Você está na página 1de 16

28/01/2024, 16:24 UNINTER

DIÁLOGOS URBANOS E
PAISAGÍSTICOS (FUNDAMENTOS
DE URBANISMO)
AULA 3

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFund… 1/16


28/01/2024, 16:24 UNINTER

Prof.ª Daniela Tahira Munhoz da Rocha

CONVERSA INICIAL

Nesta etapa, vamos estudar o impacto da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra na segunda

metade do século XVIII, considerando o planejamento urbano e a morfologia das cidades. Veremos

como o urbanismo higienista atuou nas cidades de Paris e Barcelona, com conceitos da Carta de Atenas,
do Movimento Moderno aplicados no Brasil e no mundo, avaliando ainda a sua superação. Um dos
exemplos da superação do Movimento Moderno é o Novo Urbanismo, tema de estudo desta etapa.

CONTEXTUALIZANDO

A partir da Revolução Industrial, o mundo vivenciou um importante êxodo das zonas agrárias para
as zonas urbanas, o que alterou drasticamente a escala e os desafios do planejador urbano, que teve de
alterar os seus paradigmas com relação ao desenho da cidade, ao mesmo tempo em que era preciso
acompanhar as mudanças tecnológicas, cada mais rápidas, com impactos cada vez maiores sobre os

hábitos e o cotidiano da população.

Scopel (2020) pontua que “A Revolução Industrial foi um dos marcos do urbanismo, pois, por meio
dela, a população das cidades aumentou consideravelmente, resultando em diversos problemas
urbanos.” É nesse contexto que vamos dar início a esta etapa, com um estudo da Revolução Industrial e

seu impacto na morfologia urbana.

TEMA 1 – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E IMPACTOS NA MORFOLOGIA


URBANA

Como vimos inúmeras vezes, a cidade e o meio urbano são organismos vivos que evoluem e se
desenvolvem ao longo do tempo, sempre se adequando às características sociais, políticas e culturais de
uma determinada sociedade.

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFund… 2/16


28/01/2024, 16:24 UNINTER

Saiba mais

Acesse:

A PRIMEIRA Revolução Industrial. Nerdologia, 2022. Disponível em: <https://www.youtube.co


m/watch?v=m_KTF3iNrY0>. Acesso em: 18 maio 2023.

Podemos dizer que o urbanismo se desenvolveu por meio da ordenação das cidades, com sistemas
de esgoto e abastecimento de água, organização de quadras e delimitação das vias de circulação. Poucas

vezes, ao longo da história, houve momentos (períodos) tão impactantes para a morfologia e o
planejamento urbano como na Revolução Industrial.

O gigantesco salto produtivo, por conta da criação das primeiras máquinas a vapor na Inglaterra,
foi um marco inicial para a criação das Indústrias modernas, tendo ocasionado profundas

transformações na economia mundial e no estilo de vida da população, sobretudo nos centros urbanos.
Esse processo foi responsável por grandes transformações no processo produtivo e nas relações de
trabalho – consequentemente, também nos hábitos e necessidades dos habitantes das cidades.

Como vimos, a Revolução Industrial impactou os centros urbanos em seus mais diversos aspectos.

As transformações desse momento resultaram em muitos problemas, pelo fato de que as cidades não
estavam preparadas para todos esses avanços. Para efeitos de comparação, podemos dizer que o
urbanismo e o desenho das cidades evoluíram de forma lenta e gradativa, desde que as civilizações
grega e romana passaram a organizar os espaços como centro da vida política, econômica e social.

Posteriormente, as cidades medievais se desenvolveram entre os séculos V e XV, sendo apontadas


como destaque na evolução do urbanismo, como ensina Scopel (2020):

Com o passar dos anos, as cidades medievais, desenvolvidas entre os séculos V e XV,

destacaram-se na evolução do urbanismo. Segundo Silva (2020), essas cidades surgiram em

virtude da fragmentação do Império Romano no Ocidente, passando por um longo período de


invasões e destruições. Por conta disso, muitas pessoas se abrigaram nas zonas rurais. Aos

poucos, os espaços foram se reconstituindo e se desenvolvendo. Somente a partir do século XI


que surgiram inovações técnicas, como a adoção do arado animal e a rotação das colheitas,

que permitiram o desenvolvimento agrário e o aumento populacional. Esse aumento da

população ocorreu pelo fortalecimento das produções e também das trocas, melhorando a
economia.

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFund… 3/16


28/01/2024, 16:24 UNINTER

O fato é que, a partir da Revolução Industrial, passamos a se assistir a uma evolução muito mais
veloz nos centros urbanos. O que antes levava séculos para se desenvolver, agora acontece em décadas
ou mesmo alguns anos. Como vimos, um dos aspectos mais evidentes dessas transformações foi o
grande aumento do número de pessoas vivendo em centros urbanos.

A maioria das cidades do mundo, após a ascensão do feudalismo, eram pequenas em termos de
população. Em 1500, existiam aproximadamente duas dúzias de cidades com mais do que cem mil
habitantes. Em 1700, esse número era um pouco menor do que quarenta, mas pularia para 300 em
1900, graças à Revolução Industrial.

Ou seja, em um período de 200 anos, o número de cidades com mais de 100 mil habitantes cresceu
750%! Por óbvio, esse fato, de forma isolada, provocou impactos gigantescos às cidades, com desafios
igualmente importantes para os planejadores urbanos.

Mas não é só isso: além do êxodo para os centros urbanos, a Revolução Industrial revolucionou
também os meios de transporte e a comunicação, ampliando a oferta de produtos. Gradativamente,
aumentou a parcela da população com acesso a esses produtos. Todas essas mudanças trouxeram um
impacto direto no desenho e no planejamento das cidades.

Como vimos, um dos principais efeitos da Revolução Industrial sobre os centros urbanos foi o
acelerado aumento da população, que passou a se distribuir por todas as áreas da cidade. Como
consequência, tivemos a ampliação da oferta de bens e serviços, além do desenvolvimento dos meios de
comunicação.

Como não poderia deixar de ser, todos esses fatores trouxeram efeitos imediatos na morfologia
urbano do período.

1.1 CIDADE DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Scopel (2020) descreve:

Entre os principais aspectos da cidade da Revolução Industrial pode-se citar o aumento da

população, que passou a se espalhar pela área da cidade, redistribuindo os habitantes no


território urbano, a ampliação da oferta de bens e serviços, o desenvolvimento dos meios de

comunicação, além da rapidez com relação às transformações da paisagem urbana.

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFund… 4/16


28/01/2024, 16:24 UNINTER

Para enfrentar essa nova realidade, ocorre uma ruptura em relação ao desenho tradicionalmente
adotado nos centros urbanos. Surge uma divisão entre o núcleo central da cidade, em geral mais
envelhecido e ocupado pela parcela de menor poder aquisitivo; e a periferia da cidade, menos poluídas e
congestionadas, ocupadas pela parcela mais abastada.

Sobre esse contexto, Scopel (2020) destaca:

Nesse período, houve a ruptura da morfologia da cidade tradicional através de uma nova

estrutura urbana que passou a dividir o núcleo central da cidade e a periferia. As classes mais
abastadas passaram a ocupar as periferias da cidade, onde tinham um território livre, enquanto

os mais pobres foram morar no centro, em edificações mais velhas. [...] A homogeneidade
social e arquitetônica presente na cidade antiga foi se perdendo.

De forma geral, o rápido avanço da indústria, acompanhado do grande aumento da população,


considerando ainda a baixa infraestrutura dos centros urbanos da época, levou ao surgimento de
bairros destinados às parcelas mais pobres, de forma desordenada e em locais inapropriados. Na

maioria das vezes, eram locais insalubres e com baixíssima condição de habitualidade.

A falta de estrutura dos centros urbanos do período foi descrita com precisão por Fonseca (2010, p.
35):

Este processo de crescimento transforma os núcleos estabelecidos das cidades existentes num

novo organismo e cria, consequentemente, em redor deste núcleo central, uma nova faixa
construída: a periferia. Sendo que o núcleo central das cidades já tem uma estrutura formada,

não se torna possível albergar um aglomerado humano muito maior: as ruas são demasiado
estreitas para conter o trânsito em aumento, as casas são demasiado pequenas e compactas

para hospedar sem inconvenientes uma população mais densa. Assim, as classes privilegiadas

estabelecem-se gradualmente nestas periferias, longe das zonas comerciais e industriais, do


caos das fábricas e das condições miseráveis vividas pelo resto da população.

Como não poderia deixar de ser, nesse cenário o planejamento urbano foi compelido a evoluir, em
busca de soluções para a nova realidade. Assim, ganhou força o urbanismo e o planejamento das
cidades, áreas que buscaram estudar e melhorar os centros urbanos, para que pudessem atender as
necessidades dos habitantes.

Nesse período, surgiram diversos planos urbanísticos, que visavam traçar um novo desenho para a
cidade ideal. Muito embora não exista uma solução perfeita e acabada, esses projetos serviram para

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFund… 5/16


28/01/2024, 16:24 UNINTER

demonstrar como o urbanismo era importante para o desenvolvimento das cidades, pois melhora o
padrão de vida dos cidadãos.

Veremos em detalhes, agora, essa nova forma de pensar o urbanismo, com desenhos e soluções
para solucionar os problemas que se impunham.

TEMA 2 – GRANDES REFORMAS DO SÉCULO XIX E MODELO


HIGIENISTA

Como já vimos, as cidades são organismos vivos que evoluem e se transformam ao longo do
tempo. O urbanismo é o instrumento utilizado para organizar essa evolução, seja solucionando
problemas já postos, seja buscando antecipar-se e direcionar evoluções futuras de forma planejada e
estruturada.

Dessa forma, diversos conceitos surgiram ao longo do século XIX, com a finalidade de equacionar
os problemas de morfologia urbana trazidos pela Revolução Industrial. Nesse sentido, Scopel (2020)

ensina que, “Diante dessa realidade e da preocupação em melhorar as cidades, surgiram algumas ideias,
já em meados do século XIX, para torná-las mais salubres, que incluíam um trabalho de demolições e
obras de saneamento básico.”

Entre os pensamentos para a reforma dos centros urbanos, algumas ideias de urbanismo tiveram
destaque, como veremos neste tópico.

2.1 URBANISMO CULTURALISTA

Figura 1 – Cidade Jardim

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFund… 6/16


28/01/2024, 16:24 UNINTER

Crédito: Elias Aleixo.

A Figura 1 apresente o conceito de Cidade Jardim, que tinha como base a criação de unidades
urbanas autônomas, acompanhadas de atividades econômicas e equipamentos coletivos, com número
limitado de habitantes e área. Esse conceito, que tem como base as cidades jardim de Ebenezer Howard,
buscava estabelecer uma conexão entre campo e cidade, maximizando as vantagens de cada um desses
ambientes.

De acordo com Fonseca (2010, p. 41), “o seu conjunto formaria a chamada ‘Cidade Social’. O
esquema feito para a cidade assume uma estrutura radial, sendo composto por seis grandes boulevards
que cruzam a estrutura territorial desde o centro até a periferia, dividindo-a em seis partes iguais”.

Saiba mais

O QUE SÃO Cidades Jardim? ArchDaily, 26 maio 2021. Disponível em: <https://www.archdail
y.com.br/br/961040/o-que-sao-cidades-jardim?ad_source=search&ad_medium=projects_tab&ad_
source=search&ad_medium=search_result_all>. Acesso em: 18 maio 2023.

2.2 URBANISMO HIGIENISTA

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFund… 7/16


28/01/2024, 16:24 UNINTER

Crédito: givaga/Shutterstock.

Nas palavras de Scopel (2020), o conceito de urbanismo higienista

baseava-se em ações sanitárias para combater as epidemias, tratar os aspectos de pobreza e

levar a limpeza para as cidades, por meio de um desejo utópico de progresso. Com isso,
defendiam um modelo de cidade que nega sua identidade e sua beleza, privilegiando-se de

formas que escondem a realidade social.

Duas grandes intervenções do século XIX foram aplicadas como base para os conceitos higienistas:
Paris e Barcelona. De acordo com Scopel (2020), a reforma de Paris, conduzida por Haussmann, tinha
como ponto central:

A disseminação de largas perspectivas através das avenidas, a fim de não só melhorar a

ventilação e a iluminação como também facilitar a movimentação das tropas, dificultando a

construção de barricadas em virtude do alargamento das vias. As vias deviam ser pensadas
também do ponto de vista paisagístico (Figura 4), o que representou, na época, uma inovação

urbana e um ponto de partida para a modernidade.

Na prática, essa intervenção possibilitou o estabelecimento de novas formas de demarcação de


território diversas da rua. Berman (2007, p. 180-181) descreve:

Os bulevares representam apenas uma parte do amplo sistema de planejamento urbano, que

incluía mercados centrais, pontes, esgotos, fornecimento de água, a Ópera e outros

monumentos culturais, uma grande rede de parques [...]. Os bulevares de Napoleão e


Haussmann criaram novas bases – econômicas, sociais, estéticas – para reunir um enorme

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFund… 8/16


28/01/2024, 16:24 UNINTER

contingente de pessoas. No nível da rua, eles se enfileiravam em frente a pequenos negócios e

lojas de todos os tipos e, em cada esquina, restaurantes com terraços e cafés nas calçadas.

Já em Barcelona, que viu a sua população aumentar de 150 mil para 600 mil habitantes entre 1850
e 1900, o plano conduzido por Ildefonso Cerdá tinha como ideia central a noção de que o meio urbano
se tronasse “terapêutico”, buscando a integração da natureza humana e do progresso técnico.

Neste sentido, Scopel (2020) descreve:

Esse plano foi realizado por Ildefonso Cerdá “[...] e consistia na combinação do planejamento

radial e reticular da cidade antiga medieval com o novo traçado proposto para sua expansão”
(DEBRASSI, 2006, p. 76). O projeto de Cerdá tinha como base uma proposta ideal da cidade,

através de uma projeção perfeita (Figura 5) e de um conceito higienista. A ideia era que o

espaço urbano se tornasse um meio terapêutico contra os males da sociedade, com um valor
curativo.

Scopel ainda pontua que

ldefonso Cerdá determinou características para as vias públicas: primeiramente, definiu as


quadras e, depois, suas combinações, para então começar a delimitar os bairros. Ele deixou

evidente a estrutura viária do conjunto, prevendo quatro vias de comunicação, além de uma

grande rede de saneamento.

Em comum, os dois projetos buscavam o estabelecimento de vias amplas e a implantação de


sistema de esgoto, priorizando a iluminação e ventilação das quadras e edifícios, além da implantação
de espaços verdes. Segundo Scopel (2020), “essas transformações, com o intuito de melhorar a
salubridade e a higiene das cidades, foram um marco para esse momento do urbanismo.”

Saiba mais

GLANCEY, J. O homem que construiu a Paris que conhecemos hoje. BBC News Brasil, 12 fev.
2016. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160203_vert_cul_criado
r_paris_lab>. Acesso em: 18 maio 2023.

TEMA 3 – CARTA DE ATENAS

Como vimos, a Revolução Industrial levou a um aumento populacional acelerado nas cidades, sem
que houvesse infraestrutura adequada para receber tal demanda. Com o objetivo de melhorar as
https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFund… 9/16
28/01/2024, 16:24 UNINTER

condições de vida da população nos centros urbanos, alguns pensadores passaram a estudar formas de
estruturar as cidades. Nesse contexto, surge o pensamento modernista. Um marco desse momento
histórico foi a Carta de Atenas. O maior representante do movimento modernista é sem dúvidas o

arquiteto e urbanista Le Corbusier.

Saiba mais

PPD 245 LE Corbusier City of Tomorrow. ChrisJohnson829, 2011. Disponível em: <https://ww
w.youtube.com/watch?v=EEhAYlFcS7s>. Acesso em: 18 maio 2023.

Sobre Le Corbusier, Scopel (2020) destaca que

Suas ideias revolucionaram a forma de pensar a arquitetura e de considerar os aspectos de

estética e funcionalidade. Assim, o urbanista foi o responsável pelos princípios do urbanismo

racionalista, que considerava aspectos quantitativos da cidade e defendia a eficiência e a


densidade demográfica.

Dentre os fundamentos de suas ideias de urbanismo, podemos destacar as seguintes:

aumento das áreas verdes, com o objetivo de melhorar a salubridade e higiene dos espaços e
centros urbanos;
descongestionamento do centro das cidades, com melhoria das demandas de circulação;
facilitação das comunicações e consequentemente dos negócios, com aumento da densidade do
centro;
alteração do paradigma da concepção e funções da rua, para atender as novas demandas e
tecnologias, buscando por exemplo atender um número maior de tipos de transporte.

Em 1933, durante o 4º Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), teve origem a


Carta de Atenas, importante marco do Urbanismo moderno.

Saiba mais

IPHAN – Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional. Carta de Atenas.


ChrisJohnson829, 2011. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Car
ta%20de%20Atenas%201931.pdf>. Acesso em: 18 maio 2023.

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFun… 10/16


28/01/2024, 16:24 UNINTER

A Carta de Atenas afirma que o urbanismo deve buscar quatro funções precípuas:

Habitar: a Carta ressalta a importância de assegurar que os cidadãos tenham acesso à moradia
sustentável, com ventilação e incidência de luz solar adequadas.
Trabalhar: nas palavras de Scopel (2020), “No trabalho, o documento afirma que eles sejam
organizados, sem representar uma tarefa penosa, mas retomando o seu caráter de atividade
humana natural.”
Recrear: o planejador urbano deve prever a instalação de espaços e equipamentos públicos que
permitam que os cidadãos tenham acesso, em suas horas de folga, a locais onde possam relaxar,
se exercitar, passear aumentado a qualidade de vida e conexão com a natureza.
Circular: criação e aprimoramento das redes de circulação existentes.

Como exemplo do surgimento desses pontos da Carta de Atenas de 1933, Scopel (2020) cita a
Cidade Radiante:

Trata-se de um plano urbano não construído, elaborado e apresentado por Le Corbusier no

ano de 1924 (Figura 2). A ideia desse plano era proporcionar meios eficientes de transporte,
abundância de espaços verdes e luz solar para que os habitantes tivessem uma qualidade de

vida melhor. O plano tem como base a ordem, a padronização e a simetria e foi pensado para
ser construído em áreas de cidades ou cidades inteiras destruídas pela guerra. O autor do

projeto propunha edificações altas, densas e idênticas, organizadas a partir de uma malha

cartesiana e locadas soltas em grandes espaços.

O plano definia zoneamento distinto, dividido por funções e sem mistura física. Existia também um
caráter monumental das vias e edificações, que obedeciam ao tabuleiro cartesiano e ortogonal, com
edifícios idênticos. Na teoria, a ideia é melhorar a funcionalidade e garantir as funções de uma cidade.
Veremos, mais adiante, o detalhamento do urbanismo modernista, assim como a sua superação.

TEMA 4 – URBANISMO MODERNISTA

Segundo Scopel (2020), “O movimento moderno e o urbanismo racionalista surgiram com o intuito
de melhorar a realidade das cidades, que estavam apresentando cada vez mais problemas.”

Sem dúvidas, a questão da higiene nos ambientes urbanos das cidades é ponto crucial. Há um
aumento da aglomeração de pessoas que moram nos centros urbanos, sem iluminação, ventilação e
áreas verdes, que aumentam a insalubridade dos ambientes e proliferam doenças.

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFun… 11/16


28/01/2024, 16:24 UNINTER

Há também a segregação das classes econômicas na cidade. Ricos moravam em locais


privilegiados, enquanto os pobres em locais mais adensados, insalubres, em cortiços que nem faziam
parte do planejamento das cidades.

O movimento moderno surge com o objetivo de solucionar todos esses problemas da cidade da
Revolução Industrial.

Saiba mais

Acesse para entender melhor sobre três filosofias do urbanismo modernista diferentes: a de
Frank Lloyd Wright, Le Corbusier e Bauhaus:

LLOYD WRIGHT, Le Corbusier, and Bauhaus in Urban Planning. PlanetizenCourses, 2021.


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kmIf9mmr-ag>. Acesso em: 18 maio 2023.

TEMA 5 – SUPERAÇÃO DO MOVIMENTO MODERNO

Os encontros de CIAMs continuaram. O CIAM X, por meio de um grupo chamado Team 10,
produziu uma Declaração do Habitat em 1950, que marca o fim dos manifestos feitos nos moldes
anteriores. As características da Declaração Habitat eram diferentes:

A declaração foi escrita em inglês, diferentemente das demais, que eram todas em francês;
Construção do ambiente humano que vai da casa à cidade;
Afirmavam que o modelo da casa depende do ambiente;

Todos os encontros CIAMs foram importantes para a superação do movimento moderno. Ou seja,
por meio desses encontros foi possível desenvolver novas leituras e novas formas de pensar as cidades,
a exemplo do movimento chamado New Urbanism, que conectou algumas ideias do Team 10 com
novos pensamentos.

Saiba mais

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFun… 12/16


28/01/2024, 16:24 UNINTER

DELETE ME. A crítica do movimento moderno: os smithson e o “team x”. Histarq, 7 nov. 2011.
Disponível em: <https://histarq.wordpress.com/2011/11/07/aula-3-a-critica-do-movimento-moder
no-os-smithson-e-o-team-x/>. Acesso em: 18 maio 2023.

TROCANDO IDEIAS

Sugerimos que você assiste o filme O Show de Truman, do diretor Peter Weir. Investigue também o
projeto Seaside, projetado em 1981 por Andrés Duany e Elizabeth Plater Ambos os exemplos dão uma
ideia bem bacana de como é a cidade do novo urbanismo.

Além disso, vale a pena dar uma olhada no seguinte artigo:

MOREIRA, S. O que é o Novo Urbanismo? ArchDaily, 24 jan. 2021. Disponível em: <https://www.ar
chdaily.com.br/br/955574/o-que-e-o-novo-urbanismo?ad_source=search&ad_medium=projects_tab&
ad_source=search&ad_medium=search_result_all>. Acesso em: 18 maio 2023.

NA PRÁTICA

Vejamos como ocorreu a mudança de paradigma do planejamento urbano em Curitiba. Nos anos
1960, a maioria das cidades brasileiras estava sofrendo com o impacto das migrações para as capitais.
As cidades estavam comprometidas por conta de uma ocupação inadequada, principalmente em áreas
ambientalmente fragilizadas, caracterizadas por graves problemas de degradação ambiental e carências
sociourbanas. Curitiba contava com 445.227 habitantes. A sua taxa de crescimento era de 5,62% ao ano.
Os automóveis tomavam conta do centro, causando congestionamentos. O transporte público era de
baixa qualidade e todas as linhas chegavam ao centro da cidade, situação que agravava ainda mais o
caos urbano. Era iminente a necessidade de fazer um novo plano, que direcionasse o crescimento com
respeito à nova dinâmica da cidade.

Segundo Jaime Lerner, o dinamismo do crescimento da cidade começou a caminhar mais rápido
quando o engenheiro Ivo Arzua assumiu a Prefeitura. Nessa época, o município começou a tomar
iniciativas para alargar as ruas, de modo a oferecer para mais espaço para os automóveis. Era uma visão
muito voltada ao sistema viário, implicando em uma quase uma descaracterização da história da cidade:
alargar a Rua XV, a Marechal Deodoro e tantas outras. Curitiba estava se descaracterizando.

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFun… 13/16


28/01/2024, 16:24 UNINTER

Em junho de 1965, a prefeitura iniciou o ciclo de debates para uma discussão pública do plano
preliminar de urbanismo, chamado “Curitiba de Amanhã”, que levou à criação do IPPUC – Instituto de
Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. Para consolidar o processo de transformação física, o
recém-criado IPPUC elegeu três instrumentos indutores de crescimento: transporte coletivo, uso do solo
e sistema viário, integrados para a promoção do desenvolvimento sustentável do ponto de vista
ambiental, econômico e social.

Figura 2 – Esquema do plano diretor de 1966

Figura 3 – Esquema do plano diretor 1966: base de indução do crescimento

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFun… 14/16


28/01/2024, 16:24 UNINTER

FINALIZANDO

O planejamento urbano deve sempre ser aprimorado. Não devemos abandonar a lógica descritiva
da prospecção oriunda de geografia, economia, sociologia, história etc. sobre o fenômeno da mudança
no comportamento das cidades. É preciso colocá-la a serviço de um urbanismo inovador, que não
busque descobrir o futuro, mas de inventá-lo. Tudo isso para que a cidade do futuro não se configure
como uma extrapolação de suas tendências históricas, mas seja o resultado da capacidade criativa de
cada geração.

Sem um esforço de criatividade e um exercício contínuo de imaginação, o urbanismo desaparece e


o planejamento urbano se reduz a um simples controle normativo. O planejamento inovador é,
sobretudo, empreendedor, capaz de definir estratégias e procedimentos e de “encantar” todos os
agentes implicados em seu desenvolvimento. Requer capacidade de negociação e vontade de assumir
os riscos de um desenho de efeito catalisador, para alavancar uma transformação dinâmica e positiva.

REFERÊNCIAS

BERMAN, M. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Cia
das Letras, 2007.

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFun… 15/16


28/01/2024, 16:24 UNINTER

FONSECA, M. A. O lugar da fábrica: história e evolução urbanística. Dissertação (Mestrado) –


Universidade da Beira Interior, Covilhã, 2010.

SCOPEL, V. Estudo da Cidade. Porto Alegre: Sagah, 2020.

https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/new rota/?c=/gradNova/2023/tecnologiaNegociosImobiliarios/dialogosUrbanosPaisagisticosFun… 16/16

Você também pode gostar