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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

LUCAS MEDEIROS MENDES DA SILVA

RELATÓRIO FINAL
(Período no qual esteve vinculado ao Programa 08/2019 a 10/2020)
racial
democracia

PROGRAMA DE IC: PIBIC/ FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA:


A EXPERIÊNCIA NEGRA NA ARQUITETURA NO BRASIL: TIPOLOGIAS,
TÉCNICAS E ADAPTAÇÕES CONSTRUTIVAS DOS POVOS NEGROS
AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS

Relatório apresentado à Superintendência de Inclusão,


Políticas Afirmativas e Diversidade - SIPAD da
Universidade Federal do Paraná como requisito parcial
da conclusão das atividades de Iniciação Científica ou
Iniciação em desenvolvimento tecnológico e Inovação -
Edital 2019
Orientador (a): Prof.(a). Juliana H. Suzuki
Título do Projeto: Núcleo de pesquisas de relações
raciais, ciência e tecnologia da UFPR

CURITIBA
2020
RESUMO

Esse trabalho consiste em uma análise das técnicas construtivas


reproduzidas tanto em África quanto no Brasil, comparando-as em suas
similaridades e diferenças através da apresentação de seus contextos históricos,
geográficos, ambientais e culturais. Analisando o contexto das migração forçada
desses africanos para a América e as rotas das travessias, entende-se que os povos
que compuseram o DNA brasileiro são de maioria étnica bantu e sudanesa, e
somado a teorias como a dos paralelos terrestres, além de documentos e lógicas
de rotas transatlânticas, também é possível relacionar algumas construções
produzidas em África por esses povos com as produzidas no Brasil. Conclui-se que
o resultado obtido através do processo de migração forçada resultou não em
construções vernaculares africanas, mas afro-brasileiras: aqui elas receberam
adaptações, mudaram-se os detalhamentos e as técnicas, mas as semelhanças nos
quilombos, mocambos e cubatas foram mantidas. A pesquisa busca também
entender como diferentes materiais construtivos podem cumprem funções
semelhantes, avaliando se houve alterações nas formas dessas edificações
Palavras-chave: arquitetura vernacular; construção afro-
brasileira; construção em terra.

INTRODUÇÃO

A compreensão sobre o que de fato foi o período de comércio transatlântico de


africanos às Américas ainda é visto com certo romantismo. A ausência da perspectiva
da vítima (ou de seus herdeiros) ainda se mantém como a regra.

Do outro lado do Saara, através do Mar Vermelho, dos portos do Oceano


Índico e do outro lado do Atlântico. Pelo menos dez séculos de escravidão
para o benefício dos países muçulmanos (do nono ao décimo
nono). Depois, mais de quatro séculos (do final do décimo quinto ao
décimo nono) de um comércio regular de escravos para construir as
Américas e a prosperidade dos estados cristãos da Europa [...]. Quatro
milhões de escravos exportados pelo Mar Vermelho, outros quatro milhões
pelos portos suaílicos do Oceano Índico, talvez até nove milhões ao longo
da rota da caravana trans-saariana e de onze a vinte milhões (dependendo
do autor) através do Oceano Atlântico (MBOKOLO1,1998).

1
M'bokolo, Elikia. O impacto do comércio de escravos na África. França: Le Monde Diplomatique,
1998.
Como consequência desse regime escravocrata, as bases racistas das
sociedades contemporâneas se estabeleceram firmes e fortes. Em trabalho anterior2,
entendemos que a demonização, desapropriação e empobrecimento dos
conhecimentos criados em África são traços de uma estrutura racista mundial - até
mesmo as admirações pelas técnicas avançadas nas ciências exatas, sociais, etc.,
foram não só confiscadas por visões eurocêntricas que regem leis no mundo moderno,
mas também, quando não puderam ser explicadas, foram (e são, ainda hoje),
atribuídas até mesmo a alienígenas (DÄNIKEN3; ERICH, 1968), o que retira dos povos
negros africanos a autoria das construções ou desenvolvimento de técnicas
largamente conhecidos. Exemplo disso, no campo da arquitetura e da construção, são
as Pirâmides de Gizé (cerca de 2550 a.C), que demoraram milênios para serem
explicadas por arqueólogos e cientistas europeus e norte-americanos, e até que se
conseguisse explicar, alguns cientistas preferiram depositar seus méritos em seres
que nem sequer sabem se existem, do que dar créditos aos africanos pelo feito – o
mesmo acontece com povos não brancos, como indígenas, aborígenes, etc.

Torna-se necessário e urgente, portanto, fazer uma revisão ao campo das ideias
para se compreender o que qualifica uma arquitetura boa e outra ruim, a bela e a feia,
a rica e a pobre, etc. Em um mundo onde os padrões seguem lógicas eurocêntricas, é
evidente que os critérios de avaliação tenham se baseado nesta visão limitada ao
longo da História. Como poderiam essas incontáveis tipologias arquitetônicas que
sobrevivem, readaptam-se e se renovam há milhares de anos serem lidas apenas
como arquiteturas pobres, miseráveis? Como podem ser vistas como não dignas de
serem estudadas academicamente? A ausência de professores e pesquisadores
negros dentro dos ambientes acadêmicos4 talvez seja uma das inúmeras respostas
para tais perguntas. Essa pode ser uma das razões pela qual pesquisas voltadas à
população negra brasileira e africana, em todos os campos, sejam tão precárias,
quando existem.

2
Silva, L. M. M. A população negra africana e a diáspora na arquitetura: Influências e inter-
relações afro-brasileiras na arquitetura. Curitiba, NUPRA/UFPR, 2019.
3
Däniken, Erich. Eram os deuses astronautas? Suíça: Melhoramentos, 1968.
4
Professores universitários negros representam apenas 16% dos docentes em universidades
públicas e privadas no Brasil (G1, 2018).
Sabe-se que os povos que migraram forçadamente para o Brasil são de etnia
bantu e sudanesa5 – o que abre um leque de infinidade de culturas, dialetos, religiões,
costumes, etc. – e somado a teorias como a dos paralelos terrestres6, além de
documentos e lógicas de rotas transatlânticas, é possível relacionar algumas
construções produzidas em África por esses povos com as produzidas no Brasil. Não
mais construções vernaculares africanas, mas afro-brasileiras. Elas receberam
adaptações, mudaram os detalhamentos e as técnicas, mas as semelhanças nos
quilombos, mocambos e cubatas são mantidas. O objetivo desta pesquisa é buscar
entender como materiais diferentes cumprem funções semelhantes, e se houve
alteração nas formas dessas edificações. Este relatório tem como base bibliográfica a
obra de Günter Weimer (2015), Inter-relações Afro-brasileiras na Arquitetura. A partir
dela, apresentar-se-ão algumas tipologias arquitetônicas buscando descrevê-las,
contando também com alguns relatos de nativos e pesquisadores. Para a elaboração
da pesquisa, ressalta-se a dificuldade em encontrar documentação em geral sobre
qualquer tipo de edificação produzida por cativos(as), ou para eles(as), tanto quanto
documentos a respeito dos indivíduos africanos e afro-brasileiros. A maioria dos
relatos sobre os espaços construídos, contemporâneos aos períodos das edificações
mais antigas, foram realizados por naturalistas, expedicionários e exploradores
europeus que descreviam as situações encontradas aqui – muitas vezes para relatar
aos governantes europeus o que se passava em suas colônias – com certa
estranheza, caracterizando-os como exóticos, e trazendo equívocos no entendimento
do funcionamento desses edifícios e/ou objetos.

DESENVOLVIMENTO

Para apresentar essas tipologias é necessário, primeiramente, fazer uma


análise a respeito desses africanos que vieram para a América em situação de
escravidão. Segundo Weimer (2014)7, há oito grandes grupos étnicos no continente
africano, que se dividem em outros milhares de subgrupos, cada um com suas

5
WEIMER, Günter. Inter-relações afro-brasileiras na arquitetura, Porto Alegre: EDIPUCRS, 2014
6
Como o sudoeste africano está mais próximo do nordeste brasileiro, em teoria, os povos dessa
região deveriam compor a maior parte da população e cultura afro-brasileira nordestina, e ali
também se tornaria rota fácil, pois é o caminho mais curto.
7
Idem, ibidem.
especificidades. Dentre os oito, os bantus e os sudaneses compõem majoritariamente
o DNA brasileiro, e dentro desses grupos existem inúmeras variações de subgrupos
étnicos, incluindo povos iorubás, mbundos, mancanhas, fulas, zulus, balantas, etc. A
partir do conhecimento da origem de alguns desses povos que vieram para o Brasil,
torna-se possível, ao menos, saber de onde se podem buscar referências para
relacionar-se ao que foi aqui produzido. Com a chegada à América, esses africanos e
africanas foram obrigados, por questão de sobrevivência, a entender que suas
diferenças étnicas já não poderiam mais ser encaradas como um elemento
segregacionista e sim um laço que os manteriam vivos: aqui eles formam uma nova
unidade africana.

Dentre as tipologias arquitetônicas mais reproduzidas no Brasil - sejam essas


edificações unitárias ou agrupamentos – os quilombos são as mais famosas. Em
África, kilombo8 refere-se a um aldeamento ou povoação. Já no Brasil, quilombo (agora
com “q”) torna-se um esconderijo, ou comunidade de escravo fugidos (GOMES, 2018).
Outro nome utilizado para se referir a esses aldeamentos é a expressão mocambo9,
mas há controvérsias. Segundo o professor e pesquisador da UFRJ, Flávio Gomes, os
documentos mais antigos sobre o Quilombo Palmares referem-se a essa federação de
aldeias como mocambo, e somente a partir do século XVII, o termo quilombo começa
a ser utilizado em textos alusivos ao maior quilombo das Américas. O historiador Stuart
Schwartz chamou a atenção para o fato de que ao longo do século XVIII — na
documentação colonial — as comunidades de fugitivos foram denominadas ao mesmo
tempo de mocambos, principalmente na Bahia, e de quilombos em Minas Gerais; e o
termo quilombo apareceu em Pernambuco somente a partir de 1681. Assim,
mocambos (estruturas para erguer casas) teriam se transformado em quilombos
(acampamentos), e tais expressões africanas ganharam traduções atlânticas entre o
Brasil e a África desde o século XVI. Entretanto, para o ex-professor e pesquisador da
UFRGS, Günter Weimer, existe diferença tipológica entre quilombos e mocambos.
Segundo ele, mocambos seriam casas com cumeeiras (ou seja, construção com
coberturas de duas águas) pouco comuns em África, mas típicas na costa setentrional
(noroeste) de Angola e em toda a ilha de Madagascar. Já os quilombos parecem surgir

8
Palavra de origem kimbundu (língua de grupo familiar bantu).
9
Mukambu tanto em kimbundu como em kicongo (línguas de várias partes da África Central e
Norte de Angola), significava pau de fieira, tipo de suportes com forquilhas utilizados para erguer
choupanas nos acampamentos.
já no século XVI na tentativa de reconstruir o modo de vida africano.
Independentemente, pode-se compreender que ambos os termos se complementam,
porquanto os quilombos foram uma experiência hemisférica da escravidão nas
Américas (GOMES, 2018) recebendo nomes diferentes em cada lugar onde foram
reproduzidos e adaptados. Na Colômbia, receberam o nome de palenques10, na
Venezuela cumbes e rochelas, em Cuba cimarrones (termo que significa “selvagem”
em espanhol, sendo encontrado também como definição para os cumbes
venezuelanos), etc. É necessário compreender o que é quilombo dentro do cenário
americano, pois foram nesses espaços onde essas arquiteturas vernaculares
resistiram e foram elaboradas como “pequenas Áfricas” no Novo Mundo. Porém, é um
equívoco pensar esses lugares como espaços livres da escravidão, pois a escravidão
na América é um ampliamento, uma continuação da mesma cometida em África.

A palavra mocambo ganha também um novo significado no Brasil, onde se


transformou em sinônimo de moradias de estrutura frágil, mal construídas, e para além
disso, como registrado na história da cidade de Recife, os mocambos tornam-se
símbolo de uma população perigosa e que deve ser combatida.

Segundo Agamenon Magalhães, o mocambo é, pois, uma degradação


social. É um índice de pauperismo. De miséria. Uma fuga da vida. Uma
fuga da dignidade humana. E assim fez do seu combate a face à mostra
de seu governo. [...] Seus extensos artigos no Jornal Folha da Manhã, no
período de sua interventoria são petardos com grande poder de destruição.
Neles o mocambo era o inimigo solerte e disseminador do mal, que devia
ser batido. Não só vencido. Devia ser exterminado. A década de 1930 foi
da guerra do Estado contra o diferente. [...] O interventor anunciava: Não
tem conversa. O mocambo é um mal e como tal deveria ser extirpado. Mal
contra a saúde e social. “Mal social e célula de descontentamento aberta
a todas as infiltrações que provocariam explosões sociais (LEITE, 2010, p.
2).

1. TIPOLOGIA e MATERIAIS

Dentro desses aldeamentos denominados quilombos existem as moradas, as


quais chamaremos de cubatas (kubata - casa - ainda usando como referência o
kimbundu), mas que também podem ser chamadas por outros pesquisadores como

10
o primeiro território americano livre do poder colonial foi o Palenque de San Basílio, na
Colômbia. O Palenque foi dado como território livre pelo rei Carlos V, em 1713, quase sem anos
após sua fundação (1621) e reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, em
2005.
choças ou choupanas11. As cubatas recebem variados nomes pelo continente africano,
uma vez que essas tipologias variam suavemente nas formas, acabamentos,
materiais, etc., a partir de cada etnia ou cultura local. Esse conceito de cubata como
construção cilíndrica e com telhado em formato de cone, ou também das cubatas de
mocambo, com seus corpos mais angulados e telhados de duas/quatro águas, pode
ser reproduzido de com variadas técnicas, mas as mais utilizadas são as taipas12. Vale
considerar que com o passar dos anos e devido ao contato com conceitos europeus
por conta do colonialismo, principalmente, houve algumas mesclagens com técnicas
europeias diversas, e o ponto mais notável foi a inserção dos telhados com folhas de
metal e também alguns tipos de janelas. Algumas dessas modificações, hoje, trazem
um caráter socioeconômico por detrás. Como relata o arquiteto e pesquisador
americano Jon Sojkowski (2015), um telhado feito com a quantidade certa de palha
(12 polegadas ou 30,5 centímetros) é à prova d'água e pode durar até 50 anos. O
problema é que as pessoas que vivem em aldeias africanas não podem comprar tal
quantidade de palha. O resultado é uma cobertura muito mais fina que precisa de ser
reparada anualmente. Isto, então, cria o desejo de ter uma cobertura de metal - e a
mesma lógica se aplica à realidade brasileira. A telha de metal realmente requer menos
manutenção e diminui os riscos com incêndios, ao contrário da palha, mas seus
benefícios se limitam a isso, uma vez que a condução de calor do metal transfere as
altas temperaturas externas (ou baixas, durante a noite) para o interior, transformando
os ambientes em verdadeiras saunas. Já as palhas têm excelentes propriedades
térmicas e retêm o calor do sol, permitindo que o calor interno saia, já que o material
tem a capacidade de respirar. Mesmo assim, as telhas ainda são preferidas, por
questão de status.

2. MATERIAIS: TAIPAS NO BRASIL

A terra crua vem sendo utilizada como matéria prima para resolver problemas
de habitação da Humanidade desde os tempos mais remotos e em todas as partes do
mundo. Não há consenso sobre sua origem, inclusive alguns historiadores dizem que,

11
(cu.ba.ta) sf. 1. Choupana coberta de folhas existente em alguns povoados africanos; CHOÇA
. Aulete Digital. Lexikon Editora Digital.
12
WEIMER, Günter. Inter-relações afro-brasileiras na arquitetura. EDIPUCRS, 2014.
no Brasil, recebeu influência das práticas construtivas portuguesas, indígenas e
africanas.

Para Vasconcellos13, apud Lopes (1998), apesar de difundido por todo o Brasil,
o pau-a-pique é totalmente desconhecido em Portugal. Já Pinto (1993), reconhece o
uso da taipa de mão em Portugal, e afirma que lá são utilizadas três tecnologias de
terra: a taipa de pilão, o adobe e o tabique de taipa ou pau-a-pique e afirma que:

A invenção da construção de terra é tão natural, em nosso entender,


quanto o ato de uma criança fazer um castelo de areia. Tentar saber,
portanto, onde nasceu a construção de terra é quase como tentar saber
onde nasceu o homem (PINTO, 1993, p.103-107).

Portugal tem uma variação de materiais no país, mesmo sendo


geograficamente pequeno. Segundo Lemos (1989), apud Lopes (1998), a arquitetura
vernácula de Portugal sofre variações de acordo com a região do país. Ao Norte
sobressaem as construções em pedra, enquanto que ao sul, na região de Algarve,
predomina a arquitetura baseada na terra, como a crua dos adobes e das taipas.
Todavia, vale ressaltar a grande influência moura (Marrocos, Argélia, Mauritânia e
Saara Ocidental) na Península Ibérica durante oito séculos de dominação, e segundo
Lopes (1998, p.37), “coube ao muçulmano invasor o grande mérito de desenvolver a
tecnologia da construção com terra crua em áreas portuguesas. É citado também que,
nas regiões de Alentejo e Algarve, ainda podem ser encontrados exemplos de
elementos originários deste período, como muros e vedações”.

Já em África, as construções em terra batida são presentes nas paisagens de


todos os 54 países do continente, modificadas nas técnicas ou usos, mas sempre
presentes14. Para o professor nigeriano Ekundayo A. Adeyemi (2008), nem todos os
edifícios tradicionais são cabanas de barro. As mesquitas de Mopti e Djenne e, em
particular, a mesquita de Zaria Friday, Massallacci Juma'a têm um caráter refrescante
e monumental que qualifica cada uma delas para um lugar de destaque na história da
arquitetura. As cidades de Gao, Timbuktu, Djenne, Katsina, Bauchi e Kano, todas

13
VASCONCELLOS, S. de. (1981). Mineiridade - ensaio de caracterização. São Paulo, Abril
Cultural. p. 28-9. apud LOPES, Wilza Gomes Reis; INO, Akemi. Taipa de mão no Brasil:
levantamento e análise de construções. 1998.
14
Através do site AfricanVernacularArchitecture.com é possível constatar isso. O site funciona
como um banco de dados com fotos enviadas por moradores de todos os países do continente.
localizadas em áreas historicamente conhecidas como Sudão Ocidental, ainda têm
alguns dos melhores exemplos da tradição de construção de lama. Ele ainda afirma:

Mais de 50% da população mundial vive em edifícios de barro. A maioria


das pessoas que vivem na Nigéria com toda a probabilidade continuará a
viver em edifícios de barro até este século. Devido ao aumento do custo
do cimento, provavelmente mais edifícios terão que ser construídos em
barro ou argila. Os materiais de construção tradicionais, devido ao seu
baixo custo e disponibilidade imediata, oferecem maiores vantagens e
potenciais para o aumento da habitação (ADEYEMI, 2008, p. 18).

Ao comparar com casas construídas nos países africanos mais influentes e de


maior fluxo migratório para o Brasil, é possível notar inúmeras similaridades e muitas
vezes casas com formatos e materiais iguais aos que foram e são produzidas no Brasil,
principalmente nas regiões Norte e Nordeste.

2.1 PAU-A-PIQUE

Da mesma forma que em Portugal, as técnicas mais utilizadas para construção,


envolvendo a terra crua, são o adobe, a taipa de pilão e a taipa de mão ou pau-a-pique.
Estas técnicas chegaram ao Brasil através dos primeiros colonizadores portugueses,
estando comprovado que os indígenas não as utilizavam (LOPES, 1998) 15. MILANEZ
(1958), apud LOPES (1998), afirma que nossas casas barreadas parecem se originar
também de costumes africanos, e que, ainda hoje, a terra é largamente usada na
África. E cita, como exemplo que, “ainda hoje, os nativos da Guiné, descendentes dos
mesmos negros, que para aqui vieram, constroem suas casas de pau-a-pique, com
enchimento de lama e cobertura de palha” (MILANEZ apud LOPES, 1998, p.40)

Uma das técnicas mais utilizadas no Brasil (Figura 1), o pau-a-pique (também
conhecido como taipa de mão, taipa de sopapo e taipa de sebe) segue como umas
das mais famosas, e ainda é muito presente na paisagem dos sertões brasileiros, além
de compor a maior parte dos edifícios que integram o patrimônio histórico brasileiro,
muitos deles fazendo parte de núcleos urbanos reconhecidos mundialmente pela
UNESCO como Patrimônio da Humanidade.

15
LOPES, Wilza Gomes Reis; INO, Akemi. Taipa de mão no Brasil: levantamento e análise de
construções. 1998. p. 39.
Em sua confecção são utilizadas madeira ou bambu, cipó ou outro material
como amarração, além de barro, água e fibra vegetal, como capim ou palha. Em uma
cubata padrão (em forma quadrada ou retangular) os cantos recebem pilares em
madeira, que servem como base para a estrutura (e dependendo do tamanho do
edifício podem haver mais pilares como elementos estruturais ao decorrer das
paredes), seguidos de madeiras mais finas, também na vertical, formando a primeira
parte do esqueleto estrutural. As madeiras horizontais podem ser amarradas,
tramadas, ou, como é mais comum na atualidade, pregadas nas madeiras verticais.
Essas ripas são postas do lado externo e interno da parede, formando um painel
perfurado. Em alguns lugares do Brasil é utilizado pedra rachão, muito comum em
muros de arrimo, com a função de impedir o contato com a água da chuva, evitando
que a umidade suba as paredes e as enfraqueça. O elemento de vedação é a própria
terra, adobe, mas para que a terra dê liga é necessário misturar água. O barro e a
água são amassados com os pés e/ou mãos e depois de bem misturados são
incorporados à fibra, cuja mistura será usada para preencher a trama. Em alguns
lugares em África, montantes de adobe são postos entre a estrutura de madeira e a
parede só é completamente rebocada quando os mesmos secam, funcionando como
tijolos (Figura 2). As paredes ganham resistência e também qualidades térmicas
excelentes, principalmente em climas quentes.
Figura 1 - Casa em taipa de mão, Chapada das Mesas, Maranhão.

Autor: Dante Laurini Jr., 2010.

Figura 2 - Casa em taipa de mão, Suazilândia.

Autor: Jon Stojkowski, 2014.


2.2 TAIPA DE PILÃO

A taipa de pilão é outro método muito utilizado nas duas das 3 civilizações que
compõem as características construtivas brasileiras. Recebe esta denominação por
ser socada (apiloada) com o auxílio de uma mão de pilão. A taipa encontrada no
período colonial brasileiro é executada com terra retirada de local próximo à
construção devido às dificuldades de transporte e ao volume grande de material. As
argilas são escolhidas pelo próprio taipeiro, que conhecia de forma empírica as
propriedades físicas do material e do componente construtivo, selecionando-as com o
tato e visualmente.16

Em teoria, a técnica é simples e o processo para a produção da lama é muito similar


(senão o mesmo) ao do pau-a-pique. No preparo da argamassa de terra, normalmente
busca-se a terra mais vermelha, pois apresenta mais liga, e para isso retira-se a
camada superficial. Esse trabalho para acessar essa terra “limpa” é crucial, já que
impurezas como areia, gravetos, pedregulhos, húmus, etc., tende a tornar a massa
menos resistente, além de não ser necessário a adição de água para atingir a dosagem
correta, pois já tem um grau de umidade satisfatório. Em seguida, faz-se o
esfarelamento da terra, e aplicação de água em pequenas quantidades (de preferência
pulverizada) para evitar caroços no meio da massa. Depois vem o processo de
amassamento até que a massa se torne completamente homogênea17.

Após o preparo, a massa é aplicada dentro do taipal18 em camadas de 10 a 15


centímetros, e depois de apiloadas acabam perdendo um pouco de espessura. Como
as paredes são muito espessas, o taipeiro ou auxiliar, acaba trabalhando dentro do
taipal, facilitando o adensamento. O apiloamento só para quando a taipa emite um som
metálico característico, e isso é sinal de que já fora atingido o limite do adensamento
e não há mais espaços vazios para suprir com massa (PISANI, 2004).

Outra aplicação mais moderna da taipa de pilão é a utilização de formas metálicas


que moldam o tamanho total da parede. Nesse caso, a terra é aplicada dentro do molde

16
PISANI, Maria Augusta Justi. Taipas: a arquitetura de terra. Revista Sinergia, 2004.
17
ALBERNAZ e LIMA (1998), apud PISANI (2004), citam a possibilidade de acrescentar outros
componentes durante o amassamento, como a areia, a cal, o cascalho, a fibra vegetal e o estrume
de animais.
18
Forma que ampara o material durante a secagem é denominada de taipal. Segundo PISANI
(2004), esse nome até hoje significa componentes laterais de formas de madeira.
e socada para preencher cada cantinho necessário. Após o enchimento da parede ser
concluído ocorre o processo de cura. Depois, as molduras são retiradas e estão
prontas para receber estruturas de telhados, vigas, etc. Esse método foi muito bem
aplicado por Francis Kéré na construção Naaba Belem Goumma Secondary School no
vilarejo de Gando, Ouagadougou, Burkina Faso (Figura 3).19

A taipa de pilão tem voltado a aparecer no repertório de escritórios no Brasil, e


aplicadas em casas conceituais contemporâneas que buscam o máximo da belíssima
estética que o barro, junto à técnica milenar, pode proporcionar (Figura 4).

19
Kéré Architecture, Naaba Belem Goumma Secondary School. Burkina Faso, 2011. Disponível
em: <http://www.kere-architecture.com/projects/secondary-school-gando/> Acesso: 06 Jun 2020.
Figura 3 - Paredes com técnica em taipa moldada, Gando, Ouagadougou, Burkina Faso.

Autor: Desconhecido.
Figura 4 - Paredes de taipa de pilão usando taipal, Cunha, São Paulo, Brasil.

Autor: Luís Claudio, 2018.

2.3 TAIPE ou ADOBE

Em entrevista à uma colega bissau-guineense, Isabel Ca, fora descrito não se utiliza
taipal na realização de obras em sua terra natal. Esta técnica é também conhecida por
"cob" (inglês) ou "bauge" (francês), não tendo um termo português preciso é por vezes
simplesmente designada por "terra moldada à mão", distinguindo-se da "taipa" que em
português se aplica a uma técnica diferente de construção com terra (PATO, 2018) e
não se restringe apenas a Guiné Bissau.

Em sua execução, primeiro cava-se uma valeta não muito profunda, e depois a
primeira fiada de lama é feita dentro dessa. Quando seca, funciona como uma
fundação, e as próximas fiadas seguem sendo assentadas, utilizando-se uma linha de
nível, tal como nas construções em alvenaria convencional. As paredes recebem
retoques enquanto ainda úmidas, sendo erguidas até no máximo 50 centímetros até
estarem curadas (Figura 5). Depois de secas são absolutamente resistentes, e os
taipeiros se equilibram em cima delas para construir as fiadas seguintes. Nas vergas
das portas e janelas são utilizadas ripas de madeira, uma ao lado da outra e com um
espaço no meio, suficiente para não passar o barro que é aplicado sobre elas (Figura
6). O material e a técnica possibilitam a construção de pés direitos muito altos, e uma
estrutura de madeira e palha, ou madeira e telhas de metal como cobertura ou até
mesmo ambas conjuntas, com palha cobrindo telhas metálicas. Costumam receber
também um acabamento personalizado com pinturas e texturas próprias.

Importante relatar que esse método construtivo permite construir casas modernas
e aplicação de diversas outras tecnologias, isolamentos, fundações em concreto,
esquadrias, etc., e não se limita apenas a construções vernaculares tradicionais. Esse
tipo de construção não é tão comum no Brasil, apesar da técnica ser conhecida e haver
pouca informação sobre.

Figura 5 - Construção em taipe, região de Canchungo, Guiné-Bissau.

Autor: Ana Pato, VIMEO, 2016.


Figura 6 - Construção em taipe, região de Canchungo, Guiné-Bissau.

Autor: Ana Pato, VIMEO, 2016.

2.4 PALAFITA

Assim como as construções em adobe e taipa, a palafita é um modelo


construtivo que se vulgarizou em todo o mundo, o que torna, segundo Ana Maria
Alvarez (2009)20, sua origem tão antiga quanto a história da Humanidade, e sua
presença se faz tão dissipada e alastrada pelo mundo que comunidades palafíticas se
fazem presentes nos mais diversos cantos dos cinco continentes. A engenhosa ideia
de suspender habitações com a intenção de evitar alagamentos tende a aparecer com
mais frequência em áreas tropicais e equatoriais de alto índice pluviométrico. Em África
há grandes comunidades que vivem às margens de rios e lagoas, como, por exemplo,
Makoko, em Lagos, Nigéria, que tem um terço do bairro, com mais de 85 mil pessoas,
sobre as águas de uma lagoa21.

20
BAHAMÓN, Alejandro; ÁLVAREZ, Ana María. Palafito: de arquitectura vernácula a
contemporánea. Parramón, 2009.
21
“Destruindo Makoko”, The Economist, 18 de agosto 2012.
Na prática, essas casas seguem a lógica simples das casas de madeira, mas
com estacas, pilares de madeira (que na maioria das vezes, pelo menos na região
amazônica, são feitas com madeiras regionais, por razões óbvias) que suspendem a
habitação em alturas diversas, e esse detalhe é definido a partir de conhecimentos da
região e de como os alagamentos ou as cheias dos rio se comportam. Essas estacas
são fincadas no solo, e sobre elas é feita uma moldura de vigas que segue o formato
da casa e depois passam longitudinalmente de um lado ao outro como elementos
estruturais e também base para as tábuas internas das casas. A distribuição de
espaços é absolutamente simples e a casa necessita de leveza. Como essas casas
são habitações de risco, há um esforço dos governos estaduais e municipais em retirá-
las das paisagens urbanas, mas ainda é a única forma de morar em regiões
alagadiças.

Apesar da maior influência dessa arquitetura no Brasil vir de experiência


indígena e ribeirinhas, há registros de quilombos estruturalmente africanizados - ou
seja, com suas formas e distribuições de espaço similares aos kralls africanos. O
quilombo do Buraco do Tatu, em Itapuã, Bahia, tem, segundo sua planta datada de
1763, sua localização numa região onde se estima ser um brejo ou mangue, e segundo
Weimer (2015), foi intencionalmente implantado justamente por ser uma região de
difícil acesso, o que impediria ataques de inimigos em grandes barcos ou em grandes
quantidades. Levando em consideração a localização, estima-se também que a
construção seja em palafita. Além desse, o antigo quilombo da Comunidade São
Cristóvão tinha características semelhantes à Vila do Delta Níger na África ocidental.

Assim como nas casas africanas do Delta Níger, as casas da comunidade


de São Cristóvão eram construídas sobre palafitas de mais ou menos 80
cm acima do solo que é o recomendável para zonas de inundação e solos
pantanosos. Na região africana essas construções eram feitas sobre
plataformas. Ambas as comunidades fazem o uso do mesmo material, a
madeira para a construção de suas residências. As paredes são finas, para
evitar a umidade. A cobertura, no caso africano, era de sapé, mas aqui a
cobertura era de madeira ou palha. As portas eram de frente para o lugar
onde o vento era constante. Os que tiveram a oportunidade de morar
próximo ao rio explicam que as casas eram de tábua de madeira, na
parede, na cobertura e no piso (PEREIRA, 2011, p.10)

Como outro exemplo temos a vila de Ganvié (ou como fora apelidada: a Veneza
africana), no Benin, situada dentro do Lago Nokoué. Nessa região vivem mais de vinte
mil pessoas com seus modos de vida completamente adaptados às águas, e além de
compartilharem uma estética que lembra em muito as estruturas encontradas nas
regiões de mangue e beira de rio no Brasil, compartilham também técnicas muito
semelhantes e misturam nessa convivência o novo e o velho22.

Figura 7 - Casas palafita, Amazonas, Brasil.

Autor: Alexandre Baptista, 2009.

22
Essa vila nasceu no século 16 com o povo Tofinu, que antes habitavam as terras firmes de
Cotonou, fugindo para a região do Lago Nokoué, pois a poderosa tribo Fon de Daomé estava
caçando outros homens da tribo nativa para capturar e vender como escravos aos portugueses.
Segundo a lenda, a tribo Fon não avançava as águas, pois acreditava que os demônios da água
viviam no lago, e estavam aterrorizados ao pôr os pés na água. Mais tarde eu descobri que não
eram os demônios que os impediam de entrar na água, mas uma aplicação da lei do Reino de
Daomé.
Figura 8 - Casas palafita, Ganvié, Benin.

Autor: Desconhecido

CONCLUSÃO

Essa pesquisa buscou entender de cada método construtivo apresentado e


demonstrou como é difícil encontrar material de referência para tal tarefa. Também
se fez possível notar que a perspectiva racializada sobre essas heranças
construtivas é carente de atenção, e se faz necessário ampliar essa visão científica
e social sobre os modos de morar e sobre quem mora, pois a habitação no Brasil
tem raça, classe e tom de pele, e isso se faz presente em cada etapa do
desenvolvimento urbano brasileiro. Entretanto, explicar passo a passo a realização
dessas arquiteturas, é, para além de curioso, também muito importante,
principalmente quando se volta para a memória da(o) arquiteta(o) e do docente. É
fato que esses conhecimentos também estão ausentes dentro da Academia e,
consequentemente, ausentes no repertório do profissional de arquitetura. Quando
isso ocorre, abrem-se possibilidades para reinterpretações do adobe, da taipa, da
palafita e tantos outros, que podem ser reinventados, reutilizados e imaginados. O
conhecimento e estímulo do interesse por essas técnicas também nutre e estimula
a preservação do riquíssimo patrimônio arquitetônico brasileiro, visto que sua
conservação só é possível através da compreensão do antigo e de seu
funcionamento. Concluindo, ressalta-se a ausência em várias das fontes de
pesquisa que sequer citam as influências africanas em algumas das técnicas
descritas, principalmente nas taipas, mesmo que muitas delas tenham origens
remotas e impossíveis de serem detectadas em sua raiz mais profunda e primária.
Basta um olhar para Angola, Benim, etc., para enxergar uma casa típica do sertão
nordestino brasileiro com precisão.

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