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UNIVERSIDADE PÚNGUÈ- EXTENSÃO DE TETE

CURSO DE PSICOLOGIA SOCIAL E DAS ORGANIZAÇÕES

Disciplina: Introdução à Psicologia Social

Tema: A percepção social

Docente: dra. Luisa Raice

NOME: Lúcia João Sandramo

TRABALHO DE PESQUISA
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INDICE
Introdução...................................................................................................................................3
CAPITULO I: Percepção Social.................................................................................................4
1.1. Percepção.............................................................................................................................4
1.2. Percepção Social: conceito..................................................................................................6
1.3. Factores que interferem no processo perceptivo..................................................................7
Conclusão....................................................................................................................................8
Bibliografia.................................................................................................................................9
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Introdução

Com o presente trabalho pretende-se falar acerca da percepção social. Sendo um dos campos
mais antigos dos processos fisiológicos, ela é compreendida como um processo de
interpretação do comportamento das outras pessoas; sendo entendida desta forma, ela se dá
em diferentes etapas. Na primeira etapa, o comportamento do outro deve atingir nossos
sentidos, e para que isto aconteça, eles devem estar funcionando correctamente, além disso, é
imprescindível que o ambiente forneça as condições necessárias.

Para a psicologia a percepção é o processo ou resultado de se tornar consciente de objectos,


relacionamentos e eventos por meio dos sentidos, que inclui actividades como reconhecer,
observar e discriminar. Essas actividades permitem que os organismos se organizem e
interpretem os estímulos. A percepção de figura-fundo é a capacidade de distinguir
adequadamente objecto e fundo em uma apresentação do campo visual.

Assim sendo, o trabalho procura explicar o que pode ser entendido como percepção social,
bem como os factores que contribuem ou interferem no processo perceptivo, desde a
selectividade perceptiva até a defesa perceptiva.

Para a elaboração do trabalho, será usado o método hermenêutico que consiste na


leitura,compreensão e interpretação de textos.

De salientar que o trabalho será apresentado em apenas um capitulo que começa aboradndo
acerca do conceito de percepção, caminhando para percepçãop social, culminando com os
factores que interferem na percepção social.
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CAPITULO I: Percepção Social

1.1. Percepção

A percepção é um dos campos mais antigos dos processos fisiológicos e cognitivos


envolvidos. Os primeiros a estudar com profundidade a percepção foram Hermann von
Helmholtz, Gustav Theodor Fechner e Ernst Heinrich Weber, A Lei de Weber-Fechner é uma
das mais antigas relações quantitativas da psicologia experimental e quantifica a relação entre
a magnitude do estímulo físico (mensurável por instrumentos) e o seu efeito percebido
(relatado). Mais adiante Wilhelm Wundt fundou o primeiro laboratório de psicologia
experimental em Leipzig em 1879.

Na filosofia, a percepção e seu efeito no conhecimento e aquisição de informações do mundo


é objecto de estudo da filosofia do conhecimento ou epistemologia. Em geral a percepção
visual foi base para diversas teorias científicas ou filosóficas. Newton e Goethe estudaram a
percepção de cores e algumas escolas, como a Gestalt, surgida no Século XIX e escolas mais
recentes, como a fenomenologia e o existencialismo baseiam toda a sua teoria na percepção
do mundo.

Para a psicologia a percepção é o processo ou resultado de se tornar consciente de objectos,


relacionamentos e eventos por meio dos sentidos, que inclui actividades como reconhecer,
observar e discriminar. Essas actividades permitem que os organismos se organizem e
interpretem os estímulos .A percepção de figura-fundo é a capacidade de distinguir
adequadamente objeto e fundo em uma apresentação do campo visual. Um enfraquecimento
nessa capacidade pode prejudicar seriamente a capacidade de aprender de uma criança.

O termo percepção tem origem etimológica no latim perceptìo-ónis, que significa


compreensão, faculdade de perceber; (HOUAISS, 2002). Do mesmo dicionário extraiu-se as
seguintes definições para o termo que são mais pertinentes ao objectivo deste trabalho:
 Faculdade de apreender por meio dos sentidos ou da mente;
 Função ou efeito mental de representação dos objectos; sensação, senso e o acto de
exercer essa função;
 Consciência dos elementos do meio ambiente através das sensações físicas;
 Acto, operação ou representação intelectual instantânea, aguda, intuitiva;
 Uso: formal. consciência (de alguma coisa ou pessoa), impressão ou intuição, moral;
 Sensação física interpretada através da experiência;
 Capacidade de compreensão;
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Segundo Penna (1997), perceber é conhecer objectos e situações através dos sentidos, sendo
que o ato implica a proximidade do objecto no tempo e no espaço. Logo, objectos distantes no
tempo não podem ser percebidos, podem ser evocados, imaginados ou pensados, mas nunca
percebidos. Em outras palavras, dificilmente pode-se realizar uma pesquisa evocando
experiências passadas para o estudo da percepção.
De acordo com STERNBERG, “a percepção é um conjunto de processos pelos quais
reconhecemos, organizamos e entendemos as sensações recebidas dos estímulos ambientais.
A percepção abrange muitos fenómenos psicológicos”. (2000:110).
STERNBERG apresenta duas teorias principais da percepção: a percepção construtiva e a
percepção directa. Na primeira o indivíduo que percebe, cria uma percepção de um estímulo,
usando as informações sensoriais para fundamentar a estrutura e acresce outras fontes de
informação. Trata-se de uma percepção racional, também denominada inteligente. É a teoria
que alia o que se sabe, com o que se sente e com as inferências, que são as deduções com base
no conhecimento.
Já a percepção directa se restringe às informações dos receptores sensoriais, incluindo o
ambiente. As duas teorias são antagónicas (2000:125) e foram definidas como teorias
gestálticas.
Além dessas, outras quatro teorias são abordadas por STERNBERG: teoria do modelo, teoria
do protótipo, teoria da característica e teoria da descrição estrutural., descritas resumidamente
abaixo:
Teoria do modelo – nossas mentes armazenam uma grande base de modelos, que são
consultados para reconhecimento de padrões.
Teoria do protótipo – não é um modelo rígido e concreto, mas é altamente representativo de
um padrão.
Teoria da característica – relaciona as características de um padrão com padrões
armazenados na memória.
Teoria da descrição estrutural – que trata das referências e padrões de forma tridimensional.
A percepção social é um processo de interpretação do comportamento das outras pessoas;
sendo entendida desta forma, ela se dá em diferentes etapas. Na primeira etapa, o
comportamento do outro deve atingir nossos sentidos, e para que isto aconteça, eles devem
estar funcionando corretamente, além disso, é imprescindível que o ambiente forneça as
condições necessárias (fase pré-psicológica do fenómeno perceptivo). A segunda etapa
acontece quando o comportamento do outro já atingiu nossos sentidos, a partir daí acontece a
ação dos nossos interesses, estes entendidos como nossos “preconceitos, estereótipos,
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valores, atitudes e ainda outros esquemas sociais”, (fase psicológica do fenómeno


perceptivo) (RODRIGUES, 1975:202). 
O entendimento do comportamento do outro se dará então a partir do que nossos sentidos
captaram juntamente com o que pensamos, formando assim a interpretação deste
comportamento.
1.2. Percepção Social: conceito
Segundo Rodrigues (1975:203), a percepção social é condição para a interação humana. O
processo perceptivo é permeado por variáveis que se intercalaram entre “o momento da
estimulação sensorial e a tomada de consciência daquilo que foi responsável pela
estimulação”. Estas variáveis influenciam em como as pessoas percebem determinado
comportamento.

A percepção social, é, no entanto, uma classificação discutível, visto que as competências


sociais são de tal gama variadas que confundiriam o conceito de percepção com outros
conceitos cognitivos, como a lógica e a emoção, por exemplo. Podemos verificar isso numa
situação social em que precisássemos seleccionar o melhor candidato à vaga disponível de
emprego: a nossa suposta "percepção social" requeria de nós uma "percepção" lógica,
emotiva, de memória e de atenção a um só tempo para realizarmos esta simples tarefa. Isto
posto, a ideia de "percepção social" deixa transparecer um uso inadequado do termo, que
poderia ser substituído por outro mais abrangente, como "competência" ou "habilidade"
social, por exemplo.

RODRIGUES, quando apresenta o conceito de percepção social aponta alguns factores que
influenciam a percepção social (1975:224), dentre eles a selectividade perceptiva,
condicionamento, experiência prévia, factores contemporâneas aos factores perceptivos.
Os factores contemporâneos podem se traduzir em fenómenos de defesa perceptiva ou de
acentuação perceptiva. No primeiro caso, o indivíduo tende a bloquear na consciência os
estímulos emocionalmente perturbadores (1975:225) e a acentuação perceptiva, por outro
lado, resgata os estímulos positivos e simbólicos já associados.
RODRIGUES explica que “a percepção das pessoas ou a cognição social ocorre em dois
estágios: pré-psicológico e psicológico”(1975:231). O primeiro estágio inclui as condições do
ambiente físico, as expressões faciais e verbais do emissor, a estimulação sensorial e a clareza
do estímulo. No estágio psicológico, o receptor filtra o estímulo considerando seus valores,
atitudes, necessidades, interesses, estereótipos e preconceitos, possíveis alterações mentais.
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Considerando estas informações sobre a natureza da percepção humana é fácil entender que
uma mesma mensagem possa ter impactos completamente distintos, por vezes, antagónicos,
em um grupo de pessoas. A cognição se torna ainda mais complexa quando o estímulo é de
natureza abstrata como intenções, sentimentos e emoções. E é justamente nesta categoria que
se encaixam os valores corporativos, que serão abordados mais adiante.
1.3. Factores que interferem no processo perceptivo
A) Selectividade perceptiva: Diz respeito ao facto de que apesar das pessoas serem
bombardeadas por uma grande quantidade de estímulos, apenas uma parte é captada.
B) Experiência prévia: A familiaridade em relação a um estímulo faz com que a pessoa
tenha maior disposição para responder a ele. Enfim, nossas vivências passadas nos
predispõem a mais facilmente percebermos os estímulos conhecidos em detrimento dos
desconhecidos.
C) Condicionamento: A sombra do behaviorismo também tem seu espaço na psicologia
social. Quando reforçarmos certos tipos de percepções colocando outros possíveis em
segundo plano, a tendência é de viciarmos os sujeitos em apenas uma percepção possível.
D) Factores contemporâneos ao fenómeno perceptivo: O estado do percebedor frente ao
percebido, no dado momento da percepção, também pode deixar marcas na mesma. Assim, o
cansaço, estresse, sede, ira, ciúmes etc. podem alterar a percepção do sujeito em uma direção
totalmente nova.
E) Defesa Perceptiva: Bloqueio na conscientização de estímulos emocionalmente
perturbadores.
Além disso, valores, atitudes, tendenciosidades, interesses, estereótipos, preconceito e
atribuições de causalidade também são capazes de interferir e distorcer o estímulo percebido
inicialmente (RODRIGUES, 1975).
Para a percepção social, todas estas interferências são de extrema relevância, uma vez que
permitem compreender como um indivíduo muitas vezes coloca significado nas acções de
outras pessoas. Pode-se dizer que a maneira como a ação do outro é percebida, independente
do seu significado real e dependente das interferências cognitivas, vai determinar o tipo de
resposta que será dada. Neste processo, a atribuição de causas aos factos observados ou
vivenciados assume importante papel, destacado inicialmente por Fritz Heider (1970).
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Conclusão
Findo o trabalho pode-se dizer que a percepção social é condição para a interação humana. O
processo perceptivo é permeado por variáveis que se intercalaram entre o momento da
estimulação sensorial e a tomada de consciência daquilo que foi responsável pela estimulação.
Os seres humanos interagem por meio dos órgãos perceptivos acima ja referenciados.
Como foi notado o trabalho contribuiu grandemente para um aprofundamento no processo de
percepção social. Diferente dos outros animais, os seres são dotados de racionalidade que os
permite por meio dos órgãos de sentido compreender o mundo e por fim a sociedade e neste
processo, diversos factores contribuem como acima referenciados.
Para a percepção social, todas estas interferências são de extrema relevância, uma vez que
permitem compreender como um indivíduo muitas vezes coloca significado nas acções de
outras pessoas. Pode-se dizer que a maneira como a ação do outro é percebida, independente
do seu significado real e dependente das interferências cognitivas, vai determinar o tipo de
resposta que será dada. Neste processo, a atribuição de causas aos factos observados ou
vivenciados assume importante papel
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Bibliografia
HOUAISS, António. Dicionário Eletrónico Houaiss da Língua Portuguesa. 1. Ed. São
Paulo, Objectiva, 2002.

PENNA, António Gomes. Percepção e realidade: introdução ao estudo da atividade


perceptiva. Rio de Janeiro, Imago, 1997.

RODRIGUES, A.,). Psicologia Social. São Paulo: Vozes, 1975.


STERNBERG, R. Psicologia Cognitiva. Artmed Periódicos, 2000.

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