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POSEAD/FGF

THIAGO FERNANDO NUNES DE SOUZA

ARQUITETURA COM SUSTENTABILIDADE


Redução da produção de resíduos na construção civil

Belo Horizonte - 2012


POSEAD/FGF

THIAGO FERNANDO NUNES DE SOUZA

ARQUITETURA COM SUSTENTABILIDADE


Redução da produção de resíduos na construção civil

Monografia apresentada a POSEAD/FGF como requisito


parcial para obtenção do título de especialista em Educação
Ambiental e Desenvolvimento Sustentável.
Nome do orientador: Juliana Martins de Mesquita Matos

Belo Horizonte - 2012


THIAGO FERNANDO NUNES DE SOUZA

ARQUITETURA COM SUSTENTABILIDADE


Redução da produção de resíduos na construção civil

Monografia apresentada a POSEAD/FGF como requisito parcial para


obtenção do título de especialista em Educação Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável.
Nome do orientador: Juliana Martins de Mesquita Matos

Aprovada em 30 de Junho de 2012


Por:

________________________________________

________________________________________

________________________________________
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade, a minha irmã por me presentear


com o curso, que compartilhou comigo o seu tão grande conhecimento em termos
de design e arquitetura, e pela sua insistência em fazer despertar ainda mais um
olhar crítico sobre o entorno, fazendo-me repensar conceitos desde arquitetura ao
design. Agradeço também ao ex-professor Alexandre Campos que, através de sua
bagagem intelectual, pôde me orientar informalmente, proporcionando um incentivo
para uma busca ainda mais aprofundada em relação ao tema.
“Uma edificação não é algo que se conclui. Uma edificação é
algo que se inicia”. (Stuart Brand, How buildings learn, 1994)
(imagem: http://www.blogdopara.com.br, acessado em 23 de Junho de 2012)
Resumo

O século XXI está vivenciando a era da sustentabilidade, que objetiva atender as


necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as futuras
gerações atenderem as suas próprias necessidades. Diante disso o período vive um
grande desafio que exigem que mudanças de paradigmas tecnológicos sejam
aceleradas visando minimizar impactos ambientais e desperdícios de recursos
naturais, e reduzir emissões e poluições. Dentre as atividades mais impactantes do
planeta temos a construção civil, que apesar de estar vivendo uma época frutífera,
com valorização dos seus profissionais e a expansão do mercado, acabou por
despertar também um aumento percentual na produção de resíduos, sendo
responsável por grande parte do consumo de recursos naturais e energéticos. O
presente trabalho busca, portanto, incentivar a diminuição da produção de resíduos
na construção civil, incentivando a preservação do meio ambiente em busca de um
desenvolvimento sustentável, assim como abordar as bases teóricas que definem o
que é uma construção sustentável, compreendendo o desenvolvimento sustentável,
e sua importância em projetos arquitetônicos.

Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável. Construção Civil. Ambiente


Construído mais sustentável. Arquitetura.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1: O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


1.1 Despertar Ecológico
1.2 Definições sobre sustentabilidade

CAPÍTULO 2: ARQUITERURA E CONSTRUÇÃO CIVIL


2.1 Arquitetura
2.2 Construção Civil
2.2 Impactos da Construção

CAPÍTULO 3: SUSTENTABILIDADE NA COSNTRUÇÃO CIVIL


3.1 Pré-condições de construções sustentáveis
3. 2 Parâmetros para uma edificação sustentável
3.3 Materiais alternativos para construção civil

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO

O meio ambiente natural sofreu diversas alterações ao longo do processo


evolutivo da humanidade, tudo isso em função da necessidade de adaptação do ser
humano a ele, como forma de sobrevivência, sendo uma das modificações mais
importante a construção de espaços edificados, como meio de abrigos, objetivando
amenizar os efeitos climáticos.
Entretanto, da mesma forma que essas edificações foram importantes para a
sobrevivência humana, lamentavelmente, ajudaram na exploração destrutiva do
meio ambiente natural. Diante dessa multiplicação dos problemas socioambientais,
surge então uma onda de conscientização ambiental, assim como um
questionamento da atual forma de relacionamento entre sociedade e natureza, e
busca pela aproximação das ciências naturais e sociais. Esse tema se torna mais
presente a partir da conferência das Nações Unidas sobre o ambiente humano, de
1972, em Estocolmo colocou a dimensão do meio ambiente na agenda internacional.
A partir disso surge o conceito de Desenvolvimento Sustentável. (STAHEL, 1994).
Diante dessa visão de Desenvolvimento Sustentável considerou-se
necessário avaliar a atividade da construção civil, buscando criar meios que a
tornem uma prática mais sustentável.
O equilíbrio na economia brasileira trouxe benefícios para a construção civil. A
ajuda governamental com programas de financiamentos da casa própria e a
preparação do país para sediar a Copa do Mundo de 2014 trouxeram para o
mercado imobiliário e construção civil índices admiráveis.
Entretanto, apesar da atividade da construção civil estar vivendo uma época
frutífera, com valorização dos seus profissionais e a expansão do mercado, acabou
por despertar também um aumento percentual na produção de resíduos, sendo
responsável por grande parte do consumo de recursos naturais e energéticos, sendo
uma das indústrias que mais impactam o ambiente.
Diante dos impactos ambientais causados pela construção civil e diante do
debate da sustentabilidade, busca-se uma conscientização e uma reflexão sobre o
preço para as futuras gerações em termos de qualidade de vida, neste sentido,
exige-se do profissional uma nova postura e busca de novas alternativas
tecnológicas para a construção. Exigindo, portanto, uma preocupação em programar
projetos voltados para a responsabilidade e sustentabilidade, buscando atender aos
vários níveis de sustentabilidade: ambiental, ecológico, espacial, cultural, político,
relacional, social, técnico e temporal.
Diante disso, o projeto arquitetônico de uma construção tem como obrigação
atender as necessidades exigidas pelo cliente em termos de funcionalidade e
abranger uma preocupação com o meio ambiente, a ponto de propor soluções
inovadoras, técnicas, que resultam em surpreendentes fatores beneficentes e
sustentáveis. O arquiteto tem condições de propor melhorias sem que seja
necessário um grande descarte de materiais, o aproveitamento do existente deve
ser mais focado que reaproveitamento.
Portanto, a construção da sustentabilidade demanda uma mudança na
mentalidade, onde deve-se compreender a responsabilidade de assumir uma
postura cooperativa com outros setores da sociedade na busca de soluções para os
desafios existentes, como a preservação dos serviços ambientais e das condições
de vida no planeta e na sociedade humana (CEBDS, 2007).
Como proposta para essa mudança na mentalidade dos profissionais, o
trabalho tem o intuito de incentivar a diminuição da produção de resíduos na
construção civil, incentivando a preservação do meio ambiente em busca de um
desenvolvimento sustentável, identificando quais os materiais mais descartados em
demolições e reformas residenciais.
De modo específico, pretende abordar as bases teóricas que definem o que é
uma construção sustentável, compreendendo o desenvolvimento sustentável, assim
como sua importância em projetos arquitetônicos.
Capítulo 1. Desenvolvimento Sustentável

1.1 Despertar Ecológico

Com a multiplicação dos problemas socioambientais, surge uma onda de


conscientização ambiental, assim como um questionamento da atual forma de
relacionamento entre sociedade e natureza, e a busca pela aproximação das
ciências naturais e sociais.
O chamado despertar ecológico que teve início no final da década de 60
pretendeu alertar a sociedade, mostrando como a condição de sobrevivência da
humanidade está atrelada as mudanças dos hábitos de consumo. Este despertar
levou a várias organizações políticas internacionais a se preocuparem com o meio
ambiente, entre elas pode-se citar: Organização das Nações Unidas (ONU), a União
Internacional para a Conservação da Natureza e seus Recursos (UICN), a World
Wide Funde For Nature (WWF), o United Nations Environment Programme (UNEP) e
o GreenPeace.(XAVIER, 2011).
A primeira inciativa em busca do despertar ecológico, surgiu através do
chamado Clube de Roma, grupo internacional composto por especialistas, fundado
em 1968, com o objetivo de alcançar e difundir o conhecimento real sobre os
problemas econômicos e do meio ambiente.
Paralelamente surgia o movimento do Ecologismo, formado por grupos
ecocentristas, chamados de neomalthusianos, estes buscavam o
ecodesenvolvimento e uma prática arquitetônica ecológica (XAVIER, 2011).
Esse tema se tornou mais presente a partir da conferência das Nações
Unidas sobre o ambiente humano, de 1972, em Estocolmo colocou a dimensão do
meio ambiente na agenda internacional. Entre suas recomendações estavam: a
condenação das experiências nucleares, a criação de uma rede mundial de
vigilância da qualidade atmosférica e proibições referentes a pesca das baleias e à
poluição marítima. A partir dessa conferência surge o Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA) (STAHEL, 1994).
Nos anos 80, o movimento do ambientalismo fundamentou todo o seu
discurso no conceito de desenvolvimento sustentável, aparecendo nos relatórios da
União Internacional para a Conservação da Natureza, sendo posteriormente
popularizada pelo chamado Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum) de 1987
(STAHEL, 1994).
No Brasil, a discursão acerca do desenvolvimento sustentável teve ênfase a
partir da realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992 no Rio de Janeiro. Este evento também
conhecido como Eco’92 foi um marco na sociedade brasileira, pois através dela o
Brasil passa a fazer parte do debate sobre sustentabilidade.
Como resultado desta conferência criou-se a Agenda 21, documento que
consigna o compromisso assumido pelos 179 países participantes da conferência,
sendo constituído como um plano de ação mundial para orientar e transformar a
sociedade. A Agenda 21 define como áreas prioritárias da Educação Ambiental a
reorientação da educação na direção do desenvolvimento sustentável, a ampliação
da conscientização pública sobre as questões ambientais, o incentivo ao
treinamento, destinado a formação e capacitação de recursos humanos para
atuarem na conservação do meio ambiente (Agenda 21).
Em 1996, ocorreu em Istambul, a Conferência das Nações Unidas sobre
Assentamentos Humanos (CNUAH), evento também conhecido como a Cúpula das
Cidades. Enfatizou a questão urbana ambiental, como princípio, e os assentamentos
humanos sustentáveis como objetivo mundial a ser alcançado. Aponta ainda os
caminhos para a construção sustentável, refletindo os compromissos com os
princípios democráticos de equidade e justiça social (XAVIER, 2011).
A partir desse contexto, todo o mundo começa a se preocupar com as
questões ambientais, surgindo com isso ações inovadoras de preservação e
conservação do meio ambiente, tendo como principal ferramenta a educação
ambiental.
A educação ambiental pode ser definida de várias formas, no capítulo 36 da
Agenda 21, é definida como o processo que busca:

“(...) desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o


meio ambiente e com os problemas que lhes são associados. Uma
população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e
compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de
soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos (...)”
(Capítulo 36 da Agenda 21).
.
Portanto, a educação ambiental deve ser um processo dinâmico, permanente,
transformador, abrangente, globalizador, contextualizador, transversal e
participativo, onde toda a sociedade, estado, país deve participar ativamente na
busca de alternativas para a redução de impactos ambientais.
Diante disso que se buscou então criar leis que regulamentam a educação
ambiental, como uma forma de conscientizar ainda mais a sociedade sobre o seu
papel enquanto sujeito ativo, capaz de transformar o ambiente, tornando-o ainda
melhor.
No Brasil, temos como a mais importante e recente lei, a Lei Federal nº 9.795,
sancionada em 27 de abril de 1999, onde institui a Política Nacional de Educação
Ambiental, nela são definidos os princípios relativos à Educação Ambiental: enfoque
holístico, democrático e participativo; concepção do meio ambiente em sua
totalidade; permanente avaliação crítica do processo educativo, entre outras
(MARCATTO, 2002).
Portanto, o desenvolvimento sustentável só pode ser compreendido a partir
de seu contexto histórico e também das leis que o fundamentam, pois é através de
todos esses aspectos que pode ser conhecido o conceito de sustentabilidade.

1.2 Definições sobre sustentabilidade

O início das ideias percursoras do desenvolvimento sustentável são


creditadas ao engenheiro florestal norte-americano, Gifford Pinchot no século XIX,
este defendia a conservação dos recursos apoiada em três princípios: o uso dos
recursos naturais pela geração presente, a preservação do desperdício e o
desenvolvimento dos recursos naturais para muitos e não para poucos cidadãos
(BERTOLUCCI, 2007).
Entretanto, o conceito de sustentabilidade surge pela primeira vez em 1713,
no Tratado Sylvicultura Oeconomica, escrito Carl von Carlowitz, que tinha como
objetivo apontar estratégias de como produzir sustentavelmente.
O conceito de desenvolvimento sustentável foi usado inicialmente pela ONU
em 1979, indicando que o desenvolvimento poderia ser um processo integral,
incluindo as dimensões culturais, éticas, políticas, sociais, ambientais e econômicas.
Mas foi apenas na década de 80 então que o termo sustentabilidade passou a ter
uso corrente, através do documento divulgado pela Comissão Mundial para o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento, documento este intitulado como “Nosso Futuro
Comum”, onde estava expressa a preocupação com o chamado desenvolvimento
social (XAVIER, 2011).
O termo Desenvolvimento Sustentável surge então como uma forma de
enfrentar a crise ecológica, sendo um modelo de desenvolvimento baseado na
conservação e na utilização racional dos recursos naturais, que tem por objetivo
atender as necessidades de hoje sem prejudicar as necessidades das gerações
futuras. É visto como uma nova filosofia que combina eficiência econômica com
justiça social e prudência ecológica, parte do princípio que os modelos atuais de
desenvolvimento tanto dos países do Norte quanto do Sul são inviáveis, pois ambos
seguem padrões de crescimento econômico não sustentável em longo prazo.
De acordo com a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, os objetivos críticos que derivam do conceito de Desenvolvimento
Sustentável são: crescimento renovável; mudança de qualidade do crescimento;
satisfação das necessidades essenciais por emprego, comida, energia, água e
saneamento básico; garantia de um nível sustentável de população; conservação e
proteção da base de recursos; reorientação da tecnologia e gerenciamento de risco;
reorientação das relações econômicas internacionais (BARONI, 1992).
O conceito de desenvolvimento sustentável está diretamente associado com o
de Educação Ambiental, pois busca promover modelos baseados na sabedoria da
utilização dos recursos, considerando a equidade e durabilidade. A educação
ambiental pode ser considerada a condição necessária entre culturas,
comportamentos diferenciados e interesses de grupos sociais para a construção das
transformações desejadas.
Os princípios básicos da educação ambiental são: enfoque humanista,
holístico, democrático e participativo; concepção do meio ambiente em sua
totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico
e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; o pluralismo de ideias e concepções
pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; a vinculação
entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; a garantia de
continuidade e permanência do processo educativo; a permanente avaliação crítica
do processo educativo; a abordagem articulada das questões ambientais locais,
regionais, nacionais e globais; o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à
diversidade individual e cultural (BRASIL, 1999).
Tem como objetivos fundamentais: o desenvolvimento de uma compreensão
integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo
aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos,
culturais e éticos; a garantia de democratização das informações ambientais; o
estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática
ambiental e social; o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e
responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente; o estímulo à
cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais,
com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada
nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social,
responsabilidade e sustentabilidade; o fomento e o fortalecimento da integração com
a ciência e a tecnologia; o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos
e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade (BRASIL, 1999).
Assim, a ideia de sustentabilidade está ligada diretamente a práticas
educativas, tendo o papel de definir limites às possibilidades de crescimento e
delinear um conjunto de iniciativas para uma sociedade mais sustentável.
Sustentabilidade é a condição ou estado que permite a sobrevivência
humana, proporcionando condições de uma vida segura, saudável e produtiva, em
harmonia com a natureza e com os valores culturais e espirituais locais. Implica
ainda uma compreensão do ser, provocando uma reflexão da maneira como cada
um pensa e age em relação a si mesmo e aos outros.
Portanto, desenvolvimento sustentável é um processo integral, onde incluem
dimensões culturais, éticas, políticas, sociais, ambientais e econômicas. Objetiva
uma discussão sobre a necessidade de uma “nova racionalidade” no processo do
desenvolvimento, voltada para novos modos de exploração dos recursos naturais,
de novos critérios de investimento, e de outro padrão técnico científico. Sua principal
preocupação é manter as condições planetárias favoráveis para a vida humana,
tanto em nível mundial, como em nível local.
1.3 Dimensões e vertentes da Sustentabilidade

A sustentabilidade consiste então na manutenção das funções e


componentes do ecossistema, assim como a capacidade do ambiente natural em
manter as condições de vida.
De acordo com Rohde (1994) a construção da sustentabilidade está baseada
nos seguintes princípios filosóficos: contingência (possibilidade ontológica do novo
não-necessário), complexidade (traz a necessidade de associar o objeto ao seu
ambiente), sistêmica (engloba a perspectiva cibernética), recursividade (põe a
organização ativa como sinônimo de reorganização permanente), conjunção (é
contraponto teórico e prático da disjunção mecânico causalista), interdisciplinaridade
(permeia todos os novos paradigmas científicos).
A partir da Conferência de Estocolmo, em 1972, foram organizadas cinco
dimensões que constroem a base do desenvolvimento sustentável, sendo elas
(OLIVEIRA, 2006):
 Sustentabilidade social: tem por objetivo construir uma civilização do ser,
com maior equidade na distribuição do ter e da renda, melhorando assim
os direitos e condições da população.
 Sustentabilidade econômica: objetivando melhorar as condições de
economia e mercados externos.
 Sustentabilidade Ecológica: objetiva o estímulo à conservação e
reciclagem de energia e recursos naturais.
 Sustentabilidade espacial: propondo uma configuração rural e urbana mais
equilibrada e melhor distribuição territorial de assentamentos humanos e
atividades econômicas.
 Sustentabilidade cultural: privilegiando processos de mudanças no seio da
continuidade cultural, respeitando a característica de cada cultura e cada
local.
Em 2002, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística lançou os
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, que apresentam um panorama
abrangente dos principais temas relacionados ao desenvolvimento sustentável no
Brasil, esse conjunto foi baseado no modelo proposto pela Comissão para o
Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (KRAMA, 2008).
Uma boa estrutura de indicadores possibilita integrar, de forma ponderada,
informações de cunho social, ecológico e econômico, com graus de importância
distintos.
A apresentação dos indicadores está organizada de acordo com as seguintes
dimensões (KRAMA, 2008):
 Dimensão Ambiental - seus indicadores estão ligados aos seguintes
temas: atmosfera, terra, água doce, oceanos e mares e áreas costeiras,
biodiversidade e saneamento.
 Dimensão social – os indicadores incluídos nessa dimensão abrangem os
temas: população, trabalho e rendimento, saúde, educação, habitação e
segurança.
 Dimensão Econômica – seus indicadores abrangem os seguintes temas:
quadro econômico e padrões de produção e consumo.
 Dimensão Institucional – essa dimensão é desdobrada nos temas: quadro
institucional e capacidade institucional.
A escolha de cada indicador reflete as situações e especificidades de cada
país, apontando ao mesmo tempo para a necessidade de produção regular de
estatísticas sobre os temas abordados.
Portanto, desenvolvimento sustentável não é apenas um conceito, engloba
muito mais, é a busca de uma prática mais humana, capaz de transformar toda a
sociedade, objetivando atingir todos os âmbitos cultural, social, econômico, espacial,
institucional, ambiental.
Capítulo 2: Arquitetura e Construção Civil

2.1 Arquitetura

A história da arquitetura está diretamente relacionada à evolução humana, ela


passa a existir quando o homem começa a construir para se proteger de predadores
e dos fenômenos naturais. Sendo possível perceber a primeira origem dos
pensamentos arquitetônicos ainda no período pré-histórico, quando foram erigidas
as primeiras construções humanas.
Entretanto, é apenas no período Moderno que a arquitetura se torna mais
visível, pois é neste período que se formula um novo estatuto da forma de edifícios e
cidades, unindo arte, funcionalidade e técnica. Porém, a partir do momento em que a
arquitetura foi condizente com a lógica do sistema, vários problemas surgiram,
como: a descaracterização e perda da identidade de centros históricos; a
concentração urbana e consequente perda da escala humana das cidades
contemporâneas, e o menosprezo das questões ambientais (XAVIER, 2011).
Etimologicamente o termo arquitetura vem da junção das palavras gregas
“arché”, que significa “primeiro” ou “principal”, e “tékton”, que possui o significado de
construção. De acordo com Costa (1995), pode-se defini-la como:

Pode-se então definir arquitetura como construção concebida com a


intenção de ordenar e organizar plasticamente o espaço, em função de uma
determinada época, de um determinado meio, de uma determinada técnica
e de um determinado programa.

A arquitetura, portanto, envolve todo o design do ambiente construído,


englobando o desenho de mobiliário, até o desenho da paisagem e da cidade. O
trabalho do arquiteto envolve toda a escala da vida do homem, desde a manual até
a urbana.
Em arquitetura, o processo de criação não possui métodos rígidos ou
universais entre profissionais. O campo projetivo arquitetônico situa-se em uma área
intermediária entre ciência e arte, o que permite múltiplas abordagens, afinal, a
arquitetura tem uma dimensão simbólica que fala à sensibilidade, uma dimensão
utilitária, e uma dimensão tecnológica.
A atuação dos arquitetos tem função estratégica, quer na concepção de
edifícios e sistemas mais eficientes, quer na influência que exercem para persuadir
os clientes a aceitarem as soluções inovadoras, de alta eficiência.
Cabe ao arquiteto, portanto, elaborar um projeto de arquitetura sustentável,
desenvolvendo soluções que visam maior eficiência na utilização dos recursos
naturais, contribuindo para o desenvolvimento de um ambiente urbano saudável e
diminuindo o impacto ambiental.
Nesse sentido, a União Internacional dos Arquitetos publicou medidas com
relação a atividades dos arquitetos em nível mundial, objetivando humanizar o
processo de planejamento (OLIVEIRA, 2006):
 Entender o ambiente construído para além do conceito de abrigo, incluindo
neste novo entendimento, problemas relacionados com o consumo de
energia, manutenção e reuso de resíduos, distribuição de alimentos,
consumo e tratamento de água, saúde, educação e comércio;
 Redução de processos construtivos que causam impactos negativos sobre
o meio ambiente;
 Implementação de reuso e reciclagem de materiais construtivos;
 Estimular a criação de comunidades autossuficientes para reduzir custos;
 O retorno para métodos tradicionais de design que minimizem o consumo
de energia e de recursos naturais;
 Encorajamento da participação comunitária nos processos do projeto;
 Envolvimento das Agências das Nações Unidas para dar suporte ao
acesso de energia urbana, alimentação, produção de comida e de água
potável, manutenção das florestas e da vida selvagem.
As Nações Unidas apontaram as seguintes estratégias sustentáveis para o
design de componentes de construção e projetos de edifícios (OLIVEIRA, 2006):
 Uso de menos materiais, especialmente aqueles de alta energia;
 Optar por materiais de baixa energia;
 Projetar edifícios de baixa altura;
 Optar por materiais de descarte ou reciclados, ou materiais que
incorporem qualquer destes;
 Projetar edifícios com longa durabilidade;
 Projetar edifícios levando em conta a reciclagem de seus materiais;
 Especificar materiais que possam ser encontrados em locais próximos a
obra e que tenham baixo custo de transporte;
 O uso de sistemas de energia mais eficientes e menos poluentes;
 Uso de sistemas de coleta e tratamento de água para reduzir a demanda
do sistema público e proporcionar o uso racional de água;
 O uso de sistemas de automação e monitoramento inteligentes, visando a
otimização e eficiência das instalações;
 Cuidado da preservação do local e seu entorno;
 Uso de sistemas para redução da formação de lixo.
Portanto, uma arquitetura sustentável se baseia na junção das forças sociais,
ecológicas e econômicas para seu melhor funcionamento enquanto atividade que
prioriza o desenvolvimento sustentável.

2.2 Construções Civis

Construção civil é a construção, a demolição, a reforma, a ampliação de


edificação ou qualquer outra benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo. De acordo
com o Ministério da Educação (2000), a área da educação civil abrange todas as
atividades de produção de obras, estando incluídas as atividades referentes:

Às funções planejamento e projeto, execução e manutenção e restauração


de obras em diferentes segmentos, tais como edifícios, estradas, portos,
aeroportos, canais de navegação, túneis, instalações prediais, obras de
saneamento, de fundações e de terra em geral, estando excluídas as
atividades relacionadas as operações, tais como a operação e o
gerenciamento de sistema de transporte, a operação de estações de
tratamento de água, de barragens, etc. (p.9)

A construção civil é dividida nas seguintes fases: planejamento e projeto,


momento em que o técnico obtém as informações cadastrais, técnicas e de custos,
que irão subsidiar o projeto; execução, o técnico implanta e gerencia o canteiro de
obras; manutenção e restauração, o técnico atua na execução de restaurações
arquitetônicas e estruturais. Dentre os técnicos participam arquitetos e engenheiros
civis.
A construção civil está presente em todas as regiões do planeta ocupadas
pelo homem, na cidade ou no campo e até mesmo entre povos da floresta. De
maneira geral o impacto ambiental da construção civil é proporcional a sua tarefa
social.
É um dos setores que mais consome material em todas as sociedades, e a
transformação destes materiais brutos em bens e muitas vezes a necessidade
transportar os materiais por longas distâncias exige uma quantidade adicional de
recursos, ocasionando cargas ambientais significativas. Em função disso, o setor é
também responsável pelo consumo de parte significativa de energia, água e pela
geração de poluentes.

2.3 Impactos da Construção

A partir de meados do século XX, é perceptível um aumento na preocupação


com os impactos negativos do atual modelo de desenvolvimento, e uma grande
preocupação se encontra no setor da construção civil, por ser um dos setores que
mais impactam o ambiente de forma negativa.
Os impactos gerados por essas construções já se iniciam desde a fabricação
dos materiais de construção e cessam apenas com a demolição do edifício e
descarte correto dos seus materiais.
O ponto de partida para se avaliar os impactos ambientais de uma construção
são: a quantidade de energia despendida durante a manutenção de uma edificação
e a quantia de emissão de gases do efeito estufa.
De acordo com Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, a construção
civil trouxe muitos impactos ambientais, dentre eles destacam-se:

a quantidade de resíduos de construção e demolição que é estimada em


torno de 450 kg/hab.ano ou cerca de 80 milhões de toneladas por ano,
impactando o ambiente urbano e as finanças municipais; os canteiros de
obras são geradoras de poeira e ruído e causam erosões que prejudicam os
sistemas de drenagem; a construção causa a diminuição da permeabilidade
do solo, mudando o regime de drenagem, causando enchentes e reduzindo
as reservas de água subterrânea; a operação de edifícios no Brasil é
responsável por cerca de 18% do consumo total de energia do país e por
cerca de 50% do consumo de energia elétrica; os edifícios brasileiros
gastam 21% da água consumida no país, sendo boa parte desperdiçada;
poluição ambiental.

Portanto, como ficou perceptível a construção civil traz grandes impactos ao


ambiente. De acordo com John (2000) a construção civil consome entre 14% e 50%
dos recursos naturais extraídos no planeta, sendo esta ainda uma das maiores
geradoras de resíduos, estimando que no Brasil as atividades de canteiro de obras
são responsáveis por aproximadamente 50% dos resíduos de construção e
demolição.
Além disso, o macro complexo da construção civil também é um gerador de
poluição ambiental, as atividades de canteiro geram poluição sonora e material
particulado respirável. Contudo, além da poluição do ar externo, a construção civil é
responsável pela criação de ambientes interiores poluídos, sendo esses poluentes:
compostos orgânicos voláteis, microrganismo patogênicos, poeiras, partículas e
fibras, radônio (JOHN, 2000).
Portanto, a cadeia produtiva da construção civil é provavelmente uma das
maiores da economia e consequentemente possui enorme impacto ambiental. É a
principal consumidora de matérias primas da economia, uma das maiores geradoras
de resíduos, energia e também colabora significamente com a poluição ambiental.
Capítulo 3: Sustentabilidade na Construção Civil

3.1 Pré-condições de construções sustentáveis

No início deste século, em todas as áreas, adotar uma postura que privilegie
as questões ambientais tornou-se um imperativo mundial, e como os impactos
gerados pela atividade da construção civil são muito significativos, a questão da
sustentabilidade ganha relevância também neste contexto. A forma pela qual os
arquitetos tratam esta problemática, desde a concepção do projeto até a sua
implementação reflete-se diretamente na produção do ambiente construído mais
sustentável.
A arquitetura sustentável surge então com o objetivo de sobreviver através da
cooperação com a natureza, e para construir abrigos de acordo com os princípios
ecológicos. De acordo com a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura
(AsBEA) e o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), estes seriam
os princípios de uma arquitetura sustentável:
 Aproveitamento das condições naturais locais;
 Utilizar o mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural;
 Implantação e análise do entorno;
 Não provocar ou reduzir impactos no entorno;
 Qualidade ambiental interna e externa;
 Gestão sustentável da implantação da obra;
 Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários;
 Uso de matérias prima que contribuam com a eco eficiência do processo;
 Redução do consumo e energético e de água;
 Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos;
 Introduzir inovações tecnológicas;
 Conscientização dos envolvidos no processo.
A incorporação de práticas sustentáveis na Construção Civil é uma tendência
crescente no mercado, pois, diferentes agentes, tais como, governo, investidores e
associações, estimulam e pressionam o setor da construção a incorporar essas
práticas em suas atividades.
Entretanto, para se obter uma construção sustentável é necessário antes de
tudo capacitar recursos humanos sob o enfoque do desenvolvimento sustentável, é
necessário profissionais com melhor conhecimento do meio ambiente, que haja uma
educação ambiental orientada em áreas como materiais de construção e sistemas
de construção.
Além disso, os empreendimentos dessa área exigem uma ação conectada de
todas as partes envolvidas na criação e utilização do meio construído. Os clientes
precisam estar a procura de um ambiente construído mais sustentável; os
profissionais precisam adotar e promover práticas sustentáveis; a indústria da
construção civil precisa seguir os processos de construção civil; e os órgãos
reguladores devem incentivar, capacitar e reforçar a construção sustentável
(XAVIER, 2011).
Para tanto, as empresas devem mudar sua forma de produzir e gerir suas
obras, buscando em cada obra soluções sustentáveis, sendo necessários para isso
os seguintes requisitos básicos: adequação ambiental, viabilidade econômica, justiça
social e aceitação cultural (CORRÊA, 2009).
De acordo com o Conselho Brasileiro de Construção Civil (CBCS), são
princípios básicos da construção sustentável os seguintes itens:

aproveitamento de condições naturais locais; utilizar mínimo de terreno e


integrar-se ao ambiente natural; implantação e análise do entorno; não
provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e
concentração de calor, sensação de bem-estar; qualidade ambiental interna
e externa; gestão sustentável da implantação da obra; adaptar-se às
necessidades atuais e futuras dos usuários; uso de matérias-primas que
contribuam com a eco eficiência do processo; redução do consumo
energético; redução do consumo de água; reduzir, reutilizar, reciclar e
dispor corretamente os resíduos sólidos; introduzir inovações tecnológicas
sempre que possível e viável; educação ambiental: conscientização dos
envolvidos no processo.

Portanto, construções sustentáveis não somente representam menor impacto


ambiental e redução de uso de energia e água, mas também melhor qualidade de
vida aos seus usuários.
Pois a promoção da sustentabilidade na construção civil é um fator chave
para enfrentar os desafios como: disponibilidade dos recursos finitos, degradação
ecológica e as alterações climáticas. Uma vez que mais do que uma arquitetura
sustentável, busca-se na realidade cidades sustentáveis, marcadas por melhores
condições de vida, realizadas em um ambiente construído de qualidade.

3.2 Parâmetros para uma edificação sustentável

Planejar o ciclo de vida de uma edificação era uma preocupação que até
pouco tempo não se priorizava ao projetar um empreendimento, entretanto, com os
novos conceitos surgidos como desenvolvimento sustentável, hoje se tornou grande
a preocupação com as construções para que estas causem menos impacto
ambiental.
Diante disso, usa-se como ferramenta básica para se identificar o estado e as
necessidades gerais de uma obra que se pretende ser sustentável a chamada
Análise do Ciclo de Vida (ACV), que nasceu a partir da preocupação da racionalizar
a fatura energética dos edifícios (LIBRELOTTO; JALALI, 2008).
Esta análise tem sido aceita como a única base legítima sobre a qual comprar
materiais, tecnologias, componentes e serviços utilizados ou prestados. Na
avaliação, o local onde será erguida uma obra tem peso relevante, em função do
terreno, das condições climáticas a que estará exposta e do impacto que irá causar
no entorno.
A ACV é dividida em quatro etapas: objetivo e escopo, nesta etapa é
estabelecida a fase em que a obra será analisada; análise do inventário, que inclui
os recursos naturais, materiais e energéticos utilizados; avaliação de impacto; e
interpretação (XAVIER, 2011).
As Normas ISO 14000 incorporam a Análise do Ciclo de Vida, e através de
seu Comitê Técnico é dado o conceito de obra sustentável:

Edificação sustentável é aquela que pode manter moderadamente ou


melhorar a qualidade de vida e harmonizar-se com o clima, a tradição, a
cultura e o ambiente na região, ao mesmo tempo em que conserva a
energia e os recursos, recicla materiais e reduz as substâncias perigosas
dentro da capacidade dos ecossistemas locais e globais, ao longo do ciclo
de vida do edifício. (ISSO/TC 59/SC3 N 459)
No Brasil, existem dois tipos de sistema de certificação: o LEED Brasil,
formado por profissionais comprometidos com a interpretação e adaptação do
modelo americano para uma ferramenta direcionada para o mercado nacional;
Processo AQUA - Alta qualidade ambiental, processo de gestão de projeto que visa
obter a qualidade ambiental de um empreendimento de construção ou de
reabilitação (XAVIER, 2011).
Ao se buscar uma edificação mais sustentável, vários benefícios são
alcançados, como: benefícios econômicos, sociais, e ambientais. E como uma
melhor prática de uma construção sustentável é necessário ter por base o seguinte
critério: reduzir – reutilizar – reciclar.
Reduzir seria o processo de diminuir a quantidade de resíduos, o que leva
também a redução do lixo gerado por ele.
Reutilizar consiste no aproveitamento de produtos sem que estes sofram
quaisquer tipos de alterações ou processamentos complexos.
Reciclar se baseia na reintrodução, no processo produtivo, dos resíduos para
que estes possam ser reelaborados. A reciclagem é necessária em duas ocasiões:
quando há uma demolição ou na própria construção.
De acordo com Corrêa (2009), a edificação sustentável se baseia nos
seguintes parâmetros:
 Redução do desperdício: objetiva o aumento da vida útil do edifício,
especificando materiais adequados e minimizando desperdícios de insumos
advindos da obra.
 Conservação e reabilitação de edifícios antigos: a melhor maneira de reduzir
desperdícios advindos de uma demolição é evitar que ela ocorra, ao
perpetuar o uso do edifício.
 Reciclagem: visa a redução do uso de recursos naturais e permanência da
matéria prima no processo de produção.
 Reutilização de materiais na construção civil.
A moderna construção sustentável deve, portanto, visar sua autossuficiência
e até sua auto sustentabilidade, ou seja, deve possuir a capacidade de manter-se a
si mesmo, atendendo suas próprias necessidades, gerenciando e reciclando seus
próprios recursos.
3.3 Materiais alternativos para construção civil

A escolha de produtos e materiais para uma obra sustentável deve obedecer


a critérios como: a origem da matéria prima, extração, processamento, gastos com
energia para transformação, emissão de poluentes, biocompatibilidade, durabilidade,
qualidade, dentre outros. Esses critérios devem priorizar materiais que permita
classificá-los como sustentáveis e que levem a elevar o padrão da obra, bem como
melhorar a qualidade de vida de seus usuários (CÔRREA, 2009).
Os materiais construtivos alternativos têm grande importância para a
diminuição da produção de resíduos sólidos despejados nos grandes aterros. A
utilização de objetos descartados pela sua verdadeira função traz um novo sentido a
partir de um olhar inovador em relação ao material.
A reciclagem de resíduos apresenta várias vantagens potenciais do ponto de
vista da sustentabilidade: preservação dos recursos naturais, redução do consumo
energético, redução da poluição emitida para a fabricação de um mesmo produto,
geração de empregos e aumenta a competitividade da economia, permite um
aumento da durabilidade da construção em determinadas situações, e pode reduzir
os custos da proteção ambiental (JOHN, 2000).
Diante disso são propostos alguns materiais alternativos para a construção
civil.

 GARRAFAS PET
Um grande exemplo de reutilização de material descartado é o
reaproveitamento dos pets antes mesmo de passarem pelo processo de reciclagem.
A substituição dos tijolos convencionais por pets cheios de areia ou terra trazem
para arquitetura sensações inovadoras e extremamente ecológicas.
Figura 1: Casa construída na Bolívia, fonte: http://www.dicasverdes.com acessado em: 21 de
maio de 2012.

Figura 2: Casa construída na Bolívia, fonte: http://www.dicasverdes.com acessado em: 21 de


maio de 2012.
Figura 3: Casa construída na Bolívia, fonte: http://www.dicasverdes.com acessado em: 21 de
maio de 2012.

Figura 4: Casa construída na Bolívia, fonte: http://www.dicasverdes.com acessado em: 21 de


maio de 2012.
 GARRAFAS DE VIDRO

As garrafas de vidro também se tornam materiais construtivos na condição de


translúcidos substituindo o efeito dos tijolos de vidro. A mudança de uso da garrafa
faz com que o projeto arquitetônico se inova e torna-o mais sustentável.

Figura 5: Templo construído com garrafas de vidro na Tailândia. Fonte: http://crianca.ig.com.br


acessado em: 22 de maio de 2012.

Figura 6: Templo construído com garrafas de vidro na Tailândia. Fonte: http://crianca.ig.com.br


acessado em: 22 de maio de 2012.
Figura 7: Templo construído com garrafas de vidro na Tailândia. Fonte:
http://crianca.ig.com.br acessado em: 22 de maio de 2012.

Figura 8: Efeito das garrafas com iluminação natural. Fonte: http://construindo-


possibilidades.blogspot.com.br acessado em 22 de maio de 2012.
 PNEUS
Os pneus de carros descartados ganham uma nova possibilidade de uso
quando utilizados na construção civil. A sua resistência e durabilidade possibilita ser
empregados como muros de arrimos e como canteiros de jardins.

Figura 9: Muro de Arrimo com Pneus. Fonte:


www.4shared.com/photo/dtG3XXgB/muro_de_arrimo_com_pneus.html, acessado em 25 de
maio de 2012.

Figura 10: Canteiro de Jardim com pneus. Fonte:http://katiadecarvalho.blogspot.com.br,


acessado em 25 de maio de 2012.
 TIJOLOS ECOLÓGICOS
Os tijolos solo-cimento, também conhecido como tijolos ecológicos tem como
principal característica a formação sem que seja levado ao forno para queima, logo
não proporcionam agressão ao ecossistema.
Esses tijolos seguem o mesmo processo de utilização na obra, seu formato
equivale ao tijolo maciço (rapadura ou tijolinho).

Figura 11: Tijolo Ecológico. Fonte: www.ecoproducao.com.br acessado em 25 de maio de


2012.

Figura 12: Casa com tijolo ecológico. Fonte: www.ecoproducao.com.br acessado em 25 de


maio de 2012.
 TELHAS ECOLÓGICAS
As telhas desenvolvidas com materiais reciclados é também uma opção de
material ecológico que pode fazer parte de uma obra convencional. As telhas
ecológicas apresentam alta flexibilidade e resistência, proporcionam menores
temperaturas (50% a menos do que a temperatura das telhas convencionais).

Figura 13: Telha Ecológica. Fonte: www.alluse.com.br/#/telhas/. Acessado em 05 de junho de


2012.
Considerações Finais

A forma inadequada como o ser humano se relaciona com o meio que o


rodeia está presente em todos os lugares, produzindo demasiados resíduos e
poluição, consumindo recursos naturais em excesso e criando situações de
segregação e exclusão social.
Diante disso surge o despertar ecológico, movimentos, leis, conferências, e
demais atividades todas com o intuito de buscar um mundo mais sustentável.
Com isso o paradigma do desenvolvimento sustentável vem se consolidando
como uma referência fundamental para orientar todas as atividades humanas,
inclusive no âmbito da arquitetura, mais especificamente das construções civis.
Como foi ponderado, toda arquitetura, toda construção, implica em um
consumo energético importante: extração e fabricação dos materiais, energia
humana, animal, de máquinas (transportes, fornos, explosivos, guindastes...), sendo
uma das atividades que mais causam impacto ambiental, devido ao fato de ser a
maior consumidora de matérias primas naturais e maior geradora de resíduos da
sociedade.
Entretanto, com toda essa “onda verde”, adotar uma postura que privilegie as
questões ambientais se tornou um imperativo. A busca por profissionais,
capacitados para uma atuação mais sustentável, e pela conscientização de toda a
sociedade sobre desenvolvimento sustentável tornou-se a prioridade do momento.
Diante disso, considera-se importante uma mudança na mentalidade em
relação ao desenvolvimento, para que se atinja dessa forma uma visão de
sustentabilidade.
O processo de educação ambiental deve então fazer valer-se de forma mais
ativa, levando a sociedade a reflexão, o conhecimento e a prática de estratégias
aplicadas em direção ao desenvolvimento sustentável. Deve despertar a
preocupação ética ambientalista, modificando valores e atitudes.
É necessário conscientizar toda a sociedade, inclusive arquitetos, que para se
alcançar uma sociedade global sustentável é imprescindível a mudança de hábitos
como poluir menos, consumir somente o que for ecologicamente correto, reduzir o
consumo de bens, reutilizar, aumentar a vida útil dos produtos através da
reciclagem.
Sabendo que a sustentabilidade não é uma tendência, mas sim um novo
paradigma de desenvolvimento, todos os profissionais devem se adequar, criando
novas condições sustentáveis para fundamentar seus projetos, tendo a
responsabilidade de se projetar edificações que causem o menor impacto possível
ao meio ambiente, que promovam ganhos sociais, econômicos e que gerem
resgates culturais.
E dentre essas novas formas no âmbito da arquitetura, uma das mais
importantes é a reciclagem de resíduos, pois essa traz vantagens como:
preservação dos recursos naturais, economia de energia, redução do volume de
aterros, redução da poluição, geração de empregos, redução do custo do controle
ambiental pelas indústrias, aumento da durabilidade.
Portanto, é necessário que se demonstre uma ética ambiental nas
construções civis, é necessário adotar projetos sustentáveis, para dessa forma o
profissional e toda a sociedade possa contribuir para a redução, reutilização e
reciclagem dos recursos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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Desenvolvimento. 1992.

BARONI, Margaret. Ambiguidades e deficiências do conceito de


desenvolvimento sustentável. São Paulo: Revista de Administração de Empresas,
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Planejamento urbano e regional: ensaios acadêmicos da CAUFAG em 2007.
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http://www.cbcs.org.br. Acesso em 2012.

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Disponível em: http://www.cebds.org.br, Acesso em 2012.

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uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995.

CORRÊA, Lásaro Roberto. Sustentabilidade na construção civil. Belo Horizonte:


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KRAMA, Márcia Regina. Análise dos indicadores de desenvolvimento


sustentável no Brasil, usando a ferramenta painel da sustentabilidade. Curitiba:
Pontifícia Universidade Católica, 2008.

LIBRELOTTO, Diógenes; JALALI, Said. Aplicação de uma ferramenta de análise


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MARCATTO, Celso. Educação ambiental: conceitos e princípio. Belo Horizonte:


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OLIVEIRA, Thaisa Francis C. S. de. Sustentabilidade e arquitetura: uma reflexão
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Desenvolvimento e Natureza: Estudos para uma sociedade sustentável.
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STAHEL, Andri Werner. Capitalismo e entropia: os aspectos ideológicos de uma


contradição e a busca de alternativas sustentáveis. In: Desenvolvimento e
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Educação, Governo Federal. Recife, 1994.

XAVIER, Silvia Pedroso. Temática da sustentabilidade no ensino de graduação


em arquitetura e urbanismo: estudo de caso das experiências de três instituições
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