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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

BERNARDO MACEDO LIMA

JOÃO VITOR SILVA FLORENCIO

JOSÉ LUIZ DOS SANTOS BARROS

MARIANNA BARROS MARCELINO

RODRIGO CABRAL GUIMARÃES

VINÍCIUS SOARES TEIXEIRA

Trabalho de conclusão da disciplina de Métodos e Técnicas de Pesquisa em Arquitetura,


Urbanismo e Paisagismo II

Recife

2023
No contexto arquitetônico e urbanístico, fomos apresentados ao PPP morar no centro, um programa de
Parceria Público Privada, onde o Estado se une a iniciativa privada para a construção de habitações de
cunho social a fim de garantir melhores condições de vida para pessoas que moram em favelas,
morros, palafitas e entre outras áreas de risco. No Recife, a empresa que assumir a PPP, será
responsável pela implantação, manutenção e operação de quatro empreendimentos de locação social e
dois empreendimentos habitacionais destinados ao mercado popular, englobando obras e serviços de
gestão de carteira, gestão condominial e de trabalho social e desenvolvimento comunitário. Nós
tomamos ciência deste projeto através das palestras que ocorreram durante o Capo e principalmente
pelas aulas de PUR 2 que foram ministradas por Iana e Dayse. Durante nossa visita de campo, um dos
principais projetos arquitetônicos que rondam a área é o do Hotel Marina, um hotel em formato de
cais que promete revitalizar o centro do Recife, gerando cerca de 3000 empregos, tendo dentro do
complexo alas gastronômicas e um centro de convenções onde pode ocorrer diversas palestras. A
presença desse hotel na área é necessária para compreender qual será o futuro de São José, por isso
destacamos este projeto que tem a capacidade de mudar os fluxos do centro do Recife. Outro ponto
muito importante foi o uso do Google Earth e Maps, eles tiveram a função de mostrar a volumetria
das edificações, a modulação da área, que foi de grande importância para o desenho do nosso conjunto
habitacional. Através desses aplicativos, a revitalização da área foi possível de maneira mais fluida,
preservando fachadas históricas e se utilizando de galpões e espaços que estão sem uso e convertê-los
para a população. Para além disso, o Google Maps nos proporcionou uma visualização mais ampla do
território, podendo destacar as conexões que o espaço faz e quem nos cerca, como a Zeis dos Coelhos,
Vila Brasil e Coque, assim, possibilitando que o nosso projeto abrace todos que estão ao seu redor.

Para a apreensão dos aspectos históricos e culturais, foram levadas em consideração, inicialmente, a
palestra ministrada pela professora Natália Vieira intitulada “Materialidade e imaterialidade no bairro
de São José”, a qual foi importante para a compreensão histórica da área de estudo. A área
compreende uma Zona Especial de Preservação Histórica. Esse entendimento foi crucial para as
propostas de projeto, que buscaram resguardar e valorizar os aspectos históricos que são tão
importantes para a história da cidade do Recife. Tais núcleos históricos e culturais guardam muito da
gênese e do destino da cidade. As demolições foram pensadas de forma a retomar e valorizar o caráter
e a volumetria da área, bem como sua “ossatura histórica e seus eixos radiais e perimetrais”, nas
palavras de José Lira na introdução do livro “São José: Olhares e vozes em confronto”, focando
principalmente em intervenções posteriores que descaracterizam e agridem o patrimônio histórico e
cultural do local, verificadas através tanto da visita técnica, quanto da pesquisa através de imagens de
satélite, através do Google Maps e Google Earth, este tendo sido utilizado inclusive enquanto
ferramenta que possibilitou estudo da volumetria das edificações através da visualização em 3D. O
novo se insere propondo a habitação, tão essenciais para a vitalidade da área enquanto complementa e
busca regenerar parte dessa “gênese” que parece ter esmaecido com o tempo. O livro “São José:
Olhares e vozes em confronto”, das organizadoras Virgínia Pontual, Renata Cabral, Juliana Melo
Pereira e Flaviana Lira foi auxiliar na pesquisa e entendimento desse passado histórico, apreendido e
confirmado nas visitas realizadas.

As visitas à campo também foram centrais no processo de entender e sentir a cidade em sua dimensão
histórica. O Museu da Cidade do Recife, no Forte das Cinco Pontas, forneceu uma perspectiva
importante, que fez refletir sobre a justaposição de tempos históricos presente no bairro.
Através de pesquisa bibliográfica, levantamento documental e da visita técnica, foi possível
estabelecer uma base de informações históricas e culturais que informou a proposta desenvolvida na
disciplina de Projeto 3, que busca valorizar a preexistência através da manutenção do existente e da
construção do novo.

Para analisarmos o contexto socioeconômico fomos conduzidos na da disciplina de PUR II a fazer


uma análise do local do ponto de vista dos atores sociais que impactam na área e a partir disso
desenvolver uma nova FOFA gráfica que procurasse abarcar todas as vivências locais, e que também
pudesse auxiliar no desenvolvimento das futuras diretrizes projetuais voltadas para os atores que
julgássemos de maior importância.
Ao confeccionarmos a tabela de atores sociais vimos que ela reflete a intensa luta de classes no acesso
à cidade, evidenciando os interesses conflitantes entre diferentes grupos sociais. Utilizamos na sua
confecção nossas percepções tiradas de visitas técnicas ao local, aulas expositivas e palestras
ministradas no CAPO como por exemplo a do ReCentro que foi mostrada os diversos projetos de
intervenção na área do bairro de São José, e dessa forma pudemos visualizar e analisar como cada
ator social enxerga sua realidade.

Dessa forma decidimos por voltar o olhar para quem habita a região, os moradores de conjunto
habitacionais, e de comunidades adjacentes, para dessa forma revitalizar o espaço dando enfoque no
bem estar e melhora da vivência desses grupos. Além disso, escolhemos não fechar os olhos para o
atual cenário imobiliário que vem ocorrendo na região, então resolvemos que também analisaríamos
o impacto do Hotel Marina nas redondezas, e principalmente como isso afetaria o público alvo para o
qual direcionaríamos nossas diretrizes de requalificação.

A partir de todas essas análises produzimos uma FOFA gráfica:


A partir de pesquisas feitas sobre a área e a atual dinâmica do local foi possível identificar alguns
projetos e obras por São José e arredores, para sintetizá-los reunimos informações contendo os
projetos, suas descrições, os órgãos e empresas responsáveis e envolvidas e até as controvérsias a
respeito desses projetos.

Entre esses projetos destaca-se


O Projeto Novo Recife;
A requalificação do mercado de São José;
PPP morar no Centro;
Porto Novo Recife;
Plano de circulação;
Dos quais fora detalhado também a influência sobre diferentes agentes sociais.
Imagem: Apresentação do projeto de requalificação do mercado de São José)

Essas informações foram reunidas a partir de buscas nos veículos de informações disponíveis que
pudessem acrescentar ao nosso entendimento sobre as discussões à respeito dos projetos existentes
ou/e em execução, tais como o site da prefeitura do Recife, artigos críticos que citam os projetos para
a área de São José e até blogs populares que demonstram a opinião do público e suas críticas.
Diante da perspectiva do plano de circulação do centro, foi necessário realizar análises de toda a área
de estudo sob o ponto de vista da mobilidade. Foi possível observar, no plano de circulação, um
caráter extremamente rodoviarista. O plano se trata de uma colaboração entre os setores público e
privado para fazer fluir o trânsito de veículos individuais motorizados em detrimento de outros meios
de transporte. Essa iniciativa vai de encontro a todas as tendências globais e foi observada com olhar
crítico pelo grupo.

Visando tentar desenvolver um projeto que contemple meios de transporte ativos e sustentáveis, foi
iniciativa do grupo a confecção de dois mapas, sendo eles o mapa cicloviário e o mapa de percepção
de segurança viária do ponto de vista do ciclista. O mapa de percepção pôde ser obtido através de
análises qualitativas feitas pelo próprio grupo, onde foram observadas características das vias como
largura, velocidade máxima, percepção da velocidade média de deslocamento dos carros, altura do
meio fio e presença de obstruções na via. Dessa forma foram caracterizadas as vias mais e menos
perigosas para trânsito de ciclistas e elencadas na cartografia produzida.
A confecção do mapa cicloviário se deu através do cruzamento de algumas informações: A malha
cicloviária existente na cidade, a malha cicloviária prevista no plano diretor cicloviário da cidade do
Recife (PDC) e o Ideciclo, uma avaliação da malha existênte realizada pela associação metropolitana
de ciclistas do Recife (Ameciclo).

À partir desse mapa, foi possível observar a malha cicloviária quase inexistente na área de estudo,
bem como a não-intenção do poder público de construí-la, tendo em vista que o PDC praticamente
não contempla o recorte selecionado. Isso em conjunto com o mapa de percepção de segurança viária
do ponto de vista do ciclista, mostra uma grande hostilidade no trânsito da região, já que além de ter
vias com trânsito hostil e perigoso que ameaçam a coexistência entre os modais, ele não oferta vias
exclusivas para que haja uma separação física que garanta a segurança do ciclista.

Uma das preocupações enfrentadas no projeto urbanístico foi a de iluminação pública. Tendo em vista
que a ela assume um papel importante na vivência das pessoas na área, gerando conforto, segurança
pessoal, patrimonial, viária e circulação e um fomento à utilização de espaços públicos, comércio,
lazer e cultura, além de embelezar as áreas urbanas, destacando e valorizando monumentos, prédios e
paisagens. Dessa forma, para sanar a necessidade da implantação de uma iluminação pública de
qualidade no projeto proposto foi usado como base normas, como a NBR 15129 : Luminárias para
iluminação pública - Requisitos particulares. 2012 e a NBR 5101: Iluminação pública —
Procedimento. 2018.
A NBR 15129 trata dos requisitos particulares para luminárias utilizadas em iluminação pública. Ela
estabelece luminárias para vias públicas, iluminação pública e outros tipos de iluminação externa. As
luminárias para iluminação pública destinam-se à iluminação de vias públicas, ruas, praças, avenidas,
túneis, estradas, passarelas, passagem subterrânea e jardins. Esta norma é importante para garantir que
as luminárias utilizadas nas ruas e espaços públicos atendam aos padrões necessários para uma
iluminação eficaz e segura. Sendo assim, tomamos a NBR 15129 como base para selecionar quais
tipos de luminárias deveríamos implantar em nosso projeto urbanístico, os tipos diferentes de
luminárias de acordo com a função do local e uso. Dessa forma conseguimos entender em quais locais
da nossa área de estudo necessitava de iluminação artificial.

Também utilizamos da NBR 5101: Iluminação pública 2018. Foi utilizada para verificar os níveis de
iluminância e os fatores de uniformidades mínimos para cada situação. Depois que executamos a
classificação das vias e que foi determinado o tipo de tráfego, fez-se necessário definir os parâmetros
fotométricos adequados para atender a necessidade do local. E desse modo usamos a NBR 5101, onde
são estipulados valores mínimos para a iluminância Emín e o fator de uniformidade Umín, em função
do tipo da via. Como podemos ver nas tabelas a seguir.

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