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Palavras-chave
pobreza, marginalidade, políticas públicas.
Histórico do Estudo
Este trabalho corresponde a um estudo longitudinal sobre pobreza e mobili-
dade social no Rio de Janeiro. Continuidade de um estudo realizado por mim
em 1968/69, a análise do estudo atual tenta, além de compreender os fatores
que restringem ou promovem a mobilidade social nas favelas cariocas, avaliar
também o impacto de políticas públicas sobre a pobreza urbana no Rio de Janeiro.
Em 1968, durante minha pesquisa de doutorado, morei e realizei pes-
quisa em favelas do Rio de Janeiro, entrevistando 750 residentes das comuni-
dades de Catacumba1 (uma favela na Zona Sul, que foi posteriormente re-
movida para conjuntos habitacionais distantes), Nova Brasília (uma favela na
área industrial da Zona Norte) e oito comunidades de baixa renda em Duque
de Caxias, um município periférico localizado na Baixada Fluminense. A minha
proposta. era reunir informações sobre as trajetórias de vida, estratégias de
sobrevivência, sistemas de crenças e comportamento dos moradores destes
locais. Este trabalho resultou no livro O mito da marginalidade: favelas e
política no Rio de Janeiro2, publicado em inglês e português, tendo recebido o
prêmio C. Wright Mills em 1976. O livro argumenta que os "mitos" existentes
sobre marginalidade social, cultural, política e econômica eram “empirica-
mente falsos, analiticamente enganosos e devastadores quanto às suas impli-
cações em políticas públicas direcionadas a favelas”. Conclui que os favelados
não eram “economicamente ou politicamente marginais, mas explorados e re-
primidos; não eram socialmente ou culturalmente marginais, mas estigmati-
zados e excluídos de um sistema social fechado”. A pesquisa serviu como
crítica aos estereótipos predominantes sobre migrantes e moradores de fave-
las que fomentaram as políticas de erradicação, desabonando pressuposições
como a de que favelados eram "elementos marginais" e representavam uma
ameaça à estabilidade política.
Em cada comunidade estudada foram escolhidos aleatoriamente e entre-
vistados 200 homens e mulheres, entre 16 e 65 anos, e mais 50 líderes
comunitários, escolhidos por suas posições ou reputação dentro da comuni-
dade. A Figura 1 aponta a localização das três comunidades e dos atuais con-
juntos habitacionais Quitungo, Guaporé e Cidade de Deus, para onde foram
deslocados os moradores de Catacumba.
1 A Favela de Catacumba foi erradicada em 1970, seus residentes foram em sua maioria transferidos para os conjuntos
habitacionais de Quitungo e Guaporé, localizados na Penha, e Cidade de Deus, em Jacarepaguá.
2
PERLMAN, Janice E. - O mito da marginalidade. RJ, Paz e Terra, 1981.
Fonte: Prourb – Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. www.fau.ufrj.br/prourb/index2.htm.
Fase I
A Fase I do estudo, conduzida entre Março de 1998 e Abril de 1999, foi reali-
zada para testar a possibilidade de relocalização dos participantes do estudo
original realizado em 1969. Esta primeira fase, financiada pelo Banco Mundial,
além de ter desenvolvido as bases metodológicas e conceituais para as fases
seguintes, forneceu novas informações sobre os entrevistados de 1969. A
primeira fase também envolveu a realização de 65 entrevistas abertas e em
profundidade nas comunidades originais, e a reorganização da base de dados
e da história de vida dos 750 entrevistados em 1968-1969. Já nessa primeira
fase, aproximadamente 200 participantes ou familiares foram identificados
como possíveis entrevistados de 1968.
Fase II
A Fase II do estudo, que começou em Junho de 2000, desenvolveu-se com a
aplicação de uma versão revisada do questionário de 1969 tanto aos entre-
vistados originais relocalizados quanto aos membros de suas famílias. Parale-
lamente à aplicação dos questionários foi efetuado um trabalho minucioso de
investigação e relocalização dos entrevistados originais (EOs)3. O trabalho de
relocalização é ininterrupto e atravessará todas as fases da pesquisa. Já foram
realizadas 271 entrevistas com os participantes originais (EOs), ou com seus
parentes (quando o EO é falecido), e 168 entrevistas com os seus filhos (EDs).
Os filhos dos entrevistados originais foram selecionados aleatoriamente a par-
tir de um grupo de 900 descendentes.
Fase III
A Fase III inclui o desenho de novas amostras aleatórias não só das comuni-
dades estudadas como também de outras três comunidades que tinham em
1968 o mesmo perfil das três comunidades aqui mencionadas. O objetivo des-
ta fase é fazer um estudo comparativo entre as comunidades de favelas do Rio
de Janeiro que foram alvo de políticas públicas diferentes ou até mesmo
opostas.
3 Com o objetivo de distinguir os entrevistados de 1969 dos atuais (filhos e outros descendentes) utilizadas as seguintes
codificações: EOs - entrevistados de 1969 que se encontram vivos. Entre aqueles que já faleceram, a história de vida foi
reconstruída por parentes; EDs – entrevistados descendentes, filhos ou netos dos entrevistados originais.
Fonte: Prourb – Programa de pós-graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de
Janeiro. www.fau.ufrj.br/prourb/index2.htm.
4
Informações oficiais da Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral do Estado da Guanabara (1973); Davidovich,
1997
III. Pop. de Favelas Mun. Pop. Rio a/b (%) % de cresc. % de cresc.
(a) (b) Pop. Favelas Pop.Rio
Fonte: IPLAN/Rio.
A Metamorfose da Marginalidade.
Na literatura sobre modernização, migrantes vindos do campo para a cidade
eram vistos como mal-adaptados à vida moderna na cidade, e assim respon-
sáveis por sua própria pobreza e fracasso em serem absorvidos pelos merca-
dos formais de trabalho e moradia5. Os assentamentos ilegais eram vistos
como "feridas cancerígenas no belo corpo da cidade", antros de crime, violên-
cia, prostituição e destruição social. Era amplamente pensado que os mora-
dores daquelas cabanas precárias eram eles mesmos precários, e que ao com-
pararem suas condições de vida com a opulência ao redor eles se tornariam
revolucionários raivosos. Esse era o pesadelo/medo da direita e o
sonho/esperança da esquerda. Era muito disseminada a idéia de que as fave-
las não eram parte da cidade "normal". Era o senso comum da maioria da
população, legitimada por cientistas sociais e usada para justificar políticas
públicas de remoção. Dessa forma a marginalidade era uma força material as-
sim como um conceito ideológico e uma descrição da realidade social6.
A partir dos anos 60 muitos escritores desafiaram essa "sabedoria"
acadêmica. Entre esses se incluem Alejandro Portes, Jose Nun, Anibal Quijano,
Manuel Castells, Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso7. Estudos
empíricos em cidades latino-americanas incluindo o Rio de Janeiro, Salvador,
São Paulo, Santiago, Buenos Aires, Lima, Bogotá, Cidade do México e Mon-
terrey serviram para refutar as proposições sobre marginalidade, e os es-
tereótipos equivocados ao redor da pobreza urbana8. Mangin e Morse escre-
5 A. Inkeles, “The Modernization of Man”, In M. Weiner, ed., Modernization: The Dynamics of Growth (New York: Basic
Books, 1966); D. Lerner, The Passing of Traditional Society (Glencoe, Ill. The Free Press, 1964); E. Hagen, On the Theory
of Social Change (Homewood, Ill: Dorsey Press, 1962); L. Pye, Aspects of Political Development (Boston, Mass: Little,
Brown and Co. 1966); D. McClelland, The Achievement Motive (New York: Appleton-Century-Crofts, 1953); and M. Millikan
and D. Blackmer, The Emerging Nations (Boston, Mass.: Little, Brown and Co., 1961).
6 Even Franz Fanon, em The Wretched of the Earth, fala sobre o camponês desarraigado circulando sem rumo pela cidade
como uma fonte natural de atividade revolucionaria.
7 A. Portes, “The Urban Slum in Chile: Types and Correlates”,Ekistics 202 (September 1972); A. Portes, “Rationality in the
Slum: An Essay in Interpretative Sociology,” Comparative Studies in Society and History 14, no. 3 (1972), 268-86; J. Nun,
“Superpoblación Relativa, Ejército Industral de Reserva y Masa Marginal,” Revista Latinoamericana de Sociología 69, no. 2
(1969); J. Nun, “Marginalidad y Otras Cuestiones,” Revista Latinoamericana de Ciencia Sociales (1972), 97-129; A.
Quijano, “Notas Sobre el Concepto da Marginalidad Social” (Santiago, Chile: CEPAL/ECLA (Economic Commission for Latin
America) Report, División de Asuntos Sociales, October 1966A. Quijano, “Dependencia, Cambio Social y Urbanización en
Latinoamerica,” (CEPAL/ECLA (Economic Commission for Latin America) Report, Social Affairs Division, 1967); A. Quijano,
“La Formación de un Universo Marginal en las Ciudades de America Latina,” in M. Castells, ed., Imperialismo y Urbanización
en America Latina (Barcelona: Gustavo Gili, 1973); M. Castells, “La Nueva Estructura de la Dependencia y los Procesos
Políticos de Cambio Social en America Latina,” paper presented to X Congreso Interamericano de Planificación, Panamá,
September 1974; M. Castells, “Clase, Estado y Marginalidad Urbana,” Estructura de Clase y Política Urbana en América
Latina (Buenos Aires: Ediciones SIAP, 1974); F. Fernandes, Sociedade de Classes e Subdesenvolvimento (Rio de Janeiro:
Zahar, 1968); and F. Cardoso, “The Brazilian Political Model,” paper preparado para o Workshop on Brazilian Development,
Yale University, April 1971.
8 Para conhecer estudos sobre o Rio de Janeiro, ver A. Leeds and E. Leeds, “Brazil and the Myth of Urban Rurality: Urban
Experience, Work, and Values in ‘Squatments’ of Rio de Janeiro and Lima”, paper apresentado na Conferência de St.
Thomas, Novembro de 1967. Para estudos sobre Salvador e São Paulo, ver M. Berlinck, “Relações de Classe Numa
Sociedade Neocapitalista Dependente: Marginalidade e Poder em São Paulo” (São Paulo: mimeografado). Para estudos
sobre Santiago, ver Castells, “Clase, Estado y Marginalidad Urbana”; CIDU Report by the team on population sutdies
(Equipo de Estudios Poblacionales). “Reindicación Urbana y Lucha Política: Los Campamentos de Pobladores in Santiago de
Chile”, EURE 2, no. 6 (November 1972); e F. Kuznetzoff, “Housing Policies or Housing Politics: An Evaluation of the Chilean
Experience” (Berkeley, Calif.: Department of City and Regional Planning, University of California, 1974). Para trabalhos
sobre Buenos Aires, ver M. Marculis, “Migración y Marginalidad en la Sociedad Argentina,” Série SIAP 10 (Buenos Aires:
Paidos, 1968). Para trabalhos sobre Lima, ver J. Turner, “Four Autonomous Settlements in Lima, Peru”, paper apresentado
no Colóquio Latino Americano, Departamento de Sociologia, Brandeis University, Maio 1967. Para trabalhos sobre Bogata,
ver R. Cardona, “Los Asentiamentos Espontaneos de Vivienda”, in R. Cordona, ed., Las Migraciones Internas (Bogotá,
Columbia: ACOFAME, 1973). Para trabalhos sobre a Cidade do México, ver H. Munoz Garcia, O. Oliveira, e C. Stein,
“Categorías de Migrantes y Nativos y Algunas de sus Características Socio-económicas” (mimeografado, México:
Universidad Nacional, February 1971); e S. Eckstein, The Poverty of Revolution: The State and the Urban Poor in Mexico
(Princeton, N.J.: Princeton University Press, 1977). Para trabalhos sobre Monterrey, ver Balan, Browning, e Jelin “A
computerized approach to the processing and analysis of life stories obtained in sample surveys”. Behavioral science, 14,
n.2, 1969, p.105-120
9 PERLMAN, Janice E. - O mito da marginalidade ... op. cit
10 W. Ryan, Blaming the Victim (New York: Pantheon Books, 1971).
11 Eram cobrados por mês pagamentos no valor de 25% das rendas familiares dos moradores. O custo do transporte para
sair ou chegar aos conjuntos era tão alto que geralmente apenas um membro da família conseguia bancar a viagem e
continuar trabalhando, o que resultou em uma grande queda na renda familiar. Famílias que se atrasavam muito nos
pagamentos eram levadas para centros de triagem, abrigos ainda mais distantes do centro da cidade, em um local
chamado, ironicamente, de Paciência.
12 Perlman, The Myth of Marginality, 242-62
13 SILVEIRA, Caio. "Contribuições para a Agenda Social". In: Agenda de Desenvolvimento Humano e Sustentável para o
Brasil do Século XXII. Brasília, Fórum XXI/PNUD, 2000.
urbana física das favelas como forma de integrar as favelas aos bairros vizi-
nhos. No entanto, é um projeto que não se direciona às questões de inserção
no mercado ou no Estado, ou em um modelo de desenvolvimento em termos gerais.
Ironicamente, no entanto, com exceção da década de 70, a palavra “mar-
ginal” na imprensa, na música popular e no vocabulário usual tem sido mais
comum agora do que em qualquer outra época, porém investida de novas
conotações. Ela agora vem sendo usada em referência a traficantes de drogas
e armas e bandidos. As manchetes diárias nos jornais gritam sobre a violência
entre bandidos ou marginais e a polícia. Cantores de rap e funk falam sobre
ser “marginal” como algo tipo bom/mau/difícil — quase como um orgulho ne-
gro, um chamado para a revolta. A classe média fala novamente sobre seu
medo da proximidade com as favelas e do som dos tiroteios quando policiais e
“gangues” bem armadas se confrontam.
Contudo, houve uma transformação positiva no uso do termo marginal.
Atualmente os moradores de favelas não são mais considerados marginais,
mas sim, as favelas são vistas como um território “controlado” por traficantes
que agora são definidos como “marginais”, a marginalidade ou “o movimento”.
Os moradores de favelas que tiveram seus espaços ocupados pelos trafi-
cantes de drogas (já que eram espaços desprotegidos e fáceis de se esconder)
agora são associados ao tráfico. Dentro da favela eles fazem a distinção, "nós
somos os trabalhadores e eles são o movimento". Porém, no Rio de Janeiro,
favelados são vistos tanto como reféns e vítimas de bandidos quanto como
seus cúmplices — e a mídia constantemente reforça isso. Ambos os es-
tereótipos estão na cobertura cotidiana feita pelo noticiário sobre favelados
sendo assassinados por policiais, expulsos de suas casas por traficantes (com
a cobertura policial), e queimando ônibus em protesto contra o assassinato
pela polícia de favelados supostamente ligados ao tráfico.
Nos últimos anos o conceito de marginalidade tem sido reinventado à luz
da persistência da pobreza nas cidades do Primeiro Mundo. Termos como
"classes baixas", "nova pobreza", "nova marginalidade" ou "marginalidade
avançada" têm sido usados para analisar populações excluídas em países de
capitalismo avançado, particularmente os "ghettos" negros nos Estados Unidos
e os estigmatizados bairros pobres (slums) da Europa. Wacquant aponta para
a contígua configuração de cor, classe e local no "ghetto" de Chicago, no
banlieue francês ou nas "inner cities" da Inglaterra e Holanda14.
Além dos efeitos da "marginalidade industrial" — na qual o desemprego
em massa leva a salários mais baixos, condições de trabalho deterioradas e
garantias de trabalho enfraquecidas (para aqueles que têm a sorte de ter um
emprego) — uma marginalidade "pós-industrial" tem surgido com característi-
cas bem distintas. Dessa maneira, trinta anos depois, nós estamos testemu-
nhando o ressurgimento do conceito de marginalidade relacionado a novos
constrangimentos, estigmas, separações territoriais, dependências - do Estado
de Bem-Estar - , e instituições dentro de "territórios urbanos banidos" com
14 L. Wacquant, “The Rise of Advanced Marginality: Notes on its Nature and Implications”, Acta Sociológica 39 (1996).
O Mundo do Medo
Novas favelas têm crescido entre luxuosos condomínios na Zona Oeste (Barra
da Tijuca) e o maior crescimento de assentamentos de baixa renda não é mais
em favelas, mas em loteamentos clandestinos, com desenvolvimento e comer-
cialização ilegais. Quando comparadas com 30 anos atrás, percebe-se que há
uma grande diferença na vida das favelas atualmente: é a penetrante atmos-
fera de medo. A sensação de insegurança é palpável. Existe uma nova vulne-
rabilidade física e psicológica. No fim dos anos 60 as pessoas estavam temero-
sas de serem removidas de suas casas e comunidades e realocadas a força
pelas autoridades da ditadura. Hoje em dia eles temem morrer nos tiroteios
entre policiais e traficantes ou entre gangues rivais.
Eles têm medo de morrer cada vez que colocam os pés fora de suas
casas, e, temem que suas crianças não voltem da escola vivas. Eles não se
sentem seguros nem mesmo dentro de casa. A qualquer momento a polícia
pode chutar a porta de suas casas com a falsa — ou real — alegação de que
procuram um traficante de drogas ou armas; ou ao contrário, que alguma
pessoa fugindo da polícia possa colocar uma arma em suas cabeças e insistir
em ser escondido, alimentado e abrigado até que seja “seguro” sair. A violên-
cia se tornou parte da vida cotidiana e é o maior motivo para as pessoas se
mudarem das comunidades em que vivem.
Nos anos 60 existiam bebidas e algum uso de drogas, em sua maioria
maconha, ainda não tão disseminado nem tão rentável. A cocaína mudou
tudo. Desde os anos 70, a cocaína começou a aparecer em massa nas favelas,
onde era dividida e empacotada para venda local. Primeiro os ricos da cidade,
depois a classe média e eventualmente as classes populares entraram no mer-
cado e a quantidade de dinheiro envolvido nas operações cresceu dramatica-
mente. Essa grande quantidade de dinheiro permitiu aos traficantes serem
muito mais organizados. Nos anos 60 algumas pessoas tinham armas; agora
eles estão bem armados com uzis vindas de Israel, AK47 vindas da Rússia e
M16 vindos dos Estados Unidos.
As formas como isso se reflete nas vidas dos moradores de favelas é
múltipla e perniciosa. As comunidades nas quais eles estão tentando levantar
15 Wacquant, “Urban Marginality in the Coming Millennium,” Urban Studies 36 (Setembro 1999).
16 Wacquant, “Three Pernicious Premises.”
1969 29%
Água 2001 96%
1969 60%
Esgoto 2001 95%
1969 48%
Luz 2001 96%
1969 37%
Casa de alvenaria 2001
97%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
de vida foi a aquisição de geladeiras — que cresceu de 58% para 96%. Isso
representou liberdade para a mulher de idas diárias as compras.
Figura 5. Consumo de aparelhos domésticos em 1969 e 2001
appliances compared with '69
1969 64%
TV
20 95%
1969 58%
Geladeira
20 96%
1969 25%
Som
20 79%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Para qualquer um que lembre dos níveis de vida nas favelas do Rio de
Janeiro há trinta anos atrás, ou é familiarizado com favelas nas cidades africa-
nas e moradores de rua nas cidades indianas, os favelados e ex-favelados do
Rio parecem viver em relativo luxo. Eles podem não ter poupança, mas seu
nível de consumo de bens na figura 6 acima é uma prova impressionante da
elevação dos seus padrões de vida. A realidade ainda é consideravelmente
mais complexa do que as percentagens apontam.
Figura 6. Bens de Consumo
Geladeira 96%
Televisão 98%
Liquidificador 89%
Som Stereo 79%
Telefone (fixo ou celular) 67%
Máquina de Lavar 48%
Vídeocassete 48%
Microondas 22%
Carro 14%
Computador 8%
localderesidência 88%
estiloderoupa 75%
localdenascimento 67%
moradordaZ.Norte 56%
sermulher 56%