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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

LUCAS MEDEIROS MENDES DA SILVA

RELATÓRIO FINAL

(Período no qual esteve vinculado ao Programa 08/2020 a 10/2021)

PROGRAMA DE IC: PIBIC/ FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA:

FORMAS DE HABITAR DA POPULAÇÃO NEGRA NO BRASIL

Relatório apresentado à Superintendência de Inclusão,


Políticas Afirmativas e Diversidade - SIPAD da
Universidade Federal do Paraná como requisito parcial da
conclusão das atividades de Iniciação Científica ou
Iniciação em desenvolvimento tecnológico e Inovação -
Edital 2020

Orientador (a): Prof.(a). Juliana H. Suzuki

Título do Projeto: Núcleo de pesquisas de relações


raciais, ciência e tecnologia da UFPR

CURITIBA

2021
RESUMO

Esse trabalho analisa as formas de morar da população negra no Brasil e no


continente africano, estudando os contextos históricos e fatores que contribuíram para
a produção dos espaços de moradia, até os dias atuais. A pesquisa apresenta as
formas de ocupação dos espaços urbanos pela comunidade negra e suas razões,
além de apresentar movimentos e personagens atuantes na renovação da identidade
da arquitetura africana. O trabalho tem como objetivo estudar novas técnicas e
possibilidades de utilização para materiais tradicionalmente empregados pela
população negra na produção de sua arquitetura. A metodologia consiste em revisão
de literatura sobre o tema e em entrevistas com profissionais atuantes nesse campo
de investigação.

DESENVOLVIMENTO

A habitação popular no Brasil tem um rosto, um perfil. Quando se fala em casa


brasileira, quando se cria uma imagem desse objeto, automaticamente se materializa
uma habitação inacabada, que vive a eterna esperança de ser finalizada. Construir
uma casa custa caro, e num país subdesenvolvido, no qual o básico pode não ser tão
acessível como deveria, finalizar uma casa, ou seja, investir tempo (uma vez que a
mão-de-obra de um construtor pode não ser devidamente profissionalizada) e
dinheiro (que nessas condições é escasso) em coisas que não são elementos tão
importantes para habitar um espaço suficientemente confortável pode não ser tão
simples. Essas casas compõem, muitas vezes, o conjunto ao que se denomina favela,
cuja imagem, do senso comum, remete a um espaço urbano não claramente
organizado e não planejado, tal como seus próprios edifícios.

Entretanto, assim como tratar a África como um único lugar é uma mentalidade
empobrecedora e limitadora, ignorar as diferenças entre lugares, cidades e estados
no Brasil, também o é. O rosto da arquitetura popular brasileira muda de região para
região, uma vez que em um país verticalmente extenso como o Brasil, fatores físicos
e bioclimáticos podem ser tão diferentes quanto suas peculiaridades culturais,
econômicas, etc. Esses fatores fazem com que uma casa de periferia na Região
Norte, em uma grande cidade como Manaus, por exemplo, seja composta por
barracos de madeira em palafitas, e outra na região Sudeste tenha uma materialidade
basicamente de blocos cerâmicos e concreto armado, materiais com características
totalmente diferentes. Em ambos os casos, uma coisa é certa: a população será
majoritariamente negra 1.

A ideia de favela surgiu no Rio de Janeiro no final do século XIX, e antecede


as reformas do ex-prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos 2, que alargaram as
avenidas do centro, na tentativa de modernizar a então capital do Brasil através dos
métodos urbanísticos aplicados pelo prefeito de Paris, George Eugène Haussmann 3,
na reforma iniciada em 1860. As favelas surgiram, então, como consequência indireta
da modernização conservadora trazida pelas elites econômicas do Rio de Janeiro no
início do século XX (PINHEIRO, 2011) 4. O almejo dessas elites cariocas pela
europeização do modo de vida e da cidade e a ânsia por deixar para trás a imagem
de colônia, foram os elementos necessários para a expulsão dos pobres, em sua
maioria ex-escravos, do centro da cidade. A proibição dos cortiços está ligada
diretamente ao surgimento das favelas no Brasil, “pois criava uma barreira legal para
a construção de moradias populares, excluindo grande parte da população à
autoconstrução da favela” (LING, 2013, apud SILVA, 2019) 5. Em um dos espaços que
resistiram a todos estes processos, na zona portuária da cidade, próxima do Cais do
Valongo 6, vivia o intenso bairro Pequena África, conhecido assim pela grande
quantidade de pretos que moravam ali e também por ser um dos berços do samba
brasileiro 7.

1
Segundo relata a pesquisadora Rita Izsák, relatora especial das Organizações das Nações Unidas
sobre questões de minorias, 70,8% de todos os 16,2 milhões de brasileiros que vivem atualmente em
situação de extrema pobreza são negros.
2
O engenheiro e político brasileiro, Francisco Pereira Passos, foi prefeito do então Distrito Federal
entre 1902 a 1906, e foi marcado pela grande reforma urbana na capital brasileira, baseada nos moldes
parisienses, iniciada no ano de 1903. A reforma ficou conhecida como “o bota-abaixo”.
3
Georges-Eugène Haussmann, também conhecido como Barão Haussmann, (1809-1891), foi o
prefeito do distrito de Sena entre 1853 a 1870, sendo responsável pela transformação de Paris na
cidade que conhecemos hoje, com suas grandes reformas na malha urbana parisiense que inspiraram
e influenciaram o urbanismo moderno.
4
PINHEIRO, Diógenes. A Cidade-Espetáculo e as Favelas Visibilidade e Invisibilidade Social.
Revista Contexto & Educação, v. 26, n. 85, p. 95.
5
DA SILVA, Lucas M. M. A população negra africana e a diáspora na arquitetura:
influências e inter-relações afro-brasileiras na arquitetura. Curitiba: UFPR. NUPRA. 2020. p-22.
6
LUCENA, Felipe. História do Cais do Valongo - Diário do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Dez 2019.
Disponível em: <https://diariodorio.com/historia-do-cais-do-valongo-2/>. Acesso em: 8 Jun. 2021.
7
O Nascimento do Samba. Rio de Janeiro, Podcast História Preta, Fev. 2019.
A série de fatos citados, somados a quase nenhuma mudança nas relações
dos grupos dominantes para com os mais pobres (e consequentemente pretos), após
a Proclamação da República, em 1889, resultaram no caos social e de habitação,
como cita o antropólogo Darcy Ribeiro:

Grande parte desses negros dirigiu-se às cidades, onde encontrava um


ambiente de convivência social menos hostil. Constituíram, originalmente, os
chamados bairros africanos, que deram lugar às favelas. Desde então, elas vêm se
multiplicando, como a solução que o pobre encontra para morar e sobreviver.
Sempre debaixo da permanente ameaça de serem erradicados, expulsos (RIBEIRO,
1995, p. 222, apud PINHEIRO, 2011).

De uma forma romântica, pode-se enxergar as favelas como quilombos


urbanos, mas ambos enfrentam suas diferenças históricas. No Brasil, os quilombos
surgiram como espaços de refúgio para negros que fugiam de seus senhores,
buscando um lugar para se protegerem de jagunços e outros perigos possíveis. A
necessidade de sobreviver fora da condição de escravidão fez com que povos de
origens étnicas diferentes se juntassem no que Weimer (2014) chama de “nova
unidade africana”, e após as memórias étnicas se apagarem do histórico das novas
gerações, a noção de “ser negro” as substituiu como se formasse uma nova etnia de
negros brasileiros unidos para sobreviverem.

Já as favelas surgiram como uma última opção em busca de um lugar para


viver, e são a soma de dois fatores históricos que foram primordiais para que as
primeiras ocupações na região do Morro da Favela acontecessem: a destruição de
cortiços nas regiões centrais do Rio de Janeiro, no começo do século XX; e por conta
dos numerosos soldados que chegavam à cidade, vitoriosos da Guerra de Canudos,
em 1897.

Os casarões que já não se mantinham sem o trabalho escravo passaram a ser


casas de cômodos e deram origem aos cortiços. Os cortiços eram os espaços que
sobraram para abrigar os milhares de ex-escravos que se encontravam “livres”,
porém, abandonados à própria sorte. Segundo Moura (2006) 8, após a abolição “não
lhes foram oferecidas condições materiais para que criassem condições de
reorganizar suas vidas, nem mesmo tiveram a garantia de elementos básicos à
sobrevivência, como alimentação, moradia, saúde etc.”. Ademais, foi por volta desse
período histórico que ocorreu o auge de uma crise sanitária no Rio de Janeiro. Tal
crise foi atenuada através de medidas adotadas na reforma de Pereira Passos, entre
1903 e 1906, dotadas de um caráter sanitarista que também desabrigou uma imensa
quantidade de pobres, que foram expulsos dos cortiços centrais. Com a destruição e
expulsão das famílias pobres que ocupavam os cortiços no centro do Rio de Janeiro
- em especial o cortiço “Cabeça de Porco”9, a mando do então prefeito Cândido Barata
Ribeiro, em 1893 -, a única opção seria migrar para os pés dos morros.

Tudo isso, somado ao pós Guerra dos Canudos (onde milhares de soldados
negros e mestiços e suas famílias foram ludibriados pelo governo republicano com a
sonhada promessa de moradia, caso voltassem vitoriosos da guerra - promessa que
obviamente não se cumpriu) e a uma série de políticas higienistas, deu início à
primeira favela do Brasil, o Morro da Favela 10, hoje conhecido como Morro da
Providência.

8
MOURA. Alessandro de. Quilombolas e favelas: negação e reafirmação das condições da
população negra no Brasil. Marília. Unesp, 2006
9 “Era um cortiço monumental [...]. O local exato onde ele ficava é onde existe hoje o Túnel João

Ricardo, ao lado da Central do Brasil (TEIXEIRA, Milton. Entrevista ao G1, 2015)”. CARVALHO,
Janaína. Conheça a história da 1ª favela do Rio, criada há quase 120 anos. G1 Rio, Rio de Janeiro,
jan. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/rio-450-anos/noticia/2015/01/conheca-
historia-da-1-favela-do-rio-criada-ha-quase-120-anos.html>. Acesso em: 9 Jun. 2021.
10 O nome se deu pela grande quantidade do arbusto rasteiro da família das euforbiáceas, da espécie

Cnidoscolus quercifolius, chamado popularmente de favela.


Figura 1 - As primeiras casas do Morro da Favela, 1905

Fonte: Renascença

As primeiras casas foram feitas com partes de madeiras e entulhos apanhados,


com a permissão de Barata, dos destroços do Cabeça de Porco (MONTEIRO, 2004,
apud COELHO, 2014). No começo, as casas ficavam nos pés do morro, na parte
baixa. Mas segundo Teixeira (2015), a região era de interesse do Estado, pois
comportava uma pedreira, e começou a ser explorada através da extração de pedras
para as obras realizadas na região central da cidade 11.

A BUSCA POR UMA IMAGEM DE CIVILIDADE ATRAVÉS DA CONSTRUÇÃO

11As explorações continuaram até 1968, quando um acidente soterrou 36 pessoas que nunca foram
encontradas. (TEIXEIRA, Milton. Entrevista ao G1, 2015). Idem, Ibidem.
Percebe-se um movimento similar na formação do imaginário da população
brasileira, que também acontece no continente africano, principalmente em cidades
marcadas pela colonização. A busca pela boa arquitetura lá toma como referência
aquilo que se produz no Ocidente, mais especificamente nos EUA e na Europa. As
vias largas de asfalto, arranha-céus recobertos por vidros, janelas pequenas
centralizadas, e a busca abusiva por materiais industriais como ferro, concreto, aço,
etc. são os elementos almejados na construção civil de países subdesenvolvidos, pois
o uso desses simboliza o progresso. Ou seja, a produção de arquitetura e engenharia
de qualidade e considerada avançada deriva do emprego desses materiais. Muitas
vezes, esses materiais não são acessíveis logisticamente; necessitam mão-de-obra
qualificada para o manuseio, bem como de um projeto estrutural minimamente
complexo; ou até são inadequados para as condições climáticas locais.

Como relata o pesquisador Jon Sojkowski (2015) ao Archdaily 12, construir é


não somente resolver necessidades referentes à moradia, mas também uma relação
de status social. Quando se pensa em uma cabana de barro, a imagem de uma
estrutura de barro e palha dilapidada vem à mente. Para Sojkowski (2015), o fato é
que as pessoas constroem de acordo com suas economias, ou seja, só podem
construir o que podem pagar. No Malauí, assim como em grande parte dos países
africanos, as casas dos mais pobres são compostas por vedação de adobe ou outra
técnica que utiliza barro em sua composição. Porém, há uma busca pelo uso do tijolo
queimado nas construções, pois são consideradas modernas e, portanto, desejáveis.
Casas com estruturas de barro como taipa, feitas com tijolos de barro compactados e
secos ao sol ou pau-a-pique, são rebocadas para fornecer proteção ao material.
Entretanto, casas feitas por tijolos queimados são deixadas à mostra na intenção de
expor à comunidade que o edifício foi construído com este material, o que simboliza
status social. Estes tijolos são muito mais caros que o barro - que é abundante na
região -, e mesmo que sua produção tenha um impacto ambiental muito mais
violento 13, ainda assim são desejados. Uma das justificativas sobre o uso dos tijolos

12SOJKOWSKI, Jon. Why I Created a Database to Document African Vernacular Architecture?.


Archdaily, 2015. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/768450/por-que-criei-um-banco-de-
dados-para-documentacao-da-arquitetura-vernacular-africana>. Acesso em: 27 Jul. 2021.
13 Para a queima é necessário o uso de fornos que atinjam altas temperaturas e como material de

queima usa-se madeira, o que tem gerado grandes desmatamentos no país.


queimados é sua durabilidade, mas ainda assim, os tijolos secos ao sol duram cerca
de 20 anos sendo muito menos nocivos à natureza 14.

A mesma lógica se aplica ao uso das telhas de metal. Telhados feitos de palha
são muito equilibrados termicamente, e se realizados de forma correta (cerca de 30
centímetros de espessura) podem durar cerca de 50 anos sem grandes manutenções,
além de serem impermeáveis (como exemplo, há o uso de sapé como telhado por
diversos povos europeus, que além de suportar a neve, ainda mantém o ambiente
interno termicamente confortável). Porém, boa parte das pessoas que não moram em
grandes cidades não conseguem comprar a quantidade ideal de palha para construir
o telhado nas medidas necessárias, o que gera telhados mais finos e frágeis, que
necessitam de manutenção mais frequente. Essa insegurança cria o desejo por telhas
metálicas, que de fato têm uma manutenção muito menor e diminuem o risco de
incêndio, mas suas vantagens se limitam a isso, até porque as folhas metálicas que
compõem esses telhados são finas.

Figura 2 - Parede não rebocada para mostrar que foram usados tijolos queimados na casa, Malauí.

Fonte: Jon Sojkowski

14 SOJKOWSKI, op. cit.


Em entrevista a Jean Nkaya Kashala (2021), o arquiteto congolês relata que
durante o verão, quando há altas temperaturas, é possível escutar as telhas metálicas
dilatando por conta do calor recebido que é transmitido para o ambiente interno,
gerando grande desconforto térmico. Além disso, como o clima é predominantemente
equatorial, as telhas não reagem bem à umidade alta e enferrujam, o que influencia,
visualmente, a paisagem das regiões periféricas e rurais.

Quando perguntado sobre o porquê dessas práticas se tornarem e seguirem


sendo tão populares, mesmo com tantos problemas causados por esses materiais,
Kashala explicou que existe uma lógica sobre status social e a construção de
civilidade no imaginário da população congolesa, que provém da herança social
colonial e pós-colonial; na qual o modo de viver dos brancos representava o padrão
a ser atingido para ser considerado de "negro da classe civilizada". Segundo ele:
“Quando o patrão branco europeu veste terno e o empregado negro africano não, o
que se entende é que para alcançar aquela posição de poder, deixar a bata de lado
e vestir o terno é parte importante do processo; pois além de ser como a imagem do
‘homem poderoso’ é representada, também é o que se é ensinado para se sentir
aceito como tal, socialmente. Essa mesma lógica se aplica na forma de habitar, pois
o objetivo é morar como o branco mora, se [se] quiser alcançar o que o branco tem.
Tais práticas viraram costumes depois de décadas e gerações; copiar o ‘estilo’ e os
‘materiais’ das residências da ‘classe alta/privilegiada’ virou o padrão social de uma
‘boa arquitetura/engenharia’, ao ponto de erradicar o uso dos materiais tradicionais
locais em mais de 90% do território urbanizado. Ao em vez de usar materiais de
construção e técnicas construtivas tradicionais de maneira a desenvolvê-los
(tecnologicamente e esteticamente) para atender nossas necessidades de conforto,
optamos por ‘materiais modernos’ por mera estética, sem nem sequer usá-los
adequadamente (informação verbal) 15.”

15 Informação fornecida pelo arquiteto XX em Jean Nkaya Kashala em 13/06/2021.


Figura 3 - Vila de Bitobolo, região rural ao oeste da RDC, 2020

Fonte: Kudra Abdulaziz

No Brasil, a influência europeia na forma de construir, na estética e na forma


de morar é grande (facilmente percebida nos centros históricos das cidades
centenárias brasileiras). Apesar do intercâmbio cultural, forçado ou não, ainda assim
a referência de civilidade é o que se produz no Ocidente, mais especificamente nos
países europeus e nos Estados Unidos - principalmente durante a Belle Époque
brasileira 16, onde se buscava privilegiar a arquitetura europeia, em especial a
francesa, e apagar os traços não civilizados de um Brasil cheio de negros e mulatos,
como já citado anteriormente. A consequência de todos esses anos de negligência
do “não branco” para a estruturação do caráter social brasileiro indica que a maneira
de analisar influências negras na forma de habitar do povo negro brasileiro talvez seja
percebida mais nitidamente através do estudo da memória urbana e social, e nem
sempre nos ornamentos das fachadas das edificações. E, por isso, quando se

16 Entre 1870 e fevereiro de 1922.


discutem temas como o da moradia popular, discute-se também a negritude, pois um
conceito está visceralmente ligado ao outro.

Até onde se sabe, os estudos acadêmicos sobre arquitetura popular no Brasil


são historicamente recentes, estimando-se, de forma imprecisa, o ano de 1937,
quando o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) publicou o
estudo de Gilberto Freyre, Mucambos do Nordeste, que, segundo Weimer (2014)17 é
contraditório desde o título, uma vez que induz a entender que se trata de um retrato
de todo o Nordeste, mesmo sendo apenas da periferia de Recife, e insiste em teses
baseadas, não se sabe em que, de que os mocambos teriam "avós europeus” (o que
se sabe que não é verdade 18, apesar de ter sofrido influências por aqui, como, por
exemplo nas janelas), ainda que sejam construções típicas do noroeste de Angola, -
aliás, mocambo vem do quimbundo e significa casa de cumeeira, como já tratado em
estudos anteriores 19 - em suas formas, técnicas construtivas, materiais empregados,
divisão espacial interna, modo de utilização 20. Sendo assim, investigar em detalhes o
processo de mudanças das técnicas africanas influentes na arquitetura popular
brasileira é algo difícil de se rastrear, principalmente na forma de morar dos negros
brasileiros atualmente.

Nos morros e periferias brasileiras hoje, cada vez mais distantes dos centros
econômicos, as favelas se moldam de uma forma um pouco diferente das periferias
africanas, como exemplificou Kashala, e se faz nítido o abandono de materiais como
a madeira, que foi tão importante para o surgimento das construções periféricas. O
desuso deste material, inclusive, está ligado a questões de status social, uma vez que
a madeira não é vista como “material” no imaginário popular brasileiro. Tal
pensamento é comumente percebido através de expressões como “ter uma casa de
material” para se referir à alvenaria, ou por meio de histórias clássicas como Os Três
Porquinhos, onde a casa de alvenaria é vista como uma fortaleza inabalável e a casa
madeira como passível de ser derrubada com um sopro - e que apesar de simples,
desenvolve desde de cedo nas crianças a ideia da fragilidade do material. O fato é

17 WEIMER, Günter. Inter-relações afro-brasileiras na arquitetura, Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014, p.


236.
18 idem, ibidem.
19 DA SILVA, Lucas M. M. A EXPERIÊNCIA NEGRA NA ARQUITETURA NO BRASIL: TIPOLOGIAS,

TÉCNICAS E ADAPTAÇÕES CONSTRUTIVAS DOS POVOS NEGROS AFRICANOS E AFRO-


BRASILEIROS. Curitiba: UFPR. NUPRA. 2020.
20 idem, ibidem.
que não se desenvolve ainda no país o conhecimento e a tecnologia nesta área e a
madeira permaneceu à margem das pesquisas e do ensino na maior parte das
escolas de arquitetura. 21

FORMAS DE MORAR NA PERIFERIA

Segundo Aston (2018), os edifícios são a manifestação física de uma cultura 22.
Quando se analisa a paisagem das periferias brasileiras com base nessa premissa,
percebe-se como funciona o modus operandi da construção civil informal nesses
bairros. Como relata o arquiteto francês Solène Veysseyre (2014), em artigo ao
Archdaily, acerca de seus estudos sobre as regras tácitas das construções nas
favelas: “é por isso que uma casa leva várias gerações para ser construída: uma laje
é construída, colunas erguidas e uma cobertura leve é instalada, mas isso é apenas
para marcar onde o próximo pedreiro deve continuar seu serviço” 23. A partir disso,
percebe-se uma das regras informais (e veremos algumas) mais recorrentes em
periferias no Brasil (talvez por conta da superlotação e falta de espaço construível
dentro desses bairros), é a tendência de manutenção das famílias ocupando o mesmo
terreno por gerações sucessivas. É extremamente comum andar por esses bairros e
encontrar famílias que dividem andares de uma mesma casa. Estes andares não são,
na maioria dos casos, construídos de uma só vez, mas aos poucos, sanando
necessidades que aparecem conforme as famílias crescem. Esse fenômeno é
ilustrado por Veysseyre (2014): o pavimento térreo é feito pelo avô/avó há cerca de
40 anos. Por volta de 20 anos depois, seu filho construiu o primeiro andar sobre a
segunda laje e agora o neto constrói sua casa sobre a última laje (Fig. 4). Às vezes,
a expansão pode ser visando uma renda extra, sendo comum a construção de casas
para alugar, normalmente para parentes ou conhecidos, embora isso não seja uma
regra.

21 BERRIEL, Andréa. Tectônica e poética das casas de tábuas. Curitiba, PR: Instituto Arquibrasil,
2011. p. 33-34.
22 ASTON, Sam. Architecture of Wakanda. MATECHI, Abril, 2018. Disponível em:

<https://www.matechi.com/architecture-of-wakanda>. Acesso em: 30 Jul. 2021.


23 VEYSSEYRE, Solène. Estudo de caso: As regras tácitas da construção nas favelas. ArchDaily

Brasil, Agosto, 2014. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/625874/estudo-de-caso-as-


regras-tacitas-da-construcao-nas-favelas>. Acesso em: 30 Jul. 2021.
Figura 4 - Expansão das famílias dentro das favelas. Brasil, 2014.

Fonte: Solène Veysseyre (2014)

Os materiais podem mudar de acordo com a região do país, e principalmente


pelo local da construção - o que significa que mesmo que a casa seja na região Sul,
que não tem chuvas intensas e tão frequentes como ao Norte do país, se a casa está
alocada perto de áreas alagáveis isso pouco importa. Nas periferias da região Norte
(mas não apenas nela), em cidades como Manaus (AM) e Belém (PA), é comum ver
a alvenaria dar lugar à madeira, sobretudo em locais com rios e suscetíveis a
enchentes. Há também bairros inteiros sobre as águas, como é o caso do Dique da
Vila Gilda, bairro de Santos (litoral de São Paulo), que abriga a maior favela sobre
palafitas do país 24

A materialidade dessas casas obedece a 3 princípios básicos: ter baixo custo;


ser suficientemente leve para ser carregado manualmente; ser pequeno o bastante
para que haja mobilidade dentro das ruas estreitas e vielas. Como resultado, todas
as casas são construídas com tijolos, pilares de concreto compondo a estrutura, as
lajes são de vigotas e blocos cerâmicos e a cobertura quase sempre em telhas de
amianto (VEYSSEYRE, 2014) 25. Outro ponto recorrente é a troca de materiais entre
amigos, vizinhos ou terceiros.

24 Fabiano, C., & Muniz, S. (2021). DIQUE VILA GILDA: CAMINHOS PARA A REGULARIZAÇÃO.
Planejamento E Políticas Públicas, (34). Recuperado de
//www.ipea.gov.br/ppp/index.php/PPP/article/view/173. Disponível em:
<https://www.ipea.gov.br/ppp/index.php/PPP/article/view/173/186>. Acesso em: 14 Aug. 2021.
25 VEYSSEYRE, op. cit..
Figura 5 -Vigotas e tavelas cerâmicas, materiais comuns nas lajes das favelas . Brasil, 2014

Fonte: Solène Veysseyre (2014)

No topo das casas, principalmente em regiões com sol abundante como o Rio
de Janeiro (RJ) ou Espírito Santo (ES), é comum que ao invés de telhado, utilize-se
mais frequentemente uma laje como cobertura, podendo até mesmo transformar o
terraço em área comercial, como bar, restaurante e solário (onde funcionam áreas de
bronzeamento, amplamente divulgadas na internet). Um dos elementos mais
marcantes na paisagem das favelas é a caixa d’água no terraço ou laje, juntamente
com um sistema de varal exposto, onde se penduram roupas onde não
necessariamente existe a preocupação de resguardar a privacidade das peças de
vestuário dos moradores. Já nas regiões mais frias, ao Sul, os terraços não são tão
frequentes, mas os outros parâmetros não necessariamente mudam. Outro
pavimento que costuma mudar de função nos edifícios-casa das favelas é o térreo,
comumente utilizado como comércio que recebe pintura ou azulejos que o diferencie
dos demais andares, onde a entrada para o restante da casa pode ser feita por dentro
do comércio, escada externa ou corredor na lateral do prédio.

A fachada também é um elemento importante. Às vezes é a única parte


pintada, ornamentada e/ou acabada da casa, e costuma expressar valores
importados dos bairros residenciais de classe média (que por sua vez importa-os de
uma visão limitada do que é “arquitetura de alto padrão”) e aplicando-os sem muita
compreensão das funções ou juízos estéticos, como, por exemplo, o uso excessivo
de vidros temperados na cor verde, ou brises nos sentidos inversos a sua função de
para-sol. Em lugares quentes, é comum o uso de azulejos nas fachadas até mesmo
das partes residenciais, ou como em Curitiba (PR), onde pinturas texturizadas -
comumente conhecidas como graffiato -, são mais utilizadas. As janelas não
costumam ser grandes, por serem caras, e por isso os ambientes internos costumam
ser consideravelmente frescos no verão, mas (principalmente) ao Sul do país,
transformam a casa em um conjunto de espaços gelados pela pouca entrada de sol .
Isso acarreta em casas também muito úmidas, e como nessas obras não há estudos
sobre potencial de ventilação natural e insolação das residências, a umidade pode
não ser apenas uma mancha inconveniente nas paredes, mas um inimigo à saúde
das pessoas, agravada pela a capacidade de armazenamento de umidade dos
blocos cerâmicos, principalmente quando não rebocados, que compõem as paredes
de vedação e lajes.

A mão de obra, muitas vezes, não é especializada. Quase sempre quem


começa a obra são os próprios moradores, e a contratação de um profissional - que
não significa ser especializado - acontece nas partes que envolvem a caixaria 26 para
vigas e pilares de concreto, lajes, ou instalações elétricas e hidráulicas. Além disso,
encontrar familiares ou amigos ajudando nos fins de semana não é algo anormal.

O interior das casas também segue um padrão. Na maioria dos casos, o


ambiente interno é mais frio e escuro, já que, como mencionado anteriormente, as
janelas não costumam ser grandes. As cozinhas não são grandes e normalmente
compartilham o protagonismo com a sala de estar. Não necessariamente há copa ou

26Caixarias ou formas para concreto, são estruturas de madeira feitas para a moldagem de peças de
concreto. Ao fim do processo de cura do concreto, sacam-se as madeiras (ou não) e a peça está
pronta para ser utilizada.
sala de jantar, e a sala de estar (ou sala de TV) assume esse papel. Os espaços
internos, em geral, são bem cuidados e limpos, pintados e decorados, e quase todos
possuem grandes televisões como elemento central. Azulejos são frequentemente
utilizados nas fachadas, paredes, escadas e pisos (VEYSSEYRE, 2014) 27.

OS RISCOS GERADOS PELO DESCASO

É claro que essa forma empírica e aglomerada pode gerar seríssimos


problemas, tanto para a saúde dos prédios quanto das pessoas - acúmulo de umidade
nas paredes, problemas estruturais, etc. Não é incomum construções em favelas e
periferias deixarem de ser casas simples para tornarem-se edifícios de três, quatro
ou mais andares, erguidos nem sempre de maneira correta em se tratando de
questões estruturais. A exemplo disso, em 2020 ocorreu um caso de desabamento
em Mauá, na Grande São Paulo, onde uma casa já passava de 4 pavimentos (e talvez
viesse a ter mais), mas a fundação não foi estruturada ou sequer planejada para
contar com tanto peso e cedeu, destruindo mais duas residências vizinhas 28. Esse
problema, assim como todo o ciclo de construção e expansão das periferias para
zonas de várzea, APP (Áreas de Preservação Permanente) e APA (Áreas de
Preservação Ambiental) sofrem com o descaso das prefeituras e órgãos públicos que
não intervêm, previnem, auxiliam ou monitoram obras em bairros periféricos, mesmo
em casos como o citado.

Outro fator notável e extremamente perigoso (pela forma ilegal como é


conduzida, e não pelo potencial) é o crescimento do “mercado imobiliário informal”
nas favelas. As sobreposições de lajes que antes cumpriam apenas a função de
abrigar o aumento da família do dono original do lote, agora se tornaram um mercado
emergente, onde as rendas dos donos dos empreendimentos podem passar dos 14
mil reais mensais. O problema é que não há fiscalização nas obras, muito menos
responsável técnico, autor do projeto ou sequer um projeto a ser seguido. Os terrenos

27Idem.
28GABIRA, Gabriel. Casa desaba e danifica outras duas residências em Mauá, na Grande SP. São
Paulo, Brasil: TV Globo e G1 SP, agosto, 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-
paulo/noticia/2020/08/22/casa-desaba-em-maua-na-grande-sp-veja-video.ghtml>. Acesso em: 10,
Ago, 2021.
são explorados ao limite, com 100% da taxa de ocupação (ou mais), como relata o
repórter Sérgio Quintella, em matéria à revista Veja SP 29:

Enquanto há moradores que tentam a regularização, outros aproveitam os


vácuos na fiscalização e constroem ilegalmente na cara do poder público. Na antiga
favela do Jaguaré, na Zona Oeste, na beira da Marginal Pinheiros, uma dezena de
prédios “engoliu” as edificações regulares, construídas pelos governos estadual e
municipal a partir dos anos 90. Sem nenhuma fundação e com cinco ou até seis
andares, os predinhos apresentam sérios perigos em caso de incêndio. “As escadas
são muito íngremes e as pessoas precisam se pendurar para descer. Pode morrer
muita gente em uma fatalidade”, afirma o engenheiro civil Antonio Fernando Berto,
pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Sem projeto arquitetônico e estrutural, edificações em bairros que não contêm


área permeável ou uso correto do solo e são densamente ocupadas, trazem risco de
desabamento (aliás, como a maioria das casas ocupam próximo ou o máximo da área
do lote, o solo de toda uma região não consegue absorver água da chuva, resseca, e
somados ao peso cada vez maior dos edifícios, tende a ocorrer erosão), ou em caso
de um incêndio, em prédios irregulares de quatro ou mais andares sem escada de
emergência, as consequências podem ser fatais.

29SÉRGIO QUINTELLA. Prédios improvisados se proliferam em favelas e viram bons negócios.


VEJA SÃO PAULO. 5 abr, 2019 . Disponível em: <https://vejasp.abril.com.br/cidades/favelas-
predios-puxadinhos-verticais/>. Acesso em: 14 Aug. 2021.
Figura 6 - Casa em Jaraguá, SP, projeta laje sobre a rua e ocupa mais de 100% da área do lote

Fonte: Alexandre Battibugli/Veja SP (2019


Figura 7 - Edifício irregular em Paraisópolis sem escada de emergência e mais de 100% da taxa de
ocupação

Fonte: Alexandre Battibugli/Veja SP (2019)


CONCLUSÃO

Primeiramente, há que se relatar a dificuldade de se produzir uma pesquisa


em meio à pandemia da Covid-19, durante a temporada de 2020/2021. Por conta
disso, todo o material à disposição para o conteúdo apresentado foi retirado de livros
já dispostos em acervo pessoal e principalmente de artigos, entrevistas, matérias de
jornais, e experiências pessoais do autor, uma vez que não houve a possibilidade de
visitar alguma biblioteca, interagir com o acervo de professores e/ou do Departamento
de Arquitetura e Urbanismo da UFPR, como foi feito em relatórios anteriores.
Registra-se aqui o questionamento sobre até que ponto os conteúdos e fontes
disponíveis na internet são suficientes para a produção de material científico de
excelência.

Relatar a experiência do negro com a moradia e arquitetura é olhar para a


memória da cidade e buscar compreender os pontos da história que nos conduziram
até aqui. Não há como ignorar os fatos, nem como driblar as consequências das
ações e omissões das instituições que nos trouxeram como nação até o momento
presente. O conteúdo apresentado nesta pesquisa buscou demonstrar que tanto no
Brasil, quanto em alguns lugares do continente africano, os resultados se
assemelham: a história das cidades sempre buscou apagar a presença dos negros e
seus costumes, mas nunca conseguiu. Mesmo com o planejamento urbano - ou a
falta dele -, a população negra e pobre encontrou e encontra seus próprios meios de
morar e seguir vivendo.

A situação aqui apresentada não deve ser romantizada. Não há méritos em


morar em locais insalubres ou não ter acesso a direitos básicos: não há beleza nisso.
Não há vantagens em não haver monitoramento correto dos órgãos públicos
responsáveis pela fiscalização de obra, correr o risco do morador perder toda uma
vida de investimento monetário, físico e emocional, senão a vida, por não se ter
acesso a profissionais responsáveis por assegurar o direito à moradia, como deveria
ocorrer. Em todas as situações apontadas há apenas descaso, negligência e
desinteresse por algo que pode ser evitado. A história de abandono da população
negra e pobre, quanto à moradia, repete-se como se o dia 14 de maio de 1888 nunca
acabasse.
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