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AVALIAÇÃO DOS PRINCÍPIOS SUSTENTÁVEIS E NOVAS DIRETRIZES

PROJETUAIS DE EMPREENDIMENTO COM USO MISTO:


ESTUDO DE CASO EM TERESINA-PI.

Jadiane Beilfuss (1); Gustavo de Luna Sales (2)


(1) Bacharel, Engenheira Civil, jadi.beilfuss@outlook.com, Centro Universitário Uninovafapi
(2) Doutor, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, gustavoluna@unb.br, Universidade de Brasília

RESUMO
A Agenda 21, para a construção sustentável em países em desenvolvimento, apontou como
aspectos para atendimento aos objetivos ambientais, o estabelecimento de metas para o desempenho
ambiental das edificações, as mudanças nas práticas de gestão do processo de projeto e construção, e a
implantação de uma nova cultura dentro do setor da construção civil para valorizar e minimizar o uso
de recursos naturais e considerar as possibilidades de reciclagem e de reuso dos materiais. Além disso,
com o acirramento do debate sobre sustentabilidade na década de 90, diversos produtos, serviços e
empreendimentos, tem se denominado sustentáveis, promovendo sua publicidade. Nesse contexto, a
presente pesquisa tem como intuito a análise criteriosa do projeto arquitetônico do empreendimento de
uso misto denominado Viverá, localizado em Teresina-PI, com o objetivo de identificar possíveis
lacunas projetuais e analisar a viabilidade de implantação de estratégias mais sustentáveis para o
contexto local. Para o desenvolvimento do trabalho será realizado levantamento bibliográfico
pertinente ao tema e o estudo do desempenho térmico e luminíco do projeto arquitetônico tendo em
vista as premissas da NBR 15.575. (como será realizado este estudo tão abrangente? Focar em uma
variável?). Como resultados, espera-se identificar possíveis correções dos problemas encontrados e
indicar estratégias de projeto mais adequadas à realidade climática de Teresina tendo em vista a
sustentabilidade ambiental, possibilitando assim traçar diretrizes para execução de construções
efetivamente sustentáveis.
Palavras-chave: Construções sustentáveis, edifícios de uso misto, diretrizes sustentáveis,
NBR 15.575.

ABSTRACT
Agenda 21, for sustainable construction in developing countries, pointed to aspects related to
meeting environmental objectives, setting targets for the environmental performance of buildings,
changes in management practices in the design and construction process, and the implementation of a
new culture within the civil construction sector to value and minimize the use of natural resources and
consider the possibilities of recycling and reuse of materials. In addition, with the intensification of the
sustainability debate in the 1990s, several products, services and enterprises have been called
sustainable, promoting their publicity. In this context, the present research aims at the careful analysis
of the architectural design of the sustainable mixed use project called Viverá, located in Teresina-PI,
with the objective of identifying possible design gaps and analyzing the feasibility of implementing
more sustainable strategies for the local context. For the development of the work will be carried out a
bibliographical survey pertinent to the theme and the study of the thermal, luminous and acoustic
performance of the architectural project taking into account the premises of NBR 15.575. As results, it
is hoped to identify possible corrections of the problems encountered and to indicate design strategies
that are more appropriate to Teresina's climatic reality in view of environmental sustainability, thus
making it possible to draw up guidelines for the execution of effectively sustainable constructions.
Keywords: Sustainable buildings, mixed-use buildings, sustainable guidelines, NBR 15.575.
1. INTRODUÇÃO
A relação da sociedade com a natureza, sempre presente na história da humanidade, baseou-se
inicialmente na adequação do homem aos condicionantes naturais como forma de sobrevivência e
contemplação social. Posteriormente, com a chegada da revolução industrial, os recursos naturais
passaram a servir como ferramenta para suprir os interesses e exigências do modo de vida urbano,
estando sujeitos à exploração constante. No contexto atual estão presentes dois cenários que definem a
nova relação tomada pelo urbano e o natural: o primeiro, o modo de consumo capitalista que se
sobrepõe ao natural através da superioridade do dinheiro, e o segundo, a sustentabilidade, buscando
inovar com propostas integradores e desafiadoras apesar dos desafios quanto a sua fragilidade teórica
(ABREU, 2004).
O conceito sustentabilidade está em constante construção, inicialmente estava ligado apenas
ao campo ambiental, e atualmente tem abrangido questões econômicas, sociais e políticas (SILVA e
SHIMBO, 2001), devendo-se garantir uma inter-relação equilibrada dessas dimensões. Foi adotado
nesta pesquisa, como conceito de desenvolvimento sustentável, o processo capaz de atender às
necessidades das atuais gerações sem comprometer os direitos das gerações futuras (BRUNDTLAND,
1987, p. 16, tradução dos outros).
No que tange à construção civil, a Agenda 21 para a construção sustentável em países em
desenvolvimento (INTERNATIONAL..., 2002), apontou como aspectos a serem considerados no
atendimento aos objetivos ambientais, o estabelecimento de metas para o desempenho ambiental das
edificações, as mudanças nas práticas de gestão do processo de projeto e construção, e a implantação
de uma nova cultura dentro do setor da construção civil, onde todos passariam a valorizar e minimizar
o uso de recursos naturais e considerar as possibilidades de reciclagem e de reuso dos materiais.
Com o acirramento do debate sobre sustentabilidade urbana na década de 90, o discurso
ecológico foi incorporado pelos empreendedores imobiliários que passaram a adotar iniciativas como
coleta seletiva, sistema de água mais eficientes, economia de energia, tratamento de esgoto, com o
intuito de suprir a demanda dos consumidores por edifícios verdes 1. Assim, devido à disputa
mercadológica diversos produtos, serviços e empreendimentos, tem se denominado sustentáveis,
promovendo a publicidade de seus empreendimentos (GUERRA, 2012).
Nesse sentido, este trabalho possui como objetivo geral, identificar possíveis lacunas
projetuais e analisar a viabilidade de implantação de estratégias mais sustentáveis para o contexto local
no futuro empreendimento de uso misto sustentável denominado Viverá. A metodologia utilizada
baseia-se em amplo levantamento bibliográfico, consulta de legislações e de profissionais que
trabalham e/ou realizam estudos de construções sustentáveis. A partir dessas etapas, serão realizados
estudos do desempenho térmico e lumínico do projeto arquitetônico tendo em vista as premissas da
NBR 15.575.

IMPORTÂNCIA / CONTEXTULIZAÇÃO
O processo de urbanização da cidade se intensificou a partir da revolução industrial,
consolidando-o como opção para organização da sociedade. A população urbana global ultrapassou a
população rural, assim, mais da metade da humanidade passou a viver em cidades. No Brasil, 84,4%
da população reside em áreas urbanas, cerca de 161 milhões de habitantes, enquanto apenas 15,6% da
população permanecem em zonas rurais. Na cidade de Teresina-PI, a diferença torna-se ainda maior
pois 94,3% da população mora na zona urbana e apenas 5,75% mora na zona rural (IBGE, 2010).
Neste contexto, a construção civil tornou-se responsável pela oferta de infraestrutura e verticalização
das moradias para a população das cidades, sendo assim, grande responsável pelo crescimento
econômico do país.

1
Segundo Bauer (2009), edifícios verdes ou edifícios de alta performance, são ambientalmente
responsáveis e preservam a eficiência da utilização dos recursos no seu ciclo de vida, isto é, durante as fases de
projeto, construção, operação, manutenção, reabilitação e demolição.
Em contrapartida, a execução de obras consome mundialmente a cada ano mais de 50% dos
recursos naturais utilizados (PACHECO-TORGAL; JALALI, 2012; MATEUS; BRAGANÇA, 2011).
Estima-se que os resíduos da construção e demolição variam no mundo de 163 a 3658 kg por capita,
com valores típicos de 400 kg por capita, que são valores característicos de resíduo doméstico sólido
(JOHN, 2000). É necessário adicionar a este total todos os resíduos gerados durante a produção de
materiais de construção.
A construção civil também consome uma quantidade significativa de energia. De acordo com
Adam (2001), a Construção Civil consome 50% de toda a energia produzida no planeta, impactando
assim, significativamente o meio ambiente. Segundo Pessarello (2008) para a confecção de um metro
cúbico de concreto, se gasta em média 160 a 200 litros de água, e ainda na compactação de um metro
cúbico de aterro podem ser consumidos até 300 litros de água. Percebe-se assim, que o setor é
responsável pelo consumo de grande parte de energia, água, insumos e geradora de resíduos.
Ao considerar o desempenho das edificações é relevante observar sua vida útil, os quais
tendem a durar mais de cinquenta anos e as infraestruturas viárias e ferroviárias até mais de cem anos.
A construção de edificações duráveis pode significar menor necessidade de investimento com sua
recuperação com o passar dos anos assim como uma elevada vida útil, evitando o uso dos recursos
naturais destinados ao processo de demolição e reconstrução de uma dada edificação ao final do seu
tempo de serviço (MEDEIROS et al., 2011).
Além disso, Olgyay (2006) destaca que a edificação deve proporcionar conforto ao usuário
associado com baixo custo de manutenção, reduzindo a necessidade de condicionamento mecânico
através do aproveitamento dos recursos naturais.
A cidade de Teresina, conhecida pelas altas temperaturas, principalmente entre os meses de
setembro a novembro, chega a 40°C nos horários mais quentes do dia, além de possuir 14 UIV, ou
seja, o maior índice de Ultravioleta existente, podendo causar danos a pele da população
(CLIMATEMPO, 2016). Outras problemáticas existentes são a pouca eficiência da drenagem urbana
na Zona Leste da cidade, a legislação falha perante a preservação da vegetação existente na zona
urbana da cidade, além de a relevante quantidade de entulho gerado nas obras e descartados de forma
irregular no meio ambiente.
O fato é que, a importância da redução do impacto ambiental das construções é uma tendência
mundial, impulsionada pelas exigências governamentais o até por estratégias de mercado. Constata-se
então, que o planejamento e desenvolvimento de diretrizes projetuais adequadas as condições
climáticas de Teresina, será de grande relevância não só para o bem-estar da moradores e empresários
instalados no edifício, como também, um exemplo de como podem ser realizadas mudanças nas
técnicas projetuais e construtivas das novas construções da cidade de Teresina através de
investimentos públicos e/ou privados.

2. OBJETIVO
GERAL:
Identificar lacunas projetuais relacionadas à tipologia residencial -conforme os critérios da
NBR 15.575 -, elencando possíveis estratégias mais sustentável para a cidade de Teresina-PI.
ESPECÍFICOS:
Análise do estudo de caso e identificação de estratégias para o elevar desempenho térmico de
tipologias semelhantes para o contexto climático de Teresina-PI.
Análise do estudo de caso e identificação de estratégias para o elevar desempenho lumínico de
tipologias semelhantes para o contexto climático de Teresina-PI.
3. MÉTODO
3.1 - Caracterização do Estudo de Caso: (abordar a localização e caracterização climática da
cidade, caracterização do estudo de caso);
3.2 - Critérios de Análise: (abordar sobre os critérios de análise da NBR 15.575 para o
desempenho térmico e lumínico);
3.3 - Análise do estudo de caso com base nos critérios da NBR.

4. RESULTADOS
(identificar quais são os principais problemas e as possíveis soluções/estratégias de projeto para elevar
o desempenho térmico e lumínico para esta tipologia – em Teresina-PI)
4.1 – Caracterização do Estudo de Caso: (abordar a localização e caracterização climática da
cidade, caracterização do estudo de caso);
DADOS CLIMÁTICOS TERESINA
Segundo os dados climáticos visualizados no site do grupo Projeteee (Projetando Edificações
Energeticamente Eficientes) (2018), entre os meses de agosto e novembro a radiação solar média
mensal (wh/m²), as temperaturas se elevam e a umidade do ar cai consideravelmente nesse período,
fazendo com que os moradores da cidade tenham que sofrer com condições fora da zona de conforto
do usuário. A precipitação das chuvas possui altas concentrações entre os meses de dezembro a abril,
causando alagamento em Teresina-PI devido o mal dimensionamento e distribuição de bueiros
principalmente na Zona Leste da cidade.
Além desses dados climáticos, ao observarmos o desempenho térmico de edificações que está
na Norma 15.220-3, constatamos que Teresina-PI está inserida na Zona Bioclimática 7. A carta solar e
as estratégias recomendadas para condicionamento térmico passivo para essa zona, são o resfriamento
evaporativo e massa térmica para resfriamento, e a ventilação seletiva (nos períodos quentes em que a
temperatura interna seja superior à externa).
As aberturas para ventilação recomendadas são de 10 a 15% da área do piso do cômodo e que
as mesmas sejam sombreadas. As vedações externas como paredes e coberturas devem ser pesadas e
os valores admissíveis são:
Tabela 1 - Transmitância térmica, atraso térmico e fator de calor solar admissíveis
Vedações externas Transmitância Térmica - U Atraso Térmico - ᵠ Fator Solar – FSₒ
(W/m².K) (horas) (%)
Paredes pesadas U ≤ 2,20 ᵠ ≥ 6,5 FSₒ ≤ 3,5
Coberturas pesadas U ≤ 2,00 ᵠ ≥ 6,5 FSₒ ≤ 6,5
Fonte: (ABNT, 2003).
Esses dados foram coletados com o intuito de dar embasamento ao projeto conforme descrito e
especificado seguir.

CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
LOCALIZAÇÃO
O terreno escolhido (Figura 27) abrange aproximadamente metade de um quarteirão, que está
localizado na Avenida Jóquei Clube - Rua Demerval Lobão - Rua Senador Cândido Ferraz, no Bairro
Jóquei, Zona Leste da cidade de Teresina, Piauí.
Figura 1 - Localização do terreno na cidade de Teresina, PI.
Fonte: Google Earth com modificações da autora, 2017.
O terreno escolhido encontra-se próximo da Ponte Estaiada (um dos mais importantes pontos
turísticos de Teresina), da Avenida Raul Lopes (área livre destinada a caminhada e outros esportes),
Shopping Riverside (localizado em frente ao terreno), da Avenida Jóquei Clube e da Avenida Ininga,
além de locais que não encontram-se na imagem como o Teresina Shopping e a Ponte Juscelino
Kubitschek (principal ligação entre o Bairro Jóquei e o centro de Teresina).
Para uma análise mais aprofundada, analisou-se a implantação do edifício através de um raio de
500m inserido a partir do terreno (à uma distância caminhável para acesso dos moradores), com o
objetivo de identificar os aspectos positivos e/ou negativos do seu entorno. Apesar da região possuir
uso comercial e residencial em diversas quadras, o uso do entorno do terreno possui
predominantemente uso comercial e grandes vazios urbanos (Figura 28 ).
Figura 2 - Uso no entorno do terreno escolhido.

Fonte: Google Earth com modificações da autora, 2017.


Para análise dos espações públicos e ambientais no seu entorno, além das vias que recebem o
transporte público, foram inseridos dois raios inseridos a partir do edifício, um à 500m e o outro a
1000m. Na região estão inseridos o Parque Ambiental Beira Rio e o Parque Potycabana, no lado leste
do Rio Poti, e o Parque Ambiental Poti I e o Passeio da Frei Serafim, no lado oeste do rio. Além disso,
encontram-se nas proximidades as praças públicas denominadas Praça Cel. Pedro Borges, Praça Ocilio
Lago, Praça de Fátima e a Praça Edgard Nogueira, e os espaços culturais como o Jockey Club, o
Shopping Natureza III e a Avenida Raul Lopes, que contém espaço para caminhada, ciclismo,
academia pública e plaground (Figura 30).
Figura 3 –Áreas de lazer e Vias com transporte público no entorno do Easy Home
Figura 4 – Principais vias de acesso ao terreno.

Fonte: Google Earth com modificações da autora, 2017.


Apesar da falta de continuidade da pista de ciclismo e a falta de diversidade em transporte
público, os moradores locais possuem fácil acesso a parada de ônibus para se locomoverem em
Teresina. Além disso, qualquer meio de transporte pode ter fácil acesso ao terreno escolhido devido ao
seu entorno possuir diversas avenidas que facilitam seu acesso conforme sinalizado na Figura 31.
O terreno possuí topografia consideravelmente plana, é propricio a inundação devido a sua
localização próxima ao rio e sua vegetação é predominantemente rasteira, havendo quatro árvores
implantadas em seu interior as quais devem ser preservadas. Além disso, o terreno escolhido compõe
aproximadamente metade do quarterão e assim é composto por três testadas, forma quadrada com
dimensões aproximadas de 79x76m e área de 6 mil m², os ventos dominantes vem da direção Nordeste
e Sudeste, a insolação inicia-se na direção Leste e finaliza-se no Oeste (Figura 33 ).
Figura 5 – Estudo da Insolação e Ventos Dominantes do Terreno Escolhido.

Fonte: Google Earth com modificações da autora, 2017.


A fachada leste, voltada para a Rua Demerval Lobão, e a fachada Oeste, divisa com o
estacionamento do Shopping Riverside, possuem grandes dimensões, proporcionando alta incidência
solar principalmente no lado Oeste (Figura 34). O terreno não possui grandes barreiras para impedir a
ventilação adequada devido a inexistencia de construções de grande gabarito no seu entorno, visto que
as edificações vizinhas possuem em sua maioria apenas um pavimento, permitindo a circulação do
vento.
Figura 6 – Carta solar fachada Oeste

Fonte: Autoria própria, 2017.


Este terreno foi escolhido, apesar da característica negativa de possuir uma grande fachada
voltada para o oeste, para demostrar, tanto para os profissionais e estudantes de Arquitetura e
Urbanismo, quanto para a população como um todo, que é possivel projetar nessas condições um
edificio de uso misto (comercial e residencial), e ao mesmo tempo, minimizar as consições climáticas
em um edificio localizado na cidade de Teresina, através do desenvolvimento adequado do projeto
arquitetônico, inserção da sustentabilidade social e seguindo algumas exigências das certificações
LEED e AQUA.
JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO
O Empreendimento Viverá foi projetado com com atividades diversificadas para que a
população possa morar, passear e trabalhar na mesma área, promovendo maior qualidade de vida e
segurança para a população. O projeto é composto sucintamente por uma praça localizada entre 2
blocos paralelos à Avenida Jóquei Clube. Ambo blocos possuem uso misto, sendo um deles dos de uso
comercial e uso corporativo e o outro com uso comercial (restaurantes) e residencial, totalizando um
Índice de Aproveitamento de 1,74 e uma Taxa de Ocupação de 53%.
Os restaurantes foram inseridos no projeto para trazerem uma maior permeabilidade entre a
Rua Cândido Ferraz que geralmente encontra-se pouco movimentada e a praça do empreendimento, e
as lanchonetes estão inseridos para proporcionar lanches rápidos e promoverem maior fluxo de
pessoas na praça, assim como os restaurantes.
O Bairro Jóquei é conhecido por ser uma área comercial e residencial, dessa forma os setores
comercial e corporativo foram inseridos devido a necessidade da região, além de principalmente o
comercio localizado no térreo do edifício, promover a vitalidade do terreno e seu entorno. Além disso,
o Empreendimento Viverá foi projetado com ampla praça para uso dos moradores dos setores
comercial, corporativo, residencial e da população como um todo, já que a praça se encontra em
espaço aberto para acesso a todos. O setor residencial foi inserido com as janelas e varandas voltadas
para a Rua Cândido Ferraz e para a praça para promover a vitalidade do entorno através do conceito
descrito por Jane Jacobs chamado “olhos na rua”.
Os setores descritos acima estão dispostos em dois blocos, sendo um dos blocos de uso
comercial no térreo e uso corporativo no primeiro pavimento, e no térreo do outro bloco estão
localizadas lojas comerciais e a administração do empreendimento, o primeiro pavimento possui a área
de lazer e os demais pavimentos são compostos por 8 apartamentos por andar. A seguir está a
descrição mais detalhada de cada cômodo do empreendimento e sua devida localização:
 Bloco 01: Térreo: 21 pontos comerciais e recepção para o setor corporativo.
 Bloco 01: 1̊ pavimento: área corporativa, 1 corredor e banheiros acessíveis masculino e feminino.
 Bloco 02: Térreo: 7 pontos comerciais, sendo 2 destinados para restaurantes e 2 para lanchonetes.
Bateria de banheiros públicos, recepção setor residencial, vestiários femininos e masculinos, sala
de reuniões, depósito, zeladoria, lixeira residencial e comercial/corporativa.
 Bloco 02: 1̊ pavimento: guarita e área de lazer composta por: circulações verticais e horizontais,
salão de festa adulto e infantil, sala de jogos adulto, cinema, brinquedoteca, home office,
academia, área de piscina, área churrasqueira e playground;
 Bloco 2: Os pavimentos residenciais são compostos por 4 apartamentos tipo 1, 4 apartamentos do
tipo 2, circulações verticais e horizontais: Apt. tipo 01: 3 suítes, 1 sala de estar/jantar, 1
cozinha/lavanderia, 1 corredor e 1 varanda; Apt. tipo 02: apartamento duplex onde o térreo é
composto por 1 sala de estar/jantar, 1 cozinha/lavanderia, 1 lavabo e 1 varanda, e o primeiro
pavimento é composto por 2 suítes e o 1 corredor.
MEMORIAL DESCRITIVO
MOVIMENTO DE TERRA: Limpeza do Terreno: Deverão ser mantidas no terreno,
conforme especificado no projeto de paisagismo, as duas árvores de grande porte existentes ao centro
do terreno. Aterros: O terreno apresenta cotas de nível regulares, haverá pequenos cortes de terra para
compensar a diferença de um metro com a cota de nível mais alta. O volume de terra retirado deverá
ser utilizado ainda na obra, podendo ser aplicado para a execução de jardins. Entretanto, devido à
proximidade do terreno com o aeroporto e a necessidade de um edifício com altura vertical de no
máximo 111m, optou-se por inserir o estacionamento residencial e da área comercial no subsolo
ocasionando grande movimentação de terra. Para depositar esse material, deve-se realizar acordo com
o dono de algum dos terrenos próximo à Avenida Raul Lopes, para que o mesmo receba a terra
retirada pois os terrenos ao entorno contêm grandes desníveis e assim necessitam de terra para o seu
nivelamento. Dessa forma, evita-se a emissão de CO2 na atmosfera pelo Empreendimento Viverá para
movimentação da terra para outros locais mais distantes.
ESTRUTURA: Fundações: A fundação deverá ser executada conforme projeto estrutural,
utilizando preferencialmente o cimento ecológico2. Pilares e Vigas: Deverá ser feita, sob o baldrame,
impermeabilização com argamassa ecológica e emulsão asfáltica conforme orienta o fabricante. A
estrutura utilizada foi em aço, visto que esse material é identificado como um material que contribui
para os preceitos da sustentabilidade devido a possibilidades de seu reaproveitamento, já que é um
produto totalmente reciclável, podendo esgotada a vida útil do edifico, retornar aos fornos e tornar-se
uma estrutura nova. Laje: Para vencer grandes vãos com o intuito de não prejudicar a dimensão da
área comercial no térreo, foi optado pela laje protendida produzida com cimento ecológico.
FECHAMENTOS: As paredes externas da área residencial serão executadas com parede dupla
de tijolos de 6 furos circulares, assentados na menor direção. O tijolo possui dimensões de
10x15x20cm, a espessura da argamassa de assentamento é 1cm e a espessura da argamassa de emboço

2
“A indústria do cimento corresponde a quase 5% das emissões de gás carbônico no planeta. Isso se deve
pelo fato do componente principal, o clínquer, emitir a mesma proporção de gás carbônico na quantidade que é
produzida. Já o cimento ecológico, tecnicamente conhecido como CPIII, substitui parte do clínquer que seria
utilizado na sua fabricação por escórias de siderúrgicas, aproveitando 70% do resíduo gerado por esse setor.
Atualmente, o cimento ecológico já corresponde 17% do mercado de consumo do cimento, devido ao seu
desempenho ambiental, maior durabilidade e menor custo que os demais. Semelhante ao CPIII, o CPIV também
é produzido e emprega resíduos de termoelétricas substituindo parte do clínquer.” (SHIMADA, T. Y.;
VANDERLEI, P. S. S, 2010, p. 5).
é 2,5 cm, totalizando uma parede de espessura de 26cm, com as seguintes características e se
adequando conforme a o valor exigido pela NBR 15.220/3 descrita no tópico dados climáticos
Teresina.
Transmitância Térmica (U) = 1,52 W/ (m². K) (valor exigido U ≤ 2,20)
Atraso térmico () = 6,5 horas (valor exigido j ≥ 6,5)
Nas paredes externas da área comercial serão utilizados os vidros duplos laminados, pois os
vidros duplos proporcionam maior conforto térmico e acústico do cômodo e o vidro laminado possui
maior resistência e não deixa que seus estilhaços se espelham em possível quebra. Já nas paredes
internas tanto das áreas residenciais, comerciais e corporativas, serão utilizadas paredes drywall com o
intuito de promover futuras mudanças com a integração de cômodos, apartamentos e até mesmo haver
a possibilidade de mudança da funcionalidade do edifício. Na circulação dos pavimentos tipos serão
utilizados elementos vazados em cerâmica para promover maior iluminação natural e ventilação
cruzada no hall dos apartamentos, e consequentemente proporcionará maior ventilação cruzada nos
apartamentos caso o morador deixe a porta da sala aberta.
COBERTURAS E IMPERMEABILIZAÇÕES: No bloco comercial/residencial será utilizada
telha termoacústica na cor branca com inclinação de 10%. O bloco comercial/corporativo possuirá
um telhado verde da marca Ecotelhado, com Sistema Alveolar Leve em cima da laje
impermeabilizada, onde poderão ser plantadas gramíneas (Figura 36). Desse modo será possível
maior drenagem urbana, melhora no microclima local e menor absorção da radiação solar
incidente na cobertura.
ESQUADRIAS: Janelas: As janelas do setor corporativo e do setor residencial serão com
folhas de vidro duplo laminado reflexivo com moldura em alumínio anodizado na cor branca. Essas
três características devem estar inseridas nos vidros das esquadrias pois os vidros duplos
proporcionam maior conforto térmico e acústico do cômodo, o vidro laminado possui maior
resistência e não deixa que seus estilhaços se espelham em possível quebra, e o vidro reflexivo, reflete
os raios solares e assim reduz a passagem de calor. Portas: As portas externas serão em folhas de
vidro duplo laminado, com moldura em alumínio anodizado na cor branca. As portas internas serão de
madeira de reflorestamento tratadas com óleo de madeira Kröten. A porta da varanda será de vidro
duplo laminado reflexivo do tipo sanfonado para proporcionar maior integração entre os
apartamentos e o ambiente externo.
REVESTIMENTOS: Os revestimentos do Empreendimento Viverá são predominantemente da
empresa Portobello, devido suas atitudes sustentáveis, como o reaproveitamento de 100% da água
utilizada em seu processo produtivo. A outra parcela das paredes externas e as paredes internas (que
não possuem revestimento), receberão pintura na cor branca da ecotinta Kröten, que é feito de
produtos minerais e isentos de COV´s. Além disso, as paredes que devem ser rebocadas e emassadas
serão feitas com massa corrida ecossílica, também da marca Kröten.
PISOS: Na parte interna dos cômodos da área de lazer como salão de jogos adulto e infantil,
academia, etc., foi utilizado o piso vinílico feito com PVC 100% reciclável, da marca Interfloor. Os
decks foram projetados em madeira plástica da Ecopex que é fabricado com sobras de madeira e
resíduos de plástico. Nas áreas externas térreas foram utilizados pisos drenantes da marca Braston,
cor gergelim, que utilizam na sua composição resíduos de porcelana, concreto, pneu e fibra de
coco.
FORROS: Nas áreas comerciais, corporativas e nos cômodos das áreas comuns do setor
residencial, será utilizado o Forro Mineral Ocean da marca OWA Sonex, que é um produto 100%
reciclável, produzido em pura fibra mineral branca biossolúvel e compostos naturais, além disso, não
emite VOC’s (Compostos Orgânicos Voláteis). No interior dos apartamentos deve ser utilizados o
forro de PVC da Marca Plasbil na cor branca, que é feito de material retornável, sendo 100%
reciclável, requer baixa quantidade de energia elétrica para ser fabricado e possui boa durabilidade. Os
forros das varandas dos apartamentos, e área de convivência serão em madeira de eucalipto com
certificação do Conselho Brasileiro de Manejo Florestal, tratados com óleo madeira Kröten.
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS: Na cobertura do edifício residencial/comercial, será instalado
um sistema com placas fotovoltaicas para geração de energia para as áreas comuns do setor residencial
e na praça do empreendimento. Toda a iluminação artificial do empreendimento será produzida pela
última tecnologia desenvolvida para que as lâmpadas LED Philips, que possuem menor potência e
gerem maior luminância. Nos setores comerciais, corporativos e na praça, a iluminação possuirá
dimmers para controle da intensidade da luz, gerando maior ou menor luminosidade, e consequente
meior conforto do usuário. Na praça também serão utilizados timers para que em determinadas horas
do fias as luzes sejam acessas ou desligadas (18hrs e 6hrs consequentemente). Já nas áreas comuns dos
pavimentos tipo serão utilizados sensores de presença para redução do consumo energético.
INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS E SANITÁRIAS: Os dois edifícios possuem sistema para
captação da água pluvial que recebe um filtragem para retirada sujeira grossa (Figura 37), e
posteriormente essa água é reaproveitada nas bacias sanitárias dos vestiários da área residencial, dos
vasos sanitários dos banheiros públicos, na irrigação do paisagismo e no espelho d’água inserido na
praça. Também foi instalado um sistema de reaproveitamento da água proveniente do ar condicionado
para reutilização na irrigação da praça. O espelho d’água reproduzido pela Ecotelhado não precisa de
cloro nem de filtros para funcionar, pois ele se mantém graças às plantas aquáticas que garantem sua
limpeza e manutenção. Essa técnica foi desenvolvida para proporcionar a umidificação do espaço
principalmente entre os meses de agosto e novembro quando a umidificação se encontram abaixo do
necessário para o conforto da população.
Banheiros apartamentos:
Válvula de descarga. 2565.C.114.PRO - Hydra Eco Pro
Torneira com entrada de ar e de parede com chapa para lavatório. 1179.C84 - Stick
Chuveiro de teto com entrada de ar 2103.C.TET.ENJ.CHR - Deca Spa Enjoy
Banheiros públicos e vestiários:
Válvula de descarga. 2565.C.114.PRO - Hydra Eco Pro
Mictório sem água SAVE DESIGN. M.718.17 - Mictório Save
Torneira de mesa com sensor bivolt para lavatório. 1180.C - Decalux
Chuveiro com entrada de ar e com tubo de parede. 1955.C.STD - Deca Flex
Área Externa: Irrigação para jardins através sistema de gotejamento Ceta e de aspersão Rotor
Spray, ambos da marca Asten. Esses sistemas estarão conectados aos sistemas controladores
temporizadores Krain RPS 469 127 V ou 220 V 9 estações, da marca BioSementes.
OUTRAS SOLUÇÕES SUSTENTAVEIS
Nos setores residenciais e corporativos foram incluídas aberturas para promover a ventilação
entre o forro e a laje do pavimento superior, e dessa forma reduzir a temperatura dos ambientes
construídos. Para que esse método fosse desenvolvido, todas as paredes internas de drywall foram
projetadas com altura para alcançar o forro (2.80m) e nas circulações comuns de cada setor não haverá
forros, fazendo com que essa ventilação circule por todo o pavimento do edifício com maior
eficiência.
Devido fatores bioclimáticos da região, evitou-se ao máximo aberturas para as fachadas leste e
oeste devido à alta incidência da radiação solar sobre elas (Figura 38). Entretanto, uma suíte teve uma
janela voltada para tais fachadas e dessa forma foi incorporado um brise horizontal móvel para maior
proteção dessa abertura (Figura 39). Conforme especificado no projeto, o brise foi dimensionado para
que tanto no solstício de inverno quanto no de verão, a radiação solar só comece a incidir dentro da
suíte a partir das 15-16hrs.

Figura 7 - Carta solar radiação na suíte


Fonte: Autoria própria, 2018 Fonte: Autoria própria, 2018
Figura 8 - Proteção brise horizontal na suíte
Na sala dos apartamentos, nos cômodos da área de lazer e no setor corporativo, foram
inseridas prateleiras de luz nas aberturas voltadas para as fachadas norte e sul, sendo uma simples e
importante técnica para promover a iluminação natural e evitar a radiação solar direta no ambiente
(Figura 40).
Figura 9 – Brise suíte e forro ventilado Figura 10 – Prateleira de luz e forro ventilado

Fonte: Autoria própria, 2018 Fonte: Autoria própria, 2018


No setor corporativo será inserido no telhado verde lanternins, para maior uso de luz natural e
consequente redução no consumo de energia elétrica (Figura 42).
Figura 11 – Lanternim setor corporativo
Fonte: Autoria própria, 2018
Sistema de elevadores inteligentes Thyssenkrupp com vista panorâmica na área residencial
para proporcionar eficiência energética.
Instalação de muxarabis para promover a proteção solar do setor corporativo nas fachadas
norte e sul, pois apesar de não receberem a incidência direta do sol, em determinadas épocas do ano a
radiação solar incide nessas fachadas.
INDICAÇÃO DA VEGETAÇÃO UTILIZADA E/OU APROVEITADA: O paisagismo
desenvolvido preservou as árvores existentes no terreno e as valorizou, com a integração a partir com
plantas nativas conforme especificado no projeto, pois são adaptadas ao clima quente e ao solo
predominante. A vegetação tratou-se de um elemento fundamental no desenvolvimento do projeto,
visto que a questão de sustentabilidade e criação de um microclima agradável na área foram
elementares.
O paisagismo está presente não só na extensão do terreno, como também nas fachadas e na
cobertura do bloco comercial/corporativo. Os revestimentos de piso são formados por grama
esmeralda, grama amendoim e pisos drenantes, que contribuem para o índice de permeabilidade do
solo do terreno e oferecem conforto ao meio. Além disso, será implantado um jardim vertical no muro
existente, o qual separa o empreendimento com o terreno vizinho, promovendo assim a estética no
muro e o proporcionando a melhora do microclima local. O enaltecimento do partido arquitetônico
desenvolvido é de fato marcante, e é privilegiado não apenas na questão estética, mas principalmente
na questão de respeito à natureza e à sua proteção.

4.2 – Critérios de Análise: (abordar sobre os critérios de análise da NBR 15.575 para o
desempenho térmico e lumínico);

6iu76k
A norma brasileira NBR 15575: Edificações habitacionais – Desempenho (ABNT, 2013)
estabelece requisitos mínimos de desempenho e vida útil para os sistemas que compõem edificações
habitacionais uni e multifamiliares. Publicada primeiramente em 2008, a norma entrou em vigor em
julho de 2013, trazendo benefícios e mudanças positivas para o setor, já que incorpora aspectos
importantes de qualidade aos processos de projeto e de construção.
O item 11 da NBR 15575-1 (ABNT, 2013), tema de estudo deste trabalho, trata do
desempenho térmico das edificações. A avaliação de desempenho térmico apresenta dois
procedimentos de verificação: simplificado e por medição. O procedimento simplificado é normativo e
deve ser avaliado através de cálculo simplificado ou simulação computacional. Já o método de
medição é meramente informativo e não se sobrepõe ao procedimento simplificado.
O procedimento simplificado normativo define pré-requisitos a serem cumpridos para paredes
e coberturas, através de limites estabelecidos para as propriedades térmicas U (transmitância térmica,
em W/m²K) e CT (capacidade térmica, em KJ/m².K), conforme Figura 1 a seguir. Caso o desempenho
mínimo não seja atingido por qualquer componente analisado no procedimento simplificado, deve ser
feita a verificação pelo método de simulação computacional. Se o desempenho por esta última análise
mostrar-se inadequado, devem ser realizadas intervenções no projeto, de modo que se atinja o nível
mínimo exigido pela norma.
Conforme afirma Chvatal (2014), a publicação da norma representa um avanço para o setor da
construção civil, por isso é importante manter uma discussão constante sobre ela, a fim de estimular
seu aprimoramento. Com relação ao procedimento de avaliação de desempenho térmico, alguns
trabalhos da literatura especializada têm apresentado críticas e apontado incoerências tanto nos
procedimentos simplificado e de simulação, como na relação entre a referida norma e outros
regulamentos e normas nacionais correlatos.
Além disso, ao solicitar a “(...) verificação dos níveis mínimos de desempenho térmico de
vedações verticais externas.” (ABNT, 2013) o texto da norma não deixa claro se faz-se necessário
incluir as áreas envidraçadas da fachada no cálculo. Neste sentido, Grigoletti e Sattler (2010)
comentam que o procedimento simplificado resume-se apenas para paredes e coberturas, e não para a
edificação como um todo. Sendo assim, essa análise isolada pode não expressar o comportamento
térmico real de edificação.
Hoje em dia as tipologias de edifícios residenciais de médio e alto padrões possuem grandes
áreas envidraçadas na fachada das salas, o que faz com que a vedação opaca tenha pouca influência no
desempenho térmico final do conjunto. Com base nessas informações, verifica-se a importância de
analisar o impacto ocasionado pelas áreas envidraçadas da fachada no cálculo simplificado proposto
pela norma.

3.2. Cálculo simplificado


A análise de desempenho térmico pelo cálculo simplificado seguiu as diretrizes dadas nas
partes 4 (Requisitos para os Sistemas de vedações verticais internas e externas) e 5 da norma
(Requisitos para os sistemas de coberturas). Compreendeu a verificação de propriedades térmicas de
paredes e coberturas. Para simplificar o estudo, consideraram-se atendidas as exigências referentes às
aberturas para ventilação (áreas mínimas e vedação).
Destaca-se que a norma não faz qualquer menção sobre como considerar a área envidraçada na
verificação de paredes externas pelo método simplificado. Em vista disso, analisou-se o impacto
ocasionado pela inclusão da área envidraçada no cálculo, uma vez que pode ter impacto significativo
nos resultados obtidos para as salas de edifícios multipavimentos, por representar grande área do total
de envoltória exposta.
A partir da interpretação deste ponto, foram identificados dois métodos para avaliação das
propriedades térmicas pelo cálculo simplificado:
Procedimento simplificado A: neste procedimento considerou-se, para realização dos cálculos,
apenas materiais opacos, conforme entende-se que seja a intenção da norma.
Procedimento simplificado B: neste procedimento considerou-se, para realização dos cálculos
de transmitância térmica (U) e capacidade térmica (CT), uma ponderação entre a área de envoltória
opaca e a área de abertura de janelas e portas (vidros e venezianas). O cálculo foi realizado para os
ambientes de longa permanência, salas e dormitórios – mesmos ambientes analisados no procedimento
de simulação computacional.
Os dois métodos foram aplicados ao estudo de caso selecionado e seus resultados foram
comparados, verificando-se o atendimento ao nível mínimo de desempenho estabelecido pela norma.
3.3. Simulação computacional
A norma estabelece que, caso não sejam atendidos os critérios de transmitância térmica e
capacidade térmica do método simplificado, deve-se avaliar o desempenho térmico da edificação
através do método de simulação computacional.
Para a análise do desempenho térmico foi adotado o programa de simulação computacional
EnergyPlus versão 7.2. Este programa é validado pela ANSI/ASHRAE Standard 140 (2011),
atendendo o critério estabelecido na NBR 15575-1.
O desempenho térmico da edificação é avaliado para duas condições: desempenho de verão e
desempenho no inverno. O critério da análise é baseado em valores máximos e mínimos de
temperatura no interior dos ambientes de permanência prolongada (sala de estar ou dormitório).
A NBR 15575-1 (2013) estabelece que o desempenho da edificação seja avaliado em um
ambiente de permanência prolongada (dormitório ou sala de estar) com maior número de paredes
expostas para o exterior. Para avaliar o desempenho térmico para as condições de verão e inverno, esta
norma recomenda adotar as condições mais críticas do ponto de vista térmico. Além disso, devem ser
levados em consideração os dispositivos de sombreamento quando previstos em projeto.

4.3 – Análise do estudo de caso com base nos critérios da NBR.

5. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Humanidades, n. 11, v. 5, jul./set.2004. ISSN 1518-3394.

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SUSTENTÁVEIS, I, 2001, Canela-RS. Anais... São Paulo: Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente
Construído, 2001. p.73-79.
PESQUISAS
Observando-se os projetos de apartamentos edificados depois de 2000, percebe-se, assim, uma
grande valorização de seus aspectos estéticos, enquanto as reais necessidades do usuário final
deixaram de ser discutidas: soluções espaciais padronizadas, independentemente dos perfis familiares
atendidos, estão sendo implantadas em todo o país. Desse modo, a propaganda tem exercido papel
fundamental, pois faz uso do “sonho da casa própria” para atrair investidores, incorporando imagens
de inúmeros equipamentos coletivos que visam compensar a redução dimensional dos apartamentos e
que, supostamente, trarão mais benefícios à vida do morador (VILLA; SARAMAGO, 2014).
VILLA, S. B.; SARAMAGO, R. C. P. A qualidade espacial e ambiental de edifícios de apartamentos em cidades
médias. In: Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 3.,
2014, São Paulo. Anais do III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2014, p.1-18.

Também tem ocorrido, de maneira crescente, o emprego de estratégias projetuais que se dizem
sustentáveis como uma forma de atrair a atenção de futuros compradores e usuários
(VASCONCELOS; VASCONCELOS, 2008).
VASCONCELOS, D. L. B.; VASCONCELOS, R. L. Sustentabilidade: ferramenta de marketing ou instrumento
essencial. In: VII Seminário Internacional da LARES, 2008, São Paulo. Disponível em:
<http://www.lares.org.br/2008/img/Artigo022-Batalha-Vasconcelos_Rev_2.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2012.

Nesse cenário, empresas do ramo e incorporadoras têm crescentemente participado de


processos de certificação com o intuito de atestar os empreendimentos produzidos quanto ao seu nível
de desempenho ambiental (VASCONCELOS; VASCONCELOS, 2008). Porém, nem sempre os
exemplos propagandeados como “sustentáveis” realmente derivam de sistemas de acreditação,
dificultando a diferenciação das opções fornecidas pelo mercado por parte dos futuros usuários.
Ademais, a literatura salienta a necessidade de que os selos existentes, mesmo quando oriundos de
métodos internacionais, se adaptem às condições socioeconômicas, climáticas e culturais brasileiras
antes de serem lançados no país (SILVA et al., 2003; VIEIRA; BARROS FILHO, 2009).
VASCONCELOS, D. L. B.; VASCONCELOS, R. L. Sustentabilidade: ferramenta de marketing ou instrumento
essencial. In: VII Seminário Internacional da LARES, 2008, São Paulo. Disponível em:
<http://www.lares.org.br/2008/img/Artigo022-Batalha-Vasconcelos_Rev_2.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2012.
SILVA, V. G.; SILVA, M. G.; AGOPYAN, V. Avaliação de edifícios no Brasil: da avaliação ambiental para
avaliação de sustentabilidade. Ambiente Construído, v.3, n.3, p.8-18, 2003.
VIEIRA, L. A.; BARROS FILHO, M. N. M. A emergência do conceito de Arquitetura Sustentável e os métodos de
avaliação do desempenho ambiental de edificações. Humanae, v.1, n.3, p. 1-26, Dez. 2009.

4. RESULTADOS
4.1 Mapeamento das estratégias de sustentabilidade A localização no território nacional dos
empreendimentos certificados analisados por esta etapa da pesquisa está ilustrada na Figura 2, em que é
possível verificar a predominância de edificações em São Paulo. A tabulação dos dados dessas fichas, por
sua vez, nos permite concluir que, mesmo nos edifícios certificados, a participação das estratégias ainda se
faz de forma incipiente: analisando o recurso água (Figura 3), por exemplo, a principal estratégia utilizada é
a adoção de 20% ou mais de áreas permeáveis (a qual aparece em 68% dos empreendimentos), ao passo que
somente 46% dos mesmos contam com sistemas de reuso de águas pluviais ou com equipamentos mais
simples (como dispositivos economizadores, a exemplo das válvulas de descarga de duplo fluxo e
restritores de vazão); 7% deles possuem sistema de reuso de águas cinzas e/ou de irrigação automatizado e
nenhum edifício fichado possui cobertura verde.
As soluções ligadas à energia também ilustram essa situação, pois os resultados mostrados
com a pesquisa foram que: o emprego de sistema de aquecimento solar (chuveiros) – tecnologia
amplamente consolidada no cenário nacional – se faz presente em apenas 50% dos empreendimentos,
a utilização de placas fotovoltaicas em 25%, aquecimento solar nas áreas comuns em 32%, o uso da
medição individualizada de gás apresentou 46,4% e a utilização de elevadores econômicos em 50%
das edificações analisadas. De forma semelhante, as estratégias relacionadas aos processos
construtivos utilizados têm participação pouco expressiva: apenas 32% dos empreendimentos contam
com gestão de resíduos de construção e demolição, enquanto somente 4% deles seguem princípios de
coordenação modular.
As únicas estratégias que aparecem em maior escala (acima de 60% nos empreendimentos e nos
apartamentos) são: iluminação natural e ventilação cruzada – isto é, aquelas relacionadas a princípios
bioclimáticos de concepção projetual, que não necessariamente exigem o emprego de recursos
tecnológicos mais sofisticados. Quanto aos resíduos, também a coleta seletiva aparece com maior
expressividade (64%), porém, o tratamento de efluentes está presente em apenas 4% dos
empreendimentos e nenhum deles indicou a realização de coleta de óleo. Dessa forma, surge a hipótese de
que, para se obter uma certificação de desempenho ambiental no Brasil, nem sempre é necessário adotar
medidas sustentáveis em vários níveis.

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