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APOSTILA DE HISTÓRIA DO PARANÁ

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1. Localização e dados gerais do estado do Paraná

“Paraná” é um termo que vem do Guarani e significa “rio grande ou semelhante ao mar (para =
mar e na = semelhante) O Paraná é uma das 27
unidades federativas do Brasil. Está situado na
região Sul do país e tem como limites São Paulo (a
norte e leste), oceano Atlântico (leste), Santa
Catarina (sul), Argentina (sudoeste), Paraguai
(oeste) e Mato Grosso do Sul (noroeste). Ocupa uma
área de 199.880 Km².

Sua capital é Curitiba e outros importantes


municípios são Londrina, Maringá, Cascavel, Toledo,
Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, São
José dos Pinhais, Guarapuava, Paranaguá,
Apucarana, Umuarama, Campo Mourão, Paranavaí,
além de outras cidades da Região Metropolitana de
Curitiba como Araucária, que possui o segundo PIB
do estado.
De acordo com PIB, o Paraná é o quinto
estado mais rico do Brasil, atrás de São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. O
Paraná apresenta uma estreita planície no litoral, e a
serra do Mar é a borda dos Planaltos e Serras de
Leste-Sudeste. Após a Depressão Periférica, no centro-leste do estado, surgem os Planaltos e
Chapadas da Bacia do Paraná.
Os rios da Bacia Hidrográfica do Rio Paraná drenam a quase totalidade do estado. Os principais
cursos d'água são, além do próprio rio Paraná, o Paranapanema, o Iguaçu, o Tibagi, o Ivaí e o Piquiri.
O clima paranaense é predominantemente subtropical úmido.A temperatura varia entre 4 °C e 21
°C, e o clima é mais frio na porção sul planáltica. Os índices pluviométricos oscilam de 1.500 mm a
2.500 mm anuais.
Originalmente, cerca de metade do território paranaense era recoberto pela Mata de Araucárias. Nas
partes mais elevadas dos planaltos, manchas de campos são comuns.

2. Os povos nativos do estado do Paraná:

O termo índios designa os povos nativos encontrados nas Américas, nos séculos XV e XVI, por
navegantes e conquistadores europeus que buscavam uma rota para as Índias (sudeste asiático), para
onde iam em busca de ampliação do seu comércio. Em final de 1400 quando os europeus começaram a
chegar na América, no mesmo espaço onde se situa o estado do Paraná, habitavam cerca de 200 mil
índios pertencentes a duas famílias linguísticas: JÊ e TUPI-GUARANI.

A ocupação do território paranaense

Supõe-se que entre 12 mil e 15 mil anos atrás, parte da região sul do Brasil e do nordeste da
Argentina era ocupada por povos caçadores/coletores. Estes primeiros habitantes vieram de áreas
próximas do Oceano Pacífico e do centro-oeste brasileiro, encontrando no Paraná um clima frio e seco.
Eles eram povos nômades que viviam em acampamentos temporários, inclusive em abrigos sob
rochas, e se alimentavam da caça de animais e da coleta de frutos, raízes e mel, e eram conhecidos
pelos diferentes materiais lascados que produziam como pontas de projéteis.
Por causa de alguns alimentos de sua dieta, como o caramujo-gastropodo, no vale do Rio
Ribeira e afluentes alguns grupos chegaram a fazer pequenos morros de conchas chamados de
sambaquis fluviais, onde podem ser identificados vestígios de suas habitações e sepultamentos. Parte
das pinturas rupestres dos Campos Gerais e das gravuras rupestres do Segundo Planalto está
relacionada a esse período, mas a arte rupestre continuou a ser feita até cerca de 300 anos: pinturas de
animais associadas às representações geométricas, além de seres humanos, geralmente em vermelho
ou preto.
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Há sete mil anos, quando o clima se tornou mais quente e úmido, a ocupação do território
passou a se intensificar com as populações de caçadores/coletores Umbu, Humaitá e de Sambaquis.
No litoral, faziam moradas temporárias para a pesca e a coleta de moluscos e gastrópodos, sucessivas
vezes na mesma área, ou construíram aterros com conchas para se proteger da oscilação do mar.
Erguiam verdadeiros morros artificiais, os sambaquis litorâneos, com até 21 metros de altura, como o
sambaqui do Guaraguaçu, em Pontal do Paraná. Estão catalogados pelo menos 300 sambaquis no
litoral do Paraná.

Os ancestrais dos Kaingang e Xokleng (Família linguística JÊ).

Os primeiros povos agricultores e ceramistas chegaram ao Paraná há quatro mil anos, vindos do
planalto central brasileiro. Ocupavam de preferência as terras altas do sul do país. Ao longo do tempo,
dispersaram-se por todo o território paranaense, desde o litoral até o oeste, no Rio Paraná. Eram
ancestrais dos índios conhecidos como Guaianá, Coroado, Gualacho e Pinaré, e representados
atualmente pelos Kaingang e Xocleng.
Viviam em aldeias com até 300 pessoas, em grandes casas retangulares cobertas com folhas de
palmeiras, algumas parcialmente subterrâneas, as quais no Paraná ficaram conhecidas como “buracos
de bugre”. No centro da casa, com duas ou outras aberturas usadas como portas, havia sempre uma ou
mais fogueiras que ajudavam na iluminação, no aquecimento, na preparação dos alimentos e também
serviam para espantar insetos.
Nas proximidades da aldeia faziam roças para plantar no sistema da coivara com pequenas
derrubadas de mata e limpeza por meio de queimadas, algumas variedades de milho, abóbora, feijão,
amendoim e mandioca. Em tempos de inverno parte da aldeia se dividia em grupos menores para fazer
grandes deslocamentos. Dedicavam-se então à caça, pesca à coleta de mel, raízes e frutos como o
pinhão.
Tradicionalmente os ancestrais dos Kaingang enterravam os mortos em estruturas subterrâneas
forradas com folhas de palmeira cobertas com montes de terra que pareciam pequenas pirâmides. Os
Xokleng cremavam os mortos e ambos os grupos faziam cemitérios em abrigos rochosos onde
pintavam e gravavam cenas de seu cotidiano.
Sua cerâmica é usada para fazer peças em pequeno volume e espessura fina com eventual
engobo negro ou vermelho ou marcações em tecido, malha carimbos e incisões na face externa dos
vasilhames. Também confeccionavam cestos em taquara, alguns impermeabilizados com cera de
abelha para armazenar líquidos. Também usavam porongos como vasilhames.
Dividiam-se em grupos formados por clãs – grandes famílias – cada qual identificado por um tipo
de pintura corporal. Algumas pinturas eram feitas com um carimbo de madeira. Costumavam marcar
seu território com esses mesmos símbolos clãnicos em abrigos rochosos e em troncos do pinheiro
araucária.
Caçavam com arco e flechas, arpões e armadilhas. Preferiam animais de pelo como as antas,
porcos do mato, catetos quatis, cachorros-do-mato e alguns tatus. Preparavam uma paçoca de pinhão
para misturar com a carne. Filhotes de animais, como os papagaios, gaviões, macacos e quatis eram
capturados e criados nas aldeias.
Aves grandes como jacutinga, jacu e macuco, serviam como alimento.

Anscestrais dos Tupi/Guarani (Família Tupi-Guarani)

Os ancestrais dos índios Tupi e Guarani apareceram em território paranaense há dois mil anos,
provavelmente vindos da Amazônia. De início, eles ocuparam os vales dos grandes rios e depois
praticamente todo o Paraná, inclusive o litoral porque preferiam áreas de mata atlântica e da floresta
pluvial tropical para caça e pesca.
Sua cerâmica era decorada com pinturas geométricas, vermelhas e pretas sobre engobo branco
ou incisões e marcações em com unhas e a polpa dos dedos. Eram comuns os cachimbos cerâmicos
assim como o hábito de beber a erva-mate com água fria ou quente. Lâminas de machado polidas e
lascadas, além de lascas de pedra eram usadas para descarnar animais e desbastar madeira. Além dos
vasilhames de cerâmica, usavam porongos e cestos em taquara para guardar alimentos e cargas.
Excelentes canoeiros usavam os rios como importante meio de transporte.
Os Guarani eram agricultores e cultivavam mandioca, milho, batata-doce e feijões. Ainda
realizavam a pesca, a caça e a coleta de frutos, raízes e mel. Moravam em aldeias com formato circular,
onde viviam até 330 índios em grandes casas comunais, geralmente com cinco ou seis divisões
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internas. Dormiam em redes fixadas nas estruturas internas das casas. Em cada uma moravam de vinte
a trinta pessoas. As habitações Guarani eram mais largas que as dos Kaingang. No centro da aldeia
existia geralmente a casa de rezas para suas atividades rituais.
Os Guaranis costumavam sepultar os mortos em vasilhas cerâmicas no interior da casa, que era
em seguida incendiada e uma nova habitação construída no mesmo local. O enterro em uma urna podia
ser secundário, ou seja, inicialmente o indivíduo era sepultado as margens de um rio, por exemplo, e
depois de algum tempo os ossos eram retirados pintados, emplumados e junto com adornos do morto
inseridos em uma vasilha cerâmica agora enterrada e no interior da casa do morto ou das rezas.
Sua aldeia durava de cinco a seis anos. Com os recursos naturais ficavam esgotados,
transferiram-se para outros lugares para que o solo descansasse e a fauna se recompusesse e às
vezes voltavam mais tarde para os mesmos lugares.
Os Guarani usavam muitos adornos de cabeça e de dorso com pedras polidas, sementes, ossos
e dentes de animais, além de rica plumária colorida de pássaros. No queixo, logo abaixo dos lábios,
inseriam adornos (tembetás) feitos em quartzo, madeira ou resina.
Dentre o grupo linguístico Tupi-Guarani ainda podemos destacar uma outra tribo pouco
estudada: os Xetá. Hoje eles se encontram basicamente no noroeste paranaense e sempre se
destacaram pelo seu rico artesanato com cintas nas pernas e braços com fio de caraguatá, e colares
em vars flexíveis, com dentes de animais fixados. As crianças usavam colares de sementes com muitas
voltas e algumas vezes com ossos de pequenos animais e crânios de aves.
Também esculpiam miniaturas em cera que representavam animais e seres fantásticos da
mitologia Xetá. Estes índios foram expulsos de suas terras e muitos acabaram perdendo sua própria
identidade. Hoje eles vivem nas diversas cidades desprovidas de suas terras e culturas, sobrevivem
como soldado militar, enfermeiro, empregada doméstica, bóia-fria e dona de casa. Alguns se casaram,
formando família grande e hoje já são avós. Os Xetás estão espalhados pelo estado do Paraná, como
na reserva de São Jerônimo da Serra na região de Guarapuava.
No século XIX, aumentou o número de fazendas de gado nos campos paranaenses,
principalmente em Guarapuava e Palmas, de modo que os fazendeiros avançaram sobre muitos
territórios ocupados por índios Kaingang. No final do século XIX, após violentos confrontos entre os
novos colonizadores e os Kaingang, muito reduzidos em número, os índios acabaram por se reunir em
aldeamentos organizados pelo governo. Os Kaingang representam hoje a terceira etnia indígena em
população no país.
Os guaranis se encontram mais às margens do Rio Paraná. E ainda mantêm hábitos imemoriais.
Falam a língua Tupi e formam atualmente a maior etnia em população do país.
Hoje são 21 reservas no Paraná, ocupadas por aproximadamente 9.000 índios segundo dados
do IBGE. Dentre elas Palmas, Mangueirinha, Rio das Cobras, Ocoy, Marrecas, Ivaí, Rio D`Areia,
Faxinal, Queimadas, Mococa, Apucaraninha, Barão Antonina, São Jerônimo da Serra, Laranjinha,
Pinhalzinho, Ilha da Cantiga, Guaraqueçaba, Tehoho e outras.
A língua dos índios Xetás desapareceu junto com seu povo. Já o Kaingang e o Tupi Guarani
passaram a ser sistematizados nos anos setenta e na década de 80, recebendo instrumentos para
traduzir suas lendas, histórias e cultura em sua própria língua. Destas etnias, tiramos muitas
informações, o caminho a percorrer, a extração do alimento, das ervas medicinais e o artesanato.
Desses povos herdamos nomes que hoje caracterizam cidades ruas, rios e pessoas.
Hoje os índios do Paraná lutam para resgatar seus costumes, serem respeitados e valorizados,
tentando preservar os seus jovens da descaracterização de sua cultura. A maioria vive da agricultura e
venda dos artesanatos e sonham com uma vida digna como todos os brasileiros.

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3. Colonização do estado do Paraná –
Portugal e Espanha

Com a chegada dos europeus a


América em 1492 nosso continente passou a
ser colonizado e explorado principalmente pela
Espanha e por Portugal. Pelo Tratado de
Tordesilhas (1494) o continente Americano
ficaria dividido entre Espanha (oeste) e
Portugal (leste). Com a assinatura desse
tratado, o território paranaense a oeste de
Paranaguá ficou sob o domínio da Coroa
Espanhola, e a leste de Paranaguá o domínio
era da Coroa Portuguesa (Capitania
Hereditária de São Vicente ao norte e
Capitania Hereditária de Santana ao sul).
Assim por mais de 200 anos quase que
a totalidade do nosso estado ficou sob o
domínio e exploração da Espanha. Em 1750 o
Tratado de Tordesilhas foi oficialmente desconsiderado, e a região do atual Paraná, anexada a
Capitania Hereditária de São Vicente, futuro estado de São Paulo.

A colonização Espanhola

Nos séculos XVI e XVII a Coroa Espanhola batizou o atual Paraná como Província do Guairá e a
partir de 1554 iniciaram a fundação de
cidades espanholas. Inicialmente
fundaram Ontiveros, próximo às
Cataratas do Iguaçu. Entre 1556 e 1557,
fundaram Ciudad Real del Guairá, na
foz do rio Piquiri, com espanhóis do
Paraguai e de Ontiveros. Desde então
essa última foi abandonada.

A terceira cidade criada foi Villa


Rica del Espiritu Santo, em 1570, às
margens do rio Cantu, mudando de local
em 1589, para junto da foz do rio
Corumbataí. No Paraná dessa época
também passava um importante
caminho indígena chamado de Peabirú
que ligava os Oceanos Pacífico ao
Atlântico. Esse caminho ia do litoral
paulista até Assunção (Paraguai), cruzando o atual estado do Paraná. Na verdade, é provável que o
Peabirú consistisse de uma rede de caminhos interligados colocando em contato o sul e o sudeste
brasileiros e a região Andina - incas.
Muitos viajantes cruzaram o Paraná nessa época, uma das mais famosas viagens foi a de Dom
Álvaro Cabeça de Vaca em 1541, que partiu do litoral catarinense chegando a Assunção (Paraguai). Ele
é considerado o descobridor das Cataratas. O objetivo dos espanhóis era a dominação nativa para a
exploração de mão-de-obra. As tentativas infrutíferas levaram-nos a confiar aos jesuítas esses índios
para a catequese. Foram criados 13 Núcleos Jesuítas Espanhóis as margens dos rios Paranapanema,
Ivaí. Piquiri, Tibagi e Iguaçu, onde o trabalho dos jesuítas se desenvolveu. A 1ª Missão Jesuítica foi a de
Nossa Senhora de Loreto, na foz do Rio Pirapó.
A política dos Jesuítas consistia em respeitar a estrutura dos índios permitindo que os caciques
continuassem a exercer a autoridade tribal. Assim todos realizavam o trabalho de forma comunitária e
organizada: lavouras coletivas, criação de gado, exploração e erva-mate e artesanato. Entretanto os
colonizadores espanhóis e portugueses teimavam em prejudicar o trabalho dos Jesuítas, a eles
interessava o apresamento de índios mansos para o trabalho escravo. A partir de 1628, Raposos
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Tavares e Manoel Preto destruíram a maioria das reduções paranaenses e apreenderam milhares de
índios. O número estimado de índios na região era de 200 mil, dos quais, segundo Romário Martins,
100 mil foram aldeados pelos jesuítas, destes 60 mil
foram levados como escravos e 15 mil morreram nas
lutas. Em 1631 o Padre Montoya e outros companheiros
reuniram 12 mil índios sobreviventes e fogiram para o
sul, as margens do rio Uruguai, abandonando as
reduções do Paraná. Em 1750, pelo Tratado de Madrid e
em 1777, pelo tratado de Santo Ildefonso, Portugal e
Espanha definiram as fronteiras do atual oeste nas
barrancas do rio Paraná, mas a situação de abandono
da região não mudou, pois Portugal não se interessou
pela região por um longo tempo também.

4. O Ouro no século XVII e o início da ocupação


do Litoral e de Curitiba.

O litoral da região de Paranaguá era frequentemente visitado pelos paulistas de São Vicente e
Cananéia (províncias as quais o atual estado do Paraná pertencia na época). Pelo que consta, nesta
região em 1578 foi encontrada a primeira mostra de ouro, incentivando a exploração.
Os primeiros moradores fixos a se instalarem na ilha de Cotinga foram liderados por Domingos
Peneda. Em 1614, Diogo de Unhate obteve uma sesmaria na Ilha de Superagui . Uma sesmaria era
uma parte de uma Capitania Hereditária vendida, alugada ou doada pelo Donatário a uma outra pessoa,
já que as Capitanias eram grandes demais. A ocupação foi dificultada pelos índios Carijós.
A busca do ouro fez surgir vários arraiais de mineradores e dentre eles destacou-se o de Vila de
Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá emposada em 1649. A coordenação de exploração do ouro
cabia a Eleodoro Ébano Pereira, responsável pela Casa de Fundição, cuja finalidade era a cobrança de
impostos (o quinto) sobre o ouro encontrado.
Sem demora a busca do ouro levou os exploradores a subirem a Serra do Mar, chegando ao
Planalto de Curitiba. Os mineradores do planalto deram origem a novos arraiais e a Vila de Nossa
Senhora da Luz dos Pinhais (atual Curitiba). Os primeiros moradores de Curitiba instalaram-se nos
arredores da Praça da Capela (atual Praça Tiradentes). Entre os pioneiros, destacaram-se Mateus
Leme e Baltazar Carrasco dos Reis.
Conta à lenda que para manter sempre uma boa amizade com os índios, os colonizadores
convidaram o Cacique de uma Tribo Tingui, habitantes da região, para que lhes indicassem o local mais
apropriado para o início da povoação. O Cacique Tingui, aceitando o convite teria procurado
demoradamente um bom lugar e ao encontrá-lo fincara uma vara no chão e dissera: “Coré-etuba”, ou
seja, “muito pinhão aqui”. Dessa expressão do Cacique Tingui surgiria o nome da futura capital dos
paranaenses – Curitiba. Em 1693 Curitiba foi elevada à vila, mas ainda pertencendo à Comarca de
Paranaguá. Em 1812 se tornou Comarca e finalmente em 1854 após uma eleição tornou-se capital do
estado. O ouro encontrado no litoral e no planalto paranaense foi em pequena quantidade. Com a
descoberta de novas jazidas em Minas Gerais os mineradores mudaram-se para lá, reduzindo
sensivelmente a população da região e prejudicando o desenvolvimento de Curitiba e Paranaguá.

5. O Gado e o Tropeirismo no século XVIII

Com a decadência da mineração o que restou da força de trabalho e dos capitais direcionou-se
para a pecuária e secundariamente para a agricultura de subsistência e erva-mate. A pecuária tornou-
se viável graças ao mercado consumidor que se abriu na região das minas, onde havia muito ouro, mas
escassez de alimentos. Inicialmente o Paraná era apenas caminho, passagem obrigatória do gado que
vinha do sul. Depois, tornou-se também criador de gado, aproveitando os seus campos naturais.
Em 1731 foi aberto o Caminho de Viamão ou Estrada da Mata, ligando Viamão/RS às feiras de
Sorocaba/SP. Por esse caminho o gado sulino, passando pelo Paraná, atingia a região consumidora
das minas de ouro. Esse caminho foi responsável pelo surgimento de dezenas de povoados como a
Lapa, Palmeira, Campo Largo, Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaíva, etc., e pelo crescimento
inicial de Curitiba. Na medida em que o Paraná tornava-se criador de gado também ia ocupando e
ampliando os campos dessas cidades.
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Em 1770 foram descobertos os campos de Guarapuava. Inicialmente essa conquista foi tentada
por Afonso Botelho que não obteve sucesso devido à hostilidade dos índios que defendiam suas terras
da invasão colonizadora. A conquista aconteceu a partir de 1808 por ordem de D. João (rei de Portugal
recém chegado da Europa em fuga da invasão de Napoleão a Península Ibérica). A expedição foi
comandada por Diogo Pinto de Azevedo Portugal que em 1810 fundou a fortaleza de Atalaia, onde com
a ajuda do Padre Chagas Lima, fixou índios mansos. Em 1819 Atalaia foi substituída pela povoação de
Nossa Senhora de Belém, origem de Guarapuava. Guarapuava tornou-se vila entre 1852 e 1853.
Pelos mesmos caminhos do gado, passavam também às tropas de muares carregados de
mercadorias, estabelecendo à comunicação e o comércio interiorano no Brasil. A pecuária formou na
região dos Campos Gerais uma elite econômica e política. Esta elite campeira perdeu espaço no final
do século XIX, por duas razões principais: por um lado os mercados consumidores do Rio de Janeiro e
São Paulo se retraíram, optando por outros fornecedores, e por outro lado, a pecuária, foi suplantada
pelo progresso das indústrias ervateira e madeireira que já vinham se expandindo há algum tempo.

6. A Erva Mate e a Madeira no século XIX

Erva Mate

Curitiba e Paranaguá já no século XVIII receberam do rei de Portugal autorização especial para
comercializarem madeira, cal de ostras, telhas, tijolos, produtos agrícolas em geral e erva mate com a
Região Platina (Argentina, Paraguai, Uruguai...). Esta abertura, no entanto não foi aproveitada
imediatamente. O quadro foi alterado somente no início do século XIX, graças ao interesse da Argentina
na erva mate paranaense. Por volta de 1820, o argentino Francisco Alzagaray, vem a Paranaguá,
movido por este interesse. Aperfeiçoou a técnica de produção da erva mate e as exigências do
consumidor platino, e depois dinamizou a exportação. A partir de então se abre para o Paraná nova
fase de desenvolvimento fundamentada na erva mate.
Todo esse interesse argentino pela erva brasileira foi movido na verdade pelo Paraguai. Em
1813 o ditador paraguaio Dr. Francia, restringiu o comércio de seu país com a Argentina e o Uruguai.
Sem o mate paraguaio, os argentinos apelaram para as reservas paranaenses, proporcionando grande
impulso ao progresso do Paraná. Em 1826 o mate representava 70% das exportações paranaenses e
permaneceu como riqueza principal da região até 1930, quando se fortaleceram os ciclos da madeira e
do café. A atividade ervateira estava ligada à mão-de-obra escrava e livre.
O processo de produção do mate inclui diversas fases: a coleta das folas e galhos, a sapeca ou
secagem, o quebramento, a confecção dos fardos, a secagem final e o soqueamento para a feitura real
da erva. Inicialmente o soque dependia do pilão e do braço escravo. Depois contou com a energia
hidráulica do monjolo ou do vapor. Para acondicionamento utilizavam-se as cestas de taquara, surrões
de couro ou barricas de madeira. O transporte da erva mate do centro produtor, Curitiba e arredores
para os portos de Paranaguá, Antonina e Morretes, era dificultado pela Serra do Mar e feito por escravo.
Mais tarde com a melhoria dos caminhos de Itubava e Graciosa o transporte passou a ser feito com
muares e depois carroções. Em 1885 foi inaugurada a Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba pela
Princesa Isabel trazendo muita agilidade no transporte de qualquer produto para Paranaguá.

Madeira

A madeira foi uma importante riqueza que conviveu inicialmente com a erva mate e depois com
o café na economia paranaense. Estudos indicam que 176.700 Km² do solo paranaense eram cobertos
de mata, sendo pouco mais de 100.000 Km² de madeira de lei: perobas, canelas, pau marfim, cedros,
imbuias, canfístulas, cabreúvas, e ainda 76.000 Km² de mata de pinho, com destaque para a araucária.
A exploração e exportação de madeira começaram pelo litoral. Após a ligação ferroviária tornou-se
viável a exploração também no Planalto de Curitiba, e mais tarde com a ferrovia SP-RS, estendeu-se
pelo centro-sul do estado. Esgotadas as reservas, expandiu-se a devastação das matas para o oeste e
sudoeste.
A exportação se dava pelo Porto de Paranaguá e pelo Porto Britânia(Barracão). A madeira
exportada através do Oceano Atlântico apresentava maior grau de industrialização. Esta era serrada,
beneficiada, laminada e compensada, obtendo assim maiores lucros do que a exportada via Foz do
Iguaçu que até 1947 era feita em toras.
Após esta data a exportação de toras de pinheiro foi proibida, em função do interesse da
indústria nacional. A exportação de madeira na região Oeste foi iniciada pelos argentinos, antes que os
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brasileiros ocupassem a região. As toras eram derrubadas no rio Paraná, amarradas uns aos outros e
assim conduzidas pelas águas até a Argentina. As matas originais do Paraná, devido à exploração da
madeira e ao avanço das lavouras, foram devastadas em um curto espaço de tempo. Tanto que hoje a
araucária é uma espécie em perigo de extinção como várias outras madeiras de lei que haviam em
nosso estado.

As obrages e o trabalho de extração da erva e a madeira no Paraná

Principalmente a partir de 1881, obrageiros argentinos – possuidores de propriedade ou de


exploração de mate ou madeira – de Corrientes e Missiones invadiram o oeste paranaense. Para o
Paraná esta área era desabitada. Os obrageiros subiam o rio Paraná até as Sete Quedas(conjunto de
aproximadamente 19 cachoeiras agrupadas em sete grupos de quedas, daí o nome Sete Quedas. Esse
belíssimo espetáculo natural desapareceu com a formação do lago da Usina hidrelétrica de Itaipu. No
entanto resquícios delas aparecem quando o nível de água da usina está baixo. Eram o principal
atrativo turístico de Guaíra), estabelecendo dezenas de portos sob seu controle. Alguns compravam ou
obtinham concessões, outros simplesmente não possuíam qualquer documento que lhes assegurasse o
direito de exploração.
Se o patrão era argentino, a mão-de-obra predominantemente era paraguaia, descendentes de
índios guaranis. Os trabalhadores eram chamados de mensus ou mensalistas. Eram proibidos de
plantar qualquer produto agrícola, obrigando-os a comprar tudo no armazém do obragero. Não viam
dinheiro. Em troca do trabalho recebiam os produtos necessários à sobrevivência. Algumas companhias
adotavam moedas particulares(o boleto), que correspondiam a certa quantia de produtos. Os mensus
sempre estavam devendo, assim sempre os mantinham dependentes e amarrados ao trabalho. Só
poderia deixar a obrage quando seu saldo fosse positivo. A fuga era quase impossível. Às vezes, para
saldar dívidas, o peão entregava ou vendia a própria mulher aos capatazes. Estes eram tiranos todo
poderosos, com plenos direitos sobre os trabalhadores.
Várias obrages atuavam aqui na região oeste, entre elas podemos destacar a Julio Tomas Allica
e a Mate Laranjeira. Dom Julio Tomas Allica, engenheiro argentino explorava para leste e sul até a
região de Cascavel e nordeste até Campo Mourão, incluindo os atuais municípios de Marechal Cândido
Rondon, Santa Helena, Assis, Cascavel, Campo Mourão, Goioerê, Alto Piquiri, Nova Aurora, Palotina,
Medianeira, Céu azul, etc. Ao norte estava a Mate Laranjeira. Tais terras estavam tituladas à Brazil
Railway Company, mas eram praticamente desvinculadas da propriedade da terra e permaneciam em
determinado local enquanto houvesse interesse exploratório, depois, levantavam acampamento. A Mate
Laranjeira explorava erva mate no Brasil, Paraguai e Argentina.

A Emancipação Política do Estado em 19/12/1853:

Desde o início da sua colonização, as terras do atual estado do Paraná pertenciam à Capitania
de São Vicente/São Paulo (conjuntamente com a Capitania de Santana/Santa Catarina, por um breve
período – ver mapa da página 07 ) e essa dependência de São Paulo não agradava aos paranaenses.
Ao que parece a principal fonte de descontentamento foi a adoção de uma política imperialista por parte
de São Paulo: os produtos paranaenses só poderiam ser comercializados no Rio de Janeiro mediante a
intermediação de São Vicente e Santos, o que prejudicava o comércio com a 5ª Comarca(que era o
Paraná).
No entanto, os paranaenses não dispunham de força suficiente para se livrarem do mando
paulista. Em 1811 solicitaram ao D. João a formação de Província própria. Não obtiveram sucesso. Em
1821, quando as autoridades e o povo de Paranaguá juraram em praça pública fidelidade às bases da
Constituição do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, bem como a autoridade de São Paulo,
surge uma nova tentativa, é a chamada Conjuração Separatista, também infrutífera.
Em 1842, estourou a Revolução Liberal de São Paulo(Sorocaba) e Minas Gerais(Barbacena).
Sorocaba mantinha estreita ligações com os paulistas e tropeiros paranaenses que por sua vez,
poderiam fazer a ligação da Revolução Liberal com a Revolução Farroupilha do Rio Grande do Sul e
Santa Catarina. Assim o envolvimento dos paranaenses na causa liberal poderia complicar as coisas
para o governo. Por essa razão, o Presidente da Província de São Paulo o Barão de Monte Alegre
propôs um acordo à 5ª Comarca Paranaense: em troca da neutralidade do Paraná, São Paulo garantiria
a autonomia da Província do Paraná em breve. Dessa maneira a 5ª Comarca estabeleceu a
neutralidade e iniciou o projeto de Emancipação Provincial.

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O projeto de emancipação foi elaborado, mas como não interessava a São Paulo foi engavetado
por 10 anos. Após esse tempo, o senador Honório Hermeto Carneiro de Leão com o apoio de baianos e
mineiros(queriam enfraquecer SP) aprovaram o projeto que virou a Lei nº 704 de 29/08/1853.
O primeiro Presidente da Província do Paraná foi o baiano Zacarias de Goes e Vasconcelos que tomou
posse em 19/12/1853, data oficial da Autonomia Política do estado do Paraná. Em 26/07/1854 Curitiba
é escolhida como Capital do estado.

A Revolução Federalista de 18921894:

Em 1892 dois grupos políticos disputavam à preferência do povo do Rio Grande do Sul: de um
lado o Partido Federalista / Maragatos, chefiado por Gaspar Silveira Martins, que defendia o sistema
parlamentar de governo e a centralização política e o fortalecimento do Brasil como União Federativa.
De outro o Partido Castilhista / Pica-Paus, liderado por Júlio de Castilhos, adepto do positivismo, do
presidencialismo e da autonomia estadual.
Em 17 de junho de 1892 Castilhos foi aclamado presidente daquele estado e os federalistas
perseguidos pelos adversários resolveram reagir. O agravamento da rebelião agitou a população em
todo o território nacional, passando a ameaçar a estabilidade do governo gaúcho e do próprio regime
republicano no país. Preocupado, o Marechal Floriano Peixoto(presidente do Brasil na época), então na
presidência da República, enviou tropas federais sob o comando do general Hipólito Ribeiro para
socorrer Júlio de Castilhos. A luta continuava com derrotas e vitórias dos dois lados.
Em 1893 os Maragatos iniciaram uma série de ataques relâmpagos contra vários pontos do
estado, desestabilizando as posições conquistadas pelos Pica-Paus, avançando depois sobre Santa
Catarina e chegando ao Paraná, esperando contar com o apoio de três navios que haviam zarpado da
baia de Guanabara em direção ao sul do país, para auxiliá-los.
Curitiba, desguarnecida e para evitar o saque, fez acordo com os revoltosos e pagou pesados
impostos. Na cidade da Lapa ao sul, não houve acordo e a resistência ali oferecida pelo coronel Gomes
Carneiro, que morreu sem entregar suas posições ao inimigo, deu ao governo da República o tempo
necessário para debelar definitivamente a revolta.
Em 20 de fevereiro de 1894 o almirante Custódio de Melo, onde organizou um governo
provisório, mas dois meses depois as tropas legalistas penetraram no Paraná e em 7 de maio
restabeleceram a autoridade legal em Curitiba. Gumercindo Saraiva bateu em retirada para o Rio
Grande do Sul, onde morreu em 10 de agosto de 1894, após ser ferido no combate de Campo Novo.
Findada a revolta, Floriano Peixoto acusou o Barão de Cerro Azul e outros de terem favorecido o
inimigo em Curitiba. Diante da traição o Barão de Cerro Azul e mais cinco companheiros foram fuzilados
no Km 65 da Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba.

A Questão de Palmas: definição dos limites entre o Brasil e a Argentina (1890-1895)

Questão de Palmas foi um conflito diplomático que ocorreu entre a Argentina e o Brasil nos anos
de 1890 e 1895. Na discussão contenciosa, o governo argentino reivindicava os territórios situados no
Oeste dos estados do Paraná e de Santa Catarina. A Argentina queria estabelecer as fronteiras por
meio dos rios do Paraná e de Santa Catarina, se baseando no Tratado de Santo Ildefonso, redigido em
1777, e que definira as fronteiras entre as colônias espanholas e portuguesas, num acordo realizado
entre D. João V de Portugal e Fernando VI da Espanha.
No fim do Segundo Império, antes da proclamação da República de 1889, ambas as partes
combinaram que a situação seria resolvida por meio de um arbitramento. Em 25 de janeiro de 1890, o
então Ministro das Relações Exteriores do Governo Provisório Republicano, Quintino Bocaiúva, assinou
o Tratado de Montevidéu para dividir a região. O Congresso Nacional brasileiro considerou a atitude do
ministro excedeu nas concessões dos territórios, não ratificando o Tratado de Montevidéu. A questão
sobre as regiões reclamadas pela Argentina foi intermediada pelo então presidente dos EUA, Grover
Cleveland, que deu parecer favorável ao Brasil, em 05 de fevereiro de 1895. 15

9
As fronteiras entre os dois
países ficaram definidas pelos rios
Peperiguaçu e Santo Antônio. Em
homenagem ao presidente norte-
americano, o estado do Paraná teve
uma cidade batizada de Clevelândia.
Na decisão, a questão e razões do
governo brasileiro foram apresentadas
pelo Barão do Rio Branco, indicado
pelo presidente Floriano Peixoto. Foi
apresentada ao presidente Cleveland
uma documentação de seis volumes,
redigida em 1894. Os argumentos
defendidos pelo Barão do Rio Branco
foram os seguintes:

- quem usa a terra tem direito a


posse, e quem estava usando era o Brasil;

- na região reclamada pela Argentina, encontravam-se na época por volta de 5.673 habitantes,
desses 30 eram estrangeiros, mas nenhum desses era argentino, ou seja, não havia sequer 1
argentino morando nas terras em disputa;

- os rios Peperi-guaçu e Santo Antônio estavam mais próximos do território brasileiro do que do
argentino, portanto as terras do Oeste catarinense pertenciam de fato ao Brasil.

Em 1895, o árbitro norte americano deu razão ao Brasil, mantendo os limites do Tratado de Santo
Ildefonso.

A Guerra do Contestado (1912-1916)

A Questão de Limites entre os Estados


A região denominada "Contestado" abrangia cerca de 48.000 Km² entre os atuais estados de
Santa Catarina e Paraná, disputada por ambos, uma vez que a fronteira não havia sido demarcada
ainda . Essa área em disputa era rica em erva-mate e madeira, e seus moradores eram em geral
posseiros caboclos e pequenos fazendeiros que viviam da comercialização desses produtos.
As cidades que ficavam nessa região de contestação entre Paraná e Santa Catarina, também
enfrentaram, ao mesmo tempo, um dos mais importantes movimentos sociais do país, ocorrido entre
1912 e 1916, e que envolveu de um lado a população cabocla daqueles estados, e de outro, os dois
governos estaduais, apoiados pelo presidente da República, Hermes da Fonseca – A Guerra do
Contestado.

A construção da estrada de ferro

No final do século XIX, o governo brasileiro autorizou a construção de uma estrada de ferro
ligando os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Para isso, desapropriou uma faixa de terra, de
aproximadamente 30 km de largura, que atravessava os Estados do Paraná e de Santa Catarina, uma
espécie de "corredor" por onde passaria a linha férrea. Dessa maneira desapropriaria muitas famílias
nessa faixa de 30Km.
A responsável pela construção foi a empresa norte-americana Brazil Railway Company, de
propriedade do empresário Percival Farquhar, que também era dono da Brazil Lumber uma empresa de
extração madeireira que também explorava a região.
A construção da estrada acabou atraindo muitos trabalhadores para a região fronteiriça entre o
Paraná e Santa Catarina(a mesma região que era disputada pelos respectivos estados, como já vimos
acima). Com o fim das obras, o grande número de migrantes que se deslocou para o local ficou sem
emprego e, consequentemente, numa situação econômica bastante precária.
Ao mesmo tempo, os posseiros que viviam no local foram expulsos de suas terras. Isso porque,
embora estivesse há muito tempo residindo, o governo brasileiro no contrato firmado com a Brazil
10
Railway, declarou a área como devoluta, ou seja, como se ninguém ocupasse aquelas terras e/ou
tivesse a posse oficial(escritura) das mesmas. Farquhar, por meio da Brazil Lumber, passou a exportar
para os Estados Unidos a madeira extraída ao longo da faixa de terra concedida pelo governo brasileiro.
Com isso, os pequenos fazendeiros que trabalhavam na extração da madeira foram arruinados pelo
domínio da Lumber sobre as florestas da região e os posseiros tiveram de se retirar.

Messianismo e a Guerrra

A presença e atuação das empresas de Farquhar na região e os termos do acordo firmado com
o governo brasileiro, levaram de uma só vez à formação de um contingente de mão-de-obra disponível
e desempregada ao fim da construção da estrada de ferro.
Junto a esta população marginalizada, destaca-se a atuação dos chamados "monges", que
faziam trabalhos sociais e espirituais e, vez ou outra, envolviam-se também com questões políticas, o
que lhes dava certo destaque entre os moradores daquela localidade. O primeiro “monge” identificado
chamava-se João Maria de Agostoni, de nacionalidade italiana, transitou pelas regiões do Rio Negro e
Lages, desaparecendo após a Proclamação da República. Após 1893, consta o aparecimento de um
segundo monge João Maria, entre os rios Iguaçu e Uruguai.
Em 1912, em Campos Novos, surge o monge José Maria, ex-soldado do Exército, Miguel
Lucena de Boaventura, que não aceitava os problemas sociais que atingiam a população sertaneja do
planalto. Sob a liderança de José Maria, os camponeses expulsos de suas terras e os antigos
trabalhadores da Brazil Railway organizaram uma comunidade no intuito de solucionar os problemas
ocasionados pela tomada das terras e pelo desemprego. Uniram-se ao grupo os fazendeiros
prejudicados pela presença da Lumber na região. Tudo isso reforçado pelo discurso messiânico do
monge José Maria, que logo declarou a comunidade sob sua liderança como um governo independente.
A mobilização na região passou a incomodar o governo federal não apenas por crescer
rapidamente, com a formação de novas comunidades, mas também porque os rebeldes passaram a
associar os problemas econômicos e sociais à República. Ao mesmo tempo, os coronéis locais ficaram
incomodados com o surgimento de lideranças paralelas, como José Maria. Já a Igreja, diante do
messianismo que envolvia o movimento, também defendeu a intervenção na região.
O agrupamento que começou a se formar em torno do monge era composto principalmente de
caboclos saídos de Curitibanos e que haviam se instalado nos Campos do Irani. Esta área, sob o
controle do Paraná, temia os "invasores catarinenses" e acaba mobilizando o seu Regimento de
Segurança, pois esta invasão ocorreu justamente naquele no momento em que a área estava sob litígio
entre os dois Estados. Em novembro de 1912, o acampamento de Irani é atacado pela força policial
paranaense e trava-se sangrento combate, com a perda de muitos homens e de grande quantidade de
material bélico do Paraná, o que fez desencadear novos confrontos, além do agravamento das relações
entre Paraná e Santa Catarina.
Em dezembro de 1913, pela segunda vez, os revoltosos formam uma concentração em
Taquaruçu, que se tornou a "Cidade Santa", com grande religiosidade e na qual os caboclos tratavam-
se como "irmãos". Neste mesmo ano, tropas do Exército e da Força Policial de Santa Catarina atacam
Taquaruçu, mas são expulsas, deixando, ali, grande parte do armamento. Após a morte de outro líder,
Praxedes Gomes Damasceno, antigo seguidor do monge José Maria, os caboclos se encontravam
enfraquecidos. No segundo ataque, Taquaruçu era um reduto com grande predomínio de mulheres e
crianças e assim a povoação foi arrasada.
Outros povoados como Perdizes Grandes, seriam formados e diversos outros combates
principalmente sob a forma de guerrilhas, seriam travados até que o conflito na região realmente
terminasse. As forças oficiais obtiveram a partir de 1914, sucessivas vitórias sobre os revoltosos, graças
à truculência das tropas e ao seu numeroso efetivo que contava com homens do Exército Brasileiro e de
policiais dos dois estados.
Com quase 46 meses de conflito, a Guerra do Contestado superou até mesmo Canudos em
duração e número de mortes. Famintos e com cada vez mais baixas diante do conflito prolongado, da
força, da crueldade das tropas oficiais e da epidemia de tifo, os revoltos caminharam para a derrota
final, consumada em agosto de 1916 com a prisão de Deodato Manuel Ramos, último líder do
Contestado. Tropas federais permaneceram por algum tempo na região, a madeireira Lumber voltou a
operar com desenvoltura, desmatando incessantemente. Terminada a Guerra, Paraná e Santa Catarina
chegam a um acordo sobre a Questão dos Limites: o Paraná ficou com 20.000 Km² e Santa Catarina
com 28.000 Km² da região em contestação.

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A colonização da região passou a ser intensificada principalmente com colonos europeus ou
seus descendentes, surgiram às primeiras cidades e uma cultura regional começou a ser delineada. A
economia extrativista da erva-mate e da madeira foi cedendo lugar aos novos empreendimentos de
pequenas é medias propriedades agropecuárias. A modernização atingiu também a propriedade rural. A
região passou a viver uma nova realidade sócio-econômica e cultural.

Chegada de imigrantes europeus e asiáticos no final do século XIX e início do século XX.

Neste período tivemos o maior surto imigratório, principalmente graças a uma política mais
favorável com passagens grátis e muita propaganda. A imigração visava garantir mão-de-obra às
fazendas de café de São Paulo e no Paraná que estavam surgindo em virtude do declínio e posterior
fim da escravidão, e ainda visava ocupar áreas desabitadas nos estados do sul do país, entre eles o
Paraná. O governo brasileiro criou agências de imigração em Portugal, Itália, Áustria, Alemanha,
Polônia... A propaganda cometia muitos excessos quanto á fertilidade do solo e apoio do governo.
Providências conjuntas dos governos imperial e provincial permitiram o estabelecimento de núcleos
coloniais em todo estados.

Os grupos que mais se destacaram foram

- Alemães: Os alemães foram os primeiros a chegar ao Paraná, em 1829, fixando-se em Rio Negro.
Mas, o maior número de imigrantes vindos da Alemanha chegou ao Estado no período entre as
guerras mundiais, fugindo dos horrores dos conflitos. Esse povo trouxe ao Paraná todas as
atividades a que se dedicavam, entre elas a olaria, agricultura, marcenaria, carpintaria, etc. E, à
medida que as cidades prosperavam, os imigrantes passaram a exercer também atividades
comerciais e industriais. Hoje, a maior colônia de alemães está no município de Marechal Cândido
Rondon, que guarda na fachada das casas, na culinária e no rosto de seus habitantes a marca da
colonização. Os alemães estão concentrados também em Rolândia, Cambé, Rio Negro e Palmeira
(onde se localiza a Colônia Witmarsum). No oeste, em especial na cidade de Cascavel, há uma
grande quantidade de descendentes de alemães, nesse caso, a maioria deles chegou ao Paraná
vindo de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

- Árabes: O primeiro lugar onde os árabes se instalaram no Paraná foi Paranaguá. Mais tarde eles
foram para Curitiba, Araucária, Lapa, Ponta Grossa, Guarapuava, Cerro Azul, Londrina, Maringá e
Foz do Iguaçu, que hoje tem a maior colônia árabe do Estado. Em Curitiba apareceram em maior
número após a Segunda Guerra Mundial, quando chegaram a constituir cerca de 10% da
população. Uma das maiores influências dos árabes no Estado está na gastronomia, onde os
temperos e condimentos passaram a ser incorporados a culinária de modo geral, além dos kibes e
sfihas que até hoje estão presentes na mesa dos paranaenses. Os imigrantes árabes se dedicaram
principalmente à produção literária, arquitetura, música e dança.

- Espanhóis: Os primeiros imigrantes espanhóis que chegaram ao Paraná formaram Colônias nos
municípios de Jacarezinho, Santo Antônio da Platina e Wenceslau Braz. Entre 1942 e 1952 a
imigração espanhola tornou-se mais intensa. Novos municípios, principalmente na região de
Londrina, foram formados por esses imigrantes. Eles desenvolveram atividades comerciais,
artesanais e relacionadas à indústria moveleira.

- Holandeses: Os primeiros holandeses chegaram no Paraná em 1909, instalaram-se em uma


comunidade próxima a Irati outras foram para a região dos Campos Gerais onde fundaram a
Cooperativa Holandesa de Laticínios, em 1925. A Cooperativa trouxe a consolidação da colônia de
Carambeí. A Castrolanda é a povoação mais recente de holandeses na região.

- Italianos: Sem dúvida os italianos foram os que ocuparam o primeiro lugar nas imigrações
brasileiras e no Paraná não foi diferente. Eles contribuíram muito trabalhando nas lavouras de café
e, mais tarde, em outras culturas. Existe duas grandes concentrações dos descendentes desses
imigrantes no estado, uma delas está na capital Curitiba, em Morretes, no litoral, e nas cidades de
Palmeira e Lapa, onde existiu a colônia anarquista de Santa Cecília. A outra está no oeste e é
representada por gauchos, catarinenses e seus filhos, de origem italiana, que se instalaram nessa
região do estado a partir da década de 1960, com a expansão da fronteira agrícola. Os italianos
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contribuíram também na indústria e na formação de associações trabalhistas e culturais.
Atualmente é o maior grupo étnico do Paraná.

- Japoneses: Os imigrantes japoneses se fixaram no Norte Pioneiro, trazendo a tradição da lavoura.


Como, porém, desconheciam técnicas agrícolas relativas às culturas tropicais, se dedicaram a
piscicultura, horticultura e fruticultura na economia regional. Alguns dos produtos introduzidos no
Estado pelos japoneses foram o caqui e o bicho da seda. Maringá e Londrina são as cidades
paranaenses que concentram o maior número de japoneses. Os municípios de Uraí e Assaí
originaram-se a partir de colônias japonesas.

- Poloneses: Os poloneses chegaram ao Paraná por volta de 1871, e fixaram-se em São Mateus do
Sul, Rio Claro (atual Ivatuba), Mallet, Cruz Machado, Ivaí, Reserva e Irati. Em Curitiba, fundaram
várias colônias que hoje são os bairros Santa Cândida e Abranches. Esse povo ajudou a difundir o
uso do arado e da carroça de cabeçalho móvel, puxado a cavalo. Dedicados à agricultura, ajudaram
a aumentar a produção do Estado.

- Portugueses: No Paraná, a partir de meados do século XIX, destacam-se as grandes levas de


portugueses atraídos pela explosão cafeeira do Norte Novo do Paraná, no eixo compreendido entre
Londrina, Maringá, Campo Mourão até Umuarama. Grande maioria veio das Beiras (Alta e Baixa),
Minho, Trás-os-Montes. A cidade de Paranaguá foi, e continua sendo até hoje, a cidade do Paraná
que tem mais traços da cultura e herança lusitana. Foi a porta de entrada dos portugueses e
manteve alguns traços característicos desse legado.

- Ucranianos: Os ucranianos chegaram ao Paraná entre 1895 e 1897. Mais de 20 mil Imigrantes
chegaram ao Estado e formaram suas principais colônias em Prudentópolis, Mallet, União da Vitória
e Roncador. Estão presentes também no oeste e sudoeste do estado, principalmente em Pato
Branco e Verê. Hoje o Paraná abriga a grande maioria de ucranianos que vivem no Brasil: 350 mil
dos 400 mil imigrantes e descendentes.

7. O Café no norte do Paraná no século XX.

No final da década de 1920, o café veio substituir a erva mate como principal riqueza
paranaense. A ocupação do Norte Velho, Norte Novo e Novíssimo está profundamente ligada à
expansão cafeeira. Os plantios de café no Paraná localizaram-se basicamente na parte norte do 3°
Planalto, tendo como limite o paralelo 24°.

A história do café no Paraná pode ser dividida em três períodos

1º - Café no Norte Velho (1903-1939):


O plantiu do café nessa região foi privilegiado pela proximidade a São Paulo e aos trilhos da
estrada de Ferro Sorocabana que permitia o transporte do produto até o porto de Santos e à presença
crescente de paulistas, atraídos pela maior produtividade daquelas terras. O maior centro cafeicultor da
região era Jacarezinho.
O fazendeiro normalmente cuidava da derrubada da mata e do plantio. Depois entregava
determinada área para cada família de colonos, em geral 3 a 4 mil pés de café, mediante contrato de 4
a 5 anos, até que o cafezal se formasse. Findo o contrato, os colonos assinavam um novo em nova
área ou com os recursos acumulados compravam terras próprias, tornando-se sitiantes. O colono mais
procurado pelos fazendeiros era o japonês, depois o italiano. O caboclo era principalmente procurado
para as derrubadas. Ao lado das fazendas de café, nos sítios e pequenas propriedades, apareciam os
produtos de subsistência. Em 1929, o Paraná produziu 600 mil sacas de café. Em 1951 a produção do
Norte Velho já foi superada pela do Norte Novo.

2° - Café no Norte Novo (1930-1944):


Logo a produção de café expalhou-se pelas áreas próximas Norte Velho, e assim surgiam
lavouras em Londrina, Apucarana, Maringá... Nesse período toda economia e principalmente o café
sofreu com a recessão (a Crise de 1929 atingiu a Bolsa de Valores de Nova York, onde muitas
empresas compravam café do Brasil). Os preços caíram drasticamente devido à superprodução e a
depressão mundial que fez os mercados mundiais diminuírem muito a compra de café brasileiro. O
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resultado foi a eliminação de grande parte dos cafezais antigos e menos produtivos e a proibição de
novos plantios. Isto ocorreu principalmente em terras paulistas. Já no Paraná o plantiu foi mantido, pois
o estado pressionou alegando que o Paraná não havia atingido ainda o teto mínimo de 50 milhões de
pés de café.
O governo e grupos ingleses tinham na época muitas terras a venda na região cafeeira e
queriam vendê-las a qualquer custo. Com a aprovação do governo federal as vendas de terras e
plantios em pequenas e médias propriedades se mantiveram.
Os cafezais paranaenses, principalmente no Norte Novo eram mais viáveis do que os dos
paulistas: terra e cafezais novos, mais produtivos, e ainda pequenas e médias propriedades produziam
com custos menores. Enquanto São Paulo limitava a sua produção, o Paraná avançava.
Em 1944, em face de instabilidade do mercado e as geadas constantes, o governo brasileiro
deixou de controlar a oferta, suspendeu a queima de excessos e liberou a expansão dos cafezais.

3° Café no Norte Novíssimo (1945-1970)


A produção de café avança novamente, agora era vez de Paranavaí, Umuarama, Campo
Mourão... Foi o período áureo do café paranaense. Com o fim da guerra, os preços reagiram e o
resultado foi um grande aumento dos plantios que ocuparam as terras ainda disponíveis no Norte Novo
e depois invadiram o Norte Novíssimo.
A procura de terras era febril, surgindo além das pequenas e médias, também as grandes
propriedades. Na década de 1960 esta procura já menos intensa atingiu o oeste paranaense. A
monocultura quase se implantou no Paraná. Na safra de 1962/1963 o estado produziu 62,3% da
produção nacional. O café também proporcionou um grande aumento da urbanização e população em
todo norte do estado. Nessas regiões, a população passou de pouco mais de 72 mil habitantes em
1920, para mais de 4 milhões de habitantes em 1970.
Nos anos seguintes, a superprodução e a entrada de novos produtores africanos no mercado,
fizeram os preços recuarem e o plantio também. Na conjuntura econômica, o governo passou a exigir a
diversificação da produção em direção da agropecuária e da indústria. Entre 1965 e 1967 pelo menos
10% dos pés de café do estado foram erradicados. Em 1970 as geadas forçaram ainda mais o
enfraquecimento da cultura e nos campos cada vez mais se via gado, soja e trigo sendo criados e
cultivados.

8. A colonização do oeste e sudoeste do estado nos séculos XIX e XX.

O Oeste:
No início de 1888 começa a ser construída uma picada que ligaria Guarapuava à futura Colônia
Militar de Foz do Iguaçu, pois era importante estabelecer no extremo oeste do estado a presença
brasileira. O trabalho inicio em Changu a 120 Km a oeste de Guarapuava. Após 200 Km de trabalho,
encontraram uma outra picada de ervateiros argentinos que exploravam a região. Em agosto de 1889 a
picada ficou pronta e logo partiram de Guarapuava os primeiros moradores para a Foz: 36 militares, 3
esposas dos mesmos, 12 operários e 4 tropeiros. Depois de 69 dias de viagem eles chegaram ao seu
destino. Já viviam nessa área duas centenas de paraguaios, uma centena de argentinos, alguns
brasileiros, franceses e espanhóis e até um francês.
A atuação da Colônia Militar de Foz foi mínima. Ao invés de imprimir costumes e leis brasileiras,
dobraram-se aos exploradores estrangeiros do mate e da madeira. Abandonada naqueles confins a
Colônia dependia dos estrangeiros para sobreviver. A própria língua e moeda nacionais não tinham
força para se impor. Em 1912 o Ministério da Guerra entregou a responsabilidade da Colônia ao estado
do Paraná, que aí instalou uma Agência de Rendas, mas a situação não melhorou.

A formação de Cascavel e cidades próximas

A estrada entre Guarapuava e Foz do Iguaçu passou a ficar mais movimentada entre os anos de
1920 e 1930. Carroças e cargueiros das companhias de exploração de erva mate viajavam muito por
essa região, além dos tropeiros e comerciantes ambulantes que ofereciam ferramentas, panelas,
tecidos, pregos, munição, lampiões, querosene, sal, açúcar, calçados, para todos os moradores e
trabalhadores da região.
Os pontos de descanso e alimentação dos tropeiros e seus animais eram chamados de pousos.
Num desses pousos, na margem de um riacho, alguns tropeiros encontraram uma cobra cascavel. O
riacho ficou conhecido como o Rio Cascavel, e que mais tarde deu nome ao povoado e depois
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Município de Cascavel. Em 1930 José Silvério, ligado ao comércio, fixou-se definitivamente na futura
Cascavel, seguido de parentes e amigos. Era a Frente Cabocla chegando ao oeste.
Ainda na década de 1930, alguns colonos de Santa Catarina, descendentes de imigrantes
poloneses instalaram-se em pequenas chácaras, exercendo profissões como ferreiros, carpinteiros,
marceneiros, seleiros, etc. Durante e após a 2ª Guerra Mundial as cidades brasileiras cresceram muito,
necessitando de alimentos para os trabalhadores das indústrias, assim muitas outras famílias de Santa
Catarina e do Rio Grande do Sul vieram para a região para se dedicar à agricultura e suinocultura
principalmente. A estrada Guarapuava-Foz foi melhorada e passou a escoar a produção.
Com o crescimento da região, a madeira daqui também se tornou uma atividade importante. Em
1984 começaram a ser instaladas grandes serrarias, dando início ao ciclo econômico madeireiro na
região. Essa nova atividade econômica trouxe para Cascavel ainda mais famílias dos estados do sul
conhecidos como a Frente Sulista. Aliada a atividade madeireira, as lavouras de café também não
tardaram a chegar ao oeste deslocando trabalhadores de diferentes partes do Brasil para Cascavel, era
a Frente Cafeeira. Assim em Cascavel e região, as três Frentes de Colonização se encontraram e
construíramuma próspera economia. Em homenagem a essas Frentes, a administração pública de
Cascavel construiu a Praça dos Migrantes, simbolizando as Frentes Migratórias que aqui chegaram.
Em 14/12/1951, Cascavel consegue sua emancipação política de Foz do Iguaçu. Cascavel na
época era um imenso município e ao longo dos anos várias localidades foram separando-se e tornando-
se outros municípios como: Corbélia e Formosa do Oeste em 1961; Capitão Leônidas Marques, em
1964; Nova Aurora, em 1967; Cafelândia, em 1985; Santa Tereza e Lindoeste em 1989. Nos primeiros
anos da década de 1970, o ciclo madeireiro já dava sinais de esgotamento. Cascavel já era um centro
regional de comércio, indústria, serviços médicos e de ensino. Aos poucos a agricultura passou a ser
mecanizada e modernizada e toda região voltou-se fortemente para a agroindústria.

9. A Industrialização e a economia hoje no Paraná.

A economia do estado hoje se baseia na agricultura (cana-de-açúcar, milho, soja, trigo, café,
tomate, mandioca), na indústria (agroindústria, indústria automobilística, papel e celulose) e no
extrativismo vegetal (madeira e erva-mate).
Na segunda metade do século XX, as atividades industriais tomaram impulso considerável na
economia paranaense. Foi em decorrência desse impulso que se deu a crescente urbanização, não só
na região em torno de Curitiba, como em pólos do interior, a exemplo de Ponta Grossa(maior parque
industrial do interior), Londrina e Cascavel. Os principais gêneros de indústria são os de produtos
alimentícios e de madeira. Curitiba é o maior centro industrial e os principais setores de sua indústria
são o alimentar e de mobiliário, de madeira, minerais não-metálicos, produtos químicos e bebidas. Na
Região Metropolitana de Curitiba, em São José dos Pinhais, encontram-se ainda unidades industriais
(montadoras) da Volkswagen-Audi e da Renault, ambas de grande porte. O setor de madeira acha-se
disperso no interior, com centros de importância em União da Vitória, Guarapuava e Cascavel.
O centro mais significativo dos produtos alimentícios é Londrina, sendo também muito
importante a atividade em Ponta Grossa, considerado um dos maiores parques moageiros de milho e
soja da América Latina. Ponta Grossa também tem destaque no setor metal-mecânico. A principal
unidade industrial do estado é a Companhia Fabricadora de Papel do grupo Klabin, instalada no
conjunto da Fazenda Monte Alegre, no município de Telêmaco Borba. O rebanho bovino soma 9,5
milhões de cabeças; o suíno, 4,2 milhões; e o ovino, 570 mil. A avicultura conta 125 milhões de
galináceos. Há importantes jazidas de calcário no Paraná. Outras atividades econômicas relevantes são
a extração de gás natural e água mineral e a pequena produção de petróleo. Os principais setores
industriais paranaenses hoje são a agroindústria, o de papel e celulose, o de fertilizantes e, mais
recentemente, o automobilístico e o de eletroeletrônicos.

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