas do país.
Sob estas alegações, os ministros militares pediram ao Congresso Nacional a
permanência de Raniere Mazzilli na presidência –que assumiu interinamente
visto que Jango estava na China.
Contra a tentativa de golpe o governador do Rio Grande do Sul –Leonel Brizola-
, e cunhado de João Goulart liderou a chamada “campanha de legalidade”, que
buscava garantir a posse de João Goulart.
Para conciliar as duas correntes – favorável e contra a posse – o congresso
Nacional aprovou um ato adicional em 02 de setembro de 1961, estabelecendo
o sistema parlamentarista no Brasil. Com o parlamentarismo os poderes do
presidente foram limitados sendo que o primeiro-ministro é que governaria de
fato. O primeiro a ser eleito a exercer tal função foi Tancredo Neves.
Diante do fracasso do parlamentarismo foi convocado um plesbicito para decidir
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sobre a manutenção ou não do regime. O resultado foi a volta do


presidencialismo (06/01/63).
Inicia-se uma segunda fase do governo de João Goulart marcada pela execução
do chamado Plano Trienal, que buscava combater a inflação e realizar o
desenvolvimento econômico. O plano deveria ser acompanhado de uma série
de reformas estruturais, denominadas reformas de base, que incluía a reforma
agrária; a reforma eleitoral – estendendo o direito de votos aos analfabetos; a
reforma universitária, ampliando o número de vagas nas faculdades públicas e a
reforma financeira e administrativa, procurando limitar a remessa de lucro e os

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HISTÓRIA DO BRASIL

lucros dos bancos.


O descontentamento com a política do governo aumentou a partir do dia 13 de
março de 1964 quando, num comício na Central do Brasil – diante de 200 mil
trabalhadores – Jango radicalizou sua promessa de reforma agrária, lançou a
idéia de uma “reforma urbana” e decretou a nacionalização das refinarias
particulares de petróleo.
A reação uniu os grandes empresários, proprietários rurais, setores
conservadores da Igreja Católica e a classe média urbana que realizaram a
Marcha da Família com Deus e pela Liberdade.
Em seguida houve uma revolta dos marinheiros do Rio de Janeiro, servindo de
pretexto para o golpe militar – alegava-se que a disciplina nas Forças Armadas
estava em jogo. Na noite de 31 de março de 1964 o general Olympío Mourão
Filho (arquiteto do falso plano Cohen) colocou a guarnição de Juiz de Fora em
direção ao Rio de Janeiro. No dia 1Š de abril João Goulart foi deposto e exilou-
se no Uruguai, no dia 2 de abril. Encerrava-se assim o período democrático e
iniciava-se a República Militar no Brasil. Governo do marechal Castello Branco (
1964/67).

Foi eleito por vias indiretas, através do ato institucional nŠ 1, em 10 de abril de


1964.
Em seu governo foi criado o Serviço Nacional de Informação (SNI). Seu governo
é marcado por uma enorme reforma administrativa, eleitoral, bancária, tributária,
habitacional e agrária. Criou-se o Cruzeiro Novo, o Banco Central, Banco
Nacional da Habitação e o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS). Criou-
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se também o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.


Em outubro de 1965 foi assinado o ato institucional nŠ2, ampliando o controle
do Executivo sobre o Legislativo, extinguindo os partidos políticos – inaugurando
o bipartidarismo no Brasil. De um lado o partido governista a ARENA (Aliança
Renovadora Nacional) e, de outro lado, a oposição, reunida no MDB (Movimento
Democrático Brasileiro). Este mesmo ato determinou que as eleições para
presidente seriam diretas.
Em fevereiro de 1966 foi decretado o ato institucional nŠ3 estabelecendo
eleições indiretas para governador e para os municípios considerados de

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“segurança nacional”, incluindo todas as capitais.


Em 1967, mediante o ato institucional nŠ4, foi promulgada uma nova
Constituição. Nela mantinha-se o princípio federativo e os princípios dos atos
institucionais – eleições indiretas para presidente e governadores. A Constituição
fortalecia os poderes presidenciais, permitindo ao presidente decretar estado de
sítio, efetivar intervenção federal nos Estados, decretar recesso no Congresso
Nacional, legislar por decretos e cassar ou suspender os direitos políticos.
Antes de deixar a presidência, Castello Branco instituiu a Lei de Segurança
Nacional, sendo um conjunto de normas que regulamentava todas as atividades
sociais, estabelecendo severa punições aos transgressores.

85. Governo do marechal Costa e Silva ( 1967/1969).

Fazia parte da chamada “linha dura” – setor do Exército que exigia medidas mais
enérgicas e repressivas para manter a ordem social e política.
Em seu governo, no ano de 1967, formou-se a Frente Ampla, grupo de oposição
ao regime militar – liderada por Carlos Lacerda e JK. A Frente exigia a anistia
política, eleições diretas em todos os níveis e a convocação de uma Assembléia
Constituinte.
As agitações internacionais de 1968 tornou a esquerda mais radical, defendendo
a luta armada para a redemocratização do país. O movimento estudantil crescia
e exigia democracia. Da mesma forma, os grupos de direita também se
radicalizavam. O assassinato do estudante Edson Luís pela polícia, na
Guanabara, provocou um enorme ato de protesto – a passeata dos cem mil.
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Em dezembro de 1968, o deputado pelo MDB, Márcio Moreira Alves fez um


pesado discurso e atacando as Forças Armadas. O ministro da Justiça, Gama e
Silva, procurou processar o deputado; porém o Congresso garantiu a imunidade
do parlamentar. Como resposta, Costa e Silva decretou o ato institucional nŠ5 –
o mais violento de todos. Pelo AI-5 estabeleceu-se, entre outros: o fechamento
do Legislativo pelo presidente da República, a suspensão dos direitos políticos e
garantias constitucionais, inclusive a do habeas-corpus; intervenção federal nos
estados e municípios.
Através do AI-5 as manifestações foram duramente reprimidas, provocando o

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fechamento total do regime militar.


Segundo o historiador Boris Fausto: “Um dos muitos aspectos trágicos do AI-5
consistiu no fato de que reforçou a tese dos grupos de luta armada.” Semelhante
tese transformou-se em realidade com a eleição (indireta) de um novo presidente
– Emílio Garrastazu Médici –pois Costa e Silva sofreu um derrame cerebral.

86. Governo do general Médici ( 1969/1974).

Período mais repressivo de todo regime militar, onde a tortura e repressão


atingiram os extremos, bem como a censura aos meios de comunicação. O
pretexto foi a intensificação da luta armada contra o regime.
A luta armada no Brasil assumiu a forma de guerra de guerrilha (influenciada
pela revolução cubana, pela guerra do Vietnã e a revolução chinesa).
Os focos de guerrilha no Brasil foram: na serra do Caparaó, em Minas Gerais –
destruído pela rápida ação do governo federal; um outro foco foi no vale do
Ribeira, em São Paulo, chefiado pelo capitão Carlos Lamarca – foco também
reprimido pelo governo rapidamente.
O principal foco guerrilheiro foi no Araguaia, no Pará. Seus participantes eram
ligados ao Partido Comunista do Brasil e conseguiram apoio da população local.
O modelo teórico dos guerrilheiros seguia as propostas de Mao Tsé-tung. O foco,
descoberto em 1972, foi destruído em 1975.
Ao lado da guerrilha rural, desenvolveu-se também a guerrilha urbana. Seu
principal organizador foi Carlos Marighella, líder da Aliança de Libertação
Nacional. Para combater a guerrilha urbana o governo federal sofisticou seu
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sistema de informação com os DOI-CODI (Destacamento de Operação e


Informações-Centro de Operações de Defesa Interna), que destruíram os grupos
de guerrilha da extrema esquerda. Os DOIs-CODIs tinham na tortura uma prática
corriqueira.

87. O MILAGRE ECONÔMICO

Período do governo Médici de grande crescimento econômico e dos projetos de


grandes impactos (como a Transamazônica e o Movimento Brasileiro de

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Alfabetização-MOBRAL), em razão do ingresso maciço de capital estrangeiro.


Houve uma expansão do crédito, ampliando o padrão de consumo do país e
gerando uma onda de ufanismo, como no slogan “este é um país que vai prá
frente”. O regime utiliza este período de otimismo para ocultar a repressão
política
– aproveita-se inclusive das conquistas esportivas da década de 70, como o
tricampeonato de futebol.
O ideólogo do “milagre” foi o economista Delfim Netto usando como atrativo ao
capital estrangeiro as baixas taxas de juros utilizadas no mercado internacional.
No entanto, a modernização e o crescimento econômico brasileiro não beneficiou
as camadas pobres. No período do “milagre” as taxas de mortalidade infantil
subiram e, segundo estimativas do Banco Mundial, no ano de 1975 70 milhões
de brasileiros eram desnutridos.

88. O governo do general Ernesto Geisel (1974/79).

O presidente Geisel tomou posse sob a promessa do retorno ‘a democracia de


forma “lenta, gradual e segura”. Seu governo marca o início do processo de
abertura política. Em novembro de 1974 houve eleições parlamentares e o
resultado foi uma expressiva vitória do MDB. Preocupado com as eleições
municipais, no dia 1Š de julho de 1976 foi aprovada a Lei Falcão, que estabelecia
normas gerias para a campanha eleitoral através do sistema de radiodifusão:
exibição da fotografia do candidato, sua legenda e seu número. Apresentação
do nome e seu currículo. Semelhantes regras forçava o candidato a conquistar
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o voto no contato direto com o eleitor.


No dia 1Š de abril de 1977, o presidente – utilizando o AI-5 – decretou o recesso
do Congresso Nacional. Foi promulgando, então, o pacote de abril,
estabelecendo mandato de seis anos para presidente da República, manutenção
das eleições indiretas para governador, diminuição da representação dos
estados mais populosos no Congresso Nacional e criada a reserva de um terço
das vagas do Senado para nomes indicados pelo governo (senador biônico).
Embora a censura aos meios de comunicação tenha diminuído o regime
continuava fechada e a repressão existia. Como exemplo, a morte do jornalista

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da TV Cultura, Vladimir Herzog, nas dependências do DOI-CODI paulista (1975)


e o “suicídio” do operário Manuel Fiel Filho em 1976.
O ano de 1977 foi muito agitado politicamente – em razão da crise mundial do
petróleo – resultando em cassações de mandatos e diversas manifestações
estudantis em todo o país. No ano de 1978 houve uma greve de metalúrgicos no
ABC paulista, sob a liderança de Luís Inácio da Silva, o Lula.
No final de seu governo, Geisel revogou o AI-5.

89. O governo do general Figueiredo ( 1979/1985).

Durante o governo de João Baptista Figueiredo houve fortes pressões, da


sociedade civil, que exigiam o retorno ao estado de direito, uma anistia política,
justiça social e a convocação de uma Assembléia Constituinte.
Em março de 1979, uma greve de metalúrgicos no ABC paulista mobilizou cerca
de 180 mil manifestantes; em abril de 1981, uma nova greve, que mobilizou 330
mil operários, por 41 dias. Neste contexto é que se destaca o líder sindical Luís
Inácio da Silva – Lula.
A UNE reorganizou-se no ano de 1979 e, neste mesmo ano, o presidente
Figueiredo aprovou a Lei da Anistia – que beneficiava exclusivamente os presos
políticos. Alguns exilados puderam voltar ao país.
Ainda em 1979 foi extinto o bipartidarismo, forçando uma reforma partidária.
Desta reforma surgiram o PSD (Partido Social Democrático), herdeiro da antiga
Arena; o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), composto por
políticos do antigo MDB; o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), controlado por
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Ivete Vargas e formado por setores da antiga ARENA; PDT (Partido Democrático
Trabalhista), fundado por Leonel Brizola e PT (Partido dos Trabalhadores), com
propostas socialistas.
Em 1983 a sociedade civil participou intensamente do movimento das Diretas-já.
Em 1984 foi apresentada a Emenda Dante de Oliveira, que propunha o
restabelecimento das eleições diretas para presidente da República. A emenda
foi rejeitada pelo Congresso Nacional.
No ano de 1985, em eleições pelo Colégio Eleitoral, o candidato da oposição-
Tancredo Neves derrotou o candidato da situação – Paulo Maluf. Tancredo

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Neves não chegou a tomar posse – devido a problemas de saúde veio a falecer
em 21 de abril de 1985. O vice- presidente, José Sarney assumiu a presidência,
iniciando um período conhecido como Nova República. A Nova República.

90. Governo de José Sarney (1985/1990)

O mandato de José Sarney foi marcado pelos altos índices inflacionários e pela
existência de vários planos econômicos: Plano Cruzado (1986), Plano Bresser
(1987) e Plano Verão (1989).
O plano de maior repercussão foi o Plano Cruzado, que, procurando conter a
inflação determinou: congelamento de todos os preços por um ano; abono
salarial de 8%, e
reajustados após um ano, ou quando a inflação atingisse 20%; extinção da
correção monetária e o cruzeiro perdia três zeros e passava ser chamado de
cruzado.
Por ser um governo de transição democrática, importantes avanços políticos
ocorreram, como a convocação de uma Assembléia Constituinte que elaborou e
promulgou a Constituição de 1988 – “Constituição Cidadã”- que estabeleceu as
eleições diretas em todos os níveis; a legalização dos partidos políticos de
qualquer tendência; instituição do voto facultativo aos analfabetos, jovens entre
16 e 18 anos e pessoas acima de 70 anos; fim da censura; garantido o direito de
greve e a liberdade sindical; ampliação dos direitos trabalhistas; intervenção do
Estado nos assuntos econômicos e nacionalismo econômico ao reservar
algumas atividades às empresas estatais.
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91. As eleições presidenciais de 1989.

Em dezembro de 1989 foram realizadas as primeiras eleições diretas para a


Presidência da República desde 1960. Três candidatos destacaram-se na
disputa: Fernando Collor de Mello, do pequeno Partido da Renovação Nacional
(PRN); Leonel Brizola do Partido Democrático Brasileiro (PDT) e Luís Inácio
“Lula” da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT).
A disputa foi para o segundo turno entre Fernando Collor e Lula, cabendo ao

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primeiro a vitória nas eleições – graças à imagem de “caçador de marajás”, e de


uma plataforma de luta contra a corrupção, na modernização do Brasil e de
representar os pobres e marginalizados – os “descamisados”.

92. O governo de Fernando Collor de Mello (1990/92).

Aplicou o plano econômico denominado de Plano Brasil Novo, o qual extinguiu


o cruzado novo e retornou o cruzeiro; congelou preços e salários; bloqueio boa
parte do dinheiro de aplicações financeiras e de poupanças por 18 meses.
Houve grande número de demissões no setor público, redução nas tarifas de
importação e um tumultuado processo de privatizações.
No entanto, as denúncias de corrupção envolvendo o alto escalão do governo
levou o Congresso a formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito. O relatório
final da CPI apontou ligações do presidente com Paulo César Farias – amigo
pessoal e tesoureiro da campanha presidencial. O envolvimento de Collor no
chamado “esquema PC”, que envolvia troca de favores governamentais por
dinheiro, gerou o processo de impeachment – ou seja, o afastamento do
Presidente da República.
Fernando Collor procurou bloquear o processo, porém a população foi às ruas
exigindo seu afastamento (“os caras-pintadas”).
O presidente renunciou em 30 de dezembro de 1992, após decisão histórica do
Congresso Nacional no dia anterior pelo seu afastamento. O vice-presidente
Itamar Franco assumiu o cargo.
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93. O governo de Itamar Franco ( 1992/1995).

Realização de um plebiscito em 1993 que deveria estabelecer qual o regime


político (monarquia ou república) e qual a forma de governo (presidencialismo
ou parlamentarismo). No dia 21 de abril o resultado do plebiscito confirmou a
manutenção da república presidencialista.
No aspecto econômico o mais importante foi a aplicação do Plano Real, que
buscava combater a inflação e estabilizar a economia nacional. O Plano
pregava a contenção dos gastos públicos, a privatização de empresas

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estatais, a redução do consumo mediante o aumento da taxa de juros e maior


abertura do mercado aos produtos estrangeiros.
O Plano contribuiu para a queda da inflação e aumento do poder aquisitivo e
da capacidade de consumo – em razão da queda dos preços dos produtos
face à concorrência estrangeira. A popularidade do Plano Real auxiliou o
ministro da Fazenda de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, a vencer
as eleições em outubro de 1994.

94. O governo de Fernando Henrique Cardoso (1995/2002).

– através de uma mudança constitucional.


Seus dois mandatos são caracterizados pela aceleração do processo de
globalização: a criação do Mercosul e a eliminação das barreiras
alfandegárias entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai ( a formação do
bloco obedece várias etapas).
Em termo de organização social destaque para a questão fundiária do país
e a atuação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que,
através da ocupação de terras procura agilizar o processo de reforma agrária
no país.
Os anos de FHC como presidente foram marcados pela hegemonia do
neoliberalismo e antigos e urgente problemas nâo foram solucionados, tais
como a exclusão social, a imensa concentração fundiária e empresarial, a
corrupção e os descasos administrativos, ausência de uma política
educacional, desfaçatez na área da saúde e previdência social, a violência
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urbana, o desemprego, crescimento do subemprego, concentração de


rendas e injustiça social...

Somente através do conhecimento histórico podemos analisar, entender e


transformar a nossa história. Somente ela (a História) pode conscientizar a
todos nós, para que juntos – ou individualmente – possamos transformar
nossa dura, triste e fascinante realidade...
Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro presidente do Brasil a conseguir
uma reeleição

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– através de uma mudança constitucional.


Seus dois mandatos são caracterizados pela aceleração do processo de
globalização: a criação do Mercosul e a eliminação das barreiras
alfandegárias entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai ( a formação do
bloco obedece várias etapas).
Em termo de organização social destaque para a questão fundiária do país e
a atuação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que,
através da ocupação de terras procura agilizar o processo de reforma agrária
no país.
Os anos de FHC como presidente foram marcados pela hegemonia do
neoliberalismo e antigos e urgente problemas nâo foram solucionados, tais
como a exclusão social, a imensa concentração fundiária e empresarial, a
corrupção e os descasos administrativos, ausência de uma política
educacional, desfaçatez na área da saúde e previdência social, a violência
urbana, o desemprego, crescimento do subemprego, concentração de rendas
e injustiça social...

Somente através do conhecimento histórico podemos analisar, entender e


transformar a nossa história. Somente ela (a História) pode conscientizar a
todos nós, para que juntos – ou individualmente – possamos transformar
nossa dura, triste e fascinante realidade...

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1) História do Brasil
a) A expansão Ultramarina Europeia dos séculos XV e XVI.
b) O Sistema Colonial Português na América.

Estrutura político-administrativa; estrutura socioeconômica; invasões estrangeiras;


expansão territorial; interiorização e formação das fronteiras; as reformas pombalinas;
rebeliões coloniais; e movimentos e tentativas emancipacionistas.
c) O Período Joanino e a Independência.
2) A presença britânica no Brasil, a transferência da Corte, os tratados, as principais
medidas de D. João VI no Brasil, a política joanina, os partidos políticos, as revoltas,
conspirações e revoluções e a emancipação e os conflitos sociais.
3) O processo de independência do Brasil.
d) Brasil Imperial.
Primeiro Reinado e Período Regencial: aspectos administrativos, militares, culturais,
econômicos, sociais e territoriais; Segundo Reinado: aspectos administrativos, militares,
econômicos, sociais e territoriais; e Crise da Monarquia e Proclamação da República.
e) Brasil República.
Aspectos administrativos, culturais, econômicos, sociais e territoriais, revoltas, crises e
conflitos e a participação brasileira na II Guerra Mundial.
4) COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral – Volume Único. 10ª edição. São
CIOPEM CURSOS E CONCURSOS

Paulo: Saraiva, 2012.


5) KOSHIBA, Luiz, PEREIRA, Denise Manzi Frayze. História do Brasil: no contexto da
história ocidental. Ensino Médio. 8ª edição, 6ª reimpressão revista, atualizada e
ampliada.
São Paulo: Atual, 2003.

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