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E DOS AFRICANOS:
DA DIVISÃO COLONIAL
AOS DIAS ATUAIS
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
960
B862h Brito, Edilson Pereira
História da África e dos africanos: da divisão colonial aos
dias atuais / Edilson Pereira Brito; Edison Lucas Fabricio.
Indaial : Uniasselvi, 2012.
146 p. : il
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-612-0
APRESENTAÇÃO...........................................................................01
CAPÍTULO 1
Negociação e Conflito: Portugueses em África.....................09
CAPÍTULO 2
Uma Viagem Sombria: Escravização e Tráfico,
Séculos XVII ao XIX......................................................................35
CAPÍTULO 3
Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX.................................................................................67
CAPÍTULO 4
“A África é Nossa”: Os Movimentos de Independência
na África........................................................................................99
CAPÍTULO 5
Epílogo: Apartheid e Racismo no Sul da África.....................130
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
E por fim, o último capítulo será uma grande conclusão do que estudamos
nessa disciplina, visto que abordará o Apartheid e racismo no sul da África,
e com isso temos como objetivo, levar você pós graduando, a entender a
importância e os motivos da revalorização da África e da cultura negra na
sociedade brasileira atual.
Bons estudos!
Os autores.
C APÍTULO 1
Negociação e Conflito:
Portugueses em África
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Capítulo 1 Negociação e Conflito: Portugueses em África
Contextualização
Os ibéricos (portugueses e espanhóis) foram os primeiros a lançarem-se ao
mar rumo ao desconhecido. Tal estratégia acabou levando com que tais povos
conseguissem o que nenhuma outra nação alcançou nos mesmos níveis, um
vasto e amplo território.
Cabe lembrar que, durante a Baixa Idade Média, boa parte do território
português era composta – como ainda é atualmente – por terrenos rochosos, a
terra era imprópria para o cultivo, a produtividade no reino era baixa. Os rios
navegáveis eram poucos e insuficientes, as aldeias eram longe umas das outras
e sua população totalizava, no máximo, um milhão de habitantes. A epidemia
conhecida como “Peste Negra” provocou milhares de mortes, assim como a
guerra com Castela (1381-1411). Em 1450, ano de início do chamado século dos
descobrimentos (1450-1550), as únicas cidades com alguma importância eram
Porto, Braga, Guimarães, Coimbra e Lisboa. A economia fundamentava-se nas
trocas e na exploração dos camponeses, maioria esmagadora da população.
Diante desse quadro desolador, uma pergunta instigante, porém de difícil
resposta, é a seguinte: como Portugal obteve sucesso nas aventuras marítimas?
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Monarquia
Ao contrário das outras monarquias européias, o Estado moderno português
definiu-se bem mais rápido. Em 1249, seu território localizado mais ao sul , o Algarve,
fora tomado de volta dos muçulmanos que haviam ocupado a península desde o
século anterior, a partir daí as fronteiras portuguesas estavam praticamente definidas.
O reino permaneceu unido durante todo o século XV, livre das guerras que assolavam
seus vizinhos. A título de comparação, apenas em 1492 os soberanos Fernando e
Isabel conseguiram expulsar os muçulmanos de Granada (BOXER, 2002).
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Capítulo 1 Negociação e Conflito: Portugueses em África
Dinastia de Avis
Dom João I (1385-1433)
Dom Duarte (1433-1438)
Dom Afonso V (1438-1481)
D. João II (1481-1495)
Dom Manuel I (1495-1521)
D. João III (1521-1557)
Dom Sebastião (1557-1578)
Dom Henrique (1578-1580)
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Dinastia de Bragança
D. João V (1640-1656)
D. Afonso VI (1656 – 1667)
D. Pedro II (1667- 1706)
D. João V (1706-1750)
D. José (1750-1777)
D. Maria I (1777 – 1792)
D. João VI (1792-1816)
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Capítulo 1 Negociação e Conflito: Portugueses em África
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Capítulo 1 Negociação e Conflito: Portugueses em África
o Cabo da Boa Esperança, também estava pilotando uma caravela. Os navios utilizados
Uma das limitações desse tipo de embarcação era que, pela sua pelos portugueses
leveza, ela não podia abrigar muitos tripulantes, coisa que para eram as caravelas e
as naus.
uma viagem longa atrapalhava. Por isso, desenvolveu-se um outro
navio bem mais poderoso, com uma capacidade maior de navegação, grande
poder de aparelhamento militar e com mais espaço para transportar tripulantes
e especiarias. Durante todo o século XVI, a embarcação que chegou ao litoral
africano e na Índia, responsável por patrulhar os mares americanos, era a nau,
utilizada até o século XVIII nas viagens lusitanas pelo mar. Conforme assevera
Boxer, “as embarcações que durante trezentos anos participaram da Carreira da
Índia eram basicamente, e sobretudo, as naus, mas essa palavra abrangia ampla
variedade de significados”. Vejamos um exemplo dos dois barcos, primeiro uma
Caravela, e depois uma Nau.
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Capítulo 1 Negociação e Conflito: Portugueses em África
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Capítulo 1 Negociação e Conflito: Portugueses em África
Em 1509, o manicongo morreu e seu herdeiro natural seria seu filho Mpanzu
a Kitima, mas em luta financiada pelos portugueses, D. Afonso, batizado junto com
seu pai, assumiu o trono. Seu irmão derrotado contou com o apoio dos antigos
sacerdotes do reino e de lideranças contrárias à aliança com os portugueses.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
viscondes, duques, condes e marqueses. O rei enviou seu filho, D. Henrique, para
estudar em Portugal, depois de sua volta ele tornou-se o primeiro bispo nascido
no Congo e assumiu a representação religiosa de Roma junto à população. Após
a morte de D. Afonso I houve uma ferrenha disputa pelo controle do trono, e os
portugueses apoiaram quem não merecia, de acordo com as normas locais,
ocupá-lo. Tentarei resumir brevemente essa disputa.
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Capítulo 1 Negociação e Conflito: Portugueses em África
Angola Portuguesa
Para
compreendermos
Para compreendermos a presença portuguesa em Angola, é
a presença
necessário remontarmos até 1575, ano em que Paulo Dias de Novais, portuguesa em
neto de Bartolomeu Dias, estabeleceu-se em Luanda como governador. Angola, é necessário
Num primeiro momento, a tentativa dos portugueses era de estabelecer remontarmos até
na região uma colonização parecida com a do Brasil, por meio de 1575, ano em que
concessão de territórios e a fundação de algumas fortalezas no interior: Paulo Dias de
Novais, neto de
Massanango, Cassange, Ambaca, Muxima. Novais recebeu a carta e
Bartolomeu Dias,
assumiu os compromissos para com a Coroa de colonizar e explorar estabeleceu-se
aquela terra, que não lhe pertencia. em Luanda como
governador.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
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Capítulo 1 Negociação e Conflito: Portugueses em África
Podemos perceber até aqui o quanto a força militar e a luta armada estiveram
presentes na ocupação portuguesa em Angola. Ao contrário do reino do Congo,
onde houve uma negociação e uma tentativa de assimilação por meio da religião,
na vizinha Angola o modus operandi era diferente.
Como inimiga dos lusitanos, Nzinga se viu em uma posição difícil, pois
não possuía armas à altura, e não tinha o poder de recrutar gente de outras
regiões, como ocorria com os portugueses. Uma importante estratégia da rainha
foi negociar com os inimigos de Portugal. Assim, a rainha teceu alianças com a
comunidade dos ambundos e com os holandeses. Para Roy Glasgow, “somente
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Nzinga havia sido batizada em 1622 e seu nome cristão era Ana de Souza,
sua desenvoltura e capacidade de oratória eram conhecidas há muito tempo
pelos portugueses. Quando esteve em Luanda, negociando com o governador
português, após o governador deixá-la de pé e sentar-se em sua cadeira, ela não
titubeou e pediu para que um dos seus servos se postasse de cócoras para ela
sentar sobre suas costas e negociar em pé de igualdade com o representante
da coroa europeia. A aliança com os holandeses não surtiu muito efeito, pois os
flamengos estavam sem força no período em que Nzinga os procurou, faltando
pouco para a reconquista de Angola por Portugal.
Nzinga, no entanto, continuou sua batalha. Dez anos depois ela ainda
estava em guerra, utilizando os mais variados recursos, talvez tenha pensando
também em utilizar-se da religião, como os membros da dinastia congolesa. Em
1657, missionários capuchinhos conseguiram fazer com que a rainha aceitasse
novamente a fé católica. Lembrando que os capuchinhos eram rivais dos
portugueses, ou ao menos encarados como tal no reino de Angola e Luanda.
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Capítulo 1 Negociação e Conflito: Portugueses em África
A Batalha de Ambuíla
O governador-geral André de Vidal Negreiros, depois de fazer uma aliança
com os Imbangala, derrotar os Jagas e as forças da rainha Nzinga, estava
convencido de que era chegada a hora de derrotar o reino do Congo, que havia
aproveitado sua religiosidade para segurar a invasões portuguesas.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
contavam com a chuva para tornar ineficazes as armas de fogo dos portugueses,
e a chuva veio. O quadrado português estava sendo demolido pelas forças
africanas, quando tudo parecia próximo do fim, uma pequena bala acertou em
cheio o manicongo D. Antônio I, que caiu morto, logo um soldado negro, aliado
dos portugueses, rapidamente degolou a cabeça do rei e ergueu-a o mais alto que
pôde com sua lança. Houve um arrefecimento das forças africanas, e os africanos
acabaram derrotados e saqueados. Para uma melhor descrição desse episódio,
permita-me, prezado cursista, a longa transcrição do trecho de um contemporâneo
deste evento:
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Capítulo 1 Negociação e Conflito: Portugueses em África
Atividades de Estudos:
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Algumas Considerações
Caro pós graduando, neste capítulo estudamos os principais motivos que
levaram o reino de Portugal a ocupar a vanguardas na expansão ultramarina. Além
disso, identificamos como aconteceu o processo de ocupação dos portugueses na
África Central, entre os séculos XV e XVII, e os principais mecanismos utilizados
pelos portugueses para assimilar e controlar a população africana e os recursos
utilizados por tais africanos para negociar com os europeus.
Referências
ALENCASTRO, Luís Felipe de. O trato dos viventes: a formação do Brasil no
Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sobre
o regime patriarcal. São Paulo: Global, 2006.
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Capítulo 1 Negociação e Conflito: Portugueses em África
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
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C APÍTULO 2
Uma Viagem Sombria: Escravização e
Tráfico, Séculos XVII ao XIX
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Capítulo 2 Uma Viagem Sombria: Escravização e Tráfico,
Séculos XVII ao XIX
Contextualização
Prezados pós-graduando, neste capítulo vamos estudar um processo de
suma importância para compreendermos todo o continente africano e a formação
do Brasil: o tráfico de escravos.
Podemos definir como tal a imigração forçada ou não. O Brasil formou-se por
meio de várias diásporas étnicas, principalmente de imigrantes europeus no final
do século XIX.
No entanto, sem dúvida, a africana foi a maior e a mais brutal. Ela representou
uma mudança na estrutura social da África e a completa mudança da sociedade
brasileira.
O Tráfico
O tráfico de seres humanos escravizados existiu em várias Essa prática era
sociedades ao longo do processo social não planejado chamado pelos comum em várias
culturas europeias,
historiadores de história. Essa prática era comum em várias culturas
incluindo eslavos e
europeias, incluindo eslavos e nórdicos, passando por orientais, nórdicos, passando
como chineses e japoneses. Todas elas em algum momento tiveram por orientais,
a organização do trabalho de maneira compulsória, chamada de como chineses e
escravidão, e também de corveia na Idade Média europeia. japoneses.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Para que tal forma de trabalho obtivesse resultado, era necessário “reduzir”
(termo utilizado no século XIX) a pessoa à escravidão. Quando tal redução atingia
o status de negócio, era preciso montar uma estrutura mais ampla envolvendo
diversas redes de negociantes e fornecedores. Os cálculos e o detalhamento dos
custos de cada ação deveriam ser feitos minuciosamente, para cada ação deveria
existir uma pessoa habilitada para sua execução, e várias eram as atribuições
específicas do comércio de seres humanos.
Ela passou a crescer A escravidão, praticada até então de forma menos intensa e
e a tomar conta da mais ligada à política, transformou-se. Ela passou a crescer e a
sociedade em várias tomar conta da sociedade em várias partes do continente. Ninguém
partes do continente. conseguiu conter suas redes. A África e os portugueses transformaram
a escravidão numa Hidra de Lerna.
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Capítulo 2 Uma Viagem Sombria: Escravização e Tráfico,
Séculos XVII ao XIX
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Em que parte lhes cabia a agência (termo emprestado do inglês agency, sem
tradução específica para nossa língua)? Essas são questões complexas sobre as
quais iremos nos debruçar doravante.
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Capítulo 2 Uma Viagem Sombria: Escravização e Tráfico,
Séculos XVII ao XIX
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Atividade de Estudos:
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Capítulo 2 Uma Viagem Sombria: Escravização e Tráfico,
Séculos XVII ao XIX
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Outra rota secular que envolvia o tráfico de escravos no Brasil era Salvador
e o Golfo do Benim. A capital baiana possui um dos índices mais altos de pessoas
declaradamente negros e negras atualmente. Segundo o recenseamento realizado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 82,4% da população da
cidade é formada por negros ou pardos.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Francisco Félix de Souza, conhecido como Xaxá, foi um dos mais conhecidos
destes comerciantes. Nascido na cidade de Salvador em 1754, ele morreu no ano
de 1849 em Uidá, no Benim. Com uma identidade cultural difícil de ser decifrada, o
“brasileiro” teceu relações comerciais com a África muito além do mero escambo.
Casado com várias mulheres africanas, filho de um traficante baiano, assumiu o
cargo de governante da fortaleza portuguesa de São Batista de Ajudá no começo
do século XIX e depois passou a investir pesadamente no mercado de escravos,
enriquecendo muito.
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Capítulo 2 Uma Viagem Sombria: Escravização e Tráfico,
Séculos XVII ao XIX
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
As primeiras pessoas
escravizadas no
Estados Africanos
litoral angolano No século XVII, o continente africano estava fragmentado em
habitavam uma vários pequenos. As primeiras pessoas escravizadas no litoral angolano
região distante cerca habitavam uma região distante cerca de 80 km do litoral, o tráfico ainda
de 80 km do litoral, o
estava se estruturando. Menos de um século depois, com o aumento
tráfico ainda estava
se estruturando. desse infame comércio, as pessoas que habitavam o interior do continente,
chamado de sertões pelos traficantes, não estavam a salvo.
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Capítulo 2 Uma Viagem Sombria: Escravização e Tráfico,
Séculos XVII ao XIX
As redes de
Cabe lembrar que na África Central o comércio, segundo a
sociabilidades e
historiografia aponta, era menos violento do que outras regiões. comércio já estavam
Isso acontecia por conta da presença portuguesa enraizada desde consolidadas
a chegada de Diogo Cão. As redes de sociabilidades e comércio e as alianças
já estavam consolidadas e as alianças entre europeus e africanos, entre europeus e
mesmo que fluidas, aconteciam. Os portugueses eram detentores do africanos, mesmo
que fluidas,
monopólio de exportação e do poderio militar do reino. Eles eram os
aconteciam.
responsáveis pela organização do tráfico e o recrutamento de homens
para trabalhar nessa empreitada. Atuavam também fomentando guerras entre
os sobas locais, com o intuito de recolher o fruto desses confrontos: prisioneiros
que posteriormente seriam “reduzidos” à escravidão. Havia também os fortes que
serviam de base para os ataques. Manolo Florentino assim definiu o tráfico na
África Central:
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Capítulo 2 Uma Viagem Sombria: Escravização e Tráfico,
Séculos XVII ao XIX
Figura 6 – Espingarda
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
A partir daí, os Estados tanto da África Central quanto Ocidental optaram por
frear o expansionismo e acumular riquezas com o comércio de escravos. Vários
são os motivos que levaram à tomada de uma decisão tão delicada, e existe uma
complexidade em sua definição. No entanto, é possível esboçar algumas razões:
na verdade três. De acordo com Thorton, eram elas: a) a captura de escravos
era localizada, bastava um pequeno conflito ou um pequeno grupo armado para
prender homens de outras aldeias; b) era menos oneroso para o Estado, devido
à falta de investimento em armas, treinamento e o desgaste com a população
causado pelo recrutamento militar; c) as guerras expansionistas incluíam
negociações com a elite derrotada, que por vezes exigia a manutenção de parte
dos seus antigos privilégios.
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Capítulo 2 Uma Viagem Sombria: Escravização e Tráfico,
Séculos XVII ao XIX
fuga tornava-se menor. O mais comum era vender um escravo para longe, e na
compra para a revenda também comprar algum de origem longínqua.
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Capítulo 2 Uma Viagem Sombria: Escravização e Tráfico,
Séculos XVII ao XIX
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
A Viagem
A travessia atlântica era um dos momentos mais difíceis do processo de
escravização. Pessoas que estavam acostumadas com o convívio em seus
Estados e aldeias, que contavam com o apoio de vizinhos e familiares, que
possuíam animais domésticos pelos quais eram afeiçoados, de uma hora para
outra eram reduzidos à escravidão, e quando se davam conta estavam num navio,
cruzando um grande oceano.
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Capítulo 2 Uma Viagem Sombria: Escravização e Tráfico,
Séculos XVII ao XIX
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Capítulo 2 Uma Viagem Sombria: Escravização e Tráfico,
Séculos XVII ao XIX
Algumas
Algumas interpretações históricas seguem outro caminho. As
interpretações
experiências individuais são deixadas de lado, e a grande discussão históricas seguem
refere-se ao grupo e à cultura dos africanos nesta “passagem do meio”. outro caminho.
As experiências
Richard Price e Sidney Mintz são dois antropólogos norte-americanos individuais são
que possuem trabalhos sobre o Caribe e o Suriname. No ano de 2002, um deixadas de lado, e
a grande discussão
livro dos autores foi lançado no Brasil. O título original, em inglês e lançado
refere-se ao grupo
nos Estados Unidos, é de 1992, mas já estava sendo esboçado desde o e à cultura dos
final da década de 1980. Esse estudo busca contribuir na discussão sobre africanos nesta
heranças africanas na cultura negra das Américas. “passagem do meio”.
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Capítulo 2 Uma Viagem Sombria: Escravização e Tráfico,
Séculos XVII ao XIX
Atividade de Estudos:
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que o tempo de serviço ao qual foram submetidos acabou, eles retornaram para
a África juntos, demonstrando o quanto essa viagem no navio havia aproximado
essas pessoas (HAWTHORNE, 2012).
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Séculos XVII ao XIX
Atividades de Estudos:
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Algumas Considerações
Observamos até aqui um pouco dessa longa história do tráfico de escravos
para as Américas. Conseguimos apresentar as conexões brasileiras, que eram
na verdade seculares, principalmente com o Rio de Janeiro e Salvador. Foi
possível também compreendermos um pouco mais acerca dos Estados africanos
envolvidos, como se dava o comércio interno e os intermediários que estavam
participando dessas negociações. Um fator de destaque e de suma importância
refere-se à viagem. Vimos também o quanto era difícil a vida dentro de um navio.
Por meio de duas histórias de vida, chegamos ao menos perto da reconstituição
da experiência do tráfico para homens e mulheres de outrora. Os números e as
disputas também tiveram um papel muito importante nesse material, e mesmo não
chegando a números específicos, o que é impossível, apresentamos os autores e
suas respectivas interpretações, bem como analisamos uma importante ferramenta
de pesquisa que congrega várias viagens e mapeia a rota desses navios negreiros.
Referências
FLORENTINO, Manolo Garcia. Em costas negras: uma história do tráfico
atlântico entre o Rio de Janeiro e a África. São Paulo: Companhia das Letras,
1998.
HOWTORNE, Walter. “Sendo agora como se fossemos uma família”: laços entre
companheiros de viagem do navio negreiro Emília, no Rio de Janeiro através do
mundo atlântico. In. Revista Mundos do Trabalho, vol. 03, número 06, 2011.
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Capítulo 2 Uma Viagem Sombria: Escravização e Tráfico,
Séculos XVII ao XIX
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C APÍTULO 3
Neocolonialismo na África em Fins
do Século XIX e Início do XX
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Capítulo 3 Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX
Contextualização
Atualmente no Brasil e alhures existem várias escolas de idiomas.
Algumas delas prometem até mesmo a proeza de uma fluência em apenas
doze meses, outras presenteiam os alunos matriculados com objetos que
emitem palavras na língua que o estudo pretende adquirir fluência. Com
modelos homens e mulheres, essas escolas patrocinam eventos esportivos e
programas de boa audiência na rede aberta de televisão. Além dessas escolas
existem também institutos de língua. O objetivo de tais institutos, geralmente
batizados com nomes de grandes escritores da língua dos países de origem,
também é o ensino no idioma. Mas não apenas isso. Ao aluno é ensinada
a cultura, os costumes, as datas comemorativas, enfim, a civilização destas
nações europeias.
O capítulo vai mostrar o lado europeu, mas não vamos esquecer também dos
africanos, e iremos explicar como a elite dos vários países comportou-se diante da
investida europeia. Teceremos comentário também acerca das possibilidades de
resistência que, malogradas neste primeiro momento, não foram de forma alguma
menosprezadas pelos seus algozes.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
tipo de comércio. Contudo, cabe agora analisar o seu fim. Afinal, no continente o
tráfico marcou o prelúdio de um novo colonialismo, que tomou força e conseguiu
seus objetivos a partir do último quartel do século XIX.
Esse tipo de movimento fez com que as noções admitidas sobre o que
era o negro africano e o escravo americano não fossem mais confundidas. A
transmutação era evidente, se antes o africano era um animal de carga, para a
maioria dos europeus, agora era um ser moral e social.
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Capítulo 3 Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX
A missiva continha um apelo ao soberano para que pusesse Era o ano de 1864
fim ao regime escravista no país. Era o ano de 1864 e o imperador e o imperador
prometeu encaminhar a questão, e assim o fez. Contudo, com a Guerra prometeu encaminhar
a questão, e assim
do Paraguai o projeto foi momentaneamente esquecido, e uma lei que
o fez.
previa a extinção da escravidão aos filhos de escravas tornou-se lei em
1871 (SCWARCZ, 1998).
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Nas treze colônias, não foi diferente da Inglaterra. Os evangélicos das treze
colônias convenceram os evangélicos ingleses a juntarem-se ao movimento
abolicionista inglês. Na Inglaterra, os políticos também clamavam pelo fim do
tráfico, levando tal reivindicação à Câmara dos Comuns, por intermédio do grande
líder parlamentar contra o tráfico e a abolição: William Wiberforce.
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Capítulo 3 Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX
Agora a posição dos europeus seria outra. Eles não conseguiram vislumbrar
capacidades de existência de outros valores fora os seus. O interesse dos ex-
traficantes pela civilização africana era comercial e “científico”. E um novo
colonialismo começou, agora travado nos majestosos escritórios dos governantes
europeus do período.
Atividade de Estudos:
A Europa e as Motivações do
Colonialismo
Os países denominados potências na Europa adentraram no continente
africano com as mais variadas afirmações, mas com um único objetivo. Tal objetivo
era sem dúvida dominar os povos africanos e conquistar e usurpar seus territórios.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
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Capítulo 3 Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX
Atividade de Estudos:
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
A Grã-Bretanha na África
A Grã-Bretanha era A Grã-Bretanha era na época, ao lado da Alemanha, o país mais
na época, ao lado poderoso da Europa. Seu poderio devia-se à grande capacidade de sua
da Alemanha, o país
Marinha de Guerra. Durante boa parte do século XIX eles patrulharam
mais poderoso da
Europa. sozinhos o atlântico sul e norte. Eles foram responsáveis por patrulhar
e combater o tráfico de africanos, levados por certa doutrina humanitária
vinda de sua religiosidade, e de questões também econômicas, como vimos
anteriormente.
No século XIX, o poder desse país era tamanho que eles dominavam o
Canadá, a Malásia, Cingapura e mantinham sob seu controle aquela que era
considerada a jóia da Coroa britânica: a Índia. Com tantos territórios, faltava ainda
um continente cujos ingleses não dominavam, e esse continente era a África.
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Capítulo 3 Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX
Atividade de Estudos:
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
A Alemanha e o Imperialismo
A entrada da A entrada da Alemanha na corrida colonial trouxe muitas surpresas
Alemanha na corrida entre os países colonialistas. Desde o início da campanha, o chanceler
colonial trouxe muitas
e responsável pela unificação das federações, o chanceler Otto Von
surpresas entre os
países colonialistas. Bismarck, mostrou desinteresse pelo negócio.
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Capítulo 3 Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX
lucro com isso. Nesse sentido, foram criadas duas companhias para explorar o
território africano. A primeira delas foi denominada Associação Colonial Alemã,
fundada em junho de 1882 na cidade de Frankfurt. Inicialmente a empresa teve
apenas membros civis, mas com a grande aceitação recebeu verbas de empresas
e conseguiu cerca de 10 mil membros no ano de 1895.
Pouco antes do fim do século XIX, outra sociedade alemã para exploração foi
criada. Em 1885, fundou-se a Sociedade Alemã Oeste-Africana, sob a liderança
do agente colonial Carl Peters, que comprou grandes propriedades de um sultão
na região do Zanzibar (Tanzânia). Ao longo de seu período imperial, outras partes
da África partiram para as mãos germânicas: Togolândia (Togo), Camarões,
Ruanda, Burundi, Uganda e a ilha de Heligoland. No Camarões, por exemplo,
quando o governo alemão lá chegou, as explorações aumentaram de maneira
muito significativa. Em 1882, o valor das importações anuais era de 8,6 milhões
de marcos, apenas dois anos depois elas somavam 14,3 milhões.
O fato de serem negros e/ou miscigenados passou a significar que eles eram
uma raça inferior, predestinada a fazer trabalhos braçais. Carls Peters escreveu o
seguinte em um panfleto:
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
No começo do século
No começo do século XX, a situação dos negros e negras sob
XX, a situação dos
negros e negras o jugo alemão foi terrível. Eles eram extremamente explorados pelos
sob o jugo alemão empregadores alemães. A Alemanha criou indústrias em suas colônias,
foi terrível. Eles onde o regime era praticamente de semisservidão. Nessas, o salário
eram extremamente de um homem negro era de 3 libras mensais, enquanto de um branco
explorados pelos variava de 6 a 10 libras por semana (idem, p. 172).
empregadores
alemães.
De todos os exemplos das sevícias envolvendo germânios e
negros, o mais chocante aconteceu em Herrera (localidade que hoje faz parte
do território da Namíbia), onde 80% da população foi morta. Lá habitavam 12 mil
alemães e o massacre deixou cerca de 80 mil pessoas mortas.
82
Capítulo 3 Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX
O líder dos pesquisadores era o médico Eugen Fischer, que atuava também
como professor de outros médicos. Dos alunos de Fischer, um deles ganharia
notoriedade, seu nome: Joseph Mengale, futuro médico do nacional socialismo e
que fez vários experimentos com judeus posteriormente.
83
HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
O genocídio dos judeus e as técnicas de tortura dos nazistas passou por uma
escola, e essa escola era na África.
Atividade de Estudos:
A França e o Colonialismo
A França manteve A França manteve um império colonial considerável. Durante a
um império colonial
revolução francesa, no entanto, parte desse império ruiu, principalmente
considerável. Durante
a revolução francesa, com a independência do Haiti, que se transformou no primeiro reino
no entanto, parte negro das Américas.
desse império ruiu,
principalmente com Contudo, no século XIX eles voltaram com força total no continente
a independência africano. Os governos sob a tutela francesa multiplicavam-se. Contudo,
do Haiti, que se
a mais importante era sem dúvida a Argélia.
transformou no
primeiro reino negro
das Américas. A invasão francesa nesse país aconteceu ainda em 1830. O
episódio que culminou com a invasão até os dias de hoje causa
controvérsia na historiografia sobre o tema. Para uma parcela dos estudiosos,
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Capítulo 3 Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX
essa colonização teve como estopim o tapa que o soberano da Argélia deu no
Ministro das Relações Exteriores da França. Para outros, esteve ligado a uma
antiga dívida que o governo argelino deveria pagar para aos franceses e que não
foi liquidada. O que sabemos, porém, é que, com o domínio desse país, a França
começou a sua aventura neocolonial.
Seus argumentos fizeram tanto sucesso porque propunham algo até então
novo, como destaca um especialista:
A Bélgica e o Colonialismo
A entrada da Bélgica na corrida colonial esteve intimamente ligada à
cobiça de seu soberano. Isso fez com que um dos menores países da Europa
conseguisse uma das maiores regiões. Não que o tamanho significasse pobreza,
85
HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
muito pelo contrário, em meados do século XIX a Bélgica contava com uma
população de aproximadamente 5 milhões de pessoas, das quais 30% trabalhava
na indústria. O país, desde a sua separação dos países baixos, procurou sempre
adotar uma postura de neutralidade frente às diversas guerras europeias, fato
esse corroborado quando percebemos que o Exército era pequeno e a Marinha
simplesmente inexistente.
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Capítulo 3 Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX
Portugal e o Colonialismo
O objetivo dos portugueses durante a corrida colonial foi manter O objetivo dos
um pouco de seu antigo império ultramarino, tarefa difícil por conta portugueses durante
do crescimento de potências como a Grã-Bretanha e a Alemanha no a corrida colonial foi
manter um pouco de
período.
seu antigo império
ultramarino, tarefa
Depois de 1870, Portugal conseguiu manter suas colônias na difícil por conta do
África e participar da partilha graças à tolerância de outras potências crescimento de
estrangeiras, pois o seu poderio militar era irrisório para esse objetivo. potências como
As indústrias portuguesas não tinham interesses no ultramar, e a sua a Grã-Bretanha
e a Alemanha no
classe média tampouco tinha grandes interesses em enviar agentes
período.
coloniais para “desbravar” o continente.
A África e o Colonialismo
Um primeiro ponto deve ser esclarecido sobre o colonialismo europeu na
África, e refere-se à forma como os invasores foram recebidos. Em sua maioria,
eles foram recebidos de forma hostil. E esta hostilidade pode ser percebida pela
reação dos dirigentes africanos do período. Os reis de Gana, em 1891, foram
completamente contra a investida britânica sobre os britânicos. No ano de 1895,
um soberano da República do Alto da Volta declarou que jamais iria entregar
seu território ao soberano francês. No Senegal e na Namíbia, no ano de 1893,
os dirigentes dessas sociedades tiveram também a mesma atitude diante dos
colonizadores. E as tentativas de manutenção do território não foram apenas pela
via dos protestos, e sim também atuaram pela via diplomática europeia.
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Capítulo 3 Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX
que ele permita que a Etiópia seja dividida entre outros Estados.
Antigamente, as fronteiras da Etiópia eram o mar. Não tendo
recorrido à força nem recebido ajuda dos cristãos, nossas fronteiras
marítimas caíram em mãos dos muçulmanos. Não abrigamos
hoje a pretensão de recuperá-las pela força, mas esperamos que
as potências cristãs, inspiradas por nosso Salvador Jesus Cristo,
as devolvam a nós, ou nos concedam pelo menos alguns pontos
de acesso ao mar (apud MARCUS, 1975).
Além disso, os dirigentes africanos não sabiam que o armamento que eles
utilizavam era obsoleto, se comparados com os europeus.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
90
Capítulo 3 Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX
Não obstante, elas também sofreram mutações ao longo de sua história, elas
têm em si sua historicidade. A partir de 1860, aproximadamente, a crise do poder
tradicional trouxe a criação de um novo culto entre os Luba e os Kasai, chamado
lubuku. Tal culto anunciava o regresso da paz, da fecundidade e da prosperidade,
depois da reunificação do reino Luba, que antes era fragmentado em várias
chefias. Para ver os antepassados, a cerimônia era conduzida e o anhâmo, um
tipo de fumo africano, era utilizado. Dentro dessas antigas chefaturas existiam
antigos sacerdotes e eles declaravam sua própria versão do acontecido.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
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Capítulo 3 Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX
As Armas Africanas
O século XIX foi em toda a África o século das armas de fogo. Se a sua
introdução na África através do Saara e das feitorias costeiras dos europeus
remontava ao século XVI, a sua difusão maciça só teve lugar a partir de 1815-
1820, em associação com a evolução político-militar, diplomática e individual da
Europa: o seu comércio manteve-se ativo até o ato de Bruxelas, no dia 02 de julho
de 1890, que proibiu o comércio de espingardas de tiro rápido na África. A maioria
dos Estados apressou-se a adquiri-las, mas os Estados Bantus da África Austral,
em especial os Zulus e nos Ndebeles, que sob o impulso de Chaka acabavam
de viver uma dupla revolução, política e militar, tinham relutância em recorrer às
armas de fogo.
No entanto, o recurso cada vez mais frequente às armas de fogo, das quais
os europeus só forneciam aos africanos modelos ultrapassados, reservando
ciosamente para si próprios os últimos aperfeiçoamentos, tornou a África
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Essa dependência adentrou século XX. Contudo, foi nesse período que
começou um processo de questionamento sistemático dos colonizadores, que
culminaria com as lutas de independências, temas de nosso próximo capítulo.
Atividade de Estudos:
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Capítulo 3 Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
França
Inglaterra
Bélgica
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Capítulo 3 Neocolonialismo na África em Fins do Século XIX
e Início do XX
Alemanha
Algumas Consideraçôes
Caro pós graduando, neste capítulo analisamos o neocolonialismo na África
no final do século XIX e início do século XX, dessa forma falaremos sobre como
aconteceu o fim do tráfico de africanos e quais foram os impactos disso para a
África e as demais potências europeias.
Referências
APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura.
Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
MILLER, Joseph. Way of death: Merchant capitalism and the Angola slave trade.
Madison: Wisconsin Press, 1988.
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C APÍTULO 4
“A África é Nossa”:
Os Movimentos de
Independência na África
100
Capítulo 4 “A África é Nossa”: Os Movimentos de
Independência na África
Contextualização
Depois da primeira guerra mundial, um nascente sentimento de nacionalismo
cresceu no continente africano. O poder dos colonizadores europeus diminuiu
durante o processo beligerante, e movimentos que ansiavam pela independência
foram criados, criaram estatutos, formaram-se líderes. Trabalhadores aproveitaram
a oportunidade para instalar sindicatos, houve um processo de reinvindicação
constante.
Por fim, segue um pequeno epílogo sobre o racismo na África e uma análise
sobre o sistema de segregação racial na África do Sul, denominado apartheid, bem
como um breve comentário sobre a África no Brasil desde o final do século passado.
Boa leitura!
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Aliados Entente
Alemanha Inglaterra
Itália Rússia
Estados Unidos
Esses momentos
Esses momentos de guerra em solo africano significaram, de
de guerra em solo
certo modo, um abrandamento para a população do jugo colonizador africano significaram,
branco europeu. Como nas colônias os cargos de administradores, de certo modo, um
presidentes de banco, inspetores de alfândega, enfim, todo o abrandamento para
aparato governamental e institucional, principalmente aqueles de a população do jugo
mais alto escalão eram exercidos por forasteiros, com a Guerra colonizador branco
europeu.
houve mudanças (HOCHSCHILD, 1999).
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Esse tipo de
Mas ela também significou momentos de lealdade por parte dos
treinamento, e
a ocupação de africanos. Afinal, alguns colonizados colaboravam com os invasores.
cargos-chave num Seria leviano de nossa parte imaginar que todo africano era um rebelde
momento em que em potencial: não, não era!
os colonizadores
apelaram para tais Havia vários africanos, membros da elite, que estavam sendo
pessoas, evidencia
instruídos pelos europeus. Nesse momento bélico eles ocuparam
em certo ponto a
lealdade de algumas vários trabalhos essenciais. Esse tipo de treinamento, e a ocupação de
dinastias da África cargos-chave num momento em que os colonizadores apelaram para
aos europeus. tais pessoas, evidencia em certo ponto a lealdade de algumas dinastias
da África aos europeus. Esse tipo de atitude aconteceu, por exemplo,
entre os senegaleses. Isso era motivado pela ótica africana. Para os membros
dessa elite, era interessante estar ao lado dos europeus nesse momento para
manter-se no poder.
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Capítulo 4 “A África é Nossa”: Os Movimentos de
Independência na África
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
que não lhes pertencia naquele momento. A França, por exemplo, alistou por
meio de decreto, em 1912, soldados negros em suas colônias subsaarianas, com
o objetivo de formar batalhões de soldados negros para lutar na Argélia. Essa
demanda por homens causou uma verdadeira caçada humana no continente
africano e isso causou várias rebeliões (M’BOKOLO, 2007, p. 380).
Vimos até agora duas formas por meio das quais os europeus arregimentavam
africanos para a guerra: voluntariado e conscrição. A última artimanha para
angariar pessoas era o serviço obrigatório, coagindo homens, mulheres e crianças
a lutar na guerra dos brancos.
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Capítulo 4 “A África é Nossa”: Os Movimentos de
Independência na África
Evidente que a repressão que recaía sobre líderes religiosos era bastante
significativa. Na Costa do Marfim, em fins de 1914, um profeta de nome Harris
foi deportado, pois “os acontecimentos da Europa exigiam mais do que nunca a
manutenção da ordem entre as populações da colônia” (idem). Geralmente figuras
religiosas de destaque não eram assassinadas, pois as autoridades temiam que
isso os transformasse em mártires.
Atividade de Estudos:
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O Continente e as Consequências
da Guerra: Economia, Sociedade e
Política
Com a declaração de guerra e o envolvimento dos países europeus que
possuíam territórios na África, algumas alterações aconteceram no campo
econômico, e outras se adensaram no campo social e político após o término da
Primeira Guerra Mundial.
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Capítulo 4 “A África é Nossa”: Os Movimentos de
Independência na África
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Após estes dois momentos belicosos, a África entrou em uma sangrenta luta
pela independência, que em alguns casos demorou bastante para se lograr vitoriosa.
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Capítulo 4 “A África é Nossa”: Os Movimentos de
Independência na África
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
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Capítulo 4 “A África é Nossa”: Os Movimentos de
Independência na África
Do lado dos aliados, por sua vez, seria referendar o poder já estabelecido.
Nenhuma das alternativas era boa, mas era necessário escolher, e eles optaram
pelo lado do colonialismo, contra a opressão alemã – que, como vimos no capítulo
anterior, era terrível.
Aliados Eixo
Inglaterra Alemanha
França Japão
China Hungria
Bulgária
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
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Capítulo 4 “A África é Nossa”: Os Movimentos de
Independência na África
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
messianismo para obter a vitória. Tal luta baseava-se na crença da África como
reino único e os africanos levavam essa questão às últimas consequências.
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Capítulo 4 “A África é Nossa”: Os Movimentos de
Independência na África
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
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Capítulo 4 “A África é Nossa”: Os Movimentos de
Independência na África
Seria infantil imaginar que membros de igrejas, sejam ela quais forem, iriam
ficar prostrados em suas cadeiras enquanto a população sofria com a invasão
de brancos europeus. Tanto a religião muçulmana quanto da religião cristã
constituíram-se focos de resistência e de luta diante do colonialismo e da crença
em um futuro livre.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
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Capítulo 4 “A África é Nossa”: Os Movimentos de
Independência na África
Evidente que do outro lado a resposta não tardaria. E veio com a criação de
um órgão, que por sinal existe até hoje, chamado OTAN (Organização do Tratado
do Atlântico Norte).
Os grupos em
questão, ancorados
no socialismo não
Quando algumas colônias de Portugal estiveram prestes a necessariamente
tornarem-se independentes, essa instituição forneceu armamentos para marxista, foram
os lusitanos. A ajuda prestada por este órgão manteve os países sob o conquistando
domínio português até meados da década de 1970 (BENOT, 1981, 222). suas respectivas
independências. Tais
partidos constituíram
Os grupos em questão, ancorados no socialismo não
após a libertação os
necessariamente marxista, foram conquistando suas respectivas
únicos detentores do
independências. Tais partidos constituíram após a libertação os únicos poder.
detentores do poder.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
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Capítulo 4 “A África é Nossa”: Os Movimentos de
Independência na África
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Atividade de Estudos:
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Capítulo 4 “A África é Nossa”: Os Movimentos de
Independência na África
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Capítulo 4 “A África é Nossa”: Os Movimentos de
Independência na África
O modelo político guardava de forma geral resquícios dos modelos Para um especialista,
europeus, enquanto a força militar era ampla e não condizia com a a raiz do
capacidade de produção do país. Como a compra de armas era imensa, subdesenvolvimento
não se investiu em indústrias e tudo era importado, exceto no Egito, cujo do continente
africano esteve
índice de desenvolvimento industrial foi notável.
associada a um
casamento infeliz e
Para um especialista, a raiz do subdesenvolvimento do continente ao aspecto militar
africano esteve associada a um casamento infeliz e ao aspecto militar e civil no pós-
e civil no pós-independência. independência.
Por fim, outro aspecto que merece destaque nesse cenário pós-independência
nos remete à divisão étnica no país. Com o objetivo de melhor fatiar o continente
os colonizadores europeus, não obedeceram à divisão secular entre povos que
acontecia na África, e isso causou grandes massacres, pois grupos rivais jamais
aceitariam viver em territórios junto aos seus inimigos.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Algumas Considerações
Neste capítulo conversamos sobre os movimentos de independência da
África, assim como compreender o papel da Primeira Guerra Mundial para
o continente africano, assim como a formação do nacionalismo africano, e
apresentaremos os desafios contemporâneos da África independente.
Referências
BENOT, Yves. Ideologias das independências africanas, vol. II. Lisboa:
Livraria Sá da Costa, 1969.
JONGE, Klaas de. África do sul: apartheid e resistência. São Paulo: Cortez
Editora, 1991.
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Capítulo 4 “A África é Nossa”: Os Movimentos de
Independência na África
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
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C APÍTULO 5
Epílogo: Apartheid e Racismo
no Sul da África
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Capítulo 5 Epílogo: Apartheid e Racismo no Sul da África
Contextualização
Em 2010, a seleção brasileira de futebol foi eliminada da Copa do Mundo. O
futebol canarinho consolidou sua derrocada após a derrota para os holandeses.
A vencedora Espanha conseguiu entrar no seleto grupo de campeões mundiais.
Mas houve uma inovação ainda maior nesse campeonato.
Por meio dele forjaram-se líderes que hoje são conhecidos mundialmente,
tais como Desmond Tutu e Nelson Mandela. Contudo, o que poucas pessoas
sabem é como surgiu esse regime. Também é de desconhecimento público a
complexa história da África do Sul, dividida por várias disputas étnicas envolvendo
brancos europeus, brancos naturais da terra e negros africanos.
Como a história é feita por meio de contextos, vamos entender agora o que
ocasionou a separação total entre brancos e negros naquela região, hoje uma das
mais prósperas da África.
Primeiros Europeus
África do Sul,
A África do Sul, durante boa parte do período considerado durante boa parte do
moderno, esteve sob o domínio dos holandeses. Eles chegaram período considerado
moderno, esteve
quando disputavam os mares com portugueses e espanhóis, criando
sob o domínio dos
um entreposto comercial na Cidade do Cabo. holandeses. Eles
chegaram quando
Depois de sua chegada, os holandeses tiveram vários conflitos disputavam os mares
com os africanos, e alguns grupos étnicos naturais foram praticamente com portugueses e
dizimados. Dentre eles, os que mais sofreram foram os Khoikhois. Ante espanhóis, criando
um entreposto
a chacina desse grupo, os sobreviventes prestaram serviços análogos
comercial na Cidade
à escravidão para os europeus. do Cabo.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
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Capítulo 5 Epílogo: Apartheid e Racismo no Sul da África
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Atividade de Estudos:
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Capítulo 5 Epílogo: Apartheid e Racismo no Sul da África
A Segregação (1868-1948)
O novo território logo se tornaria um lugar de confrontos. Com a descoberta
de minérios e riquezas na região, os ingleses revogaram sua independência. Isso
gerou uma guerra, envolvendo apenas os brancos.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
138
Capítulo 5 Epílogo: Apartheid e Racismo no Sul da África
Durante esse período não deixou de lutar a favor dos negros de seu país.
Depois de sua liberdade, após longos anos de prisão, ele conseguiu, em 1994,
ser eleito o primeiro presidente negro da África do Sul, e tentou promover a união
entre brancos e negros. Sua história é inspiradora para vários movimentos sociais
negros no Brasil e em outros países.
Atividade de Estudos:
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Capítulo 5 Epílogo: Apartheid e Racismo no Sul da África
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
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Capítulo 5 Epílogo: Apartheid e Racismo no Sul da África
Algumas Considerações
A África sempre esteve presente no Brasil. Homens, mulheres, crianças
saíram do continente africano de forma coercitiva para construir a nação brasileira.
Nenhum outro país além da Nigéria possui tantas pessoas declaradamente negras
como aqui. Nenhum outro país do mundo recebeu tantos escravizados como aqui,
vimos os números no segundo capítulo.
As religiões de matriz africana são vistas como satânicas por boa parte da
população, com elas existe uma pequena tolerância.
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HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
A partir do ano de 2003, com a criação de uma lei que obrigou o ensino de história
africana e cultura afro-brasileira em sala de aula, a realidade começou a melhorar.
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Capítulo 5 Epílogo: Apartheid e Racismo no Sul da África
Atividades de Estudos:
145
HISTÓRIA DA ÁFRICA E DOS AFRICANOS: DA DIVISÃO COLONIAL AOS DIAS ATUAIS
Referências
JONGE, Klaas de. África do Sul: apartheid e resistência. São Paulo: Editora
Cortez, 1991.
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