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Clarissa dos Santos Veloso


Luciana Teixeira de Andrade

Gentrificação
em Belo Horizonte
uma revisão das teses e dissertações sobre o fenômeno

Resumo Este artigo traz uma análise da produção acadêmica sobre gentrificação em Belo
Horizonte, enfatizando seus aspectos teóricos e metodológicos, seus resultados
e suas especificidades. As sínteses sobre gentrificação em grandes cidades latino-
americanas indicam que o fenômeno deriva sobretudo de ações do Estado, de
políticas urbanas que integram, sobretudo nos centros, preservação patrimonial e
incentivo às atividades turísticas, comerciais e de lazer. Pesquisas sobre gentrificação
no Brasil mostram que raramente ela está associada a mudanças habitacionais.
Os casos do fenômeno em Belo Horizonte diferem desses diagnósticos, apesar de
algumas convergências, como a ocorrência de gentrificação de consumo. Gentrificação
residencial marginal e de nova construção foram identificadas em bairros da cidade,
assim como casos de não ocorrência de gentrificação e da resistência ao fenômeno.

Gentrificação Belo Horizonte Revisão sistemática

Abstract This paper presents an analysis of the academic production on gentrification in Belo
Horizonte, emphasizing its theoretical and methodological aspects, its results, and
its specificities. Reviews on gentrification in large Latin American cities indicate
that the phenomenon derives mainly from State actions, from urban policies that
integrate, especially in the centers, heritage preservation and incentive to tourism,
commercial and leisure activities. Research on gentrification in Brazil shows that it
is rarely associated with housing. The cases of the phenomenon in Belo Horizonte
differ from these diagnoses, despite some convergences, such as the occurrence of
gentrification of consumption. Marginal gentrification and new-built gentrification
were identified in neighborhoods of the city, as well as cases of non-occurrence of
gentrification and resistance to the phenomenon.

Gentrification Belo Horizonte Systematic review


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INTRODUÇÃO ME; NEVES, 2010; JAYME; TREVISAN, 2012;


MOREIRA, 2008; HOFFMAN, 2014; BERQUÓ,
Este artigo é produto do levantamento e da revisão 2015; SALLES, 2019) quanto bairros pericentrais,
da produção acadêmica sobre gentrificação em Belo como Santa Tereza, Floresta e Anchieta (ANDRA-
Horizonte. Enfatizamos aspectos teóricos e meto- DE; MENDONÇA, 2020; ASSIS, 2020, VELO-
dológicos e especificidades dos achados das investi- SO, 2020).
gações sobre esse tema que tiveram como objeto de
pesquisa alguns espaços da capital mineira.
As sínteses de investigações sobre gentrificação GENTRIFICAÇÃO: ORIGENS,
em grandes cidades brasileiras e latino-americanas AMPLIAÇÕES DO CONCEITO E
indicam que ela deriva sobretudo de ações do Esta- LEITURAS SOBRE O FENÔMENO
do. Trata-se de um fenômeno induzido que tem a NA AMÉRICA LATINA E NO BRASIL
ver com políticas urbanas que integram, sobretudo
nos centros históricos, preservação patrimonial e in- Se inicialmente a gentrificação foi um processo es-
centivo às atividades turísticas, comerciais e de lazer tudado nas cidades anglo-saxãs, posteriormente os
(BETANCUR, 2014; JANOSCHKA et al., 2014; estudos se generalizaram, o que contribuiu para o
TEIXEIRA, 2020). Os diagnósticos sobre gentrifi- conhecimento de formas distintas de manifestação,
cação no Brasil enfatizaram que raramente ela está assim como da relevância dos contextos históricos,
associada a mudanças habitacionais que reflitam a sociais, culturais e econômicos. O termo gentrifica-
sua forma mais corrente nos países do norte global ção foi criado na década de 1960 para caracterizar
(RUBINO, 2009). mudanças no perfil habitacional e de estoque imobi-
Nesse sentido, este artigo realizou uma análise liário em determinados distritos londrinos (GLASS,
dos estudos sobre a gentrificação em Belo Horizonte 1964). Pessoas de status mais elevados começaram a
a partir das seguintes questões: como a gentrificação se mudar para locais onde antes só moravam traba-
foi abordada e investigada? Quais formas do fenôme- lhadores, processo que elevou o preço dos imóveis,
no foram identificadas e que tipos de espaços, grupos aluguéis e serviços e que acabou expulsando os anti-
sociais e atores foram analisados? Quais as especifici- gos moradores de classe operária.
dades dos achados em contraste com casos de outras A partir de 1980, a noção de gentrificação foi am-
cidades? pliada para abarcar outras transformações, estas liga-
As investigações sobre gentrificação aqui utili- das aos setores de comércio, serviços, lazer e turismo,
zadas são oriundas de um levantamento de estudos isto é, outras dimensões para além da residencial.
urbanos sobre Belo Horizonte e sua região metropo- Surgiram reflexões sobre os novos espaços de classes
litana realizado em repositórios online dos programas médias nos centros para o consumo, a circulação, o
de pós-graduação das ciências sociais e humanas da turismo e a diversão. A sua forma residencial pode
PUC Minas e da UFMG. Este artigo traz uma revi- (ou não) estar atrelada às políticas urbanas de recu-
são de oito teses e dissertações sobre gentrificação na peração de áreas centrais e históricas reconhecidas e
capital mineira e está organizado em três partes, além protegidas como patrimônio por órgãos nacionais
desta introdução. Na primeira, trata das definições e internacionais, como a UNESCO, à diminuição
da gentrificação e dos diagnósticos sobre o fenômeno de instalações manufatureiras no centro da cidade,
na América Latina e no Brasil. Em seguida, discor- à ascensão de complexos de hotéis e centros de con-
re sobre a metodologia utilizada e retoma os estudos venções, à criação de escritórios centrais nas cidades,
selecionados para uma análise que tem como roteiro bem como à emergência de modernos distritos de
as questões acima enunciadas. Por fim, tece algumas lojas, bares, cafés e restaurantes (SMITH; WILLIA-
considerações sobre os diálogos entre os casos de MS, 1986; LEES et al., 2008).
gentrificação em Belo Horizonte e em outras cidades Os primeiros estudos sobre gentrificação em ci-
brasileiras e latino-americanas. dades latino-americanas surgiram no final dos anos
A gentrificação em Belo Horizonte tem sido ob- 1990. O trabalho de Jones e Varley (1999) sobre o
jeto de estudos mais sistemáticos desde meados da processo de conservação do centro histórico de Pue-
década de 2000. As pesquisas sobre o tema tiveram bla, no México, é um dos pioneiros. No Brasil, os
como recorte empírico privilegiado as áreas centrais, precursores foram os estudos de Pinho (1996) sobre
compreendidas como o centro histórico e alguns a zona do Pelourinho, em Salvador, cujos projetos
bairros do seu entorno. Foram objeto de estudos de recuperação e valorização histórica tiveram início
tanto o centro histórico e os resultados das iniciati- em 1970, com continuidades e rupturas nas décadas
vas para sua requalificação ao longo do tempo (JAY- subsequentes, e de Pio (2001) sobre o centro his-
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tórico do Rio de Janeiro, onde teve lugar o Projeto promoção de lugares para consumo turístico, cultural
Corredor Cultural a partir de meados dos anos 1980. e comercial, acarretando formas de apropriação por
Análises que sintetizam os contornos da gentri- parte de estratos sociais mais altos, se comparados
ficação na América Latina foram feitas por Janos- com usuários mais antigos. Esses novos usos convi-
chka et al. (2014), John Betancur (2014) e Teixeira vem com ocupações dos espaços públicos por parte
(2020), que enfatizaram os casos do fenômeno em de classes populares, pré-existentes às intervenções e
cidades grandes e cosmopolitas, como Rio de Janeiro, contrárias aos seus objetivos. Os antigos usos e usu-
São Paulo, Buenos Aires, Santiago do Chile e Cidade ários são frequentemente taxados como inapropria-
do México. Segundo os diagnósticos desses autores, dos, tornando-se objeto de recriminação e remoção
a gentrificação na América Latina deriva sobretudo por parte do poder público e dos investidores a ele
de ações do Estado, uma espécie de gentrificação in- associados (LEITE, 2007; FRÚGOLI JR.; SKLAIR,
duzida que tem a ver com intervenções que integram 2009). Comércio informal, vendedores ambulantes,
preservação patrimonial com incentivo às atividades prostituição, população em situação de rua, tráfico e
turísticas, comerciais e de lazer. O Estado, como consumo de drogas são exemplos de práticas e sujeitos
principal promotor das intervenções, assume a maior que sofrem ações de repressão, fiscalização e controle
parte dos custos, riscos e responsabilidades relativos em espaços urbanos revitalizados nas grandes cidades
à infraestrutura urbana, à reforma de monumentos latino-americanas. Nota-se a relação entre as inter-
e edificações e à garantia de segurança pública. A ex- venções urbanas, a normalização dos usos dos espaços
pectativa é que essas ações, muitas vezes integradas a públicos e ações de cunho higienista (FRÚGOLI JR.;
programas de incentivos fiscais, atraiam o setor pri- SKLAIR, 2009; MELÉ, 2006).
vado visando a autossustentação do processo, o que Essa gentrificação comercial, no entanto, por ve-
nem sempre acontece. Poder público e iniciativa pri- zes se configura como fenômeno frágil e efêmero em
vada se associam por meio de parcerias para compar- localidades onde foi identificada e investigada. Sua
tilhar o custeio e o gerenciamento dos projetos, que volatilidade se dá, por um lado, por depender da pro-
também costumam contar com assistência financeira moção de eventos e de usos temporários por parcelas
de agências internacionais, tais como o Banco Inte- da população que possuem capitais para acessá-los.
ramericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Por outro lado, é frágil porque nem sempre os luga-
Mundial (BETANCUR, 2014; JANOSCHKA et al., res criados para o consumo atraem e/ou fidelizam, a
2014; TEIXEIRA, 2020). longo prazo, os investidores e os consumidores neces-
Ao sintetizar os traços das gentrificações latino- sários para a manutenção da animação cultural dos
-americanas, essas análises apontam tipos e caracte- novos lugares de encontro, lazer e diversão (LEITE,
rísticas do fenômeno que podem ser resumidos pelos 2007; 2010; VELOSO; ANDRADE, 2019; AL-
seguintes pontos: gentrificação simbólica, impulsio- CANTARA, 2019).
nada por políticas que resgatam o patrimônio arqui- Ainda quanto à ocorrência de gentrificação resi-
tetônico dos centros e bairros históricos das cidades; dencial, Betancur (2014) destaca que há nas cidades
gentrificação voltada para o lazer e o turismo; gentri- latino-americanas um baixo contingente de poten-
ficação estatal, com estreita relação com projetos de ciais gentrificadores, isto é, de sujeitos das classes mé-
revitalização e megaeventos; gentrificação de favelas dias com preferência pela vida no centro. Esse grupo
e de cidades históricas, devido à atividade de novos normalmente opta por se fixar em condomínios fe-
mercados imobiliários. Além disso, muitos estudos se chados horizontais ou verticais localizados em áreas
voltam para os movimentos que visam barrar a gen- periféricas e centrais, mas não necessariamente nos
trificação (BETANCUR, 2014; JANOSCHKA et bairros antigos e centrais. No caso de cidades brasilei-
al., 2014; TEIXEIRA, 2020). ras, a oferta e proliferação de moradia em condomí-
Tais estudos na América Latina também relativi- nios, localizados em áreas suburbanas, convivem com
zaram a incidência da gentrificação residencial, uma a permanência de estratos médios e altos da sociedade
vez que as principais manifestações estão relacionadas em partes centrais que dispõem, historicamente, de
aos setores de consumo, lazer e turismo. Associada ao infraestrutura e oferta de bens e serviços atraentes
espaço e ao tempo, a gentrificação de consumo nem para os estratos sociais mais altos (RUBINO, 2009;
sempre é acompanhada por mudanças nas dinâmi- CALDEIRA, 2011).
cas residenciais, com a substituição de moradores de Silvana Rubino (2009) argumentou que o déficit
classes populares por grupos de classes médias e altas habitacional no Brasil não incide de forma significa-
(BETANCUR, 2014; JANOSCHKA et al., 2014; tiva sobre os estratos médios. Assim, na hora de esco-
TEIXEIRA, 2020). lher onde morar, esses estratos têm opções de locais
Em vários casos, o que acontece é a produção e a para além de bairros de áreas centrais, que poderiam

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ser gentrificados se houvesse demanda e interesse e da PUC Minas2 entre 1991 e 2020. O levanta-
desses grupos por essas partes da cidade. Ainda as- mento foi realizado nos repositórios online das duas
sim, esses estudiosos (BETANCUR, 2014; JANOS- universidades e chegou a 670 produções, que foram
CHKA et al., 2014; TEIXEIRA, 2020; RUBINO, classificadas a partir de 25 categorias de temas. A
2009) consideraram a possibilidade de formas resi- classificação temática foi feita pelos títulos, palavras-
denciais do fenômeno e sugeriram pesquisas sobre -chave e resumos das produções.
outras de suas formas. Desse total, interessam para este artigo sete dis-
Em seus estudos na cidade de Bruxelas, Van sertações e uma tese cujas temáticas centrais são
Criekingen identificou um tipo de gentrificação que processos de gentrificação em Belo Horizonte. Com
ele chamou de marginal. Nas suas palavras, trata-se as dissertações e a tese na íntegra, em formato PDF,
de um adotamos uma estratégia de revisão que consistiu em
duas etapas. Primeiro, elaboramos um guia de ficha-
mento, a ser preenchido ao longo da leitura de cada
processo pelo qual certos bairros centrais são to-
trabalho e baseado nas seguintes perguntas: como a
mados por uma população jovem, muito escola-
gentrificação foi abordada e investigada? Quais for-
rizada, globalmente mais abastada que os antigos
mas do fenômeno foram identificadas e que tipos
moradores, sem, no entanto, serem “os ricos” na
de espaços, grupos sociais e atores foram analisados?
escala da cidade. A gentrificação marginal não
Quais as especificidades dos achados em contraste
é um estágio transitório para a chegada de uma
com casos de outras cidades?
gentrificação total a mais ou menos curto prazo.
Em seguida, revisamos e analisamos esse con-
(2006, p. 100)
junto de investigações a partir de cinco dimensões:
aspectos institucionais (ver Quadro 1); espaços da
Em diálogo com a gentrificação residencial mar- cidade que foram objeto de estudo; quadro teórico-
ginal, alguns estudos no Brasil têm tratado da en- -metodológico das investigações; resultados das pes-
trada de parcelas de residentes de classe média com quisas; e diálogos entre os casos de Belo Horizonte e
maior capital cultural, como estudantes universitá- de outras cidades.
rios e jovens profissionais, tanto em regiões centrais Cinco investigações sobre gentrificação em Belo
de grandes cidades (VELOSO, 2020; ALCANTA- Horizonte foram conduzidas no Programa de Pós-
RA, 2019; RIBEIRO, 2014) quanto em áreas pa- -Graduação em Ciências Sociais da PUC Minas e
trimoniais de cidades de pequeno porte (ZOLINI, três na UFMG, sendo uma no Programa de Pós-
2007). A gentrificação por nova construção, por sua -Graduação em História e duas no Programa de Pós-
vez, é outra forma do fenômeno abordada, mas não -Graduação em Ambiente Construído e Patrimônio
ocorre pela valorização de imóveis antigos e degrada- Sustentável. Trata-se de uma produção recente sobre
dos, mas pela construção de novas edificações (DA- a cidade e suas transformações socioespaciais. Os
VIDSON; LEES, 2009; PEREIRA, 2017). Esse é o oito trabalhos foram defendidos entre 2019 e 2020.
caso do estudo de Assis (2020) sobre um bairro belo- Ao analisarmos os objetos empíricos dessas investi-
-horizontino, conforme veremos na próxima seção. gações, constatamos que os pesquisadores privilegia-
ram bairros e espaços públicos da cidade.
Dos quatro bairros estudados, três — Lagoinha,
O QUE REVELAM OS ESTUDOS Bonfim e Floresta — estão entre as localidades mais
SOBRE A GENTRIFICAÇÃO antigas de Belo Horizonte, que foram ocupadas des-
EM BELO HORIZONTE? de os primeiros anos da cidade. Seus primeiros ha-
bitantes foram operários, atraídos pela possibilidade
As teses e dissertações sobre gentrificação em Belo de moradias de baixo custo, e grupos dos estratos
Horizonte aqui analisadas integram um levantamen- médios (AGUIAR, 2006; ANDRADE; ARROYO,
to mais amplo, que abarcou a produção acadêmica 2012). Além da proximidade com o centro da cida-
sobre temas urbanos que tiveram a capital mineira
e sua região metropolitana como objeto. Elas foram Ciência das Religiões, Ciência Política, Ciências Sociais, Co-
produzidas em programas de pós-graduação de ciên- municação Social, Demografia, Direito, Educação, Estudos
cias humanas e ciências sociais aplicadas1 da UFMG do Lazer (Ed. Física), Geografia, História, Psicologia, Rela-
ções Internacionais e Sociologia.
2 O levantamento foi feito também em outras instituições
1 Os seguintes programas de pós-graduação da UFMG e da menores que possuem mestrado, mas a produção era bastante
PUC Minas foram incluídos no nosso levantamento: Am- diminuta quando comparada à da UFMG e da PUC Minas, o
biente Construído e Patrimônio, Arquitetura, Antropologia, que nos levou a trabalhar com essas duas universidades.

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de, são hoje bairros reconhecidos oficialmente como Ao nos determos nos aspectos metodológicos das
patrimônio da cidade pelo Conselho Deliberativo do dissertações e da tese, observamos que uma hipótese
Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizon- geral que guiou parte dos estudos é a verificação da
te (CDPCM-BH). O quarto bairro onde a gentrifi- ocorrência de gentrificação. Todas as investigações
cação foi tema de estudo, o Anchieta, localiza-se na adotaram técnicas qualitativas de coleta, tratamen-
porção centro-sul de Belo Horizonte, que foi ocu- to e análise de dados, com destaque para a análise
pada mais tardiamente, a partir da segunda metade documental, entrevista e observação. A pesquisa
do século XX. Isso se deve, entre outros fatores, ao documental englobou sobretudo leis, decretos, re-
acesso mais difícil, se comparado à situação de outros gulamentações, projetos, relatórios, dossiês de tom-
bairros próximos ao centro (AGUIAR, 2006). Hoje, bamento e registros históricos, bem como materiais
o Anchieta abriga sobretudo estratos médios e altos jornalísticos, de redes sociais e iconográficos. Entre-
(ANDRADE et al., 2015). vistas e observação participante, quando emprega-
Além de bairros, praças e ruas centrais de Belo das, enfatizaram a apreensão das narrativas de atores
Horizonte foram objeto de estudo de quatro disserta- sociais — usuários dos espaços-objeto de pesquisa
ções. As transformações socioespaciais analisadas nes- (moradores, comerciantes, frequentadores, lideranças
sas localidades guardam relações com intervenções e comunitárias etc.) — e institucionais, como técnicos
projetos urbanísticos do poder público realizados a e representantes do poder público e agentes do mer-
partir do final dos anos 1990 e início dos anos 2000 cado e da iniciativa privada.
— como o Eixo Cultural Rua da Bahia Viva, Rua da Uma tese e uma dissertação, sobre os bairros Flo-
Bahia 24 horas e o Programa Centro Vivo —, bem resta e Anchieta respectivamente, utilizaram dados
como com ações que envolveram parcerias público- secundários do Censo, do cadastro do Imposto sobre
-privadas. Esse é o caso do estudo sobre o Cine The- a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e
atro Brasil Vallourec, que analisou a possibilidade e do cadastro do Imposto sobre a Transmissão de Bens
capacidade desse equipamento cultural de alterar as Imóveis (ITBI) a fim de caracterizar a composição
dinâmicas cotidianas consolidadas na região da Praça social dos bairros e os seus estoques de imóveis ao
Sete (SALLES, 2019). longo do tempo (VELOSO, 2020; ASSIS, 2020).

Quadro 1: Teses e dissertações sobre gentrificação em Belo Horizonte

Tipo de Área de Ano de


Título Universidade Autor(a)
trabalho conhecimento defesa

Patrimônio cultural e revitalização


urbana: usos, apropriações e Corina Maria Rodrigues
Dissertação Ciências Sociais PUC Minas 2008
representações da Rua dos Caetés, Belo Moreira
Horizonte
A cultura e o resgate simbólico de áreas
centrais: o caso do Cine Brasil e seus Dissertação Ciências Sociais PUC Minas 2019 Renata de Leorne Salles
efeitos em Belo Horizonte
Mudanças residenciais e comerciais: um
estudo sobre processos de renovação
Dissertação Ciências Sociais PUC Minas 2020 Lívia Matos Lara de Assis
urbana no bairro Anchieta, Belo
Horizonte
Resistência cultural e juventudes na
Praça da Estação: ativismos urbanos e
Dissertação Ciências Sociais PUC Minas 2020 Paula de Senna Figueiredo
transformações espaciais a partir da
cultura e do lazer
Um bairro patrimonial: dinâmicas
residenciais e comerciais do Floresta, Tese Ciências Sociais PUC Minas 2020 Clarissa dos Santos Veloso
em Belo Horizonte
Subir Bahia: uma rua na encruzilhada
da memória patrimonial e de novas Dissertação História UFMG 2015 João Marcos Veiga
escritas urbanas
Resistência à gentrificação? Estudo
Arquitetura e Lawrence Faria Starling
de caso do bairro Bonfim em Belo Dissertação UFMG 2019
Urbanismo Solla
Horizonte
Cartografia das Controvérsias na região Arquitetura e Gabriela Campelo Aragão
Dissertação UFMG 2020
Lagoinha Urbanismo Bitencourt

Fonte: Elaborado pelas autoras a partir de dados da pesquisa


"A produção sobre o urbano em BH e na RMBH em três décadas (1991-2020)".

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Informações sobre o padrão de acabamento dos imó- e da semana, consoante o funcionamento dos esta-
veis residenciais permitiram que Assis (2020) apon- belecimentos comerciais e das atividades que ocor-
tasse o gradual e crescente processo de sofisticação de rem na rua (LEITE, 2010). Frágil por estar sujeita a
moradias no Anchieta, voltadas para estratos sociais transformações repentinas, como o aumento descon-
mais altos. No caso do bairro Floresta, os efeitos do trolado do número de pessoas e o encerramento das
tombamento, somados à manutenção do padrão de atividades de alguns bares e restaurantes. São essas as
acabamento de apartamentos residenciais, voltados circunstâncias que comprometem o status da rua de
para grupos médios, têm reforçado a atração desse centro urbano de diversão (VELOSO, 2020).
estrato social para o bairro e a sua predominância A dissertação de Assis (2020) trata da gentrifi-
entre os residentes (VELOSO, 2020). As diferenças cação por nova construção em curso no bairro An-
entre novos e antigos moradores do bairro são de ou- chieta. Diferentemente do Floresta, no Anchieta não
tra ordem, como veremos mais adiante. há nenhum tipo de proteção urbanística especial. A
Quanto aos resultados, os estudos se dividem em maior liberalidade das políticas urbanas de uso do
três grupos: primeiro, os que identificaram processos solo tem permitido renovação do estoque imobili-
de gentrificação em curso; segundo, aqueles que ver- ário, de modo que o bairro passe por um processo
sam sobre resistências à gentrificação ou sobre anti- acelerado de substituição de suas antigas residências
gentrificação sem, no entanto, descartar seus indícios por edifícios de apartamentos que atraem os estra-
e possível concretização no futuro; e, por fim, estu- tos mais altos da classe média, processo denomina-
dos que negam a ocorrência de gentrificação. do como gentrificação por nova construção. Assis
São dois os estudos que identificaram processos (2020) destaca que, apesar de o mercado imobiliário
de gentrificação em curso: a tese de Veloso (2020) ser o protagonista desse processo, o Estado não está
sobre o bairro Floresta e a dissertação de Assis (2020) ausente, uma vez que a legislação do bairro não apre-
sobre o bairro Anchieta. No primeiro caso, a aná- senta empecilhos para as construções e especulação
lise tratou de mudanças nas dimensões residencial imobiliária. Diferentemente de outros bairros, os
e comercial do bairro, protegido como conjunto moradores não se opuseram a essas mudanças.
urbano patrimonial da cidade. Ao falar de gentrifi- O segundo grupo de trabalhos inclui três das
cação cultural e marginal (CRIEKINGEN, 2006) dissertações analisadas. Elas tratam das resistências à
em curso no bairro, Veloso (2020) trata dos perfis gentrificação encabeçadas pelos movimentos sociais.
e estilos de vida de residentes recém-chegados, des- De maneira antecipada e preventiva, eles reagiram
tacando a presença de jovens adultos detentores de aos primeiros indícios da gentrificação manifestos
mais capital cultural do que econômico em relação a partir da discussão ou da implementação de po-
aos que já ocupam o bairro. As diferenças encontra- líticas urbanas e/ou da ação do mercado imobiliá-
das entre novos e antigos moradores são de esferas rio. Esse é o caso dos estudos sobre políticas urba-
culturais, relativas aos gostos, e não às suas posições nas, especulação imobiliária e mobilização popular
em estratos sociais. Até o momento do estudo não nos bairros Bonfim e Lagoinha (SOLLA, 2019; BI-
foi identificado um processo de expulsão de outros TENCOURT, 2020), assim como da abordagem de
grupos de classes sociais mais baixas, isto é, trata-se Figueiredo (2020) sobre os coletivos de cultura na
de uma mudança que não chegou a alterar o perfil região da Praça da Estação, localizada no centro da
do bairro, mas cujos desdobramentos precisariam ser cidade. No caso dos bairros Lagoinha e Bonfim, a
acompanhados. hipótese de processos de gentrificação em curso foi
A tese também abordou as dinâmicas comerciais refutada, mas ambos os estudos apontaram em seus
de uma rua próxima ao centro da cidade, a Rua Sapu- resultados que a situação pode se reverter em função
caí e suas imediações, onde se observou um processo da aprovação de novas políticas urbanas de cunho
de gentrificação comercial e de consumo (VELOSO, gentrificador e da ação do mercado imobiliário em
2020). Ele levou à substituição do pequeno comércio contextos de enfraquecimento da mobilização social
local por negócios para o lazer e a diversão voltados das resistências.
para consumidores com maior capital econômico e O terceiro grupo de estudos não identificou a
cultural, jovens de classe média moradores da zona ocorrência de gentrificação. São eles: as investigações
sul, onde se concentram residentes de estratos sociais de Moreira (2008) sobre a Rua dos Caetés, de Vei-
médios e altos (ANDRADE et al., 2015). As desco- ga (2015) sobre a Rua da Bahia e de Salles (2020)
bertas a partir da Rua Sapucaí reforçam a interpreta- sobre o Cine Teatro Brasil e suas imediações. O pri-
ção da gentrificação comercial como um fenômeno meiro demonstrou que as ações de revitalização do
volátil e frágil. Volatilidade porque a gentrificação Programa Centro Vivo, com reforma das edificações
comercial acontece em períodos específicos do dia históricas, valorização dos espaços públicos com alar-

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gamento das calçadas e reforma do mobiliário na re- espaços da capital mineira. A partir da produção ana-
ferida via urbana, não afetaram os usos e ocupações lisada — sete dissertações e uma tese —, observamos
tradicionais (MOREIRA, 2008). No caso da disser- que as pesquisas já feitas sobre o tema tomaram a
tação sobre a Rua da Bahia e das intervenções urba- gentrificação como uma hipótese, refutada na maior
nísticas que remetem tanto à infraestrutura da via e parte dos casos e testada a partir de abordagens quali-
de suas edificações quanto à sua memória e às ativi- tativas das mudanças socioespaciais em curso. Ainda
dades de estabelecimentos comerciais tradicionais, as assim, mesmo as conclusões sobre antigentrificação
conclusões também apontam para uma não gentri- não descartam totalmente os seus indícios e possível
ficação (VEIGA, 2015). A Rua da Bahia não logrou concretização no futuro.
uma mudança nas suas formas de uso a partir das Nos casos em que foi identificado, o fenômeno
múltiplas intervenções, que incluíram tombamentos assume principalmente as formas comercial e de
de imóveis, criação de equipamentos culturais e re- consumo. A ocorrência de gentrificação está atrelada
forma de monumentos e calçadas, entre outras ações tanto às políticas urbanísticas de revitalização e patri-
realizadas a partir dos anos 1990. Segundo Veiga monialização de espaços históricos e simbólicos que
(2015), a Rua da Bahia continua exercendo papel de são promovidas pelo poder público, quanto aos in-
ligação do tráfego, com poucos espaços de lazer ao teresses e ações da iniciativa privada, posteriormente
nível da rua e com comércio popular e de serviços. envolvida no processo. Esses resultados reforçam o
A efervescência artística de seus museus, centros cul- que foi encontrado por outros estudos no Brasil e na
turais e de alguns estabelecimentos de gastronomia e América Latina, mas trazem algumas novidades.
lazer é reclusa das portas para dentro e dialoga cada A literatura sobre gentrificação em Belo Ho-
vez menos com as calçadas. rizonte abordou a sua dimensão residencial. Em uma
Em ambos os estudos, sobre as ruas dos Caetés e dissertação e uma tese, a utilização de dados secun-
da Bahia (MOREIRA, 2008; VEIGA 2015), as re- dários para análise da dinâmica residencial de bair-
vitalizações do centro de Belo Horizonte realizadas ros e abordagens qualitativas sobre mudanças na sua
pelo poder público municipal foram interpretadas composição social ao longo do tempo relacionaram
como ações que não promoveram a gentrificação. Es- entrada e saída de moradores e transformações no es-
ses resultados têm relação, em parte, com um cuida- toque imobiliário à gentrificação marginal e de nova
do do poder público nas suas intervenções, de forma construção. Essa última é uma novidade em relação
a evitar a gentrificação, mas também devido ao esco- a outros referenciais, ligados principalmente ao patri-
po pontual dessas mudanças, sem muita capacidade mônio cultural. Ao sugerir o acompanhamento dos
de expansão, até mesmo para os espaços adjacentes. desdobramentos dessas formas de gentrificação, esses
A pesquisa de Salles (2020) tratou da reinaugura- estudos reforçam o caráter gradual do fenômeno. Por
ção do Cine Brasil, um antigo cinema de rua trans- fim, vale ressaltar a diversidade de atores envolvidos,
formado em casa de shows e exposições, através da que vão desde o mercado imobiliário e as políticas
articulação entre atores públicos e privados. A partir urbanas, até moradores, consumidores e movimentos
de representações contemporâneas do público e de sociais.
usuários da região sobre o equipamento cultural e
o local onde está, no centro de Belo Horizonte, ela
analisou os efeitos da nova instituição no espaço pú- REFERÊNCIAS
blico. Os resultados indicaram a frequência noturna,
pontual e esporádica de um público mais elitizado AGUIAR, Tito Flávio Rodrigues. Vastos subúrbios
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Clarissa dos Santos Veloso é socióloga, professora Luciana Teixeira de Andrade é socióloga, professora do
substituta no Centro de Artes, Humanidades e Letras Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-
da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia graduação em Ciências Sociais da PUC Minas. Pesquisadora
(UFRB) e professora colaboradora do Programa de Pós- do CNPq, Observatório das Metrópoles, Fapemig e FIP da
graduação em Ciências Sociais da UFRB. Pesquisadora PUC Minas. lucianatandrade1@gmail.com
da Universidade de Bolonha e do Observatório das
66 Metrópoles.
nº 50 ▪ ano de 2022 ▪ e-metropolis
clarissaveloso25@gmail.com
13 | setembro

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