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Crescimento urbano e não

desenvolvimento urbano
Docente: Prof. Doutor Jaime Luís Jemuce
 Tratar de oficinas temática:

 Desenvolvimento econômico e equidade social.

 .URBANISMO

 URBANIZAÇÃO
 Segundo Lima (2002), o urbanismo é definido como um conjunto das questões relativas a
arte de edificar uma cidade. O urbanismo é assim, a forma em que os profissionais
especializados mantêm para expressar a sua visão de uma cidade. Urbanismo e
urbanização são termos parecidos que diferem pelo facto do primeiro ser a ideia e o
segundo a acção. Este conceito surgiu após a revolução industrial, devido ao aumento do
número de pessoas migrando para as cidades. Foi necessária a ampliação dos territórios
habitáveis, havendo preocupações de saneamento e organização espacial. Para que isso
acontecesse com coerência e qualidade, passou-se a exigir profissionais com experiência
nessa aérea (LIMA, 2002)
 Actualmente, o planejamento urbano está em ascensão devido ao grande crescimento das cidades e
suas necessidades de espaços planejados para uma crescente demanda. Observa-se também que
devido a este crescimento, a questão urbanística é movida pela especulação imobiliária, em que
buscam-se os melhores valores de compra e venda. Considerada uma ciência que trata da
espacialidade dos espaços urbanos, busca acompanhar o desenvolvimento dos municípios com o
objectivo de encontrar melhores meios e maneiras de que a cidade se torne o mais agradável, viável e
habitável, onde a população encontre qualidade de vida e conforto em seu ambiente de morada
(LIMA, 2002).
RESILIÊNCIA E CAPACIDADE ADAPTATIVA

 Trata-se de buscar recursos para a sustentabilidade de cidades e comunidades através de


resiliência como instrumento de planejamento urbano.

Portanto, o bum do crescimento imobiliário acaba criando impacto no planejamento urbano,

por conseguinte, criar uma cidade sem infra-estruturas acaba sendo um caos total.

 Entretanto, a indústria de construção civil acaba ganhando o meio ambiente, devido ao poderio
financeiro;

 Contudo, o impacto do crescimento não planejado, sem pensar nas políticas públicas pode criar
problema sérios.
TÓPICOS EM PLANEJAMENTO URBANOS E GESTÃO:
DINÂMICA SOCIOESPACIAIS

 Há necessidade de se criar uma nova política nacional de regularização fundiária;

 Regularização fundiária urbana;

 Nova forma de planejar a cidade futuro, usar as ferramentas que possam facilitar para
minimizar os problemas;

 Discutir a cidade a partir dos núcleos urbanos.


CRISES CAPITALISTAS E URBANAS
 David Harvey afirma que as crises são alimentadas por uma febre na construção civil, provocando um
desequilíbrio no capitalismo. Defende que o grande motivo para que ocorram as crises imobiliárias é a
má administração e aos precários investimentos em infraestrutura (ARUGUETE, 2012).

 Ao refletir sobre a sociedade contemporânea, a industrialização e a urbanização aparece sempre


como um fenômeno conjunto de um duplo processo, ou como um processo de duas facetas. A
urbanização é vista como um processo que repara a Antiguidade, em que as cidades surgiram por
determinadas condições históricas para atender as necessidades da época. Assim sendo a indústria,
tem por objectivo a fabricação de mercadorias a partir dos elementos encontrados na natureza
com a função de atender às novas necessidades da actividade humana actual.
 Logo, os meios de produção artesanal, doméstica, corporativa e manufatureira, fazem parte
do sistema de produção industrial, com o propósito de transformar a cidade em um espaço de
produção. O sistema produtivo industrial começou quando o capital comercial partiu da produção
manufatureira produzida nas cidades, fazendo com que ela se tornasse a base territorial na
concentração de capital e trabalho, em que esta concentração é resultado direto sobre como se
constituiu o mercantilismo, através da produção capitalista. Assim sendo, compreender a
urbanização baseado na evolução industrial, é entender a evolução do capitalismo (SPOSITO,
1988).
Planejamento e gestão de terra em
Moçambique
 O processo de planejamento e gestão de terra em Moçambique, é caracterizado por um
conjunto de regras normativas que com base nelas é possível implementar acções ligadas a
gestão de terra. O nosso foco é tratar sobre a questão de planejamento e gestão de terra do
ponto de vista da segurança da posse de terra dos mais desfavorecido ou seja, da população
de baixa renda.
 O objectivo é trazer uma reflexão sobre como fazer um planejamento
e gestão de terra que proporcione um desenvolvimento económico e
equidade social, no momento em as áreas rurais tendem mais a
crescimento urbano e não ao desenvolvimento urbano propriamente
dito.
 O bum do crescimento imobiliário está criando impacto no planejamento urbano, é
verdade que nos últimos anos devido a situação da crise económica em que o país se
encontra, o investimento imobiliário tende a abrandar, associado a isso a ocupação de
terra por via extra legais ou seja obtenção de terra no mercado informal, está
transformando as áreas num palco de crescimento urbano sem as devidas
infraestruturas o que acaba criando um caos total.

 O impacto do crescimento urbano não planejado, sem pensar nas


políticas públicas pode de certa maneira criar problemas sérios no
futuro para projectos de expansão urbana.
 É necessário que os governantes tracem novas formas de planejar a cidade do futuro,
usar as ferramentas que possam facilitar para minimizar os problemas, o
planejamento urbano precisa ser discutido a partir de núcleos urbanos para o
engajamento e participação dos demais actores no processo.

 Como diz o (SOUZA, 2013, p. 23) o planejamento não pode e nem deve servir de
instrumento a serviço de manutenção do status quo capitalista. Ele fazia crítica da forma
como o planejamento era feio nos anos 70 e 80, socorrendo-se da ideia de Harvey(1985)
que dizia o seguinte:

 (...) a tarefa do planejador é contribuir para os processos de reprodução social e,


ao fazê-lo, o planejador está equipado com poderes para produção, manutenção e
gestão do ambiente de trabalho que lhe permite intervir, estabilizar, criar as
condições para um crescimento equilibrado para conter conflitos civis e lutas
faccionais por repressão ou integração (HARVEY, 1985, p. 175).
O campo dentro da cidade e cidade dentro do campo

Será que é o modo de vida que define o que é campo


ou cidade? Será que é a densidade de ocupação?
 A relação entre cidade e campo se situa, histórica e teoricamente, no centro das
sociedades humanas. A dominação da cidade sobre o campo, como resultado da
divisão entre trabalho intelectual e trabalho manual e através do comando do
mercado sobre as actividades de produção, é facto que marcou as sociedades
humanas desde tempos remotos, e particularmente as sociedades capitalistas
industriais modernas em que nos inserimos (Monte-Mor, 2006).

 No entanto, o rápido crescimento populacional gerou uma procura por espaço, e


por outro lado o crescimento territorial das cidades no século XXI está restrito a
um determinado nível, além do que ficam impossível percorrer a pé as distâncias
entre os locais de moradia e trabalho. Ou seja, o crescimento populacional não
está sendo acompanhado em seu ritmo pelo crescimento territorial.
 Uma parte do trecho do meu artigo
[...] Como consequência disto, houve um adensamento habitacional
muito grande em torno da vila municipal de Boane, a situação da classe
trabalhadora de baixa renda na vila apresentam muitos relatos que nos permitem
avaliar as transformações ocorridas ao logo dos dez anos de governança municipal.
O crescimento da vila, tornou a área consolidada do município antes compreendida
por todo o núcleo urbano, formando-se ao seu redor uma faixa nova, considerada a
periferia da classe média. Esta periferia denota uma desordem muito grande na
paisagem e na malha urbana, por conta do abandono das formas de controle
público sobre o espaço construído (Jemuce, 2022).
 Numa visão histórica dominante na economia de prestação de conta e do manifestado
de tudo quanto fora prometido nas eleições, podemos aqui discutir um pouco sobre
alguns problemas urbanos advindo da falta de compromissos e comportamento
individual que incentivaram a separação espacial das classes sociais dentro do
município, a começar por:
 a falta de coleta de lixo, de rede de água de esgoto, as ruas estreitas para a circulação, a
poluição de toda a ordem, moradias apertadas, falta de espaço de lazer, insalubridade,
enfim, são alguns dos problemas urbanos, na medida em que se manifestam de forma
acentuada na vila municipal, palco de transformações económicas, sociais e políticas.
Contudo, é fundamental observar que estes problemas constituíam manifestações claras
de etapa pelo qual o desenvolvimento do modo de produção capitalista estava
atravessando.
 Sposito, propõe entretanto, que se pense num modelo de governança capaz de romper com a
desordem espacial que perdura por muito tempo, pois no entendimento deste, a falta de
condições sanitárias permite o alastramento de um surto de várias doenças, as pessoas já não
podem circular imunes pelas ruas com lama e o cheiro que emana pela passagem de camiões
de recolha de lixo, associado a poluição que atingiu até aos bairros ricos, e a falta de água
limpa constitui problema para todos.

 A partir desta visão e de acordo com LEFEBVRE (1978) a cidade até o início do
capitalismo era muito mais obra do que produto. Isto porque nem a cidade nem a terra (tanto
urbana como rural) haviam se transformado em mercadoria.
 Nessa mesma perspectiva teórica, Ana Fani Alessandri Carlos (2014, p. 133) chama a atenção de
que o processo de reprodução do espaço urbano evidencia que a urbanização contemporânea ocorre
mediante a extensão e o aprofundamento de uma contradição fundamental, ou seja: la producción
del espacio es siempre una producción social y colectiva mientras que su apropiación es
privada – fundada en la existencia de la propiedad privada de la riqueza. Dentro del
capitalismo, esta producción del espacio se transforma en mercancía y hace que su acceso sea
determinado por el mercado inmobiliario”.
 O planejamento territorial urbano é um processo político-administrativo de governo,

que, além de estar embasado em conhecimentos teóricos, precisa também ser definido

como política pública e apresentar diretrizes práticas para seu estabelecimento. “O

processo de planejamento urbano tem como propósito ordenar, articular e equipar o

espaço, de maneira racional, direcionando a malha urbana, assim como suas áreas ou

zonas, a determinados usos e funções” (HONDA et al., 2015, p. 64).


 O surgimento da expressão “plano de desenvolvimento local integrado”
indica a necessidade de revelar as palavras em torno dos planos e refletir
sobre como e porque eles nascem e morrem (VILLAÇA, 2000). O autor
destaca que o facto central é que a cada fracasso de um plano é preciso
inventar outro para continuar ocultando as reais causas dos ditos “problemas
urbanos”:

 é preciso ocultar as idéias de que o crescimento dos problemas urbanos é devido à


injustiça na distribuição de renda, é devido à exclusão social e, portanto, ao desnível de
poder político entre as classes sociais. É preciso ocultar o facto de que tais desequilíbrios
trazem uma desigual distribuição setorial e espacial dos investimentos públicos. É
preciso manter a versão de que os problemas urbanos se agravam porque os planos
falharam e que por isso é preciso mudar os planos (p. 8).
A Cidade, o Espaço Urbano e os Diferentes Agentes que
Configuram a sua Territorialidade

 Para Lefebvre (2011, p. 4) as cidades6 “[...] são centros de vida social e política onde se
acumulam não apenas as riquezas como também os conhecimentos, as técnicas e as obras
(obras de arte, monumentos)”.
 No sistema urbano, decorrente da industrialização, é exercida a ação de conflitos: entre o valor de
uso (a cidade e a vida urbana) e o valor de troca (os espaços comprados e vendidos, o consumo
dos produtos, dos bens, dos lugares e dos signos); entre a mobilização da riqueza e o investimento
improdutivo na cidade; entre a acumulação de capital e sua dilapidação nas festas; entre a
extensão do território dominado e as exigências de uma organização desse território (LEFEBVRE,
2011).
 Segundo Harvey (2005), a governança urbana é orientada pela criação de padrões locais
de investimentos em infraestruturas físicas (imóveis, transportes,
comunicações, saneamento) e infraestruturas sociais (educação, ciência e
tecnologia, controle social, cultura e qualidade de vida); afirma que esse
movimento gera a sinergia necessária no processo de urbanização, capaz de
criar rendas monopolistas (dos interesses privados e dos poderes estatais). O
autor também reafirma que uma das formas de exploração do espaço urbano
são as incorporações imobiliárias.
Referências
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. São Paulo. Annablume, 1985.
SOUZA, Marcelo Lopes de. Mudar a cidade: critica ao planejamento e gestão. Rio de Janeiro: Bertrand, 2013.
LEFEBVRE, Henri. El derecho a la ciudad. Barcelona: Peninsula, 1978.
LEFEBVRE, Henry. O direito à cidade. 5. ed. Tradução de Rubens Eduardo Frias. São Paulo: Centauro Editora, 2011.

MONTE-MÓR, Roberto Luís. O QUE É O URBANO, NO MUNDO CONTEMPORÂNEO, UFMG/Cedeplar, (Texto para discussão; 281)
Janeiro de 2006.
VILLAÇA, Flávio. Perspectivas do planejamento urbano no Brasil de hoje. Campo Grande, jun. 2000. p. 1-16. Disponível em:
<http://www.flaviovillaca.arq.br/pdf/ campo_gde.pdf> Acesso em: out. 2014.
HARVEY, David. O enigma do capital e as crises do capitalismo. São Paulo: Ed. Boitempo, 2012. ______. A condição pós-moderna. São
Paulo: Loyola, 2007. ______. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume, 2005.
HONDA, Sibila Corral de Arêa Leão et al. Planejamento ambiental e ocupação do solo urbano em Presidente Prudente (SP). Urbe.
Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), vol. 7, n. 1, p. 62-73, jan./abr. 2015.
LIMA, João Ademar de Andrade. Urbanismo como ciência, técnica e arte: sua política e sua proteção legal. Arquitextos Vitruvius. São
Paulo, ano 03, n. 027.04. ago. 2002
SPOSITO, Maria Encarnação B. Capitalismo e Urbanização. 1988. Ed. Contexto, São Paulo

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