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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de

São Paulo, Campus Cubatão


Pró reitoria de pesquisa
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Relatório Parcial de Iniciação Científica


referente ao Edital: 02/2021

Nome do aluno: Gilmar dos Santos Diniz

Assinatura do aluno:

Nome do orientador: Patricia Maria de Jesus

Assinatura do orientador:

Nome do Coorientador: Júlio César Zandonadi

Título do projeto: A Segregação Socioespacial ou Fragmentação Urbana em Cidades


Litorâneas na Baixada Santista: Análise na distribuição de equipamentos urbanos e populações
por classe, raça e gênero.

Palavras-chave do projeto: Segregação socioespacial, Fragmentação urbana, Baixada Santista.

Área do conhecimento do projeto: Geografia Humana

Bolsista: Sim, Iniciação Científica Júnior CNPq.


Praia Grande

31/03/2022

Sumário
1 Resumo 3
2 Introdução 4
3 Fundamentação teórica 7
4 Metodologia 9
4.1 Materiais e Métodos 9
4.2 Etapas da pesquisa 10
5 Resultados e discussão dos resultados 11
6 Conclusões e perspectivas de trabalhos futuros 13
Referências 16

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1 Resumo

Com a grande expansão urbana e o aumento significativo da densidade populacional em


todos os municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista nas últimas décadas,
formou-se um complexo sistema de estratificação e segregação socioespacial que se
consolidou ao longo dos anos. Fundamentado principalmente na localização do
território urbano em relação ao mar e no poder aquisitivo dos grupos de indivíduos, este
sistema hierárquico definiu e continua definindo em qual parte da cidade, determinadas
populações, principalmente de acordo com seus rendimentos, residirão, estimulando
ainda mais a desigualdade socioeconômica entre a população. Com foco no município
de Praia Grande, este projeto analisará o processo da segregação socioespacial que
surge em meados do século XX e se acentua atualmente. Para tal traçamos como base
para distinguir os segmentos populacionais algumas características como: rendimentos,
raça e gênero do responsável pelo domicílio. Levando sempre em consideração a
dimensão socioespacial, exploraremos cada região do município e observando a
carência de equipamentos públicos essenciais à reprodução da vida em cada área, com
ênfase nas esferas da educação, da saúde e lazer.

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2 Introdução

O vínculo entre a Baixada Santista e o Planalto Paulista não é recente, no


século XVI já existiam caminhos que interligavam o Planalto com a região litorânea do
sul de São Paulo (especificamente São Vicente e Itanhaém), o principal objetivo era a
circulação de pessoas e mercadorias entre as duas regiões e, através desta necessidade,
os jesuítas foram os primeiros a traçarem rotas sob as ordens de Mem de Sá. Algumas
rotas criadas foram: Caminho (ou Estrada) do Mar, Calçada de Lorena e Estrada da
Maioridade. Nenhum desses caminhos tinham como destino o território onde hoje é o
município de Praia Grande, mas atravessavam tal área (VIEIRA, 2008).

Antes da construção da Fortaleza da Itaipu – fator de extrema importância a


implantação e crescimento da cidade de Praia Grande – Vieira (2008) afirma que se deu
a ocupação das áreas do Japuí e de áreas próximas ao Mar Pequeno [hoje limites entre
os municípios de Praia Grande e São Vicente]. Essas habitações se localizavam em
áreas próximas a cidade de São Vicente e possuíam condições precárias, a grande
maioria era coberta com palha e abrigavam diversas famílias. É importante destacar que
nesse período Praia Grande ainda era um distrito de São Vicente, logo, não possuía uma
autonomia política e econômica consolidada e dependia politicamente diretamente de
ações da então Vila de São Vicente.

Partindo para o século XVIII, de acordo com Vieira (2008) já viviam no


distrito uma pequena população caiçara que sobrevivia da pesca, poucas cabeças de
gado e pequenas culturas agrícolas. Essa população caiçara que se instalou na região
fora provavelmente de viajantes que resolveram se fixar na terra após utilizarem
algumas das rotas que cortavam o território. Já na segunda metade do século XX, no
distrito vivia-se da agricultura de subsistência e da exploração de recursos naturais
(sobretudo lenha e banana, que eram comercializadas em Santos e São Vicente).

A partir da construção da Fortaleza de Itaipu em 1902, Praia Grande passou


a ganhar mais importância e foi tendo a expansão do tecido urbano lentamente,
podendo-se dizer que a Fortaleza foi dando “vida” ao distrito. No início do século XX
Praia Grande já contava com uma escola com a única professora Maria Pacheco Nobre.

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Em 1914 ocorre a inauguração da Ponte Pênsil, ligando Praia Grande e São Vicente,
agora a locomoção poderia ser feita sem embarcações e, através disso, favorecendo o
crescimento da ocupação (VIEIRA, 2008).

Praia Grande ainda dependia de São Vicente e Santos para a venda de lenha
e alguns produtos agrícolas, a população aumentava e, aos poucos, a paisagem foi se
modificando. Em 1909 é construída a primeira capela, a Capela de Santo Antônio do
Boqueirão. Na década de 1920 é construído o primeiro reservatório de água, em 1926
chega a energia elétrica e surgem os primeiros loteamentos, ruas e telefones. É nesse
contexto, em que a urbanização começa a ser intensificada, que a atividade agrária dá
lugar à indústria da construção civil (VIEIRA, 2008).

De acordo com Vieira (2008) o início do fenômeno turístico no distrito é


marcada pela inauguração do primeiro hotel em 1928, o Hotel dos Alemães. Com a
presença das praias, começam a surgir os primeiros fluxos turísticos e de segunda
residência através de construções de pequenas casas nos terrenos loteados. Em 1927 é
inaugurado o Aero Club de Santos (que ficou conhecido como Campo da Aviação). A
estrutura do distrito ainda era precária, não haviam prédios, apenas casas e em grande
maioria térreas.

Outro impulso para o turismo foi a instauração do Restaurante Lagosta em


1952, que surpreendeu a todos por seus traços modernos. Ele foi várias vezes ponto de
encontros de grandes figuras do cenário social e político, tanto regional quanto nacional
(VIEIRA, 2008).

A verticalização tem início na década de 1940 com a construção do Edifício


Xixová e, em seguida, do Edifício Shangri-lá. É importante ressaltar que o primeiro
bairro a ser demarcado foi o Jardim Guilhermina. O processo de verticalização teve
grande impulso com a construção do Conjunto Habitacional Cidade Ocian pela
Organização Construtora e Incorporadora Andraus (cuja sigla é OCIAN).

O projeto Ocian previa realmente a construção de uma “cidade” dentro do


distrito, com infraestrutura [água encanada, energia elétrica, esgoto e sistema próprio
para tratamento, telefonia, igreja, escola, núcleo comercial, agência do Banco Bradesco
e muito mais]. Por conta da grande e planejada estrutura, a Cidade Ocian foi
considerada a mais bem planejada e moderna do Brasil na época, inferior apenas a
cidade de Brasília em 1960. A inauguração do conjunto ocorreu em 1956 e contava com

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22 prédios, com um total de 1.350 apartamentos (VIEIRA, 2008). É nessa conjuntura
que a classe média paulista vê oportunidades de investir e ter seu imóvel no litoral.

Em 1947 é inaugurada a Via Anchieta, aspecto de extrema importância que


favoreceu a mobilidade entre a capital São Paulo e toda a Região da Baixada Santista. A
melhoria dos meios de circulação propicia o desenvolvimento do turismo de segunda
residência e, com isso, o crescimento vertical vai urbanizando o distrito, juntamente a
atuação de iniciativas públicas que vão desenvolvendo a infraestrutura.

Com a urbanização e crescimento do distrito, moradores manifestavam a


insatisfação com o governo de São Vicente e desejavam a emancipação de Praia
Grande. Após várias tentativas, a emancipação de Praia Grande se deu em 1967,
separando-se do município de São Vicente. Agora como município, Praia Grande teve
sua primeira eleição para prefeito em 15 de novembro de 1968, sendo Dorivaldo Loria
Junior nomeado prefeito naquele momento (VIEIRA, 2008).

Alguns fatores foram responsáveis pelo crescimento populacional da cidade


de Praia Grande, podemos citar: o fluxo de imigrantes para a região da Baixada Santista
após a Segunda Guerra Mundial, com o Porto de Santos sendo um ponto de entrada ao
Brasil; entrega da Via Anchieta em 1947 interligando a Baixada Santista a São Paulo;
inauguração das duas pistas da Ponte do Mar Pequeno em 1982; a proximidade com a
capital São Paulo; e a consolidação de Cubatão como Polo Industrial (petroquímico e
siderúrgico) a partir da segunda metade da década de 50.

Com o passar dos anos, a expansão territorial urbana vai sendo intensificada
e apresentando cada vez um número maior de residências secundárias [segunda
residência], a verticalização se torna uma característica comum no município,
principalmente em áreas próximas a praia. Uma das consequências geradas pelo
turismo de segunda residência é o aumento dos vínculos empregatícios no setor
comercial e de serviços para acomodar os turistas. Ainda no setor turístico, é importante
citar que Praia Grande abriga o maior complexo de colônia de férias da América Latina.

Embora o turismo drene renda ao município, há consequências para os


moradores fixos da região, algumas delas são: falta d’água, sujeira nas praias e nas ruas,
grandes filas em estabelecimentos, o aumento da superlotação do sistema público de
saúde, falta de segurança, elevação do trânsito de veículos e principalmente a elevação
do preço da terra urbana, via especulação imobiliária.

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A Avenida Expressa Sul (SP-55) que “corta” todo município e, através dela,
o setor imobiliário criou uma barreira socioeconômica. O que dá preço a terra é
justamente a distância em que ela se encontra da praia. Indo em direção à São Vicente, o
lado esquerdo da via, mais distante da praia, é ocupado pela população mais vulnerável
socioeconomicamente, com baixo níveis de renda e com inúmeras residências em
condições precárias. Enquanto isso, no lado direito da via, encontra-se a parcela da
população com maior nível de renda, como também maior verticalização e imóveis não
ocupados, reservados para o turismo de segunda residência, ou locação na estação do
verão, fins de semana e feriados.

A partir do conhecimento sobre o surgimento e expansão da cidade de Praia


Grande, partimos ao entendimento da segregação socioespacial e disposição dos
equipamentos urbanos pela cidade.

3 Fundamentação teórica

À medida que o processo de urbanização vai sendo intensificado e o


crescimento populacional entra em elevação num determinado espaço com potencial de
investimentos financeiros notáveis (seja para a implantação do comércio de bens e/ou
serviços ou para a exploração de recursos), as terras deste local começam a ser visadas e
valorizadas economicamente.

Com isso, o município começa a se desenvolver e crescer territorialmente


nos moldes do modo de produção capitalista, com a terra urbana sendo apresentada
como uma mercadoria, única e dotada de qualidades relacionadas a sua localização, bem
como apresentar preços distintos de acordo com a localização do terreno em relação a
algum ponto, que pode ser, por exemplo, os centros comerciais urbanos, a faixa
litorânea e conhecidos pontos turísticos. No Brasil, considerando as formações
socioespaciais (SANTOS, 1977) distintas deste território, de modo geral, impera os
preceitos capitalistas de extração da renda e mercantilização da terra.

É necessário evidenciar que as cidades e o espaço urbano são produzidos


socialmente, através de agentes sociais destacados por Correa (1989). Diante disso, pelo
fato da cidade de Praia Grande abrigar uma população com níveis socioeconômicos
desiguais, ser um local em que a segunda residência e a extração de renda da locação de
imóveis é uma prática recorrente e os preços da terra urbana serem diversificados, a

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forma física e social da cidade é longe de ser homogênea, ocorrendo uma ruptura entre
as populações com níveis de rendimentos distintos, fundamentada principalmente no
preço da terra urbana. Em outras palavras, a quantidade do capital de cada indivíduo
definirá em qual região do território ele residirá.

Dessa forma, a cidade é dividida socioespacialmente em vários bairros,


zonas ou regiões que se distinguem pelo viés socioeconômico e estrutural. Há,
basicamente, os bairros pobres periféricos, os da classe média e os da elite econômica.

Para este projeto, partimos da premissa que a disponibilidade e qualidade


dos serviços públicos geralmente são melhores nas áreas onde os segmentos sociais com
rendimentos superiores habitam, assim, determinadas regiões apresentam melhor
infraestrutura, saneamento básico, iluminação pública, transporte coletivo, segurança,
escolas, hospitais e postos de saúde, coleta de lixo, limpeza das vias públicas, locais
para o lazer e diversos outros serviços.

Esse conjunto de fatores intensifica a denominada segregação socioespacial,


fenômeno no qual a população é distribuída residencialmente no município de acordo
com a renda, e em tese a condição de moradia se agrava pela ausência de equipamentos
e serviços públicos urbanos por parte da população mais carente que vive nas zonas
periféricas, onde o preço da terra é menor e mais distante de áreas centrais.

É a partir da reflexão da acentuação da segregação socioespacial, junto a


expansão territorial urbana, que incorporamos a análise a noção de “fragmentação
urbana”, na qual há o rompimento de fluxos e relações entre subespaços da cidade, ou
seja, populações são “aprisionadas” no espaço, com remotas possibilidades de
mobilidade e circulação no âmbito da cidade (ZANDONADI, 2008).

O processo de segregação socioespacial leva em consideração


principalmente o campo econômico e social, mas também aborda questões como raça e
gênero dos cidadãos. Embora esse sistema favoreça uma extrema desigualdade em
vários aspectos, ele é presente em todas cidades capitalistas, onde o preço da terra é um
dos principais determinantes para a ocupação e exercício da habitação.

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4 Metodologia
4.1 Materiais e Métodos

No campo metodológico a pesquisa se pauta no materialismo histórico


dialético presente na teoria marxiana, mas de modo mais especificado nos debruçamos
metodologicamente na teoria e método da “Formação Socioespacial”, dando luz as
contradições sociais, às questões democráticas dada pela ausência de condições de
exercício da cidadania e agravada pelo avanço neoliberal imposto ao território brasileiro
desde a década de 1990 (MAMIGONIANI, 1996).

A partir deste método, entendemos Praia Grande, tal como as demais


cidades que compõem a Baixada Santista, exceto Cubatão, como uma formação
socioespacial única em relação as demais regiões do Estado de São Paulo, tanto por ter
as primeiras ocupações vinculadas a chegada inicial de portugueses no Brasil, a relação
destes com grupos indígenas e a intensa prática da escravização. Em momento posterior,
já no século XX, a grande influência da industrialização brasileira, principalmente pós-
década de 1950, com a cidade de Cubatão exercendo papel central nesse processo em
escala nacional, e a partir da década de 1970, com a intensificação dos fluxos turísticos,
o turismo de segunda residência e a intensa atuação do capital imobiliário, promovendo
a verticalização e o crescimento brutal do número de residências.

Todos os materiais e procedimentos realizados durante a realização da


primeira etapa desta pesquisa foram virtuais, também foram utilizadas plataformas
digitais para as anotações dos dados obtidos, originação de gráficos e realização de
sínteses.

Desta maneira, buscamos bibliografias que aprofundam o conhecimento da


teoria marxiana, a abordagem espacial crítica, bem como levar em consideração nas
análises as diferenças e desigualdades sociais na formação das cidades da Baixada
Santista, dando evidência nas contradições do modo de produção capitalista no
município de Praia Grande, sendo que a ênfase maior é nas situações geográficas que
são produzidas com vista a impedir o conhecimento, a soberania e liberdade dos
trabalhadores.

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4.2 Etapas da pesquisa

Durante esta primeira etapa da pesquisa foram realizadas os seguintes


procedimentos:

a. Levantamento e organização de bibliografia sobre os seguintes temas: Produção


do espaço urbano no Brasil; Segregação Socioespacial; Fragmentação Urbana;
Espaços Públicos e Privados;

b. Leitura e participação de encontros para debater as bibliografias levantadas,


junto ao Grupo de Pesquisa, orientador e coorientador;

c. Levantamento de dados populacionais, do setor industrial, de serviços e


comércio de Praia Grande e da Região da Baixada Santista, com o objetivo de
compreender a função periférica da cidade na hierarquia urbana regional;

d. Análise de representações cartográficas da cidade de Praia Grande – SP, a partir


dos dados do Censo IBGE/2010, realizados em pesquisas anteriores vinculadas
ao Grupo de Pesquisa da unidade escolar, dando foco principal nas dimensões da
distribuição da população, distribuição e tipologia dos domicílios (verticais,
horizontais, alugados, próprios ou financiados), distribuição da população por
níveis de rendimento no domicílio, distribuição da população por autodeclaração
de cor/raça e, distribuição da população de gênero feminino que é responsável
pelo domicílio;

e. Levantamento das praças públicas na cidade de Praia Grande – SP através da


plataforma online Google Maps, representando o quadro de lazer do município;

f. Levantamento dos estabelecimentos de saúde – público e privado – na cidade de


Praia Grande – SP através da plataforma online CNES (Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde);
g. Levantamento de estabelecimentos educacionais – público e privado – na cidade
de Praia Grande – SP através da plataforma online da Secretaria de Educação do
Estado de São Paulo;
h. Confecção de gráficos através dos dados levantados.

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5 Resultados e discussão dos resultados

A cidade de Praia Grande vem tendo uma expansão urbana intensa nas
últimas décadas, ganhando uma feição completamente diferente do território que
possuía no início do século passado. Isso se deve a uma tríade de fatores: a consolidação
de Cubatão como Polo Industrial a partir da segunda metade de 1950, podendo ser Praia
Grande um possível lar para os operários ou local de descanso; a ocorrência do
fenômeno turismo, influenciado pela inauguração de sistemas rodoviários possibilitando
o fácil acesso à região da Baixada Santista e a cidade de Praia Grande; a ação do capital
imobiliário, com o objetivo de atender ao turismo de segunda residência e a quem
deseja ter uma moradia fixa na cidade, como também o mercado de locação por
temporada.

Por conta do crescimento populacional torna-se indispensável a implantação


de equipamentos no campo educacional e da saúde, podendo ser de categoria pública ou
privada. Seguindo esta hipótese, coletamos dados e os disponibilizamos de forma
organizada através de gráficos.

Ao analisar o campo da educação identificamos todas as instituições


públicas e privadas, classificando-as de acordo o tipo de ensino disponibilizado
(educação infantil, ensino fundamental, ensino médio ou ensino superior).

As instituições privadas são a maioria na cidade quando se trata de educação


infantil, mas isso não quer dizer que a maioria das crianças que cursam este tipo de

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ensino sejam atendidas pelas iniciativas privadas, pelo contrário. Apesar de a rede
pública ter menor quantidade de polos neste quesito, a quantidade de alunos é maior do
que nas unidades privadas.

Passando para o ensino fundamental, a rede pública é a detentora da maioria das


unidades de ensino, o setor privado corresponde a um pouco mais da metade deste
número. Já no ensino médio, a quantidade de polos de públicos e privados quase se
igualam, sendo que todos os do setor público são de administração estadual. No ensino
superior, não foram encontradas informações1.

A respeito do campo da saúde no município, foram encontradas as


informações presentes no gráfico acima.

Todos os eixos na área da saúde no município foram separados em três


categorias: filantrópica, setor privado e setor público. Os maiores indícios de unidades
relacionadas a esta área na cidade são de origem privada.

1 Apesar de não serem encontradas informações na fonte que utilizamos (plataforma online da
Secretaria de Educação do Estado de São Paulo), sabe-se de existência de dois polos de ensino
superior privados, FPG (Faculdade Praia Grande) e FALS (Faculdade do Litoral Sul Paulista), e uma
unidade pública, a FATEC (Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo).

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A esfera pública é a única responsável pelas unidades móveis, unidades de
vigilância em saúde, postos de saúde, unidades básicas, centros de atenção psicossocial,
centrais de regulamentação do acesso e centrais de gestão em saúde.

Quando se trata prontos socorros gerais, o domínio público e o privado se


igualam com uma unidade cada, o mesmo acontece com os hospitais isolados com
atendimento diurno. Em hospitais gerais, a cidade abriga uma unidade filantrópica e
duas públicas.

Na questão de unidades de apoio diagnóstico e terapia, policlínicas,


consultórios isolados e centros de especialidades, a esfera privada lidera em quantidade
de polos.

6 Conclusões e perspectivas de trabalhos futuros

Praia Grande é uma cidade litorânea que começou a passar pelo processo de
urbanização mais intenso a partir da metade do século passado, sendo estruturada nos
moldes da produção capitalista. Com o avanço da industrialização da Baixada Santista
através do polo industrial de Cubatão, o turismo incentivado pela posição geográfica e o
investimento imobiliário na cidade, Praia Grande tem sido local de diversas dinâmicas
socioeconômicas atrelada à expansão territorial urbana.

Observando e analisando os mapas abaixo, conseguimos identificar a


tamanha desigualdade econômica presente em todo o território de Praia Grande e, além
disso, perceber que a população com mais poder sobre o capital reside próximo às
praias e na região nordeste da cidade.

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Na próxima etapa continuaremos dando ênfase nos aspectos
socioeconômicos de Praia Grande, destacando a relação da população com os serviços
de educação, saúde e lazer. Para isso, será feito o mapeamento com a localização dos

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estabelecimentos educacionais, de saúde e praças públicas do município utilizando o
software QGIS.

Até o momento é evidente que estamos diante de uma cidade em que a


segregação socioespacial impera, tendo as áreas próximas a faixa litorânea [praia],
sendo ocupadas por populações com maiores rendimentos, como também onde estão
grande parte dos imóveis desocupados, enquanto a faixa pós SP-55, na “faixa
continental” situa-se a maior parte dos habitantes da cidade, que também são os com
menores faixas de rendimento mensal.

Analiticamente é relevante, que mesmo tempo a maior parte da população


com baixos rendimentos há certa disputa quantitativa de estabelecimentos públicos e
privados voltados ao ensino e a prestação de serviços de saúde, o que sinaliza que há
demanda solvável ao capital privado nestes setores. Acreditamos que o mapeamento da
situação geográfica destes estabelecimentos, cruzando com os mapas socioeconômicos
já elaborados no âmbito do grupo de pesquisa, podemos alcançar conclusões em relação
as condições de acesso a ensino e aprendizagem e a serviços de saúde, como também de
lazer, pelas populações dos diversos segmentos de renda que habitam a cidade.

Deste modo, para as próximas etapas nos ateremos a elaboração do


mapeamento dos estabelecimentos de ensino, estabelecimentos de saúde e de lazer
[praças públicas], bem como a análise conjunta com o mapeamento socioespacial,
realizado com os dados do Censo IBGE-2010, dando continuidade a levantamento
bibliográfico, participação de discussões de textos e temas no âmbito do grupo de
pesquisa GRAMSCHE, vinculado ao IFSP – Campus Cubatão, com a coordenação do
Prof. Dr. Júlio César Zandonadi, e contribuição de nossa orientadora, Profa. Dra.
Patricia Maria de Jesus, vinculada a UFABC.

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Referências

CORREA, R. et al. O espaço urbano. Ática, São Paulo, Brasil, 2008.

MAMIGONIANI, A. et al. A Geografia e a formação socioespacial como teoria e


método.

In: SOUSA, M. et al. O mundo do cidadão, um cidadão do mundo. Hucitec, São Paulo,
1966.

SANTOS, M.; Sociedade e Espaço: a formação social como teoria e como método.
Boletim Paulista de Geografia, n. 54, 1977.

VIEIRA, I. Turismo de Segunda Residência em Praia Grande (SP). Faculdade


de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo,
Brasil, 2008.

ZANDONADI, J. C. Novas Centralidades e Novos Habitats: caminhos para a


fragmentação urbana em Marília (SP). FTC/UNESP, Presidente Prudente, Brasil, 2008.

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