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NS Zancanari.

VIII CIH

NAS BARRANCAS DO RIO PARANÁ: HISTÓRIAS E


CAUSOS NA TRAVESSIA COM O GADO NA REGIÃO
NOROESTE PAULISTA
Doi: 10.4025/8cih.pphuem. 3665

Natalia Scarabeli Zancanari, UFGD

Resumo

Esta pesquisa aborda o modo de vida dos peões de boiadeiro na condução do


gado durante sua passagem em comitivas pela Estrada Boiadeira, localizada entre o sul de
Mato Grosso e o Noroeste paulista, especialmente entre os anos de 1915 a 1940. Esses
homens atravessavam diversas paisagens em viagens que chegavam a durar meses, dentre
esses trajetos surgem histórias e causos vividos pelos peões de boiadeiro e condutores
durante sua travessia no rio Paraná. Neste caso, é possível perceber a mobilidade e a
técnica dos peões de boiadeiro em conduzir milhares de bovinos, passando por caminhos
desconhecidos e fazendo frutificar, em suas viagens, modos de vida do boiadeiro
formando sua identidade. Desse modo, foram coletados relatos com antigos peões de
boiadeiro e condutores que fizeram o trajeto pela Estrada Boiadeira, acompanhando
histórias na tentativa de aproximar-se de seu cotidiano. Outras fontes como letras de
Palavras Chave: músicas e recortes de jornais também fizeram parte do material empírico para o presente
Rio Paraná; Peão de trabalho. Neste âmbito, a interpretação de dados proporcionou uma discussão sobre as
Boiadeiro; Histórias. adaptações no modo de vida desses sujeitos referente ao conhecimento adquirido nas
viagens e sua influência deixada nos lugares por onde passavam. O estudo enfatiza a
contribuição desses sujeitos não apenas na configuração social e econômica, mas também
cultural da região do Noroeste paulista.
NS Zancanari. VIII CIH

Introdução inserida nas diversas paisagens


relacionadas aos marcos referenciais.
O desafio estava em descobrir Indagamos ainda sobre os significados
como se constituía o cotidiano desses atribuídos à natureza no percurso das
sujeitos durante as viagens por territórios viagens, o que está influenciava
distantes das cidades. O estudo dos peões diretamente na definição de roteiros das
de boiadeiro se deu por meio de indícios comitivas, valorizando o conhecimento
de sua cultura, experiências e histórias dos boiadeiros.
narradas. Essas experiências se revelavam O intuito foi o de estudar
ao longo dos trajetos percorridos pelas também como esses sujeitos eram vistos
comitivas de peões de boiadeiro a fim de pela sociedade e como era desse
conduzir o gado, principalmente, nos comportamento sujeito diante dela, no
caminhos do Noroeste paulista até a desejo de (re) construir parte de sua
cidade de Barretos. O percurso iniciava-se identidade. Nesse caso, buscamos
no Pantanal sul mato-grossense com acompanhar as comitivas e seu cotidiano,
destino ao Estado de São Paulo, trajeto em entendendo-as como propiciadoras de
que os peões vivenciavam variadas elementos que aproximavam boiadeiros e
experiências, o que resultava em muitas condutores, procurando compreender
histórias guardadas; colocando-nos a aspectos que envolviam valores e práticas
frente de um mundo possível, repleto de de seu trabalho e vida.
surpresas, de paisagens, de dificuldades e
de outras cenas da vida. Histórias e causos na comitiva
Nesse sentido, o recontar da
memória na busca de percepções e A margem do Rio Paraná no
vivências dos personagens, que moldaram Mato Grosso do Sul era chamada Porto do
o espaço do Noroeste paulista, envolve a Taboado, enquanto a do lado paulista
interpretação que tecemos sobre o mundo recebia o nome de Porto Vargas; ali a
rural, segundo as narrativas de travessia era de fácil transposição, pela
experiências ocorridas nessa região, ao existência da Ilha Grande. Chegando até o
longo dos séculos XIX e XX, as quais Estado de São Paulo, mais precisamente
suscitam “reflexões acerca da memória próximo a cidade de São José do Rio
estabelecida sobre esses espaços e sua Preto, a 213 quilômetros do Porto do
gente” (PERINELLI; NARDOQUE; Taboado, encontrava-se um local que
MOREIRA, 2010, p. 13). Desse modo, o propiciava aos fazendeiros investir em
método voltado para a construção de invernadas para acolher as boiadas que
fontes orais é premido na intenção de chegavam cansadas das longas viagens
aproximar a narrativa dos acontecimentos vindas de Mato Grosso e Goiás.
ao real vivido, às experiências e detalhes, Para os criadores de gado de
buscando (re) produzir historicamente a Paranaíba, no sul de Mato Grosso1,
rotina do peão d e boiadeiro, a fim de conduzir o gado até Barretos passando
descobrir modos particulares de sua por São José do Rio Preto evitava a
existência. enorme volta pelo Triângulo Mineiro e a
Assim também é discutido parte perigosa travessia do rio Paranaíba, devido
da complexidade do conhecimento dos a existência de correntezas, onde houve
boiadeiros que conviviam com as diversas casos de perderem uma boiada inteira,
paisagens presentes pelos caminhos. coisa que não ocorria no rio Paraná, que
Desta maneira, analisamos a prática do dava franca passagem mesmo em épocas
manejo do gado, entendendo-a como de chuvas intensas ocasionando

centros pastoris de Mato Grosso em que


1Paranaíba, localizada no hoje Mato Grosso do abundavam campos para a criação de gado,
Sul, no final do século XIX era um dos principais exportando anualmente milhares de reses.
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enchentes, pois era a “largura do rio paisagens, assim como das comitivas que
Paraná, no Porto do Taboado, de 834 transitavam sobre o traçado da Estrada
metros” (ARAÚJO, 1998, p. 22-23). Boiadeira. A travessia do rio mais ao sul
As comitivas que vinham de “possibilitava um vislumbre de um rio
Mato Grosso conduzindo a boiada se que, de tão largo, mais parece um mar e
deparavam com chapadas e campos que, deslizando por entre ilhas
cerrados, ricos em capins de espécies maravilhosas, vai proporcionando ao
como barba de bode, felpudo, flecha, viajante, a visão das cenas mais
fontes de nutrientes para o gado vacum, deslumbrantes e inéditas” (ZILIANI,
sendo a região de Vacaria os melhores 2010, p. 111).
terrenos de pastagens. Desse modo, “os O animal chegava no Estado de
campos de Mato Grosso, aos solos São Paulo magro e cansado pelas longas
frequentemente desnudos de Goiás, viagens e, ao atravessar o rio encontrava
opõem-se os planaltos sedimentares, pastagens verdes para recuperar seu peso,
cobertos de matas” (MONBEIG, 1984, p. nas grandes fazendas de invernadas. Era
30). Nos planaltos paulistas, sucediam-se ali que descansava para a última etapa que
os campos e os cerrados e o domínio da seriam os frigoríficos. Desse modo, “na
pecuária substituía as terras de cultura. Na franja pioneira, essas invernadas
parte esquerda, a vegetação era diversa, encontram-se na posição geográfica mais
com imensos campos para a engorda do favorável para receber as boiadas
gado e dava-se a mistura de plantações de emagrecidas (...). Depois da engorda, os
arroz, algodão e trechos da floresta ainda animais cobrem facilmente o trajeto que o
intacta. separa de Barretos” (MONBEIG, 1984,
O Rio Paraná separa, no tempo p.305). Nesse caso, a região Noroeste
presente, o Estado de Mato Grosso do Sul paulista se tornava a principal via de
do Estado de São Paulo. A travessia com penetração para o gado vindo do sul de
o gado ocorria nas barrancas do rio, trecho Mato Grosso.
que saía do Porto do Taboado, sul de Na observação da paisagem
Mato Grosso, e seguia para o Porto Vargas natural da região que se localizava às
(SP), cujo traçado do rio era viável para margens do Rio Paraná, no lado paulista
travessia com o gado. era possível apreciar fauna e flora, em que
O transporte dos animais ocorria se encontravam plantas de todas as
de modo lento, o que causava desgaste espécies, árvores seculares, flores variadas
físico ao animal e ao peão de boiadeiro. e a predominância do verde das matas. A
Ambos eram obrigados a atravessar o rio fauna também se destacava nessa região.
de um lado para o outro, a nado. Mais ao
sul do rio Paraná houve vezes em que se Garças róseas e brancas, sempre em
perdia grande número de boiadas. No bando, oferecem uma nota
sugestiva a inúmeras e originais aves
período de navegação do Rio Paraná e de que é farta essa região entre.
seus afluentes, de início a relação se Jacarés, macacos, capivaras são
estabelecia por meio da travessia do gado vistos na viagem e algumas vezes até
de Mato Grosso para São Paulo e, mais o espécimen é percebida no trajeto
tarde, na compra de produtos da região: ao longo do Rio Paraná
“em função de sua demanda, como: peles (CUSPMT,1938 apud ZILIANI,
de animais silvestres e erva-mate, ou no 2010, p. 111).
atendimento às necessidades de sertanejos
As travessias do gado estão
que viviam na região, nos pousos de
sempre presentes nas narrações dos
boiadas em seu trajeto no Sul de Mato
condutores e peões de boiadeiro, sendo
Grosso” (ZILIANI, 2010, p. 103).
vistas como obstáculos naturais, em
O intenso fluxo de boiadeiros era
situações que, muitas vezes, recordam
lugar privilegiado para a observação das
travessias mal sucedidas com grandes
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perdas de boiadas. Então a gente tirava a roupa do


corpo e punha no chapéu né a cinta,
E para atravessar o rio, nossa nóis ponhava a roupa debaixo do
senhora era brabo quando tinha chapéu e ponhava na cabeça, tirava
balsa e quitava boa, nós jogava, a cinta e amarrava no queixo,
cabia 150 boi. Tinha vez que nóis apertava bem e você tinha aquela
vinha com três, quatro, cinco mil roupa enxuta, aí você jogava aquela
boi, aquele córgão. Fazia assim, boiada na água e você ia nadando.
pegava as mula, os cavalo, jogava Então a água era de correnteza, ia te
para dentro da água, assim num jogando e você voltava, ia e voltava,
dava pra ver nada, juntava no rabo até sair do outro lado. As veiz
do boi, o bichinho crescia num morria até boi afogado3.
mundo e nóis saia2
Os peões sofriam muito para
Como salientado, a travessia chegar ao ponto de pouso, principalmente
constituía-se num momento difícil para o porque se molhavam e molhavam também
peão de boiadeiro, exigindo habilidades do sua tralha de montaria. Esses jeitos de
condutor e de sua comitiva para vencer os levar as roupas eram técnicas inventadas
obstáculos, ao serem capazes de reafirmar por eles de modo que não ficassem
sua capacidade e destreza para enfrentar o encharcados durante a viagem. Nos dias
meio. de chuvas intensas, a comitiva não parava,
Os relatos de condutores de gado o burro era pego e encilhado mesmo na
sobre a passagem das comitivas em rios chuva. Contudo, durante o período de
revelam as habilidades desses sujeitos estiagem, a situação se invertia e a escassez
diante das dificuldades do cotidiano. de água era mais uma preocupação dos
boiadeiros, não somente para consumo
Os vaqueiros [...] contaram que as
piranhas são muito prejudiciais
próprio, mas também para a boiada e a
quando se passa um grande rebanho tropa.
no rio. Nessa ocasião os homens Durante a seca, havia muita
cutucam uma rês até entrar no rio. poeira na estrada, sendo essa época do ano
Como as piranhas seguem a a mais difícil de se encontrar água para
corrente do rio com o animal tomar banho. “Das tardes quentes de
morto, as outras reses podem ser agosto suor do meu rosto coberto de pó.
passadas com certa segurança e sem De quebrada em quebradas nas longas
muito receio de ocorrer o “estouro estradas Só Deus tinha dó”. Em alguns
da boiada”. (JONES,1950, p. 359). trechos da música, na referência à parte sul
Nas descrições dos mato-grossense, é possível perceber que
entrevistados, entre outras fontes, é no tempo da seca andavam-se dois dias e
possível observar a balsa como elemento não se encontrava água, sendo a única
de transporte nos rios, mas quando elas coisa a fazer encontrar uma fazenda que
não existiam os animais seguiam a nado. A tivesse açude para que o gado e o peão de
narrativa a seguir descreve as técnicas boiadeiro pudessem matar a sede.
utilizadas pelos peões para atravessar o rio Já fiquei quinze dias sem tomar
sem molhar as roupas e o perigo da perda banho até achar um rio. Aqui no
da boiada. Chapadão, de Costa Rica até
Cassilândia, não achava um palmo
Às vezes no tempo da chuvarada,
de rio nem pelo amor de Deus. Nas
no rio a gente passava a nado, o
represas dos fazendeiros, nóis metia
burro passava a nado, o boi a nado.

2Antonio Eufrásio. Entrevista realizada por Natalia 3Adelino Alves Siqueira. Entrevista realizada por
Scarabeli Zancanari. Santa Fé do Sul-SP, Natalia Scarabeli Zancanari. Santa Fé do Sul –
SP, 17/02/2011.
18/09/2008.
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o alicate, cortava a cerca pro gado ir ocasionava a falta de água em alguns


beber água. Ixi! Eu já cortei muitas trechos, problema que não ocorria na
veiz. Jogava a boiada dentro que região Noroeste paulista onde existiam
bebia água e depois ia embora4. muitos córregos à beira da Estrada
Por meio da narrativa, torna-se Boiadeira. Deste modo, para a execução
possível alcançar o vivido, na direção de do ofício das comitivas de boiadeiros não
perceber algumas atividades econômicas, era necessário somente o conhecimento
propiciadas pelo gado, criado no sul de dos rios onde atravessavam com a boiada,
Mato Grosso. É possível perceber ainda a mas exigia se também do viajante a
mobilidade e a técnica dos peões de habilidade no transporte desse gado
boiadeiro em conduzir milhares de durante a travessia para que ele chegasse
bovinos, passando por caminhos saudável ao seu destino. Nas marchas,
desconhecidos e fazendo frutificar, em com muitas de cabeças de gado, as
suas viagens, modos de vida do boiadeiro comitivas enfrentavam adversidades de
formando sua identidade. acordo com as estações do ano, como
Após a travessia do rio Paraná, já enchentes, cheias, vazantes e secas.
nas barrancas do Porto Vargas (SP), Ao passar esse desafio de
continuava se sua viagem, de muitas atravessar o rio, a boiada prosseguia ainda
léguas, até as invernadas que estavam que cansada junto aos peões de boiadeiro.
localizadas próximas à região Noroeste Com dificuldade e a passos mais lentos, a
paulista5, mais especificamente nas cidades viagem era retomada. Como narram os
de São José do Rio Preto, Votuporanga e entrevistados, era possível ouvir o som do
Fernandópolis. berrante na mão do ponteiro anunciando
O rio Paraná, por sua vez, ligava o reinício da marcha.
estradas, caminhos e economias de um À frente, como destacado em
estado para o outro, dentre elas o gado. outros momentos, se encontrava o
Isso contribuía para a troca de cozinheiro em algum ponto de pouso
mercadorias, vendas, ou seja, para a aguardando a comitiva para o jantar.
economia dos estados paulistas e sul mato- Descarregavam os apetrechos, tocavam
grossenses. uma moda de viola para espantar um
As observações das estações pouco a solidão e dormiam nas redes, em
climáticas feitas pelos peões de boiadeiro palhoças cobertas, de alguma fazenda ou
definiam e modificavam sua viagem. quando não tinham palhoças dormiam ao
Segundo Goulart (1961), o mês de março relento protegendo-se do frio e da chuva
era propício para as longas viagens, pois as com a capa, Esse era o momento mais
pastagens estavam ainda verdejantes apropriado para encerrar a caminhada e
devido ao fim das estações de chuva e não descansar, possibilitando aos animais
havia o perigo de as estradas se pastarem até o dia seguinte. Nesse caso,
transformarem em atoleiros prejudicando existiam semelhanças com a partida da
a passagem do gado. A depender da comitiva, pois se fazia necessária a
estação do ano, o nível das águas impunha contagem do gado na chegada e na saída
maiores dificuldades à passagem do rio, o do pouso.
que às vezes aumentava o tempo do No dia seguinte, ao alvorecer, a
percurso. comitiva começava a se aprontar para um
O período sem chuvas novo e longo dia de caminhada. O

4Antonio
paulista a área administrativa formada pelas
Eufrásio. Entrevista realizada por Natalia regiões de Araçatuba e São José do Rio Preto, ou
Scarabeli Zancanari. Santa Fé do Sul SP, seja, o território situado entre os eixos Catanduva
18/09/2008. a Santa Fé do Sul e Cardoso a Novo Horizonte”.
5Em geral, segundo Perinelli (2010, p.63)
“entende-se atualmente por região Noroeste
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cozinheiro preparava o café enquanto o Esses homens que percorriam a Estrada


condutor e alguns peões contavam os bois Boiadeira estavam imbuídos de
e, ao som do berrante, a tropa seguia conhecimentos, experiências e valores
viagem. éticos, tal como pode ser observado nos
A condução do gado exigia muita momentos em que ocorria alguma
paciência, sendo esta uma característica intempérie, como, por exemplo, uma
marcante da personalidade dos boiadeiros doença dos peões, ou mesmo nas regras da
que era exercitada diariamente, pois havia cozinha. Isto se incorpora à prática de um
a necessidade de se conduzir o gado a diversificado sistema de regras, mitos,
passos lentos para que este chegasse rituais que evidenciam a cultura dos peões
saudável ao seu destino. O gado e a tropa de boiadeiro e condutores. Durante as
seguiam pastando na direção orientada viagens em comitivas pela Estrada
pelo condutor e ponteiro. Assim, qualquer Boiadeira, esses sujeitos desenvolviam
perigo na estrada era avisado pelo conhecimentos tradicionais, originando
ponteiro aos outros companheiros que um processo de adaptação para a
vinham logo em seguida com a boiada. sobrevivência nas diferentes condições do
ambiente, como o contato com a natureza
Considerações Finais desenvolvendo uma forma de vida
própria. O cotidiano de trabalho era
A partir da vivência observada repleto de desafios, surpresas, perigos e
no trabalho que os boiadeiros realizavam cenas de um viver característico. Acerca
(e ainda realizam) no transporte do gado disso, procuramos apontar os
de uma região a outra foi possível notar a conhecimentos adquiridos na natureza e
riqueza do conhecimento da natureza as os fluxos interpretativos de seu modo de
técnicas utilizadas no manejo com o gado, vida que deram origem à (re) construção
a capacidade de observação desses da identidade de “ser peão boiadeiro”,
sujeitos, bem como a importância de seu mais ainda que a de “ser condutor”.
viver como percepção sobre o valor
cultural exercido durante sua atividade e Referências
na transformação dos lugares por onde
passavam, ou seja, entre o sul de Mato ARAÚJO, Edinho. O sonho realizado. São
Grosso e o Noroeste Paulista. José do Rio Preto, SP, Editora Rio-
A interpretação dos dados, nesta Pretense,1998.
pesquisa, revela que os peões de boiadeiro JONES, Clarence F. AFazenda Miranda
representam um tipo cultural associado à em Mato Grosso. Revista Brasileira de
pecuária nas regiões como Mato Grosso e Geografia. Sumário do número de julho-
São Paulo, pelos caminhos de condução, setembro de 1950.
compra e venda de gado. Assim, MONBEIG, Pierre. Pioneiros e
buscamos desvendar uma parte do modo fazendeiros de São Paulo, São Paulo,
peculiar de ser e o mundo envolto desses Editora Polis 1984.
sujeitos, buscando, por meio das GOULART, José Alípio. Tropas e
entrevistas, letras de músicas, entre outras Tropeiros na Formação do Brasil. Rio de
fontes, o imaginário e as sociabilidades Janeiro. Editora:Conquista, 1961.
construídas em torno de sua figura,
simbolizando-o como um agente social. PERINELLI NETO, Humberto;
NARDOQUE, Sedeval; MOREIRA,Vagner
Além das técnicas necessárias
J (Org). Nas margens da Boiadeira
para o desempenho de seu trabalho, os territorialidades, espacialidades, técnicas
boiadeiros, nas comitivas, possuíam rituais e produções no Noroeste paulista. São
cotidianos para sua organização, os quais à Paulo. Editora: Expressão Popular, 1° edição,
primeira vista pareciam ser simples, mas 2010.
que foram denotando a sua complexidade.
ZILIANI, José Carlos. Colonização:
NS Zancanari. VIII CIH

Táticas e estratégias da Companhia de História)-Faculdade de Ciências e Letras de


viação São Paulo Mato Grosso (1908- Assis, Universidade Estadual Paulista.
1960). Assis, 2010. Tese (Doutorado em

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