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PROGRAMAS DE REVITALIZAÇÃO URBANA: NOVOS

SENTIDOS DO PROJETO URBANO EM ÁREAS CENTRAIS

Eloisa Carvalho de Araujo


Universidade Federal Fluminense- UFF
eloisa.araujo@gmail.com

Carina Gagliano Rodrigues


Universidade Federal Fluminense- UFF
carinagagliano@hotmail.com

RESUMO
O artigo é parte da pesquisa “Revitalização Urbana: espaço público como agente de requalificação da
paisagem e indutor do ordenamento territorial” do PIBIC/UFF/CNPq. Contribui para a percepção em
relação ao papel da teoria e prática do ensino de arquitetura e urbanismo através da análise de
Programas implantados na cidade do Rio de Janeiro, desde o Corredor Cultural até os projetos da Cidade
Olímpica, no campo da revitalização urbana e do desenvolvimento de projetos de recuperação espacial
de ambientes urbanos. O artigo descreve o estudo de caso do Programa Rio-Cidade. A metodologia
adotada enfatizou a revisão bibliográfica e textos sobre a experiência de projetos e propostas implantadas
com base no programa em referência. A análise buscou uma visão crítica, propiciando três chaves de
leitura: as diferenciações do contexto, a política de promoção urbana, e, as escalas de abrangência e
repercussões. Isto revelou inicialmente a impossibilidade de adoção de uma teoria geral única, diante de
tantas possibilidades conceituais, permitindo novos posicionamentos frente às práticas projetuais. Dentro
do contexto da pesquisa, em referência, um caminho que se apresenta consiste em interpretar o papel
que os espaços públicos e os espaços privados, de uso coletivo, desempenham na estruturação e na
ambiência urbana das cidades.

Palavras-chave: Projeto Urbano. Revitalização Urbana. Espaço Público. Ordenamento Territorial.

ABSTRACT

The article is part of the study "Urban Revitalization: public space as an agent for inducing regeneration of
the landscape and regional planning" PIBIC / UFF / CNPq. Contributes to the perception of the role of
theory and practice in teaching architecture and urbanism through the analysis of programs implemented
in the Rio de Janeiro City, from the Cultural Corridor project to the Olympic City, in the field of urban
revitalization and space development recovery projects of urban environments. The article describes a
case study of the Rio-Cidade Program. The methodology emphasized the writings on literature review and
the experience of projects and proposals under the program established by reference. The analysis sought
a critical view, providing three key reading: the differences of context, the policy of urban promoting, and
the scales of coverage and impact. This initially proved the impossibility of adopting a single general
theory, to the face of such conceptual possibilities, allowing new positions ahead projective practices.
Within the context of research, reference, a path that presents itself is to interpret the role that public and
private spaces, collective use, play in structuring and urban ambience of the cities.

Keywords: Urban Design. Urban Revitalization, Public Space, Territorial Planning

1 INTRODUÇÃO

A proposta deste artigo surgiu com base na análise das iniciativas da Prefeitura
da Cidade do Rio de Janeiro - PCRJ para a recuperação das áreas centrais de bairros
cariocas, especificamente do Programa Rio Cidade. Como produto da pesquisa
“Revitalização Urbana: espaço público como agente de requalificação da paisagem e
indutor do ordenamento territorial” do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica – PIBIC/UFF/CNPq1, este artigo tem como propósito abordar, o processo de
análise orientado a partir de iniciativas do Programa Rio-Cidade, como experiências no
campo da revitalização urbana e do desenvolvimento de projetos de recuperação da
qualidade espacial de ambientes urbanos. Tais iniciativas podem ser contextualizadas
entre o Programa Corredor Cultural e os projetos que estão ocorrendo hoje na cidade
do Rio de Janeiro, como os projetos da Cidade Olímpica.

Em paralelo, textos2 que abordam a experiência do referido programa, das


propostas implantadas e, do modelo de gestão decorrente, foram analisados, visando
à construção de uma visão crítica.

Na primeira fase da pesquisa, procurou-se reunir os elementos relativos à


própria pesquisa, análise e interpretação inicial de seus dados, mas também
considerações a serem utilizadas na etapa posterior. Além de buscar compreender as
distinções estabelecidas entre as teorias que se desenvolveram a partir dos conceitos
pré-estabelecidos, sobretudo a emergência delas no desenvolvimento de projetos de
recuperação da qualidade espacial de ambientes urbanos. Na segunda fase, a
proposta sugere a interpretação de práticas sociais que estabeleçam condições de
visibilidade e sustentabilidade do lugar, além de, através dos resultados da pesquisa
do objeto específico, propor uma metodologia propositiva para desenvolvimento e
sustentabilidade de projetos urbanos. Nesse momento, a pesquisa utiliza-se de
conceitos adaptados ao objeto da pesquisa e à metodologia adotada, no sentido de
explicar fenômenos, suposições e hipóteses no sentido de compreensão e explicação
do objeto, a fim de melhor conhecê-lo e aplicá-lo Conjugando as diversas fases da
pesquisa propõem-se definir diretrizes de sustentabilidade para projeto urbano. E
através da análise da aplicação dos seus dispositivos, esperamos contribuir para a
construção de novos sentidos para o projeto urbano.

2 PRESSUPOSTOS IMPORTANTES PARA A CONSTRUÇÃO DE VISÃO


CRÍTICA

Dentre as iniciativas referenciais no campo da revitalização urbana e do


desenvolvimento de projetos de recuperação espacial de ambientes urbanos, nas
áreas centrais, escolhidos como campo de análise na pesquisa em referência, alguns
programas e projetos merecem destaque dentro do período compreendido dos anos
1970 aos dias atuais, em especial programas implantados na cidade do Rio de
Janeiro, desde o Corredor Cultural até os projetos da Cidade Olímpica.

Dentre aqueles projetos que visaram incentivar a imagem da cidade, o Projeto


Rio-Cidade teve ampla visibilidade pública, polemizando o tema entorno da ideia do
conceito do “urbanismo de volta às ruas” 3. E, por consequência, com grande
penetração e repercussão nas atitudes projetuais vivenciadas no meio profissional e
acadêmico.

Entre os estudos pesquisados privilegiamos aqueles que constroem um diálogo


crítico entre as práticas urbanísticas, sua visibilidade e apropriação, além da
socialização de espaços públicos. Nesse campo, segundo SANTOS (1999) dentre os
mais variados aspectos questionados, pode-se citar a natureza das soluções e o
encaminhamento das propostas urbanísticas, a baixa qualidade dos materiais
utilizados, os transtornos à população, como o congestionamento do trânsito,
acidentes e barulho excessivo, obras incompletas e atraso nos cronogramas. Já de
acordo com OLIVEIRA (2008) as ideias que orientaram inicialmente o programa,
tiveram como proposta ações relativamente rápidas, visando melhorar a infraestrutura
e embelezar trechos da cidade, sempre tentando restaurar a imagem da cidade e
inseri-la na competição internacional. DOMINGUES (1999) ressalta que os critérios de
escolha das áreas nunca foram justificados pela Prefeitura, vagando na repercussão
no aspecto de marketing urbano. Ainda sobre o tema, buscamos referencia em
trabalhos finais de graduação4 que refletiram as influências do Programa Rio-Cidade
nas práticas projetuais. Tal procedimento buscou verificar o quanto o modelo de
urbanismo consagrado no referido Programa, influenciou as intervenções propostas,
no campo da academia.

Na perspectiva de conhecer outras opiniões a metodologia da pesquisa se


apoiou também na investigação, através de uma enquete nas redes sociais, sobre o
referido programa. Perguntamos a vários estudantes e profissionais de arquitetura e
urbanismo sobre o programa, coisas positivas e negativas que o mesmo proporcionou
a cidade, e a partir dessa enquete conseguimos analisar melhor os legados deixados
para a cidade. Em síntese, a maioria questionada não acredita que as propostas do
Rio-Cidade possam ser replicadas. Foi sugerida a necessidade de pensar propostas e
projetos baseados sempre nas novas demandas, de usuários e de lugares, de modo a
não adotar modelos "copia e cola" que muitas vezes não propiciam o desenvolvimento
do lugar, a qualidade espacial e de vida.

Mas para entender como atuou o Programa Rio-Cidade foi necessário


pesquisar também os outros programas e projetos que ocorreram na cidade de Rio,
5.
tendo como marco os anos de 1970 A começar pelo Corredor Cultural que foi um
projeto que teve o intuito de preservação e revitalização do Centro Histórico do Rio de
Janeiro abrangendo da Lapa até a Praça XV. Neste, a ideia de preservação
prevaleceu. Era o momento em que a cidade estava passando por um processo de
esvaziamento e grandes deteriorações e descaso com seu patrimônio histórico. O
Corredor Cultural surge então num momento político que coincide com a
redemocratização que o país vivia em meados dos anos 1980. O projeto, conciliando
interesses dos usuários locais de preservação do espaço ameaçado por demolições
ou renovações, buscou zelar não apenas pelo conjunto arquitetônico, mas também
pela revitalização dos espaços públicos, realçando a arquitetura e ao mesmo tempo,
proporcionando beleza e conforto ao usuário do centro da cidade.

Vale ressaltar que este período, a cidade é marcada pelo abandono do seu
Plano Diretor6 e pela tomada do Plano Estratégico7 como principal forma de regulação
e planejamento da cidade. Em atendimento a uma competição entre cidades, espaços
públicos passam a ser alvos de projetos de requalificação, na ótica da revitalização
urbana. De forma que, essas políticas de intervenção, assumem processos de
apropriações e vivências em diferentes cidades, a partir de suas particularidades
históricas e arquitetônicas. Para alguns autores, como ARANTES (2002) e VAINER
(2002), em seus estudos é demonstrado que os temas predominantes na análise
dessas interferências espaciais são a política de patrimônio e a transformação de
espaços da cidade em produto/mercadoria.
Em 1994, o Centro, considerado como um lugar estratégico para a cidade do
Rio de Janeiro, em seu Plano Estratégico, foi incluído no Programa Rio-Cidade.
Nesse contexto, além do centro, outros bairros da cidade passam pela experiência do
referido programa, onde os projetos, a luz da racionalização de fluxos, paisagismo e
mobiliário urbano, concentram seus benefícios nos eixos estruturadores e/ou centros
de bairros caracterizados pela predominância de atividades comerciais e de serviços,
de lazer e entretenimento.

No centro o Projeto abrangeu a Avenida Rio Branco, na Cinelândia, trechos de


algumas ruas perpendiculares, nas Praças Estado da Guanabara, Floriano, Mahatma
Gandhi e saída do metrô na estação carioca. A Praça Estado da Guanabara e a Rua
Bittencourt da Silva, junto com a saída do metrô foram reurbanizadas. Na Cinelândia,
promoveu-se o adensamento da arborização e a reforma da pavimentação. A Praça
Mahatma Gandhi foi gradeada e toda a área em torno do terminal Menezes Cortes
redesenhada. Ao longo da Avenida Rio Branco foi implantado um novo sistema de
iluminação.

A análise dos projetos implantados nessas áreas resultou em duas


constatações. A primeira delas, de que os projetos, em algumas áreas, incorporaram
certas características seletivas, isto é, acabando por inibir ou constranger a utilização
das ruas/praças para certos usos e paras algumas pessoas, corroborando para uma
visão de aceitação tácita do discurso do caos, da insegurança e, portanto, da
desordem urbana. A segunda constatação é de que as ruas e praças que sofreram a
intervenção tiveram uma mudança significativa e, além dos recursos urbanísticos,
como infraestrutura mais adequada em termos de implantação de redes de serviços.
Estes benefícios, no entanto, não se estenderam ao conjunto do bairro, reforçando-se
com os projetos as centralidades já existentes, destacando-as das demais ruas dos
bairros. E com isso nem sempre gerando, de forma plena, a ideia de espaços de
sociabilidade.

No Rio de Janeiro o Monumenta 8, outro programa que também atuou em


espaços públicos no centro da cidade, centrou suas atividades em locais de grande
importância histórica, política, cultural e econômica da cidade. Teve assim as
localidades da Praça Tiradentes, seu entorno e Rua do Lavradio escolhidas como
ambientes a serem tratados no contexto de espaço de sociabilidade, de identidade
cultural e como construção do imaginário coletivo, ainda pouco considerado, até então,
na preservação patrimonial. O projeto abrangeu a ordenação dos sistemas de tráfego
e de circulação de transporte urbano, objetivando a melhoria da acessibilidade do
pedestre e a requalificação urbana adequada ao patrimônio histórico.

Com o Rio ganhando o concurso para sediar a Copa e as Olimpíadas, em


Junho de 2009, o Projeto Porto Maravilha, união das esferas municipal, estadual e
federal, além da iniciativa privada, tem seu mote na revitalização de toda a região
portuária da cidade do Rio de Janeiro, transformando-a em espaço turístico, de
investimentos para empresas e para sediar moradia. O Plano de Revitalização9, para a
referida região, na forma de uma Operação Urbana Consorciada, pretende requalificar
cinco milhões de m2 e será fundamental para o projeto das Olimpíadas Rio 2016. Visa
à recuperação completa da infraestrutura urbana, de transporte e do meio ambiente da
região, de acordo com os novos usos do solo previstos; melhoria nas condições
habitacionais da população existente e a implantação de novos equipamentos culturais
e de entretenimento, além da atração de sedes de grandes empresas de tecnologia e
inovação, modernização e incremento da atividade portuária de carga e do turismo
marítimo.

Na análise dos projetos, através dos discursos governamentais e de estudos


10,
em curso verifica-se que as apostas de requalificação dos espaços públicos que
integram as recentes propostas urbanísticas para a região portuária do Rio de Janeiro
e seu entorno representam uma nova configuração e refuncionalização do espaço
urbano. Onde duas vertentes se destacam: a exigência quanto às mudanças de
parâmetros urbanísticos, com consequente repercussão no tecido urbano, e, a
necessidade de instituir à cidade aquilo que lhe é mais caro, seus espaços públicos. A
repercussão desses projetos na região se dá não somente pelo porte de investimentos
públicos e privados, mas pela relevância da implantação desses empreendimentos
urbanos na reconfiguração e transformação da função da área portuária.

Nesse contexto, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e o Instituto de


Arquitetos do Brasil – IAB/RJ lançaram em novembro de 2010 o Concurso Nacional
Porto Olímpico11, inserido no Projeto Porto Maravilha. Iniciativa que tem papel de peso
no processo de requalificação da área urbana da região portuária. O fator relevante
para a escolha dos vencedores foi a possibilidade de uso futuro das construções
projetadas, como legado do evento para a revitalização da área central da cidade12.

No nosso entendimento, as iniciativas no âmbito das intervenções do Porto


Maravilha, apresentam a concepção de um projeto urbano para dentro, que se volta
para si, com grandes possibilidades de gerar processos de gentrificação, culminando
no uso da imagem como forte fator de convencimento das intenções do poder e de
privatização do que é considerado público.

3 DIFERENTES OLHARES SOBRE A CIDADE E SUAS ÁREAS CENTRAIS

No Programa Rio-Cidade13, adotado como estudo de caso da pesquisa, em


referência, a análise das orientações que embasaram os projetos e das áreas
selecionadas, elegeu três chaves de leitura: as diferenciações do contexto – o
significado das áreas estudadas; a política de promoção urbana – o sentido do projeto
urbano; as escalas de abrangência e repercussões. Estas últimas associadas às
novas localizações do investimento público e ao projeto urbanístico nos levaram a
seguinte hipótese: Como iniciativas de revitalização urbana utilizam o espaço público
como agente de requalificação da paisagem e indutor do ordenamento territorial?

No estudo em referência, evidenciam-se as principais transformações urbanas


ocorridas na área central através das intervenções do Programa, seja no centro da
cidade da cidade do Rio de Janeiro, assim como, nas áreas centrais de diversos
bairros da mesma cidade. Mais precisamente trata de intervenções que preconizam a
reconquista das centralidades. Cuja ótica focou a revalorização da área central
visando a sua retomada como centralidade urbana, e, simultaneamente ao estímulo
das novas centralidades.

A partir da visão acima descrita, que consagra o poder público voltado em suas
preocupações para a revitalização de espaços públicos degradados, o projeto Rio-
Cidade mostra a clara influência da escola do autor Kevin Lynch. A cidade, segundo
LYNCH (1981) não é construída para uma pessoa, mas para um grande número
delas, todas com grande diversidade de formação, temperamento, ocupação e classe
social. Ecoa da obra do autor uma voz que clama por um ambiente que não seja
simplesmente bem organizado, mas também poético e simbólico.

Reforçando a ideia de que a cidade não é uma realidade cujas representações


não seriam mais que um reflexo, RONCAYOLLO (1999) conclama que as
representações fazem parte da cidade e se reproduzem. A experiência do “vivido” é,
segundo o autor, feita de algumas percepções e de vastos espaços imaginados. A
“imagem da marca” de uma cidade, aquela que vendemos aos estrangeiros, o
contrário dos locais, é uma coisa, fruto de um trabalho de publicidade e marketing. Já
o “imaginário da cidade”, feito de observações, de experiências e também de
generalizações, induzindo condutas, é um trabalho sério, capaz de se impor à imagem
da marca. Para o autor, o imaginário da cidade é acima de tudo, uma versão da
esperança.

Numa visão mais crítica, a partir da experiência vivenciada pelo Programa Rio-
Cidade, cuja trajetória de projetos urbanos para o centro se propunham a requalificá-
lo, a atualidade traz como exigência a promoção do uso e a ocupação democrática
das áreas urbanas centrais, de seus espaços públicos, propiciando a permanência de
população residente e a atração de população não residente por meio de ações
integradas que fomentem a diversidade funcional e social, a identidade cultural e a
vitalidade econômica dessas áreas. De modo que os Planos de Reabilitação possam
visar o estímulo à utilização de imóveis urbanos vazios ou subutilizados; a
recuperação de moradias localizadas em áreas de risco e insalubres; a adequação da
situação fundiária dos imóveis; a readequação de áreas centrais e equipamentos
urbanos; e o estímulo ao aproveitamento do patrimônio cultural nas áreas centrais.

A pesquisa, em curso, de certo modo se deparou com iniciativas diversas


que introduziram algumas modalidades que podem ser destacadas à medida que tais
programas e projetos ganham visibilidade. O governo federal, por exemplo, vem
apoiando iniciativas de reabilitação de áreas urbanas centrais, áreas subutilizadas ou
áreas de especial interesse de preservação cultural ou ambiental através da
implementação Planos e Projetos Urbanos Integrados de Reabilitação e
14
Requalificação de Áreas Urbanas . Outras iniciativas de revitalização de centros
15
urbanos são relatadas em estudos a partir dos anos 70 . Para cidades com centros
de bairro de porte significativo, a experiência de revitalização urbana na área central
pode ajudar a formular uma política de revitalização ou desenvolvimento dessas
localidades. No Brasil, projetos de intervenção em áreas centrais utilizando pelo
menos alguns conceitos de revitalização disseminaram-se a partir do final da década
de 70.

Em síntese, os planos de reabilitação de áreas urbanas centrais e projetos


16
de infraestrutura e requalificação de espaços de uso público em áreas centrais
passam, a partir dos anos 1990, a ser apoiados por governos federais, estaduais e
municipais na execução de projetos com ações integradas que resultam na construção
e melhoria da infraestrutura dos espaços públicos e na melhoria das condições de vida
da população residente e usuária dessas mesmas áreas.
4 CONCLUSÂO

Pelo que pudemos perceber, na visão do poder público municipal, os


resultados dos projetos que integraram o Programa Rio-Cidade, objeto da referida
pesquisa, foram positivos. Pois recuperaram ruas e praças, incentivaram atividades
comerciais e valorizaram imóveis. Focaram a permanência de gente nos bairros,
contribuindo para a melhoria da segurança pública, para a democratização da
circulação, e para a valorização do patrimônio. E, com a reativação do comércio,
acabou por levar o cidadão para a rua, recuperando a autoestima do carioca diante da
sua cidade.

Ao lembrar JACOBS (2001), a rua, segundo a autora, insere-se como parte


integrante da estrutura urbana de uma cidade, aparecendo como principal indicador de
qualidade e intensidade de vida nas cidades. E nesse sentido, foi associada ao
programa em pauta, através das intervenções pontuais, considerando o tecido urbano
existente e a participação social. Ao investir nesses espaços era esperado, pelo
programa, que a população voltasse a utilizar a rua e que também investisse nas
áreas. Portanto, a visão do poder público baseou-se, sobretudo, na expectativa de que
as modificações nos eixos escolhidos gerassem melhoria para todo o bairro causando
um efeito multiplicador de melhorias para a região e que a partir dessa percepção
contagiassem lugares e pessoas.

No entanto, verificamos a partir da análise do programa que os projetos


implantados buscaram criar territórios que facilitassem o controle sócio-espacial, com
certo grau de seletividade e que, ao mesmo tempo, servissem de vitrine e dessem
visibilidade às ações empreendidas, aos seus bairros e à cidade – uma espécie de
marketing urbano.

As contribuições como as de LYNCH (1982) que ressalta que as funções


fundamentais que as formas das cidades podem expressar são: circulação, usos
principais do espaço urbano e pontos focais também foram incorporados à formulação
do Programa Rio Cidade. Sobretudo, quando o referido autor sugere ser
imprescindível que se o ambiente for organizado e nitidamente identificado, o cidadão
poderá concluí-lo com seus próprios significados e relações.

Segundo análise dos processos estudados, em especial a partir dos anos


1990, o centro passa a ser entendido como espaço que também é para morar e não
só para trabalhar. O patrimônio edificado e o contexto urbano passam a ser matéria
prima para introduzir diálogos possíveis entre espaço público e ordenamento do
território, a partir de uma abordagem requalificadora da paisagem. Porém, como fazer
a distinção entre urbanismo segundo necessidades da economia, do urbanismo
segundo necessidades da vida cotidiana? Diferentemente das iniciativas do Programa
Rio-Cidade esses últimos programas governamentais – Porto Maravilha e Porto
Olímpico - situam a ação pública urbanística dependente do contexto urbano, de
novas responsabilidades, do compartilhamento do público e do privado, de novos
parâmetros urbanísticos, conferindo relevantes mudanças na estruturação do espaço
urbano. Eles nos colocam diante de desafios em relação à gestão urbana do território
e a possibilidade de transformação do mesmo. Onde a necessidade do resgate do
planejamento como facilitador para a introdução de um projeto político vinculado ao
espaço, permeado por debates, construção de resistências, e com a adesão de
movimentos sociais torna-se urgente. E a partir dessas colocações algumas questões
se colocam: Qual a eficácia que esses projetos pretendem concretizar? Qual o papel
do novo centro do Rio de Janeiro a partir desses novos projetos?

Contagiado por esse viés, verificamos a impossibilidade de adoção de uma


teoria geral única, diante de tantas possibilidades conceituais. É válido considerar
diferentes olhares sobre a cidade, que cada vez mais sofre interferência dos ritmos
externos, ou seja, aqueles criados pela reprodução das relações sociais e de como
essas relações e reações interferem em nossa vida.

E dentro do contexto da pesquisa, em referência, na fase que se segue, um


caminho que se apresenta consiste em interpretar o papel que os espaços públicos e
os espaços privados, de uso coletivo, desempenham na estruturação e na ambiência
urbana das cidades. Onde o estímulo à investigação dos projetos de revitalização
urbana poderá ser um facilitador não só para a renovação da produção prática, mas
para o desenvolvimento de novas perspectivas conceituais, formais e de atuação,
questionando modelos pré-existentes e nos ajudando no contato com a profissão, com
a Academia, e com outros campos disciplinares.

Finalmente, espera-se que a presente pesquisa venha servir de fomento às


discussões no campo da revitalização urbana e do uso do espaço público como
agente de requalificação da paisagem e indutor do ordenamento territorial, propiciando
a reflexão sobre a relação entre gestão e produção de ambientes urbanos.
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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9796].

Notas

1 Pesquisa PIBIC/UFF/CNPq, coordenada pela Profa. Dra. Eloisa Carvalho de Araujo, Departamento de
Urbanismo da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense. Conta com a
participação da aluna-bolsista de Iniciação Científica – Carina Gagliano Rodrigues, desde 2011.

2 Como Domingues, Luis Carlos Soares Madeira (1999). Projeto Urbano e Planejamento: o caso do Rio
Cidade; Oliveira, Marcio Piñon (2008). Projeto Rio Cidade: Intervenção Urbanística, Planejamento Urbano
e Restrição à Cidadania na Cidade do Rio de Janeiro; Pasquatto, Geise Brizotti (2010), Design Urbano:
um estudo dos projetos brasileiros de promoção urbana do IPPUC, do Rio Cidade e do Eixo
Tamanduatehy; e Santos, Carlos Eduardo (1999). Imagem da Cidade – cidade da imagem: o modelo de
intervenção urbana do Rio Cidade, entre outros estudos.

3 Ver publicação de cunho institucional da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro - Rio Cidade - O
Urbanismo de volta às ruas, 2000.
4 Os trabalhos pesquisados tiveram origem na Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Federal Fluminense no período compreendido da implantação do Programa Rio-Cidade até o anos de
2008.

5 Vale aqui ressaltar que Vaz, Lilian & Silveira, Carmen Beatriz, In: Áreas centrais, Projetos Urbanísticos
e Vazios Urbanos, Revista Território. Rio de Janeiro, ano IV, n" 7. p. 51-66, jul./dez. 1999,
http://www.revistaterritorio.com.br/pdf/07_5_vaz_silveira.pdf (visitado em 26 de julho de 2012),
apresentam três fases que podem ser identificadas com processos de intervenção expressando
concepções básicas em melhoramentos urbanos – a primeira: séculos XVII/XIX ~ período de
ocupação/dominação da natureza; a segunda: décadas 1900/1970 ~ período de renovação urbana; a
terceira: décadas 1980/1990 - período de preservação/revitalização urbanas. Podemos acrescentar a
quarta fase, situando o período atual onde conceitos de regeneração e refuncionalização de áreas
urbanas vem sendo incorporados aos projetos urbanos contemporâneos.

6 O Plano Diretor Decenal da Cidade, de 1992, instituído através da Lei Complementar no.16, de 04 de
junho de 1992. Entre as inúmeras diretrizes definidas, a valorização do patrimônio cultural carioca ganhou
destaque. Onde o projeto Rio-Cidade, é interpretado nas diretrizes voltadas à qualificação dos principais
eixos urbanos.

7 A adoção do Plano Estratégico reflete uma conjuntura econômica mundial que celebra como apresenta
David Harvey (1996, p.49), o triunfo do fenômeno do empresariamento urbano. Tal fenômeno é definido
pelo autor como sendo o momento favorável à organização do espaço da cidade a partir de coalizões
entre diversos agentes do complexo conjunto de forças que passam a lidar com a cidade. O Programa
Rio Cidade constituiu um dos projetos incluídos no Plano Estratégico da cidade do Rio de Janeiro.

8 O Programa Monumenta, implementado pelo Ministério da Cultura, teve em 2000, convênios assinados
com as cidades da Amostra Representativa: Recife, Ouro Preto, Olinda e Rio de Janeiro. O programa
atuou em cidades históricas protegidas pelo IPHAN. A proposta era de promover obras de restauração e
recuperação dos bens tombados e edificações localizadas nas áreas de projeto. Os objetivos do
Programa foram de preservar áreas do patrimônio histórico e artístico urbano e estimular ações que
aumentem a consciência da população sobre a importância de se preservar o acervo existente. A Praça
Tiradentes e alguns quarteirões à sua volta foram foco de uma parceria que congrega a Prefeitura do Rio,
através da Secretaria de Fazenda e da Subsecretaria de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana,
Arquitetura e Design da Secretaria de Cultura; o Governo Federal, através do Ministério da Cultura e o
Banco Interamericano de Desenvolvimento.

9 Plano de Revitalização para a Zona Portuária da cidade do Rio de Janeiro, denominado Porto
Maravilha, teve sua inspiração no Plano Estratégico da cidade de Barcelona e projetos urbanos
consequentes. O “modelo Barcelona” se baseou em dois eixos importantes, quais sejam: a
criação/transformação de espaços públicos e as operações urbanísticas, cujas intervenções estão ligadas
a grandes eventos, como por exemplo, as Olimpíadas de 1992 e o Fórum de las Culturas, realizado em
2004.

10 Ver ARAUJO, E.C. (2010) Atualidade e potencialidades para uma nova centralidade na área portuária
do Rio de Janeiro: apostas e repercussões. I ENANPARQ, Rio de Janeiro. In: Sessão Temática: Códigos
da Cidade: construções normativas em projetos. Coord. Rosângela L. Cavallazzzi.

11 O Concurso selecionou os melhores projetos para a construção das instalações olímpicas previstas
para a região portuária. Foram quatro premiações, em função dos estudos selecionados para duas áreas
de terreno. Os projetos foram direcionados para previsão de instalações para as vilas de Mídia e de
Árbitros, a inclusão de um Centro de Convenções de médio porte e um hotel. Levando-se em
consideração que a principal diretriz do concurso foi o legado após os jogos.

12 O projeto vencedor foi conduzido pelo arquiteto Backheuser, idealizado em parceria com um escritório
espanhol, foi inspirado na cidade de Barcelona. Todas as estruturas foram pensadas para um bairro
sustentável, com consumo de energia consciente e respeito ao meio ambiente. O segundo, terceiro e
quarto lugar, ficaram, respectivamente, com as equipes coordenadas pelos arquitetos Roberto Aflalo
Filho, de São Paulo; Francisco Spadoni, também de São Paulo; e, Jorge Mario Jauregui, do Rio de
Janeiro.

13 O Programa Rio-Cidade, segundo PINÔN (2008) teve a abrangência de 15 áreas na primeira sua
primeira fase - Rio Cidade I e mais 15 áreas na segunda fase - Rio Cidade II. Sua diferenciação frente a
outros planos de intervenção urbana idealizados para a cidade do Rio de Janeiro diz respeito a sua
abrangência em diferentes pontos da cidade.

14 PORTARIA Nº 112, DE 12 DE MARÇO DE 2012 - Aprova o Manual para Apresentação de Propostas


do Programa Planejamento Urbano, Ação 20NR - Apoio à Elaboração e à Implementação de Planos e
Projetos Urbanos Integrados de Reabilitação e Requalificação de Áreas Urbanas.

15 Vaz, José Carlos. Desenvolvimento Urbano, In: Pólis -


http://www.centrodacidade.com.br/cultura/centrodacidade.htm, visitado em 24 de julho de 2012. Segundo
artigo do autor cinco características básicas devem estar presentes nas intervenções de revitalização de
centros urbanos: a) Humanização dos espaços coletivos produzidos; b) Valorização dos marcos
simbólicos e históricos existentes; c) Incremento dos usos de lazer; d) Incentivo à instalação de
habitações de interesse social; d) Preocupação com aspectos ecológicos e e) Participação da
comunidade na concepção e implantação. Os princípios da revitalização de centros urbanos surgiram em
reação às ações de renovação urbana que dominaram as intervenções urbanísticas entre as décadas de
30 e 70, marcadas pelo urbanismo modernista.

16 Ver produção digital sobre experiências no campo da Requalificação Urbana:


http://www.ufpe.br/mdu/index.php?option=com_content&view=article&id=397:seminario-requalificacao-de-
areas-centrais-os-casos-do-rio-de-janeiro-sao-paulo-e-salvador&catid=38&Itemid=122, SEMINÁRIO:
Requalificação de áreas centrais: os casos do Rio de Janeiro (Porto Maravilha), São Paulo (Nova Luz) e
Salvador (Nova Cidade Baixa), Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano, Universidade
Federal de Pernambuco – UFP, de 28 a 30/11/2011; e site do Ministério das Cidades -
http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNPU/Manual_Reab_2012.pdf, Manual de
apresentação de propostas de Reabilitação de áreas urbanas centrais, áreas subutilizadas ou áreas de
especial interesse de preservação cultural ou ambiental, ambos os sites visitados em 26 de julho de 2012

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