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CAPITULO 5 – CONFIGURAÇÃO E MORFOLOGIA DA CIDADE

MODERNA

5.1 INTRODUÇÃO – A CIDADE MODERNA


A revolução industrial já tinha introduzido as primeiras grandes
modificações na cidade. A ‘’cidade moderna’’ formou-se tendo como base
algumas ideias e concepções teóricas que são o resultado de alguns
processos teóricos que tinham como base a exclusão da cidade tradicional e
a sua substituição por um novo modelo. A avaliação dos resultados das
propostas só foi possível depois da experimentação massiva realizada pela
‘’urbanística operacional’’. Os aspectos mais negativos da urbanística moderna
é a burocracia conformista que se preocupa mais com os resultados
quantitativos do que qualitativos e vão contribuir em larga escala para a
destruição da vida urbana.
Existem dois períodos-O primeiro é entre as duas grandes guerras,
é o período ‘’heróico’’ das formulações teóricas e experiencias. É neste
período que se procede a destruição e abandono de todos os elementos
urbanos tradicionais como a praça, quarteirão, e rua, propondo tipologias de
torre, banda e bloco. que interessa compreender para uma melhor
percepção da
génese da cidade moderna:
- A segunda etapa vai desde o fim da segunda grande guerra ate
aos anos setenta. Quantidade em detrimento da qualidade. É este período
designa-se por Urbanística Operacional.

NOVAS TIPOLOGIAS CONSTRUTIVAS – NOVAS FORMAS


URBANAS
O maior problema a enfrentar era fornecer a todos os cidadãos casa
em condições de higiene e salubridade. O urbanismo moderno inicialmente é
um urbanismo habitacional, não só pela importância da habitação mas porque
dela advém as novas tipologias construtivas, o bloco, a torre e o conjunto. O
alojamento toma o papel principal como unidade-base e estruturam-se assim
as tipologias habitacionais (bloco, torre, banda, complexo e moradia). São
dispostas no terreno em função de necessidades higiénicas, acessos,
insolação, etc., e desta forma são autonomizados deixando de pertencer à
estrutura do quarteirão. As ruas deixam de pertencer as relações físico-
espaciais e resumem-se em traçados de circulação e serviços. O espaço
público acaba por ser posto de lado e ser a resultante das exigências
habitacionais.

A SIMPLIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS


A lógica do funcionalismo vai exercer grande influência na
arquitectura. Com o modelo da Carta de Atenas os arquitectos forma
obrigados a arrumar e isolar as principais funções na cidade: habitar, trabalhar,
lazer. A lógica funcionalista tonifica a cidade por funções e determina o
espaço urbano por sistemas independentes. A grande consequência deste
processo é a tonomização e independência física dos sistemas entre si. Esta
forma de conceber a cidade era muito simplificada, seguindo em desenho
conceptual o modelo ‘’arvore’’. Projectar estes edifícios de programa
repetitivo era muitosimplista também. Chegou-se ainda a criação de modelos
pré-fabricados em que a implantação do edifício era determinada em função
da rapidez e economia.

PARCELAMENTO E SOLO PÚBLICO


Na cidade tradicional existe uma separação entre o solo privado
do solo público. Por outro lado na cidade moderna todo o espaço pertence ao
estado podendo só em raros estados ser privatizado na área de implantação
do edifício. O bairro por sua vez vai resultar da forma da parcela porque os
edifícios vão ser dispostos segundo livre vontade do arquitecto

O FASCÍNIO PELOS EDIFÍCIOS ISOLADOS


A Carta de Atenas propõe edifícios altos e isolados ao invés da
paisagem, proporcionando ar, sol, vistas e salubridade. A morfologia da cidade
moderna vai assentar neste ponto, ou seja, colecções de edifício isolados não
sendo uma morfologia de espaços urbanos. No entanto um conjunto de
edifícios isolados não cria um meio urbano, ou seja, teria de existir alguma
ligação entre eles para criar um todo e uma cidade coesa. Este ponto
contribuiu para aumentar a separação entre arquitectura e urbanismo.

RUPTURA COM A HISTÓRIA


Não se trata apenas de alteras os materiais de construção mas sim
de criar algo que fosse liberta e oposta a qualquer continuidade histórica. A
atitude anti-histórica aparece no desenho urbano pela recusa de formas que
pudesse fazer ligação com as tradicionais.

OS NOVOS MATERIAIS E TECNOLOGIAS


Aparecimento dos novos materiais e tecnologias, tais como o aço,
betão armado, ferra, ascensores, etc. A cidade moderna formou-se a partir de
pesquisas concretas que a certo ponto contribuíram para a destruição da
morfologia urbana antiga e na edificação e estruturação da Forma Moderna da
cidade.
5.2 CIDADE-JARDIM
Existem formas urbanas de baixa densidade e moradias
unifamiliares nos subúrbios que se formaram nos finais do século XIX. Esta
morfologia do subúrbio aparece como alternativa a tradicional, no entanto só
aparece depois da cidade-jardim. Este conceito de cidade-jardim aparece
como solução para o crescimento das grandes cidades. Desta forma era um
novo ambiente residencial de baixa densidade com predominância de
espaços verdes. Por oposição a cidade industrial existe uma integração da
casa com o campo e a cidade-jardim traduz-se num conjunto de vivendas em
largos espaços arborizados.
5.3 UNIDADE DE VIZINHANÇA
Os autores que apoiaram e formularam a unidade de vizinhança
apoiavam mais as questões sociais e organização funcional da cidade e não
tanto as referências do traçado aos espaços urbanos e forma urbana. Esta
organização foi um dos principais factores da planificação da cidade moderna e
torna-se o motor da organização e desenho da área habitacional. A sociologia
comandava o desenho. Daqui advém duas correntes: a de raiz anglo-saxónica e
a do racionalismo europeu. Ambas as correntes consideram o alojamento como
elemento base e que integrado em serviços e equipamentos constitui a
unidade habitacional. Contudo após anos de experimentações foi concluído
que não se consegue impor um carácter e nível social as habitações e o bem-
estar dos habitantes estava comprometido. As formas urbanas utilizadas foram
também desadequadas. Desta experiência foi retirado algumas relações entre
equipamentos/população que ainda hoje são utilizados.

5.4AS EXPERIENCIAS HABITACIONAIS HOLANDESAS


A urbanística holandesa no início do século XX é marcada por
movimentos progressistas. Um dos processos mais importantes no caminho
para a cidade moderna é a intensa pesquisa sobre o alojamento, edifício e
quarteirão que foi modificado até nada dele restar. A evolução levou a
supressão de um dos lados do quarteirão de modo a permitir uma ligação
direta com a rua, modelo em U. Após inúmeros desenvolvimentos no final o
quarteirão foi elevado ao nível de bloco habitacional.

5.3 – unidade de vizinhança: A sociologia desenha a cidade.

O autor fala que as relações que existiam entre os vizinhos nos


bairros antigos tendem a desaparecer nas novas urbanizações e grandes
metrópoles.

Uma das soluções para recriar essa integração seria a planificação


urbana. Assim as unidades habitacionais, deveriam ser controladas no número
de habitantes e extensão territorial, tendo equipamento e serviços dispostos de
tal modo que a população estabelecesse espontaneamente relações sociais e
comunitárias.

A teorização desse conceito tem origem no início do Sec. XX pelos


estudos de sociólogos americanos, como Park e Burgess, que verificam que o
enfraquecimento das ligações sociais nas cidades de rápido crescimento são
substituídas por relações indiretas entre os cidadãos.

Nos anos vinte, o americano Clarence Artur Perry, ao estudar as


relações entre habitantes e os equipamentos, apresenta um conjunto de
trabalhos sobre a unidade de vizinhança. Perry parte da convicção de que os
principais equipamentos devem situar-se próximo das habitações, em terreno
que designa de The Family Neighborhood (a vizinhança familiar). A circulação
de automóvel não deve cortar os acessos aos serviços e perturbar a vida
comunitária.
Correntes dos conceitos de unidade de vizinhança:

Anglo-Saxônica, centra-se especialmente nas pesquisas de modelo


sociológico, procura saber qual o modelo espacial que corresponde a
comunidade habitacional. Esse modelo tem ligação com a “cidade jardim”,
unidade funciona como um bairro separado das vias por zonas verdes e com
os equipamentos no interior.

Racionalismo Europeu ligada a Le Corbusier, parte das tipologias


arquitetônicas, procura o modelo edificado que seja uma unidade h habitacional
e que integre os correspondentes equipamentos. Possibilita a construção de
edifícios em altura. Inspirado nas utopias do falanstérios. Procurando integrar o
maior número de serviços ao seu interior.

Contudo após anos de experimentações foi concluído que não se


consegue impor um carácter e nível social as habitações e o bem-estar dos
habitantes estava comprometido. As formas urbanas utilizadas foram também
desadequadas. Desta experiência foi retirado algumas relações entre
equipamentos/população que ainda hoje são utilizados.

5.4 as experiências habitacionais Holandesas: A reforma do


Quarteirão

A urbanística holandesa no início do século XX é marcada por


movimentos progressistas. Um dos processos mais importantes no caminho
para a cidade moderna é a intensa pesquisa sobre o alojamento, edifício e
quarteirão que foi modificado até nada dele restar.

Nos planos de extensão de Amsterdã, basicamente foram utilizados


duas tipologias urbanas: a Cidade Jardim, que segue o modelo anglo saxônico,
e a cidade tradicional com traçado regular e quarteirões.

Organiza-se um sistema urbano principal, de grandes traçados, e um


sistema secundário. Em Amsterdã, os quarteirões do plano de Berlage não são
unidades autónomas mas sim o resultado do sistema viário e das malhas
urbanas. O quarteirão é um instrumento de organização dos edifícios na malha
viária, articulando três ordens de elementos:

- Os lados e os ângulos;
- A borda
- O centro

A evolução levou a supressão de um dos lados do quarteirão de


modo a permitir uma ligação direta com a rua, modelo em U. Após inúmeros
desenvolvimentos no final o quarteirão foi elevado ao nível de bloco
habitacional em sistemas de lotes com uma quantidade apreciável de solo.
Abrindo caminho a morfologia urbana moderna.

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