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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE PAU DOS FERROS


CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO III
FRANCISCA MARIZA DE CARVALHO

Texto sobre o artigo “Movimento Moderno e habitação social no Brasil”


de Graziela Rossatto Rubin

Profª. Drª. Anna Cristina Andrade Ferreira

PAU DOS FERROS – RN 2020


Texto sobre o artigo “Movimento Moderno e habitação social no Brasil” de
Graziela Rossatto Rubin

No artigo “Movimento Moderno e habitação social no Brasil”, Graziela


Rossatto Rubin traz uma discussão sobre como ocorreu o processo de
urbanização no Brasil, bem como os problemas urbanos surgidos na época e
que existem até os dias atuais, como as péssimas condições de moradias das
classes mais pobres, tendo como foco o movimento moderno, no campo da
Arquitetura e Urbanismo que propôs alternativas para tais problemas no cenário
de grande crescimento urbano nos centros das cidades.
Rubin (2013) discute como a Revolução Industrial originada na Inglaterra
influenciou o surgimento dos problemas de habitação social. Isto devido as
diversas transformações que ocorreram na Europa Ocidental, entre os séculos
XVIII e XIX, das quais, cita-se, o surgimento do trabalho assalariado e das
máquinas, que substituíram inúmeras funções de mão de obra operária,
culminando com a migração dos camponeses para as cidades, na busca de
empregos em fábricas, onde eram explorados.
O desenvolvimento da indústria, gerou um aumento significativo na
população urbana, o que impulsionou o processo de urbanização. Estas
transformações sociais ocorridas na Europa no século XVII, consequentes da
Revolução Industrial, contribuíram para a origem da Modernidade, associada à
grande expansão do capital, crescimento urbano, e acúmulo de capital
empresarial. Diante disto surge o problema de moradia, em consequência às
modificações da sociedade industrial, das migrações em excesso e destruição
das habitações devida a Primeira Guerra.
O Movimento Moderno trouxe então alternativas que buscaram resolver
este problema mundial, sendo os projetos das unidades de habitação
considerados solução padrão. Foram então elaborados diversas concepções de
“cidade ideal”, tendo destaque, a Cidade Jardim de Ebenezer Howard e Cidade
Industrial de Tony Garnier. O primeiro, surgido no século XIX na Inglaterra com
o objetivo de solucionar problemas de insalubridade e pobreza bem como conter
o fluxo migratório propondo sociedades auto-organizados, com comércio,
indústria, cinturões agrícolas, interligados por transporte agrícola.
Sobre a habitação social no Brasil, Rubin (2013) discute sobre seu
desenvolvimento urbano a partir do século XVIII, porém, somente em 1920, o
índice de urbanização obteve grande crescimento, devido a substituição da mão
de obra escrava pelo trabalho livre e aumento da industrialização. No final do
século XIX, no Rio de Janeiro, iniciou-se o processo de conformação da periferia
pelas classes mais vulneráveis.
Preocupada com o surgimento de epidemias nos aglomerados urbanos
dos cortiços, que se espalhavam pela cidade, a elite brasileira passou a ter
interesse pela saúde e bem estar dos trabalhadores, promovendo campanhas
de higienização e moralização das classes pobres, no final do século XIX. Além
disso, ná década de 1920, o Estado passou a se preocupar mais com as
habitações higiênicas, como forma de resolver o problema habitacional,
substituindo casebres, cortiços.
A autora destaca o conceito de cidade Jardim como modelo de desenho
urbano, como o projeto do Bairro Jardim América em São Paulo, de Barry Parker.
Além desse, o conjunto de operários da Gamboa (Figura 01), no Rio de Janeiro,
em 1934, recebe destaque por ser uma das primeiras moradias modernas para
trabalhadores no país.
Figura 01. Vila Operária da Gamboa, Rio de Janeiro (1933).

Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural (2020)


A questão habitacional adquiriu papel fundamental nos planos e
realizações do estado, passando a ser símbolo de valorização do trabalhador, o
que favoreceu o surgimento de políticas de auxílio de aquisição da casa própria,
tornando-a acessível à população de baixa renda. No processo de verticalização
e especulação imobiliária, os Institutos tiveram papel importante, como os
conjuntos habitacionais do Pedregulho (1950) (Figura 02), projetado pelo
arquiteto Affonso Eduardo Reidy. Além deste, o edifício Japurá (1940), em São
Paulo (Figura 03), projetado pelo arquiteto Eduardo Knesse de Mello, construído
em um local antes ocupado pelo maior conjunto de cortiços da região central de
São Paulo.
Figura 02. Conjuntos habitacionais do Pedregulho (1950)

Fonte: Helm (2011)


Figura 03. Edifício Japurá (1940)

Fonte: Galesi (2002)


No entanto, mesmo com as deias do Movimento Moderno na busca de
solucionar os problemas urbanos de habitação, observa-se que no Brasil, desde
o período de intensidade no crescimento urbano até os dias atuais, a população
menos favorecida ainda encontra-se ocupando as periferias e áreas afastadas
dos centros urbanos, rodeados de problemas de salubridade, aglomerações e
outros riscos, são decorrentes da falta do real interesse das classes dominantes
em buscar soluções viáveis.
REFERÊNCIAS
RUBIN, Graziela Rossatto. Movimento Moderno e habitação social no
Brasil. Geografia Ensino & Pesquisa, Santa Maria, v. 17, n. 2, p. 57-71, 01 jul.
2013.
VILA Operária da Gamboa, Rio de Janeiro. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de
Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra35657/vila-operaria-da-gamboa-rio-
de-janeiro>. Acesso em: 08 de Dez. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-
85-7979-060-7
HELM, Joanna. "Arquitetura, Paixão e Profissão" - Palestra com Luis
Benedicto de Castro Telles na 9º Bienal Internacional de Arquitetura de São
Paulo / São Paulo – SP. 2011. Disponível em:
https://www.archdaily.com.br/br/01-12844/arquitetura-paixao-e-profissao-
palestra-com-luis-benedicto-de-castro-telles-na-9o-bienal-internacional-de-
arquitetura-de-sao-paulo-sao-paulo-
sp?ad_medium=widget&ad_name=navigation-prev. Acesso em: 08 dez. 2020.
GALESI, René. Edifício Japurá: Pioneiro na aplicação do conceito de “unité
d’habitation” de Le Corbusier no Brasil (1). 2002. Disponível em:
https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.031/724. Acesso em:
08 dez. 2020.

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