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A Gestão do Urbano e o Modo de

Produção Capitalista

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Introdução à Questão da
Ideologia
 O espaço tem sido ao longo do tempo
destinado a cumprir funções específicas que
variam de acordo com as necessidades das
organizações sociais de cada época.
 Dentro dessa perspectiva, a CIDADE é a
resultante INACABADA e em
TRANSFORMAÇÃO de intervenções
reguladas por diferentes sistemas de
valores sociais e econômicos.
 Cada sistema determinado que caracteriza
o modo de produção definido é responsável
pelo ORDENAMENTO, APROPRIAÇÃO, ou
seja, pela produção do espaço urbano em
sua época.
No Modo de Produção capitalista, a
cidade surge como:

 local de reprodução dos meios de


produção,

 local de reprodução da força de


trabalho e,

 como fator de acumulação de capital.


Para tal a cidade deve cumprir
as tarefas necessárias:

 Para a reprodução dos meios de


produção, tornam-se
necessários os espaços
destinados às atividades
industriais e seus
desdobramentos
 Como local de reprodução da
força de trabalho, a cidade é a
sede da habitação, do ato de
morar e viver.
 Como fator de acumulação de
capital, o solo urbano gera
renda fundiária, fundamento da
indústria da construção civil.
Cidade _ Sociedade

Castells coloca que: “considerar a


cidade como projeção da
sociedade no espaço é, ao
mesmo tempo, um ponto de
partida indispensável e uma
afirmação demasiado
elementar”.

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 O espaço já se encontra estruturado e os
processos sociais referentes a essa
estrutura são determinados por períodos
diversos de diferentes organizações sociais

 Não está desligado da estrutura social,


que determina aos agentes sociais uma
apropriação deferancial do produto de seu
trabalho e, como consequência, determina
diferentes possibilidades de consumo.
Produção do Espaço Urbano

 Embora pensemos que o espaço urbano


apresenta-se em desordem, podemos
dizer que há uma ordem coerente com
o modo de produção dominante.

 Ao espaço são adicionados infra-


estrutura, sistema viário,
equipamentos, que, juntamente com a
existência ou falta de amenidades,
compõem o valor da terra.
Valor da Terra
 A ocupação do espaço urbano é regulada
pelo valor que a terra urbana adquire,
sendo este o principal elemento de sua
apropriação.

 A cidade torna-se, assim, um potencial


consumo exatamente como qualquer outro
produto: consumo que se realiza segundo
as possibilidades de renda de seus
habitantes.

 Dessa forma, A CIDADE TORNA-SE


MERCADORIA
 O sistema de produção formal, rejeitando
parte dos trabalhadores, faz com que
recorram a uma economia baseada no
subemprego, resultanto daí numa
população excluída do mercado de
consumo pela insuficiência de renda.

 A incapacidade de consumir caracterizará


então, a ocupação das áreas periféricas da
cidade, onde o valor do solo urbano é
baixo e onde não são satisfatórios os
serviços de infra-estrutura e acessibilidade
a centros de emprego e serviços.
 Torna-se relevante atentar para o fato de
como se faz a cidade, como se produz o
espaço e, por consequência, como as
classes de baixa renda se localizam nesse
espaço.

 No caso das cidades brasileiras, os serviços


urbanos se irradiam do centro à periferia,
tornando-se cada vez mais escasso à
medida que a distância do centro aumenta.

 O resultado é um gradiente de valores do


solo urbano, que atinge o máximo no centro
principal e vai diminuindo até atingir um
mínimo nos limites da cidade.
As Favelas

 Nesse contexto as favelas surgem


como a determinação de uma
parcela da população em se instalar
em locais onde existe acessibilidade
a centros de emprego e
equipamentos urbanos, áreas de alto
valor da terra e, portanto,
impróprias para essa população de
baixa renda da cidade sob o aspecto
do consumo legalizado.

1
O Planejamento

 A partir disso, surge o planejamento, cuja


tarefa principal deve ser a apropriação
equilibrada do espaço urbano, organizando
o desenvolvimento e a reprodução desse
espaço, ou seja, tentando resolver o
problema do consumo coletivo.
 São elaborados planos, políticas explícitas
na intenção de resolver a crise urbana.

 Mas, o que significa CRISE URBANA?


Crise Urbana

Excessiva oferta de força de


trabalho frente a incapacidade
do mercado em absorver mão-
de-obra, cujas consequências
são o desemprego e a queda
do valor do salário
 Na ânsia de resolver a crise na cidade, o
poder público, a quem cabe a gestão do
consumo coletivo, opta por ordenar a
cidade disciplinando o aparente caos, pois
ao nível de espaço a crise urbana aparece
como um problema de crescimento não-
planejado.

 Nesse sentido são elaborados planos de


urbanismo, na busca de organizar o
espaço urbano e minimizar os conflitos.
 Porém, isso não é tão fácil de ser
executado, pois qualquer intervenção do
poder público sobre o espaço, como por
exemplo, na alocação de infra-estrutura em
uma área carente, elevará o valor da terra
naquele local, expulsando a população que
aí vivia, que será substituída por outra de
mais alta renda.
 A população deslocada capitalizará na troca
o valor acrescido, mas não usufruirá da
melhoria.
 Além disso, os planos nem sempre
minimizam as desigualdades. Muitas vezes
agem enfatizando-as, como na alocação de
equipamentos e infra-estrutura em áreas já
ocupadas por população de alta renda,
aumentando ainda mais o valor da terra e
as desigualdades.
 Destaca-se que tem sido hábito da
maioria dos planejadores levantar e
tentar resolver problemas que
transcendem a questão urbana (como
a probreza urbana e as migrações).

 A falência dos planos diretores se


deve à crença nas soluções e
propostas constantes em todos eles,
além do determinismo físico presente
na maioria deles.
 O crédito que se dá às soluções
meramente físicas para resolver ôs
problemas urbanos poderia revelar
um desconhecimento dos
planejadores relativo ao sistema
social e econômico, mas isso não nos
parece verdadeiro.

 E nesse ponto que percebemos a


existência de fatores ideológicos
necessários à manutenção do próprio
sistema.

1
projeto inclui inúmeras atividades
as e recortadas para fins analíticos.

ompostas em
mponentes e estas em tarefas. Podem
de ordená-las sequencialmente, co
s e subseqüentes. Propomos, de iní
rquitetura e urbanismo
para se projetar? Maria Lúcia Mala
e de um artigo - ainda não publica
nvenção arquitetônica". O processo
atividades, as quais podem ser ide
fins analíticos. Depois essas ativid
m atividades componentes e estas em
ém, usar o artifício de ordenálas se
etapas distintas e subseqüentes. Pr
1 2 3 4 5 6 7 problema conhecer o
ocacionais organizacionais e popu
nanceiros filosóficos operacionai
analisar ou processar dados fazer
to , o leiaute e a quantificação dos
entendimento das atividades e resp
cada etapa, podemos recorrer a um
exemplo, o problema de elaborar o
tapa (1) é o surgimento e configur
ma demanda por uma creche num d
ctiva Associação de Moradores nos
sso problema passa a ser, então, pr
dades componentes da etapa (1) co
omo um projeto não arquitetônico.
rada a partir de um estudo feito po
ais preocupados com a violência do
da cidade. Embora o arquiteto seja
configuração da demanda, sua entr
om um raciocínio tipicamente arqu
este:
ão aproveitam aquela área residua
bem localizado, pode ser acessado
distribuição dos fluxos; além disso
rafia, o que barateia a construção.
onal é a possibilidade de compartil
um revezamento entre escola e cre
cínio é tipicamente arquitetônico p
a síntese da solução físico/espacial
iscurso acima enuncia diversas “id
as elas passíveis de se tornarem vis
dificação, a integração física escol
r para a etapa que é conhecer o pro
.
nais são relativos ao terreno onde a
amos conhecer sua localização, sua
posição com relação ao sol, os meio
ões do logradouro público, a legisla
mais.
os dados locacionais também se co
uitetônicas pois, a rigor, qualquer
vel médio poderia coletá-los. Bast
agem das informações necessárias
eu formato.
arquiteto, ao analisá-los, fará múlt
verá marquises para o norte, janela
o para o leste; verá a entrada das cr
ento, separada do acesso de carros
trapezoidal, pois o terreno se estre
há de pensar em janelas para o po
não perder a bonita vista da praça lo
arquitetônicas que não conseguimo
o analisamos os dados locacionais.
zacionais e populacionais dizem re
he. Poderíamos chamá-los também
recisamos saber a quantas crianças
xa etária, quantos funcionários ter
ncionário e sua distribuição por id
grama técnico e administrativo da c
os um caso similar ao anterior. Ao
to pensará em berçários intercalado
ra leste (já relacionando com os da
nsará, também, em salas multiuso,
em, pintarem e bordarem; verá esp
ência dos funcionários; perceberá q
ma da entrada principal e ter uma v
do o resto. Enfim, os dados organiz
dos locacionais e ao problema, todo
seriam aqueles também chamados
missão de uma creche na nossa so
o psicopedagógico, o que significa
tividades devem ocorrer para que
ico, psicológico, mental e intelectu
tárias, qual é o papel a ser desemp
soas da comunidade, e outras ques
evidentemente não são arquitetôni
arquitetos. Entretanto, deles é muit
cas que resolvam problemas prátic
ompensação, fornecem inspiração d
ormas volumétricas, das ambiênci
ores do edifício. Esses dados perm
o ciceronear sua viagem ao mundo
rimeiro do que ao segundo); nesse
gger, de Deleuze e Gatarri, de Derr
te, de Guy Debord e Constant; terã
s táticas e as estratégias, as contam
agramas; poderão requentar tranqü
ar no pós-moderno (o que, diga-se
o). Pensarão nas formas da moda,
iscursos de diversas procedências,
micos e financeiros dizem respeito
do empreendimento, aos recursos d
os. Os dados operacionais e funcio
cionamento para as crianças e func
ada e saída de crianças, as atividad
rendizagem, alimentação, os cuida
que envolvem as crianças e os fun
envolvem pessoas da comunidade,
de vigilância, limpeza e manutenç
nso dos funcionários, os equipame
zados em todas as atividades, com
de exigências ambientais e de insta
nais e funcionais.
material referem-se às condições ge
utura instalada na rua, os materiais
cado, suas condições de oferta e su
arquitetural e econômica, as carac
ponível, etc. Para todos esses dad
mo raciocínio que fizemos para os
m todos os momentos, a presença d
ia suficiente para refutar a divisão
tese/avaliação - e demolir qualque
genciáveis.
espeito à organização e interpretaç
quiteto faz tabelas e gráficos, traça
e fluxogramas, interage com outro
idamente uma atividade arquitetôn
feita no levantamento dos dados.
preende o pré-dimensionamento e
essários, pois já são conhecidos os
s funcionais e operacionais, uma ve
vidades e os seus fluxos, as pessoa
equipamentos e utensílios envolvid

nhecida e reconhecida como meto


nte saiu de moda, mas – cuidado!
quentada qualquer dia desses e se
tese de doutorado da primeira dé
e elaboração de esboços, modelos,
representação das idéias projetuais
ssa fase o arquiteto usa a autocrític
óteses que lhe parecem mais consi
s intenções. Infelizmente é pouco c
talvez por ser peculiarmente arqui
ostam de estudar os fatos que são p
ndo o anteprojeto - a síntese das id
e passaram pelo crivo da autocrític
crítica de terceiros. Novamente se
e vindas, até que um anteprojeto s
quiteto e usuários ou clientes e um
apa (7), que é o projeto para execu
pas 6 e 7, um outro caso de desam
. As discussões que aí se tecem são
am a intrigas e maledicências.
rede.

dos
nto

assa misturando...
pesquisa aplicada, nos congressos,
ABEAs e IABs, na TV, na interne
s, enfim, por onde ando, vivo e con
ma única questão: O que pode nos a
zer melhores projetos? Qualquer es
nsaio, palpite, qualquer, artigo, diss
se proponha a contribuir nessa dire
vante e, portanto, não há de me inte
e. Justifico-me: tenho urgência – e
respostas à questão que mais me a
ojeto de arquitetura: o que posso fa
a elaborarem bons projetos? Se não
esposta para essa pergunta, então n
de arquitetura. Que a arquitetura se
ulos: pelos mestres, sem professor
o e a gestão municipal e regional, t
nte do
envolvimento urbano contemporân

grande importância cultural, com

ião das vertentes;


tável, preservação e intervenção r
coartístico-cultural construído;
nstrutiva e a administração de obr
entendimento
esso de produção arquitetônica, d
xecução.
Christian Moeller
Ele estudou arquitetura na faculdad
aplicadas de em Frankfurt e sob Gu
Academia de belas artes, em Viena
rabalhar no escritório do arquiteto
Günther Behnisch, ele começou co
convidado no Instituto de novos me
comunicação na Städelschule, Fran
Peter Weibel. Em 1990, fundou seu
aboratório de estúdio e mídia do ar
Frankfurt. De 1995 a 1997 dirige o
pesquisa ARCHEMEDIA na faculd
em Linz, Áustria. Ele era um profe
College of Design em Karlsruhe, A
que ele se mudou para os Estados U

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