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Ficha 1

Farmácia
Tema: introdução a Metodologia de Investigação Científica

1. Conceito de Básicos de Metodologia de Investigação Científica

Metodologia
Primeiramente, apresentamos a definição etimológica do termo: a palavra Metodologia vem
do grego “meta” = ao largo; “odos” = caminho; “logos” = discurso, estudo (Predanov e Freitas,
2013, p.14).

A Metodologia é compreendida como uma disciplina que consiste em estudar, compreender e


avaliar os vários métodos disponíveis para a realização de uma pesquisa acadêmica. A
Metodologia, em um nível aplicado, examina, descreve e avalia métodos e técnicas de
pesquisa que possibilitam a coleta e o processamento de informações, visando ao
encaminhamento e à resolução de problemas e/ou questões de investigação (Predanov e
Freitas, 2013, p.14).

A Metodologia é a aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observados para


construção do conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos
diversos âmbitos da sociedade (Predanov e Freitas, 2013, p.14).

Investigação
Investigar “é um procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico que permite
descobrir novos factos ou dados, relações ou leis em qualquer campo do conhecimento”
(Ander- Egg, 1978).

Segundo Borges (2017), a investigação envolve a aplicação de métodos científicos ou técnicos


para coletar dados, testar hipóteses e formular conclusões fundamentadas, visando contribuir
para a compreensão de fenômenos naturais, sociais ou técnicos.

A investigação é um processo sistemático e cuidadoso de busca, coleta, análise e interpretação


de informações com o objetivo de responder a uma pergunta, resolver um problema ou
avançar o conhecimento em determinada área. Ela é uma atividade fundamental em diversas
áreas do conhecimento, incluindo ciências naturais, sociais, humanas e aplicadas.

A investigação educacional é um processo pelo qual os pesquisadores aplicam os princípios e


métodos científicos para investigar questões relacionadas ao ensino, à aprendizagem e às
práticas educacionais, visando à produção de conhecimento e à melhoria da prática
educativa.” (Bogdan & Biklen, 2007).

“A investigação em ciências sociais refere-se ao processo de investigação sistemática,


controlada e empírica de fenômenos sociais com o objetivo de descobrir, interpretar e revisar
fatos, princípios e teorias.” (Neuman, 2014).

“A investigação em saúde envolve o estudo sistemático de questões relacionadas à saúde


humana, incluindo a identificação e análise de fatores de risco, o desenvolvimento de
intervenções preventivas e terapêuticas, e a avaliação da eficácia e eficiência de programas de
saúde.” (Polit & Beck, 2017).

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Para entender as características da investigação científica e seus métodos, é preciso,
previamente, compreender o que vem a ser ciência. Em virtude da quantidade de definições
de ciência encontrada na literatura científica, serão apresentadas algumas consideradas
relevantes para a aula (Predanov e Freitas, 2013, p.14).

Ciência
Etimologicamente, o termo ciência provém do verbo em latim Scire, que significa aprender,
conhecer. Essa definição etimológica, entretanto, não é suficiente para diferenciar ciência de
outras atividades também envolvidas com o aprendizado e o conhecimento (Predanov e
Freitas, 2013, p.14).

“A ciência é todo um conjunto de atitudes e actividades racionais, dirigidas ao sistemático


conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação” (Ferrari, 1974)

Segundo Trujillo Ferrari (1974) citado por Predanov e Freitas (2013, p.14) ciência é todo um
conjunto de atitudes e de atividades racionais, dirigida ao sistemático conhecimento com
objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação.

Lakatos e Marconi (2007, p. 80) citadas por Predanov e Freitas (2013, p.14) acrescentam que,
além der ser “uma sistematização de conhecimentos”, ciência é “um conjunto de proposições
logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja
estudar.”

Segundo Demo (2000), para que o discurso possa ser reconhecido como científico, precisa ser
lógico, sistemático, coerente, sobretudo bem-argumentado.

 Lógico: a forma de comunicação utilizada para apresentar ideias, teorias, descobertas e


conclusões de uma maneira clara, objectiva e preciza;
 Coerência: argumentação lógica, bem-estruturada, sem contradições; critério mais
propriamente lógico e formal, significando a ausência de contradição no texto, fluência
entre premissas e conclusões;
 Sistemático: as informações devem ser apresentadas de maneira estruturada e ordenada,
seguindo um conjunto de princípios e procedimentos estabelecidos.
 Bem-argumentado: deve apresentar ideias, teorias, hipóteses ou conclusões de forma
convincente, fundamentada em evidências sólidas e raciocínio lógico. Enfatizando clareza,
coesão e persuasão, com o objectivo de convencer o público-alvo da validade e
importância do argumento.

Pesquisa
A PESQUISA, é definida como “um procedimento reflexivo, sistemático, controlado e crítico
que permite descobrir novos factos ou dados, soluções ou leis, em qualquer área do
conhecimento”.

Demo, (1996) insere a pesquisa como uma atividade cotidiana considerando-a como uma
atitude, um “ questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção competente na
realidade,ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico prático”.

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Gil (1999), a pesquisa tem um caráter pragmático, é um “processo formal e sistemático de
desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é de descobrir
respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos.

Pesquisa é um conjunto de acções, propostas para encontrar a solução para um problema, que
têm por base procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem
um problema e não se tem informações para solucioná-la.

Investigação VS Pesquisa
Em resumo, enquanto “investigação” pode ter uma conotação mais ampla e investigativa,
abrangendo uma variedade de contextos e abordagens, para explorar e entender um
problema ou questão específica. Pode se referir a uma atividade mais prática e investigativa,
como uma investigação criminal, uma investigação científica ou uma investigação jornalística.
Também pode implicar em um processo mais detalhado e extenso de busca, análise e
interpretação de informações para responder a uma pergunta ou resolver um problema.

“Pesquisa” é frequentemente associada a atividades acadêmicas, científicas e sistemáticas de


busca de conhecimento. Refere-se ao processo sistemático de busca, coleta, análise e
interpretação de informações para gerar novo conhecimento, validar teorias existentes ou
resolver problemas específicos. Pode ser aplicado tanto em contextos acadêmicos, como a
pesquisa científica em laboratórios ou universidades, quanto em contextos aplicados, como
pesquisa de mercado, pesquisa de opinião pública, entre outros.

Pesquisa científica seria, portanto, a realização concreta de uma investigação planeada e


desenvolvida de acordo com as normas consagradas pela metodologia científica.

Metodologia científica é entendida como um conjunto de etapas ordenadamente dispostas


que você deve vencer na investigação de uma fenômeno. Inclui a escolha do tema, o
planejamento da investigação, o desenvolvimento metodológico, a coleta e a tabulação dos
dados, a análise dos resultados, a elaboração das conclusões e a divulgação de resultados.

2. Sistema de Saúde
Segundo a OMS (2007) um sistema de saúde consiste em combinação de recursos organizados,
incluindo pessoal, instalações, equipamentos, financiamento e informação cuja proposta
primária é fornecer serviços de saúde (melhorar, promover, restaurar ou manter a saúde da
população) atendendo ás necessidades da população. Ele abrange uma ampla gama de
atividades, incluindo promoção da saúde, prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento,
reabilitação e cuidados paliativos. O objetivo principal de um sistema de saúde é promover o
bem-estar físico, mental e social das pessoas, garantindo o acesso equitativo e eficiente aos
serviços de saúde.”

O sistema nacional de saúde, realiza a prestação de serviços de saúde no país, em


Moçambique, em quatro (3) tipos de prestadores (MISAU, 2012):

a) O Sector Público, agrupado no Serviço Nacional de Saúde (SNS), é o mais abrangente


geográfica e tecnicamente.
b) O Sector Privado divide-se em lucrativo – de presença quase exclusiva em zonas
urbanas e não lucrativo, constituído por ONGs nacionais e internacionais com fortes
ligações com o sector público.

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c) Sector comunitário, composto pelos Agentes Polivalentes Elemantares – APE’s ao
nível comunitário, cobrem parcialmente as necessidades básicas nas áreas rurais sem
unidades sanitárias, e Os Praticantes de Medicina Tradicional (PMT) com a
representação da Associação de Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO),
de grande aceitação pelas comunidades, oferecem medicina não alopática,
complementar à ocidental.
Medico tradicional- e a pessoa reconhecida pela comunidade na qual vive, como sendo
competente para prestar cuidados de saúde usando plantas, animais, minerais e
outros métodos baseados em conhecimentos anteriores, religiosos, sociais e culturais
bem como atitudes e crenças que são prevalecentes na comunidade tendo em vista o
bem-estar físico, mental e social. A medicina tradicional visa a integração no Sistema
Nacional de Saúde, de praticas de saúde e de medicamentos tradicionais
comprovadamente seguros, eficazes e de qualidade, e na ausência desses
comprovativos, incentivar e apoiar a sua pesquisa.

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) corresponde à rede de serviços organizada para responder
às necessidades de saúde da população, e é formado por uma série de instituições (ex: Centros
de Saúde, Hospitais distritais, rurais, provinciais, centrais, Centros de formação, Centros de
Reabilitação Nutricional, etc.), em que se realizam actividades diversas (ex: formação de
pessoal, prevenção de doenças, cuidados curativos) levadas a cabo, para garantir prestação de
serviços em quantidade e qualidade necessárias, para suprir as necessidades da população.

3. Identificação e priorização de problemas de investigação


A formulação do problema prende-se ao tema proposto: ela esclarece a dificuldade específica
com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver por intermédio da pesquisa. Para ser
cientificamente válido, um problema deve passar pelo crivo das questões seguintes.

O problema:
 Pode ser enunciado em forma de pergunta?
 Corresponde a interesses pessoais (capacidade), sociais e científicos, isto é, de conteúdo e
metodológicos? Esses interesses estão harmonizados?
 Constitui-se o problema em questão científica, ou seja, relacionam-se entre si pelo menos
duas variáveis?
 Pode ser objeto de investigação sistemática, controlada e crítica?
 Pode ser empiricamente verificado em suas consequências?

Formulação do problema:
Esclarecer a questão de pesquisa, definir o problema - O quê? Como?
Observar: viabilidade; relevância; novidade; exequibilidade; oportunidade.

A formulação do problema deve ser interrogativa, clara, precisa e objetiva; possuir solução
viável; expressar uma relação entre duas ou mais variáveis; ser fruto de revisão de literatura e
reflexão pessoal. O problema, assim, consiste em um enunciado explicitado de forma clara,
compreensível e operacional, cujo melhor modo de solução ou é uma pesquisa ou pode ser
resolvido por meio de processos científicos. Concluímos disso que perguntas retóricas,
especulativas e afirmativas (valorativas) não são perguntas científicas.

Se por um lado o Problema é uma forma de interrogação que se faz à realidade, por outro lado
Hipóteses são afirmações que permitem concluir que sem problema não há pesquisa, mas,

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para formular um problema de pesquisa é preciso fazer antes de mais uma distinção entre o
problema de pesquisa e os problemas do academic pois o desconhecimento, a desinformação,
a dúvida do pesquisador em relação a um assunto e/ ou tema não constituem um problema de
pesquisa. Essas lacunas podem ser resolvidas com uma leitura selectiva e aprofundada,
dispensando, portanto um projecto de pesquisa.

Em segundo lugar, não confundir tema com problema pois o tema é o assunto geral que é
abordado na pesquisa e tem carácter amplo. O problema focaliza o que vai ser investigado
dentro do tema da pesquisa. Por outro lado, é necessário também esclarecer o que é uma
problemática e um problema. Uma problemática pode ser considerada como a colocação dos
problemas que se pretendem resolver dentro de um certo campo teórico e prático o que leva
a que um mesmo tema (ou assunto) possa ser enquadrado em problemáticas diferentes. Por
exemplo, a indústria mineira em Moçambique pode ser enquadrada em problemáticas de
Economia, Administração, História, Medicina, Meio Ambiente, Educação, Ciências Económicas,
Educação Física, Química e tantas outras.

O problema não surge do nada, mas é fruto de leitura e/ou observação do que se deseja
pesquisar. Sendo assim, devem fazer-se leituras que tratem do tema no qual está situada a
pesquisa, bem como observar directa ou indirectamente, o fenómeno (facto, sujeitos) que se
pretende pesquisar para, posteriormente, formular questões significativas sobre o problema.

O problema de pesquisa pode ser enunciado de forma afirmativa quando se tratar de questão
norteadora, se julgado pelo pesquisador que essa alternativa seja mais adequada em relação
ao objeto de investigação. Nesse caso específico, informamos “Questão norteadora” e não
“Problema de Pesquisa”; nesse particular, não há enunciado para delimitar hipótese.

3.1.Priorização do problema
Ao priorizar problemas para pesquisa científica, é importante considerar uma série de critérios
que garantam que os recursos limitados sejam direcionados para áreas que têm o potencial de
gerar impacto significativo e contribuir para o avanço do conhecimento científico.

Segundo Lakatos e Markoni (2003, p.241), Enquanto o tema de uma pesquisa é uma
proposição até certo ponto abrangente, a formulação do problema é mais específica: indica
exatamente qual a dificuldade que se pretende resolver. "Formular o problema consiste em
dizer, de maneira explícita, clara, compreensível e operacional, qual a dificuldade com a qual
nos defrontamos e que pretendemos resolver, limitando seu campo e apresentando suas
características.

Desta forma, o objectivo da formulação do problema da pesquisa é tomá-lo individualizado,


específico, inconfundível" (Rudio, 1978, p.75 citado por Lakatos e Markoni, 2003, p.241). O
problema, antes de ser considerado apropriado, deve ser analisado sobre o aspecto de sua
valoração:
a) Viabilidade. Pode ser eficazmente resolvido, por meio da pesquisa. Avaliar a viabilidade
técnica e prática de abordar o problema proposto. Isso inclui considerar a disponibilidade
de recursos, expertise técnica e capacidade de execução para realizar a pesquisa de forma
eficaz.
b) Relevância. Deve ser capaz de trazer conhecimentos novos. Avaliar a importância do
problema em termos de sua relevância para a comunidade científica e para a sociedade
em geral. Problemas que abordam questões fundamentais, têm impacto significativo na

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saúde ou bem-estar humano, ou preenchem lacunas importantes no conhecimento são
geralmente priorizados.
c) Novidade. Estar adequado ao estágio actuaI da evolução científica e trazer novo enfoque
e/ou soluções. Valorizar problemas de pesquisa que propõem abordagens inovadoras ou
pioneiras para resolver questões científicas ou tecnológicas importantes. Problemas que
exploram novas áreas de investigação ou aplicam métodos ou técnicas emergentes são
geralmente considerados prioritários.
a) Exequibilidade. Poder chegar a uma conclusão válida. Avaliar o potencial de impacto da
pesquisa para gerar novos conhecimentos, informar políticas ou práticas, ou levar a
avanços tecnológicos ou terapêuticos. Problemas que têm o potencial de gerar benefícios
significativos para a saúde pública ou para a sociedade em geral são frequentemente
priorizados.
b) Oportunidade. Atender a interesses particulares e gerais.

Referência:
 Bogdan, R., & Biklen, S. (2007). Qualitative research for education: Na introduction to
theories and methods. Pearson.
 Borges, R. (2017). Metodologia da investigação: Guia para a elaboração de dissertações e
teses. Editora Atlas.
 Demo, P. (2000). Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas.
 FERRARI, A. T. (1974). Metodologia da ciência. 3. Ed. Rio de Janeiro: Kennedy.
 Gil, A. C. (1999). Métodos e técnicas de pesquisa social. 2. Ed. São Paulo: Atlas.
 Lakatos, E. M.; & Marconi, M. A. (2003). Fundamentos de metodologia científica. 5. Ed. São
Paulo: Atlas.
 Lakatos, E. M.; & Marconi, M. A. (2007). Fundamentos de metodologia científica. 6. Ed. 5.
reimp. São Paulo: Atlas.
 Neuman, W. L. (2014). Social research methods: Qualitative and quantitative approaches.
Pearson.
 Polit, D. F., & Beck, C. T. (2017). Nursing research: Generating and assessing evidence for
nursing practice. Wolters Kluwer.
 Thiollent, M. (1998). Metodologia da pesquisa-ação. 8. Ed. São Paulo: Cortez.
 UNIVERSIDADE ZAMBEZE. (2012). Normas para apresentação de trabalhos científicos.
Guião para preparação de trabalhos científicos.
 World Healh Organization. (2007). Health Systems: Improving performance. World Healh
Organization.

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