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Cidades sustentáveis e parques:

reflexões teórico-conceituais
Marcos Antônio Silvestre Gomes

Marcos Antônio Silvestre Gomes, «Cidades sustentáveis e parques: reflexões teórico-conceituais», Confins
[Online], 40 | 2019, posto online no dia 24 maio 2019, consultado o 10 fevereiro 2024. URL:
http://journals.openedition.org/confins/19428; DOI: https://doi.org/10.4000/confins.19428

Este artigo intenta uma reflexão sobre parques urbanos e sustentabilidade, evidenciando o
alinhamento ou não de projetos e de análises recorrentes na literatura às diretrizes de uma
agenda global imposta pelas Nações Unidas. O trabalho resulta de pesquisas bibliográficas,
observações de projetos, visitas de campo e análises específicas de parques, em nível nacional
e internacional, especialmente no Rio de Janeiro (Brasil) e em Lisboa (Portugal). Demonstra-se
que, mesmo após duas décadas da assinatura da Agenda 21, o termo desenvolvimento
sustentável é amplamente empregado por agentes públicos e privados que, com diferentes
sentidos e intenções, pautam seus discursos e ações no ideário da sustentabilidade urbana,
tendo os parques como um dos elementos dessas práticas. É demonstrado também que ainda
predominam estudos sobre cidades, parques e sustentabilidade sem avanços teórico-conceituais
que permitam desmistificar discursos e práticas na produção do espaço urbano.

Este artigo apresenta um esforço de análise para compreensão de uma temática atual premente
às agendas urbanas que, com diferentes sentidos e intenções, pautam seus discursos e ações
no ideário da sustentabilidade urbana, tendo os parques como um dos elementos dessas
práticas. Apresenta-se como desdobramento de outras reflexões já realizadas pelo autor1

A análise traz, de um lado, elementos teórico-conceituais, possibilitando a compreensão do


debate que tem se produzido sobre esta temática na literatura nacional e internacional,
sobretudo, no Brasil e em Portugal. De outro, os estudos de caso apresentados têm o objetivo
de evidenciar diferentes realidades, contribuindo para compreender como parques estão sendo
projetados e executados, por agentes públicos e privados, de modo que incorporem princípios
ou medidas consideradas sustentáveis.

Para uma análise dos parques urbanos no âmbito daquilo que agências internacionais, governos
locais e adeptos à onda das “boas práticas ecológicas” colocam como sustentabilidade é
necessário considerar duas escalas de análise, uma intraurbana e outra intraparque. A primeira
o aponta como um elemento fundamental da política pública para alcançar objetivos
socioambientais no espaço urbano simplesmente pela sua existência, materialização, que pode
ser, sobretudo quantificável, contribuindo para os índices de áreas verdes, áreas impermeáveis,
espaços livres públicos etc. A segunda, valendo-se da sua existência enquanto espaço instituído,
considera-o elemento que por sua concepção e materialização, em seus aspectos qualitativos
incorpora materiais e tecnologias ditas sustentáveis, o que o insere numa cadeia de
retroalimentação do sistema produção-consumo, revelador de responsabilidade ambiental.

Ao tempo em que difundem-se os parques por seus atributos ecológicos e suas qualidades
enquanto espaços de lazer, ignoram-se os interesses do setor privado que os projetam como
alegorias, simulacros de natureza que contribuem para grandes projetos imobiliários cujo
interesse é a reprodução das condições de ampliação de lucros e rendas na cidade.

Projetados enquanto equipamentos urbanos que têm alterado a dinâmica da produção,


reprodução do espaço e valorização do lugar, parques também tornaram-se símbolos, imagens
de marca de cidades tidas como “modelo”, a exemplo de Barcelona, Cingapura e Curitiba, e
assim se difundiram como elementos de um pacote de intervenções urbanas que procuram dar
visibilidade às cidades que pretendem inserir-se no mercado mundial2.2 Sanchéz (2010).

Parque urbanos constituem elementos importantes para a compreensão das cidades e dos
agentes sociais que as produzem, especialmente nos grandes centros urbanos onde o capital
atua com maior intensidade e os agentes hegemônicos predominam diretamente na esfera
econômica e indiretamente, mas com frequência, nos interstícios da esfera política.

A reflexão aqui proposta avança para uma análise da relação entre parques urbanos e
sustentabilidade, demonstrando o alinhamento ou não de projetos às diretrizes da agenda
global. Contribui ainda para a ampliação do debate em diferentes escalas e temporalidades.

O trabalho resulta de pesquisas bibliográficas em nível nacional e internacional, observações de


diversos projetos de parques e visitas de campo in loco em cidades de diferentes contextos,
como Rio de Janeiro (Brasil) e Lisboa (Portugal). Especialmente nessas cidades, houve
aprofundamento na compreensão dos processos de produção dos parques Madureira e Tejo,
através de entrevistas semi-estruturadas com agentes públicos e privados, levantamentos e
sistematização de dados; fato que permitiu identificar os elementos disseminados como
caracterizadores de “propostas sustentáveis”.

A discussão apresentada estrutura-se em duas partes. Na primeira, realiza-se apontamentos


teóricos que permitem uma aproximação do debate mais amplo quanto à sustentabilidade
urbana. Na segunda, apresenta-se um esforço de análise para compreender as relações entre
parque urbano e sustentabilidade. De modo mais específico, aborda-se alguns estudos de caso,
com destaque para os parques Tejo (Lisboa) e Madureira (Rio de Janeiro), possibilitando dar
visibilidade à diversidade da pesquisa nesta área e também compreender distintas realidades.
Sobre sustentabilidade e cidades sustentáveis

O termo sustentabilidade tem adquirido grande notoriedade entre acadêmicos, políticos,


gestores, agentes econômicos, entre outros atores sociais, e passou a ser empregado de
maneira indiscriminada e comumente não reflexiva por segmentos da sociedade, sobretudo
ligados a gestões administrativas públicas e privadas.

Desde que o Relatório “Nosso Futuro Comum” foi publicado pela Comissão Brundtland, das
Nações Unidas, em 1987, houve a disseminação do termo Desenvolvimento Sustentável3. Mais
tarde, por ocasião da aprovação da Agenda 21 no Rio de Janeiro em 1992 (CONFERÊNCIA DAS
NAÇÕES UNIDAS..., 1997), o termo sustentabilidade se cristalizou nas pautas públicas,
integrando-se, sobretudo, às políticas de planejamento. Prevalece até os dias atuais como algo
a ser perseguido, inclusive nas políticas urbanas.

No que se refere às problemáticas que perpassam o espaço urbano e colocam em pauta a


questão da sustentabilidade, destacam-se os processos ligados ao uso e ocupação do solo, à
desigual distribuição das infraestruturas básicas como de saneamento e água, à ampliação da
pobreza, às carências de áreas verdes, às dificuldades de mobilidade, aos processos de
destinação do lixo e de produção e consumo de energia, entre outros.

Para Roger-Machart (1997) o conceito amplamente aceito de cidade sustentável como “a city
meeting the needs of its present citizens without bankrupting the resources of worldwide future
generations”, é comumente difundido na literatura como possível de ser alcançado através de
três principais mecanismos: “careful management of the demand for resources, maximising the
circularity of resource use, and maximising the efficiency of resource use”. Para este autor,
gestores públicos têm diferentes ideias sobre o nível de sustentabilidade desejado e isso
depende das suas concepções de meio ambiente, o que introduz incertezas para a
implementação de medidas.

Baseado em documentos públicos e orientações ligadas aos governos europeus e a Unesco4,


Guell (2007) apud CESUR (2007, p. 29), destacou como desafios colocados para o
planejamento urbano quanto à sustentabilidade: desenvolvimento territorial policêntrico;
mobilidade sustentável; controle da expansão urbana; reabilitação da cidade; mistura de
funções e grupos sociais; espaço público como fator de integração; travar a perda de
biodiversidade; gestão eficiente do ecossistema urbano; difusão, inovação e conhecimento;
gestão da complexidade urbana através da governabilidade; integração entre economias de
aglomeração e sustentabilidade.
Estes desafios, recomendações têm sido comumente difundidos na literatura pelos adeptos às
“boas” práticas para uma cidade sustentável, como Leite e Awad (2012) e Trigueiro (2017). Há,
em geral, nestas abordagens, um forte apelo à incorporação de recursos tecnológicos no
planejamento e gestão urbanos como também uma defesa da ideia de que as cidades devem
ser competitivas, “requalificando” áreas “degradadas” e recompondo seu quadro
produtivo-econômico. Estes estudos, com frequência, trazem exemplos de ações desenvolvidas
nos países ricos industrializados, e quanto aos demais países, destacam, sobretudo, grandes
projetos de repercussão internacional e que contribuem para a reprodução capitalista, como
exemplo das intervenções nas áreas portuárias do Rio de Janeiro e Buenos Aires, escamoteando
os enfrentamentos sociais.

Nesta perspectiva, Acserald (2009) identifica a predominância de três representações distintas


quanto a sustentabilidade urbana; a) foco na representação técnico-material das cidades, que
considera modelos fundamentados na racionalidade econômica dos fluxos de matéria e energia,
ou seja, a incorporação de uma base material dotada de tecnologia acompanhada do processo
de reciclagem de materiais; b) cidade como espaço da “qualidade de vida”, no qual se considera
‘as implicações sanitárias’ das práticas urbanas, como poluição, espaços verdes, etc, bem como
aspectos relativos ao seu patrimônio, natural ou construído; c) cidade como espaço da
legitimação das políticas urbanas, com foco no modelo da eficiência e da equidade, atestando a
capacidade das políticas adotadas quanto às demandas sociais. Os parques, como elementos
das políticas públicas, enquadram-se nas três representações.

Este discurso, para Acserald (2009, p. 31), apresenta-se sob dupla dimensão: uma prática, que
pretende mudanças na forma de apropriação e gestão da base material urbana, fazendo durar
os estoques e fluxos de matéria e energia; e uma retórica, que considera a incorporação da
variável ambiental um meio de neutralizar a crítica ambientalista e conferir legitimidade às
políticas urbanas. Conforme afirma, defendem-se a competitividade, e assim, “os conflitos
urbanos em torno dos ‘bens coletivos’, do ‘espaço não mercantil’ por meio do qual as práticas
espaciais se confrontam na disputa por sua ‘duração’, são os sintomas vivos da
insustentabilidade das cidades”.

A base desse discurso se fundamenta na tentativa de dar legitimidade às ações de certos


agentes sociais e de preparar a cidade para a competitividade, no padrão cidade-empresa, como
discutido por Vainer (2000). As políticas públicas tendem a incorporar ações típicas do setor
privado, ou em parceria com este, processo que, em sua complexidade, Harvey (2005, p. 174)
denomina de empreendedorismo urbano.

Entre as cidades cujos programas de sustentabilidade privilegiam a base material urbana da


qual trata Acserald (2009), tem se destacado um grupo com foco em alta tecnologia,
concentrando investimentos nos setores de energia, mobilidade e gestão de resíduos,
alinhando-se ao que se denomina de smart sustainable city5. 5 Leite e Awad (2012).
Apesar de não se coadunar neste trabalho com a perspectiva de que as cidades capitalistas
possam ser sustentáveis, do mesmo modo que o sistema também não o pode ser pela sua
essência; como Brand (2001), considera-se a cidade sustentável “un proyecto expresamente
político, cuyos propósitos y efectos consisten en el replanteamiento de los problemas urbanos y
la predefinición de las metas socioespaciales”. A cidade compacta, como um dos pressupostos
desse projeto, “se manifiesta como un dispositivo metafórico para condensar tales metas, para
encapsular un nuevo conjunto de significados sociales y para cautivar la imaginación intelectual
y social en la administración del lugar”.

Em resumo, sustentabilidade urbana, em geral, é difundida como possível de ser mensurada por
meio de alguns elementos, indicadores, sobretudo, de ordem socioambiental, como água
reutilizada, metro quadrado de área verde por habitante, produção e utilização de energia em
fontes renováveis, quantidade de materiais reciclados, níveis de escolaridade e renda etc. Os
indicadores, comumente, abordam questões físicas, econômicas, sociais e ambientais de um
território, constituindo-se instrumentos para ação (LEIVAS, 2011)”6. São utilizados para explicar
a realidade por meio de recortes analíticos, operados pela quantificação, sendo os de ordem
qualitativa, como a participação política, obscurecidos em muitos casos (BARBOSA, 2013).

Nas cidades, parques passaram a ser projetados e implantados com e como medidas que alguns
agentes públicos, privados e acadêmicos consideram como sustentáveis. Como se destaca nesta
análise, tanto na Europa quanto no Brasil, alguns estudos abordam esta temática a partir de
realidades específicas, e para fundamentar o caráter desta reflexão, apontam-se, como
resultado de um trabalho in loco, os elementos, princípios ou práticas caracterizadores de
“propostas sustentáveis” nos parques Tejo e Madureira.

Parques urbanos e sustentabilidade

Os parques têm adquirido notoriedade nos discursos sobre sustentabilidade. Destacadamente


têm sido pauta nas políticas públicas voltadas à promoção da sustentabilidade urbana,
compondo a agenda do planejamento e gestão urbanos.

Em estudo publicado anteriormente7, discutiu-se os parques enquanto equipamentos públicos


capazes de contribuir para a valorização imobiliária em certas parcelas do espaço urbano.
Demonstrou-se como através de alterações nas leis municipais, Estado e agentes imobiliários
projetam e implantam parques, orquestrando formas de garantir a reprodução e apropriação do
espaço de acordo com seus interesses. Neste processo, promovem-se gestões públicas com o
discurso da qualidade de vida e do meio ambiente e possibilitam-se ao setor privado a
reprodução do capital em escala ampliada, sendo os parques alegorias no espaço, simulacros de
natureza, ideários de um padrão de vida e considerados adequados à modernidade capitalista.
A propósito deste processo e da difusão internacional do Parque High Line, em Nova York
(Figura 1), Harvey (2014, p. 147), afirma que
Os parques urbanos quase sempre aumentam o preço dos imóveis nas áreas vizinhas (desde que, claro, o
espaço público do parque seja controlado e patrulhado de modo a manter a ralé e os traficantes à
distância). A recém-criada High Line em Nova York provocou um tremendo impacto nos valores das
propriedades residenciais próximas, negando, assim, a possibilidade de moradia acessível na área à maioria
dos nova-iorquinos por causa do rápido aumento dos aluguéis. A criação desse tipo de espaço público
diminui radicalmente, em vez de aumentar, a potencialidade de comunalização de todos – a não ser os
muito ricos. O Parque High Line, implantado sobre uma linha férrea desativada, significou o

aproveitamento de um espaço obsoleto em uma região já valorizada em Nova York. De acordo


com Jardim e Lemos (2012), em consonância com o Plano de Gerenciamento do
Desenvolvimento Sustentável da cidade (PlaNYC), o Parque contribuiu para práticas
sustentáveis à medida que logrou êxito nas seguintes categorias de análise: integração e justiça
social e físico-territorial, adequação da relação com recursos naturais e o ambiente, aumento da
durabilidade e redução da ociosidade, abordagem integrada, e, promoção da diversidade.
Apesar disso, as autoras reconhecem e apontam estudos sobre o impacto do mesmo na
dinâmica imobiliária, em especial nos bairros de Chelsea e Meatpacking District.

A valorização imobiliária é um aspecto fundamental de análise por impulsionar projetos de


parques em variadas partes do mundo, no entanto, neste estudo, utilizando-se de uma análise
geográfica, importa entender quais práticas construtivas, de manutenção e gestão têm sido
utilizadas de modo que caracterizem os parques como espaços ditos “sustentáveis” no conjunto
espacial urbano. Ainda, é fundamental compreender quais referenciais teóricos embasam
discursos e práticas quanto à sua produção.

Para o escopo desta análise, parques são entendidos como espaços públicos designados por lei,
oriundos do parcelamento do solo, do aproveitamento de terras públicas ou de processos de
desapropriação, cujos atributos permitem cumprir funções socioambientais. Constituem
equipamentos urbanos, subespaços no espaço urbano, que possibilitam a análise na escala
intraurbana, incorporando múltiplas dimensões, como lazer, cultura, meio ambiente etc. Há
muitos estudos que abordam aspectos inerentes aos parques e sustentabilidade, muitos deles
sem aprofundamento teórico quanto à compreensão do que se considera sustentável.

Trata-se mais de um discurso da moda, como afirma Rodrigues (2006, p. 8), do que de uma
análise reflexiva, onde a maioria dos que utilizam os termos desenvolvimento sustentável,
sustentabilidade parece aceitar a questão ambiental como agenda política “sem analisar como
se oculta a realidade”. Os espaços verdes são considerados componentes do quadro
socioambiental e econômico que caracteriza a sustentabilidade urbana, e os estudos quanto aos
mesmos abordam suas diversas qualificações, destacando-se, sobretudo, a promoção da
qualidade de vida humana e os seus benefícios quanto aos aspectos ecológicos.
Resumidamente, pode-se afirmar que
A abordagem relativa à análise da contribuição dos espaços verdes para o
desenvolvimento urbano sustentável, centra-se em três temáticas: uma dimensão
ecológica, onde se exploram aspectos como a capacidade de os espaços verdes
contribuírem para regulação micro-climática e para a qualidade do ar, as múltiplas funções
que a água desempenha no contexto urbano e a promoção da biodiversidade; uma
dimensão psicossocial, que trata de aspectos relacionados com a percepção e utilização
dos espaços verdes urbanos, nomeadamente os equipamentos e atividades ai
desenvolvidas e sua importância para a promoção da interacção social, a influência da
percepção de segurança e de orientação no espaço para a sua utilização e finalmente a
importância dos espaços verdes para a promoção de atitudes e comportamentos
pro-ambientais, através da aproximação da população aos processos e ciclos naturais; e
por último, as estruturas ecológicas enquanto forma de operacionalização e articulação
das duas primeiras (CESUR, 2007, p. 109).

É bastante conhecida a literatura que trata da importância dos espaços verdes urbanos. Apesar
da vasta contribuição de trabalhos brasileiros que ressaltam essa questão em análises empíricas
específicas, destacam-se aqui os inúmeros artigos publicados na Revista da Sociedade Brasileira
de Arborização Urbana e demais outros que apresentam esforços de sistematizar as funções
desempenhadas pelos espaços verdes.

Uma variedade de trabalhos considera os parques em suas múltiplas funções e dimensões.


Debatem-se aspectos diversificados conforme a realidade na qual se inserem e discutem-se a
sua importância com ênfase em questões específicas, sendo estes espaços considerados
atributos da sustentabilidade ao possibilitar distintas maneiras do seu aproveitamento. A ideia
de que trata-se de uma incorporação da natureza no espaço urbano é predominante; sendo a
cidade considerada em muitas perspectivas um elemento à parte da natureza.

Projetos de grande envergadura, como o europeu Greenkeys8, reuniu uma rede de


pesquisadores e desenvolveu uma metodologia, com ferramentas de suporte, para criar uma
estratégia específica para o desenvolvimento de áreas verdes urbanas, adaptável em cidades de
diferentes características. O projeto oferece variados exemplos de práticas e estratégias que
podem auxiliar agentes interessados em implantar áreas com características sustentáveis.

Os espaços verdes, como os parques públicos, são frequentemente difundidos pelas agências
internacionais, governos e instituições privadas, como relevantes elementos da sustentabilidade
urbana e muitos estudos pautam-se em recomendações desses agentes. A Comissão Européia
do projeto Cidades Sustentáveis, na ocasião da 3ª Conferência Européia sobre as cidades
sustentáveis, em Hanover, 2000, (SARAIVA, 2010), divulgou como um dos indicadores comuns
europeus para um perfil de sustentabilidade local a “existência de zonas verdes públicas e de
serviços locais”, cujo objeto de medição seria o “acesso dos cidadãos a zonas verdes próximas e
a serviços básicos”9.

Em Portugal, entre as práticas ditas mais sustentáveis defendidas pela municipalidade de Lisboa
(CESUR, 2007, p. 38), constam os “espaços abertos naturais, proteção de zonas úmidas,
florestas, vales, habitats etc.; uso de compostos, biomassa, gestão integrada de pesticidas”,
etc. No entanto, outras práticas também indicadas pelo documento podem ser desenvolvidas
tendo como suporte o espaço do parque, por exemplo, condições de emprego baseadas na
educação; mobilidade a pé e por bicicleta; produção e consumo de energia solar; proteção e
utilização de sistemas hidrológicos naturais; redução, recuperação, reciclagem e reutilização de
resíduos de construção.
Estudos como o de Loures et al. (2007), sobre o Parque de Portimão, em Portugal, reforçam o
papel socioambiental dos parques e os consideram relevantes espaços de sustentabilidade ao
promoverem “regeneração” urbana e trazerem a natureza para perto das pessoas. A estratégia
utilizada no projeto foi denominada de “superposição”, na qual sobrepõem-se na proposta:
circulação, estrutura verde e áreas funcionais. O plano de circulação é fundamental porque
permite sistematizar todo o parque de modo que se torne funcional e integrado ao seu entorno,
sobretudo, a pé ou de bicicleta. No caso das estruturas verdes foram utilizadas espécies
autóctones que redimensionadas ao longo do parque permitiram sua integração na paisagem.
As áreas funcionais correspondem aos espaços dos equipamentos destinados às atividades de
lazer.
No plano econômico, Loures, et al. (2007) reforçam a importância do Parque de Portimão como
uma estrutura que contribui para o aumento dos preços das propriedades (terras e imóveis),
aumento de empregos e ressaltam que as ações do poder público devem evitar processos como
o de “gentrificação”. Dessas afirmações, considera-se aqui que a valorização imobiliária, como já
apontado nesta análise, distante de ser um aspecto positivo proporcionado pelo parque,
constitui um processo que, inevitavelmente, contribui para a expulsão das pessoas mais pobres
das suas proximidades, do mesmo modo que atrai um público de elevada renda interessado
tanto em residir quanto em realizar investimento, apropriando-se real ou simbolicamente das
qualidades do parque.

Ainda sobre a relação entre espaço verde e sustentabilidade, Jacome (2010), a partir de outra
perspectiva para compreensão desta temática, analisa a utilização de água em seu estudo sobre
o Jardim Botânico de Coimbra (Portugal). Este autor defende que a sustentabilidade em espaços
como parques resulta do equilíbrio dos vários elementos que compõem os espaços verdes,
como clima, solo, água e vegetação. O autor defende o desenvolvimento sustentável como
posto pelos organismos internacionais, afirmando que os espaços verdes têm papel fundamental
no espaço urbano.

No que se refere à água, algumas medidas para alcançar a pretensa sustentabilidade são
elencadas por Jacome (2010), que as reúne em dois grupos: sistemas permeáveis de drenagem
de água (pavimentos permeáveis, poços de infiltração, canais ou valas de infiltração, bacias de
retenção de infiltração) e uso de águas não potáveis (água subterrânea, água da chuva, água
residual - de uso doméstico, por exemplo, etc). Como resultado do seu estudo, Jacome (2010,
p. 70) propôs
medidas para promover o uso sustentavel da agua em espacos verdes e o natural
funcionamento do ciclo hidrologico em meio urbano, nomeadamente a utilizacao de
sistemas de drenagem permeaveis, a criacao de bacias de retencao e infiltracao, a
utilizacao de aguas nao potaveis, a escolha adequada de vegetacao e a utilizacao de
sistemas de rega mais eficientes.
Em Amsterdã, Chiesura (2004) analisou a percepção de usuários do Vondelpark (Figura 2) e,
sem apontar quaisquer elementos teórico-conceituais sobre sustentabilidade, destaca que em
oposição ao frenesi da vida urbana marcada pelo concreto e artificialidade das coisas materiais,
o parque provoca em seus frequentadores sentimentos e emoções que evocam à natureza,
como lugar de paz, liberdade e relaxamento, contribuindo para a qualidade de vida humana que
a autora considera ser um dos atributos de uma cidade sustentável.

No Brasil, mesmo não pontuando o que se entende por sustentabilidade, estudos como o de
Lagoa (2008) apresentam esforços de estabelecer diretrizes para o manejo sustentável de
parques considerando práticas adequadas de utilização de água, solo e vegetação. Nesse
trabalho sobre o Parque Água Branca, na cidade de São Paulo-SP, a autora preocupou-se em
analisar os perfis dos usuários, considerando os usos que fazem do parque para propor
intervenções que se adequem às necessidades dos mesmos. Defende a gestão participativa
como um elemento importante na promoção da sustentabilidade de parques.

Como constatado, na literatura sobre parques é recorrente a sua vinculação ao termo qualidade
de vida. Embora se constitua em um discurso que pretende justificar a importância do parque
para a população através dos benefícios para a saúde física e mental, não se explicita
conceitualmente o que seja. Em geral, qualidade de vida aparece como derivada da condição de
bem-estar da população propiciada, de um lado, pelos benefícios de ordem física e mental que
os parques enquanto espaços verdes oferecem por meio de atividades ativas e contemplativas;
e, de outro, pelas funções ecológicas que incidem sobre a qualidade do ar, condições de
umidade, temperatura etc.

Como outros estudos já destacados, o trabalho de Azevedo (2012), que apresenta uma
proposta para o Parque de Geão, em Santo Tirso (Portugal), ressalta a importância dos espaços
verdes atenderem sobretudo às necessidades da população, reforça que devem ser “sempre
espaços sustentáveis”, mas também não oferece nenhum alinhamento teórico que possibilite
compreender conceitualmente o que entende como sustentável. Baseado em Marques (2009),
destaca como princípios fundamentais para a sustentabilidade em espaços verdes urbanos:

● Uma adequação do traçado às características locais e ao tipo de uso previsto;


● A consideração sobre o nível e tipo de infraestruturação, adotando soluções de engenharia natural para
problemas da engenharia comum;
● O exercício de práticas de reciclagem e manutenção sustentável (nomeadamente, no que diz respeito à
recolha, armazenamento e reutilização de águas não potáveis ou ao estabelecimento de práticas de
compostagem);
● A valorização da construção sustentável, tomando em consideração a origem dos materiais, os
processos de fabrico e sobretudo, os seus ciclos de vida;
● A utilização preferencial de materiais ambientalmente mais saudáveis (não tóxicos ou poluentes)
eliminando o uso de produtos químicos de síntese;
● O uso de matéria-prima, materiais, produtos e mão-de-obra locais ou regionais;
● A prioridade ao uso de recursos e energias renováveis;
● O reaproveitamento de materiais e estruturas pré-existentes e um olhar crítico sobre o designado
“consumo verde”;
● O uso de plantas nativas, naturalizadas, ou exóticas não invasoras, e de esquemas de plantação que
promovam a sucessão ecológica, a biodiversidade e a redução de custos de manutenção (como mão de
obra e água);
● A criação de sistemas permeáveis e a reutilização de águas de escorrimento superficial;
● A recuperação de sistemas naturais, nomeadamente ribeiras, sapais, lagoas, etc., e das suas funções
ecológicas;

Considerando estes princípios e outros elementos da literatura, apresenta-se, adiante, uma


análise referente aos parques Tejo e Madureira. Implantados em contextos socioespaciais e
temporais distintos, e por terem seus projetos difundidos como sustentáveis, sinalizam questões
importantes para o aprofundamento da problemática destacada.

Parques Tejo e Madureira: ações de sustentabilidade

O Parque Tejo foi projetado no contexto de uma proposta de novo conceito urbanístico na
cidade de Lisboa, no qual a sustentabilidade10 apareceu como um mote. Trata-se da Freguesia
do Parque das Nações (Figura 3), planejada e executada por ocasião de grande evento global: A
Exposição Mundial de Lisboa de 1998, imediatamente após a Conferência do Rio de 1992.

Com a implantação do Parque Tejo, o objetivo era contornar problemas ambientais graves na
área onde se implantou e evitar o inconveniente desse ônus para a população que habitaria no
seu entorno, considerando-se ainda a incompatibilidade da área para outros usos, pois
tratava-se de uma antiga área industrial de solos com alto índice de fatores contaminantes,
onde existia uma estação de tratamento de esgoto e um lixão a céu aberto, além de ser
atravessada pelo poluído Rio Trancão.

Na proposta do Parque Tejo foram considerados estudos de viabilidade e arranjo de estruturas


incidentes sobre a questão de ventilação natural, radiação solar e conforto térmico, como os
passeios e áreas de repouso. Tais estudos incidiram marcadamente sobre o desenho do projeto,
de modo a alterar a topografia do lugar e promover um paisagismo robusto. Este aspecto
contribuiu, conforme os seus idealizadores, para ampliar a complexidade do desenho,
proporcionando diferentes perspectivas e uma vista panorâmica do terreno e do rio (Figura 4).O
Parque adornou as margens do rio Tejo, galardoando o projeto urbanístico do Parque das
Nações, com amplas áreas gramadas e arborizadas, possibilitando a sua incorporação na venda
da imagem turística de Lisboa e na publicidade como um espaço bom de viver. Como local de
lazer contemplativo e pela escassez de mobiliários, sobretudo, o Parque estabelece limites ao
uso e frequência de usuários que buscam por opções públicas de lazer ativo, como quadras
poliesportivas, playgrounds etc. Alguns serviços, quando oferecidos, são pagos.

No caso do Parque Madureira, projetado no âmbito dos jogos Olímpicos Rio 2016 e Conferência
Rio+20, tornou-se amplamente conhecido na cidade do Rio de Janeiro pelas suas características
modernas, expressas no desenho, na composição paisagística e no mobiliário (Figura 5). Sua
peculiaridade está também no fato de se localizar em uma ampla zona periférica da cidade, a
zona Norte, cruzando bairros ao longo de 3,85 km de extensão, destacadamente ocupados por
camadas de médio-baixa renda. Nessas condições, o Parque não apenas significou um
incremento importante de áreas de lazer de uso público, mas possibilitou a esta camada da
população o acesso a estas áreas. Como área de lazer ativo e pela diversidade do mobiliário que
apresenta, sobretudo, a frequência torna-se elevada, permitindo usos distintos (Figura 6).

O Parque Madureira aparece como um elemento “blindado” no tocante às condições ambientais


e de infraestrutura do seu entorno: redes de esgotos não implantadas, rios extremamente
poluídos que cruzam o Parque, planos de arborização inexistentes, mobilidade precária nas ruas
para pedestres e ciclistas, entre outros. Tais fatores postulam a fragilidade da proposta dita
sustentável pelos seus idealizadores, sendo necessária a ampliação dos mecanismos de ações
públicas para o enfrentamento desses problemas.

A análise dos dois parques demonstrou a consonância dos projetos com as diretrizes das
políticas municipais e com a noção de sustentabilidade, como expressa pelos órgãos
supranacionais. A incorporação de uma base técnico-material de elevada tecnologia se
sobressaiu nas propostas em detrimento das preocupações sociais que redundariam em ganhos
generalizados para a sociedade. Marcadamente o Parque Tejo foi projetado, sobretudo, mas não
exclusivamente, para um público em específico, com fins claros de valorização imobiliária da
zona onde se situa. No caso do Parque Madureira, apesar de se constatar alterações na lógica
de reprodução do espaço ao seu entorno, há indícios de valorização imobiliária que precisam ser
melhor investigados. Também, para a sua execução, estudos demonstram a expulsão da
população que antes habitava em parte do local, na denominada favela Vila das Torres,
destruída para as obras do Parque (ARRUDA et al, 2016).

Em comum, as ações ditas sustentáveis nestes parques que lograram êxito pautaram-se em
viabilizar a) meios e custos de acessibilidade ao Parque, com moderna rede de transporte
instalada nas proximidades; b) infraestruturas e programas de educação ambiental, mesmo
funcionando parcialmente; c) sistema de segurança que resguarde a integridade do usuário,
com monitoramento por guardas, câmeras e cavalarias; d) sistema de tratamento e reutilização
das águas; e) drenagem e reuso das águas da chuva nos banheiros e irrigação; f) coleta
seletiva e reaproveitamento adequado do lixo; g) adequação das espécies vegetais ao local com
prioridade para as nativas; h) limpeza e qualidade paisagística; i) adequação do orçamento
financeiro para gestão e manutenção eficientes.

No caso em específico do Parque Madureira, este apresentou avanços nas suas ações ao a)
incrementar mecanismos de valorização dos aspectos culturais e identitários locais, como
estruturas e eventos voltados ao samba; b) promover usos democráticos e diversificados por
usuários de diferentes estratos socioetários; c) disponibilizar e adequar o mobiliário ao perfil,
conforto e frequência dos usuários; d) implantar sistema eficiente de iluminação com alta
tecnologia; e) disponibilizar infraestruturas de mobilidade não-motorizada no interior do parque,
como bicicletas e pistas exclusivas; f) produzir ou utilizar energia de fontes alternativas, como a
solar (Figura 7).
As deficiências em ambos os parques estiveram relacionadas: a) a não valorização e
aproveitamento da base natural e social pré-existente, pois as áreas foram destituídas dos seus
conteúdos sociais e naturais; b) ao precário processo de mobilização e envolvimento da
comunidade na tomada de decisão; c) à falta de integração do projeto ao tecido urbano
envolvente, tanto imediato, como no Parque Madureira, quanto imediato, como no Parque Tejo.
Isto evidencia o caráter de projetos de gabinete, nos quais muitas aspirações da população não
são consideradas e onde o desenho dos parques e seus custos, por vezes, não condizem com a
realidade socioespacial da grande área onde estão situados. A propagação do “mote” da
sustentabilidade parece escamotear os diversos aspectos que perpassam o planejamento e
execução de espaços públicos, sendo negligenciados, sobretudo, a dimensão social desses
processos e a sua relação com o espaço urbano em sua totalidade.

Considerações finais
Como pôde se verificar, os princípios ou práticas consideradas sustentáveis em parques urbanos
são muitos e variados. Envolvem desde aspectos ecológicos, como qualidade, uso e manejo da
água, vegetação nativa, até aqueles de ordem social como favorecimento ao lazer e participação
política, e também infraestrutural, como qualidade dos materiais e formas de mobilidade. No
entanto, as análises recorrentes elencam e defendem as denominadas “boas práticas” sem
reflexão e análises críticas quanto aos fatores políticos determinantes dessas ações.

Parques urbanos tornaram-se elementos portadores de discursos e intencionalidades na


produção do espaço urbano, alinhando-se a uma política global que prega e dissemina o
desenvolvimento sustentável como uma resposta à crise ecológica e social decorrente do
modelo de produção capitalista. Implantar um parque ou nele utilizar práticas de manejo e
materiais socioambientalmente mais eficientes passou a ser considerado ação sustentável no
espaço urbano, fato que desvirtua e desloca a importância histórica do debate do espaço público
como instância da política e da cidadania.

A análise apresentada demonstrou que ainda predominam estudos sobre cidades, parques e
sustentabilidade sem avanços teórico-conceituais que permitam desmistificar discursos e
práticas na produção do espaço urbano. Análises que depositam crença na tecnologia e no
capital como revertério dos problemas urbanos escamoteiam a perversidade do modo de
produção que cria e alarga condições socioambientais precárias que se revelam em moradias
insalubres, doenças, fome, violência, espaços públicos abandonados etc.

Sob o mote da sustentabilidade os parques incorporam papéis que vão desde a dimensão
ecológica que os perpassam até o economicismo que se embute nos projetos urbanísticos dos
quais fazem parte, como demonstrado especialmente no caso dos parques Tejo e Madureira. No
entanto, reconhece-se a importância de se implantar e ampliar os espaços públicos de lazer nas
áreas urbanas, sobretudo, quando se trata de bairros carentes dessas infraestruturas.
Parques são reconhecidamente espaços potenciais para o desenvolvimento de ações ambientais
e sociais de grande importância nas cidades. Devem ser implantados de forma democrática,
fortalecendo a participação cidadã e garantindo o seu pleno uso por toda a população.

De modo geral, a pesquisa não pretendeu um enquadramento dos parques quanto a um


modelo, índice ou padrão de sustentabilidade, posto que, como se destacou, não há elementos
teórico-conceituais que permitam um direcionamento para tal fim como também são ambíguas,
múltiplas e variadas as interpretações que a literatura e entidades públicas e privadas têm sobre
esta questão.

Torna-se necessário debater o espaço público em suas múltiplas dimensões e na sua articulação
com o espaço da cidade, vista como totalidade. Em tempos de “crise urbana”, a propósito do
que afirma Maricato (2015), parques podem constituir-se em respostas aos desafios
urbanísticos, socioambientais e políticos, fortalecendo a participação social e favorecendo o
acesso democrático à cidade, no sentido daquilo que assevera Lefebvre (2006).

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Notas

1 Gomes (2014).

2 Sanchéz (2010).

3 A definição oficial de que o desenvolvimento sustentável se constitui “naquele que atende às necessidades
do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias
necessidades” (COMISSÃO MUNDIAL..., 1991, p. 46), abriu caminhos para variadas interpretações,
definições, consensos, onde se ocultam muitos interesses e, como assevera Sachs (1997, p. 15), “atua
como um cimento que junta todas as partes, tanto amigos quanto inimigos”.

4 “Destaca-se, neste domínio, a adopção em 1994, da Carta das Cidades Europeias para um Ambiente
Sustentável, conhecida por Carta de Aalborg, por iniciativa da Campanha Européia de Cidades e Vilas
Sustentáveis, cujos princípios são reafirmados em 2004 [Aalborg+10]. Outros documentos, como a
Estratégia Temática sobre o Ambiente Urbano, enfatizam que cada cidade deve encontrar o seu próprio
caminho na integração dos princípios da sustentabilidade em todas as políticas e fazer das especificidades
de cada cidade a base das estratégias locais adequadas, assim como as necessidades de estas reflectirem a
qualidade de vida da população urbana. Em 2007, a Carta de Leipzig, reconhecendo que o DUS
[Desenvolvimento Urbano Sustentável] ultrapassa o âmbito de intervenção de cada cidade, preconiza a
definição de bases para uma nova política urbana europeia, visando a resolução de problemas associados à
exclusão social, ao envelhecimento, às alterações climáticas e aos problemas de mobilidade, propondo o
fortalecimento das áreas centrais das cidades, o apoio a bairros desfavorecidos e o reforço das políticas de
financiamento a infra-estruturas urbanas”. (SARAIVA, 2010, p. 162).

5 Leite e Awad (2012).

6 “Atualmente registram-se diversos índices, indicadores e sistemas de indicadores, de composição variada,


utilizando diversos recursos gráficos de representação e também com metodologias diferenciadas. Só no
Brasil, até 2006, Nahas et al. registravam cerca de 45 sistemas de indicadores de sustentabilidade urbana e
de qualidade de vida municipais” (LEIVAS, 2011, p. 110).

7 Gomes (2013).

8 “Este trabalho envolveu 20 instituições: órgãos de administração pública em doze cidades e oito
instituições de apoio científico na Europa: Alemanha, Bulgária, Eslovênia, Grécia, Hungria, Itália e Polônia,
que participaram de uma equipe interdisciplinar, de maio de 2005 a agosto de 2008 [...] GreenKeys foi
cofinanciado pela iniciativa INTERREG III B (5) da Comunidade Europeia, com suporte financeiro do
Ministério Federal Alemão dos Transportes, da Habitação e Desenvolvimento Urbano.” (COSTA, 2010).

9 Os demais indicadores comuns são: satisfação do cidadão com a comunidade local; contribuição local para
as alterações climáticas globais; mobilidade local e transporte de passageiros; qualidade do ar na
localidade; deslocamento das crianças entre a casa e a escola; gestão sustentável da autoridade local e das
empresas locais; poluição sonora; utilização sustentável dos solos; produtos que promovem a
sustentabilidade.

10 Para uma análise detalhada deste processo, consultar Gomes (2017).

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