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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 3
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1 INTRODUÇÃO
Bons estudos!
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2 FUNCIONALISMO, BEHAVIORISMO, COGNITIVISMO E PSICOLOGIA
COGNITIVA
Fonte: https://saudementalatibaia.com.br/
2.1 Funcionalismo
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ao meio, tendo um papel ativo e autônomo nesse processo. A consciência, então, passa
a ser compreendida como um fluxo, um movimento dos seres humanos em direção ao
mundo (GOODWIN, 2005).
Para William James, o ser humano não é totalmente racional. Apesar de ser
munido de aspectos individuais, subjetividade, e ter intencionalidade em suas ações, ele
nem sempre age de maneira consciente. Existe uma diferenciação entre a escolha e o
hábito: na primeira, há consciência e intencionalidade; no segundo, há o ato involuntário
ou automático (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009).
Fonte: https://revistacienciaemdebate.org/
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desses pensamentos, embora, com apenas um pouco de treinamento, possamos
facilmente trazê-los à consciência (BECK, 2022).
A terapia cognitiva propõe a identificação, a avaliação e o enfrentamento dos
pensamentos automáticos. Para Judith Beck (2022, p. 372), “a habilidade de identificar
pensamentos automáticos é análoga à aprendizagem de qualquer outra habilidade.
Alguns clientes (e terapeutas) entendem isso muito facilmente e rápido. Outros precisam
de muito mais orientação e prática”.
Willian James afirmava que orientar alguém sobre a necessidade de tomar
determinadas decisões para sua adaptação ao meio, quando feito de maneira eficiente,
poderia trazer bons resultados. Considerando a teoria dos três “eus”, James afirmava que
seria possível uma pessoa tomar decisões que a prejudicassem fisicamente como forma
de reafirmar um aspecto social, ou seja, o ambiente é um fator importante nesse processo
(GOODWIN, 2005).
2.2 Behaviorismo
Fonte: https://www.researchgate.net/
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O psicólogo norte-americano acreditava que a descrição do comportamento
deveria incluir o fator mental e, então, reformulando o que era proposto na equação E-R
(estímulo-resposta), sugeriu a fórmula E- -O-R (estímulo-organismo-resposta).
Tolman considerava a mente humana como um sistema capaz de comandar
comportamentos e aprender novos repertórios (GOODWIN, 2005). Em 1932, Tolman
afirmou que o comportamento aprendido teria como característica a intencionalidade,
objetivando uma meta, e, para ele, o comportamento que visa a uma meta é,
consequentemente, adaptativo. Assim, a adaptação do homem ao ambiente é um dos
objetos de estudo da psicologia cognitiva (GOODWIN, 2005).
Já Skinner propõe o uso de reforços positivos para “[...] controlar ou modificar o
comportamento individual ou coletivo” (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009, p. 303). Para tanto,
lança-se mão da modelagem, ou método de aproximação sucessiva, em que o reforço é
dado em fases de ações (simples) que vão gradativamente aproximando o
comportamento atual do comportamento final desejado (complexo). (Figura 3).
Figura 3: Skinner
Fonte: ttps://filosoficabiblioteca.wordpress.com
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Para Skinner, é assim que crianças aprendem a falar: primeiro elas emitem sons
aleatórios, que vão sendo reforçados pelas pessoas ao redor quando se aproximam de
uma palavra real, até que a criança consiga falar como as outras pessoas (SCHULTZ;
SCHULTZ, 2009).
Para se trabalhar com o condicionamento operante, Skinner defende o uso do
reforço na aprendizagem. O comportamento pode, então, ser controlado por meio do
reforço de suas respostas. A recompensa proporciona uma influência mais forte que a
punição na aprendizagem.
Na educação, Skinner elaborou a instrução programada, que traz os seguintes
princípios: o organismo é ativo (operante); o organismo é apresentado progressivamente,
do simples para o complexo; e as diferenças individuais são consideradas. Uma vez que
o ambiente está envolvido no processo de aprendizagem, observa-se a relação entre a
cognição e a adaptação ao meio (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009).
2.3 Cognitivismo
[...] o processo por meio do qual o mundo de significados tem origem. À medida
que o ser se situa no mundo, estabelece relações de significação, isto é, atribui
significados à realidade em que se encontra. Esses significados não são
entidades estáticas, mas pontos de partida para a atribuição de outros
significados. Tem origem, então, a estrutura cognitiva (os primeiros significados),
constituindo-se nos pontos básicos de ancoragem dos quais derivam outros
significados.
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Um dos autores que contribuíram com a ideia de rede de significados foi David
Ausubel (1918–2008), para quem a aprendizagem pode ser significativa se os novos
conteúdos forem relacionados a conceitos relevantes disponíveis na estrutura cognitiva
do indivíduo (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Ausubel (1963) define a
aprendizagem significativa como o mecanismo humano que adquire e armazena a vasta
quantidade de ideias e informações representadas em qualquer campo de conhecimento.
O funcionalismo, o behaviorismo e o cognitivismo contribuíram para a construção
de uma visão de indivíduo capaz de se desenvolver a partir da relação com o ambiente.
Para o funcionalismo, o ser humano precisa se adaptar ao meio e aprende a representá-
lo mentalmente. Já o behaviorismo compreende que fatores genéticos, associados às
tarefas atribuídas pelo ambiente, moldarão a forma como a pessoa se comporta, em uma
relação causa-efeito, sem considerar os processos mentais.
O cognitivismo, por sua vez, contribui com a ideia de que o ser humano atribui ao
ambiente, a si mesmo e aos eventos significados que vão orientar seus pensamentos e
comportamentos. Nas três abordagens, o sujeito é entendido como um organismo ativo
que, em sua interação com o meio, modifica elementos necessários à sua adaptação
para sobrevivência.
A psicologia cognitiva herdou desses pensamentos a compreensão de que os
processos de aprendizagem permitem ao indivíduo modificar a si e ao ambiente em que
vive. E esse é um ponto fundamental da abordagem. Assim, por meio da compreensão
dos processos mentais, a psicologia cognitiva fornece subsídios para os sujeitos
regularem seu comportamento, enfatizando a importância do desenvolvimento das
capacidades de identificar, manipular e adequar o comportamento a partir de informações
sociais percebidas e interpretadas.
A esse processo atribui-se o nome “cognição social”. Nesta seção, você conheceu
as contribuições do funcionalismo, do behaviorismo e do cognitivismo para a psicologia
cognitiva. A seguir, veremos um pouco mais sobre a ideia de cognição social
fundamentada pela psicologia da Gestalt.
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2.4 A psicologia da Gestalt e a abordagem cognitiva
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Semelhança: as partes parecidas tendem a ser unidas, criando um
agrupamento.
Preenchimento: completamos os espaços faltantes das figuras para que se
aproximem de formas mais conhecidas.
Simplicidade, ou pregnância: buscamos a “boa Gestalt”, simétrica, simples
e estável, mesmo que ela esteja apenas sugerida e com vários detalhes ao
redor.
Figura-fundo: o objeto observado, ou parte do objeto observado, ao receber
mais atenção e foco da percepção, é chamado “figura”. Porém, os outros
objetos, ou suas partes, não deixam de existir, tornando-se o que se
denomina “fundo”. Podemos, contudo, alternar o foco, transformando em
figura outros objetos ou partes, tornando fundo todo o restante.
Os estudos da Gestalt geraram várias figuras ambíguas (ou seja, que podem ser
diferentes a depender da parte eleita como foco), como é possível observar na Figura 4.
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comportamentos, seus pensamentos e suas reações fisiológicas. Assim, destaca-se que,
para a psicologia cognitiva, a mudança ocorre a partir de alterações na percepção, na
interpretação dos fatos. Para isso, é necessário assumir a existência de mais de um lado
em uma história, ou seja, compreender que cada um vê de acordo com os recursos de
que dispõe e a partir da perspectiva em que se encontra.
Fonte: https://www.psicologoeterapia.com.br/
O estudo sobre psicologia por meio de métodos experimentais contribuiu para uma
maior compreensão dos fenômenos estudados e fundamentou a criação de diversas
teorias, inclusive sobre o comportamento, transformando a psicologia em ciência. Isso
ocorreu a partir da fundação do primeiro laboratório de psicologia, na Universidade de
Leipzig, Alemanha, em 1879, que marca a redefinição do modo de estudar fenômenos e
a própria psicologia. Fenômenos antes explorados pela especulação a partir de vivências
do cotidiano seriam, então, convertidos em objeto de estudo científico (SAMPAIO, 2005
apud PIRES, 2018).
Assim, conforme Pires (2018) o desenvolvimento das teorias comportamentais
permitiu que tivéssemos conhecimento a respeito das leis gerais do comportamento,
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tornando-o previsível. Os conceitos de condicionamento clássico, de Pavlov e Watson, e,
posteriormente, o de operante, de Skinner, foram fundamentais para a Teoria
Comportamental, tal como hoje a conhecemos. Para compreender melhor o conceito de
comportamento sob a ótica de Skinner, é necessário conhecer a trajetória teórica que o
levou a determinar os conceitos de sua teoria.
No desenvolvimento da teoria de Skinner, conhecida como o behaviorismo radical,
houve uma evolução dos conceitos já estudados por outros teóricos do
comportamentalismo. Inicialmente, Skinner entendia o comportamento como uma
correlação observada entre estímulo e resposta, forma semelhante ao conceito de
Watson. Posteriormente, postulando seu conceito sobre operante, dissocia a
necessidade de identificar um evento antecedente que provoque uma ação. Para
Skinner, o que acontecia depois que um organismo se comportava desempenhava um
papel mais importante do que o que acontecia antes (SAMPAIO, 2005 apud PIRES,
2018).
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o que é uma visão simplista, tendo em vista a complexidade do comportamento. Essa
definição defende, também, que não há estímulos fora de uma relação comportamental
e que essas relações ocorrem entre respostas ou eventos comportamentais e estímulos
ou eventos ambientais (LOPES, 2008 apud PIRES, 2018).
Essa concepção de relação defende que não existe estímulo que não esteja
relacionado à resposta nem resposta que não esteja em relação funcional com um
estímulo (TOURINHO, 2006 apud PIRES, 2018). Fala-se, dessa forma, sobre a relação
de interdependência entre comportamento e o ambiente, que é mais facilmente percebida
no comportamento respondente do que no comportamento operante. Portanto, para a
análise do comportamento, o importante é a interação.
Afinal, tudo o que acontece é considerado comportamento? Não, nem toda a
atividade é considerada comportamento, como, por exemplo, uma folha caindo de uma
árvore. Respondendo essa pergunta, Skinner (1984 apud PIRES, 2018) explica que o
primeiro comportamento de um organismo foi um simples movimento; já o sensing –
suscetibilidade de estímulos – teria surgido após esse movimento. Assim, segundo
Skinner, o primeiro movimento não foi controlado por nenhuma estimulação.
De acordo com a biologia, um organismo primitivo como a ameba pratica um tipo
de sensing como forma de obtenção de alimento. Do ponto de vista evolutivo, existe algo
anterior ao sensing, algo mais primitivo, que seria, então, a coordenação sensório-motora
(LOPES, 2008 apud PIRES, 2018). Essa explicação é mais facilmente entendida em
seres elementares como a ameba, mas é muito mais complexa nos seres humanos, pois
temos órgãos motores e órgão sensoriais especializados, além do sistema nervoso que
coordena e faz a integração esses sistemas (LOPES, 2008 apud PIRES, 2018).
Ainda que definição anterior sobre comportamento não seja totalmente satisfatória,
leva-nos a pensar sobre o seu caráter dinâmico e mutável. Considerando a fluidez da
teoria sensório-motora, teremos como ponto de partida, na análise do comportamento, o
fluxo comportamental (LOPES, 2008 apud PIRES, 2018). Para isso, foi necessário
analisar o fluxo de uma forma que pudéssemos prever e/ou mudar sua direção. Veja o
que Skinner (1953 apud PIRES, 2018) falou sobre isso: “O comportamento é atividade
contínua e coerente de um organismo integral. Embora, para propósitos teóricos e
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práticos, ele possa ser analisado em partes, devemos reconhecer a sua natureza
continua de modo a resolver certos problemas comuns”.
Nesse sentido, a análise do comportamento entende um episódio comportamental
a partir da relação entre eventos comportamentais (respostas) e eventos ambientais
(estímulos). Quando se leva em consideração a temporalidade da relação resposta-
estímulo e o padrão de comportamento, falamos de estados comportamentais. Ainda
segundo Skinner (1969 apud PIRES, 2018), uma formulação adequada entre organismo
e ambiente deve especificar a ocasião em que ocorre a resposta, a própria resposta e as
consequências reforçadoras. A inter-relação entre elas constitui as contingências de
reforço.
É preciso compreender que uma resposta que já aconteceu não pode ser prevista
e controlada, mas podemos dizer que respostas similares poderão acontecer no futuro.
Assim, a palavra operante será empregada para descrever uma classe de respostas, e
não uma única resposta.
O conceito de operante fala sobre probabilidades, ou seja, uma pessoa tem tanto
uma regularidade na resposta quanto uma tendência maior de se comportar de maneira
semelhante. Por mais que passe despercebido por nós, todos temos um padrão de
comportamento que é observável, preditivo. Para se fazer a observação desse fluxo
comportamental, o analista do comportamento vê a relação entre estímulos
antecedentes, resposta, consequência. Sobre esse assunto, Skinner afirmou, em 1969:
“A formulação adequada da relação organismo-ambiente é especificada pela
contingência que dita a organização da relação entre eventos ambientais e eventos
comportamentais” (1969, p. 7 apud PIRES, 2018).
Dessa forma, a partir da análise do comportamento, permite-se construir, manter
ou enfraquecer comportamentos a partir da contingência (operante, reflexo),
possibilitando sua compreensão e modificação. Assim, quando esse padrão de
comportamento é alterado, ou seja, há mudança no comportamento, surge outro,
chamado processo comportamental (LOPES, 2008 apud PIRES, 2018) – um exemplo
disso é a aprendizagem.
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De acordo com Pires (2018), a diferença de definição de comportamento para
Skinner em relação aos outros comportamentalistas está na existência da contingência
de reforço no conceito de comportamento. Ao coletarmos registros ao longo do tempo,
devemos comparar o sujeito consigo mesmo, sua história passada é sua linha de base.
A interpretação do behaviorista radical é sempre histórica.
O comportamento, portanto, é entendido como a relação entre organismo- -
ambiente, que pode ser compreendida do ponto de vista de sua dinâmica como uma
coordenação sensório-motora, na qual modifica e é modificado pelo ambiente. Além
disso, do ponto de vista da análise do comportamento, é compreendida como uma
relação de interdependência entre eventos ambientais, eventos comportamentais,
estados comportamentais e processos comportamentais (LOPES, 2008 apud PIRES,
2018).
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explicar certos comportamentos que não são facilmente observáveis, como alguém que
sente sede ou medo, por exemplo. Para o behaviorismo metodológico, esses
comportamentos devem ser descritos da forma mais realista possível e, por isso, a
metodologia utilizada se aproximou da fisiologia, devido à dificuldade de observar alguns
dos comportamentos (MATOS, 1995).
A medida que essas lacunas foram aparecendo, o behaviorismo metodológico
começa a ficar próximo da fisiologia para tentar explicar aqueles comportamentos que
não observados por outras pessoas. Entretanto, foram muitas as lacunas que
permaneceram abertas e, essa foi uma das razões que justificaram a evolução da escola
behaviorista na busca por compreender cada vez mais o comportamento humano. Esse
processo de transformação se deu principalmente com as contribuições de Skinner e do
desenvolvimento do behaviorismo radical (BAUM 2019).
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Se aceitarmos o dualismo interior-exterior ou objeto-sujeito, uma ciência que se
ocupa apenas do comportamento exterior parece incompleta; na verdade, a acusação de
que os behavioristas ignoram o mundo interior dos pensamentos e sentimentos baseia-
se apenas nesse suposto dualismo. Como já explicado anteriormente, o behaviorismo
radical recusa o dualismo entre o mundo interior e o mundo exterior. Inversamente, ele
considera que a análise do comportamento está relacionada com um mundo e com
comportamento a ser encontrado naquele mundo.
Uma perspectiva mais antiga do behaviorismo metodológico sustentava-se no
realismo. Dessa forma os behavioristas metodológicos realistas diferenciam o mundo
objetivo do mundo subjetivo. A ciência é compreendida como acesso apenas ao mundo
objetivo, eles enfatizavam o uso dos métodos da ciência para estudar o mundo "fora".
Os realistas afirmam que o mesmo mundo objetivo está lá fora para todos,
enquanto que o mundo subjetivo é singular e inacessível enquanto objeto de estudo.
Assim, os behavioristas metodológicos ponderavam como único caminho para uma
psicologia científica aqueles métodos que posicionassem o comportamento no mundo
objetivo, esse seria um mundo no qual todos compartilham e sobre o qual poderiam
concordar. É, justamente, por isso que o behaviorismo é denominado de metodológico,
pois, decorre dessa ênfase no uso de métodos.
O behaviorismo radical, em comparação com o behaviorismo metodológico, não
faz diferença entre os mundos subjetivo e objetivo. Contrariamente, a focar nos métodos,
ele se concentra em conceitos e termos. Da mesma forma que a física avançou com a
criação da palavra “ar”, também a ciência que estuda o comportamento evolui com a
criação de seus próprios termos.
Ao longo do tempo, os analistas do comportamento utilizaram conceitos, tais
como: resposta, estímulo e reforço. Os usos desses termos se modificaram na medida
em que a ciência evoluiu. Se prevê que no futuro não tão distante, seu emprego pode
continuar mudando ou eles podem ser substituídos por outros termos, mais úteis.
O segundo motivo pelo qual o behaviorismo radical recusa o realismo
metodológico deve-se a que este confunde as definições de comportamento. Dentro da
perspectiva de estudos do comportamento, o realismo sustenta que existe algum
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comportamento real que acontece no mundo real e que os nossos sentidos, sejam eles
instrumentos ou observação direta, só nos providenciam informações sensoriais sobre
esse comportamento real, o qual jamais conhecemos diretamente.
Se, por exemplo, fizermos a observação objetiva de que um homem está mexendo
seus pés um na frente do outro rapidamente na rua, alguém poderia argumentar que isso
não alcança para captar o sentido da descrição de que o homem está correndo pela rua.
Outra pessoa poderia dizer que isso também não é suficiente. O homem, simplesmente,
pode estar se exercitando, escapando da polícia ou disputando uma competição. Mesmo
que determinemos que ele esteja disputando uma competição, pode-se ainda dizer que
ele está treinando para os Jogos Olímpicos ou para impressionar alguém.
Para os realistas (behaviorista metodológico), a melhor forma de lidar com essa
variedade de possíveis descrições é manter-se próximo da primeira, caracterizar a
corrida a competição em termos mecânicos (objetivos) o máximo possível, inclusive
descrevendo os músculos envolvidos, pois esses movimentos mecânicos supostamente
nos aproximariam ao do comportamento real.
Os motivos que levaram o homem a esse comportamento seriam tratadas
separadamente. No entanto, considerar o comportamento como composto de
movimentos de membros e músculos cria uma ambiguidade perturbadora. Os mesmos
movimentos de membros e músculos podem estar presentes em muitas atividades
diferentes. Em nosso exemplo, os movimentos do corredor podem fazer parte de um
exercício ou de uma fuga da polícia. Uma vez que os movimentos são iguais, o realista
tem que dizer que é o mesmo comportamento, mas, por qualquer definição razoável, não
podem ser definidos como o mesmo comportamento.
O pragmatista (behaviorista radical), não tendo nenhum compromisso com
qualquer ideia de comportamento real, apenas pergunta qual é a maneira mais útil, ou,
nos termos de Mach, mais econômica de descrever o comportamento do homem, isto é,
que nos oferece a melhor compreensão ou a descrição mais coerente. É por isso que os
behavioristas radicais favorecem definições de atividades que incluam as razões do
homem para correr, como exercitar-se e fugir da polícia. Uma descrição útil poderia ser:
“O homem está disputando uma corrida nesta rua como parte de uma tentativa de
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participar dos Jogos Olímpicos”. De fato, podemos refinar isso ainda mais incorporando
as razões por trás da tentativa de participar dos Jogos Olímpicos e outros fatores,
igualmente.
Como o behaviorismo radical responde à pergunta: “O que é comportamento? ”. A
resposta é pragmática. Os termos que usamos para falar sobre comportamento nos
permitem não só dar-lhe sentido, mas também uma definição. O comportamento inclui
quaisquer eventos sobre os quais podemos falar com os nossos termos inventados.
O behaviorismo radical indaga sobre as melhores maneiras, as mais úteis, de falar
sobre isso, e se, por exemplo, é útil dizer que uma pessoa está em uma corrida para se
qualificar para os Jogos Olímpicos, então, disputar uma corrida para se qualificar para os
Jogos Olímpicos constitui um evento comportamental.
Essa ênfase pragmática à fala, aos termos e às descrições – em oposição aos
métodos de observação – leva a um dos notáveis contrastes entre o behaviorismo
metodológico e o behaviorismo radical. Os fenômenos conscientes, estando entre as
coisas sobre as quais podemos falar, estão incluídos no estudo do comportamento para
o behaviorista radical.
Resumindo, o behaviorismo metodológico se baseia no realismo, o behaviorismo
radical se baseia no pragmatismo. O behaviorismo radical rejeita o dualismo dos mundos
interior e exterior como hostis a uma ciência do comportamento e propõe, em seu lugar,
uma ciência baseada no comportamento em um mundo único.
Para o realista, o comportamento real ocorre no mundo real, e esse
comportamento real é acessível apenas indiretamente, por meio dos nossos sentidos.
Assim, o behaviorista metodológico tenta descrever eventos comportamentais nos
termos mais mecânicos possíveis, o mais próximo possível da fisiologia.
Já o behaviorista radical procura termos descritivos – que sejam úteis para
compreender o comportamento – e econômicos – para discutir o comportamento.
Descrições pragmáticas do comportamento incluem seus fins e o contexto em que ele
ocorre. Para o behaviorista radical, termos descritivos tanto explicam o comportamento
como definem o que ele é.
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3.3 Conceitos behavioristas relativos à aprendizagem comportamental
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A relação entre efeito (reforço e punição) e resposta comportamental é conhecida
como lei do efeito (BAUM, 2019; LOPES, 2008). Nesse sentido, para o behaviorismo, a
aprendizagem ocorre por meio da interação de três elementos, como destaca Feldman
(2015): o estímulo (que é a situação presente ou antecessora — relacionada ao
ambiente); a resposta (ação de fato do indivíduo); a consequência (alteração no ambiente
consequente àquela resposta, incluindo reforço e punição).
Assim, a aprendizagem comportamental ocorre em função da consequência que
determinada resposta comportamental tem no ambiente. Dessa forma, pode-se afirmar
que a aprendizagem é fruto da interação entre estímulo-resposta-consequência. Ou seja,
é a partir da relação desses três elementos que uma pessoa aprende, ou condiciona
(termo bastante usado no behaviorismo), suas respostas comportamentais para
situações futuras (FELDMAN, 2015).
O resultado da interação entre consequências (reforço ou punição) e respostas
comportamentais é conhecido como modelagem. No processo de modelagem, entende-
se que um comportamento é “moldado” a partir dos efeitos que produz no meio. Quando
um comportamento é bem-sucedido, a pessoa aprende que é interessante repetir aquele
comportamento no futuro; já quando um comportamento é malsucedido, ou punido, a
pessoa aprende que não é interessante repetir aquele comportamento no futuro.
Ou seja, na concepção behaviorista, a aprendizagem comportamental ocorre de
maneira objetiva, em função de estímulos e consequências decorrentes de uma resposta
comportamental. Essa forma de entender a aprendizagem é coerente com toda a
compreensão de objeto de estudo do behaviorismo, que, ao ser definido como o
comportamento humano, atribui um caráter objetivo à ciência psicológica, permitindo que
esta tenha a possiblidade de investigar os processos psicológicos a partir da
mensuração, da observação e da realização de experimentos (BAUM, 2019). Neste
capítulo, você estudou sobre a escola behaviorista e suas principais contribuições para o
desenvolvimento da ciência psicológica.
Como visto ao longo de todo o texto, o behaviorismo tem uma grande importância
para a psicologia em função da sua concepção pragmática, que dá um caráter prático
para a ciência. Além disso, a concepção behaviorista de comportamento, desenvolvida
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ao longo dos anos, enfatiza seu caráter relacional e processual, sendo entendido como
um fluxo, que envolve evento, estado e processo comportamental. Por fim, você também
aprendeu a reconhecer os principais conceitos dessa escola psicológica sobre a
aprendizagem, a partir da análise dos três elementos que compõem o processo: estímulo,
resposta e consequência.
4 NEUROCIÊNCIA COGNITIVA
Fonte: http://bartmed.eu/mikropolaryzacja-mozgu/
O ser humano sempre teve fascínio em saber o que o fazia humano, ou seja, o
que o diferenciava dos animais. Desde que houve uma revolução cognitiva (HARARI,
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2011) e passamos a usar línguas estruturadas como forma de simbolizar o mundo, temos
nos perguntado o sentido das coisas e de onde vêm os pensamentos e sentimentos.
Assim, não é de se espantar que os estudos nessa área existam desde a
antiguidade, tentando dar respostas ao que nos faz humanos. Diversas disciplinas
estudaram o encéfalo, como a filosofia e a medicina e, posteriormente, a biologia, a
psicologia, entre outras. Para entender as neurociências, a princípio precisamos ver
como se estrutura o nosso sistema nervoso central (SNC) (Figura 5).
O que muitas vezes chamamos de cérebro quando nos referimos ao que está
dentro de nossa cabeça é apenas uma parte de um todo denominado encéfalo. O
encéfalo é composto pelo cerebelo, a ponte, o bulbo, algumas estruturas antigas acima
da ponte, o cérebro e a medula.
A medula ainda participa do sistema que envia e recebe os sinais entre o encéfalo
e os nervos no corpo (KREBS; WEINBERG; AKESSON, 2013). O cérebro é uma
estrutura que participa dos processos cognitivos superiores, como pensamento e
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linguagem. As outras estruturas do SNC estão basicamente mais ligadas à regulação dos
movimentos e dos sinais vitais dos seres humanos (KREBS; WEINBERG; AKESSON,
2013).
Agora que vimos a divisão básica do SNC, vamos dar continuidade ao histórico
das neurociências. Existem registros de estudos realizados até mesmo no Egito Antigo.
Os egípcios realizavam o procedimento de trepanação quando a pessoa apresentava
problemas encefálicos. A trepanação era a técnica de realizar buracos no crânio com a
finalidade de curar. Ainda nesse período, iniciou-se a crença de que o coração — não o
encéfalo — era o responsável pelas emoções e memórias (BEAR; CONNORS;
PARADISO, 2017).
De acordo com Tieppo (2019), é justificável que os egípcios e outros povos não
compreendessem a importância do encéfalo, dando prioridade ao coração. Afinal, o
encéfalo se desfaz rapidamente após a morte, adquirindo uma consistência gelatinosa,
sendo impossível de ser estudado sem materiais como o formol. Essa ideia relacionada
ao coração se perpetuou até a Grécia Antiga, quando o filósofo Aristóteles descreveu que
a função do encéfalo era a de resfriar o sangue.
A partir dos estudos de Hipócrates, considerado o pai da medicina ocidental,
definiu-se que o encéfalo seria um órgão de sensações e da inteligência, ampliando a
concepção de suas funções (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017). É a partir dessa
concepção de uma mente no cérebro que se iniciam de fato os estudos da neurociência,
pois passam a considerar a importância do encéfalo (TIEPPO, 2019).
Em Roma, o médico Cláudio Galeno, no século II, observou encéfalos, percebendo
que havia uma parte mais mole (o cérebro) e outra mais firme (o cerebelo). Assim, Galeno
postulou que o cérebro seria o local das sensações por ser mais suave, enquanto o
cerebelo seria o local dos músculos, que são mais enrijecidos, como o próprio cerebelo.
Ele também observou que os cérebros apresentavam alguns espaços, conhecidos
hoje como ventrículos, e que por eles passavam líquidos, o que ele chamou de humores.
Dessa forma, para o médico, os humores (quatro tipos de fluidos vitais) eram levados ao
corpo pelos nervos, que ele pensava serem como fios ocos por onde passava o líquido
(BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017).
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No período do Renascimento, da metade do século XIV até o fim do século XVI,
aconteceu a maior descrição do encéfalo feita até então, pelo médico belga Andreas
Vesalius. Entretanto, ainda havia a crença dos ventrículos como centros dos humores.
Nessa época, o encéfalo foi comparado a uma máquina, bombeando os fluidos
para fora. O filósofo René Descartes, no século XVII, descreveu que, embora a teoria da
mecânica dos fluidos que acreditava nesse bombeamento de humores estivesse em
certo grau correta, não conseguia explicar os comportamentos que são apenas humanos.
A partir dessa conclusão, Descartes passa a descrever que haveria então uma
mente, algo fora do encéfalo, que daria os comportamentos unicamente humanos.
Segundo ele, a mente seria uma essência espiritual que realizava uma conexão com o
encéfalo por meio da glândula pineal, uma pequena estrutura hormonal envolvida na
regulação do sono e da reprodução. (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017; KREBS;
WEINBERG; AKESSON, 2013).
Depois do século XVII, os estudiosos rompem com a teoria dos fluidos e começam
a identificar que o cérebro é formado por uma substância branca e outra cinza (Figura 3).
De acordo com os pesquisadores da época, a substância branca servia como condutora
de informações para a massa cinzenta.
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Fonte: https://mol.icb.usp.br/i
Na Figura 3 é possível notar que existe uma leve coloração diferenciada entre a
parte mais interna e a mais externa do cérebro. A substância cinzenta, mais externa, é
formada pelos corpos celulares dos neurônios, enquanto a substância branca é formada
pelos axônios, ou filamentos dos neurônios, entre outras células que auxiliam o SNC
(MARTIN, 2013).
Ao final do século XVIII, o SNC já estava detalhadamente descrito e dividido entre
encéfalo e sistema nervoso periférico (SNP), composto pela medula e pelos nervos. Além
disso, a partir desse século, o cérebro foi dividido em lobos (Figura 4), e seus giros
também foram explorados. Os giros são todas as voltas e dobras que o cérebro tem para
se acomodar dentro da caixa craniana. Os lobos apresentam funções diferentes entre si
e são divididos em quatro, nomeados de acordo com o osso mais próximo.
Fonte: https://www.infoescola.com/
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Os lobos apresentam funções distintas, mas se comunicam entre si. Eles são
encontrados em ambos os hemisférios. Embora a maior parte das funções cognitivas seja
espelhada, ou seja, aconteça nos dois hemisférios, algumas se estabelecem
majoritariamente em um deles, um exemplo é a linguagem, que ocorre quase que
completamente no hemisfério esquerdo. Veja a seguir algumas funções de cada um dos
lobos (KANDELL et al., 2014; MARTIN, 2013; KREBS; WEINBERG; AKESSON, 2013).
Como visto, por muitos séculos houve a ligação entre o encéfalo e o espírito ou a
alma. Entretanto, à medida que as pesquisas foram avançando e novas formas de ver o
SNC foram desenvolvidas, os cientistas começaram a compreender o órgão mais
complexo do corpo humano, excluindo teorias que o conectam a algo imaterial e tão
abrangente quanto o conceito de mente.
Kandell et al. (2014) afirmam que já avançamos muito. Esse avanço, em especial,
ocorreu a partir do século XIX. Segundo Bear, Connors e Paradiso (2017), os 100 anos
do século XIX representaram um avanço gigantesco em comparação a todos os séculos
anteriores, moldando as neurociências atuais.
Uma das grandes descobertas foi a existência de potenciais elétricos gerados no
sistema nervoso que percorrem os nervos, fazendo os músculos se movimentarem. Isso
acabou com a teoria dos fluidos e humores. Assim, “o novo conceito era de que os nervos
eram como ‘fios' que conduzem sinais elétricos do e para o encéfalo” (BEAR; CONNORS;
PARADISO, 2017, p. 9).
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Foi também no século XIX que cientistas entenderam a localização de algumas
funções a partir de observações e experimentos com animais. Flourens descobriu as
funções motoras do cerebelo, enquanto Broca identificou a região responsável pela
expressão da linguagem, ou seja, pela produção da fala.
Outros estudiosos ainda descobriram diversas áreas envolvidas em funções
motoras e na visão. Portanto, a partir dessas pesquisas iniciais, hoje sabemos que há
diversas áreas especializadas em funções distintas. Atualmente avançamos a passos
largos na tentativa de decifrar o encéfalo, e isso só é possível com a evolução das
tecnologias, que possibilitam realizar exames mais precisos e cada vez mais detalhados.
Entretanto, além de equipamentos, são necessários investimentos em pesquisas
tanto para a produção de tais equipamentos quanto para a produção dos conhecimentos
que possibilitem o uso desses equipamentos. Ainda, é importante que existam diversas
pesquisas e experimentos que nos tragam maior luz sobre o sistema nervoso, sua
formação, seu desenvolvimento, seu funcionamento e sua capacidade de regeneração.
É muito importante lembrar dos cientistas que possibilitaram o progresso cada vez
maior nas neurociências. Entre eles, é possível citar o neurocientista naturalizado
brasileiro Ivan Izquierdo, falecido em 2021. Sua contribuição para as bases biológicas da
memória com os estudos das vias hormonais no cérebro foi extremamente importante
para muitas áreas, como a de aprendizagem.
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Como é possível notar no Quadro 1, existem muitas disciplinas que se
complementam no estudo do sistema nervoso, pois não há como apenas uma disciplina
abordar tudo. Veja que é preciso passar pelo estudo das moléculas, as menores
partículas, para então entender as células, o conjunto de células (o sistema), o
comportamento e a cognição.
Todos esses estudos caminham juntos para a compreensão de como o ser
humano funciona a nível neurológico. Os profissionais que pesquisam todas essas áreas
podem ser chamados de neurocientistas. Eles vão realizar seus estudos a partir de uma
das visões descritas no Quadro 1.
Portanto, os neurocientistas são aqueles que fazem a ciência ligada às
descobertas nessa área, trabalhando, em sua maioria, em universidades, laboratórios e
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centros de pesquisa. Eles tentam decifrar como o encéfalo funciona e como ajudá-lo em
suas dificuldades (LENT, 2001).
Definir as neurociências é compreender, portanto, que distintas áreas tentam
entender o funcionamento do sistema nervoso. De acordo com Kandell et al. (2014, p.
xv):
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mito muito difundido é que há cérebros que aprendem de forma diferente, como cérebros
visuais ou auditivos (LOPES et al., 2020).
Entretanto, algumas descobertas são bem aceitas e parcialmente compreendidas
pelo senso comum, como é o caso do próprio sistema nervoso e da evolução das
espécies. A partir desse conhecimento iniciado por Darwin, os cientistas puderam aplicar
estudos comparativos entre espécies, compreendendo que há famílias comuns entre as
espécies, que apresentam semelhanças no sistema nervoso. Outra descoberta muito
importante foi a de como funcionam os neurônios, as células do sistema nervoso. Esse
conhecimento só foi possível com as melhorias nos aparelhos, principalmente o
microscópio (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017).
Todos esses experimentos em diferentes áreas formam o que hoje chamamos de
neurociências. Assim, ao pensarmos em uma definição para a área, a descrevemos como
um campo composto por diversas disciplinas que tentam compreender o funcionamento
do sistema nervoso em seus diversos níveis: biológico, químico, elétrico, sistêmico,
cognitivo e comportamental.
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Figura 5: Neurônio com sinapse em destaque
Fonte: https://escolaeducacao.com.br/sinapses/
Fonte: https://www.auladeanatomia.com/
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Na mesma Figura, confira também os sulcos, que são estrias no cérebro: sulco
central, sulco parieto-occipital e corte pré-occipital. Enquanto as fendas são chamadas
de sulcos, as saliências são chamadas de giros.
As áreas cerebrais são divididas em dorsal (em direção ao topo), ventral (em
direção à base), frontal (em direção à frente), posterior (parte de trás), lateral (ao lado) e
medial (no meio).
Além de conhecer a anatomia básica do cérebro, é importante que você conheça
a organização cerebral. O cérebro funciona de acordo com dois princípios contraditórios
entre si: o princípio de controle de custos, que visa a diminuir as distâncias entre as
conexões, e o princípio da eficiência, para integrar as informações.
Às vezes, as informações estão distantes uma da outra e, para resolver essas
dificuldades, os neurônios se relacionam com neurônios próximos a si e com até 10 mil
neurônios. Para resolver a questão da localização, existem módulos, que são áreas de
conexão agrupadas, e centros, que são regiões com muitas conexões com outras regiões
(BULLMORE; SPORNS, 2012). Esse conhecimento não é útil apenas para psicólogos,
neurologistas e psiquiatras:
Educadores — professores e pais — […] são, de certa maneira, aqueles que mais
trabalham com o cérebro. Mais do que intervir quando ele não funciona bem, os
educadores contribuem para a organização do sistema nervoso do aprendiz e,
portanto, dos comportamentos que ele aprenderá durante a vida (COSENZA;
GUERRA, 2011, p. 6).
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4.4 Técnicas para o estudo do cérebro
Fonte: https://cndl.org.br/
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tem boa precisão temporal. Por meio de eletrodos fixados no couro cabeludo, pode-se
medir a atividade cerebral diante de um estímulo repetido ou outros estímulos
semelhantes. Alterações muito pequenas de atividade cerebral podem ser captadas. É
utilizado para tarefas simples. De acordo com Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2016, p. 82),
“um traçado de EEG corresponde a uma espécie de ‘pescaria’ da atividade cerebral no
momento em que foi feita. Portanto, é um exame extremamente dinâmico e pode variar
com o momento”.
Imagem por ressonância magnética funcional (IRMF): tem boa resolução tanto
espacial quanto temporal. Portanto, na pesquisa, é melhor do que a PET. Mede o BOLD,
que é o “contraste dependente do nível de oxigênio no sangue” (EYSENCK; KEANE,
2017, p. 15).
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Estimulação elétrica transcraniana (TMS): um dispositivo emite pulsos
magnéticos breves, afetando uma área do cérebro. O efeito imita uma lesão, o que auxilia
na determinação da importância da área para o desempenho na tarefa.
Após conhecer todas estas técnicas, você deve estar se perguntando qual delas é
a melhor para pesquisas sobre cognição humana. Não existe a melhor técnica, pois todas
apresentam qualidades e limitações. A escolha da técnica depende do objetivo. Uma das
grandes contribuições da neurociência cognitiva é “que existem integração e
coordenação substanciais no cérebro” (EYSENCK; KEANE, 2017, p. 20), em vez de uma
especialização funcional extrema.
As aplicações dos resultados de pesquisas da ciência cognitiva podem trazer
grandes avanços à prática médica. Mesmo que não imediatamente, representa uma
grande esperança de cura:
Nesta última seção, você conheceu mais uma abordagem da cognição humana, a
neurociência cognitiva, e aprendeu sobre a estrutura e o funcionamento cerebral, bem
como sobre as técnicas mais utilizadas para realizar as pesquisas sobre a cognição
humana.
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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Stratton, 1963.
BAUM, W. M. Compreender o behaviorismo. Porto Alegre: Artmed, 2009.
BAUM, W. M. Compreender o behaviorismo. Porto Alegre: Artmed, 2019.
BAUM, W. M. Compreender o behaviorismo: comportamento, cultura e evolução. 3. ed.
Porto Alegre: Artmed. 2019.
BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 3. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2022.
BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: desvendando o
sistema nervoso. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias uma introdução ao
estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2001.
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao
estudo de psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
BULLMORE, E.; SPORNS, O. The economy of brain network organization. Nature
Reviews Neuroscience, v. 13, p. 336-349, 2012.
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