Você está na página 1de 19

UM SÉCULO DE TRANSFORMAÇÕES NA HABITAÇÃO SOCIAL DO

BRASIL: DOCUMENTAÇÃO E ANÁLISE DO CONJUNTO RESIDENCIAL


MARQUÊS DE SÃO VICENTE – RJ.

GONÇALVES, PAULO EDUARDO BORZANI (1); REQUENA, WENDIE APARECIDA


PICCININI (2).

1. Universidade Guarulhos. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo


Pça. Tereza Cristina, n. 88 – Centro – Guarulhos – SP Cep:07023-070
pbgoncalves@prof.ung.br

2. Universidade Guarulhos. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo


Pça. Tereza Cristina, n. 88 – Centro – Guarulhos – SP Cep: 07023-70
wrequena@prof.ung.br

RESUMO
Investigamos as principais características da arquitetura habitacional coletiva que compreende a produção de
edificações elaboradas segundo os princípios modernistas internacionais adotados no Brasil, período no qual
se destacaram grandes autores e projetos nacionais. A partir de um estudo de levantamento de
documentação gráfica, iconográfica e textual focado tanto na qualidade do partido arquitetônico, como nas
questões relativas às tipologias constituídas, desenvolvidas e adotadas pelos adeptos desse modelo
elaboramos então, a análise do material coletado sob o ponto de vista da realidade das condições de projeto
e construção relativas ao Conjunto Residencial Marquês de São Vicente, construído entre 1952 e 1954, na
cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, ainda capital federal. Esse edifício, além de ser considerado um
dos ícones do Modernismo Brasileiro, tornou-se também um gigante da habitação social no país há seu tempo,
com suas peculiaridades tanto no que diz respeito ao local de sua implantação, como também às soluções
plásticas e estruturais adotadas, além do complexo e completíssimo programa para ele estabelecido, o que
permitiu compreender as relações existentes entre as condições político sociais daquele momento e as
possibilidades de inovação projetual implementadas pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy. No projeto foram
estabelecidas diferenciações entre circulação de veículos e de pedestres, os acessos para automóveis foram
perifericamente localizados onde também se dispuseram os estacionamentos. Reidy utilizou-se de uma forma
serpenteante para o edifício residencial, colocado ao longo e seguindo o perfil da topografia do Morro Dois
Irmãos que o recebeu. Manteve-se um andar livre entre os pavimentos que abrigaram os apartamentos
criando uma alameda elevada de circulação de pedestres. Foram projetados para esse complexo, 748
apartamentos de diferentes tipologias sendo também previstos edifícios auxiliares para abrigar equipamentos
urbanos tais como: creche, escola maternal, igreja, jardim de infância, escola primária, playground, mercado,
lavanderia, posto de saúde, auditório ao ar livre, quadras de esporte, administração e serviço social, os quais
não chegaram a ser construídos pela administração pública. Foram identificadas também, as técnicas
construtivas envolvendo os padrões de soluções arquitetônicas disponíveis (materiais, tecnologia e mão de
obra) no contexto de sua implantação no bairro da Gávea, zona Sul da cidade. O estudo estabeleceu ainda a
relação histórica existente entre as Vilas Operárias, implantadas na virada do século XIX para o XX,
principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e no sul do país, com o modelo de habitação popular
desenvolvido nas primeiras décadas do século XX, uma vez que sua criação teve por objetivo sanar o déficit
habitacional da época, absorvendo a demanda dos trabalhadores fabris gerada pela migração rural para os
núcleos urbanos e a imigração europeia do final do século XIX, com os conjuntos habitacionais modernistas
que tiveram, por sua vez, o objetivo de atender as demandas de trabalhadores urbanos carentes de moradia à
que pudessem ter acesso. Acompanharam-se ainda as transformações decorrentes da evolução histórica,
política e social ocorridas nas décadas subsequentes, buscando compreender o processo de transferência do
financiamento da construção dessas edificações, inicialmente concentrado nas mãos da iniciativa privada,
nesse momento representada pelos donos das primeiras fábricas instaladas no país e posteriormente pelos
Institutos de Pensão e Aposentadoria de diversas classes profissionais, os IAPs e outros orgãos de criação do
Estado, tanto no âmbito estadual como federal, a Fundação da Casa Popular – FCP, por exemplo, e as
características principais desse novo modelo público. Através deste estudo de caso buscamos classificar os
princípios, preceitos e atitudes adotados na produção habitacional popular nacional, no período entre-séculos
(XIX e XX) a fim de extrair o que de melhor houve dentro do panorama das técnicas construtivas e da
evolução e aperfeiçoamento dos conceitos e realidades político-administrativas de cada período de produção.

Palavras-chave: Habitação. História. Projeto.


1. UM SÉCULO DE TRANSFORMAÇÕES NA HABITAÇÃO SOCIAL DO
BRASIL: DOCUMENTAÇÃO E ANÁLISE DO CONJUNTO RESIDENCIAL
MARQUÊS DE SÃO VICENTE – RJ.

GONÇALVES, PAULO EDUARDO BORZANI (1); REQUENA, WENDIE APARECIDA


PICCININI (2)

1. Universidade Guarulhos. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo


Pça. Tereza Cristina, n. 88 – Centro – Guarulhos – SP - Cep:07023-070
pbgoncalves@prof.ung.br

2. Universidade Guarulhos. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo


Pça. Tereza Cristina, n. 88 – Centro – Guarulhos – SP - Cep: 07023-70
wrequena@prof.ung.br

1. INTRODUÇÃO
A possibilidade de acesso à habitação determina o pleno gozo da cidadania, entretanto, esse direito
garantido pela constituição, nem sempre esteve ao alcance dos cidadãos brasileiros.
Este artigo pretende estabelecer o caminho histórico das transformações ocorridas para o
desenvolvimento e possível evolução de uma das principais tipologias de moradias populares, os
conjuntos habitacionais. Surgidos no Brasil com características particularmente específicas,
advindos da união das carências de uma população operária recém-surgida e de um modelo
pautado na garantia da produção aliada ao idealismo do indudtrial Jorge Street, médico de
formação, que pretendia transferir a tecelagem herdada do pai, do Rio de Janeiro para São Paulo. É
a partir dessa união de condicionantes que foi construida, em 1912 a primeira vila operária do Brasil,
a Vila Maria Zélia, com a intenção primordial de abrigar os empregados da Fábrica de Tecidos São
João junto de seus postos de trabalho, devido à escacês de oferta de habitação nas cidades
(BLAY,1985).
No final do século XVIII, quando a sociedade brasileira possuia, ainda, um caráter
predominantemente rural e monocultor voltado à exportação, a moradia estava ligada diretamente
ao poder econômico mercantilista, o que, como afirmou Blay (1985), impedia a formação de um
mercado de trabalho, pois as relações de produção e mão de obra eram regidas pelo sistema
escravocrata que não permitia o acesso desse contingente de trabalhadores ao capital, essencial
para o surgimento de quaisquer atividades urbanas e sociais. É nesse panorama que se instala o
capitalismo comercial no país, alimentando a hegemonia da produção rural e negando o
desnevolvimento dos aglomerados urbanos como espaço da divisão social do trabalho. Oliveira
(1978) considera ainda que é com esse perfil que as nossas cidades permanecem até os anos de
1920.
Em decorrência da ligação existente entre a construção dos conjuntos habitacionais e a garantia de
preservação e desenvolvimento da mão de obra para a manutenção da produção dos vários setores
da economia emergente no início do século XX surgiu o interesse do Estado, depois de muita
pressão dos movimentos operários e anarquistas, em produzir habitação coletiva em larga escala,
viabilizada através da criação de um instrumental legislativo, que culminou na regulamentação dos
Institutos de Aposentadoria e Pensão – IAPs e posteriormente da Fundação da Casa Popular - FCP,
legítimos precursores dos meios gestores do processo de implantação de grandes
empreendimentos destinados a suprir as demandas por moradia popular e acessível à classe
trabalhadora assalariada com a intenção de reafirmar o caráter populista do regime político, da Era
Vargas, instalado no poder, como analisou Bonduki (1982). Entre 1933 e 1938 foram criados seis
IAPs: o IAPM destinado a agregar os trabalhadores marítimos, o IAPB para os bancários, o IAPC
concentrando os comerciários, o IAPI dos industriários, o qual produziu habitação em larga escala,
o IAPETEC voltado aos condutores de veículos e empregados de empresas de petróleo e IAPE
relacionado aos estivadores, contudo, apenas após a Revolução de 1930, torna-se possível os
IAPs aplicarem seus recursos em programas habitacionais, uma vez que, até então, estes recursos
deveriam ser aplicados e utilizados somente em investimentos que garantissem o acúmulo de
capital visando o pagamento de benefícios aos associados no futuro.

O início, em larga escala, da produção de conjuntos habitacionais pelo Estado, cujo


marco foi a criação, em 1937, das carteiras prediais dos Institutos de Aposentadoria
e Pensões (IAPs), seguida pela instituição da Fundação da Casa Popular, em 1946,
foi outra iniciativa relevante dos governos populistas no sentido da habitação social.
A produção estatal de moradias para os trabalhadores representa o reconhecimento
oficial de que a questão habitacional não seria equacionada apenas através do
investimento privado, requerendo, necessariamente, intervenção do poder público
(BONDUKI, 1982, p. 724).

Quadro 01: Distribuição da construção de unidades residenciais por período e por Institutos

INSTITUTOS UNIDADES PRODUZIDAS NOS PERÍODOS

1937 à 1945 1946 à 1950 1951 à 1964 Total

IAPB 98 2.325 2.679 5.120

IAPC 201 1.199 1.579 2.979

IAPETEC – IAPE 1.178 998 897 3.073

IAPFESP - - 742 742

IAPI 4.749 12.976 1.427 19.152

IAPM - 824 58 882

IPASE 400 1.348 4.047 5.795

TOTAL IAPs 6.626 19.670 11.429 37.725

FCP - 8.265 9.817 18.082

TABULAÇÃO DOS AUTORES


Fonte: BONDUKI, 2004.

Nesse período são construídos grandes conjuntos habitacionais, sob a administração dos IAPs em
vários estados da federação. São Paulo e Rio de Janeiro abrigaram o maior número de edificações,
mas também foram contemplados o Rio Grande do Sul, as Minas Gerais, o Espírito Santo e mais
alguns estados do nordeste. Com uma atuação de impacto a produção dos IAPs provocou uma
transformação no panorama da oferta de habitação popular no país, vale ressaltar que apenas o
IAPI, Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (Quadro 01), que financiou, a partir de
1937, construiu quase 5000 unidades habitacionais para classe média somente no período
compreendido entre sua criação e o ano de 1945, promovidas por incorporadoras imobiliárias, 90%
das quais no Rio de Janeiro, onde viabilizou a construção de 618 edifícios de apartamentos
(BONDUKI,2004).
A produção desse período deve ser analisada levando-se em conta todo o conjunto da obra
realizada pela arquitetura nacional, que nesse momento histórico prestava serviços ao Estado
através dos instrumentos administrativos que o poder público mantinha. Sobre essa situação
destacamos a análise de Koury;Bonduki;Manoel (2003) que quantifica essa produção.

A magnitude da ação dessas instituições revela-se no fato de que apenas os


Institutos de Aposentadoria e Pensão – IAP’s e a Fundação da Casa Popular - FCP
financiaram ou construíram mais de 140.000 unidades habitacionais, sendo que os
dois órgãos implantaram, respectivamente, cerca de 279 e 143 conjuntos
habitacionais em todo o país. Por outro lado, no período estudado foram criados, ao
que até agora foi possível resgatar, nada menos que dezessete órgãos estaduais ou
municipais encarregados de enfrentar o problema da moradia, sendo que o
Departamento de Habitação Popular da Prefeitura do Distrito Federal foi do ponto
de vista da arquitetura, o mais importante, por contar com profissionais como a eng.
Carmen Portinho, que foi sua diretora, e dos arq. Affonso Eduardo Reidy e
Francisco Bolonha, que projetaram os conjuntos habitacionais (KOURY; BONDUKI;
MANOEL, 2003).
O conjunto produzido apresenta projetos que adquiriram destaque dentro do panorama da
produção arquitetônica das primeiras décadas do século XX no Brasil, contando com o trabalho de
arquitetos reconhecidamente atuantes no processo de constituição da arquitetura moderna
brasileira como Attílio Correia Lima, MMM Roberto, Eduardo Kneese de Melo, Paulo Antunes
Ribeiro, Carlos Frederico Ferreira e Affonso Eduardo Reidy. Em sua grande maioria, adotavam na
prática os princípios modernistas que preconizavam doutrinas para melhoria da qualidade de vida
nas habitações através da implantação dos princípios difundidos internacionalmente após a criação
dos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna os CIAMs em 1928, que explicitavam a
intenção dos arquitetos participantes em criar e estipular novas regras com o intuito de transformar
o modo de morar, adequando-o à nova realidade do mundo das máquinas e das indústrias.
Foram realizados congressos em La Sarraz, 1928 e Frankfurt e Bruxelas em 1929, nos quais se
discutiram, entre outros assuntos, questões relacionadas a racionalização e estandardização de
unidades habitacionais, normatização de materiais, simplificação dos acabamentos e possibilidades
de combate à especulação imobiliária, possibilitando a produção de moradias realmente
econômicas, levando-se em à risca, as necessidades mínimas de espaço para a habitação digna.
Nesse sentido destacamos o conteúdo da Carta de Atenas, resultado do Quarto CIAM, realizado na
Cidade de Atenas, na Grécia, em 1933, o qual estabeleceu detalhadamente conceitos e princípios a
serem aplicados com a intenção de fornecer soluções a serem adotadas em qualquer parte do
mundo com a clara determinação de internacionalização da arquitetura e do urbanismo voltados a
atender as necessidades de uma população proveniente da nova realidade política, social e
tecnológica estabelecida pelo fenômeno da industrialização, através da organização dos espaços
urbanos em categorias funcionais, destinadas à habitação, lazer, trabalho, circulação e patrimônio
histórico.

2. HISTÓRICO
2.1. O surgimento das Vilas Operárias paulistanas

O processo de industrialização das cidades era inevitável, porém para levar a diante suas
pretenções, os industriais que se instalavam no Brasil tinham de construir seu próprio parque
residencial para poder abrigar os operários que ali fossem trabalhar, mantendo-os cativos aos seus
locatários-patrões e longe da regulamentação do Estado, que até esse momento era quem
financiava a vinda da força de trabalho, organizando uma política de imigração e viabilizando o
investimento do capital, induzindo dessa maneira a estruturação da divisão social do trabalho e
criando as condições gerais para o desenvolvimento econômico do país (OLIVEIRA, 1978).
Durante o período de instalação das indústrias, as relações entre a produção fabril e a das
monoculturas eram muito intrínsecas, Blay (1985) nos relatou o caso da principal indústria de tecido
de juta de São Paulo, a Fábrica Santana, que tinha sua produção comprometida com os
esportadores de café, que dependiam dessa produção para ensacar suas safras, assim como a
produção das sacarias em geral que estavam comprometidas com o consumo concentrado na
população residente nas áreas rurais. Outro avanço no desenvolvimento das cidades, também
decorrente do apogeu mercantilista e da industrialização emergente, provável causa do surgimento
de um contigente de trabalhadores urbanos que demandariam habitação em grande escala, foi a
instalação das Ferrovias, estadual e federal, uma interligando as grandes cidades do Estado de São
Paulo ao porto de Santos passando pela capital do estado e a outra, interligando a cidade de São
Paulo à do Rio de Janeiro, que se tornou capital após a transferência da família real.
Mesmo instalando ramais individuais privilegiados que atendiam exclusivamente exportadores de
produtos agrícolas ou grandes produtores fabris em seus estabelecimentos particulares, foram as
Estradas de Ferro os principais responsáveis por criar uma rede de transporte público que atendia
as necessidades de deslocamento da população entre os bairros mais afastados que abrigavam as
instalações das fábricas e dos armazéns e o centro das cidades, onde se encontravam não só a
sede político administrativa do Estado, mas também a área comercial e os estabelecimentos dos
prestadores de serviços e artesãos daquele período, uma vez que, para serem extendidos tais
ramais, se fazia necessária à existência de uma Linha de trens previamente implantada como nos
relata Gonçalves (2009), fato que pode ser comprovada pelo Mapa das Estradas de Ferro de 1867.

As transformações ocorridas na capital já em princípios do processo de explosão


demográfica, por conta da fartura na produção agrícola e do aumento da população,
inclusive com o incremento de imigrantes estrangeiros, que por ocasião da chegada
das ferrovias segundo Langenbuch (1971), era de cerca de 26.000 habitantes, já em
1890 batia a marca dos 65.000, e veria no próximo triênio este número quase que
duplicar, passando dos 120.000, sendo que desta quantia mais de 70.000 eram
estrangeiros. Esta população pujante deu origem a uma demanda real e crescente
de mão de obra operária, que necessitava do transporte coletivo para se locomover
de casa até seu local de trabalho. As estradas de ferro foram a solução adotada na
época (GONÇALVES, 2009, p. 43).

Figura 01: ESTRADAS DE FERRO - 1867


Fonte: www9.prefeitura.sp.gov.br/.../historico/1867.php

Foi nesse contexto que São Paulo se firmou como metrópole promissora, local de instalação de
diversas indústrias e sede de várias Vilas Operárias, o que atraiu a atenção internacional e com ela
o investimento do capital externo, indispensável ao seu desenvolvimento. Em São Paulo, em 1920,
apenas 19% dos prédios eram habitados por seus proprietários, predominando quase que
exclusivamente o aluguel como forma básica de acesso a moradia (BONDIKI,1982). O papel dos
industriais na produção da habitação nesse momento histórico é crucial para o atendimento das
demandas, uma vez que o Estado não participava ativamente desse processo, reservando-se o
papel de controlador dos limites do lucro com aluguéis e fornecedor da infraestrutura necessária ao
atendimento desse novo contingente de moradias, ainda que apoiado em financiamentos do capital
estrangeiro e visando garantir seus lucros com a renda advinda da cobrança de aluguéis. Entretanto,
cabe ressaltar, que diferentemente do sugerido pela maioria dos autores especializados nessa
questão, a construção de vilas e núcleos de habitação no país precede ao processo de
industrialização, uma vez que já durante o período de colonização portuguesa aparecem nas
fazendas, engenhos de açúcar e junto às áreas de mineração. A grande inovação deste período, a
partir de 1880, é a localização dessas edificações junto das cidades ocupando áreas periféricas
junto às fábricas (CORREIA, 2010).

Figura 02: Entrada da Vila Maria Zélia - 1917


Fonte: Departamento de História - FFLCH – USP. Disponível em: http://lemad.fflch.usp.br/node/291

2.2. Vila Operária Maria Zélia

A Vila Maria Zélia foi implantada em um espaço expressivo com um conjunto de edificações
articuladas em torno de uma praça, com ruas dispostas paralelamente entre si e cruzadas
perpendicularmente por outras, conformando uma trama ortogonal atendendo aos requisitos de
economia de espaço e custo de implantação, entretanto a integração entre arquitetura e paisagismo
a aproximem dos princípios projetuais estabelecidos no movimento City Beautiful, como analisa
Correia (2010) em sua pesquisa. Do mesmo movimento a vila preserva o controle organizativo entre
as diversas áreas no que tange a proporção entre a largura das ruas, as formas racionalizadas dos
prédios, sua localização e o tratamento das áreas livres. A praça central ocupa uma área triangular
resultante do traçado ortogonal das ruas destinadas à moradia e serviços, recebeu tratamento
paisagístico primoroso, guarnecendo os espaços com mobiliário e equipamentos urbanos,
entretanto a igreja católica, ali construída, constituiu-se no principal marco arquitetônico da mesma.
Considerada precursora dos conjuntos habitacionais no país, a Vila Maria Zélia acabou sendo
incorporada em 1939 ao Instituto de Pensões e Aposentadorias dos Industriários como pagamento
de dívidas oriundas dos problemas financeiros ocorridos durante a Primeira Guerra Mundial, depois
de ter pertencido às famílias Scarpa e Guinle, foi adquirida parcialmente pela Goodyear que demoliu
a creche, o jardim de infância, o coreto e dezoito casas, incorporando os respectivos terrenos à
fábrica. Em 1969, as casas foram vendidas pelo sistema financeiro da habitação a seus moradores,
em 1970, deixou de ser uma vila particular para se transformar em logradouro público e bem
tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do
Estado de São Paulo – Condephaat 1.

2.3. O surgimento das Vilas Operárias cariocas – Vilas Operárias da Gávea

Não se pode pensar no desenvolvimento do processo urbanização da cidade do Rio de Janeiro sem
levar em conta a importância de dois fatores que o influenciaram diretamente, primeiro a
conformação topográfica e geográfica de seu território e, na sequência, a transferência da Corte
vinda de Salvador em 1808, que trouxe consigo, a abertura dos portos possibilitando a imigração de
estrangeiros para o Brasil, os quais se somaram a população local na necessidade de unidades
para habitar. Nesse período, a conformação espacial da região era marcada pela divisão em
chácaras, das principais áreas secas, nas quais se explorava ainda as monoculturas agrícolas. A
ocupação, que até esse momento se estendia apenas entre os morros do Castelo, de São Bento, de
Santo Antônio e da Conceição, passa a buscar áreas de brejos dessecados, mangues e outras
regiões alagadas, entretanto a ocupação efetiva de outras áreas só foi possível com a expansão e
modernização dos sitemas de transporte.

Figura 03: Bonde da linha Largo do Machado - Gávea


Fonte: Museu da Imagem e do Som, Fotógrafo Augusto Malta, 1920.

O período de transição entre o processo manofatureiro de produção e a instalação dos edifícios


fabris deve-se, no caso particular do Rio de Janeiro, a dois fatores, sendo o primeiro determinado
pela proximidade entre as fontes de matérias primas e os mercados consumidores, representados
não só pelas características de cidade portuária, mas também por ser o maior centro financeiro do
país e a segunda determinada pela degradação das áreas produtoras de café, que passam a ser
oferecidas ao mercado imobiliário com preços baixos e também, libera para a indústria, a mão de
obra que não emprega mais. O acréscimo de contingente à força de trabalho disponível e, ao
mesmo tempo, o incremento do mercado consumidor representam a base para a industrialização
carioca.
A progressiva valorização das terras ocupadas durante o período de instalação das indústrias
acabou por justificar a implantação da infraestrutura urbana, indispensável ao desenvolvimento da
cidade, que incorporou maiores distâncias ao seu território e possibilitou que essas iniciativas
passassem a ser financiadas pelo capital estrangeiro.
A ocupação residencial do bairro da Gávea contava, inicialmente, com o empreendedorismo dos
fidalgos, que desejam morar longe da aglomeração do centro, porém com a garantia de se deslocar
até ele no máximo em uma hora, tempo exigido para que os bondes movidos a tração animal
percorressem o trajeto do final do bairro ao Largo do Machado. Com o final do Império a aristocracia
se transfere para outros bairros e a Gávea foi incorporada pela industrialização pujante na capital.
A partir de 1865 novas linhas de bonde são criadas e a Botanical Garden Railoard passa a interligar
o Largo do Machado ao Jardim Botânico, Gávea e por fim Copacabana, tendo início o a exploração
das terras da zona sul carioca como relataram Lima; Maleque (2007).

A partir de 1865 a Gávea passou a ser servida por transportes coletivos,


primeiramnete com os bondes à tração animal da Botanical Garden Railroad
Company (posteriormente Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico), cuja linha
inicial ia inicialmente até o portão do Jardim Botânico, e, a partir de 1871, permitia a
ligação do centro da cidade ao Largo das Três Vendas, num percurso de 13 km. Em
1883, esse percurso estendeu-se até o alto da Rua da Bela Vista do Jardim
Botânico. O bonde elétrico, movido pelos acumuladores Julien, foi implantado em
1887, estimulando a ocupação da Freguesia da Lagoa pelas classes mais
abastadas. [...] (LIMA; MALEQUE, 2007. p.107).

Nessa região também se instalam as primeiras indústrias que demandavam grandes terrenos e
algumas delas, principalmente as de tecidos, prescindiam da existência de cursos d’água junto de
suas instalações (STANCHI, 2008). Foi no início do séuclo XX, que as primeiras fábricas, de tecidos
e de produtos farmacêuticos principalmente, foram construídas no bairro da Gávea e anexo a elas
são instaladas comunidades operárias, que em sua maioria traziam no seu programa básico de
equipamentos urbanos, igrejas, escolas, clubes e postos médicos. Ainda segundo informações
fornecidas por Lima; Maleque (2007), o Censo realizado em 1906 registrava uma população de
12.570 habitantes concentrada no distrito da Gávea, que abrangia na época os bairros de Ipanema,
Jardim Botânico, Fonte da Saúde e estendendo-se até a Barra da Tijuca, revelando um crescimento
considerável se a compararmos aos números do Censo de 1890 que contava apenas 4.712
habitantes na mesma região.
Na virada do século XIX para o XX, a cidade do Rio de Janeiro já possuia um significativo número de
fábricas com vilas operárias anexas ou próximas de seus edifícios, como demostra o Quadro 2,
abaixo:

Quadro 2: Indústrias cariocas proprietárias de vilas operárias na virada do século XIX para XX

Cidade do Rio de Janeiro

1880 Fábrica de Fiação, Tecelagem e Tinturaria Aliança

1886 Companhia de Fiação e Tecidos Carioca

1887 Companhia de Fiação e Tecidos Confiança Industrial

1889 Companhia de Fiação e Tecidos Corcovado

1891 Companhia de Fiação de Tecidos São Félix

1893 Companhia América Fabril (Fábrica Cruzeiro)

1904 Companhia Tijuca

1906 Companhia de Tecidos Sinhá de Sapopemba

1907 Fábrica de Tecidos Botafogo – Cia América Fabril

1911 Fábrica Mavilis

Fonte: VARON, 1988.

Dentro desse panorama de desenvolvimento industrial novecentista, os bairros situados ao extremo


da zona sul do Rio viram surgir, também, seus polos comerciais e de atuação dos prestadores de
serviços, fato este que foi encarado pelo mercado imobiliário como mola propulsora para a
valorização dessas terras, a qual surge associada à expansão das linhas de transporte coletivo,
resultante de acordo firmado entre as empresas imobiliárias e a empresa de carris Botanical
Garden.Tal situação persiste por cerca de três décadas e a partir de 1930, com o incremento da
produção arquitetônica modernista brasileira, impulsionada pela difusão da tecnologia dos
processos de utilização do concreto armado, teve início o primeiro processo de desativação fabril
nos bairros mais afastados do centro dando início ao processo de verticalização radical das áreas
residenciais na cidade do Rio de Janeiro. Esse fenômeno repete-se simultaneamente nos bairros da
Glória, Flamengo, Copacabana, Gávea e Leblon, que até meados da década de 1960 eram o final
da cidade nessa direção.
Dentre as diversas indústrias instaladas no bairro, tais como os laboratórios Park-Davis e Moura
Brasil, destacamos a iniciativa da Companhia de Fiação e Tecidos São Félix, também conhecida
popularmente como Fábrica de malhas São Félix, Fábrica da Gávea ou Cotonifício Gávea em
fornecer habitação a seus operários e cuja vila operária situada à Rua Marquês de São Vicente,
encontra-se, ainda hoje, parcialmente preservada na área da PUC-RJ, denominada hoje de Vila dos
Diretórios. O modelo adotado foi o mesmo de outras vilas operárias do Rio de Janeiro: pequenas
casas padronizada sendo, uma delas mais imponente e localizada na entrada, geralmente ocupada
pelo gerente da fábrica. Havia uma hierarquia na ocupação que possibilitava o controle dos
subordinados pelo chefe.
Figuras 04 e 05: Vistas da Vila dos Diretórios PUC-RJ (Antiga Vila Operária São Félix - Gávea) – 1964
Fonte: http://www.ccpg.puc-rio.br/70anos/tempo-no-espaco/lugares-memoria/vila-dos-diretorios

Na década de 1950 o bairro da Gávea foi foco de importantes transformações como a construção do
Conjunto Residencial Marquês de São Vicente inaugurado em 1952, revelando a grandiosidade do
projeto do arquiteto Affonso Eduardo Reidy e posteriormente a construção do campus Rio de
Janeiro da Pontifícia Universidade Católica em 1955, ocupando uma área de 100.000 metros
quadrados junto à Avenida Marquês de São Vicente, sem falar nas transformações ocorridas no
sistema viário local, que viu suas calmas ruas residenciais passarem a importantes corredores de
interligação entre áreas estratégicas da cidade.

2.4. Tipologia modernista para habitação coletiva – soluções brasileiras

A emergência do movimento moderno firmado nas primeiras décadas do século XX deu origem a
experiências marcantes, tanto em relação às moradias populares como nas tipologias verticais.
As idéias modernistas difundiram a otimização dos métodos construtivos e novas tecnologias
foram incorporadas aos processos visando principalmente a construção de moradias em larga
escala.
As unidades residenciais foram uniformizadas e o traçado urbanístico racionalizado.
Dentro desta lógica conceitual, uma proposta moderna bastante difundida foi a das “Unite
d´Habitation” de Le Corbusier, inicialmente com La Unite d´habitation de Marseille, 1947/52. Nesta
proposta, o arquiteto pela primeira vez teve liberdade total para expressar suas concepções sobre o
habitat moderno, apresentando a possibilidade de solucionar num mesmo bloco problemas como, a
determinação de diferentes moradias que correspondessem a formas distintas de morar, ou seja,
que atendessem ás necessidades de solteiros e de famílias com ou sem filhos. Utilizou
pré-moldado, observou questões de iluminação e insolação, possibilidades de ampliação da
unidade e a instalação de serviços comunitários. (GALESI; CAMPOS NETO, 2002).

Figura 06: Unité d'Habitation à Grandeur Conforme in Marseille (1945-1952).


Fonte: http://lava.ds.arch.tue.nl/lava/people/art/corbu/
Para a implantação desta primeira unidade habitacional, Le Corbusier buscou demonstrar a
diferença de uma área ocupada por 500 unidades unifamiliares dispostas horizontalmente em
relação a uma lâmina vertical com o mesmo numero de unidades implantadas tradicionalmente no
tecido, afirmando que só uma mudança do paradigma de habitar, sob o ponto de vista urbanístico
abriria condições para uma revolução da arte de morar (BONDUKI, 1999).
Mais duas Unite d´Habitation são construídas beneficiadas pela experiência de Marseille, a Unite
d´Habitation de Nantes-Reze, 1952/53, e a Unite d´Habitation de Berlin, semelhantes em seus
princípios e diferentes em alguns aspectos executivos e de interpretação estética.

Figura 07: Unité d'Habitation, Nantes - Rezé, Figura 08: Unité d'habitation de Berlim,
France, 1950-1955 Alemanha, 1957.
Fonte: http://en.wikiarquitectura.com/index.php/ Fonte: http://www.cambridge2000.com/gallery/html/
Unit%C3%A9_d'Habitation_of_Nantes-ez%C3%A9
P31211921e.html

Nestes modelos são identificados os aspectos do movimento moderno tais como, teto jardim, pilotis
e as ruas internas integrando no mesmo edifício habitações e equipamentos comunitários que
foram amplamente difundidos inclusive pelos CIAMs. Este edifício habitacional foi concebido como
unidade urbana, composto por moradias funcionais de qualidade, servidas por equipamentos e
serviços incluindo áreas de lazer comunitárias, o que viria a alterar as relações vigentes entre os
espaços públicos e privados.
Deste modo, observa-se que neste período habitar um apartamento transformou-se em estar
interligado a um conjunto de funções coletivas tornando a arquitetura inseparável do urbanismo.
Embora o modelo “unite d´habitation” não tenha se desenvolvido como solução no setor de
habitação popular do ponto de vista conceitual é considerável a influência de Corbusier, se
destacando em diferentes contextos, às vezes de forma pura, outras adaptadas ou deturpadas.,
Destacou-se a principalmente nos conjuntos residenciais formados por longos blocos com traçado
sinuoso.
Lucio Costa chegou a dirigir por um breve período, em 1930, a Escola Nacional de
Belas Artes, realizando uma reforma curricular que lhe custou brigas internas e seu
desligamento da direção da escola, sob inflamados protestos dos alunos. Lucio é
chamado por Capanema para realizar um novo anteprojeto para o prédio do
Ministério da Educação e Saúde (MES), pois o projeto selecionado não condizia
com as propostas modernizantes aspiradas pelo Ministério (SEGAWA, 1999). Lucio
organiza uma equipe, da qual Affonso Eduardo Reidy (1909-1964) é um dos
integrantes. Ele também viabiliza junto a Capanema a visita de Corbusier ao Brasil,
com a finalidade de prestar consultoria ao grupo. Executado, o prédio acaba se
tornando referência mundial para a Arquitetura Moderna, vindo, mais tarde a
surpreender até mesmo Corbusier. Estava atingido, na construção do prédio do
MES, o objetivo de, através da nova estética introduzida pela Arquitetura Moderna,
firmar uma Identidade Nacional (SILVA, 2006, p. 23).

A contribuição do movimento moderno na produção arquitetônica brasileira de meados do século


XX pode ser identificada a emergência de um movimento coerente ao modernismo em geral,
reconhecido por “Arquitetura Moderna Brasileira”. Surgiu após 1930 e se firmou no segundo
pós-guerra, responsável por contribuições marcantes na produção da moradia popular coletiva e
das tipologias verticais (GALESI; CAMPOS NETO 2002).
As aspirações de Corbusier encontrariam eco no Brasil, cujo governo encontrava-se engajado em
firmar a identidade nacional. A nova arquitetura, preconizada por Corbusier, ancorou em terras
cariocas, passando a fazer parte da paisagem da cidade e permitindo a busca por soluções de
conjuntos destinados à habitação. A influência direta dos princípios e conceitos deste movimento é
restrita a um determinado período e se representada na obra de alguns arquitetos brasileiros
notáveis, dentre eles Afonso Eduardo Reidy, responsável pelos conjuntos residenciais de
Presidente Mendes de Morais, o Pedregulho (1948) e mais tarde o Conjunto Residencial Marquês
de São Vicente, no bairro operário da Gávea (1954), que constitui um dos objetos deste estudo, e
que obtiveram maior evidência na história da arquitetura popular brasileira e internacional, o que na
verdade representa o auge de um destacado ciclo de projetos de muita qualidade conceitual.

No Brasil estava, então, criada a atmosfera propícia à implantação do projeto social


idealizado por Carmen Portinho (1906-2001) e Affonso Eduardo Reidy. A vontade
de construir um empreendimento de vulto, que voltasse os olhos do mundo para o
potencial da arquitetura que estava se desenvolvendo no Brasil; legitimar esta
arquitetura com a bandeira do atendimento social; e ainda ter um Governo
preocupado em marcar a identidade nacional através das artes, principalmente a
arquitetura, foram fatores que possibilitaram a execução do Conjunto Residencial
Prefeito Mendes de Moraes (SILVA, 2006, p.24) .

Reidy utiliza em suas obras a potencialidade plástica da construção em concreto armado, utilizando
a linguagem arquitetônica sistematizada por Le Corbusier. Defende também a espacialidade como
característica da arquitetura e reafirma a necessidade de conciliação entre utilidade e beleza no
projeto arquitetônico. O arquiteto faz parte do processo histórico da modernidade arquitetônica onde
à conceituação e a fenomenização do espaço se desenvolveram em sincronia. (CONDURO, 2005).

“É certo que o simples fato de uma construção atender as necessidades puramente


funcionais não é condição suficiente para que mereça a designação de obra de
arquitetura. Entretanto não se pode dissociar da arquitetura seu aspecto utilitário,
aquele que lhe deu inclusive motivação. A arquitetura não pode ser considerada
apenas uma escultura vazada. O seu ajustamento ao fim a que se destina não lhe
tira de forma alguma, a sua condição de ser essencial e fundamentalmente obra de
arte. Mas o que realmente melhor a define e a caracteriza é a sua concepção
espacial” (REIDY, 1987, p. 182 apud CONDURO, 2005)

É interessante observar que, em seus primeiros projetos, como o Albergue da Boa Vontade (1931) o
arquiteto configura espaços na sua maioria ortogonais, delimitados com exceções esboçadas com
formas puras como trapézios ou círculos. Na sequencia destes projetos as composições se tornam
mais soltas e assimétricas desenvolvendo sua espacialidade nas áreas circundantes, onde se
principia uma articulação dos elementos que organizam os planos e volumes. Há uma clareza na
contraposição dos elementos de sustentação e a restrição espacial, onde, o sistema estrutural é
evidenciado e proposto como resultado plástico.
Na cronologia de sua produção, a liberdade de formas se torna mais dinâmica após sua experiência
com Le Corbusier na elaboração dos projetos da Cidade Universitária e do Edifício sede do
Ministério da Educação e Saúde (1936) os elementos de apoio se tornam distintos e independentes,
curvas e oblíquas são inseridas na malha ortogonal do sistema portante. Nos anos 1940 Reidy
rompe com a dominância ortogonal acentuando a ação espacial no entorno em seguida as plantas
voltam a ser em sua maioria ortogonal, no entanto com espaços e volumes gerados a partir da
articulação de planos de vedação e elementos estruturantes gerando resultados admiráveis.
Neste período pode-se destacar inicialmente o bloco da escola e do ginásio do conjunto residencial
do Pedregulho (1947), onde Reidy parte de plantas utilizando ângulos retos concluindo com
volumes e espaços curvos e oblíquos (CONDURU, 2005).
Figura 09: Conjunto Residencial do Pedregulho (Bloco da Escola e do Ginásio)
Fonte: Andrés Oteroh, disponível em:http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/12.045/3779

Figuras 10 e 11 :Croquis de implantação dos conjuntos Pedregulho e Marquês de São Vicente


Fonte: BONDUKI, 1999.

Neste contexto e numa sequência cronológica da sua produção arquitetônica observa-se ainda uma
negação da ortogonalidade, às vezes articulada aos elementos de sustentação localizados
afastados da fachada e em outras estes elementos definem uma extensão interior onde se
desenvolvem diferentes espaços, ou seja, nas situações em que posicionou o sistema estrutural
recuado as soluções plásticas avançam no espaço tendendo a se afastar dos centros, já quando as
vedações ou fechamentos espaciais recuam para serem contidos pela delimitação estrutural a
solução plástica dominantemente se aproxima do centro.
Esta dinâmica evidencia a ênfase dada pelo arquiteto ao sistema estrutural na configuração
volumétrica relevando as formas puras e simples.
Segundo Conduru (2005), em síntese, o arquiteto partiu da dominância ortogonal, experimentou
construir tanto com planos curvos e oblíquos quanto volumes cilíndricos e trapezoidais, inicialmente
de forma discreta e depois mais intensamente, partindo assim de um início purista, chegou a
soluções mais complexas sempre equilibradas e contidas, para mais tarde, retornar ao purismo.
Sua obra privilegia a forma do objeto, considerando-se uma configuração espacial muitas vezes
residual e o espaço como tendo uma importância crescente em sua pesquisa.
A plasticidade de Reidy não é predominantemente curvilínea nem ortogonal, o arquiteto entendia
que toda a forma precisava ser justificada e racionalizada; tornando a curva por vezes tão mais
pertinente, lógica e racional que a própria reta.
No diálogo com a paisagem, Reidy afirma que, “a correspondência entre a obra arquitetural e o
ambiente físico que o envolve é sempre uma questão da maior importância” (REIDY, 2000, p.164
apud (CONDURO, 2005, p.32),
Considerada por Conduro (2005) como determinante do partido adotado para os projetos de Reidy,
a espacialidade do Rio de Janeiro, especificamente no que diz respeito à implantação dos conjuntos
“Pedregulho e Gávea onde os sítios são inexpressivos, é o gesto do arquiteto que transforma
montanhas quase anódinas em parceria com um jogo plástico intenso”, no entanto a liberdade de
suas formas remete a beleza da intimidade da paisagem carioca, observada por Richard Serra 2 em
sua estada no Rio de Janeiro em 1997, quando se refere ao edifício em curva sobre o túnel.
“Gosto do edifício porque reflete a sinuosidade da estrutura curvilínea do rio de Janeiro” (CONDURO, 2005,
p.24).

O depoimento atesta a força plástica do edifício – O bloco de apartamentos do


Conjunto Residencial Marquês de São Vicente -, obra inacabada e alterada,
avariada mesmo, não sobre, como supõe e escultor, mas perfurada pelo túnel,
constituindo o que Afonso Carlos Marques dos Santos denominou como
“monumento à violência contra a própria condição humana” (SANTOS, 1997, p.27
apud CANDURO, 2005, p. 24)

Figura 12:Túnel sob o Conjunto Residencial Figura 13: Túnel Dois Irmãos
Marquês de São Vicente - Rio de Janeiro, 19__ Fonte: http://arquitecturb.tumblr.com/post/5485797216/
Fonte: BONDUKI, 1999. acidadebranca-conjunto-residencial-marques-de

Na representação plástica de toda a sua obra, Reidy não evidencia qualquer tentativa de referência
a cultura local ou a naturalidade, o arquiteto adere decididamente ao racionalismo do movimento
moderno, a qual, ainda hoje independente da condição do estado das obras, em geral alteradas e
em péssimas condições de conservação. Documentam as características de uma proposta e dentro
de suas limitações, de uma reflexão crítica sobre a capacidade de adaptação da sociedade aos
processos de transformação social e reeducação de hábitos através de uma determinada
configuração do espaço.

2.5. O Conjunto Residencial Marquês de São Vicente – Gávea - RJ


Como legítimo representante da tipologia acima relatada, desenvolvida e adotada como modelo
pela arquitetura nacional do início do século XX, o Conjunto Residencial Marques de São Vicente,
construído na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, no período em que ainda sediava o
governo do país, foi construído a partir de um projeto do Departamento de Habitação Popular da
Prefeitura do Distrito Federal idealizado pelo arquiteto A. E. Reidy e apoiado pela engenheira
Carmem Portinho, executado entre 1952 e 1954 no qual reutilizou a solução curvilínea adotada
também no Pedregulho, no entanto com maior preocupação em limitar custos de obra e outros
aspectos econômicos.
No contexto das tipologias, desenvolvidas e adotadas como modelo, o conjunto Habitacional
Marques de São Vicente, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, ainda Capital Federal foi
um projeto do Departamento de Habitação Popular da Prefeitura do Distrito Federal idealizado por
Reidy e construído entre 1952 e 1954 onde repete a solução curvilínea adotada no Pedregulho, no
entanto com maior importância aos aspectos econômicos
Dentro do conceito urbanístico de unidade de vizinhança o projeto com 748 apartamentos
apresentava equipamentos voltados ao consumo de bens e de serviços urbanos, ou seja, jardim da
infância, escola primária, playgrounds, mercado, lavanderia, posto de saúde, igreja, auditório ao ar
livre, campos de jogos, administração e serviço social.
O conjunto habitacional foi implantado sobre uma encosta paralelo as curvas de nível,
acompanhando a sinuosidade do terreno, elevado sobre pilotis e com pavimento intermediário
aberto e de uso comum aos moradores com destaque construtivo para os pilares em “V”, que
alternados com as colunas permitiu um equilíbrio da composição.
Neste contexto as lavanderias comunitárias situam-se no último piso que apresenta marquises
vazadas criando o coroamento do prédio, espaço este que se encontra desativado e destinado ao
simples depósito de materiais em desuso.
A fachada, consequência de cheios e vazios contrasta propositalmente com a superposição de
janelas na parte superior (ANDRADE, 2007)

O arquiteto soube explorar ao máximo as condições topográficas e colocar um


motivo central de indiscutível elegância, com sua ponte em arco rebaixado
abarcado o fundo da depressão existente para servir de apoio aos pilotis e evitar
grandes terraplanagens; mais uma vez, considerações funcionais e plásticas
uniram-se para levar a um resultado notável. (YVES BRUAND, 1981, p. 233 apud
ANDRADE, 2007, p.1)

O terreno destinado à implantação do Conjunto Habitacional Marques de São Vicente configura


uma área de 114 mil metros quadrados, composta por topografia parte plana e parte bastante
acidentada, a qual se estende pela encosta até atingir sessenta metros de desnível.
A encosta está voltada para o Norte, à frente está o maciço do corcovado e à esquerda, na face
Oeste, o Morro Dois Irmãos; à direita a Lagoa Rodrigo de Freitas a aos fundos o mar, Praia do
Leblon (BONDUKI, 1999).
Das unidades e equipamentos sociais que faziam parte do projeto original apenas 328 unidades
residenciais foram construídas. Executou-se apenas o bloco de 250 metros de comprimento
implantado ao longo da curva de nível. (BONDUKI, 1998; ANDRADE, 2007)
Reidy, diante da previsão de uma avenida que ligasse o Leblon a Gávea, a qual cortaria o terreno,
previu o rebaixamento da via, separando a circulação destinada aos veículos da destinada aos
pedestres.

Figuras 13 e 14: Imagem de dois períodos relativos às obras de rebaixamento do terreno


para passagem de avenida Ligando o Leblon à Gávea
Fonte: BONDUKI, 1999.

No entanto, como a implantação do projeto ficou incompleta e o único bloco construído, em 1979, foi
parcialmente modificado com a abertura do túnel que liga a Gávea a São Conrado. . Segundo
Carmem Portinho a construção do conjunto da Marques de São Vicente na Gávea construído pelo
departamento de habitação popular que ela coordenava demorou muito mais tempo que a
construção do Pedregulho talvez por ser muito maior. Dos blocos que eram para ser construído,
apenas o curvo foi executado, como é hoje, assim mesmo interrompido por diversas vezes, neste
período ela pediu sua aposentadoria por discordar com as orientações sobre moradia popular que
recebia do governo de Carlos Lacerda e logo depois Reidy também se aposentou de modo que
nada mais tiveram com o andamento da obra. O restante do projeto, ou seja, demais blocos, escola,
mercadinho, ou seja, toda a infraestrutura prevista foi suprimida. (PORTINHO, 1988 apud
BONDUKI, 1999).
Parte do edifício foi recortada e algumas unidades residenciais foram suprimidas. Apesar das
modificações o edifício encontra-se em razoável condição de conservação externa, situação melhor
que a do Conjunto Habitacional Prefeito Mendes de Moraes, embora não haja registro de projetos
de intervenções destinados à restauração do edifício. O conjunto foi tombado em 2001; pela
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro3. A alteração sofrida pela edificação é responsável pelas
muitas queixas dos moradores em relação ao barulho decorrente do intenso trêfego viário, cuja
imensa frota carioca, circula sob seus apartamentos. Vale mencionar que antes da construção do
conjunto, este terreno abrigava uma favela com aproximadamente 5.262 pessoas ocupando 955
barracos em péssimas condições de higiene, resultado da degradação progressiva de um Parque
Proletário, projeto polêmico da Prefeitura do Rio de Janeiro decorrente de intervenções públicas nas
comunidades. O Parque Proletário da Gávea foi construído 1942 em plena Avenida Marques de
São Vicente, no ano de 1952 já se encontrava totalmente deteriorado e em péssimas condições
sanitárias e de manutenção. Este projeto do governo federal e da prefeitura do Rio de Janeiro foi o
primeiro dos três inaugurados entre 1942 e 1943 com o objetivo de abrigar provisoriamente
moradores de favelas que seriam urbanizadas. Os outros dois parques com estrutura semelhante
foram construídos nos bairros do Caju e do Leblon (MONTEIRO, 2004).

O Conjunto Habitacional Marques de São Vicente seguia a filosofia de alugar e não vender os
apartamentos aos funcionários da prefeitura, da mesma forma que foi feito com o Pedregulho, no
entanto mesmo antes de concluído alguns políticos deixaram de lados os assistentes sociais e os
apartamentos foram distribuídos a revelia.

O edifício construído foi ocupado por um grande número de funcionários públicos municipais e
pouquíssimos moradores vieram da favela do Parque Proletário da Gávea, pois a demanda também
era alimentada pelos remanescentes da venda ou desapropriação das vilas operárias da região e
arredores.

Hoje o prédio de seis andares conhecido como “Minhocão” tem 308 apartamentos, cerca de dois mil
moradores, seis porteiros e, sabe-se que para a tristeza dos mais velhos, nenhum elevador.
Segundo a síndica Sra. Leila Lopes há nove anos no cargo, o conjunto habitacional é sinônimo de
ambiente familiar e segurança para quem vive nos apartamentos sendo o grande vilão, o barulho
vindo do túnel, que tira o sono dos moradores, mas é, segundo ela, ainda um bom lugar para se
viver. O prédio passa por obras para contenção de infiltrações e troca da tubulação de gás, no
entanto, já deu muito trabalho aos moradores e administradores, houve tempo em que esteve
abandonado e com problemas com usuários de drogas. Hoje, mais organizado, apresenta pessoas
que se conhecem e convivem desfrutando um clima de confiança4.

CONCLUSÃO

Fica claro através da análise dos achados desse estudo que a construção das vilas operárias, além
de trazerem garantias servis dos moradores aos proprietários das indústrias que as construíam,
possuía também a responsabilidade de garantir soluções de higiene, como a amplitude e a
iluminação natural dos ambientes, além de inovações técnicas e sanitárias em resposta aos
modelos de habitação coletiva insalubres, buscando incorporar noções de ordem, moralidade e
disciplina a um número reduzido de moradores por unidade. Tais critérios foram embasados nas
experiências europeias de habitação para operários, estudados e desenvolvidos desde o século
XVII, na tentativa de evitar que seus funcionários percorressem grandes distâncias para chegar ao
trabalho, quando foram criadas as primeiras aglomerações para operários, termo definido por
Harouel (1990) para designar conjuntos arquitetônicos construídos junto de áreas industriais e que
chegaram a soluções notáveis, tais como, Le Grand Hornu em Hainaut e Bois-du-Luc em La
Louvière, ambas províncias Belgas.
Figura 15: Fabricas e habitações de Figura 16: Litografiad de Canelle - Bois Du Luc, Belgica, 1850
Grand-Hornu, Belgica, 1830-1860 Fonte: http://users.swing.be/place.sandrine/hamain.html
Fonte: http://www.superstock.co.uk/
stock-photos-images/1895-25365

Entretanto, no caso das vilas, tanto as de São Paulo como as do Rio de Janeiro, encontramos um
modelo apropriado e aprimorado pelos industriais das fábricas de tecidos. As vilas de fabrica, além
de fixar seu contingente de operários aos postos de trabalho, por ocasião da possibilidade de
escassez de mão de obra, também abrigavam uma força de trabalho discriminada, que abrangia
mulheres e crianças, daí a opção por unidades residenciais familiares. Em ambos os casos, é
importante ressaltar que a associação dos edifícios industriais às áreas destinadas para a
implantação de suas vilas operárias, esteve ligada a localização estratégica dos terrenos em que
foram construídas, afastados das áreas centrais, onde o preço da terra, ainda não se encontrava
hipervalorizado possibilitando a aquisição de grandes glebas. Outro aspecto relevante está
relacionado a incorporação das áreas industriais à rede de transportes urbanos da época, nos dois
casos, possibilitada pelo financiamento proveniente de capital externo confiante na possibilidade do
desenvolvimento industrial do país e representados pelas companhias inglesas, Botanical Garden
Railoard no caso dos bondes que faziam a ligação do bairro da Gávea, um dos objetos desse artigo,
com o centro da cidade do Rio de Janeiro e a São Paulo Railway Company, que interligava
inicialmente através de bondes, substituídos rapidamente por via férrea, a região central da cidade
de São Paulo aos bairros operários do Brás,Belém e Penha, região de construção de outro foco
deste estudo, a Vila Maria Zélia.
Quando o poder público assume definitivamente a função de empreender edificações destinadas à
habitação popular, cria um instrumental legislativo para viabilizar esse processo,
regulamentando-se nesse momento os Institutos de Pensões e Aposentadorias, através dos quais
se tornou possível a construção de inúmeros conjuntos habitacionais, legítimos representantes do
desenvolvimento dos conceitos de moradia digna oriundos das iniciativas industriais de construção
das vilas operárias.
O Conjunto Residencial Marquês de São Vicente é parte integrante das iniciativas habitacionais
realizadas pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões, sob a coordenação da engenheira
Carmem Portinho no Departamento de Habitação Popular do Distrito Federal, com influência direta
de sua experiência no exterior, que preconizava a incorporação de serviços sociais e equipamentos
urbanos aos conjuntos habitacionais, em oposição direta aos modelos que adotavam como solução
os edifícios e casas isolados.
Por vezes, as obras de Reidy são consideradas como as únicas dignas de destaque no campo da
habitação social, prática endossada por Bruand (1981), que ao selecionar os exemplos que
registram a produção da arquitetura moderna, voltada à habitação popular no Brasil, relaciona
apenas os dois exemplos do arquiteto no Rio de Janeiro.

1
Governo do Estado de São Paulo – Secretaria da Cultura – Bem Tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio
Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico - Condephaat - Número do Processo: 24268/85 - Resolução de
Tombamento: Resolução 43 de 18/12/1992 - Publicação do Diário Oficial - Poder Executivo, Seção I, 19.12.1982, pg. 25
- Livro do Tombo Histórico: inscrição nº 305, p. 77, 28/05/1983.
2
SERRA, R. Palestra de Richard Serra. In: – Rio Rounds, Rio de Janeiro: Centro de Arte Hélio Oiticica, Palestra
proferida em: 03/12/1997.
3
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro – Bem Tombado pelo Conselho do Patrimônio Histórico, Arqueológico e
Cultural da Cidade do Rio de Janeiro - Lei 3300/2001
4
(extra.globo.com/noticias, 2010).

REFERÊNCIAS

ANDRADE, J. Projeto APA- Arquitetura e Paisagem - Avaliação da inserção urbana no meio físico
(CNPq). Subprojeto: Conjuntos residenciais sobre encostas; avaliação da utilização desta tipologia
como solução habitacional no Morro da Cruz, Florianópolis, SC – Terceira parte. Universidade
Federal de Santa Catarina. Pro-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação. Departamento de apoio a
pesquisa, Santa Catarina, Brasil, 2007. Disponível
<www.soniaa.arq.prof.ufsc.br/sonia/Relatorios2/jaqueline2007.pdf>, acessado em 04/09/2011.
BENCLOWICZ, C. M. Prelúdio Modernista: construindo a habitação operária em São Paulo.
Dissertação de Mestrado. São Paulo: FAU-USP, 1989.
BLAY, E. A. Eu não tenho onde morar: vilas operárias na cidade de São Paulo. São Paulo: Nobel,
1985.
BONDUKI, N.G. Origens do problema da habitação popular em São Paulo 1886-1918», in Espaço
& Debates, São Paulo, n.° 5, 1982.
BONDUKI, N.G. (Org.) Affonso Eduardo Reidy. Lisboa: Editora Blau & Instituto Lina Bo e P.M. Bardi,
1999.
BONDUKI, N.G. Origens da habitação social no Brasil: arquitetura moderna, lei do inquilinato e
difusão da casa própria. São Paulo: Estação Liberdade, 4 ed., 2004.
BRUAND, Y. A Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1981.
CONDURU, R. Razão em Forma: Affonso Eduardo Reidy e o espaço arquitetônico moderno, 2005.
Revista de pesquisa em arquitetura e urbanismo. Programa de pós-graduação do departamento de
arquitetura e urbanismo. EESC-USP. Disponível em
http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/risco/n2/03.pdf, acessado em: 15/08/2011.
CORREIA, T.B. Patrimônio Industrial e Agroindustrial no Brasil: a forma e a arquitetura dos
conjuntos residenciais. In: Segundo Seminário de Patrimônio Agroindustrial, 2010, São Carlos.
Anais do Segundo Seminário de Patrimônio Agroindustrial. São Carlos: USP, 2010.
DIAS, M. L. R. P. Desenvolvimento urbano e habitação popular em São Paulo 1870 – 1914. São
Paulo: Nobel, 1989.
DURAND, J. C. Negociação Política e renovação arquitetônica: Le Corbusier no Brasil. São Paulo:
RBCS. Anpocs, n. 16, jul. 1991.
GALESI, R.; CAMPOS NETO, C.M. Edifício Japurá: Pioneiro na aplicação do conceito de Unité
d’Habitation de Le Corbusier no Brasil, 2002. Disponível em
<www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.031/724>, acessado em 19/02/2011.
GONÇALVES, P.E.B. EVOLUÇÃO DA MORFOLOGIA URBANA. Estudo de caso: Subdistrito
Hipódromo – Mooca – São Paulo. 2009, 150f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) –
Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Judas Tadeu, São
Paulo, 2009.
HAROUEL, J. L., História do Urbanismo, Campinas: Papirus, 1990.
JESUS, R.O.S. CONJUNTO RESIDENCIAL DA LAGOINHA: O impacto da construção de um Hof
na capital mineira. In: 3 o Seminário DOCOMOMO Brasil, 3, 1999, São Paulo. Anais do Terceiro
Seminário DOCOMOMO – A permanência do Moderno: Os conceitos do Movimento
Moderno, disponível em: http://www.docomomo.org.br/seminarios%203%20SP%20sessoes.htm.
KOURY, A.P.; BONDUKI, N.G.; MANOEL, S.K. ANÁLISE TIPOLÓGICA DA PRODUÇÃO
HABITACIONAL ECONÔMICA NO BRASIL: 1930-1964.In: 5º Seminário DOCOMOMO Brasil, 5,
2003, São Carlos. Anais do Quinto Seminário DOCOMOMO - Arquitetura e Urbanismo
Modernos: Projeto e Preservação, disponível em:
http://www.docomomo.org.br/seminarios%205%20S%20Carlos%20sumario%20trabalhos.htm.
LE CORBUSIER. A carte de Atenas. São Paulo: Editora da Universidade de Sao Paulo, 1993.
LIMA, E.F.W.; MALEQUE, M.R. (org.) ESPAÇO E CIDADE: Conceitos e leituras. 2 ed. Rio de
Janeiro: 7 Letras, 2007.
MONTEIRO, M. Morrendo na praia, 2004. Disponível em <www.favelatemmemória.com.br>,
acessado em 19/09/2011.
OLIVEIRA, F. O Estado e o urbano no Brasil. FUNDAP, São Paulo: Ed. Mimeo, 1978.
REIS FILHO, N. G. Habitação popular no Brasil: 1880-1920. Cadernos de Pesquisa do LAP. N. 2.
São Paulo: FAUUSP, 1994.
ROLNIK, R. Cada um no seu lugar. São Paulo. Início da industrialização: Geografia do poder.
Dissertação de mestrado apresentada ao programa de Pós Graduação FAU-USP. São Paulo. 1981.
SILVA, H.S. ARQUITETURA MODERNA PARA HABITAÇÃO POPULAR: A apropriação dos
espaços no Conjunto Residencial Mendes de Morais (Pedregulho). 2006, 134f. Dissertação
(Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
STANCHI, R.P. MODERNIDADE, MAS NEM TANTO: O caso da vila operária da Fábrica Confiança,
Rio de Janeiro, séculos XIX e XX – Rio de Janeiro. 2008 199f. Dissertação (Mestrado em
Arqueologia) – Mestrado em Arqueologia do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.
TEIXEIRA, P. P. A Fábrica do Sonho: Trajetória do industrial Jorge Street. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1990.
TRAMONTANO, M. O espaço da habitação social no Brasil: Possíveis critérios de um necessário
redesenho. São Calos, USP. 1995
VARON, C. M. F. E a história se repete: Vilas operárias e os conjuntos residenciais do IAPS.
Dissertação de mestrado apresentada ao programa de Pós Graduação FAU-USP. São Paulo:
Mimeo, 1989.
VIANNA, N. S.; ROMÉRO, M. A. Procedimentos metodológicos para a avaliação pós-ocupação em
conjuntos habitacionais de baixa renda com ênfase no conforto ambiental. Ambiente Construído.
Porto Alegre: Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído – ANTAC, v. 2, n. 3, p.
71 – 84, jul./set. 2002.

Você também pode gostar