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REPÚBLICA DE ANGOLA

GOVERNO DE DA PROVÍNCIA DE LUANDA


ESCOLA DO IIº CICLO DO ENSINO SECUNDÁRIO
LICEU NGOLA KILUANJI N.º 1145

TRABALHO DE HISTÓRIA

“ÁFRICA NO PERÍODO DAS GUERRAS MUNDIAIS”

Classe: 11ª
Sala: 23
Turma: EJG
Turno: Noite

Destinatário

_____________________________
Prof. Alexandre Mateus Mavungo

Luanda, 2021
RELAÇÃO NOMINAL DOS INTEGRANTES DO GRUPO

N.º 01 – Ambrósio Luís

N.º 02 – Ana Arlete Francisco Gonga

N.º 03 – Ana da Silva Francisco

N.º 07 – Carlos Máquina

N.º 08 – Carolina Domingos Puingue

N.º 09 – Cinthia Marlene Benedito

N.º 10 – Clésio Eliud Zilungo

N.º 11 – Domingos Kalequela

ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................1

2. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................2

2.1. As duas guerras mundiais no contexto das rivalidades Imperialistas................2

2.2. Impacto económico das guerras mundiais em África: o reforço da exploração,


o comércio colonial e o comércio mundial.................................................................3

2.3. Os efeitos da II Guerra Mundial (1939-1945).....................................................4

2.4. O impacto político das guerras mundiais...........................................................5

3. CONCLUSÃO........................................................................................................7

4. BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................8
1. INTRODUÇÃO

Algumas regiões do continente africano sofreram o impacto das duas guerras


mundiais. Do ponto de vista militar, as potências beligerantes digladiaram-se em
terra africana. Assinalamos aqui as intervenções dos exércitos franceses e britânico
no Togo, Camarões, Tanganica e Sudoeste Africano (Namíbia), então colónias
alemãs. Nos dois últimos países, Portugal interveio por fazerem fronteira com as
suas colónias, nomeadamente Angola e Moçambique. Finda a guerra e por força do
Tratado de Versalhes, assinado entre as potências vencedoras (França e Inglaterra)
e os países vencidos (Alemanha e o Império Otomano), as colónias alemãs
passaram à tutela dos primeiros. Foi assim que o Togo passou para a jurisdição
francesa, os Camarões foram partilhados entre a França e a Inglaterra, o Tanganica
ficou com a Inglaterra, o Rwanda-Urundi ficou com a Bélgica e o Sudoeste África no
(Namíbia) ficou com a África do Sul, pelo facto de este país ter colaborado durante a
guerra com os vencedores.

Enquanto isso a II Guerra Mundial teve um impacto muito grande nas colónias
africanas, mas desta vez, só no Norte de África se fizeram sentir combates entre
tropas alemãs e norte-americanas e britânicas. A batalha mais importante foi a de El
Alamein, no Egipto, em que as tropas alemãs sofreram uma pesada derrota e que
ditou a sua retirada do Norte de África, particularmente do Egipto, Líbia e Tunísia.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. As duas guerras mundiais no contexto das rivalidades Imperialistas

Os investigadores que analisaram o impacto das duas guerras mundiais sobre, o


despertar do nacionalismo em África (Hernandez, 2003; Mbokolo, 2000; Davidson,
1980; Cornevin, 1972 e Ki-Zerbo, 1990) consideram que a I Guerra Mundial
encerrou um primeiro conjunto de acontecimentos que fez estremecer a estrutura do
colonialismo mundial. Além disso, pelo artigo 119º do Tratado de Versalhes, de
Junho de 1919, foram legalmente reconhecidos os desmoronamentos dos impérios
alemão e otomano, cujas possessões passaram a ser divididas entre britânicos e
franceses.

A Conferência de Paz de Versalhes celebrou as ideias de auto-governo e de


democracia representativa, as quais, ao menos no plano do discurso, significavam
uma democracia de indivíduos iguais, independentes e capazes de se fazerem
representar. Paradoxalmente, nos territórios ultramarinos o exercício administrativo-
jurídico, articulado a uma teia de crenças e valores, reforçava a existência de
indivíduos e nações dependentes e incapazes de formular e conduzir projectos
político-sociais próprios do mundo moderno. Esse foi o argumento da Sociedade das
Nações quando redesenhou o mapa de África, instituindo um regime de mandato (o
qual cedeu lugar ao regime de protectorado só depois da II Guerra Mundial),
substituindo a Alemanha pela França e a Inglaterra, no Togo, nos Camarões e no
Tanganica; pela África do Sul no Sudoeste Africano (Namíbia), onde a campa não
teve longa duração, cujo fecho decisivo foi desempenhado por tropas africanas. É
processo de substituição ocorreu também no Rwanda-Urundi, em que a Bélgica
substituiu a Alemanha.

No final da I Guerra Mundial os combatentes africanos regressaram aos seus países


de origem mas não viram, da parte da administração colonial; um reconhecimento
da sua participação nos conflitos, assim que começaram a surgir as manifestações,
contestaram greves e reivindicações de ordem económica e social, que abrangiam
desde as privações e exclusões próprias das práticas quotidianas até a não
aplicação do decreto de autodeterminação dos povos, tal qual havia sido
apresentada nos 14 pontos do presidente americano, Woodrow Wilson, reiterando a

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ideia básica aprovada já no Congresso da II Internacional Socialista, realizado em
Londres, em 1896.

Por sua vez, por força das circunstâncias, a Inglaterra e a França assinaram, em
Novembro de 1918, uma declaração conjunta por meio da qual reconheciam a
importância da emancipação dos povos oprimidos pelos turcos. Destruiu-se o
Império Otomano, com o reconhecimento da independência a um grupo de países
árabes da África Setentrional (Egipto, Líbia, Tunísia), enquanto nos demais
territórios governados pelas mesmas potências europeias a independência era
recusada. Essa contradição da colonização levou a um inequívoco crescimento dos
movimentos nacionalistas. O fim da I Guerra Mundial frustrou a expectativa de
reconhecimento do esforço de guerra, que incluía o cumprimento de promessas da
burocracia colonial de resolver necessidades materiais básicas dos africanos com
reformas sociais e políticas. O adiamento na solução dos problemas sociais
aumentou a oposição à administração colonial.

Por outro lado, a guerra colocou os povos africanos em contacto com o carácter
instrumental da técnica, sobretudo militar, que actuou violentamente sobre os povos
europeus. O mais importante legado dessa experiência militar terá sido o de ter
posto a nu o carácter desumano dos chamados civilizados. Ora, não havia razão
para acreditar que o sistema colonial fosse necessário ou mesmo inevitável para que
os indígenas evoluíssem segundo padrões ocidentais. Gradualmente, os africanos
tomaram consciência da necessidade de assegurarem os seus próprios destinos e
de traçar um melhor rumo das suas sociedades, segundo os seus padrões culturais.

As acções levadas a cabo pelos africanos nesse período excluíam a conquista da


independência. Reivindicavam um tratamento melhor dentro do sistema colonial.

2.2. Impacto económico das guerras mundiais em África: o reforço da


exploração, o comércio colonial e o comércio mundial

As guerras mundiais, um impacto não só económico, mas também social devido à


utilização de meios bélicos mais poderosos, houve um bloqueio nas relações corrias
colónias. A actividade da marinha mercante foi reduzida, devido perigo dos navios
serem destruídos no alto-mar; que resultou numa escassez de produtos

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manufacturados e no facto de as colónias não possuírem indústrias, para
satisfazerem as suas necessidades.,

Houve uma queda dos preços dos produtos básicos e elevação dos preços dos
artigos importados. A estrutura do intercâmbio comercial entre a África e a Europa
foi duramente afectada. O Estado não cessou de intervir na economia das colónias,
nomeadamente com o controlo dos preços, requisição das colheitas, cultivo
obrigatório de certos produtos agrícolas para satisfazer o esforço de guerra, o que
obrigou as administrações a recorrer constantemente ao recrutamento de mão-de-
obra para os trabalhos da agricultura, da construção de infra-estruturas militares e
para as fileiras do exército. Isso favoreceu também as casas importadoras e
exportadoras das potências coloniais.

2.3. Os efeitos da II Guerra Mundial (1939-1945)

Logo após a II Guerra Mundial, as potências europeias, debilitadas pelos efeitos


desse conflito, tentam corrigir os erros do anterior conflito no que diz respeito às
possessões coloniais. A França e a Grã-Bretanha adoptam algumas medidas
legislativas, nomeadamente a abolição do Estatuto dos Indígenas, concederam
direitos sindicais aos africanos e autorizaram a criação de partidos políticos.

De facto, a II Guerra Mundial foi o factor externo que permitiu a consolidação do


nacionalismo em África. A participação de africanos nessa guerra permitiu-lhes
compreender a natureza do colonialismo e das sociedades e europeias. Ki-Zerbo,
em História da África Negra, estima que em 1940 só nos territórios sob dominação
francesa, foram recrutados 127.320 soldados da chamada África Ocidental Francesa
(AOF), 15.500 na África Equatorial Francesa (AEF) e 34.000 em Madagáscar. Desse
contingente, 24.271 africanos da África Ocidental e Equatorial, assim como 4.350
malgaxes perderam a vida em combates na Normandia, no Médio Oriente, em
África, Itália, Indochina, Birmânia e Alemanha.

Com efeito, o esforço africano na guerra foi enorme. Pelas estatísticas avançadas
compreende-se que não houve, da parte das administrações coloniais, o merecido
reconhecimento do esforço dos africanos.

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A Revolução de Outubro de 1917, na Rússia, cujo Estado se tomou modelo para os
países africanos, inscreveu a libertação dos povos colonizados como o pilar da sua
política externa. Ali Mazrui (1998: 590) enfatiza o papel da França de Charles de
Gaulle na transferência gradual do poder aos africanos. Na realidade, Ioga após a II
Guerra Mundial, a França decidiu a participação dos africanos na vida política,
mesmo que essa participação fosse feita nos partidos políticos da metrópole, é
assim que, em Novembro de 1945, Leopold Sedar Senghor e Lamine Guéye
(Senegal), Félix Houphouet-Boigny (Costa do Marfim), Apithy Sourou Migan
(Daomé), Fily Dabo Cissoko (Sudão Francês) e Yacine Diallo (Guíné-Conakri), foram
eleitos para a Assembleia constituinte, a fim de representarem a África Ocidental
Francesa. Nas colónias sob tutela, no caso, os Camarões, também foram eleitos
Alexandre Douala-Manga Bell e LP Anjoulet, Ficou de fora a colónia da Argélia
porque os nacionalistas gostariam de ver aprovado um projecto de federação entre a
França e uma futura República argelina, o que não foi aceite. Os deputados
africanos e a Constituição da IV República introduziram mudanças na legislação
sobre as colónias.

A legislação de maior impacto nas colónias foi o decreto de 20 de Fevereiro, que


suprimiu o Indigenato; a lei de 11 de Abril sobre a abolição do trabalho forçado; entre
outros.

2.4. O impacto político das guerras mundiais

Centenas de milhares de negros participaram nas guerras mundiais, em teatros de


operações tão variados como a Líbia, a Itália, a Normandia, a Alemanha, o Médio
Oriente, a Indochina, a Birmânia, etc. As reservas do Banco de França haviam, de
resto, sido retiradas e guardadas em Kayes (Mali). Muito mais do que durante a I
Guerra Mundial entrava a África em contacto de maneira decisiva com o mundo
inteiro, num contexto de estremecimento geral 520.000 soldados das colónias
tinham participado na guerra de 1914-1918. Foi essa, para centenas de milhares de
negros a ocasião da descoberta do homem branco.

Da mesma forma que os operários da. Europa Ocidental e os povos colonizados da


Ásia, do Médio Oriente e do Norte da África, também os colonizados da África Negra

tornaram a sério a guerra anti-fascista: esperavam da vitória sobre Hitler, não uma

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nova modificação das relações de forças entre as grandes potências, mas uma
verdadeira libertação dos métodos de governos, arbitrários e racistas (que
consideravam, com razão semelhante ao fascismo) libertação da miséria e da
exploração. Não consideravam simples papéis a Carta do Atlântico e a proclamação
por Roosevelt das quatro liberdades fundamentais (entre a quais, a libertação da
miséria e a libertação do medo, sendo outras duas a liberdade de expressão e a
liberdade de pensamento).

Na África Negra, a guerra foi vivida e sentida de formas muito diversas do Cabo ao
Senegal. A União Sul-africana, se bem que o governo se tenha visto obrigado a
declarar guerra à Alemanha hitleriana, não deixou de tomar precauções
significativas, nem de pensar em mobilizar tropa negra; porque se temia as
consequências do regresso dos antigos combatentes. O próprio contingente branco
enviado para o teatro de operações no exterior era limitado tinha de se manter no
país as forças necessárias para controlar a massa dos escravos negros. Além disso,
havia entre os brancos um certo número de simpatizantes confessos do hitlerismo e
entre eles um futuro primeiro-ministro Verwoerd. Mais a norte, no Congo sob a
dominação belga, também não se pôs a questão da mobilização dos africanos pelas
mesmas razões. Em contrapartida, os trabalhadores das minas de cobalto, urânio e
de cobre vão guardar da guerra a lembrança de anos de exploração e de uma
aceleração de produtividade atrozmente intensificada.

Por outro lado, na África sob dominação francesa sentem-se os ricochetes brutais
dos conflitos internos da própria França ao reforço do racismo operado pelas
autoridades de Vichy vai suceder, com as autoridades gaulistas, o esforço da guerra,
em que os africanos foram convidados a participar intensivamente.

3. CONCLUSÃO

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Conclui-se assim que, o período entre Guerras é uma fase da História do século XX
que vai do início da Primeira Guerra Mundial até o final da Segunda Guerra Mundial,
ou seja, entre 1914 à 1945. Este período é marcado por vários acontecimentos
mundiais de extrema importância para entendermos a História mundial dos anos
seguintes.

Guerra Mundial é um conflito capaz de afectar todos os países de alguma maneira.


Nunca houve de facto uma guerra com envolvimento militar de todos os países, mas o
envolvimento de países de preponderância no planeta gera consequências
económicas e políticas que afectam a ordem geral. É algo que carrega em si o
estigma da contemporaneidade, a expressão é bem aplicada para os tempos de
globalização. A humanidade já passou por inúmeras guerras, de pequena ou grande
escala, desde a História Antiga até os dias actuais, mas os momentos da história
humana determinaram a repercussão dos conflitos. É claro que toda guerra tem como
consequência invariável os prejuízos humanos, económicos, sociais e políticos, mas a
dimensão que assumem está muito atrelada ao seu momento histórico.

Salientar que, em 1914, apenas a Etiópia e a Libéria conseguiam manter-se


independentes e a África estava assim dividida: a França ocupou a África do Norte
(Argélia, Tunísia e Marrocos), a região do Saara (dividida para fins administrativos
em África Equatorial Francesa e África Ocidental Francesa) e a ilha de Madagáscar;
a Inglaterra incorporou o Egipto, o Sudão Anglo-Egípcio, o Quénia, Uganda,
Somália, Costa do Ouro e Nigéria; ao sul, os ingleses anexaram o interior da Colónia
do Cabo e através de Cecil Rhodes, surgindo assim as Rodésias; em 1902, numa
guerra contra os Boers, antigos colonos holandeses, os britânicos conquistaram o
Transvaal e Orange;a Bélgica apoderou-se do Congo Belga (Zaire); a Alemanha
assenhorou-se do Togo, dos Camarões, etc…

4. BIBLIOGRAFIA

Ali A. Mazrui, História Geral de África. África desde 1935, Vol. VIII, Brasília,
UNESCO, 2010;

7
Elikia M’bokolo, África Negra. História e Civilizações. Do Século XIX aos Nossos
Dias, Lisboa, Edições Colibri, 2007;

Gordon Kerr, Uma Breve História de África, Lisboa, Bertrand Editora, 2013;

John Raedar, África. Biografia de um Continente, Mem Martins, Publicações Europa-


América, 2002;

Joseph Ki-Zerbo, História da África Negra, vol. II, Mem Martins, Publicações Europa-
América, 1979.

Robert Thompson, A Guerra no Mundo: Guerras e Guerrilhas desde 1945, Lisboa, Editorial
Verbo, 1983.

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