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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................1
2. OBJECTIVOS.....................................................................................................................................2
3. METODOLOGIA................................................................................................................................4
4. O PODER ADMINISTRATIVO E OS DIREITOS DOS PARTICULARES......................................5
4.1. Considerações Iniciais.................................................................................................................5
4.1.6. O Princípio da Separação dos Poderes.................................................................................5
4.2. O Poder Administrativo...............................................................................................................6
4.3. Manifestações do Poder Administrativo..................................................................................7
a) O Poder Regulamentar.................................................................................................................7
b) O Poder de Decisão Unilateral.....................................................................................................8
d) Regime Especial dos Contratos Administrativos.......................................................................10
4.4. Corolários do Poder Administrativo..........................................................................................11
4.5. Princípios Constitucionais Sobre o Poder Administrativo.........................................................12
A. O Princípio da Prossecução do Interesse Público.......................................................................12
B. O Princípio da Legalidade.........................................................................................................13
C. O Princípio da Igualdade...........................................................................................................15
D. O Princípio da Boa Fé................................................................................................................15
4.6. O Direitos dos Particulares.............................................................................................................16
4.6.1. Princípio do Respeito Pelos Direitos e Interesses Legítimos dos Particular.............................16
4.6.2. A Distinção Entre Direito Subjectivo e Interesses Legítimo....................................................16
4.7. O Poder Discricionário da Administração......................................................................................17
4.7.1. Controle do Exercício do Poder Discricionário........................................................................17
5. CONCLUSÃO...................................................................................................................................18
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................................19
1. INTRODUÇÃO
A Administração pública pode ser definida com sendo um conjunto dos funcionários, dos órgãos
administrativos e da própria actividade administrativa concreta e imediata do Estado,
desenvolvida pelo Governo para assegurar a satisfação dos interesses colectivos públicos, a
Administração pública é hoje uma pessoa jurídica, que é composta por várias pessoas colectivas,
sendo que cada entidade desta prossegue interesses públicos. Direito é o conjunto de normas
jurídicas gerais, abstractas, dotadas de coercibilidade, que regem os comportamentos e as
relações numa sociedade. Um dos princípios estruturante do regime administrativo é de que a
Administração deve ter privilégios que são expressos ou materializados em (poderes e
protecções) para cumprir eficazmente as suas missões e tarefas de interesse público, que lhes são
atribuídas. Deste modo o presente enunciado tem como objectivo apresentar os poderes
administrativos e os direitos dos particulares.
2. OBJECTIVOS
2.1 Objectivo Geral
 Analisar os Poderes Administrativos e os Direitos dos Particulares na Celebração dos
Processos e/ou Procedimentos Administrativos.
2.2. Objectivos específicos
 Identificar os Poderes Administrativos e os Direitos dos Particulares;
 Descrever os Poderes Administrativos e os Direitos dos Particulares;
 Confrontar os Poderes Administrativos dos Direitos dos Particulares.
3. METODOLOGIA
Para a concretização dos objectivos deste trabalho utilizamos como metodologia a pesquisa
bibliográfica. Pois o presente trabalho de pesquisa foi meramente de revisão de literatura. Esta
pesquisa bibliográfica assentou-se também em artigos técnicos e científicos.
O tipo de pesquisa utilizado neste presente trabalho foi o descritivo, pois o que se pretende é
apresentar os poderes administrativos e os direitos dos particulares.
A técnica de pesquisa adoptada neste trabalho foi a seguinte: efectuou-se uma pesquisa
bibliográfica, através da consulta de manuais, que abordam assuntos ligados à Administração
Pública e Direito Administrativo, fez-se também a consulta de artigos científicos, teses,
dissertações, monografias, pesquisas científicas, e algumas explanações ou definições de
conceitos importantes utilizados durante a pesquisa desse trabalho, e por outro lado foi feita a
pesquisa na internet como forma de conhecer as actuais abordagens acerca dos poderes
administrativos e os direitos dos particulares no seio da função administrativa.
4. O PODER ADMINISTRATIVO E OS DIREITOS DOS PARTICULARES

4.1. Considerações Iniciais


4.1.1. Poder

Poder: é a capacidade de deliberar arbitrariamente, agir e mandar e também, dependendo


do contexto, a faculdade de exercer autoridade, soberania, o império. O poder tem também uma
relação directa com a capacidade de realizar algo, aquilo que se “pode” ou tem o “poder” de
realizar ou fazer.

4.1.2. Direito

Direito: é o conjunto de normas jurídicas gerais, abstractas, dotadas de coercibilidade,


que regem os comportamentos e as relações numa sociedade; denota ainda legislação ou
ordenamento jurídico. O direito também é a ciência que trata do estudo das leis e das instituições
jurídicas.

4.1.3. Administração Pública

Administração Publica é o conjunto dos funcionários (agentes ou provedores), entidades


e órgãos administrativos do Estado, que visam o interesse e o bem geral comum ou da
colectividade, opondo-se ao interesse privado ou particular.

4.1.4. Direito Administrativo

Direito administrativo é o conjunto das normas que regulam o funcionamento da


administração pública e sua relação com os cidadãos.

4.1.5. Corolários

Corolário é definido como sendo uma/a consequência de uma verdade já estabelecida.


Denota também a consequência directa de uma proposição já demonstrada.

4.1.6. O Princípio da Separação dos Poderes


Este princípio consiste numa dupla distinção: a distinção intelectual das funções do Estado, e
a política dos órgãos que devem desempenhar tais funções – entendendo-se que para cada função
deve existir um órgão próprio, diferente dos demais, ou um conjunto de órgãos próprios. No
campo do Direito Administrativo, o princípio da separação de poderes visou atirar aos Tribunais
a função administrativa, uma vez que até aí, havia confusão entre as duas funções e os
respectivos órgãos. Foi a separação entre a Administração e a justice. São três os corolários do
princípio da separação dos poderes:
1) A separação dos órgãos administrativos e judiciais: Isto significa que têm de existir
órgãos administrativos dedicados ao exercício da função administrativa, e órgãos dedicados
ao exercício da função jurisdicional. A separação das funções tem de traduzir-se numa
separação de órgãos.
2) A incompatibilidade das magistraturas: não basta porém, que haja órgãos diferentes: é
necessário estabelecer, além disso, que nenhuma pessoa possa simultaneamente desempenhar
funções em órgãos administrativos e judiciais.
3) A independência recíproca da Administração e da Justiça: a autoridade administrativa é
independente da judiciária: uma delas não pode sobrestar na acção da outra, nem pode pôr-
lhe embaraço ou limite. Este princípio, desdobrasse por sua vez, em dois aspectos: (a)
independência da Justiça perante a Administração, significa que a autoridade administrativa
não pode dar ordens à autoridade judiciária, nem pode invadir a sua esfera de jurisdição: a
Administração Pública não pode dar ordens aos Tribunais, nem pode decidir questões de
competência dos Tribunais.

4.2. O Poder Administrativo


A Administração Pública é um poder, fazendo parte daquilo a que se costuma chamar os
poderes públicos. A Administração Pública do Estado corresponde ao poder executivo: o poder
legislativo e o poder judicial não coincidem com a Administração Pública.
Para Marcelo Caetano, um poder administrativo define de acordo com a lei a sua própria
conduta e dispõe dos meios necessários para impor o respeito dessa conduta e para traçar a
conduta alheia naquilo que tenha relação com ela.

Para Diogo Freitas do Amaral poder administrativo é um sistema de órgão do Estado e


das entidades públicas menores que se caracteriza pela faculdade de, com base nas leis e sob o
controlo dos tribunais competentes, estabelecer normas jurídicas e tomar decisões em termos
obrigatórios para os respectivos destinatários, estando-lhe confiado o monopólio do uso legitimo
da forca militar ou policial a fim de assegurar a execução coerciva quer das suas próprias normas
e decisões, quer das normas e decisões dos outros poderes do Estado (poder de criar as leis e de
aplicar as sentenças).

Os poderes Administrativos são inerentes a Administração Publica e possuem carácter


instrumental, ou seja, são instrumentos de trabalho essenciais para que a Administração possa
desempenhar as suas funções atendendo o interesse público.

Falar em poder executivo, de modo a englobar nele também as autarquias locais e outras
entidades, não é adequado. Assim, preferível usar a expressão poder administrativo, que
compreende de um lado o poder executivo do Estado e do outro as entidades públicas
administrativas não estaduais.

4.3. Manifestações do Poder Administrativo


As principais manifestações do poder administrativo são quatro, encontram-se assim, os
seguintes poderes administrativos:

a) O Poder Regulamentar
A Administração Pública, tem o poder de fazer regulamentos, a que chamamos “poder
regulamentador outros autores denominam de faculdade regulamentaria. Este regulamento que a
Administração Pública tem o Direito de elaborar é considerado como uma fonte de Direito
(autónoma).
A Administração Pública goza de um poder regulamentar, porque é poder, e como tal,
tem o direito de definir genericamente em que sentido vai aplicar a lei. A Administração Pública
tem de respeitar as leis, as executar por isso ao poder administrativo do Estado se chama
tradicionalmente poder executivo.
O poder regulamentar é uma das características do poder de decisão da Administração. A
título de exemplo, de acordo com a alínea f) do n.º 1 do Artigo 204 da Constituição de
Moçambique, “Compete, nomeadamente, ao Conselho de Ministros (...) regulamentar a
actividade económica e dos sectores sociais”. No fundamento desta disposição constitucional, o
Governo aprovou vários regulamentos (CISTAC, 2013, p.12).
Assim, a Administração tem a possibilidade de tomar medidas que podem se impor a toda
uma categoria de particulares ou a todos eles (CISTAC, 2013, p.12).
b) O Poder de Decisão Unilateral, art. 100º CPA:
O poder de decisão unilateral pode-se definir como sendo o poder de modificar
unilateralmente o ordenamento jurídico por exclusiva autoridade, e sem necessidade de obter o
acordo do interessado.
Enquanto no regulamento a Administração Pública nos aparece a fazer normas gerais e
abstractas, embora inferiores à lei, aqui a Administração Pública aparece-nos a resolver casos
concretos. Este poder é um poder unilateral, que a Administração Pública pode exercê-lo Por sua
exclusiva autoridade e sem necessidade de obter acordo (prévio ou à posteriori) do interessado A
administração perante um caso concreto, em que preciso definir a situação, a administração
publica tem por lei o poder de definir unilateralmente o direito aplicável. E esta definição
unilateral da administração pública é obrigatória para os particulares. Por isso, a administração é
poder.
A Administração declara o Direito no caso concreto, e essa declaração tem valor jurídico
e é obrigatória, não só para os serviços públicos e para os funcionários subalternos, mas também
para todos os particulares. Pode a lei exigir, e muitas vezes exige, que os interessados sejam
ouvidos pela Administração antes desta tomar a sua decisão final.
Pode a lei, e permite, que os interessados recorram das decisões unilaterais da Administração
Pública para os Tribunais Administrativos, a fim de obterem a anulação dessas decisões no caso
de serem ilegais. A Administração decide, e só depois é que o particular pode recorrer da
decisão. E não é a Administração que tem de ir a Tribunal para legitimar a decisão que tomou: é
o particular que tem de ir a Tribunal para impugnar a decisão tomada pela Administração.

Por exemplo: é a Administração que determina o montante do imposto devido por cada
contribuinte.

c) O Privilégio da Execução Previa (art. 149º/2 CPA):


O privilégio de execução prévia é definido pela alínea g) do Artigo 1 do Decreto n.°
30/2001, de 15 de Outubro como “poder ou capacidade legal de executar actos administrativos
definitivos e executórios, antes da decisão jurisdicional sobre o recurso interpostos pelos
interessados”. Este privilégio constitui, de acordo com a alínea a) do Artigo 16 do referido
Decreto uma garantia da Administração Pública.
Consiste este poder, na faculdade que a lei dá à Administração Pública de impor
coactivamente aos particulares as decisões unilaterais que tiver tomado – n° do Art 149.°CPA.
O recurso contencioso de anulação não tem em regra efeito suspensivo, o que significa enquanto
vai decorrendo o processo contencioso em que se discute se o acto administrativo é legal ou
ilegal, o particular tem de cumprir o acto, se não o cumprir, a Administração Pública pode impor
coactivamente o seu acatamento. Isto quer dizer, portanto, que a Administração dispõe de dois
privilégios:
I. Na fase declaratória, o privilégio de definir unilateralmente o Direito no caso concreto,
sem necessidade duma declaração judicial;
II. Na fase executória, o privilégio de executar o Direito por via administrativa, sem
qualquer intervenção do Tribunal. É o poder administrativo na sua máxima pujança: é a
plenitude rotestatis.
O privilégio da execução prévia resulta da possibilidade que a Administração tem de tomar
decisões executórias, isto é, a Administração é dispensada, para realizar os seus direitos, do
prévio recurso a um tribunal. Por outras palavras, o privilégio da execução prévia significa que o
acto é revestido de uma presunção de legalidade que obriga o seu destinatário a executá-lo antes
de qualquer contestação. Esta situação atribui à Administração, pelo menos, duas vantagens
(CISTAC, 2013, p.11):
 Primeiro, no âmbito do processo administrativo contencioso, o recurso contencioso não tem
efeito suspensivo da eficácia da decisão impugnada, isto é, o facto de que o particular recorre
do acto administrativo não impede este de ser executado e a Administração poderá executar
este acto apesar de ter um recurso deste pendente perante o juiz (CISTAC, 2013, p.11).
 Segundo, no caso em que um particular contesta as pretensões da Administração, é ele que
deverá recorrer ao juiz; por outras palavras, como esclarece ANDRÉ DE LAUBADÉRE
(1994) apud CISTAC (2013), “... Com o privilégio de execução prévia, a Administração
constrange o administrado a tomar no processo a posição desfavorável de recorrente”.
Assim, a posição da Administração é bastante vantajosa porque, perante o juiz, é o recorrente
que deverá provar a ilegalidade da decisão recorrida. O particular estará, pois, numa situação
desfavorável em relação à Administração (CISTAC, 2013, p.11).
É importante realçar que esta prerrogativa de execução prévia está sujeita a uma obrigação: a
Administração não pode renunciar neste privilégio. Com efeito, as prerrogativas da
Administração Pública não lhes são atribuídas nem no seu próprio interesse, e nem no interesse
dos funcionários, mas, pelo contrário, pela prossecução do interesse geral. Assim, a
Administração não pode renunciar ao privilégio de execução prévia, mesmo se desejá-lo
(CISTAC, 2013, p.11).

d) Regime Especial dos Contratos Administrativos


Um contracto administrativo, é um acordo de vontades em que a Administração Pública fica
sujeita a um regime jurídico especial, diferente daquele que existe no Direito Civil.
Esse regime é diferente para mais, e para menos. Para mais, porque a Administração Pública
fica a dispor de prerrogativas ou privilégios de que as partes nos contractos civis não dispõem; e
para menos, no sentido de que a Administração Pública também fica sujeita a restrições e a
deveres especiais, que não existem em regra nos contractos civis.
Em todos casos, a decisão da Administração Pública não está subordinada ao acordo prévio
dos interessados mesmo se esses devem ser informados ou consultados.
Este poder de decisão unilateral existe, também, em matéria contratual. No âmbito dos
contratos administrativos, a Administração dispõe, na fase da sua execução, de alguns poderes de
acção unilateral em relação ao contraente que não têm equiparação nos contratos sujeitos ao
direito privado (por exemplo, o poder de modificação unilateral do conteúdo das prestações do
seu co-contratante ou o poder de rescindir o contrato por conveniência do interesse público)
(CISTAC, 2013, p.10).
Mas particularmente, o Artigo 45 do Decreto n.º 54/2005, de 13 de Dezembro, precisa as
prerrogativas da entidade pública contratante no âmbito dos contratos sujeitos à referida
regulamentação. Nesta perspectiva, a Administração Pública tem a prerrogativa de: rescindir
unilateralmente o contrato, suspender a execução do contrato e aplicar as sanções pela
inexecução total ou parcial do contrato (CISTAC, 2013, p.10).
A Administração pode estabelecer unilateralmente prestações a cargo de terceiros. Trata-se
de medidas pelas quais a Administração pode impor a um particular o fornecimento de bens, de
serviços ou de actividades, unilateralmente, sem obter previamente o seu consentimento num
quadro contratual predeterminado (CISTAC, 2013, p.12).
Esta prestação pode ter um carácter definitivo. É o caso, em particular, numa situação de
cessão forçada como é o caso da “expropriação” em que a Administração pode obrigar um
particular a ceder lhe um bem de natureza imobiliária (CISTAC, 2013, p.12).
É também, o caso, no procedimento de “alinhamento” que permite à Administração fixar
o limite entre a via pública e os prédios urbanos construídos à beira e, consequentemente, impor
aos proprietários de prédios urbanos construídos fora do alinhamento de obrigar os proprietários
a recuá-los ou avança-los em relação à via pública; é uma obrigação imposta pela Administração
a quem pretenda licença para edificar ou reedificar em terrenos confinantes com ruas ou outros
lugares públicos (CISTAC, 2013, p.12-13).
Do mesmo modo, há cessão de propriedade quando há requisição forçada de bens
alimentícios.
A prestação forçada pode ter, também, um carácter temporário. É o caso, em particular, quando a
Administração, pelas necessidades impostas pela execução de uma obra pública, ocupa,
temporariamente, o terreno de um particular e isto, mesmo se este não concorda com esta medida
(CISTAC, 2013, p.13).

4.4. Corolários do Poder Administrativo


Deste poder administrativo surgem como corolários a independência da administração
perante a justiça e o foro administrativo:

a) Independência da Administração perante a Justiça: existem vários mecanismos


jurídicos para o assegurar.
Em primeiro lugar, os Tribunais Comuns são incompetentes para se pronunciarem sobre
questões administrativas.
Em segundo lugar, o regime dos conflitos de jurisdição permite retirar a um Tribunal
Judicial, uma questão administrativa que erradamente nele esteja a decorrer.
Em terceiro lugar, devemos mencionar aqui a chamada garantia administrativa, consiste
no privilégio conferido por lei às autoridades administrativas de não poderem ser demandadas
criminalmente nos Tribunais Judiciais, sem prévia autorização do Governo.
b) Foro Administrativo: ou seja, a entrega de competência contenciosa para julgar os
litígios administrativos não aos Tribunais Judiciais mas aos Tribunais Administrativos.

c) Tribunal de Conflitos: é um Tribunal Superior, de existência aliás intermitente, visto


que só funciona quando surge um conflito, que tem composição mista, normalmente
paritária, de juízes dos Tribunais Judiciais e de juízes de Tribunais Administrativos, e que
se destina a decidir em última instância os conflitos de jurisdição que sejam entre as
autoridades administrativas e o poder judicial.

4.5. Princípios Constitucionais Sobre o Poder Administrativo


O primeiro de entre eles é o Princípio da Prossecução do Interesse Público: este é um
princípio motor da Administração Pública. A Administração actua, move-se, funciona para
prosseguir o interesse público. O interesse público é o seu único fim.
Surgem mais dois princípios: o princípio da legalidade, que manda à Administração obedecer
à lei, e o princípio do respeito pelos direitos e interesses legítimos dos particulares, que obriga a
Administração a não violar as situações juridicamente protegidas dos administrados A
Administração Pública é muitas vezes investida pela lei de uma liberdade de decisão, que se
denomina tradicionalmente de poder discricionário da Administração.

A. O Princípio da Prossecução do Interesse Público


Este é um princípio motor da Administração Pública. A Administração actua, move-se,
funciona para prosseguir o interesse público. O interesse público é o seu único fim. Surgem mais
dois princípios: o princípio da legalidade, que manda à Administração obedecer à lei, e o
princípio do respeito pelos direitos e interesses legítimos dos particulares, que obriga a
Administração a não violar as situações juridicamente protegidas dos administrados.

Dele se faz eco o art. 266º/1 CRP, e o art. 5º CPA.


O “interesse público” é o interesse colectivo, é o interesse geral de uma determinada
comunidade, é o bem comum. A noção interesse público traduz uma exigência – a exigência de
satisfação das necessidades colectivas. Pode-se distinguir o interesse público primário dos
interesses públicos secundários:
O interesse público primário, é aquele cuja definição compete aos órgãos governativos do
Estado, no desempenho das funções: política e legislativa.
O interesses públicos secundários, são aqueles cuja definição é feita pelo legislador, mas cuja a
satisfação cabe à Administração Pública no desempenho da função administrativa.
Este princípio tem numerosas consequências práticas, das quais importa citar as mais
importantes:
1) Só a lei pode definir os interesses públicos a cargo da Administração: não pode ser a
administração a defini-los.
2) Em todos os casos em que a lei não define de forma complexa e exaustiva o interesse
público, compete à Administração interpretá-lo, dentro dos limites em que o tenha definido.
3) A noção de interesse público é uma noção de conteúdo variável. Não é possível definir o
interesse público de uma forma rígida e inflexível
4) Definido o interesse público pela lei, a sua prossecução pela Administração é obrigatória.

A.a) O “Dever de Boa Administração”

O princípio da prossecução do interesse público, constitucionalmente consagrado, implica


além do mais a exigência de um dever de boa administração. O dever de boa administração é,
pois, um dever imperfeito. Mas existe, apesar disso, como dever jurídico. Na verdade:
1) Há vários aspectos em que esse dever assume uma certa expressão jurídica: existem
recursos graciosos, que são garantias dos particulares, os quais podem ter como
fundamento vícios de mérito do acto administrativo.
2) A violação, por qualquer funcionário público, dos chamados deveres de zelo e aplicação
constitui infracção disciplinar, e leva à imposição de sanções disciplinares ao funcionário
responsável.
3) Responsabilidade civil da Administração, no caso de um órgão ou agente administrativo
praticar um acto ilícito e culposo de que resultam prejuízos para terceiros.

B. O Princípio da Legalidade
Este princípio é sem dúvida, um dos mais importantes Princípios Gerais de Direito aplicáveis
à Administração Pública, e que aliás, se encontra consagrado como princípio geral de Direito
Administrativo antes mesmo que a Constituição, o mencionasse explicitamente (art. 266º/2 CRP
e art. 124º/1-d CPA).
Os órgãos e agentes da Administração Pública só podem agir no exercício das suas funções
com fundamento na lei e dentro dos limites por ela impostos.
O princípio da legalidade aparece definido de uma forma positiva. Diz-se que a Administração
Pública deve ou não deve fazer, e não apenas aquilo que ela está proibida de fazer. O princípio
da legalidade, cobre e abarca todos os aspectos da actividade administrativa, e não apenas
aqueles que possam consistir na lesão de direitos ou interesses dos particulares. A lei não é
apenas um limite à actuação da Administração é também o fundamento da acção administrativa.
A regra geral, não é o princípio da liberdade, é o princípio da competência. Segundo o princípio
da liberdade, pode fazer-se tudo aquilo que a lei não proíbe; segundo o princípio da competência,
pode fazer-se apenas aquilo que a lei permite.

B.a). Excepções ao Princípio da Legalidade

Comporta três excepções: a teoria do estado de necessidade, teoria dos actos políticos, o
poder discricionário da Administração:
A Teoria do Estado de Necessidade, diz que em circunstâncias excepcionais, em
verdadeira situação de necessidade pública, a Administração Pública, se tanto for exigido pela
situação, fica dispensada de seguir o processo legal estabelecido para circunstâncias normais e
pode agir sem forma de processo, mesmo que isso implique o sacrifício de direitos ou interesses
dos particulares.
A Teoria dos Actos Políticos, ela não é em rigor uma excepção ao princípio da
legalidade. Segundo ela, os actos de conteúdo essencialmente político, os actos materialmente
correspondentes ao exercício da função política – chamados actos políticos ou actos do governo
não são susceptíveis de recurso contencioso perante os Tribunais Administrativos.
O Poder Discricionário da Administração, não constitui, de modo nenhum, uma
excepção ao princípio da legalidade, mas um modo especial de configuração da legalidade
administrativa. Com efeito, só há poderes discricionários aí onde a lei os confere como tais. E,
neles, há sempre pelo menos dois elementos vinculativos por lei – a competência e o fim.

B.b). Natureza e Âmbito do Princípio da Legalidade


A Administração Pública, por vezes, aparece-nos como autoridade, como poder, a impor
sacrifícios aos particulares; a esta administração chama a doutrina alemã, administração
agressiva, porque ela “agride” os direitos e interesses dos particulares. Noutros casos, a
Administração Pública aparece-nos como prestadora de serviços ou como prestadora de bens,
nomeadamente quando funciona como serviço público. Aqui a Administração não aparece
agredir a esfera jurídica dos particulares, mas pelo contrário, a protegê-la, a beneficiá-la, a
ampliá-la.
Sérvulo Correia, diz que, tratando-se da promoção do desenvolvimento económico e
social ou da satisfação das necessidades colectivas, quer dizer, tratando-se da tal administração
de prestação, enquanto realidade diferente da administração agressiva, não é necessário o
princípio da legalidade como fundamento da administração da acção administrativa. Pela nossa
parte não concordamos com esta opinião, parte-se da opinião dos que entendem que o princípio
da legalidade, na sua formulação moderna, cobre todas as manifestações da administração de
prestação, e não apenas as da administração agressiva. Isto porque, em primeiro lugar, e à face da
nossa Constituição, o art. 199º-g, só é aplicável ao governo e a mais nenhum órgão da
Administração Pública (art. 226º/2 CRP).

C. O Princípio da Igualdade
Vem consagrado no art. 13º e 266º/2 CRP, obriga a Administração Pública a tratar
igualmente os cidadãos que se encontram em situação objectivamente idêntica e desigualmente
aqueles cuja situação for objectivamente diversa. O art. 124º/1-d do CPA, tem o objectivo de
possibilitar a verificação do respeito por essa obrigação.

D. O Princípio da Boa Fé
Consagrado no art. 6º-A do CPA, não apresenta especificidade no que respeita à sua
aplicação à Administração Pública. Sobressaem, porém, os dois limites negativos que ele coloca
à actividade administrativa pública:
a) A Administração Pública não deve atraiçoar a confiança que os particulares interessados
puseram num certo comportamento seu;
b) A Administração Pública também não deve iniciar o procedimento legalmente previsto
para alcançar um certo objectivo com o propósito de atingir um objectivo diverso, ainda que de
interesse público.
4.6. O Direitos dos Particulares

4.6.1. Princípio do Respeito Pelos Direitos e Interesses Legítimos dos Particular


Estão em causa os direitos e interesses legítimos de todos os sujeitos de direito. Qual o
sentido do art. 266º/1 (a Administração Pública visa a prossecução do interesse público, no
respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos) da Constituição? Ele
significa fundamentalmente, que a prossecução do interesse público não é o único critério da
acção administrativa, nem tem um valor ou alcance ilimitados. Há que prosseguir, sem dúvida, o
interesse público, mas respeitando simultaneamente os direitos dos particulares.
O princípio da legalidade nasceu como limite à acção da Administração Pública; a sua função
era a de proteger os direitos e interesses dos particulares. Embora o princípio da legalidade
continue a desempenhar essa função, o certo é que se conclui entretanto que não basta o
escrupuloso cumprimento da lei por parte da Administração Pública para que simultaneamente se
verifique o respeito integral dos direitos subjectivos e dos direitos legítimos dos particulares.

4.6.2. A Distinção Entre Direito Subjectivo e Interesses Legítimo


Existem interesses próprios dos particulares, porque esses interesses são protegidos
directamente pela lei como interesses individuais, e porque, consequentemente, a lei dá aos
respectivos titulares o poder de exigir da Administração o comportamento que lhes é devido, e
impõe à Administração a obrigação jurídica de efectuar esse comportamento a favor dos
particulares em causa, o que significa que se esses comportamentos não forem efectuados, os
particulares dispõem dos meios jurídicos, designadamente dos meios jurisdicionais, necessários à
efectiva realização dos seu direitos. Para que exista interesse legítimo é necessário:
 Que exista um interesse próprio de um sujeito de Direito;
 Que a lei proteja directamente um interesse público;
 Que o titular do interesse privado não possa exigir-lhe que não prejudique esse interesse
ilegalmente;
 Que a lei, não impondo à Administração que satisfaça o interesse particular, a proíba de
realizar o interesse público com ele conexo por forma ilegal;
4.7. O Poder Discricionário da Administração
A regulamentação legal da actividade administrativa umas vezes é precisa outras vezes é
imprecisa.

Umas vezes diz-se que a lei vincula totalmente a Administração. A Administração não tem
qualquer margem dentro da qual possa exercer uma liberdade de decisão. O acto administrativo é
um acto vinculado.

Outras vezes, a lei praticamente nada diz, nada regula, e deixa uma grande margem de
liberdade de decisão à Administração Pública. E é a Administração Pública que tem de decidir,
ela própria, segundo os critérios que em cada caso entender mais adequados à prossecução do
interesse público.

Tem-se portanto, num caso actos vinculados, no outro caso actos discricionários. Vinculação
e discricionariedade são assim, as duas formas típicas pelas quais a lei pode modelar a actividade
da Administração Pública.

4.7.1. Controle do Exercício do Poder Discricionário


a) Os controlos de legalidade, são aqueles que visam determinar se a administração respeitou a
lei ou a violou.

O controlo da legalidade em princípio tanto pode ser feito pelos Tribunais como pela própria
Administração, mas em última análise compete aos Tribunais.

b) Os controlos de mérito, são aqueles que visam avaliar o bem fundado das decisões da
Administração, independentemente da sua legalidade. O controlo de mérito só pode ser feito,
no nosso País, pela Administração.

No mérito do acto administrativo se compreendem duas ideias: a ideia de justiça e a ideia de


conveniência.

c) Os controlos jurisdicionais, são aqueles que se afectam através dos Tribunais.


d) Os controlos administrativos, são aqueles que são realizados por órgãos de Administração.
5. CONCLUSÃO
Define-se como Administração Publica, o conjunto dos funcionários (agentes ou provedores),
entidades e órgãos administrativos do Estado, que visam o interesse e o bem geral comum ou da
colectividade, opondo-se ao interesse privado ou particular. A fim de garantir a prossecução do
interesse geral da actividade administrativa, a administração pública goza de poderes que são
designados de poderes administrativos, atribuídos pelo poder administrativo, nomeadamente:
poder regulamentar, poder de decisão unilateral, o privilégio de execução prévia e o regime
especial dos contratos administrativos. A Administração Pública, tem o poder de fazer
regulamentos, a que chamamos “poder regulamentador outros autores denominam de faculdade
regulamentaria. Este regulamento que a Administração Pública tem o Direito de elaborar é
considerado como uma fonte de Direito (autónoma). O poder regulamentar é uma das
características do poder de decisão da Administração. A título de exemplo, de acordo com a
alínea f) do n.º 1 do Artigo 204 da Constituição de Moçambique, “Compete, nomeadamente, ao
Conselho de Ministros (...) regulamentar a actividade económica e dos sectores sociais”. No
fundamento desta disposição constitucional, o Governo aprovou vários regulamentos ( CISTAC,
2013, p.12). O poder de decisão unilateral pode-se definir como sendo o poder de modificar
unilateralmente o ordenamento jurídico por exclusiva autoridade, e sem necessidade de obter o
acordo do interessado. Este poder é um poder unilateral, que a Administração Pública pode
exercê-lo Por sua exclusiva autoridade e sem necessidade de obter acordo (prévio ou à posteriori)
do interessado A administração perante um caso concreto, em que preciso definir a situação, a
administração publica tem por lei o poder de definir unilateralmente o direito aplicável. O
privilégio da execução prévia resulta da possibilidade que a Administração tem de tomar
decisões executórias, isto é, a Administração é dispensada, para realizar os seus direitos, do
prévio recurso a um tribunal. No âmbito dos contratos administrativos, a Administração dispõe,
na fase da sua execução, de alguns poderes de acção unilateral em relação ao contraente que não
têm equiparação nos contratos sujeitos ao direito privado (por exemplo, o poder de modificação
unilateral do conteúdo das prestações do seu co-contratante ou o poder de rescindir o contrato
por conveniência do interesse público) (CISTAC, 2013, p.10). Nesta perspectiva, a Administração
Pública tem a prerrogativa de: rescindir unilateralmente o contrato, suspender a execução do
contrato e aplicar as sanções pela inexecução total ou parcial do contrato (CISTAC, 2013, p.10).
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. AMARAL, Diogo Freitas do Curso de Direito Administrativo, Vol. I, Almedina
2. CISTAC, Gilles. O Direito Administrativo em Moçambique. Moçambique. 2009
3. CORREIA, José Sérvulo. Módulo de Direito Administrativo. Macau. 2012.
4. COUPERS, João. Direito Administrativo II, III, IV.
5. Direito Administrativo, Editorial Noticiais.
6. JÚNIOR, Cretella. Prerrogativas e sujeições da administração pública. São Paulo. 1971.
7. Decreto-lei nº 6/1996 de 31 de Janeiro. Código dos procedimentos Administrativo.
Portugal.

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