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PROJETO INTEGRADOR

EDIFICAÇÃO INSTITUCIONAL
Marília Dorador Guimarães
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SUMÁRIO

1 CONCEITO E DEFINIÇÕES ......................................................................... 3


2 METODOLOGIA DO PROJETO ARQUITETÔNICO ..................................... 13
3 CONDICIONANTES DO PROJETO ARQUITETÔNICO ................................ 22
4 SETORIZAÇÃO DE AMBIENTES ............................................................... 30
5 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE AMBIENTES RESIDENCIAIS ...................... 37
6 APRESENTAÇÃO DE PROJETO ARQUITETÔNICO..................................... 50

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1 CONCEITO E DEFINIÇÕES

Apresentação

Neste bloco estudaremos os aspectos teóricos e práticos necessários para a


elaboração do projeto integrador de Edificação Institucional, ou seja, para o
desenvolvimento de um projeto de um edifício de habitação de interesse social (HIS)

O termo HIS quer dizer que são habitações voltadas a um mercado específico e que
seguem regras muito bem definidas. No Município de São Paulo, o Decreto 56.759 de 7
de janeiro de 2016 estabelece normas específicas a serem seguidas por este tipo de
projeto, segundo as diretrizes do Plano Diretor, de 2014.

Quando abordarmos o termo habitação social, existe um pensamento de que o


mercado imobiliário visa construir o maior número de unidades habitacionais sem uma
qualidade arquitetônica, utilizando materiais e tecnologias construtivas de baixa
padrão, sem pensar na qualidade de vida das pessoas e no bem-estar social.

Todavia, existem alguns projetos de habitação social no Brasil e no Mundo que


possuem qualidades arquitetônicas interessantes e que iremos discutir ao longo da
disciplina.

Com relação ao produto final, você desenvolverá o projeto da habitação social (HIS),
com base em um programa de necessidades pré-determinado, na metodologia e nas
referências de projetos residenciais. O objeto projetual deverá atender aos aspectos
técnico-construtivos formais e funcionais; norma de acessibilidade (NBR 9050) e
adequações de ergonomia e antropometria; desenho universal; e conceitos de
conforto ambiental.

O projeto deverá ser inserido no meio urbano atendendo a legislação de uso e


ocupação do solo (LUOPS), vigentes no município em questão, na cidade de São Paulo.

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O produto final resultará nas seguintes peças gráficas: propostas de implantação com
definição de acessos; circulações horizontal e vertical; proposta paisagística (indicação
de espécies vegetais, massas arbóreas, caminhos e circulações permeáveis e
impermeáveis); plantas dos pavimentos; e cortes e elevações para melhor
entendimento do projeto final.

1.1 Histórico da Habitação Social no Mundo

Neste momento falaremos sobre parte histórica da habitação social no mundo.


Primeiramente, entenderemos o significado do termo Habitação de Interesse Social
(HIS). Trata-se de um conjunto de iniciativas, que pode ser tanto de origem pública ou
privada, que tem como objetivo facilitar o acesso à moradia da população de baixa
renda. As pessoas que se enquadram nesse contexto social, tem maior facilidade de
pagamento e aquisição do imóvel HIS.

A partir do século XIX, na Europa, surgem as primeiras intervenções no âmbito


habitacional, são as vilas e cidades operárias, ações não-governamentais, mas sim
filantrópicas. Em 1825, um grupo de industriais ingleses criou um conjunto de vilas
operárias na região das cidades de Bradford, Halifax e Leeds. Outro exemplo
semelhante ocorreu na cidade de Berlim, em 1847, promovendo habitação em bases
cooperativas semelhantes, eram consórcios cooperativos chamados building societies.
É importante ressaltar que a maioria operária vivia em condições muito precárias de
habitação, os slums (cortiços – vide figura abaixo) de Londres, com altas densidades,
sem nenhuma qualidade sanitária, causando muitas doenças e condições insalubres.
Isso ocorre nos Estados Unidos e em outros países da Europa também.

“A maior parte da população de baixa renda das cidades industriais do capitalismo


nascente, abrigavam-se em precárias moradias produzidas ou adaptadas pelo pequeno
capital rentista” (DA SILVA, 2008).

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Por volta do final do século XIX e na virada no século XX, evoluía o pensamento da
necessidade da produção de moradias para a população carente, tanto nos Estados
Unidos quanto na Europa. Surgem as políticas públicas no setor da habitação. Crescia o
pensamento da necessidade de produção de moradias, diretamente ligada às ações
de pôr um fim aos cortiços, bem como situações precárias de moradia, e propor a
qualidade de vida e bem-estar social das pessoas através da implementação de um
sistema de saneamento adequado.

1.2 O impacto da Revolução Industrial na Habitação Social

As diversas ocorrências como a difusão das cidades industriais, o grande fluxo


migratório para as cidades e a mudança nas políticas econômicas mundiais desde o
século XVIII, através da transição do capitalismo comercial para o Industrial,
delinearam a vida urbana caótica nas grandes aglomerações urbanas da Europa.

Dessa forma, transformou o estilo de vida de sua população através da transferência


de valor da terra como produto e não mais um bem permanente, conduzindo tais
fatores ao cenário de completa desordem e a falta de salubridade da vida urbana.

A crise da cidade industrial era uma questão emergencial que atingia as diversas
classes. A condição das cidades industrias era insustentável. Não era mais possível
continuar mantendo as classes operarias sob conformações de habitabilidade tão
precárias, entretanto a economia liberal não favoreceu a construção habitacional
neste período.

Este fato culminou para que surgissem movimentos revolucionários na arquitetura, os


chamados Utopistas, Robert Owen, Charles Fourier estipulavam números limitados de
habitantes em suas propostas de cidades. Do mesmo modo, Ebenezer Howard e seu
conceito de cidade-jardim, estabeleciam uma solução mais autossustentável com as
mesmas limitações de adensamento populacional assim como Garnier no início do
século XX.

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Com o advento da Revolução Industrial, houve o inchamento dos centros urbanos


(Londres), as cidades cresceram sem um planejamento urbano adequado,
consequentemente, o direito à moradia digna também sofreu com isso. Essa
conjuntara de fatores resultou em mudanças no uso do solo e na paisagem urbana.

Na Inglaterra e na Alemanha, foi depois da primeira guerra mundial que as autoridades


públicas se sentiram pressionadas e caminharam em direção a um novo modelo de
políticas sociais.

Os programas voltados à produção em massa de moradias concentram-se no período


do entreguerras. Surgiram vários programas governamentais alemães de produção de
habitação social, mas, dentre eles, as experiências de Berlim e de Frankfurt foram as
mais importantes. Havia, na Alemanha, um pensamento muito claro da necessidade de
uma política de socialização dos terrenos e da indústria da construção para garantir
um controle sobre os processos de especulação imobiliária.

O primeiro projeto de HIS surgiu no período da Primeira Guerra Mundial, em 1909, na


cidade de Helsinki, na Finlândia.

Após a Segunda Guerra Mundial, com a devastação das cidades, muitas pessoas foram
prejudicadas, ficaram sem suas moradias e precisavam se abrigar devido a esses
conflitos. Os projetos de habitação social ganharam força tanto na Europa quanto nos
Estados Unidos. As características desses projetos voltados ao Interesse social eram
que os materiais construtivos eram mais acessíveis e as técnicas construtivas
racionalizadas, ou seja, eram erguidas muito rapidamente. A Revolução Industrial
muito contribuiu para a racionalização das construções. As cidades também
precisavam se reestabelecer, pois encontravam-se destruídas pela Guerra.

Um exemplo emblemático de habitação social na Europa, marco da arquitetura


moderna é a Unite d´Habitacion de Marselha, projeto de Le Corbusier que foi erguida
no século XX. A obra foi uma das mais importantes do arquiteto modernista.

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1.3 Histórico da Habitação Social no Brasil

A partir do século XIX, devido a diversos fatores como a abolição da escravatura e a


revolução industrial que aumentaram a migração do campo para as cidades e,
consequentemente, resultaram no crescimento da população nos grandes centros
urbanos. Entretanto, houve uma falta de preocupação com questões de salubridade e
moradia, resultando na ausência de uma oferta de habitações populares adequadas de
baixo custo, ocasionando, por exemplo, no centro de São Paulo, no surgimento dos
cortiços e pombais. A tabela abaixo, retirada do livro “Origens da habitação social no
Brasil” mostra o crescimento da população na cidade de São Paulo em diversos
bairros.

Tabela 1.1 - População na Cidade de São Paulo por distritos (1886 – 1990)

Distritos 1872 1886 1890 1893 1900


Sé 9213 12821 16395 29518
Santa 4459 11909 14025 42715
Ifigênia
Consolação 3357 8269 13337 21311
Brás 2308 5998 16807 32387
Núcleo 19337 38997 60554 125931
urbano
Núcleos 3906 5033 4370 4844
isolados
(Penha, N.
Sra. Do Ó e
São Miguel)
Total 23243 44030 64934 130775 239820
Crescimento 5% 11% 28% 9%
anual no
período

Fonte: MOISÉS 1970 apud BONDUKI, 2017

Cidade de São Paulo – região central e a concentração da população por região. O


Crescimento anual de 14% deu início ao processo de desencadeamento da primeira
crise de habitação.

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A construção de vilas operarias se deu, em 1880, por industrias, empresas de


mineração, companhias ferroviárias e empresas imobiliárias. O Estado só passou a
atuar na implementação da habitação social a partir do século XX, em 1920.

Em 1923 a Lei Elói Chaves deu origem às Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs).
A previdência social no Brasil deu seus primeiros passos em 1923. A Lei Eloi Chaves
criou as Caixas de Aposentadorias e pensões (CAPs), que eram organizadas por
empresas e empregados. As CAPs operavam em regime de capitalização, porém eram
estruturalmente frágeis, não haviam muitos contribuintes, outro fator de fragilidade
da CAPs era o grande número de fraudes na concessão de benefícios.

Com a Revolução de 1930, o Decreto 19.469/1930 permite aos fundos de pensão


investir na construção de casas para os associados. Entre os anos de 1930 à 1936
surgem as CAPs. A construção de três conjuntos habitacionais com 576 unidades
habitacionais no Rio de Janeiro para funcionários públicos.

Nos anos de 1933 a 1938 houve a criação dos IAPs (IAPI – Industriários | IAPE –
Estivadores). O Instituto de Aposentadoria e Pensões tem o objetivo de criar um
regime próprio de Previdência Social, para atender os funcionários de cada município.
Os Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPS) foram as primeiras instituições públicas
que investiram na questão habitacional.

Com a criação do Estado Novo, período em que Getúlio Vargas está no poder, nos anos
de 1937 a 1945 (Ditadura do Estado Novo – governo populista), a questão da
habitação passou a receber maior atenção nesse período. Foi no cetro dessas ideias
que o modelo da casa própria ganhou força. Para aceitação desse novo modelo de
moradia proposta pelo atual presidente, o trabalhador pagador de alugueis teria que
ser reeducado para adquirir sua própria casa.

Foram construídas vilas operárias, assim como favelas e cortiços foram desocupados
em nome da salubridade, principalmente em Salvador e Rio de Janeiro.

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Em 1946, Eurico Gaspar Dutra criou a Fundação da Casa Popular (FCP), com o objetivo
de centralizar a política pública de habitação, destinando-se, principalmente, ao
financiamento da construção das habitações e que previa estudos e publicações de
catálogos com informações sobre barateamento de imóveis a fim de criar padrões de
construção acessíveis.

Em 1937, De acordo com Nabil Bonduki, O início, em larga escala, da produção de


conjuntos habitacionais pelo Estado, das carteiras prediais dos Institutos de
Aposentadoria e Pensões (IAPs), seguida pela instituição da Fundação da Casa Popular,
em 1946, foi uma iniciativa relevante dos governos populistas no sentido da habitação
social.

A primeira Lei do Inquilinato surge em 1921 e estabelece no contrato de locação


diversas regras e obrigações, onde o locatário passa a ter responsabilidades junto ao
regimento do condomínio. Até meados dos anos 1920, a relação morador e inquilino
era regido pelas regras do Código Civil, não haviam critérios padronizados com relação
ao valor do aluguel, tendo o locatário que aceitar as imposições do proprietário.

Tanto os IAPs quanto o FCP se caracterizaram por uma política pública fraca e
incompleta, com relação ao intento da moradia popular. Pois somente os
trabalhadores associados tinham o direito de financiar um imóvel ou um terreno,
ficando a população de mais baixa renda sem direito à aquisição desse processo.
Somente eram merecedores desse programa, os trabalhadores vinculados, associados
aos sindicatos, que tinham carteira assinada.

No campo da Arquitetura e Urbanismo, as ideias dos Congressos Internacionais de


Arquitetura Moderna (CIAM), da Cidade Jardim e as experiências europeias no campo
habitacional foram bastante difundidas nesse período, outro fator a ocorrência da
Semana de Arte Moderna de 22. O movimento modernista influenciou a arquitetura
moderna e foi responsável por formular diretrizes para a habitação social no Brasil.

Alguns exemplos de projetos de habitação social que ocorreram no Brasil:

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O Conjunto Habitacional do Pedregulho, no Rio de Janeiro, de Affonso Eduardo Reidy,


1930, foi projetado para abrigar funcionários públicos, está localizado no bairro São
Cristóvão, Rio de Janeiro.

Outro exemplo é o Edifício Japurá, localizado em São Paulo. O projeto foi elaborado
em 1940 pelo arquiteto Eduardo Knesse de Mello. Em um local antes ocupado pelo
maior conjunto de cortiços da região central de São Paulo. Foram empregados de
forma pioneira os princípios da “unité d’habitation” de Le Corbusier, como modelo
para a habitação vertical de interesse social.

O projeto se destaca como uma proposta modernista pioneira de ocupação e


habitação vertical em São Paulo, no âmbito do processo de modernização da cidade e
do país na segunda metade do século XX.

O Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães (Guarulhos), projetado em 1967, pela


Companhia Estadual de Casas para o Povo (CECAP) é um exemplo de produção de
habitação social financiado com recursos do BNH. O Conjunto foi projetado pelos
arquitetos João Villanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha.

O problema habitacional no Brasil é grande, mas existem instrumentos para amenizar


o problema, para isso, é importante fazer um balanço dos prós e contras de modelos
anteriormente implantados e, consequentemente, analisar bons exemplos
implementados em outros países.

1.4 Conjunto Habitacional Contemporâneo

Um dos principais aspectos considerados refere-se às alternativas ao modelo periférico


de habitação. Os terrenos mais distantes ocasionam o custo mais baixa da terra, sem
infraestrutura adequada, portanto ocorre uma ocupação desordenada e sem
planejamento urbano adequado.

Algumas das propostas se localizam em vazios urbanos em regiões centrais,


caracterizadas pela existência de infraestrutura, mas que, ao longo dos anos, sofreu
com o esvaziamento do centro para regiões periféricas e por processos de
deslocamento de atividades econômicas e, consequente, falta de manutenção do
patrimônio construído. São áreas em que o encortiçamento é intenso, representando
ainda alternativa de moradia possível para famílias de baixa renda.

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1.5 Habitação Brasileira no século XXI

Segundo Bonduki (2014), no início dos anos 2000 o direito a habitação é ampliado
constitucionalmente como direito social. Conseguinte, no ano de 2001 surge o
Estatuto da cidade, norma que regula a ordem pública, assim como uso de
propriedade urbana em beneficio comum.

Neste âmbito, surge o “Projeto moradia”, nos anos 2000, proposto pelo Instituto Lula,
com o fim de ampliar o acesso ao credito e baratear a produção habitacional.

A nova política abriu espaço para programas como o Programa de Aceleração do


Crescimento (PAC), criado em 2007 com intuito de planejar e executar grandes obras
de infraestrutura no Brasil e fazer crescer a economia juntamente com a melhora das
condições sociais, principalmente nas áreas de habitação e saneamento básico.

Além do PAC, surgiram o Programa Minha Casa Minha Vida em 2009, e o Fundo
Nacional de Habitação de interesse Social em 2006.

Conclusão

Neste bloco nós discutimos questões pertinentes a história e evolução da habitação


social no Brasil e no mundo.

O primeiro período do século XX compreende grandes marcos históricos que


culminaram para o início do movimento moderno e a produção habitacional
multifamiliar. Após o fim da primeira guerra mundial em 1918, os projetos
considerados utópicos idealizados para a resolução dos problemas da cidade industrial
serviram como base para fundamentação e organização da reconstrução das cidades.

A guerra possibilitou que o nível de intervenção espacial fosse mais abrangente, os


novos movimentos se fundiam com a racionalização que demandava o período de crise
econômica. Surgem os CIAMs em 1928 que compreendiam arquitetos tentando buscar
e estabelecer padrões de unidade construtiva em comum.

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Este período contribui para a formulação e execução de conceitos de habitação


mínima, especialmente na Alemanha e Áustria que foram os países mais afetados na
guerra.

Le Corbusier teve grande influência nos CIAMs, e as suas propostas da “máquina de


morar” e propostas urbanísticas com a Carta de Atenas, tem extrema importância na
reconstrução das cidades.

REFERÊNCIAS

BONDUKI, N. Origens da habitação social no Brasil: Arquitetura moderna, lei do


inquilinato e difusão da casa própria. 7. ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2017.

DA SILVA, L. O. Primórdios da habitação social: as experiências do entreguerras na


Europa e Estados Unidos. Arquitextos, São Paulo, ano 09, n. 097.05, Vitruvius, jun.
2008. Disponível em: <https://bit.ly/3lSLnwz>. Acesso em: 1 out. 2020.

RUBANO, L. M. Habitação social: temas da produção contemporânea. Arquitextos, São


Paulo, ano 08, n. 095.07, Vitruvius, abr. 2008. Disponível em: <https://bit.ly/2VRNXIl>.
Acesso em: 7 dez. 2020.

RUBIN. G. R.; BOLFE, S. A. O desenvolvimento da habitação no Brasil. Revista do


Centro de Ciências Naturais e Exatas, v. 36, n. 2, mai-ago. 2014, p. 201–213.
Disponível em: <https://bit.ly/37HPrKR>. Acesso em: 3 out. 2020.

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2 METODOLOGIA DO PROJETO ARQUITETÔNICO


Apresentação

A metodologia e o planejamento arquitetônico envolvem dois conceitos importantes.


O primeiro é o de que projetar é o ato de idealizar algo a ser feito. E o segundo
conceito é de que o projeto é um documento demonstrativo desse algo idealizado que
será mostrado a um possível cliente.

Na arquitetura, projetar significa idealizar o edifício a ser construído. E projeto


representa o documento explicativo do que deve ser o edifício idealizado. Portanto, o
projeto é o produto do ato de projetar. O projeto se compõe de diversas etapas e
documentos finais, são eles: plantas, cortes, elevações, maquetes volumétricas, etc.,
contendo os desenhos do edifício.

O ato de projetar pode parecer uma tarefa árdua e complicada, mas é possível
alcançar essa síntese criativa aprendendo a percorrer o caminho, do começo ao fim, a
partir da coleta e análise de informações até a fase criadora, quando as condições
adequadas à explosão da síntese de ideias criativas surgem.

O caminho a percorrer é o meio por onde se estrutura o quadro referencial dos


requisitos indispensáveis à elaboração do partido arquitetônico, estabelecendo-se as
regras, os parâmetros, as variáveis, enfim, com as quais a mente criativa trabalha, em
um campo de referências concretas, para alcançar o ato criador.

Fazendo uso de referências projetuais, segundo um ordenamento sequenciado e


consequente, etapa por etapa, passo a passo, em um processo evolutivo do
pensamento, chega-se ao ato criar o partido arquitetônico.

O planejamento arquitetônico é desencadeado pelo tema. Por exemplo, quando o


projeto é de uma escola, significa dizer que a finalidade especifica do edifício é a de
conter uma instituição educacional. Escola é o tema arquitetônico do projeto. O tema
é, no planejamento arquitetônico, a essência do projeto. Todo projeto aborda um
tema.

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Mas a temática arquitetônica é muito variada. Ela deve ser tão ampla quanto a
variedade das atividades humanas na sociedade. Nesta disciplina, abordaremos o tema
da habitação, voltada à habitação de interesse social.

2.1 Conceito Criativo

A palavra criatividade, segundo o dicionário Aurélio, significa qualidade de criador.


Criador é quem cria, e criar é dar existência a algo, tirar algo do nada, dar origem,
produzir, inventar, imaginar. No dicionário, a palavra indica que o termo não designa
uma qualidade especial que distingue um criador dos outros.

Projetar um edifício é, em sua essência, o ato de criação que nasce da mente de uma
determinada pessoa, o projetista. É fruto da imaginação criadora, da sensibilidade do
autor, de sua percepção e intuição própria. Projetar é resultado do pensamento.
Sendo assim, é algo de difícil controle, interferência e ordenamento.

O conceito criativo deve estar na veia do processo projetual do arquiteto, assim como
dos vários segmentos de profissões que trabalham com a expressão artística criativa.

Dizemos que criatividade é a ação de criar, de dar vida, inventar, descobrir algo. A
criatividade está associada à liberdade, para criarmos precisamos de um ambiente
conservador, repressor, pois nada contribui para a ação criativa.

A natureza da criatividade está em ser revolucionária e envolve um comprometimento


muito sincero entre o eu e suas representações para gerar a criação.

Projetar em arquitetura é um ato criativo de síntese, ou seja, um resultado do


processo de mentalização no qual se conjugam variáveis previamente estudadas para
obter o resultado final, que é o projeto arquitetônico.

Partindo desse raciocínio, admitimos que é possível estabelecer uma ordem de


procedimentos que são capazes de alimentar a mente do arquiteto com estímulos
para a realização e um determinado trabalho criativo.

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A atividade criativa é, por essência, a solução de problemas. A criatividade só é


expressa face a um problema real. Simplesmente não há criatividade sem problema
referente. Assim, a pessoa que irá criar ou o artista, em arquitetura, se revela como
um modo de resolver, através de questões estéticas, como da forma, os problemas
práticos que definem um dado problema arquitetônico.

A criatividade em arquitetura está em resolver problemas específicos por meio da


síntese formal do programa, do lugar e da técnica, resultando em objetos dotados de
identidade formal intensa, a qual deriva do emprego de critérios tais como a economia
de meios, o rigor, a precisão, a universalidade e a sistematicidade.

2.2 Partido Arquitetônico

Denomina-se partido arquitetônico a ideia preliminar do edifício projetado.

A ação de projetar é denominada planejamento arquitetônico e está organizada nas


seguintes etapas:

• A primeira etapa - Coleta e análise das informações básicas e de natureza físico-


ambiental;

• A segunda etapa - Do planejamento, a do ato criador, o partido arquitetônico;

• A terceira etapa - É a parte final, o projeto arquitetônico.

A primeira etapa visa dotar o arquiteto dos dados teóricos necessários à adoção do
partido. É o estabelecimento das regras do jogo, do uso dos parâmetros, da
manipulação das variáveis. As informações dessa etapa são as de natureza conceitual,
referentes às variáveis teóricas, de conceito.

Na primeira etapa, de natureza físico-ambiental, são estudadas as variáveis do terreno


a ser utilizado. Os dados dessa etapa são obtidos de diversos modos como, por
exemplo por meio da discussão com o cliente; pela pesquisa de dados referentes ao
assunto obtidos em referências bibliográficas; por meio de discussão e consulta com
especialistas; pela visita a edificações similares; pela escolha do terreno; topografia;
orientação quanto ao sol; orientação quanto aos ventos; os acessos; a conformação do
relevo; as relações com o entorno; a legislação pertinente, etc.

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A segunda etapa do planejamento, a do ato criador, é a que enseja transpor para o


papel, na linguagem própria do desenho, a solução arquitetônica correspondente à
formulação conceitual do projeto. Esta etapa é denominada etapa do partido
arquitetônico, da síntese criadora. Esta etapa está explicada como a formulação da
ideia básica, preliminar do projeto.

A terceira e última etapa do planejamento é a parte final do projeto arquitetônico.


Seria a etapa do desenvolvimento da ideia expressa no partido, produzindo o projeto
executivo. É a etapa de consolidação de diversas variáveis envolvidas. Nesta etapa, as
informações devem ser definidas com precisão para atender às exigências da execução
da obra, todas as questões suscitadas pelas variáveis envolvidas no partido.

Idealizar um projeto requer dois procedimentos:

1. A resolução de escolha, dentre inúmeras alternativas;

2. A ideia escolhida para resultar no projeto.

O partido se constitui na representação gráfica dessa ideia preliminar do edifício,


expressa na linguagem própria do desenho arquitetônico. O partido arquitetônico é a
expressão de ideias.

2.2.1 A adoção do partido

A adoção do partido arquitetônico é, em síntese, o trabalho de processar as


informações básicas, imaginar a ideia preliminar do projeto e expressá-la em uma
forma perceptível através do desenho.

A adoção do partido pode nascer de uma ideia dominante em uma interpretação


direta do tema como uma resposta arquitetônica ao desafio feito ao projetista,
decorrendo desta ideia todas as demais ideias do projeto.

A concepção do projeto requer a tomada de inúmeras decisões, as quais são chamadas


de decisões de projeto.

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É importante salientar que projetar é um continuo exercícios de tomada de decisões. A


decisão de projeto tem seu papel no contexto das ideias dominantes. A decisão sobre
o número de pavimentos é uma delas e pode ser tomada previamente ao
planejamento arquitetônico. Deve-se levar em conta as questões de ordem estética,
como a forma do edifício, a volumetria, as relações de proporção entre suas partes, as
relações entre cheios e vazios. Existem também as questões de ordem tecnológicas
que podem exercer papel de ideias dominantes. Elas são a tecnologia adotada, o
sistema estrutural, a cobertura adotada etc.

As ideias dominantes podem ser um conjunto de ideias originarias desses diversos


aspectos considerados. São referências ideológicas do projeto.

2.3 Diagramas Analíticos

Diagrama é um esquema, uma representação gráfica de fatos ou ideias. O diagrama


arquitetônico representa com formas simples, todo o conceito do projeto.

É uma importante ferramenta para o entendimento do conceito do projeto, muitas


vezes é mais interessante o uso de diagramas do que maquetes volumétricas,
perspectivas eletrônicas, etc.

Existem dois tipos de diagramas. O descritivo e o analítico. O diagrama descritivo é


mais objetivo, geralmente explica a configuração da forma e estrutural espacial de um
determinado projeto. No caso do diagrama analítico, faz uso da subjetividade, ou seja,
são interpretações da configuração espacial do projeto.

• Diagrama Descritivo - Ao analisarmos um estudo de caso, ou seja, um projeto


arquitetônico, primeiramente, devemos descreve-lo quanto a sua estrutura
espacial e funcional, geralmente analisando o material gráfico plantas, cortes,
elevações. Deve-se analisar as peças gráficas, levantar e identificar alguns
aspectos funcionais como os acessos, circulações, setorização, etc. Com relação
à morfologia, ou seja, identificar a forma como o projeto se dá, por exemplo, se
é um bloco de única torre, ou de várias, se é composto por uma lâmina, bloco
aberto, verticalizado ou mais baixo com relação ao gabarito de altura, etc.

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• Diagramas Analíticos - A análise dos diagramas depende de cada projeto


estudado. Identificar o espaço social do espaço íntimo e do espaço coletivo.
Pode ser feito um diagrama de intimidade, com relação aos espaços e o grau de
privacidade que é necessário para cada ambiente ou setor. Traçar linhas de
visadas ou cones visuais, diagramados em plantas ou em cortes. Existem os
diagramas climáticos, com relação à orientação e percurso solar, estudar a
incidência dos raios solares e projeção de sombras nas diferentes estações do
ano.

Neste bloco utilizaremos um pouco dos conceitos dos diagramas para a análise de um
estudo de caso pertinente ao nosso tema projetual, trata-se de habitação social. Segue
a Apresentação do estudo de caso: Edifício de Habitação Jardim Edite, localizado em
São Paulo/SP.

2.4 Conjunto Habitacional do Jardim Edite - MMBB Arquitetos + H+F Arquitetos

Ficha técnica do projeto:

Áreas:

Área total construída de 25.500 m²

252 Unidades Habitacionais de 50 m² cada.

Restaurante Escola tem 850 m²

Unidade Básica de Saúde tem 1300 m²

Creche tem 1400 m²

Ano do projeto= 2010

Localização – Av. Roberto Marinho, São Paulo

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O conjunto Habitacional do Jardim Edite foi projetado para ocupar o lugar da favela
que tinha o mesmo nome, localizado na Zona Sul de São Paulo. Próximo a uma área
nobre, Avenida Berrine, é um dos pontos mais significativos para o recente
crescimento do setor financeiro e de serviços de São Paulo (VADA, S.D.)

A fim de garantir a integração do conjunto de habitação social à uma vizinhança bem


diversificada, o projeto é caracterizado pela verticalização do edifício, tendo um
programa de necessidades voltado à habitação, mas no embasamento o uso é
diversificado.

O programa conta com três equipamentos públicos, o Restaurante, a Unidade Básica


de Saúde (UBS) e a Creche. Orientados tanto para a comunidade moradora como para
o público das grandes empresas próximas, inserindo o conjunto na economia e no
cotidiano da região (VADA, S.D.).

A cobertura desses equipamentos, como um térreo elevado do condomínio


residencial, interliga todos os edifícios habitacionais em cada quadra, conferindo a
convivência dos moradores.

Saiba mais

Para ver mais detalhes da obra como fotos, detalhes da planta e uma descrição mais
aprofundada do projeto acesse a página a seguir:

<https://bit.ly/37N5qau>

Pontos positivos observados no Projeto HIS Jardim Edite:

• Permitiu que toda a população anterior ao projeto fosse remanejada ao local;

• Proporcionou novas formas de convívio aos moradores de conjuntos


habitacionais coletivos, destinando áreas privativas aos condôminos e áreas de
acesso a todo público externo, integrando a cidade ao projeto.

• Proporcionou diversas opções de tipologias residências a população com


distintas necessidades;

• Aderiu ao projeto de habitação diversos equipamentos solicitados pela


população remanejada.

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2.5 Conjunto Habitacional Heliópolis Gleba G - Biselli + Katchborian Arquitetos

Ficha Técnica do Projeto:

• Arquitetos: Biselli e Katchborian


• Ano: 2011
• Área construída: 31.329,00 m²
• Tipo de projeto: Habitação de interesse social
• Operação projetual: Intervenção
• Materialidade: Tijolo e Vidro
• Estrutura: Concreto
• Localização: São Paulo, Brasil

O projeto do Conjunto Habitacional Heliópolis Gleba G apresenta desníveis naturais da


geografia do lugar, o que permitiu a construção de 8 pavimentos sem o recurso a
elevadores, com acessos em diversos níveis e em conformidade com a legislação de
subida máxima.

Por este motivo, o projeto demandou a construção de um conjunto de passarelas-


pontes de conexão entre blocos que permitiram o aproveitamento máximo dos
coeficientes de construção.

A própria configuração das unidades habitacionais produz uma volumetria de ritmo


singular que leva à interpretação do conjunto arquitetônico como uma série de
edifícios independentes, o que é reforçado pelo uso da cor.

Saiba mais

Para ver mais detalhes da obra como fotos, detalhes da planta e uma descrição mais
aprofundada do projeto acesse as páginas a seguir:

<https://bit.ly/33UPK3V>

<https://bit.ly/3lYS6Vs>

20
,

Conclusão

Neste bloco foi possível analisarmos dois estudos de caso. O conjunto habitacional
Jardim Edite e o conjunto habitacional Heliópolis Gleba. O estudo de ambos deve atuar
de maneira significativa como referência projetual arquitetônica. No âmbito da
concepção habitacional coletiva. Através das análises dos estudos de caso, constatou-
se os principais componentes que poderão servir de referência ao se projetar a
habitação de interesse social.

REFERÊNCIAS

HELM, J. Conjunto Heliópolis Gleba G / Biselli + Katchaborian Arquitetos. Archdaily,


S.D. Disponível em: <https://bit.ly/3lYS6Vs>. Acesso em: 8 dez. 2020.

KATCHABORIAN, A. BISELLI, M. Conjunto Heliópolis Gleba G. Vitruvius, 172.01,


Habitação de Interesse Social, ano 15, abr. 2015. Disponível em:
<https://bit.ly/33UPK3V>. Acesso em: 8 dez. 2020.

MAHFUZ, E. O Mito da criatividade. Disponível em: <https://bit.ly/33WEBQ3>. Acesso


em: 7 out. 2020.

NEVES, L. P. Adoção do partido na arquitetura. Centro editorial e didático da UFBA,


1989.

VADA, P. Conjunto habitacional do Jardim Edite / MMBB Arquitetos + H + F


Arquitetos. Archdaily, S.D. Disponível em: <https://bit.ly/37N5qau>. Acesso em: 8 dez.
2020.

21
,

3 CONDICIONANTES DO PROJETO ARQUITETÔNICO

Apresentação

Neste bloco serão apresentados os condicionantes do projeto de habitação de


interesse social (HIS). Falaremos sobre o local em que o terreno está inserido,
características do local, mapa de uso e ocupação do solo, equipamentos que o local
possui, etc.

Falaremos também sobre as condições naturais do local, como topografia e hidrografia


da área.

Discutiremos uma proposta de programa de necessidades que poderá ser tomado


como base para elaborar o seu projeto de habitação social.

No item Legislação Edilícia e normas da Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS).

3.1 Condicionantes Naturais

O terreno está localizado no município de São Paulo, na região de Santo Amaro. A


Subprefeitura regional responsável pela área é a Subprefeitura de Santo Amaro.

O Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (PDE) (Lei Nº 16.050/14), a


Subprefeitura Santo Amaro está contida no vetor de urbanização sul, na Macrozona de
Estruturação e Qualificação Urbana, que tem como objetivos a promoção da
convivência mais equilibrada entre urbanização e conservação ambiental, a
compatibilidade do uso e ocupação do solo com a oferta de sistemas de transporte
coletivo e de infraestrutura para os serviços públicos.

Terreno Sugerido para Proposta Projetual:


Endereço: Av. Padre José Maria, Bairro Santo Amaro, São Paulo - SP (em frente ao
terminal rodoviário de Santo Amaro).
Subprefeitura Regional de Santo Amaro
Área total do terreno = 16.404,00 m²
Área do terreno selecionada para projeto de HIS = 4.000,00m²
ZEIS – 3 – Zona Especiais de Interesse Social

22
,

3.2 Histórico de Santo Amaro

Santo Amaro foi declarado bairro da cidade de São Paulo apenas em 1935, até então
era município. O município abrangia todo o território que ficava ao sul do Córrego da
Traição, hoje em dia canalizado e parte da Avenida dos Bandeirantes, estendendo-se
até a Serra do mar (ESCUDEIRO, 2016).

Terminal de ônibus de Santo Amaro

O terminal Santo Amaro (ônibus) possui uma área total de 51 mil metros quadrados e
capacidade para atender 175 mil passageiros por dia. No mesmo complexo está
localizada a estação Metro ferroviária atendida pelas linhas 5–Lilás e 9–Esmeralda,
localizada no distrito do Jardim São Luís (na Linha 5–Lilás) e no distrito de Santo
Amaro (na Linha 9–Esmeralda), na Marginal Pinheiros.

Saiba Mais

Explore a região do projeto no Google Maps e Google Street View. Apenas digite o
endereço “Av. Padre José Maria, 545 - Santo Amaro, São Paulo - SP, 04753-060"
nocampo de pesquisa que pode ser acessado pelo link a seguir:

<https://www.google.com.br/maps/@-23.6699129,-46.7381877,15z>

3.3 Setorização

O programa de necessidades será dividido em três setores, são eles:

• Setor de interesse habitacional;

• Setor de integração e convivência;

Setor de Interesse Habitacional

É o setor que compreende as necessidades de intervenção habitacional do local. A


cidade de São Paulo apresenta um alto grau de habitações precárias.

23
,

Setor de Integração e convivência – áreas livres

Este setor está amplamente atrelado aos outros. É responsável pela conexão das áreas
de permanência, passeio urbano e demais usos específicos destinados à área que
integra a questão da consciência ambiental (por meio do paisagismo) que se faz
necessária a todo o território.

Está voltado a um equipamento (Serviços e comercio ou Saúde, Cultural, educacional).

Os projetos de habitação de Interesse social (HIS) geralmente são pensados


juntamente a um equipamento, sendo ele, atividades comerciais, pequenas lojas,
padaria, minimercado ou serviços. Podem ser da área da saúde, por exemplo, uma
Unidade básica de saúde (UBS) ou cultural (espaços multiusos para atividades
educacionais e culturais, por exemplo, oficinas de artes, dança, teatro, etc.).

3.4 Programa de Necessidades

Antes de falar do programa, é importante entender que as metragens quadradas das


unidades habitacionais seguem regras/parâmetros fixos (para HIS e HMP, área útil
entre 24 e 70m2) e número de sanitários máximos de 1 para HIS e 2 para HMP.

Com relação ao sistema estrutural, normalmente é bastante comum utilizar alvenaria


estrutural. A adoção deste tipo de estrutura requer conhecimento técnico para a
adoção da correta modulação de vãos, mas o aluno terá a liberdade de criar e escolher
o seu próprio sistema estrutural do projeto de HIS.

Programa Global

Setor habitacional:

• Habitação – Podendo ser três tipologias habitacionais:

1. Unidade de habitação com metragem mínima de 25 m² (1


dormitório, sala, cozinha, banheiro, área de serviço);

2. Unidade de habitação com metragem 50m² (sala, 2 dormitórios,


1 banheiro, cozinha, área de serviço);

24
,

3. Unidade de habitação com metragem 65m² (sala, 3 dormitórios,


1 banheiro, cozinha, área de serviço);

4. Incentiva-se a variação de tipologias: blocos edificados de até 4


pavimentos (térreo mais 3 pavimentos).

• Serviços – Pequenos espaços para atender serviços como por exemplo


chaveiro, lavanderia, consertos em geral etc.

• Comércio – pequenas lojas para suprir os moradores do HIS como por exemplo
padaria, minimercado, lojas de pequeno porte, papelaria, etc.

Setor de Integração e convivência:

Áreas livres verdes – propor horta comunitária, paisagismo, quadras, espaços de


brincar, parquinho, área para caminhada, praça. Setor voltado a um equipamento
(Serviços de comercio, saúde, cultural ou educacional):

3.5 Legislação Edilícia e normas da Lei de Uso e Ocupação do Solo - LUOS

No Município de São Paulo, que é o local da área projetual escolhida, o Decreto 56.759
de 7 de janeiro de 2016 estabelece normas específicas a serem seguidas por este tipo
de projeto, segundo as diretrizes do Plano Diretor de 2014.

O número de unidades habitacionais por lote possui um limite de 300 (podendo chegar
a 500 se for atender o Programa “Minha Casa Minha Vida” e devidamente justificado
em projeto.

Além do Decreto 56.759:2016, devem ser seguidas todas as demais legislações


inerentes aos demais temas de Projeto: Plano diretor atualizado (2018), Zoneamento
(2016), Código de Obras (2017), NBR`s (em especial as NBR 9050 e NBR 15.575).

25
,

Uso e Ocupação do Solo

Na região de Santo Amaro o uso e ocupação do solo é bastante diversificado, com


predominância de áreas de uso misto, extensas áreas de uso estritamente residencial,
áreas de centralidade e áreas de uso industrial em transformação ao longo dos eixos
da Marginal do Rio Pinheiros e do Canal Jurubatuba.

É nesse setor que se verifica a potencialidade de instalação de comércio e serviços de


grande porte, com acesso regional e metropolitano, seja pela presença de terrenos
com dimensões propícias a grandes empreendimentos, seja pela acessibilidade
facilitada com a existência de eixos viários, transposições e sistema de transporte
ferroviário. Apresenta, também, áreas ocupadas por clubes esportivos sociais e de
campo, integrantes do Sistema de Áreas Protegidas, Áreas Verdes e Espaços Livres.

26
,

Figura 3.1 - Mapa de Equipamentos

Fonte: Adaptado de São Paulo, S.D.

Figura 3.2 - Mapa de Zoneamento da região de Santo Amaro - Destaque para ZEIS-3,
parte do terreno escolhido

27
,

Fonte: Adaptado de São Paulo, S.D.

Dos parâmetros urbanísticos:

Quadro 3.1 - Parâmetros de ocupação, exceto de quota ambiental

Fonte: São Paulo, S.D.

a. CA = considerar o coeficiente de aproveitamento entre 2 e máximo 4,


conforme legislação, tabela acima;

b. TO = 0,70;

c. GABARITO = NA.

28
,

Conclusão

Neste Bloco foi possível discutir a respeito da importância do programa de


necessidades para a elaboração do projeto habitacional.

Foram observadas as demandas de habitabilidade, condições naturais do entorno do


terreno, bem como os equipamentos e infraestrutura do local escolhida para área
projetual.

Foram debatidas as questões pertinentes à legislação que envolve o terreno escolhido,


como uso e ocupação do solo, as diretrizes e parâmetros urbanísticos.

REFERÊNCIAS

ESCUDEIRO, L. A curiosa História do Município de Santo Amaro. São Paulo in foco,


2016. Disponível em: <http://www.saopauloinfoco.com.br/santo-amaro/>. Acesso em:
15 out. 2020.

PREFEITURA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Mapa Digital da Cidade de São Paulo.


Geosampa. S.D. Disponível em: <https://bit.ly/3oOMSOf>. Acesso em: 9 dez. 2020.

PREFEITURA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Parâmetros de ocupação, exceto de quota


ambiental. Gestão Urbana SP. S.D. Disponível em: <https://bit.ly/3m4enkO>. Acesso
em: 9 dez. 2020.

29
,

4 SETORIZAÇÃO DE AMBIENTES

Apresentação

Neste bloco discutiremos as questões funcionais das quais o projeto de habitação


necessita para ser elaborado. Apresentaremos a setorização dos ambientes, divididos
em social, íntimo e de serviço.

Primeiramente, para relembrarmos, o homem desde o primórdio, sempre procurou


uma maneira de se abrigar, seja em busca de proteção, em busca de conforto e ou
com o passar do tempo, em busca de um status.

Ainda nesse momento, o homem primitivo, construía seus abrigos em grutas e


cavernas, que estabeleciam suas primeiras formas de alojamentos. Em locais que não
haviam cavernas, se utilizava folhas de arvores para a cobertura, madeira para a
estrutura. A função das habitações eram as mesmas, por isso possuíam características
semelhantes, buscava-se a proteção contra as intempéries, do vento, do calor, da
chuva, e proteção contra animais selvagens.

Aos poucos as aldeias foram surgindo e as cidades se formando. Com isso, as


evoluções das habitações acontecem à medida em que as diferenças sociais vão
surgindo nos grupos humanos, a moradia também sofre alterações, as casas foram
adquirindo características conforme a classe social de seus moradores.

Até então, não se discutia a questão da setorização em uma habitação, conforme nos
moldes atuais (sala de estar, sala de jantar, cozinha, dormitórios, banheiros, etc.). Com
a evolução das civilizações e culturas, nota-se, por exemplo, na sociedade greco-
romana, as pessoas mais abastadas financeiramente residiam em casas com diversos
cômodos, enquanto a maioria da população mais pobre vivia amontoada em barracos
insalubres nos arredores das cidades.

No período do Renascimento, a classe burguesa criou um padrão de habitação muito


característico da época, sendo o térreo da casa voltado ao comercio, lojas, e no andar
superior o dormitório.
30
,

Com a Revolução Industrial que surgiu na Europa, em meados do século XVIII, mais
especificamente na Inglaterra, e o aumento populacional considerável, cerca de um
acréscimo de 50% no período de 1750 a 1801; alcançando, em 1901, mais de 40
milhões; observa-se a verticalização das moradias e começam a ocorrer
transformações significativas tanto na arquitetura quanto nos modos de construir,
com técnicas modernas e tecnológicas. Todos esses fatores influenciaram o desenho
arquitetônico das casas, as pessoas mais ricas, tinham suas moradias mais luxuosas e
os pobres viviam de forma desigual em cortiços, nas famílias mais simples, as casas não
tinham divisões precisas entre os cômodos.

No período que antecede a Revolução Industrial, a maioria da população vivia no


campo, por isso, existe uma diferença das casas de hoje em dia. As casas rurais eram
grandes, espaçosas, com muitos cômodos, pois as famílias eram numerosas, assim
acomodava-se bem a todos. As técnicas construtivas também eram diferentes, as
paredes eram feitas de adobe, de barro, que era o material mais utilizado nas
construções habitacionais que antecedem o período da Revolução Industrial.

Cada vez mais, as pessoas passaram a viver nas áreas urbanas, o modo de produzir e
viver se tornou mais acelerado, com isso, o aumento populacional nas cidades
explodiu. Muitas mudanças surgiram na vida das pessoas, a jornada de trabalho era
exaustiva, longas, as pessoas pouco ficavam em casas e as cidades não tinham espaço
suficiente para tantas moradias, o que ocasionou na redução do tamanho das
residências.

Foi nesse período que surgiram os primeiros prédios, com o avanço das técnicas
construtivas, ou seja, novos materiais como o aço foi incorporado no cimento,
surgindo o concreto armado.

Outro fator importante que marcou a evolução da moradia foi a invenção do elevador
de passageiros, em 1852. A invenção permitiu a verticalização das moradias.

Surgem os primeiros edifícios altos, os arranha-céus, o que contribuiu para modificar


totalmente a maneira de viver nas grandes cidades.

31
,

A necessidade de construir habitações em grandes quantidades está diretamente


relacionada com o processo de urbanização das cidades e consequente crescimento
populacional. Conforme a sociedade foi se modificando e evoluindo, as moradias
também sofreram essas mudanças. Atualmente as famílias são cada vez menores, o
que resulta em uma planta mais compacta, evidenciando a necessidade de cortar
custos e tornar os imóveis habitacionais mais acessíveis, especialmente ao se tratar de
habitação social.

Os arquitetos do período moderno, tinham como pensamento fundamental, o ato de


conceber uma casa que se tornasse uma ‘máquina de morar’, seguindo o ritmo do
‘século da velocidade’. O pensamento vinha de encontro com o contexto do momento,
alinhado ao período do advento das máquinas.

A arquitetura moderna se concretiza no Brasil com a construção de Brasília (DF).


Devemos destacar a presença da escola carioca, com nomes como Lúcio Costa, Oscar
Niemeyer, Afonso Eduardo Reidy, os irmãos Roberto e muito outros; juntamente com
a escola paulista com nomes como de Joao Villanova Artigas, Rino Levi, Marcelo
Fragelli, Hans Broos, Carlos Bratke, dentre outros. A atuação dos arquitetos foi
relevante e contribuiu de forma significativa para o surgimento de uma arquitetura
típica nacional.

As casas sofrem mudanças radicais. Por exemplo, nas obras de habitação do arquiteto
Villanova Artigas, observamos uma setorização dos ambientes onde a área privativa
fica “isolada” dos demais setores da casa, diferentemente da planta do período
colonial que posicionava este espaço em uma região central da casa, trocando de lugar
com o setor de serviço.

As figuras abaixo mostram duas plantas de tipos de moradias distintos. A primeira


figura mostra a setorização de uma casa colonial. Na segunda imagem, a setorização
de uma residência de Artigas em São Paulo.

32
,

Figura 4.1 - Setorização dos ambientes, na casa colonial e de VIlanova Artigas,


respectivamente

Fonte: ZORRAQUINO, 2006 E NEHME, 2011 apud BITTENCOURT et al, 2017.

O arquiteto emprega o uso dos grandes vãos abertos, utilizando a técnica construtiva
do concreto armado e aparente como material de edificação, o que resulta na
integração dos ambientes da casa, diferentemente da tradição da casa colonial
brasileira.

Como o foco da disciplina é a produção da habitação de interesse social, iremos focar


no estudo e evolução da mesma.

4.1 Os primeiros projetos de Habitação de Interesse Social (HIS)

Surgem as habitações de Interesse social após o período das Guerras Mundiais. As


discussões sobre a habitação foram temas de intensos debates nos Congressos
Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAMs), a partir de 1928. Os CIAMS foram
criados com o intuito de reunir arquitetos preocupados com qualidade física-espacial
das cidades em função da consolidação dos processos industriais, e como estes
poderiam ocorrer em relação à construção de edificações.

O segundo CIAM, que ocorreu em 1929 em Frankfurt, teve como tema à “La Vivienda
para el Mínimo Nivel de Vida”, levantando os fatores pertinentes à concentração em
massa da população, e questões da qualidade de vida e bem-estar social, necessário
para o homem viver bem, com qualidade e dignidade. As temáticas discutidas neste
período na Europa acabaram influenciando a produção de conjuntos habitacionais no
Brasil, sendo alguns princípios incorporados, mas com algumas ressalvas sendo que a
realidade brasileira é diferente da realidade Europeia.

33
,

Durante o II CIAM, foi discutido que, para resolver o problema da habitação mínima,
seria preciso aplicar métodos novos e simples, que permitissem elaborar os projetos
necessários e se prestassem à industrialização. As funções da vida doméstica exigem
espaços compactos, a indústria pode produzir as primeiras máquinas
(eletrodomésticos) em série a baixo custo.

Uma das primeiras propostas de Le Corbusier para unidade habitacional de interesse


social, foi a Unite d´habitation de Marseille, apresentava alguns elementos modulares,
como pisos, colunas, escadas e esquadrias. A partir desses elementos formava-se a
planta livre, permitindo uma variedade de configurações internas e externas e uma
liberdade na orientação. Seu interior seria composto por divisórias leves e por portas e
armários embutidos produzidos em série pela grande indústria.

A Unite d´habitation foi construída em concreto armado aparente, que era o material
mais acessível na Europa pós-guerra. Construída em 1946, abrigava cerca de 1.600
habitantes divididos entre dezoito pavimentos, cada andar possui 58 apartamentos
duplex acessíveis a partir de um grande corredor interno de três andares. Um dos
aspectos mais interessantes e importantes do projeto é a organização espacial das
unidades residenciais. Le Corbusier projetou as unidades para abranger toda a largura
do edifício, bem como ter um espaço de estar com pé-direito duplo, reduzindo o
número de corredores necessários para um a cada três pavimentos.

4.2 A importância do Movimento moderno – A Bauhauss

Nesse momento, com as mudanças na sociedade europeia pós-guerra, surge a


primeira escola de Design do Mundo, a Bauhaus, idealizada pelo arquiteto Walter
Gropius. Walter Gropius, um dos pioneiros da arquitetura moderna, talvez tenha sido
o que mais se ocupou, entre os seus contemporâneos, com o tema da pré-fabricação e
industrialização dos componentes da arquitetura.

Em 1928, Gropius venceu um concurso para a realização do projeto de habitação


coletiva em Törten-Dessau, na Alemanha.

34
,

O conjunto habitacional em Törten-Dessau, foi um campo de experiência para os


alunos de arquitetura da Bauhaus, sob a direção de Gropius. O plano urbanístico em
forma de leque, implantando casas “semi-rurais” de dois pisos com um terreno na
parte posterior destinado à horta e à criação de animais domésticos. Esse tipo de
moradia propunha uma unidade entre a vida da cidade e a do campo, pela qual o
trabalhador urbano complementaria sua renda com trabalho agrícola.

4.3 Acessos

A planta deve ter a indicação bem definida dos acessos à edificação. Os acessos podem
ser setorizados por acesso social e acesso de serviços.

Saiba Mais

Acesse, por meio do link abaixo, um artigo sobre o conjunto habitacional Pedregulho
no Rio de Janeiro, projetado por Affonso Eduardo Reidy.

<https://bit.ly/3gwNGnD>

4.4 Circulação Horizontal


São definidas pelos corredores, passagens e calçadas.

Funções das circulações - facilitar ou possibilitar o acesso à edificação ou a circulação


interna. Criação de redes de vizinhança, minimização das áreas comuns,
expressividade plástica do edifício.

De acordo com o Código de Obras e edificações do Município de São Paulo, ao se


tratar da largura das circulações, é importante notar que as Circulações, segundo o
COE (2017) devem ter largura mínima de 0,90m.

4.5 Circulação Vertical

São definidas pelas escadas, rampas e elevadores.

Existem algumas normas técnicas (ABNT) especificas para as circulações.

35
,

São elas:

• ABNT NBR 9077 – Saídas de emergência em edifícios.

• ABNT NBR 9050 – Acessibilidade em edifícios.

Conclusão

Neste bloco foi possível observar questões pertinentes ao projeto arquitetônico, como
a setorização, que é muito é importante ao se pensar na habitação. O projeto de
habitação deve compreender as questões funcionais e formais da arquitetura, como
atender corretamente as normas construtivas e do desenho arquitetônico. Foi possível
analisarmos projetos de habitação em que há setorização das áreas, deixando o
projeto funcional, sem deixar de lado as questões formais.

Le Corbusier teve grande influência nos CIAMs, e as suas propostas da “máquina de


morar” e propostas urbanísticas com a Carta de Atenas, tem extrema importância na
reconstrução das cidades. A unidade de habitação de Marselha foi mais um exemplo
do conceito seguido no mundo todo, a fim de se consolidar um padrão de construção
multifamiliar que tivesse preocupação além das dimensões mínimas, mas também
com a salubridade dos ambientes. Com o fim dos CIAMs, o conceito de unidade de
habitação foi perdendo força para a ideia de identidade, o estudo relacionava agora as
construções com o fator cultural e social, especialmente na Europa.

REFERÊNCIAS

BITTENCOURT, A. C. F. et al. Arquitetura Brasileira: Evolução da setorização das


atividades na casa do período colonial ao novo paradigma de Vilanova Artigas. 5°
Simpósio de sustentabilidade e Contemporaneidade nas ciências Sociais. 2017.
Disponível em: <https://bit.ly/3oFxOT0>. Acesso em: 14 out. 2020.

BRASIL. ABNT NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e


equipamentos urbanos. 2 ed. Rio de Janeiro, 2004.

CHING, F. D. K. Desenho para arquitetos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.

36
,

5 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE AMBIENTES RESIDENCIAIS

Apresentação

Neste bloco apresentaremos o pré-dimensionamento dos ambientes residenciais,


baseado no Código de Obras e Edificações (COE) do município de São Paulo e no
parâmetro de dimensionamento de portas e janelas, a NBR 15.575:2013 – Norma de
Desempenho de edificações habitacionais, assim como os demais parâmetros
estabelecidos pela Norma.

De acordo com o Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo (COE), os


ambientes de um projeto devem seguir a tabela a seguir. Foi grifado em vermelho o
uso da edificação, no caso voltado a habitação que será o nosso objeto projetual da
disciplina.

Tabela 5.1 - Dimensionamento de Ambientes – COE (2017)

Fonte: São Paulo 2017.

A tabela mencionada anteriormente traz uma coluna, “conter círculo de diâmetro”,


que significa que, no ambiente proposto no projeto, será possível inscrever um círculo
de diâmetro X no piso do ambiente.

37
,

Como estamos projetando uma habitação de interesse social, ou seja, um Edifício


Multifamiliar, devemos acatar as seguintes dimensões mínimas, de acordo com a
tabela abaixo.

Tabela 5.2 - Dimensionamento Mínimo de Ambientes – COE (2017)

Fonte: São Paulo 2017.

Com relação à Norma de desempenho de edificações habitacionais, a NBR 15.575,


estabelece não só as dimensões mínimas dos ambientes, mas também propõe qual
mobiliário deve conter o ambiente, chamando-os de “móveis e equipamentos-padrão”
(Tabela F.1, da parte I da Norma).

38
,

Tabela 5.3 - Móveis e equipamentos-padrão

Fonte: CBIC, 2013.

De acordo com a Norma e o Código de obras e edificações, o dormitório de casal deve


conter, ao menos, uma cama de casal, um guarda-roupa e uma mesa de cabeceira. O
dormitório para duas pessoas (2º dormitório) deve conter duas camas de solteiro, um
guarda-roupa, uma mesa de cabeceira ou mesa de estudo. Segue abaixo imagens com
layouts propostos pelo COE.

Com relação ao dimensionamento mínimo dos Banheiros, o COE estabelece como


dimensão mínima que se inscreva um círculo de diâmetro de 90 cm no piso,
possibilitando uma área mínima de manobra e circulação. A Norma NBR 15.575
estabelece que a largura mínima é de 1,10m, com pelo menos 40 cm de circulação em
frente ao lavatório e vaso.

Com relação as dimensões mínimas de cozinhas, tanto o Código de obras quanto a


Norma NBR 15.575:2013 irão estabelecer 1,50m como o mínimo de largura de uma
cozinha. 1,50m é o diâmetro de giro de 360º para o cadeirante, conforme a NBR 9050
de acessibilidade.
39
,

É importante que, ao projetarmos, tenhamos em mente que formatamos os ambientes


da habitação segundo o mobiliário previsto, evitando conflitos com legislações
estaduais ou municipais que versem sobre as dimensões mínimas dos ambientes.

Segue abaixo tabela retirada da NBR 15.575, contendo as dimensões mínimas de


mobiliário e circulação.

Tabela 5.4 - Dimensões mínimas de mobiliário e circulação

40
,

Fonte: ABNT, 2013.

41
,

5.1 Densidade Habitacional

Um critério decisivo no planejamento espacial urbano é a definição das medidas


relacionadas ao uso da construção (densidade habitacional). A densidade habitacional
é determinada nos planos de massas das cidades e municípios ou é resultado indireto
das determinações do Código de Obras, sobre as permissões de construção em áreas
livres internas ou externas.

Índices de densidade habitacional geralmente derivam da área construída, do


coeficiente de aproveitamento, assim como das determinações quanto ao número de
pavimentes das edificações e da altura das mesmas.

Na figura a seguir está representado um comparativo entre dois modelos de ocupação


recorrentes nas cidades em uma área de 1 ha (10.000m²), um unifamiliar térreo com
36 unidades habitacionais de 70m², e outro exemplo com 364 unidades habitacionais
(também com 70m² cada), com 7 pisos verticalizados (aproximadamente 21m de
altura total), destacando-se os custos em relação a densidade bruta e líquida nos dois
exemplos. Cabe expressar ainda que, no segundo exemplo (multifamiliar), é possível
estabelecer o uso misto com maior eficiência (em pavimentos térreos), tendo em vista
o aumento considerável de moradores em uma mesma área.

42
,

Figura 5.1 - Exemplos comparativos de densidades urbanas líquidas e brutas numa


área de 1 ha em distintas formas de quadra urbanizada (unifamiliar e multifamiliar) e
demais aspectos comparativos.

Fonte: SILVA et al 2016.

A densidade habitacional é fator preponderante na otimização da aplicação


de recursos em habitação e urbanização, bem como na minimização de
impactos ambientais, pois quanto maior a densidade habitacional, menor o
gasto com a infraestrutura, habitação e manutenção dos serviços urbanos
por habitante, como também pode-se reduzir a área urbana ocupada e a
necessidade de deslocamento automotivo. Em contrapartida, um desenho
mais coeso de cidade possibilita o deslocamento pendular por meios
alternativos (pedonais ou ciclístico), bem como otimiza-se o custo-benefício
do transporte coletivo de massa. Assim, muitos exemplos de conjuntos
habitacionais, em especial os europeus e asiáticos, demonstram uma
tendência à maior densidade e compacidade urbana por meio de conjuntos
habitacionais multifamiliares.

43
,

De acordo com SILVA et al (2016), podemos verificar que o modelo de urbanização


habitacional unifamiliar apresenta uma série de desvantagens frente ao multifamiliar,
não somente as de caráter formal e de custos, mas também com relação ao convívio e
ao encontro das pessoas e, assim, à noção de vizinhança e de senso comunitário.

A disponibilidade de área verde pública é outro fator proeminente no aumento da


densidade urbana, ao passo que o modelo de loteamento/parcelamento unifamiliar
isola o lote e a propriedade privada entre muros, o conjunto multifamiliar pode
democratizar o acesso às áreas verdes no interior da quadra, transformando o espaço
privado em espaço coletivo, este que ainda pode abrigar equipamentos comunitários
para várias faixas etárias ou funções, mais próximos dos moradores e com raios de
abrangência mais bem distribuídos.

5.2 Área Social e coletiva

Ao se projetar um ambiente residencial é importante pensarmos na setorização. Ao se


tratar da área social de uma residência, notamos que ela é composta por vários
ambientes como sala de estar e televisão e sala de jantar.

Apesar da cozinha/copa se encaixar como área de serviço, o seu uso, pode estar
integrado à sala de jantar, o que a torna também área social ou coletiva.

Na imagem abaixo, delimitamos a área social das tipologias habitacionais proposta


para a habitação de interesse social Jardim Edite. Em azul claro, estão marcadas as
áreas sociais de uma habitação.

44
,

Figura 5.2 - Tipologias de unidades habitacionais do HIS Jardim Edite - Áreas sociais

Fonte: Adaptado de VADA, 2010.

5.3 Área Intima

A área intima de uma residência é composta pelos dormitórios, banheiros e closets.

Na imagem a seguir, no projeto do conjunto habitacional do Jardim Edite, delimitamos


a área intima das tipologias habitacionais propostas para a habitação de interesse
social. Em vermelho claro, estão marcadas as áreas intimas/dormitórios de uma
habitação.

Figura 5.3 - Tipologias de unidades habitacionais do HIS Jardim Edite - Áreas


intimas/Dormitórios

Fonte: Adaptado de VADA, 2010.

45
,

5.4 Área de Serviços

A área de serviços de uma residência é composta pela cozinha e área de serviço.


Apesar da cozinha/copa se encaixar como área de serviço, o seu uso pode estar
integrado à sala de jantar, o que a torna também área social ou coletiva, exigindo além
de organização e estética adequada, atender ao propósito de receber visitas. Pensar
sua posição na planta e detalhes funcionais, como iluminação e ventilação, pode
aproveitar melhor o espaço, além de trazer mais conforto e qualidade de vida a todos
os moradores e usuários do local.

Na imagem abaixo, delimitamos a área de serviço das tipologias habitacionais


propostas para a habitação de interesse social Jardim Edite. Em amarelo claro, estão
marcadas as áreas de serviço de uma habitação.

Figura 5.4 - Tipologias de unidades habitacionais do HIS Jardim Edite - Áreas de


serviço

Fonte: Adaptado de VADA, 2010.

5.5 Tipologias habitacionais – Configuração de blocos laminares

O estudo de implantação é fundamental em qualquer tipo de projeto arquitetônico,


além de valorizar o imóvel e resolver problemas, uma vez que a preocupação na
implantação bem executada proporciona salubridade e segurança ao
empreendimento, além de atender as exigências da legislação e as necessidades dos
usuários, ou seja, a adequada distribuição no terreno atende às demandas dos
adquirentes.

46
,

Os Recuos da edificação devem ser respeitados. Além disso, calcular o coeficiente de


aproveitamento e projeções mínimas exigidas são as dificuldades que os profissionais
de projeto enfrentam no planejamento da implantação, como também físicas e
topográficas da locação.

É importante resolver alguns pontos críticos que podem surgir ao implantar a


edificação no lote. Fachadas pouco iluminadas, por exemplo, podem ser solucionadas
com o aumento dos vãos; A incidência de ruídos pode ser resolvida com vidros
laminados e/ou vidros duplos; para fachadas com sol da tarde a solução seria a
colocação de brises de soliel móveis ou fixos; unidades devassadas por outras
unidades, por exemplo, em uma varanda podem ser resolvidas com uma jardineira ou
um brise móvel; para áreas de lazer que devassam unidades, pode-se edificar uma
pérgula, ampliando a distância visual; para espaços de lazer sem demanda, deve-se
mudar o uso de acordo com o estudo de demanda; quando houver impossibilidade de
se projetar uma rampa de acesso, pode-se instalar uma plataforma mecânica.

A escolha pela forma laminar pelos urbanistas modernos basicamente é a mesma que
aproximou os arquitetos, a ausência de hierarquia entre as partes, capacidade de
crescimento ilimitado, equivalência de condições para os distintos elementos, relação
de proximidade entre o espaço interior e o espaço exterior. Em Frankfurt, Ernst May,
coordena entre 1925 e 1930 a construção de 15.000 unidades em distintos conjuntos
chamados de “siedlungen” que, apesar de intervenções pulverizadas no tecido urbano,
apresentam uma grande coerência.

As Superquadras de Brasília – DF e os edifícios laminares

As Superquadras foram projetadas pelo arquiteto urbanista Lucio Costa. Compreende


um conjunto de edifícios residenciais na forma de lâminas sobre pilotis, que possuem
comum acesso a uma área delimitada.

A forma adotada por Lucio Costa é um quadrado de 280x280 metros onde as pessoas
podem circular livremente sem bloqueios ou obstáculos, sendo o térreo público,
densamente arborizada.

47
,

As Superquadras possuem uma faixa verde, que promove uma identidade a cada
superquadra e um passeio sombreado ao pedestre. De acordo com Lucio Costa apud
Campos (2014), “A disposição dos edifícios é de forma livre e variada, tomando o
cuidado de respeitar apenas dois princípios; o gabarito máximo, talvez seis pavimentos
e pilotis, e a separação do tráfego de pedestres e veículos”.

As Superquadras estão dispostas ao longo do Eixo Residencial. A nomenclatura de cada


Superquadra se dá por meio de siglas, composta de letras e números, na Asa Sul são
SQS e na Asa Norte SQN.

Conclusão

Neste bloco foi possível observar questões pertinentes ao projeto arquitetônico, como
a setorização é importante ao se pensar na habitação. Vimos que a funcionalidade é
um princípio muito importante na concepção do projeto arquitetônico. Em uma
residência não é diferente, pois cada ambiente é responsável por atender uma função
diferente, por isso estudamos a setorização conforme as áreas social e coletiva; área
intima; e área de serviços.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 15575-1: Edificações


Habitacionais – Desempenho. Rio de Janeiro, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 9050:2004:


Acessibilidade em edifícios. Rio de Janeiro, 2004.

BRASIL. Lei 16.642, de 9 de maio de 2017. Aprova o código de Obras e Edificações do


Município de São Paulo, introduz alterações nas Leis n° 15.150, de 6 de maio de 2010,
e n° 15.764, de 27 de maio de 2013. Código de obras e edificações. São Paulo, 2017.
Disponível em: <https://bit.ly/2IzufOy>. Acesso em: 10 dez. 2020.

CÂMARA BRASILEIRA DE INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO - CBIC. Desempenho de


Edificações Habitacionais: Guia orientativo para atendimento à norma ABNT NBR

48
,

15575/2013. 2 ed. CBIC, 2013. Disponível em: <https://bit.ly/37Q6mLt>. Acesso em: 10


dez. 2020.

CHING, F. D. K. Desenho para arquitetos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.

CAMPOS, B. As superquadras de Brasília. Brasilia concreta, 2014. Disponível em:


<http://brasiliaconcreta.com.br/as-superquadras-de-brasilia/>. Acesso em: 10 dez.
2020.

FIGUEROA, M. Habitação coletiva e a evolução da quadra. Arquitextos, São Paulo, ano


06, n. 069.11, Vitruvius, fev. 2006. Disponível em: <https://bit.ly/3narpyD>. Acesso em:
10 dez. 2020.

SÃO PAULO. Decreto n° 57.776, de 7 de julho de 2017. Regulamenta a lei n° 16.642, de


9 de maio de 2017, que aprovou o Código de Obras e Edificações do Município de São
Paulo; define os membros da Comissão de Edificação e uso do solo – CEUSO. São
Paulo, 2017. Disponível em: <https://bit.ly/3owyhqi>. Acesso em: 9 dez. 2020.

SILVA, G. J. A. et al. Densidade, dispersão e forma urbana: Dimensões e limites da


sustentabilidade habitacional. Arquitextos, São Paulo, ano 16, n. 189.07, Vitruvius, fev.
2016. Disponível em: <https://bit.ly/3qNDJr0>. Acesso em: 10 dez. 2020.

VADA, P. Conjunto habitacional do Jardim Edite / MMBB Arquitetos + H + F


Arquitetos. Archdaily, S.D. Disponível em: <https://bit.ly/37N5qau>. Acesso em: 8 dez.
2020.

49
,

6 APRESENTAÇÃO DE PROJETO ARQUITETÔNICO


Apresentação

Neste bloco discutiremos o que faz parte da apresentação do projeto arquitetônico,


com base nas normas técnicas brasileiras de representação em desenho técnico
arquitetônicas. Existem diversas Normas técnicas para a representação do projeto
arquitetônico, são elas:

• NBR 6492/94 – Representação de projetos de arquitetura;

• NBR 8196/99 – Emprego de escalas;

• NBR 8402 – Execução de caracteres para escrita em desenhos técnicos –


Procedimentos (1994);

• NBR 8403/84 – Aplicações de linhas – tipos e larguras;

• NBR 10068/87 – Folha de desenho – leiaute e dimensões;

• NBR 13142/99 – Dobramento e cópia;

• NBR 12298 – Representação de área de corte por meio de hachuras em


desenho técnico (1995).

Iremos basear o conteúdo deste bloco na NBR 6492:1994. As normas técnicas de


desenho têm o objetivo de fixar as condições exigíveis para representação gráfica de
projetos de arquitetura, visando à sua boa compreensão, ou seja, criar um padrão de
desenho técnico que seja legível e entendível por todos.

Para o nosso caso, o ambiente acadêmico, os estudantes de Arquitetura e Urbanismo


precisavam ter conhecimento das Normas de representação para melhor fundamentar
os seus projetos. É fundamental seguir todas estas Normas de representação.

50
,

As definições que a Norma 6492 traz com relação aos seguintes itens, são:

• Planta de situação;

• Planta de locação (ou implantação);

• Planta de edificação;

• Corte;

• Fachada - Representação gráfica de planos externos da edificação;

• Elevações - Representação gráfica de planos internos ou de elementos da


edificação;

• Detalhes ou ampliações;

• Escala;

• Programa de necessidades;

• Memorial justificativo;

• Especificação.

Iremos explicar a seguir os seguintes itens: Planta de situação e implantação; plantas


de pavimentos; e Cortes e fachadas – Representação gráfica de planos externos da
edificação.

As representações dos desenhos arquitetônicos são projeções em planos verticais


(Cortes e Fachadas) e planos horizontais (Implantação, planta de locação, plantas).
Cada desenho está posicionado segundo um plano que pode estar disposto interna ou
externamente à edificação.

51
,

6.1 Plantas de Situação, planta de locação e implantação

Planta de Situação

A planta de Situação indica a forma e as dimensões do terreno, os lotes e as quadras


vizinhas, as ruas de acesso, pontos de referência para a localização do projeto, etc.
Abrange uma área relativamente extensa, extrapolando os limites imediatos do
terreno.

É uma vista geral externa à edificação, apresentando como base um plano horizontal
situado acima da edificação. Em geral, as plantas são desenhadas na escala de 1:500,
1:1000 ou 1:2000, segue abaixo um modelo de planta de situação.

Planta de Locação

A Planta de locação é uma vista superior externa à edificação que indica o


posicionamento da construção dentro do terreno. Além da construção, deverá mostrar
os muros que limitam o terreno, calçada, passeio, árvores existentes e/ou a plantar
entre outros.

Na Planta de Locação são observadas as cotas referentes as dimensões do terreno,


assim como os afastamentos do limite do terreno para as paredes da edificação.
Costuma-se desenhar a planta de locação, na escala de 1:100, 1:200 ou 1:250.

De acordo com a norma NBR 6492:1994, a planta de situação ou locação deve indicar:

• Simbologias de representação gráfica, conforme as prescritas no Anexo;

• Curvas de nível existentes e projetadas;

• Indicação do Norte;

• Vias de acesso ao conjunto, arruamento e logradouros adjacentes com os


respectivos equipamentos urbanos;

• Indicação das áreas a serem edificadas, com o contorno esquemático da


cobertura das edificações;

52
,

• Denominação dos diversos edifícios ou blocos;

• Construções existentes, demolições ou remoções futuras, áreas non


aedificandi e restrições governamentais;

• Escalas;

• Notas gerais, desenhos de referência e carimbo.

6.2 Plantas de Pavimentos

A Planta é uma vista interna da edificação. Tem como referência um plano horizontal
que corta a construção a uma altura de aproximadamente de 1,50m acima do piso.

De acordo com a norma NBR 6492:1994, a planta de pavimentos deve indicar:

• As simbologias de representação gráfica conforme as prescritas na Norma;

• Indicação do Norte;

• Caracterização dos elementos de projeto: fechamentos externos e internos,


acessos, circulações verticais e horizontais, áreas de serviço e demais
elementos significativos;

• Indicação dos nomes dos compartimentos – ambientes;

• Cotas gerais;

• Cotas de níveis principais;

• Escalas;

• Notas gerais, desenhos de referência e carimbo;

• Sistema estrutural;

• Eixos do Projeto;

• Cotas complementares.

53
,

Planta de Pavimento tipo

É a planta que se repete em um ou mais pavimentos em uma planta de edificação.


Uma configuração comum de um edifício possui embasamento, subsolo, pilotis,
mezanino, diversos pavimentos (andares) e cobertura.

Tipologias das unidades Habitacionais – Conjuntos de habitação

Figura 6.1 - Plantas das tipologias do Conjunto habitacional Anayde Beiriz em João
Pessoa - PB

Fonte: HELM, 2011.

6.3 Cortes

A apresentação de cortes e fachadas são fundamentais para complementar o


entendimento em qualquer projeto de Arquitetura. Somente as plantas não são
suficientes para mostrar todos os detalhes técnicos de uma construção. O corte são
planos verticais que podem seccionar a edificação transversal ou longitudinalmente.
Deve-se indicar na Planta, através da linha de corte, onde está passando o corte
representado.

Os cortes trazem as cotas de alturas adotadas no projeto. Além de mostrar também o


sistema estrutural adotado pelo partido arquitetônico.

Assim como a planta, o corte apresenta objetos cortados que deverão ter sua
espessura destacada. A escala adotada deverá ser a mesma aplicada à Planta.

54
,

De acordo com a norma NBR 6492:1994, os cortes devem indicar:

• As simbologias de representação gráfica conforme as prescritas na Norma.

• Caracterização dos elementos de projeto - Fechamentos externos e


internos; acessos; circulações verticais e horizontais; áreas de serviço e
demais elementos significativos.

• Indicação dos nomes dos compartimentos – ambientes.

• Cotas gerais.

• Cotas de níveis principais.

• Escalas.

• Sistema estrutural.

• Eixos do Projeto.

• Cotas complementares.

O Corte é a complementação da planta a partir da inserção da dimensão altura. Já que,


na Planta, os objetos, apenas, apresentam comprimento e largura.

Os elementos cortados pelo plano são feitos com traço grosso. Nas partes restantes
usa-se o traço fino.

6.4 Fachadas/Elevações

As fachadas são planos verticais que devem ser elaboradas após os cortes. Nelas se
deve mostrar os materiais de revestimentos que são escolhidos pelo arquiteto.

Não se deve mostrar as linhas de cotas e cotas nas fachadas. Evidenciar a hierarquia
dos volumes do corpo da edificação. A hierarquia dos volumes sempre se dará pela
utilização de linhas mais grossas, para os volumes que acontecem em um primeiro
plano, e à medida que se afastam do campo de visão, o traço vai ficando mais fino. Ou
seja, a fachada é a planificação das vistas, é exatamente o visual externo das
edificações.
55
,

Não existe uma norma que afirme a quantidade de fachadas a desenhar. O importante
de se levar em conta é o nível de detalhamento dos elementos constituintes do
projeto.

Com relação à nomeação das fachadas, deve-se obedecer à orientação geográfica da


edificação no lote de inserção. Por exemplo, fachada norte, fachada leste, fachada
oeste e fachada sul. Outra forma para nomear pode ser pela sua posição e definição de
acessos, ou seja, fachada frontal, fachada lateral direita, fachada lateral esquerda e
fachada posterior.
O que representar (como elementos construtivos) nas fachadas?

As Esquadrias – portas e janelas

Sempre devemos nos atentar para a representação correta e idêntica ao seu formato.
Representar todas as linhas que identificam as molduras, caixilhos, venezianas,
peitoris, bem como suas subdivisões.

Com relação às portas, precisamos nos atentar para os detalhes do tipo de porta,
detalhes nas folhas, almofadas, etc. Outro detalhe importante é a representação das
guarnições, soleiras e a correta posição das fechaduras a uma altura de 1,00 m.
Materiais de Revestimentos

Trata-se de um detalhe particular de cada projeto. Os revestimentos são


representados com hachuras que dão forma à expressão de qual tipo de material foi
empregado para revestir ou compor a fachada.
Especificações
Nas fachadas não representamos nenhuma informação de medidas, cotas. Podemos
complementar, se necessário, especificações de elementos e revestimentos por meio
de informações textuais.

56
,

Detalhes compositivos

É interessante dar mais expressividade nas fachadas, acrescentando o paisagismo, com


desenhos da vegetação e figuras humanas. Estes fatores auxiliam na interpretação da
grandeza (tamanho) dos elementos da fachada, noção de escala, ajudando na
humanização dos desenhos.

6.5 Desenhos complementares

A expressão linguagem arquitetônica se refere ao conjunto de elementos que dão à


composição arquitetônica, enquanto expressão artística e manifestação da vontade
humana, um certo ordenamento sintático, morfológico e semântico. Seria o desenho
como forma de linguagem arquitetônica.

Croquis

O croqui é um esboço que contém as ideais iniciais de um determinado projeto. É um


desenho sem maiores detalhamentos técnicos, mas que possui grande expressividade.
Trata-se de uma maneira rápida e clara de poder enxergar as primeiras ideias do
arquiteto no papel.

Pode ocorrer, algumas vezes, que o trabalho final não tenha muita relação com o
croqui, já que esta passa por diversas alterações em seu andamento. Mas, não deixa
de ser uma importante etapa de criação do processo projetual.

Adotar o uso de elaborar croquis na arquitetura é importante, principalmente, para


poder compreender de forma visual todas as ideias que temos em mente. Oscar
Niemeyer era mestre em expor as suas principiais ideais criativas por meio dos seus
belos traços. É preciso ter noções básicas e clareza de traços, e saber o que está
passando para o papel, porém, pode ser muito mais fácil do que parece dar os
primeiros passos na técnica de croquis, através da pratica constante, acaba se
tornando um exercício natural do arquiteto.

57
,

Perspectivas manuais ou digitais

Geometria tridimensional

O projetista costuma criar ambientes ou objetos que são, em geral, tridimensionais.


Esses objetos, ambientes tem três medidas: comprimento, largura ou profundidade e
altura.

Se o projetista cria formas, ele necessita saber representa-las. Sem a sua


representação, um projeto não passa de fantasia, pouco importa sua qualidade.
Portanto, não basta ter a capacidade de criar formas. É preciso saber representa-las,
conhecer as regras ou sistemas de representação gráfica.

Atualmente, temos inúmeros softwares digitais que nos auxiliam na representação


desses desenhos.

Basicamente, são três tipos de perspectivas. Elas são axonométrica, obliqua e cônica.
Existem diversos modos de sistemas de representação gráfica de perspectivas, com um
ponto de fuga, com dois pontos de fuga, com três pontos de fuga.

Perspectiva Axonométrica ou perspectiva paralela

Esse tipo de perspectiva é muito utilizado na arquitetura e na engenharia devido a sua


simplicidade construtiva. Nas perspectivas paralelas, busca-se mostrar com exatidão as
dimensões correspondentes ao objeto desenhado, permite ao observador maior
facilidade para identificar seus valores dimensionais.

58
,

Figura 6.2 - A perspectiva axonométrica possui 3 variações: isométrica, dimétrica e


trimétrica

Fonte: SANTOS, S.D.

No entanto, das três possibilidades mostradas, a mais utilizada na representação de


projetos de arquitetura é a isométrica, porém, é necessário ressaltar que, no dia a dia
como arquiteto, esse tipo de perspectiva é pouco usual.

Perspectiva Oblíqua

A perspectiva oblíqua, também conhecida como perspectiva cavaleira, tem como


principal característica que a face frontal do objeto desenhado será representada
sempre de forma paralela ao observador e com exatidão de suas dimensões, vide
imagem abaixo.

Fonte: SANTOS, S.D.

59
,

Perspectiva Cônica

A perspectiva cônica também possui três variações. Elas são um ponto de fuga, dois
pontos de fuga e três pontos de fuga. No entanto, este tipo de perspectiva é a única
que representa com exatidão como o olho humano vê o mundo, por isso, ela é a mais
utilizada na arquitetura.

A principal característica desse tipo de perspectiva é que as linhas que antes eram
paralelas agora são desenhadas de forma oblíqua, tendo origem em um PF (ponto de
fuga). No entanto, as linhas referentes à altura e largura permanecem sem alteração.

Conclusão

Neste bloco foi possível observar questões pertinentes a representação técnica do


desenho arquitetônico. A elaboração de desenhos para projetos de Arquitetura deve
seguir uma padronização em função da fase de projeto que está sendo apresentada,
de acordo com as normas técnicas apresentadas.

Cada etapa do projeto arquitetônico tem uma especificidade. Com relação as etapas
do desenho, vimos que, na planta e no corte, são mostrados alguns elementos, já nas
fachadas são mostrados outros. Devemos ter bem claro o entendimento com relação a
normas técnicas de desenho para não cometermos futuros enganos ao projetar.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÂO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6492:1994:


Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: 1994.

CHING, F. D. K. Desenho para arquitetos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.

HELM, J. Reflexão comparativa e propositiva em HIS: o caso do empreendimento


Anayde Beiriz em João Pessoa - PB / Marco Suassuna. Archdaily, 2011. Disponível em:
<https://bit.ly/3n8kVQY>. Acesso em: 17 out. 2020.

MONTENEGRO. G. Desenho Arquitetônico. 3 ed. São Paulo: Editora Blutcher, 1997.

60
,

NEUFERT. E. Arte de projetar em arquitetura. 18 ed. São Paulo: Editora Gustavo Gili,
2013.

SANTOS, R. N. Perspectivas: Tipos Utilizados no Curso de Arquitetura. Arapiraca:


Arquiteto Versátil, S.D. Disponível em: <https://bit.ly/377xWEx>. Acesso em: 21 out.
2020.

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