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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 4
2 PSICOLOGIA DO ESPORTE: CIÊNCIA DO ESPORTE E UMA
ESPECIALIDADE DA PSICOLOGIA .............................................................. 5
3 ESPORTE COMO FENÔMENO MODERNO E SOCIAL ................................ 8
4 INDÍCIOS DE SURGIMENTO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE NO MUNDO
9
5 PERCURSO HISTÓRICO NO BRASIL ........................................................ 12
6 PSICOLOGIA NA ATUALIDADE E CAMPOS DE ATUAÇÃO ...................... 17
7 AVALIAÇÃO APLICADA AO ESPORTE ...................................................... 20
8 ORGANIZAÇÃO ESPORTIVA E DE EVENTOS .......................................... 32
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 45
APRESENTAÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!
1 INTRODUÇÃO

Fonte: https://www.psicologosberrini.com.br/

O caminho para o conhecimento psicológico no meio científico é sempre árduo


devido à diversidade e especificidade dos temas de pesquisa que a psicologia se
propôs a pesquisar e à complexidade dos movimentos humanos. A capacidade da
psicologia de estar presente em diferentes contextos sociais permite o surgimento de
novas práticas psicológicas, como a psicologia do risco e desastre, a psicologia e as
políticas públicas, pois ações recentes ainda estão em processo de constituição de
teoria e metodologia.
No entanto, várias referências como a publicação do Conselho Federal de
Psicologia (CFP), "O Psicólogo Brasileiro" e autores como Rubio (1999), Vieira,
Vissoci e Oliveira (2010) são recursos para estudos sobre o assunto, considerado nas
publicações a psicologia do esporte como um campo emergente. O processo de
formação da psicologia do esporte no Brasil acompanhou o percurso histórico da
psicologia brasileira, desde as primeiras décadas do século XX, mas agora não
aparece mais, pois quase um século depois, está se configurando como um campo
de atuação diversificado para o psicólogo legalizado como especialidade pelo
Conselho Federal de Psicologia em 2000.
Para além dos desafios e avanços que a psicologia do desporto ainda tem no
seu percurso, importa destacar que este título, no âmbito da profissão dos seus órgãos
reguladores, “[...] embora não constitua condição obrigatória para exercício
4
profissional, atesta o reconhecimento da atuação da psicologia ou do psicólogo à
determinada área da especialidade, qualificando a formação do profissional.” (CFP,
2017, p.1).
Para que tais atividades profissionais sejam conscientemente estabelecidas em
seus aspectos teóricos e metodológicos e sejam reconhecidas pela sociedade, é
necessário um processo de construção e desenvolvimento com participação de
pessoas, eventos e outros campos do conhecimento. Tais ações podem ser vistas
como emergentes para a construção da psicologia esportiva.

2 PSICOLOGIA DO ESPORTE: CIÊNCIA DO ESPORTE E UMA


ESPECIALIDADE DA PSICOLOGIA

Fonte: https://www.treinus.com.br/

A Psicologia no Brasil foi moldada como área de conhecimento regulamentada


em 1962, pela Lei nº .119 (1962), com a formação das Universidades de Psicologia
pelo Conselho Nacional de Educação, sancionada oficialmente o Decreto nº 03/1962.
Desde o final do século XIX porém, para Massimi (2006, apud Conde et al. 2019),
existem importantes registros de conteúdos psicológicos em diversos campos no país,
ainda que servindo a outros saberes como disciplina em cursos como medicina,
educação física, pedagogia, etc.

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Desde as primeiras décadas do século XX, os saberes psicológicos, a partir de
diferentes práticas e interfaces, foram sendo paulatinamente consolidados por
personalidades de diversas áreas do conhecimento, sendo a psicologia do esporte
considerada como exemplo primeiro como psicologia do esporte e depois como
psicologia do desporto. Devido à sua ampla gama de atividades, agora também é
conhecido como psicologia do esporte e do exercício.
Os fenômenos psicológicos e seus conteúdos teóricos são primeiramente
assimilados pelas disciplinas aplicadas neste contexto antes de serem incorporados
como prática psi, porém, surgem dificuldades teóricas, metodológicas e
interdisciplinares, uma vez que o psicólogo neste contexto está inserido em um
contexto já definido, enquanto o universo esportivo é formado por profissionais de uma
outra área, que no caso é da educação física.
Dessa inserção teórica surgiu posteriormente a necessidade de adquirir novos
conhecimentos para além da psicologia e sua compreensão da subjetividade, as
chamadas ciências do esporte, juntamente com a antropologia, filosofia, sociologia,
medicina, fisiologia e biomecânica do esporte.
Embora seus indícios de surgimento no Brasil datem nas primeiras décadas do
século XX, como aponta Carvalho (2012) e Carvalho e Jaco-Vilela (2009), só em 2001,
a Psicologia do Esporte se legitima como prática profissional e especialidade do saber
psicológico conforme a Resolução CFP nº 1 (2000). Para Degani-Carneiro (2014) esse
processo não ocorreria se já não houvesse um movimento anterior de uma categoria
profissional emergente. (apud, Conde et al. 2019). A referida solução apresenta a
atuação do psicólogo do esporte.

[...] voltada tanto para o esporte de alto rendimento, ajudando atletas,


técnicos e comissões técnicas a fazerem uso de princípios psicológicos para
alcançar um nível ótimo de saúde mental, maximizar rendimento e otimizar a
performance, [...]. Estuda, identifica e compreende teorias e técnicas
psicológicas que podem ser aplicadas ao contexto do esporte e do exercício
físico, tanto em nível individual - o atleta ou indivíduo praticante – como grupal
– equipes esportivas ou de praticantes de atividade física [...] Sua atuação é
tanto diagnóstica, desenvolvendo e aplicando instrumentos para
determinação de perfil individual e coletivo, [...] quanto interventiva atuando
diretamente na transformação de padrões de comportamento, interferem na
prática da atividade física regular e/ou competitiva. Realiza estudos e
pesquisas individualmente ou em equipe multidisciplinar, observando o
contexto da atividade esportiva competitiva e não competitiva, a fim de
conhecer elementos do comportamento do atleta, comissão técnica,
dirigentes e torcidas; [...] elabora e participa de programas e estudos de
atividades esportivas educacionais, de lazer e de reabilitação, orientando a
efetivação do esporte não competitivo de caráter profilático e recreacional,

6
para conseguir o bem-estar e qualidade de vida dos indivíduos. [...]. (CFP,
2007, p. 20).

Além dos objetivos esportivos mencionados acima, como iniciação esportiva,


reabilitação, lazer e esporte recreativo ou competitivo, a atuação do psicólogo do
esporte também inclui o atendimento da pessoa fisicamente ativa, independentemente
de sua faixa etária ou esporte.
Essa vasta área de atuação da psicologia do esporte beneficia a existência das
diversas definições como mencionam Rodrigues e Azzi (2007) na obra Trilhando
caminhos em busca de iniciação na área. Para Federação Europeia de Psicologia do
Esporte (FEPSAC) a psicologia do esporte compreende “[...] os fundamentos
psicológicos, processos e consequências da regulação psicológica de atividades
relacionadas com o esporte de uma ou várias pessoas atuando como sujeito da
atividade. [...] ”. (p. 23).
Os autores Weinberg e Gould (2008) nomeiam como Psicologia do Esporte e
do Exercício afirmando que “[...] é o estudo científico de pessoas e seus
comportamentos em atividades esportivas e atividades físicas e a aplicação desse
conhecimento [...]”. (p. 28). Barreto (2003) e Samulski (2002) também compartilham
dessa ideia, para citar algumas publicações precursoras. Contudo, além da
perspectiva competitiva e de alto rendimento esportivo, a PE contempla também a
iniciação esportiva, as atividades físicas em geral, assim como as atividades em tempo
livre e de reabilitação. (Rubio, 2003).
Nas definições apresentadas, aponta-se que a inserção da psicologia no
cenário esportivo não exige uma interface entre as teorias psicológicas e os
fenômenos com a atividade física e a prática esportiva em geral.

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3 ESPORTE COMO FENÔMENO MODERNO E SOCIAL

Fonte: https://consultoriasquadra.com.br/

É claro que os tempos modernos trazem mudanças e novos padrões sociais,


nesse sentido o esporte não está excluído nessas transformações, mas para melhor
compreender a inserção da psicologia no universo esportivo é importante considerar
a perspectiva sociológica do esporte como considerado um fenômeno da sociedade
ocidental moderna.
Na passagem do século XVIII para o século XIX, a função do esporte era de
trazer entretenimento e satisfação as pessoas e manter seus impulsos sob controle.
Para Capraro (2009), a sociedade europeia, usava do esporte para se ter um controle
rígido de violência por meio da competitividade e da rivalidade legalizada e
regulamentada, além de servir como autocontrole, por ser um dos fatores essenciais
ao fortalecimento de uma nação e identidade nacional.
Além de uma atividade de lazer, o esporte ganhou potencial representativo em
diversas nações europeias, incluindo a possibilidade de superioridade racial, haja vista
os Jogos Olímpicos de Berlim (1936) (Capraro, 2009).
Para o historiador inglês Hobsbawn (1990), a rivalidade existente entre povos
e as disputas regulares, eram como um alívio, ou pode se dizer, uma válvula de

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escape para todas as tensões dos grupos. Assim, “o esporte como um espetáculo de
massa foi transformado numa sucessão infindável de contendas, onde digladiavam
pessoas e times simbolizando Estados-nações, o que hoje faz parte da vida global.”
(p. 170).
Modalidades nesse formato se destacavam de maneira rápida, como por
exemplo, o futebol, onde é visível a grande diferença de classes sociais presente, mas
o historiador chama a atenção para o fato de que existem demais elementos
socioculturais para serem pensados além do aspecto econômico. Os autores Elias e
Dunning (1990), destacam que o esporte como o entendemos hoje é diferente das
atividades físicas que existiam no passado, como a caça e a pesca, que garantiam a
sobrevivência, os Jogos Gregos e Romanos, entre outras práticas onde não existia o
rígido controle das regras, com a chegada das regras era preciso fiscalizá-las, o
cenário moderno criou então, a necessidade de institucionalizar as práticas esportivas.

Assim, o acordo sobre as regras e condutas sociais relacionadas ao esporte


necessitava de uma entidade soberana que pudesse exercer fiscalização e
cumprimento de todas as regras e normas, surgindo nesse momento os
árbitros e fiscais. (Capraro, 2009, p. 20).

É dessa maneira, da Era Moderna que a psicologia brasileira se forma como


disciplina autônoma e se inclui em diferentes saberes. Na área da prática de esportes,
os acontecimentos psicológicos que estão presentes nas ações da atividade física e
da prática de esporte, fazem com que a psicologia seja cada vez mais próxima da
educação física.
Portanto, a psicologia do esporte considerada como especialização do saber
psicológico, demonstra mais uma faceta da modernidade, em que o individualista se
mantém mediante um confronto de demandas externas, impostas à pessoa como o
controle do corpo, resultados do rendimento, a superação dos limites, etc., às
necessidades e limites internos.

4 INDÍCIOS DE SURGIMENTO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE NO MUNDO

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Fonte: https://futebolinterativo.com/

Mundialmente, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, esse campo de


atuação mostra sinais de seu surgimento no final do século XIX, com destaque para
os estudos norte-americanos, que ganharam importância devido à sua ampla
divulgação e maior acesso aos estudos privilegiados por seus pesquisadores após
Rubio (2000) e Weinberg e Gould (2008) e os primeiros registros da psicologia do
esporte norte-americana que datam de 1890. São os estudos sobre o ciclismo de
Norman Triplett, psicólogo da Universidade de Indiana e pesquisador das motivações
que levaram os ciclistas a treinarem em grupo e apresentarem melhor desempenho
do que aqueles que treinavam sozinhos, tais estudos parecem ter precedido o
surgimento do Movimento Olímpico em 1896 que foi criado com o objetivo de
promover a paz entre os povos através do esporte.
No cenário norte-americano nos anos 1920 e 1930, Coleman Griffith (1893 –
1966) também se destacou por sua atuação na psicologia do esporte. Publicou
diversos artigos e livros voltados à temática – Psicologia de Técnicos (1926),
Psicologia de Atletas (1928) – e direcionou o primeiro laboratório de investigação em
atletismo na Universidade de Illinois, onde também criou, em 1925, o primeiro curso
de psicologia do esporte. (GREENN, 2003).
A psicologia voltada para o esporte na ex-União Soviética recebeu todo o apoio
do governo da época pela relevância que dava aos resultados esportivos, pois
utilizava indicadores de comparação entre as potências capitalista e comunista e
incentivava atividades de seleção, treinamento e preparação de atletas para testes de
alta performance realizados por psicólogos locais.

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Entre as décadas de 20 a 50 outros médicos russos, Avksenty Cezarevich
Puni (1898 – 1986) e Peter Rudik, foram responsáveis pela inclusão da
disciplina de psicologia do esporte nos cursos de educação física daquele
país, além de organizarem eventos e publicações na área, paralelamente à
criação dos Institutos para a Cultura Física de Moscou e Leningrado –
considerados o marco inicial da Psicologia do Esporte na antiga União
Soviética (RODRIGUES, 2006).

Demais países, surgiram neste contexto, a Itália por exemplo que em 1965 se
sedia em Roma o primeiro Congresso Mundial de Psicologia do Esporte, o que levou
a criação da International Society of Sport Psychology (ISSP), isso ocorreu no mesmo
ano, com intuito de promover e espalhar informações referentes à psicologia do
esporte por todo mundo. Nos EUA, Rubio (2000), diz que em 1968, a Sociedade
Americana para Psicologia do Esporte e da Atividade Física (NASPSPA) foi criada, e
no ano de 1985, veio a Associação para o Avanço da Psicologia do Esporte Aplicada
(AAASP), com objetivo de promover o trabalho das instituições ligadas à área. Vieira
et al. (2010), ainda acrescentam que no ano de 1986, foi formada a American
Psychological Association (APA) a division 47 (Sport and Exercise Psychology) com
intuito de especificar as qualificações essenciais para se tornar um psicólogo
esportivo.
Os fatos citados exibem o trajeto de construção e legitimação da área em
demais países, em meio ao avanço de uma aplicação técnica e da produtividade
científica o que levou a psicologia do esporte a se destacar como prática no cenário
mundial desde o princípio do século XX. O Brasil não acompanhou todos esses
eventos, apenas alguns, mas ao mesmo tempo, seguia seu próprio rumo.

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5 PERCURSO HISTÓRICO NO BRASIL

Fonte: https://oglobo.globo.com/

Mesmo com os resquícios deixados pela Segunda Guerra Mundial, o Brasil


viveu com expectativas no progresso e no desenvolvimento da indústria por 8 anos,
em meio ao regime autoritário, o Estado Novo, em que Getúlio Vargas iniciou a
segunda parte da sua dominação política no país de 1937 à 1945. Nessa época, a
educação física passou a ser obrigatória nos currículos escolares de acordo com o
artigo 131 da Constituição de 1937, com inclusão da ginástica nos programas
escolares e a noção de educação integral, os quais passaram a serem temas comuns
em debates nos anos de 1940.
Por volta de 1950, o Brasil vivenciou o fim da Era Vargas, com o suicídio de
Vargas em 1954, mas logo em seguida veio o governo polêmico e ousado de Juscelino
Kubitschek (1956 – 1961). Não somente o Brasil, mas, outros países sofreram com a
recessão econômica que ocorreu após a guerra, ainda segundo Skidmore (2007), o
país não tinha outro recurso a não ser a industrialização, para se transformar em uma
potência mundial. Diante de uma instabilidade econômica em que se apresentavam
índices inflacionários crescentes nos cenários político e econômico na época e o
projeto de civilização do povo brasileiro idealizado por Vargas, se mantinha. A ideia
principal da construção de uma nação poderosa exigia homens fortes não apenas no
poder da saúde física, mas que o processo de educar o indivíduo incluísse o todo, ou

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seja, intelectual, moral e comportamental, a chamada educação integral, foi uma
educação baseada na disciplina e no controle.
Também na psicologia, as escolas fundadas no século XIX tinham como
objetivo formar um corpo docente competente e adequado às necessidades do
sistema educacional brasileiro e incluía, entre outras coisas, a disciplina "Psicologia
aplicada ao desenvolvimento infantil". No século XX surgiram os primeiros laboratórios
experimentais, marcando um forte movimento no Brasil, para seguir os modelos
vigentes no cenário social e cultural internacional da ciência moderna e objetiva
(Massimi, 2006). Em paralelo aos episódios políticos, o Brasil passava por uma fase
de sedimentação de alguns saberes além da educação, a medicina, afinal, educação
e saúde eram prioridades se o país tivesse que se desenvolver com ordem e
progresso.
Era, portanto, importante que a sociedade se remodelasse e o país se
desenvolvesse de acordo com os objetivos da modernidade, mas para isso, era
preciso que o os indivíduos fossem fisicamente educados e favoráveis ao
desenvolvimento de faculdades morais superiores. Para que a educação física
também se constitua como um saber científico de utilidade à sociedade. O
entendimento psicológico como mais um produto da modernidade, compreende as
influências deste tempo caracterizado pela ruptura com a tradição ao novo estímulo e
ao progresso, compreendendo as demandas emergentes como fruto da capacidade e
da potencialidade humana.
Em 1948, o Brasil iniciou suas participações em meio ao cenário de grandes
eventos esportivos, com os Jogos Olímpicos, que então passou a ser presente nas
demais edições sempre com medalhistas, mesmo com uma condição técnica e
estrutural de preparo insuficiente para essas competições, além dos esportistas civis
o time brasileiro também contava com militares, em especial os militares da Marinha
do Exército.
Depois de uma década o Brasil se sagrou Campeão da Copa do Mundo na
Suécia no ano de 1958, dentre sua comissão técnica tinha um paulista sociólogo
chamado João Carvalhaes (1917 – 1976), conhecido como professor Carvalhaes.
Mesmo que a psicologia se regulamentou no ano de 1962, sua formação já existia
desde o ano de 1950, onde se encontravam diversos profissionais de outras áreas
que exerciam práticas psicológicas, demonstrando o fazer psicologia, e esse era o

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caso de Carvalhaes, desde 1950, estava no meio esportivo, de início fez publicações
de artigos voltados ao boxe em jornais da época com o pseudônimo de João Ringue,
mas o que fortaleceu sua atuação na psicologia foi sua experiência profissional nas
empresas, conforme Costa (1950), nos anos de 1942 a 1946, Carvalhaes ocupou
cargos de Escriturário e em seguida como encarregado do Setor de Seleção de
Pessoal na Light & Power onde foi executado de modo experimental, trabalhos
voltados à aplicação de testes à nível mental, de interesses e personalidades. Após,
trabalhou de início como assistente técnico da divisão de psicologia e formação
profissional na Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC) entre os anos
de 1947 a 1970, uma companhia de transportes na cidade de São Paulo.
Todo o mundo passava por um período pós-revolução industrial que foi
marcado pelos avanços científicos, tecnológicos e pelas novas exigências sobre mão
de obra. O Brasil buscava o avanço no processo do desenvolvimento industrial e a
mão de obra qualificada se fez necessário, o que fez com que os conhecimentos e a
experiência do professor Carvalhaes na área da psicologia industrial, hoje chamada
de psicologia do trabalho, fosse necessário para atender toda a demanda social de
seleção de pessoas no âmbito das indústrias.
Essa experiência tornou possível a conexão com o mundo esportivo em que a
seleção dos atletas capazes e adequados a sua função também era necessário.
Dessa forma, Carvalhaes colocou em prática seus conhecimentos de psicotécnica, na
Federação Paulista de Futebol, onde foi implantado uma unidade de seleção para os
árbitros do futebol que também atuaram na preparação psicológica destes, juntamente
com a Seleção Brasileira de Futebol. Nesta mesma época, prestou seus serviços ao
São Paulo Futebol Clube, onde realizou testes de inteligência, personalidade e
habilidades específicas com objetivo de orientar melhor os atletas para realização de
suas atividades.
Mesmo sendo uma grande referência na história da constituição da psicologia
do esporte no Brasil, Carvalhaes não foi o único. Atualmente ainda existe uma
psicologia do esporte em busca do reconhecimento social no futebol. A partir dos anos
70 e 80, outras modalidades esportivas iniciaram de modo isolado a inserção de
métodos psicológicos. Em 2016 nos Jogos Olímpicos, as federações tiveram
incentivos financeiros para contratação de psicólogos, o que favoreceu a atuação de
psicólogos do esporte em diferentes modalidades.

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Como dito anteriormente, sobre Carvalhaes não ser o único como referência
histórica, sua experiência profissional se fez pelas tentativas claras de aplicar seus
conhecimentos sobre a psicologia no mundo esportivo, por meio da seleção de
pessoas e esse tipo de iniciativa já dava sinais de sua existência cerca de uma década
no Rio de Janeiro, de acordo com alguns estudos realizados, foi identificado
documentos com assuntos voltados a fenômenos psicológicos para uma aplicação da
psicologia no mundo esportivo desde 1940, o que pode ser visto nos seguintes títulos:
“Psicologia aplicada à torcida” (1944, Inezil Pena Marinho), “Um estudo de Psicologia
Social em uma equipe de futebol profissional” (1944, Pio Piano Junior), “O Campo
psicológico da dança” (1946, Maria Helena Pabst de Sá Earp), “A investigação
psicológica no controle científico das atividades desportivas” (1954-1955, Carlos
Sanchez de Queiroz), “Necessidade de orientação na prática de atividades
desportivas” (1962, Cecília Torreão Stramandinolli).
Dessa forma, o descobrimento de outros personagens nos faz confirmar que a
história da psicologia no mundo esportivo vem sendo escrita por diferentes autores,
além de Carvalhaes e até mesmo antes dos anos de 1950.
Temos o exemplo de Carlos Sanchez Queiroz, com seu artigo “A investigação
psicológica no controle científico das atividades desportivas” (1954 – 1955), publicado
na Revista Arquivos da ENEFD, sugere a instituições desportivas do país todo a
realizarem um controle psicológico dos atletas por meio de “psicólogos autênticos”
para atuar na seleção e orientação dos desportistas por meio da psicologia aplicada.
Queiroz (1954 – 1955), diz que após a verificação na bibliografia nacional e
estrangeira foi concluído que estudos sobre o tema se limitavam às condições
somáticas apresentadas pelos desportistas antes, durante e após as competições.
Para o autor, a estrutura somática é condição e não causa do comportamento do
atleta.
Os argumentos de Queiroz (1954 – 1955), se baseiam nos estudos de Gestalt,
tanto por meio do trabalho de Christian Von Ehrenfels (1859 – 1932) quanto ao
trabalho de Kholher, para conseguir explicar a fragilidade do determinismo causal na
psicologia. O autor deixa um alerta para o controle científico das atividades
desportivas, para que não se limite ao levantamento de condições somáticas dos
atletas e que esse controle por meio de um psicólogo seja com o intuito de promover
e selecionar atletas de uma maneira mais eficaz para prática dos esportes, desde que

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esse controle “[...] seja realizado por especialistas esclarecidos e seguros, diplomados
por institutos de ensino superior, onde se ministre o ensino sistemático da Psicologia
científica e, não, por meros “amadores”, improvisados no manejo das técnicas
psicológicas, com total ignorância dos fundamentos científicos” (p. 114).
Já podemos ver aqui a preocupação com a redundância e o erro na aplicação
dos testes psicológicos, uma vez que nas primeiras décadas do século XX foi
proporcionada a capacidade de controlar a medição oferecida pela psicometria, o que
favoreceu à chegada dos primeiros testes, entre esses o de personalidade, abrindo
um canal de conciliação e vinculando conhecimentos psicológicos com disciplina,
prestando serviços em avaliação psicológica. Note-se que os especialistas citados por
Queiroz (1954 – 1955) ainda não são psicólogos, mas médicos, pela inexistência da
profissão de psicólogo, para ele, médico, por sua formação científica avançada, será
inegavelmente competente e com autoridade para tal profissão.

[...] dentre os especialistas capazes de investigar o sentido normativo desta


síntese prospectiva representada pela integração do preparo físico, técnico,
tático e psicológico dos atletas, antes durante e após as competições, creio
não ser injusto nem exagerado ao afirmar serem os médicos desportivos os
profissionais mais habitados a alta e extensa formação científica que
recebem, o que sem favor lhes dá autoridade e competência incontestáveis
[...]. (QUEIROZ, 1963, p. 129).

Em 1962, aconteceu a regulamentação da psicologia como profissão, logo


diversos “psicologistas”, como eram chamados na época os médicos, educadores e
filósofos que exerciam a psicologia, esses se apropriavam do conhecimento já
confirmado da psicologia como disciplina e ciência, assim exercitavam aplicações em
diferentes áreas que se estabeleciam no Brasil, sendo o esporte a área que se
destacava entre elas.
Também tem-se como exemplo de aplicação do saber psicológico no mundo
do esporte a iniciativa de uma professora assistente da cátedra de psicologia aplicada
da ENEFD, Stramandinolli (1964), que se propôs à orientar um trabalho investigativo
sistemático das aptidões e dos traços psicológicos de desportistas campeões, os
comparando com qualidades requeridas para atividades desportistas, essas
iniciativas tinham a visão de estabelecer o perfil profissional dos atletas, mas de modo
profissional, indicando um movimento de ampliação da aplicação de psicologia ao
esporte. “[...] Assim como a Orientação profissional é capaz de indicar o melhor

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trabalho para cada homem visando o bem estar individual e social, a orientação
desportiva indicará o melhor desporto ao desportista” (p. 88).
Na finalização de seu artigo, Stramandinolli (1964), também apresentou alguns
princípios gerais voltados à orientação profissional com aplicação na orientação
desportiva diante da iniciação esportiva, no que diz respeito a orientar na escolha do
desporto e reajustar os que já foram orientados em meio as dificuldades. Essas ações
estariam a serviço de estudantes e amadores do esporte, em escolas, clubes
desportivos, assim também aos adultos em momentos de lazer e recreação.
Além disso, entre os beneficiários desse tipo de serviço, como indica o autor,
estariam profissionais do esporte e dirigentes de clubes que, além de técnicos
esportivos, teriam a oportunidade de contratar os jogadores mais capazes.
Stramandiolli (1964), já mencionava sobre alguns dos campos principais de atuação
da psicologia do esporte, como por exemplo, a iniciação esportiva, o alto rendimento,
recreação e lazer, que só foram melhor delimitados depois dos anos de 1980.

6 PSICOLOGIA NA ATUALIDADE E CAMPOS DE ATUAÇÃO

Fonte: https://blog.circulosaude.com.br/

A já mencionada presença da psicologia no cenário esportivo permite uma


interface entre a psicologia e a educação física, além de outras áreas do conhecimento

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dedicadas ao esporte e à atividade física, sendo possível e necessário o trabalho
multidisciplinar dos profissionais dessas áreas.
Tais conflitos já foram apontados por Brandão (1995) e Rubio (1999) quando
apontaram a presença de diversos profissionais como engenheiros, médicos, ex-
atletas que se tornaram técnicos ou treinadores, mas que atualmente estão presentes
sem preparação acadêmica adequada, algumas inovações, além dessa falta de
formação acadêmica adequada e de especializações na área, estão surgindo
profissionais de diversas formações para “treinar mentalmente” os atletas –
treinadores ou motivadores.
Para Vieira et al. (2010) a atuação do psicólogo esportivo se divide na seguinte
classificação, levando em consideração a realidade de outros países além do Brasil:
Ensino: Atuando como professor;
Pesquisa: No cargo de pesquisador;
Intervenção: Atuando como consultor.
Inclui todos os esportes, qualquer tipo de atividade física, independentemente
do sexo ou faixa etária, destinada a iniciantes e amadores ou atletas profissionais de
alto rendimento.
Os papéis de professor e pesquisador são complementares, pois podem ser
mantidos juntos. Como professor, o psicólogo se dedica a ministrar as disciplinas de
psicologia aplicada ao esporte, tanto nas aulas de educação física quanto nos cursos
de graduação e pós-graduação em psicologia nas instituições de ensino superior.
Como pesquisador, o psicólogo realiza pesquisas e estudos relacionados à área,
considerando, entre outras coisas, a interface com outros saberes e práticas da
psicologia do esporte.
Esporte educativo ou iniciação esportiva: destina-se a crianças e jovens ou
adultos em fase inicial, que praticam atividades físicas e desportivas em clubes ou
escolas, e sobretudo representa a formação socio pedagógica. O psicólogo desportivo
procura compreender e analisar os processos de formação e desenvolvimento
relacionados com a educação e a socialização da prática esportiva, podendo ainda
auxiliar o professor ou treinador de educação física na aplicação de seus métodos
educativos e formativos, levando em consideração as etapas do desenvolvimento
cognitivo, emocional e psicossocial escolar.

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Práticas de tempo livre ou lazer: são práticas voluntárias que buscam o bem-
estar físico e mental. O psicólogo atua nesse contexto analisando o comportamento
de lazer de praticantes de diferentes faixas etárias, classes sociais ou habilidade
profissional, aumentando a qualidade de vida. Exemplos dessas atividades: corridas
de rua, caminhadas e exercícios funcionais, academias, entre outras.
Alto rendimento: a interferência da psicologia para o alto rendimento, visiona a
aprimoração ou desenvolvimento de processos psicológicos (percepção, atenção,
concentração), além de outros fenômenos, como por exemplo, a motivação, a
liderança, coesão grupal entre outros que são determinantes ao aumento da
performance de atletas e até mesmo grupos esportivos em contexto institucional e
formal. Nessa área de atuação se encontra atletas profissionais de diferentes
modalidades, integrantes de instituições públicas ou privadas, associações ou
federações esportivas.
Reabilitação esportiva: direcionado à prevenção e a intervenção aos esportistas
que portam alguma lesão resultante da prática esportiva ou algum tipo de deficiência
física ou até mesmo mental. O psicólogo pode vir a atuar desde a iniciação ao alto
rendimento, junto aos atletas paralímpicos. A reabilitação por meio de atividade física
é uma forma favorável e de grande eficácia à reinserção social, melhoria de qualidade
de vida e lazer.
Projetos sociais: este campo da psicologia do esporte tem como principal
objetivo, a promoção á inclusão social de indivíduos em situação de vulnerabilidade
social e psíquica, por meio de uma equipe multidisciplinar e da utilização de
ferramentas pedagógicas associadas à práticas esportivas. Carvalho, Seda e Santo
(2013), destacam que a vida real do brasileiro reúne diversos fatores que envolvem
discriminação econômica, cultural, política e ética, além da inacessibilidade e a falta
de equidade social, portanto os projetos sociais vieram como uma alternativa de
minimizar os efeitos causados por esse tipo de violência e exclusão social, entre
outros.
Desse modo, a grande competitividade e a pressão por resultados não são
prioridades no alto rendimento, muito menos na escolha de novos talentos. Para
Garcia e Zaremba (2017) “focar no jovem esportista e em seu desenvolvimento
pessoal, reflete antes de tudo uma atitude de cuidado [...]”. (p. 90). Assim, o psicólogo
deve considerar aspectos socioeducativos como disciplina, socialização, regras e

19
outros, que são presentes em cada modalidade esportiva, com intuito de promover
uma formação social e cidadã aos praticantes.
Clínica do esporte: essa área no Brasil possui atuações recentes, mas tem
mostrado uma proposta de intervenção necessária e eficaz, embora esteja tratando
de uma prática clínica que envolve a formação de um psicólogo, ela se diferencia da
psicoterapia tradicional por enfatizar a redação entre os fenômenos individuais e as
necessidades atléticas que os praticantes experientes ou atletas vivenciam.

7 AVALIAÇÃO APLICADA AO ESPORTE

Fonte: www.professoralexandrerocha.com.br

O esporte tornou-se um dos fenômenos socioculturais mais importantes do


século XX, por isso mobilizou grande número de pessoas, equipamentos, veículos e
recursos financeiros, para que todos esses recursos se multipliquem, é necessário o
sucesso competitivo e isso depende da produção do atleta. Nesse sentido, deve-se
entender que a preparação de um atleta é composta por fatores físicos, técnicos,
táticos e psicológicos.
Mesmo sendo essas áreas reconhecidas por sua importância no aumento do
rendimento esportivo, devem ser apontadas algumas particularidades. É preciso
reconhecer que um treinador moderno que é um profissional bem informado e está
sempre presente em encontros científicos e congressos técnicos científicos, sendo
20
assim pode se constatar que esses profissionais possuem amplo conhecimento sobre
a metodologia de treinamento físico técnico tático de seu esporte. Mas mesmo diante
toda essa sabedoria, os atletas treinados por esses profissionais podem apresentar
diferentes rendimentos durante uma prova, e de acordo com o que se é falado nos
congressos científicos, o que causa essa diferença entre os atletas é o fator
psicológico.
É visível o avanço na área do treinamento físico técnico tático, para que sejam
aperfeiçoados os fundamentos dos mais diversos esportes, com uma renovada e
criativa abordagem, mas na área da psicologia do esporte possui uma escassez de
publicações na América Latina assim como profissionais qualificados para atuar na
preparação dos atletas. Neste contexto, é importante se trabalhar com atenção e
exatidão científica na prática esportiva para que não se converta em uma psicologia
que simplifica os fenômenos do esporte.
Psicólogos esportivos atuam em três campos profissionais: ensino, pesquisa e
intervenção. O objetivo da área de ensino é o de passar conhecimentos e habilidades
técnicas esportivas, para tanto, os profissionais precisam do conhecimento de
capacidades psicológicas que são necessárias para melhorar a compreensão sobre o
comportamento humano na área do esporte. Já no campo da pesquisa, existem duas
áreas que são mais exploradas, os procedimentos diagnósticos para avaliar as
características psicológicas de pessoas, situações e das atividades esportivas, como
por exemplo, uma motivação para o rendimento, a ansiedade e a agressão no esporte,
e as medidas de intervenção psicológica, para competições e treinamentos. E no
campo da intervenção, programas de preparação psicológica para tratamento mental
são estabelecidos em conjunto com as medidas de aconselhamento e
acompanhamento dos atletas.
Para que seja estabelecido um programa de psicologia aplicado ao esporte, é
orientado que algumas etapas sejam realizadas, bem como as particularidades de
cada esporte sejam consideradas.
São essas etapas:
• O contato Inicial;
• Avaliação psicodiagnóstico;
• Programa de Intervenção;
• Avaliação dos Resultados.

21
Na etapa de contato inicial é realizada a apresentação do psicólogo para toda
equipa ou atleta, no caso de um trabalho individual, com quem o profissional irá
trabalhar e é apresentado a todos os componentes do grupo esportivo o trabalho que
será realizado pelo psicólogo com o suporte esportivo. Esse é um momento de grande
importância para continuidade do trabalho, assim como em outros programas de
intervenção psicológico, pela determinação do rapport, o vínculo entre psicólogo e a
equipe de trabalho.

Fonte: www.i2.wp.com

Essa é uma fase marcada por uma prática pedagógica em que são definidos
os objetivos dos grupos, que são discutidos com os atletas e em seguida se é
estabelecido um cronograma de trabalho com objetivos à curto, médio e longo prazo.
Toda importância dessa fase de contato inicial é decorrente do fato de que geralmente
o psicólogo é contratado por uma comissão técnica de uma equipe esportiva,
responsável por perceber a necessidade do trabalho, assim, a iniciativa para este
trabalho, não vem de “clientes”, fator que influencia na resistência, aderência e
efetividade do apoio psicológico, sendo assim, a primeira ação do psicólogo esportivo
é expor seus objetivos e sua função de trabalho, destacando sua importância no meio
esportivo.
Durante o período de contato inicial, o psicólogo também deve conhecer todos
os integrantes da comissão técnica da equipe, a rotina de treinos, a programação

22
periódica, os campeonatos a serem disputados, entre outras informações, atividades
e objetivos da equipe/atleta para temporada atual.
A próxima etapa é a de avaliação psicodiagnóstico, este é o momento em que
o psicólogo conhece um pouco mais dos atletas, os quais vai trabalhar, durante essa
avaliação, são coletados o máximo de informações possíveis sobre o grupo e os
membros do grupo. Essa avaliação tem foco no atleta e no grupo, sendo assim é uma
avaliação psicológica individual e grupal.
Na avaliação individual são realizados testes psicológicos e uma entrevista,
além desses processos, o psicólogo passa a observar o atleta em sua conduta de
treinamento e durante as competições, na avaliação em grupo são realizados
inventários adicionais, sociometria e a conduta em grupo passa a ser observada. Essa
etapa é de extrema importância para estruturação do programa de intervenção, pois
os dados coletados na avaliação psicodiagnóstico vão servir de base para que sejam
definidas as temáticas de trabalho em grupo e também do foco de trabalho individual.
É válido ressaltar que o trabalho executado pelo psicólogo deve estar sempre
embasado em um levantamento de necessidades, que no caso é a avaliação
psicodiagnótica, cada atleta apresenta uma necessidade específica. Com as etapas
do programa de intervenção, com base na avaliação diagnóstica, o cronograma de
execução é estrutura para intervenção psicológica o que deve ser inserido no
treinamento físico técnico e tático periódico da equipe/atleta.
O cronograma de execução precisa ser apresentado aos dirigentes e também
para comissão técnica, para que seja discutido e aprovado, esse cronograma trás uma
corresponsabilidade para o grupo em um todo, para que o mesmo seja implementado
e executado. Mediante aprovação do cronograma pelos dirigentes e pela comissão
técnica, o trabalho é iniciado, neste momento acontece uma interferência na área
emocional do atleta em situações do âmbito esportivo (família, amigos,
relacionamentos afetivos e etc.) o que merece uma atenção e orientação vinda do
psicólogo, além disso, os atletas precisa de orientação profissional decorrente da
dificuldade em conciliar as atividades profissionais com a carreira esportiva.
A intervenção acontece mediante duas frentes de atuação: as sessões em
grupo e as sessões individuais. As sessões que acontecem em grupo, são
periodicamente semanais, em busca de promover discussões de temas específicos
escolhidos na avaliação psicodiagnóstica ou por meio de uma demanda momentânea

23
como a relação treinador/atleta e a integração do grupo. Já as sessões individuais
acontecem esporadicamente, varia de atleta para atleta, pois é de acordo com a
necessidade de cada um, e essa necessidade é observada pelo atleta, pelo técnico e
mediante as observações comportamentais do psicólogo. Em diversas vezes em meio
as sessões, o psicólogo realizam intervenções pedagógicas com intuito de promover
o acesso dos atletas a conceitos psicológicos como a ansiedade, a ativação, o
estresse, a atenção, a motivação, dentre outros, dessa forma é dado um suporte para
que os atletas consigam compreende e utilizar das técnicas para obterem sucesso na
resolução de seus conflitos emocionais.
A quarta etapa do processo é a avaliação dos resultados, que basicamente é a
leitura dos resultados do trabalho que é realizado de modo periódico e constante e
alguns dos atletas obtém melhores resultados mais rápidos do que outros.
Observa-se, nos últimos anos, uma crescente valorização do esporte no Brasil,
a qual está intimamente relacionada com a escolha do nosso país para sediar grandes
eventos esportivos como Copa do Mundo de Futebol e Olimpíadas. Diante desse
contexto competitivo que visa à melhora dos desempenhos em prol de resultados
expressivos, percebe-se a importância do profissional psicólogo nas equipes técnicas.
Contudo, a psicologia do esporte não consiste em uma área recente, estudos indicam
a prática de profissionais de psicologia no esporte desde 1958 na comissão técnica
da seleção brasileira campeã da Copa do Mundo de Futebol na Suécia, portanto,
antes mesmo da regulamentação da psicologia no Brasil. Dentre as mais diversas
atribuições do psicólogo do esporte está a avaliação psicológica, a qual objetiva
determinar o nível de desenvolvimento de funções e capacidades psíquicas no atleta
com a finalidade de prognosticar os resultados esportivos.

24
Fonte:www.institutosingularidades.edu.br

O livro Novas perspectivas para avaliação em psicologia do esporte e do


exercício físico, de autoria de Evandro Morais Peixoto, Tatiana de Cássia Nakano e
Marcos Alencar Abaide Balbinotti, compõe um conjunto de textos de estudiosos
nacionais e internacionais que buscam discutir e refletir acerca das ferramentas e dos
procedimentos de avaliação psicológica em contexto esportivo e do exercício físico.
Assim, a obra busca abordar questões relacionadas à avaliação psicológica
nesse contexto específico, tendo como partida discussões a respeito dos construtos
relevantes para avaliação de atletas em diferentes modalidades esportivas. O
presente trabalho teve como foco as populações de atletas que enfrentam transições
na carreira esportiva, os participantes de projetos sociais e educacionais e até mesmo
os idosos ingressantes em programas de atividades físicas. Além disso, ele preambula
na amplitude de pesquisas na área, ressaltando as lacunas ainda existentes, bem
como destacando a importância do estímulo à investigação voltada para avaliação
psicológica na área da psicologia do esporte.
Com isso, a obra apresenta uma diversidade de conhecimentos e de
possibilidades organizada. Os dois primeiros abordam a temática de maneira global,
ressaltando ao leitor a necessidade de práticas de avaliação psicológica na visão
esportiva. Posteriormente, cada um desses capítulos discute um construto específico,
trazendo então, para a conclusão, uma reflexão no que concerne aos motivos e à
importância da avaliação em tal contexto.

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De modo geral, considerando a relevância da temática, a obra visa preencher
uma importante lacuna na literatura brasileira em relação à falta de informações a
respeito da avaliação em psicologia do esporte, bem como contribuir com dados para
outras áreas do conhecimento que estudam e se interessam pela temática do esporte,
como educação física, ciências da saúde, entre outras.
O livro expõe questões teóricas e práticas no que concerne ao contexto
esportivo organizadas de maneira que elas não apresentam apenas uma visão de
autores brasileiros, mas também internacionais. Ainda, a obra possui linguagem clara
e compreensível, acessível aos profissionais, pesquisadores e estudantes da área,
além dos leitores que se interessam pelo tema e que buscam encontrar referências
teóricas e fontes de informação.

Fonte:www.static.tuasaude.com

A definição comum de psicologia é “ciência do comportamento”, porém de


acordo com Raffaelli e Serbena (2003), é necessário que seja feito uma revisão dos
pressupostos básicos, pelo fato de que essa caracterização apresentada,
representam a predominância histórica das correntes neopositivistas e materialistas
na área psicológica a qual se opõe a origem da palavra psicologia que significa estudo
da alma.
A psicologia do esporte é uma área de conhecimento atual, que aborda
suposições psicológicas e da motricidade, com o decorrer dos anos, a ampliação e

26
exposição dos esportes, a área tem conquistado espaço e tem ido atrás de definir sua
identidade na psicologia. Faz parte da atuação da psicologia no esporte, a preparação
dos atletas para disputas e competições e isso não se restringe apenas aos esportes
profissionais, mas pode se estender a esportes educativos, recreativos e ao lazer,
além dos atletas, amadores ou profissionais, pessoas com ou sem deficiência física
podem utilizar dos benefícios da psicologia no meio esportivo, mas devido à
característica de delimitação, destina-se a alto rendimento.
A psicologia esportiva, aproxima profissionais e pesquisadores de áreas
diferentes, além da psicologia temos profissionais da educação física, da sociologia,
da antropologia, da psicanálise, da fisioterapia, da filosofia, da administração e da
economia. É uma área que pode ser dividida em dois ramos diferentes de atuação,
um deles seria a psicologia do esporte acadêmica que possui principal interesse na
ciência e ao ensino e o segundo é a psicologia do esporte aplicada ou prática
(psicodiagnóstico, intervenções, etc.)

Fonte: www.images.wisegeek.com

Apesar disso, a psicologia do esporte foi incluída nas grades curriculares de


alguns cursos de graduação em psicologia a pouco tempo, mas entrou como disciplina
optativa, já no curso de educação física, essa disciplina já faz parte da grade
obrigatória há mais de 20 anos, o que demonstra a excelente preparação dos
educadores físicos, para atuarem nessa área.

27
Psicologia esportiva se trata de uma ciência aplicada à estudo de
desenvolvimentos psicológicos e sobre a conduta do atleta no decorrer da prática da
atividade física, ainda aprimora as condições internas dos atletas, a fim de aprimorar
as habilidades físicas, técnicas e táticas adquiridas durante a preparação.
Na pesquisa com intuito de entender em que provocaria a implementação da
psicologia para atletas, Serenini e Samulski (1997), falam que para se ter um
desempenho ideal, o treino esportivo precisa ser focado não apenas aos fatores
motores, físicos e técnicos, mas é preciso incluir os aspectos psicológicos e cognitivos,
portanto uma alternativa para melhorar o desempenho do atleta, baseando nisso,
destaca-se a importância da construção dos atletas de maneira completa, já que a
psicologia do esporte pode aumentar esse desempenho deles, porque deixar de lado
a parte humana do atleta?. Mesmo tendo o conhecimento de que o desempenho dos
atletas pode ser melhorado, ainda existem profissionais que não priorizam os
aspectos psicológicos, talvez pela falta de informações, pela escassez de material
publicado que possa impactar as pessoas, mas tem-se diversos pesquisadores na
área da psicologia esportiva que publicaram artigos, livros e realizaram pesquisas
impactantes, porém na psicologia esportiva, para os portadores de algum tipo de
deficiência, não se pode afirmar o mesmo.
Infelizmente, o que acontece é a utilização dos resultados de pesquisas
realizadas com atletas que não possuem deficiências, para atletas que possuem. O
autor Gaerther (2002), mostra que a psicologia do esporte tem atuação em duas áreas
básicas, sendo aspectos psicológicos que abalam o desempenho esportivo e como a
atividade física afeta os estados psicológicos, dentro dessa área se encontram
algumas subáreas predominantes, sendo: características psicológicas do atleta,
aspectos cognitivos, sociais, motivacionais, técnicas para o trabalho com esportistas,
a prática esportiva ao longo da vida, as relações entre o esporte e a saúde,
psicométrica, socialização, informação, atenção, liderança, torcida, ética, dentre
outros.
Provavelmente, a psicologia do esporte precise de uma nova subárea ou de
uma nova especialidade voltada aos atletas com deficiência física, as diferenciações
já conhecidas entre os atletas, seria um ponto a ser estudado em específico em
decorrência de diversas adaptações na psicologia esportiva,como por exemplo, se for
tratar somente sobre o estresse do atleta que possui deficiência física, o questionário

28
a ser feito precisa ser diferente do questionário realizado com um atleta não portador
de deficiência, pelos muitos fatores podem vir a interferir no desempenho do atleta,
esses fatores são denominados como estressores e o ambiente competitivo em que
convivem, apresentam diversos fatores estressantes para o atleta. Nos casos dos
atletas portadores de deficiência, eles já possuem o estresse causado pelas
dificuldades em virtude da deficiência.

Fonte: www.mktvetoreditora.com.b

Por se tratar de atletas que possuem deficiência física e com uma psicologia
esportiva voltada à atletas não portadores de deficiência, estaríamos caindo em
contradição em um olhar dialético com todas as diferenças encontradas nos dois
grupos de atletas portador e não portador de deficiência, utilizando da mesma técnica.
Essa contradição é destruidora, mas também considerada criadora, por levar à
superação, os contrários em luta, procuram a superação da contradição superando a
si próprio em busca do novo do que ainda não é, mas pode ser. O que transforma
essa contradição em dois lados diferentes, tendo como ponto negativo o fato de que
poucas pessoas conseguem visualizar a diferença e poucos conseguem ver que não
fazem nada para mudar isso, mas quem encontra a diferença, tenta mudar para
melhorar a realidade encontrada.

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A psicologia esportiva pretende compreender que os comportamentos
interagem mediante o desenvolvimento do individuo em um grupo ou atividade
determinada, mas não somente com isso, mas com o tipo de aprendizagem que seja
relevante, com o desenvolvimento físico e de treinamento de habilidades é levado a
efeito nos diferentes esportes a que se pratica. Portanto se torna necessário o uso de
uma psicologia diferente para portadores de deficiência, mas, o conhecimento da
psicologia esportiva atual é insuficiente ou com muitas áreas com escassez na
produção científica, o que talvez sinalizaria novas subáreas da psicologia esportiva,
podem e devem surgir.
Entre os conceitos e subáreas da psicologia a serem elaboradoras, pode-se
destacar a questão metodológica de testes, o que se nota uma ausência de testes e
a metodologia específica para os portadores de deficiência física.

Fonte: www.imagens.ebc.com.br

Os profissionais que atuam na psicologia esportiva, possuem preparo


mecanicistas, com um único objetivo, o de formar campeão. Mas hoje, tanto na prática
esportiva de não portadores de deficiências como na prática esportiva de portadores
de deficiências, esse objetivo de formarem campeões persiste.
Psicólogos esportistas devem auxiliar os atletas fisicamente com menor
capacidade, a alcançarem um desempenho máximo, a satisfação pessoal e o
desenvolvimento através da participação, deve se ter uma maior atenção com a

30
totalidade do ser humano que pode ser a diferença imprescindível na formação do
campeão. Com essa visão abrangente, no esporte deve ser recusado o trabalho
apenas com o biomecânico, mas sim com valores culturais e a personalidade por
completo, de acordo com princípios do humanismo, tudo que promove o
desenvolvimento e o bem estar do ser humano.
Alcançar esse desenvolvimento e o bem estar juntamente dos atletas, seria o
completo sucesso da psicologia esportiva, por essa razão, a psicologia esportiva para
os portadores de deficiência física, deve se preocupar com o conjunto da obra: corpo,
movimento e esporte, exatamente como a psicologia deve ser para atletas não
portadores de deficiências.

Fonte: www.1.bp.blogspot.com

Portanto não se é necessário utilizar uma psicologia esportiva diferente aos


atletas portadores de deficiência física, com a justificativa de necessidade da criação
de uma subárea ou alguma especialidade em psicologia esportiva para portadores de
deficiência física, pois os pensamentos dos atletas portadores ou não de deficiências
são da mesma forma, mas existem outros problemas, que configuram diferentes
maneira que precisam ser levadas em consideração.
O intuito é trabalhar a psicologia em sua essência, além das conquistas de
troféus e medalhas, se trabalha com sentimentos, emoções e com a deficiência.

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Os atletas portadores de necessidades especiais inclusos em uma sociedade
discriminatória, até mesmo no esporte são alvos de luta onde apenas o mais forte
sobrevive, não se fazem apologias de que os deficientes são inferiores e não são
aptos a competições, o que se busca é o fim desse conceitualismo da hegemonia dos
vitoriosos, portanto é chegado o momento da retomada cognitiva de uma psicologia
voltada a desenvolver o caráter e do espírito de sobrepor.
Enquanto lutamos pela igualdade de classes, a criação de um curso de
psicologia esportiva para atletas com deficiências físicas certamente trará resultados
de pesquisa de longo alcance. Assim, encontraremos na literatura uma melhor forma
de os ajudar a melhorar o seu rendimento nos desportos de alto rendimento. Caso
contrário, continuaremos a utilizar material mal adaptado e que não corresponde à
realidade das pessoas com necessidades especiais.

8 ORGANIZAÇÃO ESPORTIVA E DE EVENTOS

Fonte: www.produzindoeventos.com.br

O sucesso de qualquer evento ou de qualquer organização é o planejamento.


E planejar requer tempo, trabalho coletivo, antecipação de todos os fatos que
ocorrerão no evento e principalmente conhecimento.
O evento esportivo proporcionado na escola pode se adequar a sua realidade
e necessidade, a depender dos objetivos e conhecimento dos alunos com
32
as modalidades escolhidas. Evento esportivo é algo que acontece em determinado
espaço em um determinado momento, que cumpri uma missão, uma finalidade e um
objetivo, para atender um número específico de atletas, que requer recursos
humanos, financeiros, esportivo, infraestrutura, médica e segurança, como por
exemplo os Jogos Olímpicos. São vários os tipos de eventos esportivo.
Os jogos internos têm esse termo por causa da sua definição, por ter uma
sequência de disputa poliesportiva, em que o objetivo de disputa e classificação em
diversas modalidades, e geralmente o objetivo dos jogos é possibilitar o envolvimento
de diversos praticantes em várias modalidades e ao seu final realizar uma contagem
geral de pontos, ou seja, uma classificação final a partir do somatório dos resultados
de diversas modalidades. Já o campeonato, torneio, gincana, copa, taça e olimpíadas
tem definições diferentes de jogo.
Eventos esportivos

Classificação Exemplo
Mega eventos internacionais Jogos Olímpicos, Copa do Mundo
Eventos internacionais Campeonato Mundial de Basquete
Eventos nacionais Campeonato Brasileiro de Natação
Eventos locais Torneio ABC de Voleibol de Praia
Tabela 1 - Classificação de eventos esportivos.

A classificação pode ser pela extensão, proporção financeira, propagação da


modalidade, quantas pessoas quer atingir, quem se quer atingir e principalmente
quantos atletas estarão envolvidos no evento, quanto mais atletas, maior é o evento.
Existes fases dentro do planejamento que requer organização e
responsabilidade de todos envolvidos, trabalhando coletivamente e
cooperativamente.
Fase 01 - Planejamento/Pesquisa e Pré-evento (organizar);
Fase 02 - Execução ou desenvolvimento;
Fase 03 - Controle ou Pós-evento (avaliação).
Todas as fases requerem atenção e antecipação de problemas, pensar nos
mínimos detalhes garante a satisfação de todos e sucesso da equipe. Por isso, pode-
se dividir o grupo de organizadores em comissões, coordenações, equipes técnicas,
para melhor distribuir as funções e responsabilidades.
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Fonte: www.d2p1ovod81kcns.cloudfront.net

Neste momento deve-se levantar nos seguintes pontos, tais como:


• Os objetivos e porte do evento;
• Condições econômicas dos participantes;
• Facilidades de acesso - fluxo de pessoas entre sala de aula e quadra;
• Alunos que não vão nem participar e nem organizar irão ter aula;
• Duas ações acontecendo ao mesmo tempo – jogo e aula;
• Custo x benefício.
É super importante pontuar os objetivos que cruzam com a missão do evento,
de forma inteligente e com clareza, para não se perder na execução e que todos os
envolvidos compreendam como vai funcionar o evento.
Com a crescente necessidade de produções cada vez mais complexas e com
o intuito de satisfazer as necessidades de um público cada vez mais exigente, o Jiu
Jitsu de competição, ao longo dos anos, vem se desenvolvendo cada vez mais, seja
em relação aos níveis técnicos da arte apresentada pelos atletas, seja em relação ao
nível das produções realizadas. Assim, exige-se uma excelência no desempenho de
serviços logísticos para o atendimento desse público.
Para que esse nível de serviço logístico seja atingido, as produtoras,
federações e empresários, devem dominar o conhecimento sobre os seus fluxos de
trabalho a fim de garantir menores custos e eliminar ineficiências, de forma a aumentar

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o valor dos serviços e da experiência promovida aos atletas, públicos e entusiastas
do Jiu Jitsu brasileiro.
Não poderia faltar as munições, armamentos, vestuários, alimentos e
medicamentos na quantidade e momento corretos, pois não seria conveniente ter
acesso a todos estes recursos após o combate com os inimigos. Durante muitas
Guerras o Sistema Logístico foi utilizado pelo exército, sendo responsável pelas
estratégias e a retaguarda. As principais funções da logística estão relacionadas aos
planejamentos militares que buscava analisar os pontos fortes e fracos dos inimigos,
programação das equipes de apoio quanto ao abastecimento técnico e suprimentos,
movimentação e localização das tropas, além da definição das frentes de batalha.
A soma de esforços, direcionados a um público, com objetivos claros, tendo
como foco um público específico, é caracterizado por Britto e Fontes (2002) como um
evento. Dado a necessidade humana de interação social, segundo Giancaglia (2004),
os eventos proporcionam um ambiente favorável para esse relacionamento.
Conclui Meirelles (1999) que esse ambiente favorável para interações sociais,
é um dos motivos para o aumento do interesse das empresas em eventos de forma
geral, à medida que além de ser um ambiente propício para testes e apresentações
ao público, e evento por si só, em sua maioria, tem o objetivo de atingir e atrair pessoas
com interesses semelhantes, assim propiciando não só o diálogo, mas o
desenvolvimento de um potencial econômico, antes, não atingido.
Hoje em dia as necessidades das empresas nesse campo são amplamente
atendidas dada a vasta gama de tipos eventos disponíveis mediante disponibilidade
de recursos, objetivos, disponibilidade de produtos e estrutura, como afirma Giacaglia
(2004). Além disso, destaca-se que os eventos usualmente são responsáveis por
melhorar a imagem institucional das empresas, dentre outros benefícios, o que
ocasiona em maior estreitamento no relacionamento com os consumidores que por
sua vez, aumenta o poder dela na exposição e proposição de ideias. Ainda, a mesma
autora classifica os eventos tendo em vista: público-alvo, níveis de frequência,
abrangência e participação, e âmbito no qual se permite atuar.

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Fonte: www.associamed.com.br

Os estudos voltados para a pedagogia esportiva e marketing esportivo


oferecem diferentes “abordagens teóricas” e com variados graus de profundidade, o
que é adequado para refletir os vínculos que os unem. A ligação entre educação física
e esporte parece não ser novidade. Não se pode negar que o momento atual do
esporte no mundo é caracterizado pela prevalência de hábitos esportivos no contexto
de popularização em níveis diferentes, para públicos diferentes e através de canais
diferentes, como em diferentes linguagens, fazendo qualquer análise do significado
social do esporte desconsiderando os processos de comoditização, profissionalizados
e espetaculares.
É possível dizer que o marketing esportivo busca despertar desejos que vão
além das necessidades humanas básicas e se refletem em diferentes ambientes, em
diferentes manifestações do esporte. Sua importância pode ser vista nas estratégias
adotadas pela indústria do esporte, que é definida como "o mercado em que são
ofertados aos compradores, produtos relacionados ao esporte, fitness, relaxamento
ou recreação, podendo incluir atividades, bens, serviços, pessoas, lugares ou ideias.
Esses anúncios e mídias estão presentes de forma muito intensa na vida das crianças
todos os dias e influenciam suas preferências de maneiras diferentes.
A ciência do esporte, por sua vez, tem abordado questões relacionadas às
possibilidades metodológicas do ensino do esporte de forma bastante aprofundada,
com o objetivo de superar métodos que focam exclusivamente no ensino de

36
habilidades esportivas, técnica e permite que o participante se torne protagonista da
a prática esportiva, graças ao conhecimento da lógica interna, com resolução de
problemas e tomada de decisão.
Mesmo com o desafio de aproximar os referenciais teóricos que são distintos,
além de ser possível, é necessário realizar uma reflexão teórica sobre os nexos e
tensões ligados na relação entre a prática pedagógica no esporte e a influência
exercida pelas ações do marketing esportivo sobre as crianças, nos diferentes
contextos sociais, baseado na compreensão dos fenômenos esportivos
contemporâneos, em especial o esporte-espetáculo. Se inicia da premissa de que os
elementos externos influenciam o ensino do esporte, este é um papel da ciência do
esporte em discutir e contemplar esses aspectos evidenciados na complexidade
sistêmica do esporte atual.
A ação pedagógica se caracteriza pelo ato de ensinar, por meio de relações em
que se tenha a transmissão e compartilhamento de conhecimentos e se constitui por
meio de um campo de estudo tanto da teoria quanto da prática da educação se
ocupando do que foi produzido pelo homem no decorrer de seu processo histórico.
De acordo com estudos, a ciência do esporte visa intervir no processo de
ensinar, vivenciar, aprender e praticar esportes, por isso deve analisar, interpretar e
compreender as questões relacionadas ao processo educacional. Essa cultura é
capaz de realizar o processo de formação humana através da reflexão que conduz ao
conhecimento.
Como disciplina da ciência do esporte, ela surge da necessidade e interesse
da sociedade por meio das atividades e práticas esportivas, das mudanças no esporte
e das diversas possibilidades do presente, desta grande figura cultural do mundo
contemporâneo.
Seu papel é observar e chamar a atenção da maioria e não apenas dos poucos
talentosos para as atividades competitivas, e reconhecer o valor de todos os fatores
que o envolvem.. O esporte contemporâneo, com sua diversidade, desenvolvimento
e articulação, oferece aspectos importantes a serem explorados pelos cientistas do
esporte, e embora seja possível uma análise crítica da relação entre o esporte
"produto de consumo x ciência do esporte", ainda há aspectos que não foram
realizados. isso certamente precisa ser melhor estudado na compreensão do
fenômeno.

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Fonte: www.politize.com.br

A importância do profissional de educação física no desenvolvimento de uma


cultura corporal, entendendo a necessidade de capacitar nossos alunos a expor o
esporte como um público primário, que constrói, participa e conhece uma cultura
histórica nasce, não simplesmente “consumidores passivos de bens produzidos por a
indústria do esporte e da cultura".
A ciência do esporte deve considerar o significado que as relações de
marketing estabelecem com o esporte atual, em suas diversas formas de expressão,
pois os alunos estão profundamente expostos ao significado do espetacular, com sua
estrutura e preferências, e têm experiência direta ou intermediária no dia a dia. Eles
entendem a “linguagem” do esporte do espectador, processam seu conteúdo e dão a
ele seu próprio significado.
Por causa desses fundamentos teóricos, a ciência do esporte não tem mais que
“encher” os alunos de puro conhecimento técnico e tático, sem a correspondente
reflexão, focando em habilidades de implementação que não permitem o

38
desenvolvimento do pensamento crítico sobre os conteúdos. ensinado sem
estabelecer uma conexão com sua vida diária.
A criança não deve ser alienada do contexto esportivo em que desenvolve sua
prática, e precisa compreender, a partir de suas ações educativas, suas capacidades,
suas relações e suas limitações. Apontam para a necessidade de pesquisas reflexivas
sobre esporte e sociedade, intervenção midiática nas regras do jogo, surgimento de
novas abordagens a partir das necessidades do esporte contemporâneo, e
evidenciando as conexões entre esses temas e o conceito de dimensão significa que
a educação deve integrar estes conteúdos para que os praticantes compreendam as
relações estabelecidas no âmbito da prática desportiva.
A necessidade de uma ciência que defenda o ensino de valores e
comportamentos, ética, influência mediática, respeito e consideração do contexto
desportivo do praticante. Se a pesquisa mostra que a imitação é uma forma de
aprendizagem para as crianças, então o cientista do esporte está interessado em
entender esse processo de imitação para explorar o fenômeno de forma sistemática
e elaborada.
À medida que as regras evoluem, será interessante entender essas estruturas
e sua aplicabilidade em um ambiente esportivo, principalmente para quem está
começando. É ainda mais interessante identificar as razões dessas mudanças e suas
implicações para a ciência do esporte. Deve-se evitar incluí-lo em um esporte com
base no princípio de que “regras são regras” e não devem ser questionadas.
Embora os órgãos institucionais utilizem as regras para fazer valer os seus
interesses, nem sempre a sua aplicação é a mais adequada no contexto da educação
desportiva. Há a necessidade de reflexões e apontamentos constantes em torno das
mudanças de regras que ocorrem no esporte, a fim de criar um novo formato de jogo
adequado à TV. Por exemplo, destacam-se as regras do voleibol, radicalmente
revisadas com o objetivo principal de encurtar o tempo de jogo.

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Fonte: www.sportquest.com.br

É inegável que essas mudanças afetam o ensino da modalidade e a instrução


das intervenções implementadas pelos educadores esportivos. Nota-se que o esporte
espectador passou a ser baseado no consumo de bens e entrou na indústria do
entretenimento, influenciando as preferências e o comportamento de diferentes
segmentos da população. A natureza comercial do esporte profissional atinge cada
vez mais as crianças, e a construção de ídolos representa um meio de venda de
serviços, além de promover produtos e disseminar conceitos.
Esse fato interfere nas ações e intenções das crianças na busca pelo esporte
e também no consumo de objetos ou serviços que simbolizam essa associação de
ídolos esportivos. A partir dessas características, é possível que a criança seja
influenciada no cotidiano por comportamentos adequados ou inadequados ao ídolo.
Hipotetiza-se que a atual organização da macrossociedade é influenciada pela
influência mais ampla dos "esportes espectadores" de diferentes formas, seja por
meio de "esportes educativos" ou outras manifestações, não podendo referir com
clareza o impacto desse fenômeno. Por exemplo, há um conflito entre a ética humana
preconizada no esporte escolar e a ética pragmática predominante no esporte
profissional, o que cria um "dilema ético" tanto para crianças quanto para adultos, e
até mesmo para educadores.

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Fonte: www.blog.sympla.com.br

Reconhecemos a existência de diferentes formas de expressão em torno dos


objetivos e interesses do esporte contemporâneo, bem como a busca de aprofundar
e estabelecer relações orientadas para a ação educação com a necessidade de
explicar a configuração atual do esporte, por um lado, destaca-se o marketing
esportivo de destaque que influencia e aumenta o consumo esportivo de diferentes
maneiras e, por outro lado, o campo da ciência do esporte, que se refere à realização
atlética como habilidade.
O objetivo da ciência do esporte não é transmitir conhecimentos simples ou
ensinar gestos adequados, entendendo o aluno apenas como um receptor passivo,
imprudente, ingênuo e incapaz de autocontrole. Alguns dos desafios atuais da ciência
do esporte precisam ser superados, como a simplificação, o distanciamento entre
teoria e prática na pedagogia do professor, além do imediatismo e das ideias inatas
na condução da educação esportiva.
Uma ciência moldada pela complexidade, ou seja, mediada pela unidade,
contingências e incertezas, e eliminando o pensamento reducionista, que fornece
elementos agravantes como reduzir a prática a ações limitadas ao razoável,
desconsiderar dimensões das sensibilidades humanas, desconsiderar coexistências
unidades que criam complexidade e metas de priorização no treinamento de atletas.
A ciência do esporte deve basear-se num modelo complexo (complexo, instável
e subjetivo), coexistir e associar-se a outras unidades, e intervir no processo de

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desenvolvimento humano das crianças desportivas de forma a encontrar autonomia,
autoconhecimento, da sensibilidade, rejeitando assim o pensamento simples
(simplicidade, estabilidade e objetividade).
Na busca de superação dos desafios para se alcançar os objetivos da ciência
do esporte, se resgata o estudo de Freire, onde é discutido o papel do professor no
esporte e mostra quatro princípios simples que devem nortear sua atuação:
• Ensinar esportes,
• Ensinar bem esportes para todos,
• Ensinar mais que esportes a todos,
• Ensinar a gostar de esportes.
Os princípios são relevantes, porém, para aplicação e avanço, o alcance da
ciência do esporte sugere-se um quinto princípio norteador de ação pedagógica no
esporte, diante o contexto esportivo contemporâneo:
• Ensinar a compreender criticamente o esporte na sociedade atual, ou
seja, qualificar os alunos a perceber cada evento esportivo como
conhecimento histórico, condição para a compreensão desse fenômeno
como um importante elemento da cultura.
O objetivo da ciência do esporte, além de formar e informar, é explicar o
fenômeno para se beneficiar dos estudos da evolução e transformação do esporte
contemporâneo e explorar as possibilidades, novas capacidades de ação educativa,
advocacia intelectual e crítica de praticantes de esportes.

Fonte: www.futcon.com.br

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Nesse contexto, propõe-se que, além de ensinar a lógica interna dos métodos,
mas também incorpore a lógica externa, ou seja, aspectos que afetam o ensino do
esporte e que devem ser claramente expressos nas atividades educativas. Propomos
ampliar os aspectos e áreas de aplicação da ciência do esporte, em que seu campo
de atuação não se limite ao simples papel do professor ensinando movimentos
esportivos nas escolas formais, clube, ginásio, escola de esportes (aspecto
processual), mas também intervir no comportamento destes atletas, permitindo uma
melhor compreensão deste fenómeno (dimensão conceptual), conceito e
verticalidade.
A importância da ciência tradicional é de grande relevância na cientificação da
pedagogia do desporto, mas abre novas possibilidades e novas perspectivas para
esta área de concentração na educação desportiva. Pesquisa de Galvão, Rodrigues
e Silva alerta para a necessidade de reflexão sobre as mensagens televisivas durante
eventos esportivos, discutindo as atitudes dessas pessoas enquanto consumidores
de imagens fotos esportivas e sugere a necessidade de incentivá-los a ter postura
crítica.
Destaca-se a pesquisa de Rodrigues, que observou as experiências de alunos
do 8º ano do ensino fundamental relacionadas aos conteúdos midiáticos sobre o
fenômeno esportivo. Ele identifica grandes participações, com interações e níveis de
importância relacionados aos eventos midiáticos expostos, reforçando sua posição
como ator ativo no processo de recebimento de informações.

Fonte: www.files.canalmvs.webnode.com

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O autor conclui que o ensino do esporte deve considerar a “bagagem” esportiva
dos alunos e atuar de forma mais decisiva. Convergindo com esta abordagem,
Ferreira e Darido apresentam uma reflexão sobre os usos das tecnologias de
informação e comunicação (TIC), tendo em vista a possibilidade de estabelecer um
contexto de aprendizagem significativo e relevante, a partir da percepção e uso
desses recursos tecnológicos por alguns educadores esportivos.
Nesse sentido, é possível (e necessário) se preocupar com "aspectos
conceituais (sobre o que é o jogo; jogabilidade adequada), procedimentais
(experiência real e virtual) e longitudinais (avaliação crítica, respeito, cooperação
durante e após o jogo)", introduz um maior grau de severidade em relação às crianças
e minimiza a orientação comercial e a alienação da indústria do entretenimento.
Assim, fica claro que é um grande desafio para quem atua na área da
Pedagogia do Esporte. Por outro lado, se o esporte contemporâneo, por meio de suas
diversas formas de expressão, oferece alguma possibilidade de exposição a
determinados modos e/ou práticas do esporte, influenciando a dinâmica social de
quem o pratica, por outro lado, a pedagogia da ação deve estimular os alunos refletir
sobre o significado de seus gestos, mesmo de forma crítica, nas atitudes,
comportamentos e consequências atuais do esporte na sociedade atual.

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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Alexandro, BRANDT, Ricardo. A Psicologia do Esporte Aplicada a


Atletas Portadores de Necessidades Especiais: Reflexões Epistemológicas,
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