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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

ALDEIR DA SILVA BORGES

O USO DO SOLO URBANO DE CAPITÃO POÇO:


Um estudo sobre a área central do município

NOVA ESPERANÇA DO PIRIÁ - PARÁ


2022
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

ALDEIR DA SILVA BORGES

O USO DO SOLO URBANO DE CAPITÃO POÇO:


Um estudo sobre a área central do município

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito parcial à
obtenção do título de GEOGRAFIA.

NOVA ESPERANÇA DO PIRIÁ – PARÁ


2022
O USO DO SOLO URBANO DE CAPITÃO POÇO:
UM ESTUDO SOBRE A ÁREA CENTRAL DO MUNICÍPIO

Aldeir da Silva Borges1

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial
ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). “Deixar este texto
no trabalho”.

RESUMO - Entender o espaço urbano, sua dinâmica e estruturação é uma tarefa


árdua, na medida em que as modificações no mesmo, acontecem de forma muito
rápida e intensa. O presente trabalho faz um estudo sobre a área central do município
de Capitão Poço, cidade localizada a cerca de 220 quilômetros de Belém, capital do
Estado do Pará. Apesar de ser um município não muito antigo, o mesmo, na atualidade
desponta como polo na região, sendo que as cidades em seu entorno dependem, em
grande parte de serviços que o município dispõe. Dessa maneira, percebe-se que,
apesar de o processo de centralização ter perdido forças nesse espaço, havendo,
assim, atualmente, um processo de descentralização, a área central ainda é a fração
do espaço urbano dessa cidade, mais intensamente procurado. Ressalta-se que alguns
problemas são recorrentes nessa área, especialmente os relacionados ao trânsito de
veículos, uso indevido dos passeios públicos, falta de segurança, dentre outros. Alerta-
se que, com o processo de descentralização, há a necessidade de que seja feito um
processo de zoneamento urbano, definindo as diferentes funções para as diversas
frações do espaço desse município.

Palavras chave: Espaço Urbano, Centralização, Área Central.

INTRODUÇÃO

1
Aldeir.asb@gmail.com
É na paisagem urbana que as contradições decorrentes do modo de produção
capitalistas são mais evidentes, pois o maior fracionamento do espaço, assim como as
diferentes formas e funções espaciais aí encontrados, os torna mais dinâmico, isso ao
compararmos com o espaço rural.
Notadamente, não precisamos ser especialistas para ao transitarmos no
espaço de uma cidade, detectarmos as contradições existentes no mesmo. Bairros
centrais, espaços degradados, comércio, lazer, rapidamente as diferentes formas e
funções espaciais vem à tona.
Obviamente se o espaço é diferenciado, o acesso as diferentes frações será
diferenciada. As áreas que apresentam melhores serviços e infraestrutura, pela lógica
capitalista, serão mais caras e, consequentemente, abrigarão um conteúdo social de
maior poder econômico, enquanto as áreas periféricas e espaços degradados serão o
refúgio da grande massa de excluídos.
O presente trabalho tem como proposta, efetivar uma análise do que venha a
ser a área central de Capitão Poço. Geralmente há uma indefinição da área central do
espaço urbano, sendo a mesma confundida com o bairro central ou com o centro
comercial.
Capitão Poço é um Município do Estado do Pará, localizado a cerca de 220
quilômetros de Belém. É um município relativamente novo, sendo que seu processo de
formação se iniciou na década de 1940. Entretanto, destaca-se na região como um
Município Polo, concentrando inúmeros serviços que atendem os demais municípios
circunvizinhos.
Nossa questão central é de saber, qual a dimensão espacial da área central de
Capitão Poço? Transformamos essa questão central em um objetivo geral: Identificar e
delimitar a área central do Município de Capitão Poço. Por sua vez, esse objetivo foi
desdobrado em três objetivos específicos:
a) Delimitar a área central do Município de Capitão Poço;
b) Identificar as principais funções espaciais da área central do município;
c) Detectar e analisar os principais problemas na área central de Capitão Poço.
Como suporte para a realização de nossos trabalhos, efetivamos intenso
levantamento bibliográfico, assim como pesquisas exploratórias no espaço da área
central do município. Utilizamos como referencial teórico primário, a “Teoria da
centralização e área central”, (CORRÊA, 1989; 2011), na qual são discutidos por esse
autor conceitos relacionados à temática em questão. Utilizamos, também, outros
autores que discutem a temática.
O trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro denominado de
“Conceituações teóricas sobre o espaço urbano e área central”, efetivamos uma
discussão teórica sobre os conceitos utilizados em nossa pesquisa.
No segundo capítulo, fizemos um levantamento do processo de formação
espacial de Capitão Poço, e de sua evolução histórica, sua dinâmica e estrutura.
No terceiro capítulo, apresentamos a sistematização dos dados coletados
durante nossos trabalhos de campo. Definimos, então, a área central de Capitão Poço,
assim como, seu núcleo central e sua zona de obsolescência, evidenciando as
principais funções desse espaço e, também, sua configuração espacial.
Finalizando, são feitas algumas considerações como parte final do trabalho.

1- CONCEITUAÇÕES TEÓRICAS SOBRE O ESPAÇO URBANO E ÁREA CENTRAL

1.1 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESPAÇO URBANO

O mundo atual reflete uma interação social, econômica, política, cultural e


ambiental, sustentada, primordialmente pela utilização do solo. Interação esta que
diverge de acordo com a região e determinados interesses e valores. O que queremos
afirmar é que a relação dos diferentes indivíduos com o solo é moldado por diversos
fatores, de várias naturezas. Dessa maneira, essas formas de relacionamento, são
refletidas e cristalizadas no espaço, através da paisagem. Assim, o espaço é o palco
de todas as atividades humanas, herdando toda uma historicidade das ações dos
indivíduos que nos antecederam.
Partindo de uma análise histórica e de acordo com os pressupostos de
Santos, de início tínhamos uma natureza formada por objetos naturais que, no
decorrer da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, técnicos e
mecanizados. Para Santos (1999), o espaço é formado por um conjunto de sistema de
objetos e sistema de ações, que devem ser considerados como o quadro único no
qual a história se dá, pois, os sistemas de objetos condicionam a forma como se dão
as ações e os sistemas de ações levam à criação de objetos novos ou se realiza sobre
objetos preexistentes.
Para viver, o ser humano necessita ocupar um determinado lugar no espaço,
não só ocupar, mas produzir o lugar. Carlos (2011, p.45), “o modo de ocupação de
determinado lugar [...] se dá a partir da necessidade de realização de determinada
ação, seja de produzir, consumir, habitar ou viver”, assim ele se torna produto do
processo de reprodução da humanidade. É o próprio processo de reprodução do
capital que vai indicar os modos de ocupação do espaço pela sociedade, assim como
a lógica que define essa ocupação.
Especificamente ao retratarmos o Brasil, observa-se que nas primeiras
décadas do século XX a sociedade brasileira se configurava como amplamente rural.
Em paralelo ao expressivo crescimento da população verificado no país entre 1940 e
1980, observou-se uma inversão da distribuição populacional entre as áreas rurais e
urbanas.
Se compararmos o espaço urbano e rural, em linhas gerais, podemos dizer
que uma das principais características peculiares do espaço urbano é a presença
expressiva de diferentes formas espaciais dadas pelas diferentes maneiras do uso do
solo. Mas, o que seria o espaço urbano? O espaço urbano é o resultado da dinâmica
social de determinada sociedade, conforme a sociedade vai se desenvolvendo, criando
e recriando novos conceitos e novos modos de produção, o espaço urbano também
vai adquirindo novas configurações. Sob a lógica capitalista-global, esse espaço ganha
novos significados, passando pela desagregação do modo de vida tradicional para a
construção de novos padrões de comportamento e de valores.
Corrêa, diz que:

O espaço urbano de uma grande cidade capitalista constitui-se, em um


primeiro momento de sua apreensão, no conjunto de diferentes usos da terra,
justapostos entre si. Tais usos define áreas como centro da cidade, local de
concentração de atividades comerciais, de serviços e de gestão, áreas
industriais, áreas residenciais distintas em termos de forma e conteúdo social,
de lazer e, entre outras, aquela de reserva para futura expansão. Esse
complexo conjunto de usos da terra, é em realidade, a organização espacial da
cidade ou, o espaço urbano, que aparece assim como espaço fragmentado
(1989, p. 7).
Assim, a complexidade do espaço urbano capitalista pode ser entendida em
alguns momentos indissociáveis, tal como um espaço fragmentado, com áreas
distintas (áreas de comércio, áreas de residências, etc.); um espaço articulado onde se
percebe a circulação tanto de pessoas quanto de mercadorias; como um reflexo da
sociedade em que se percebe a sua divisão ou não em áreas segregadas e, dentre
outros.
O espaço urbano, nessa perspectiva, se traduz como o espaço do capital, pois,
as diferenciações e contradições das diversas áreas expressas no mesmo,
aparentemente fragmentadas e desarticuladas, na verdade são resultantes do
processo de apropriação do capital sobre o solo urbano, e na verdade obedecem a
uma lógica, consequentemente, se há um bairro periférico, ou um condomínio, isso
tudo está relacionado ao que é determinado pelo capital.
Assim, na cidade capitalista, as formas e funções, não surgem por acaso. A
concentração de pessoas em um determinado espaço cria um exército de reserva,
possibilitando aos detentores dos meios de produção um controle sobre a média
salarial dos operários, no preço do solo, tanto para a moradia, quanto para outros
objetivos.
Essas características são comuns, não somente aos grandes centros urbanos,
mas, também a cidades de menor porte, como é o caso de Capitão Poço, que apesar
de ser uma cidade pequena, já apresenta em seu espaço áreas muito valorizadas,
assim como áreas de ocupação espontânea, áreas com grande densidade
demográfica, dentre outros aspectos.

2 - CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA E ECONÔMICA DO MUNICÍPIO


2.1 PROCESSO HISTÓRICO DE CAPITÃO POÇO

O processo de colonização do território do atual Município de Capitão Poço


iniciou-se na década de 1940, estando ligado ao avanço das frentes pioneiras, grupo
de migrantes originários de outras frações do território brasileiro, principalmente, do
Nordeste, que buscavam melhores condições de vida, em virtude de políticas do
Governo Federal, que incentivava grupos de migrantes a desbravar terras
desconhecidas no território paraense, fato esse relacionado diretamente com a
construção da Rodovia Belém-Brasília (BR – 010). Dessa maneira:

No Brasil, o surgimento e desenvolvimento de frentes de expansão e frentes


pioneiras ocorreram em períodos distintos da formação sócio espacial
brasileira, sendo que tais movimentos se realizaram com interesses bastante
antagônico sem relação a um e outro. Nesse processo, cada expansão
comportou indivíduos singulares que usaram e transformaram seus espaços de
maneira seleta. E os caracterizaram de acordo com suas visões de mundo e
com suas culturas, isto é, com suas necessidades implícitas em tempos e
espaços historicamente distintos (MONDARDO, 2007, p. 39).

Conforme o IBGE (2013), Capitão Poço era uma área que pertencia ao
município de Ourém, nessa área foi instalada uma frente pioneira que no mês de junho
de 1955 chegou até o local onde atualmente se localiza a sede do município, que foi
batizado como Capitão Poço.
Desse modo, em contrapartida será subscrita nas próximas linhas a história
que obtivemos conhecimento sobre a ocupação de Capitão Poço, através de
levantamentos realizados com familiares dos primeiros moradores do município e
pesquisa documental.
No caso específico do Município de Capitão Poço, as frentes pioneiras tiveram
início em 15 de junho de 1945, quando o explorador conhecido como Capitão Possolo,
um homem importante da região, na época, chegou à área onde está localizada a sede
municipal, trazendo um grupo de 15 homens nordestinos, que residiam na sede
municipal de Ourém (PA), Arraial do Caeté (zona rural de Ourém) e Peixe – Boi (PA)
instalaram-se próximo ao igarapé Braço do Antero, fazendo plantações, iniciando assim
o povoamento na localidade onde atualmente é a Avenida 29 de Dezembro. Seu
território era patrimônio do município de Ourém e mais tarde, para tornar-se município
desmembrou-se deste (LEVANTAMENTO IN LOCO; CAPITÃO POÇO, 2006).
Com os incentivos de programas do governo visando à ocupação da Amazônia,
houve um intenso processo migratório à região, principalmente de nordestinos
motivados, também, por parentes e amigos que já estavam na localidade de Capitão
Poço.
Um dos fatores que contribuíram para a expansão do município foi a facilidade
de obter lotes gratuitamente. Assim, houve a expansão e diversificação da lavoura, e
com a abertura da rodovia de acesso à Ourém facilitou o escoamento e
comercialização da produção. Consequentemente houve o crescimento do povoado.
Com isso, o Governo do Estado regularizou as terras dos colonos, desapropriando
áreas nas proximidades da atual área urbana do município, inclusive um espaço de 576
km2 que pertencia a um japonês para ser ocupada pelos colonos.

2.2 GÊNESE E EVOLUÇÃO HISTÓRICA - SOCIAL DO MUNICIPIO

De acordo com a divisão territorial do Estado do Pará, em 29 de dezembro de


1961, foi aprovada a lei N° 2.460 de criação do município de Capitão Poço. Mas, só em
25 de maio de 1962, no governo de Aurélio do Carmo, governador do estado, é que o
município obteve sua independência. Logo, o então governador estadual, nomeou o
senhor Francisco Farias de Albuquerque como o primeiro interventor de Capitão Poço,
o qual assumiu o cargo até 23 de dezembro de 1962. Sendo substituído pelo prefeito
eleito Raimundo Carvalho Siqueira e um grupo de vereadores, os quais foram eleitos
no dia 15 de novembro de 1962, quando houve a primeira eleição municipal, e
permaneceram na função até dezembro de 1966.
Dentre os anos de 1961 a 1970, com o crescimento populacional, surgiram
novas travessas em direção ao igarapé Braço do Antero, formando o bairro Centro.
Em 1981, o crescimento populacional atingiu grandes proporções, 32.767
habitantes, resultando no surgimento de loteamentos por donos de grandes lotes de
terras e pela administração municipal, com isso o município atingiu uma área de
2.463,00 KM² (CAPITÃO POÇO, 2006; IDESP, 2013).
A área urbana da sede municipal está subdividida em 13(treze) bairros: Centro,
Coutilandia, Bairro Rodoviário, Ipasep, Tatajuba, Goiabarana, Jardim Tropical, Vila
Nova, Seringal, Gasolina, Der, Vila Kennedy, Marupá.
A estrutura econômica municipal é composta pelos setores: de serviços -
economia resultante dos transportes, das repartições públicas e privadas, do comércio
local que dispõe de uma variedade de mercadorias, assim, como de estabelecimentos
comerciais, tanto de médio e pequeno porte; o setor indústria de transformação -
desenvolve as atividades de fabricação de produtos de madeira, fabricação de
produtos alimentícios (derivados do leite, açaí, mel, polpas de frutas e outros). Os
setores agrícolas e pecuários - correspondem às áreas de grande geração de renda
contribuindo para o desenvolvimento do município. A economia do município se baseia
na agricultura, especialmente na fruticultura, que envolve grande parcela da população,
enquanto que a produção de grãos, por ser mecanizada, ocorre o inverso. A pecuária
constitui-se em importante atividade, destacando-se a criação de ovinos e caprinos.
Na zona rural, há uma variedade de culturas produzidas, com uma produção de
subsistência. Destacam-se na agricultura as principais atividades permanentes como:
laranja, coco-da-baía, pimenta-do-reino, banana e maracujá; as atividades temporárias
são: mandioca, feijão, milho, malva e arroz. Na pecuária os principais rebanhos são:
bovinos; aves; suínos; equinos; caprinos e ovinos,
Além dos pequenos produtores de citros locais, Capitão Poço conta com a
CITROPAR (Cítricos do Pará S/A) é uma empresa instalada no município de Capitão
Poço, na rodovia PA- 253 km 04 na localidade de Capitão Pocinho que gera emprego e
renda, com a produção de citros.
A produção de laranja é responsável por grande parte da economia local e
regional com 8.610 hectares de área plantada e colhida, com produção de 146.370
toneladas, outra atividade que vem se destacando é a produção de pimenta do reino,
assim, como a pecuária que com a criação de gados.
Capitão Poço está localizado a cerca de 226 km da capital do Pará - Belém. Na
Mesorregião do Nordeste Paraense, na Microrregião do Guamá. Possui as seguintes
coordenadas geográficas 01° 44’ 54” de latitude Sul e 47° 03’ 42” de longitude Oeste
de Greenwich. Sua altitude é de 73m, com uma densidade demográfica de 17,90 hab./
km² (IBGE/2010). Tem como limites geográficos ao norte o município de Ourém, ao sul
os municípios de Ipixuna do Pará e Nova Esperança do Piriá, a leste os municípios de
Garrafão do Norte e Santa Luzia do Pará e a oeste os municípios de Irituia, Mãe do
Rio, Aurora do Pará e Ipixuna do Pará.
A população atualmente está estimada em 54.545 habitantes, o território de
Capitão Poço dispõe de uma área de 2.899,533 km² (IBGE/2010).
O tipo de solo da região tem características latossólicos: amarelo, textura
média; Latossolo Amarelo Cascalhento, textura média; solos concrecionários
lateríticos; Areias Quartzosas; Latossolos amarelo, textura argilosa.
O clima é mesotérmico e úmido, com temperatura média anual elevada em
torno de 25° C. As chuvas, apesar de regulares, não se distribuem igualmente durante
o ano, sendo de janeiro a junho sua maior concentração (cerca de 80%), implicando
em grandes excedentes hídricos e, consequentemente, em grandes escoamentos
superficiais e cheias dos rios. A precipitação pluviométrica anual aproxima – se de
2.250 mm. A umidade relativa do ar gira em torno de 85%.
Tem como rio principal o Rio Guamá, serve de limite entre Capitão Poço,
Ourém e Garrafão do Norte. O Rio Guamá, converge toda a trama de pequenos rios e
igarapés que se inserem no Município; uns, em direção Sul/Norte, Pacuí-Miri, Pacuí-
Claro, Pacuí-Grande e Pacuí-Açu outros, em direção Sudoeste/Nordeste os igarapés
Água Azul, Trapiche, Arauaí e Iacaiacá, ao Norte/Sul os igarapés Induá e Capitão Poço
(IDESP, 2013).

3 - A ÁREA CENTRAL DE CAPITÃO POÇO: UM ESTUDO DE CASO


3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A ÁREA DE ESTUDO

Para a efetivação do presente trabalho de pesquisa, utilizamos como


procedimentos metodológicos, primeiramente levantamento bibliográfico e documental,
em bibliotecas e órgãos públicos do município. Em seguida, para coleta de dados
visando à delimitação da área central do município de Capitão Poço, efetivamos
levantamentos in loco. Utilizamos como suporte teórico Corrêa (1989; 2011), e
metodológico a aplicação de questionários, visando identificar algumas características
desse espaço, objeto de nosso estudo.
Foram aplicados aleatoriamente questionários, em alguns pontos da área que
identificamos como central, como: terminal rodoviário, praça da igreja matriz e Avenida
23 de Dezembro, esquina com a Rua Manoel Apolônio.
A pretensão do presente trabalho de pesquisa é de contribuir, no sentido de
evidenciar algumas diferenciações que possibilitem identificar a área central do
município, no caso, Capitão Poço – PA.
Desta forma, define-se o bairro central como sendo a parte da cidade onde,
normalmente, se inicia o processo de povoação da mesma.
O bairro centro é o mais antigo da cidade de Capitão Poço, pois foi no espaço
onde ele se situa que iniciou o processo de formação da cidade. Tal processo, como já
fora anteriormente ressaltado, ocorreu a partir da segunda metade da década de 1940.
No núcleo central de Capitão Poço predominam estabelecimentos ligados às
atividades terciárias (comércio varejista, serviços profissionais e financeiros). Porém,
além de desempenhar as funções de atividades comerciais e prestação de serviços, tal
área desempenha ainda a função residencial. Como mostra o gráfico abaixo:
Gráfico I –Função dos imóveis na área central de Capitão Poço/PA

Residencial Comercial
Serviços Outros
8% 3%
22%

68%

Fonte: Levantamento in loco(novembro/2021). Aldeir Borges

Verifica-se que na área delimitada durante o processo de pesquisa há 481


empreendimentos, sendo que desse universo, 22%, ou seja, 105 dos mesmos tem a
função residencial; 68% (326 imóveis) tem a função comercial; 7% ou 37 dos imóveis
exercem a função de serviços; e o restante, identificados no gráfico como outros,
corresponde a 3% (13 imóveis) dos empreendimentos, os quais desempenham a
função de templos religiosos, armazéns e sindicatos.
Para analisarmos a área central de Capitão Poço, realizou-se a pesquisa
empírica por meio de questionários aplicados à população que frequenta esse espaço.
A partir da aplicação dos questionários que tinham por objetivo levantar informações
sobre o uso da área central, bem como: procedência, frequência e motivo que utiliza a
área central, meio de transporte utilizado para o deslocamento, principais problemas
observados e principais medidas a serem tomadas na área central, isso na opinião das
pessoas abordadas.
Gráfico II – Distribuição por gênero do universo amostral

MASCULINO
38%
FEMININO
63%

Fonte: Levantamento in loco(novembro/2021). Aldeir Borges

Vale ressaltar que a aplicação dos questionários foi efetivada de maneira


aleatória. Verificamos, então, durante o processo de coleta de dados que nosso
universo amostral 63% são do sexo feminino e 37% são do sexo masculino. Com idade
variada entre 20 a mais de 60 anos (tabela I).

TABELA I – Faixa etária amostral dos frequentadores da central

Fonte: Levantamento in loco(novembro/2021). Aldeir Borges


Em termos de faixa etária dos indivíduos abordados, sendo que o menor
percentual encontrado é de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos (12,5%).
Obviamente, essa variação pode ser explicada pela disponibilidade de serviços ao
entorno da área de coleta, enquanto que o maior percentual, 27,5%, equivale as
pessoas que estão com idade entre 20 a 29 anos.
Procurou-se, em seguida identificar a procedência dos agentes abordados,
onde obtivemos os seguintes resultados: 19 pessoas vieram de outros municípios, 14
pessoas vieram de outra zona e 07 pessoas vieram de outros bairros. Como podemos
visualizar no gráfico III.
Gráfico III – Procedência dos agentes abordados

OUTRO BAIRRO OUTRA ZONA OUTRO MUNICÍPIO

18%

48%

35%

Fonte: Levantamento in loco(novembro/2021). Aldeir Borges


Indagaram-se também sobre a frequência com que essas pessoas se deslocam
até a área central.
Gráfico IV –Frequência com que as pessoas abordadas se deslocam para a área
central

18%

DIARIAMENTE
SEMANALMENTE 48%
QUINZENALMENTE 23%
MENSALMENTE

13%

Fonte: Levantamento in loco(novembro/2021). Aldeir Borges


Procuramos evidenciar os principais fatores responsáveis pelo deslocamento
desses agentes até a área central da cidade. Dessa forma podemos identificar alguns
principais, os quais destacamos no gráfico V.
Gráfico V – Fatores responsáveis pelo deslocamento dos agentes abordados até
a área central
15%
23% COMPRAS
SERVIÇOS DE
10% BANCOS
SERVIÇOS HOS-
PITALARES
TRANSPORTES
23% OUTROS
29%

Fonte: Levantamento in loco(novembro/2021) Aldeir Borges


Através do gráfico acima, é possível visualizar os principais motivos
destacados pelos entrevistados, responsáveis pelo deslocamento dos mesmos até
esse espaço do município. Percebe-se então que a área central atrai demasiadamente
a população, tanto local como de sua hinterlândia e que a população se dirige ao local
frequentemente em busca de atender suas necessidades de várias naturezas.
Outro fato que merece ser destacado condiz em relação aos meios de
transportes utilizados pelos indivíduos para se deslocarem até a área central do
município, o que é expresso no gráfico VI.
Gráfico VI – Meio de transportes utilizados para deslocamento até a área central

3
% 10%

8% ÔNIBUS
MOTOCICLETA
AUTOMÓVEL
BICICLETA
58% À PÉ
23%

Fonte: Levantamento in loco(novembro/2021). Aldeir Borges


Com base no que pode ser visualizado no gráfico acima,57% dos indivíduos
abordados utilizam o ônibus para se locomoverem até a área central, o que deduzimos
que sejam pessoas oriundas de outros municípios, assim como pessoas que moram na
zona rural de Capitão Poço.
Os dados acima foram obtidos para realização do referente trabalho, dessa
maneira, observa-se que a área central do município possui suas peculiaridades, seus
problemas, mas é a fração do espaço urbano do município que é procurada pela
população, visando suprirem suas necessidades de bens e serviços. Certamente, muito
tem que ser melhorado nesse espaço, a identificação desse espaço, assim como de
alguns de seus problemas, fora feito, mesmo de forma superficial e de forma limitada.
Entretanto, um passo já foi dado.

4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

O espaço urbano tem como uma de suas características, um processo muito


intenso e dinâmico de transformação. O que é hoje, amanhã poderá mais não ser. E as
mudanças são muito rápidas, especialmente, no que diz respeito às funções do
espaço.
Tradicionalmente, as áreas mais antigas dos centros urbanos têm a função de
atividades terciárias. Ainda hoje, com o avanço das técnicas sobre o espaço, da
diminuição das distâncias, da estruturação do ciberespaço, que também é um espaço
de comercialização, de lazer, etc., há ainda a necessidade de espaços concretos, onde
o contato entre as pessoas é indispensável, onde o Estado se personifica.
Dessa forma, temos e sempre vamos ter a necessidade de desfrutar, de utilizar
o espaço. A área central é um desses espaços que devido à concentração de bens e
serviços se torna o espaço das cidades mais procurado, existindo obviamente algumas
exceções, isso quanto à função da cidade (religiosa, turística, etc.).
No caso específico de Capitão Poço, verificou-se que a área central do
município se estende por alguns bairros, não estando restrito apenas ao bairro Centro.
Esse espaço concentra variados serviços e possui as frações mais valorizadas da área
urbana dessa cidade.
Detectamos a existência de alguns problemas, que com empenho do poder
público, nas diferentes esferas da administração, poderão ser facilmente solucionados.
Verificou-se que a zona central, de acordo com Corrêa (1989), já passou de
sua fase de centralização e passou a uma fase de expansão, isso provavelmente
devido aos altos valores dos imóveis na área mais antiga da zona.
Assim, a tendência é que os problemas detectados na área central, em
especial no núcleo central, se expandam juntamente os novos eixos. Dessa maneira,
alertamos que há a necessidade de um planejamento urbano, objetivando um
zoneamento da área urbana de Capitão Poço, definindo funções para cada área, o que
consequentemente, poderá proporcionar melhor qualidade de vida aos cidadãos.
Certamente o não planejamento do espaço, poderá intensificar ainda mais os
problemas detectados no município. Certamente, será um trabalho árduo, mas o
primeiro passo já foi dado.

5 - REFERÊNCIAS

CARLOS, Ana Fani A. A cidade. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2011.

CORREA, R. L. Processos Espaciais e a Cidade. Cap.V, P. 121 – 141. In Trajetórias


Geográficas. 6. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.
______. O Espaço Urbano. SP: Ática, 1989.

IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acessado em: 05 out. 2021.

IDESP. Estatística Municipal. Capitão Poço. Belém: IDESP, 2013.

MONDARDO, R. M.; SANTOS, C. A. G. Frente de expansão e frente pioneira no


Brasil: espaços e tempos da migração, do conflito e da alteridade. Okara:
Geografia em debate, João Pessoa, PB, v.1, n.2, p. 38-61, 2007.Disponível em:
<http://www.okara.ufpb.br>. Acessado em: 06 out. 2021.

SANTOS, M. A Natureza do Espaço. 3° Ed. São Paulo: Hucitec, 1999.


______. Por Uma Geografia Nova. 4° Ed. São Paulo: Hucitec, 1996.

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