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Universidade FUMEC

Programa de Graduação em Direito


PROJETO INTEGRADOR II

PESQUISA HISTÓRICA:
VILA PINDURA SAIA, VILA FUMEC E SANTA ISABEL.

Trabalho apresentado como requisito de avaliação


na matéria PROJETO INTEGRADOR II,
tendo como orientador o prof. Daniel Firmato.

PROFESSOR: Daniel Firmato de Almeida Glória


INTEGRANTES:
Ana Júlia Ferreira Roque- 6º período/ noturno
Arthur Neves- 6º período/ noturno
Isadora Fernandes Teixeira- 6º período/ noturno
João Victor Neves Freire Cabral- 6º período/ noturno
Rafael Estácio Santos- 6º período/ noturno
FAVELA NO BRASIL

As favelas no Brasil têm uma abordagem histórica que remonta ao final do século XIX e
início do século XX. O surgimento das favelas está intimamente relacionado com a exclusão
social das pessoas que foram libertadas da escravatura, bem como com a urbanização
desordenada, que resulta no aparecimento da macrocefalia urbana, comum em países
emergentes e subdesenvolvidos. O nome "favela" é oriundo de uma planta típica da Caatinga
brasileira e passou a ser utilizado para se referir aos conjuntos populares informais da década
de 1920.
A primeira favela do Brasil é conhecida como Morro da Favela, em homenagem a uma planta
da Caatinga de mesmo nome, e surgiu quando combatentes da Guerra de Canudos,
retornando ao Rio de Janeiro em 1897, ocuparam o que hoje é o Morro da Previdência.
Historicamente, o processo de favelização iniciou-se no fim do século XIX e tornou-se
expressivo no século XX, sendo marcado pelo êxodo rural, industrialização e urbanização.

Morro da Providência foi ocupado por combatentes e ex-escravos em 1897

(fonte G1)
O Morro da Providência, situado no bairro da Gamboa, na Zona Central da cidade do Rio de
Janeiro, é considerado a primeira favela do Brasil, surgida em 1897. Sua ocupação começou
quando cerca de 10 mil soldados que participaram da Guerra de Canudos, no interior da
Bahia, desembarcaram no Rio de Janeiro em busca de moradia. Sem casas, conseguimos
construir barracos no morro da Providência. O nome "favela" foi dado em referência a uma
planta rasteira comum na região de Canudos. A favela da Providência é testemunha de
memórias e lutas, carregando um grande histórico-cultural como berço do samba carioca.
Desde a fundação até os dias de hoje, o Morro da Providência tem sido palco de muitas
transformações e lutas sociais, que ajudaram a moldar a cultura e a identidade carioca. Além
disso, a favela abrigou ex-escravos e ganhou visibilidade cultural com o lançamento de
músicas e filmes. Ao longo do século XX, a comunidade se transformou em uma das mais
perigosas da cidade, mas ainda assim é um local histórico e emblemático do Rio de Janeiro.
As favelas marcam o processo de desigualdade social na paisagem urbana, sendo fruto direto
da concentração de renda em países como o Brasil, o processo de favelização tem como
causas condicionantes econômicas e sociais, que muitas vezes são acentuados por questões
históricas e políticas, como a desigualdade, desemprego entre outros fatores, em resumo, a
abordagem histórica das favelas no Brasil está intrinsecamente ligada à exclusão social,
urbanização desordenada, êxodo rural, industrialização, desigualdade social e concentração
de renda.

Retrato da desigualdade social:

(fonte: https://jornalistaslivres.org/a-cmp-e-a-umm-lancam-manifesto-das-favelas-sobre-o-novo-
coronavirus)

A partir da década de 1960, a urbanização brasileira passou por transformações que


impactaram as favelas. Com a mudança da capital nacional para Brasília, houve um
redirecionamento do foco político e econômico, afetando a dinâmica das favelas no Rio de
Janeiro e em outras regiões do país, além disso, a industrialização brasileira desempenhou um
papel crucial na formação e expansão das favelas, especialmente a partir da década de 1930,
com o governo de Getúlio Vargas, e posteriormente nas décadas de 1950 e 1960, durante o
governo de Juscelino Kubitschek. A industrialização e a urbanização desordenada
desenvolvida para o crescimento vertiginoso das favelas, refletindo o intenso processo de
urbanização no Brasil. A formação das primeiras favelas no Brasil está diretamente ligada ao
passado escravocrata do país, à abolição dos escravos e ao desenvolvimento das indústrias,
eventos que desencadearam a favelização no Brasil. Portanto, uma abordagem histórica das
favelas no Brasil revela uma interconexão complexa entre processos econômicos, políticos e
sociais que moldaram a paisagem urbana e a vida das comunidades faveladas ao longo do
tempo.

Primeira favela do Brasil, localizada no Rio de Janeiro:

(fonte: G1)

Primeira casa construída no Morro da Providência

(fonte: G1)
As primeiras casas da Providência começaram a ser construídas na parte baixa do morro, com
o mesmo formato das casas existentes em Canudos. Atualmente, nenhuma dessas residências
existe mais, pois essa parte do morro começou a ser explorada para a extração de pedras para
as obras da região central da cidade.

“Aquela era a única favela autofágica do mundo, pois consumia o próprio morro onde
estava. Os moradores trabalhavam na pedreira que destruía o morro onde eles moravam”,
afirma o historiador, lembrando que a pedreira foi explorada durante décadas até que, em
1968, uma explosão inesperada soterrou 36 pessoas. Os corpos dessas vítimas nunca foram
localizados", conta o historiador.

Atualmente a população brasileira que mora em favelas é de 17 milhões de pessoas, a maioria


delas vivendo nas principais regiões metropolitanas do país, com destaque para Rio de Janeiro e
São Paulo, ambas são, respectivamente, as cidades com a maior população absoluta vivendo em
favelas, em termos de população relativa, há maior concentração na região Norte e na região
Nordeste, como na cidade de Belém, capital paraense. Quando se leva em consideração a
composição populacional das favelas brasileiras, o Observatório das Favelas aponta que a
maior parte dos moradores é indígena e negra (que compreende pardos e pretos).
Considerando todo o território nacional, existem no país hoje 13.151 favelas, nas quais estão
contidos mais de cinco milhões de domicílios, distribuídas em um total de 743 municípios, de
acordo com o IBGE. As cinco maiores favelas brasileiras, de acordo com o total de domicílios,
e a sua respectiva localização, estão listadas abaixo. Os dados são do IBGE.

• Rocinha (Rio de Janeiro), com 25.742 domicílios


• Sol Nascente (Distrito Federal), com 25.441 domicílios
• Rio das Pedras (Rio de Janeiro), com 22.509 domicílios
• Paraisópolis (São Paulo), com 19.262 domicílios.

O QUE É FAVELA
• Favelas são um tipo de conjunto habitacional popular presente nas cidades e
constituído de maneira informal.
• São caracterizadas pela elevada concentração populacional, constituídas de casas feitas
com base na autoconstrução, com predominância de população de baixa renda e
empregos informais.
• O nome favela é oriundo de uma planta típica da Caatinga brasileira, e passou a ser
utilizado para se referir aos conjuntos populares informais a partir da década de 1920.
• Chama-se favelização o processo de surgimento e expansão das favelas. Elas surgem
da urbanização desordenada, que resulta no fenômeno da macrocefalia urbana, comum
nos países emergentes e subdesenvolvidos.
• São a expressão da desigualdade socioeconômica no espaço urbano.
• Mais de 17 milhões de pessoas vivem em favelas no Brasil. A maior delas é a Rocinha,
no Rio de Janeiro.

SECRETARIA NACIONAL DE HABITAÇÃO


A Secretaria Nacional de Habitação (SNH) é responsável por acompanhar e avaliar, além de
formular e propor, os instrumentos para a implementação da Política Nacional de Habitação,
em articulação com as demais políticas públicas e instituições voltadas ao desenvolvimento
urbano, com o objetivo de promover a universalização do acesso à moradia. Nesse sentido a
SNH desenvolve e coordena ações que incluem desde o apoio técnico aos entes federados e
aos setores produtivos até a promoção de mecanismos de participação e controle social nos
programas habitacionais. Cabe ainda à Secretaria Nacional de Habitação coordenar e apoiar
as atividades referentes à área de habitação no Conselho das Cidades.

COMPANHIA URBANIZADORA E DE HABITAÇÃO DE BELO


HORIZONTE (URBEL)

Em Belo Horizonte a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) é


uma empresa de economia mista, criada em 1983, responsável pela implementação da
Política Municipal de Habitação Popular. A PMH é executada a partir de um amplo conjunto
de ações e programas que têm como objetivo melhorar o padrão de vida dos moradores das
áreas de interesse social e reduzir o déficit qualitativo e quantitativo do Município. Um
trabalho que, desde 1983, vem sendo construído coletivamente, com a participação dos
movimentos de luta pela moradia, gestores, técnicos e especialistas em habitação que
discutem e formulam conjuntamente, por meio do Conselho Municipal de Habitação - CMH,
as diretrizes de política habitacional considerando as necessidades da população carente de
Belo Horizonte.

Vila Pindura Saia


O nome Pindura Saia, vem das lavadoras que usavam da água do reservatorio
local para lavarem roupas, e depois, pendurá-las. Localizada onde fica o atual bairro
Cruzeiro, região centro-sul de BH, na década de 1920 moradores se apropriaram do local
para construir suas moradias. O aglomerado era habitado por operários, lavadeiras e
outros individuas de classe baixa. Com o passar dos anos, a prefeitura decidiu criar
novas ruas e construir prédios no local. Para isso, foi decretada a extinção da Vila
Pindura Saia, os moradores foram contra, mas foram indenizados para saírem de lá.
Contudo, cerca de 10% dos habitantes da vila não quiseram abandonar suas casas e
continuam lá até hoje. A localização e a forma da moradia proporcionam o
funcionamento de um mercado popular de aluguéis e de alimentação. Tanto os
moradores da Vila se beneficiam com a renda gerada, como toda a estrutura comercial e
de serviços do entorno, incluindo os serviços de educação prestados pela Universidade
FUMEC. Estudantes provenientes do interior do Estado podem pagar a universidade
FUMEC porque pagam barato pelo aluguel e pela comida, estendendo assim a
positividade existente também no mercado popular proporcionado pela presença das
Vilas Fumec e Pindura Saia.

Em agosto de 2019, a vila Pindura Saia foi classificada como ZEIS-1 (Zona de Especial
Interesse Social) pelo Novo Plano Diretor de Belo Horizonte. Significa que é entendida e
visualizada pela prefeitura como uma área de baixa renda e ocupação desordenada, na
qual existe interesse em urbanizar, promover programas habitacionais e ações de
regularização fundiária.

Favela Pindura Saia - 1965

(Fonte: Fonte: Livro "A História dos Bairros de Belo Horizonte" - PBH)
O Aglomerado já foi inspiração para a criação de uma obra literária intitulada “Becos e
Memorias” da escritora Conceição Evaristo, que conta um pouco das memorias de infância
vividas naquele local.
Ela reitera que "Becos da Memória" é uma obra de ficção que focaliza a rotina de uma favela
e seus habitantes a partir do ponto de vista de uma menina.
"Escrevi a partir de situações que vivi e observei enquanto morava no Pindura Saia. Usei
daquela realidade para construir um romance. Apesar de trazer situações que testemunhei
de fato, não é um livro autobiográfico, apenas utilizo de determinados fatos e da experiência
de menina criada em favela",
"Tem imagens bem interessantes que incluí no livro, relativas à vida cultural. Foi no
Pindura Saia, por exemplo, que conheci a congada, através dos grupos que lá existiam. Tem
toda aquela imagem da alegria, da vida comunitária, mas também tem a imagem da pobreza,
que não dá para esquecer. Ao mesmo tempo, tinham as festas juninas, as festas da Senhora
do Rosário, os campeonatos de futebol amador, as brincadeiras de criança. Isso mudou
muito ao longo dos últimos 30 anos", avalia.
Conceição que está se aposentado como professora no Rio de Janeiro, onde lecionou na
comunidade do Morro do São Carlos, finaliza dizendo...
"É uma outra realidade em relação à que vivi. As populações empobrecidas cada vez
mais perdem a condição de viver dignamente nas grandes cidades", lamenta.

VILA SANTA ISABEL


A Vila Santa Isabel é uma favela de dimensão e população reduzida. Localiza-se, há
cerca de 80 anos, no “Alto” da Avenida Afonso Pena, região de elevado valor comercial e
simbólico da capital mineira, em meio a bairros de classe média e alta. Três décadas separam
a inauguração de cidade de Belo Horizonte do surgimento da Vila Santa Isabel. A origem da
maioria dos moradores entrevistados na Vila guarda a descendência dos primeiros moradores
da Favela Pindura Saia.
A vida cotidiana em meio à centralidade de maior pujança da metrópole é pacata,
“tranquila”. “Os vizinhos são bons, ninguém incomoda”, segundo os próprios moradores. Os
conflitos existem, Lícia Valladares (2005) já atentou para o “mito da comunidade coesa”.
Mas, “não há tiroteio, nem confusão tem”, dizem os moradores. “Perto de outras favelas aqui
é o céu”, disse moradora 69 anos. A violência atribuída ao território da favela não se verifica
ali e esta é uma diferença importante.
O que os moradores da Vila mais gostam é da vizinhança, seguida da localização. A
vizinhança e a estrutura familiar são determinantes para o aproveitamento da estrutura de
oportunidades oferecida pela localização. Nas proximidades da Vila os moradores estudam,
trabalham, consomem, passeiam, enfim, tecem a trama social que dá vida à cidade.

Vila Fumec

A vila Fumec está situada no bairro Cruzeiro, próximo à Universidade FUMEC, que deu
origem ao nome do local. um ponto de referência em Belo Horizonte. Inicialmente, havia
poucas coisas na região e a transformação da vila, de como era antigamente para o que é hoje,
foi muito rápida, segundo relato da moradores do local, no início da ocupação da Vila Fumec
não existiam prédios, apenas um pequeno campo, e que era necessário percorrer grandes
distancias para buscar água na bica, isso que na época em que Belo Horizonte ainda tinha
bondinhos como forma de transporte.
Os moradores relataram que a segurança da Vila Fumec, é uma das coisas que mais agrada os
moradores do local, que declararam não ter notícias de assalto as residências da comunidade, e
que a universidade ao lado da vila é um ponto positivo. Um dos pontos ruins que são citados é
o espaço reduzido, as casas são pequenas e muitas vezes isso pode ser um problema paras as
famílias e a falta de documentação dos imóveis, que gera uma insegurança dos moradores em
não saber se terão que sair de repente do local algum dia. De acordo com o senso de 2010 a
Vila Fumec possuia 72 Habitantes, dentre eles 33 são homens e 39 são do sexo feminino, sendo
composta de 54,17% de mulheres e 45,83% de homens.
Vila Fumec

Faixa etária da população de Vila Fumec - Belo Horizonte:

A tabela abaixo demonstra a faixa etária, agrupando em grupos de 0 a 4 anos, 0 a 14 anos, 15 a


64 anos e mais de 65 anos.
Referencias:
CÂMARA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE. Lei nº 11.181 de 8 de Agosto de 2019.
Aprova o Plano Diretor do Município de Belo Horizonte e dá outras providências. Acesso em
20 de Novembro de 2023.

PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. SECRETÁRIA MUNICIPAL DE POLÍTICA


URBANA. OCUPAÇÃO DO SOLO: E-book Plano Diretor de BH Entenda os principais
pontos. Acesso em 20 de novembro de 2023.

INSTITUTO NOSSA BH: Mapa das desigualdades 2021- Belo Horizonte e Região
Metropolitana de Belo Horizonte (14 Municípios). Acesso em 21 de novembro de 2023.

Disponível em: https://populacao.net.br/populacao-vila-fumec_belo-horizonte_mg.html.


Acessado em: 22/11/2023.

Disponível em: https://perspectivasbairrocruzeiro.wordpress.com/2017/11/22/vila-fumec/.


Acessado em: 22/11/2023.

Disponível em: https://www.otempo.com.br/entretenimento/magazine/lembrancas-do-morro-


do-pindura-saia-1.323964. Acessado em: 22/11/2023.

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