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A Administração Pública é um poder, fazendo parte daquilo a que se costuma chamar os poderes
públicos. A Administração Pública do Estado corresponde ao poder executivo: o poder
legislativo e o poder judicial não coincidem com a Administração Pública. Falar em poder
executivo, de modo a englobar nele também as autarquias locais e outras entidades, não é
adequado. Assim, preferível usar a expressão poder administrativo, que compreende de um lado
o poder executivo do Estado e do outro as entidades públicas administrativas não estaduais. A
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Administração Pública é, efectivamente, uma autoridade, um poder público – é o Poder
Administrativo.
Manifestações do Poder Administrativo
As principais manifestações do poder administrativo são quatro:
a) O Poder Regulamentar
A Administração Pública, tem o poder de fazer regulamentos, a que chamamos “poder
regulamentar” e outros autores denominam de faculdade regulamentaria. Este regulamento que a
Administração Pública tem o Direito de elaborar é considerado como uma fonte de Direito
(autónoma). A Administração Pública goza de um poder regulamentar, porque é poder, e com
tal, ela tem o direito de definir genericamente em que sentido vai aplicar a lei. A Administração
Pública tem de respeitar as leis, tem de as executar: por isso ao poder administrativo do Estado se
chama tradicionalmente poder executivo. Mas porque é poder, tem a faculdade de definir
previamente, em termos genéricos e abstractos, em que sentido é que vai interpretar e aplicar as
leis em vigor: e isso, fá-lo justamente elaborando regulamentos.
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Pode também a lei facultar, e na realidade faculta, aos particulares a possibilidade de
apresentarem reclamações ou recursos graciosos, designadamente recursos hierárquicos, contra
as decisões da Administração Pública.
Pode a lei, e permite, que os interessados recorram das decisões unilaterais da Administração
Pública para os Tribunais Administrativos, a fim de obterem a anulação dessas decisões no caso
de serem ilegais. A Administração decide, e só depois é que o particular pode recorrer da
decisão. E não é a Administração que tem de ir a Tribunal para legitimar a decisão que tomou: é
o particular que tem de ir a Tribunal para impugnar a decisão tomada pela Administração.
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Corolários do Poder Administrativo
a) Independência da Administração perante a Justiça: existem vários mecanismos
jurídicos para o assegurar. Em primeiro lugar, os Tribunais Comuns são incompetentes
para se pronunciarem sobre questões administrativas. Em segundo lugar, o regime dos
conflitos de jurisdição permite retirar a um Tribunal Judicial, uma questão administrativa
que erradamente nele esteja a decorrer. Em terceiro lugar, devemos mencionar aqui a
chamada garantia administrativa, consiste no privilégio conferido por lei às autoridades
administrativas de não poderem ser demandadas criminalmente nos Tribunais Judiciais,
sem prévia autorização do Governo.
b) Foro Administrativo: que consiste na entrega de competência exclusiva para julgar
casos do contencioso administrativo ao Tribunal Administrativo e não aos tribunais
comuns (cfr. artigo 230 da CRM).
c) Tribunal de Conflitos: é um Tribunal Superior, de existência aliás intermitente (só
funciona quando surge um conflito), que tem uma composição mista, normalmente
paritária, dos juízes dos Tribunais Judiciais e de juízes de Tribunais Administrativos, e
que se destina a decidir em última instância os conflitos de jurisdição que sejam entre as
autoridades administrativas e o poder judicial.
O princípio da legalidade, em que a administração pública na sua actuação tem como limite á
obediência á Lei (art. 2,3 e 249,2 da CRM);
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O princípio de respeito pelos direitos e interesses legítimos dos cidadãos, que impõe a
administração a não violar as situações juridicamente protegidas dos administrados (art. 249,1 da
CRM e art.5 do Decreto. nº 30/2001, de 15 de Out.);
O poder discricional da administração pública, que corresponde o poder legal jurídico, regulado
e condicionado por Lei que deve ser exercido com justiça e imparcialidade pela Administração
Pública e que resulta (i) o princípio da justiça e (ii) o princípio da imparcialidade (nr.2 do artigo
249 da CRM).
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artigos 2.3 e 249. 2, in fine, da CRM e art. 4 do Dec. Nº 30/2001, de 15 de Outubro. Este
princípio pode ser definido da seguinte forma: os órgãos e agentes da Administração
pública só podem agir no exercício das suas funções com fundamento na lei e dentro dos
limites por ela impostos. Assim, pode-se concluir que o princípio da legalidade tem por
um lado: (i) a função de assegurar o primado do poder legislativo sobre o poder
administrativo, porque o legislativo emana da soberania popular e a representa, enquanto,
o segundo é detentor de uma autoridade derivada e secundária; por outro lado, (ii) o
princípio da legalidade tem a função de garantir os direitos e interesses legítimos dos
particulares, que o Estado Social de Direito não pode deixar de respeitar e proteger em
toda a linha.
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e interesses legítimos dos particulares eventualmente afectados (art.249,2 da
CRM e art. 6 do Dec. nº 30/2001, de 15 de Out.).
Assim, a noção da justiça deve ser entendida no sentido objectivo e universal. O
princípio da justiça consagrado na CRM, comporta três corolários:
(i) Princípio da justiça no sentido restrito, significa que todo o acto
administrativo praticado com manifesta injustiça é contrário á
Constituição, logo, é ilegal, passível de ser anulado em recurso
contencioso pelo Tribunal Administrativo competente;
(ii) Princípio da igualdade consiste na necessidade de tratar igualmente as
situações iguais e desigualmente as situações desiguais. Significa isto, que
todo o acto administrativo que viole o princípio da igualdade é ilegal. A
violação deste princípio, implica, necessariamente, a violação do princípio
da justiça tomado no seu sentido amplo;
(iii) Princípio da proporcionalidade, este princípio garante a prossecução dos
direitos, liberdades e garantias dos particulares consagrados na
Constituição. Assim, a lei ordinária só pode os restringir nos casos
expressamente previstos na Constituição – a restrição limita-se ao
necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses
constitucionalmente protegidos dos particulares. Daí que, é comummente
aceite pela maioria da doutrina que, para o sacrifício excessivo dos
direitos e interesses legítimos dos particulares, as medidas restritivas
devem ser proporcionais ao mal que se pretende evitar. Com efeito, se as
medidas restritivas forem excessivas, constituirão o que se designa de
excesso de poder e, sendo assim, contrários ao princípio da justiça –
violam a Constituição e são ilegais.
4.2. O princípio da transparência: O principio da transparência dos actos da
Administração Publica consagra que todo o acto Administrativo deve ser tomado
com transparência em relação a todo o cidadão e/ou particular (art. 7 do Decreto.
nº 30/2001, de 15 de Out.).
4.3. Garantias de imparcialidade da Administração pública: O princípio da
imparcialidade da Administração pública significa que a administração deve
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comportar-se sempre com isenção e numa atitude de equidistância perante todos
os particulares, não devendo privilegiar e nem discriminar ninguém.
A Administração pública não deve conferir privilégios e nem discriminar a
ninguém, só a Lei o pode fazer (art. 249,2 da CRM). Este princípio comporta os
seguintes corolários:
(i) Proibição de favoritismo ou perseguições aos particulares, sejam quais
forem os motivos invocados: políticos, partidários, sindicais, regionais,
étnicos ou religiosos, etc;
(ii) Proibições de os órgãos de a administração tomarem decisões sobre
assuntos em que estejam pessoalmente interessados, por razões de carácter
familiar, económico, político, regionais, etc;
(iii) Proibição de os órgãos de a administração tomarem parte ou interesse em
contratos celebrados com a administração ou por ela aprovados ou
autorizados.
Estes corolários são objecto de uma providência legal que se reveste da maior
importância, trata-se do Decreto n.º 30/2001, de 15 de Outubro, que estabelece
Normas de Funcionamento dos Serviços de Administração Pública (art. 6).
1. Fale dos princípios de respeito pelos direitos e interesses legítimos dos cidadãos
R: De acordo com art. 249,1 da CRM, Administração publica serve o interesse público que
na sua actuação respeita os direitos, liberdades fundamentais dos cidadãos. Conjugado com o
artigo 5 do Decreto n30/2001 de 15 de Outubro, os órgãos da Administração publica,
observando o principio de boa fé prosseguem o interesse publico sem prejuízo dos direitos e
interesse dos particulares protegidos por lei.
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Quanto aos limites do princípio de respeito pelos direitos interesses legítimos dos cidadãos,
segundo Amaral (2008:62) para além do princípio da legalidade destacam-se:
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por interpretação da lei que esta quer que administração decida aquele tipo de casos
mediante uma ponderação concreta, casuística, das circunstâncias e condicionalismos de
cada situação particular, aí estaremos perante o exercício do poder discricionário. Amaral
(2008:95). O poder discricional da administração pública corresponde ao poder legal
jurídico regulado e condicionado por lei que deve ser exercido com justiça e
imparcialidade pela administração pública e que resulta:
(i) O principio da justiça e;
(ii) O princípio da imparcialidade (n°2, do art. 249 da CRM) articulado com artigo 6 do
Decreto 30/2001 de 15 de Outubro
1. No exercício das suas funções e no seu relacionamento com as pessoas singulares
ou colectiva, administração pública deve actuar de forma justa e imparcial
2. A imparcialidade impõe que os particulares e os membros dos órgãos da
administração pública se abstenham de praticar ou de participar de actos ou
contractos administrativo, nomeadamente de tomar decisões que visem interesse
próprio do seu cônjuge, parente ou afim, bem como de outros entidades com as
quais possa ter conflitos de interesse nos termos da lei.
Devido ao acto praticado pelo chefe dos Serviços de Geografia e Cadastro de Matutuine, a
Governadora da Província de Maputo, mandou instaurar um procedimento disciplinar no qual
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constam as seguintes acusações: ser alcoólico e usurpava as terras dos particulares para vender
aos estrangeiros.
A venda de terra é um acto ilegal, isto é, contrario a lei segundo o artigo 3 da Lei de Terras, “a
terra é propriedade do Estado e não pode ser vendida ou, por qualquer forma alienada,
hipotecada ou penhorada.” Assim sendo, este acto torna-se nulo e acarreta consigo as seguintes
consequências: é totalmente ineficaz desde o início, é insanável, os particulares tem o direito de
não obedecer, pode ser impugnado a todo tempo, a impugnação judicial pode ser feita a qualquer
tribunal.
Portanto, expropriação e a posterior venda das terras dos particulares, traduz-se num acto
inquinado de vícios: incompetência e violação de leis, produz danos afectivos aos respectivos
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destinatários; no âmbito da responsabilidade civil da administração este acto enquadra-se na
responsabilidade por facto ilícito culposo que tem os seguintes pressupostos: a culpa do agente, o
facto ilícito, o prejuízo. Como sujeitos responsáveis deste acto, tratando-se de um facto pessoal, a
responsabilidade pelos prejuízos causados a outrem, é uma responsabilidade pessoal, exclusiva
do autor.
Competência, de acordo com Caetano (2007: 223) “é um conjunto de poderes que o órgão possui
para exercer direitos subjectivos e prosseguir atribuições da pessoa colectiva”. De acordo com o
número 1 do artigo 21 do decreto 30/2001 de 15 de Outubro de 2001: os órgãos da administração
pública têm os poderes de autoridade para praticar actos administrativos decorrentes das funções
e atribuições definidas nos seus estados e regulamentos.
Para Caetano (2007:499) diz-se incompetência a ilegalidade resultante da prática por um órgão
ou agente administrativo de acto que ele não tinha poder legal de praticar no caso de essa
ilegalidade não constituir usurpação de poder
1. Análise do caso
A administração pública na sua actuação está submetida ao império da lei segundo o número 2
do artigo 249 da CRM: Os órgãos da Administração Pública obedecem à Constituição e à lei e
actuam com respeito pelos princípios da igualdade, da imparcialidade, da ética e da justiça. O
número 1 do artigo 4 do decreto número 30/ 2001 estabelece que os órgãos da administração
pública no desempenho das suas funções, obedecem ao princípio de da legalidade administrativa.
O número 2 do mesmo artigo estabelece que o princípio da legalidade administrativa implica,
necessariamente, a conformidade da acção administrativa com a lei e o direito. Daqui decorre
que a Lei não só é o limite da actuação administrativa bem como é o seu fundamento, o que
significa que qualquer que seja o acto praticado pelos órgãos e agentes da administração pública
que não esteja em conformidade com a lei está viciado de ilegalidade.
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constitui um vício a legalidade, pois segundo a alínea b) do número 2 do artigo 41 do EGFAE
estabelece que os dirigentes do Estado devem assegurar que os bens do Estado sob a sua
responsabilidade sejam administrados de forma eficiente e eficaz; daqui decorre que qualquer
gestão dos bens públicos em benefício próprio é contrária ao princípio de prossecução dos
interesses público, que consiste em usar os bens públicos em benefício da satisfação das
necessidades colectivas, o interesse colectivo sobrepõe-se ao interesse particular. O acto venda
de apetrechos de pesca em benefício próprio é passível de sanção nos termos da lei.
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de incompetência, pois segundo as alíneas a) e b) do numero 3 do artigo 113 do EGFAE
[confirmado]: são competentes para aplicação das penas de despromoção ao funcionário que lhe
estão subordinados, a nível central: Directores Nacionais; a nível local: Governadores
Provinciais e Administradores Distritais. As competências do Secretario Permanente são
limitadas por lei nos termos da alínea b), do número 3, do artigo 6, do decreto n 54/2008, de 30
de Dezembro que estabelece que o secretário permanente tem a competência de “decidir sobre
questões de gestão de recursos humanos do Ministério com a excepção dos que exercem funções
de direcção, chefia e confiança ao nível de inspector-geral, Assessor do Ministro, Director-Geral,
Directora-geral adjunto, Director Nacional, Director Nacional Adjunto, Chefe de Departamento
autónomo, Chefe do Gabinete do Ministro, Secretário Particular do Ministro ou funções
equivalentes”.
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acto administrativo anulável. A aliena b) do número 3 do artigo 113 do EGFAE estabelece que
são competentes para a aplicação das penas de despromoção aos funcionários que lhes são
subordinados ao nível local, Governadores Provinciais e Administradores Distritais. De acordo
com o organigrama do Ministério das Pescas (em anexo), o Secretario Permanente não tem
subordinados. E, em consonância com a teoria dos poderes implícitos (quem pode mais pode
menos) a competência de exonerar e transferir o quadro de pessoal que exerce cargo de chefia é
da competência do Ministro das Pescas cujo é superior hierárquico. O Secretário Permanente
apenas poderia ter exonerado o Director do Combinado caso tivesse sido delegado ou
competência delegada pelo ministro das pescas. Segundo o número 1 do artigo 22 do decreto
30/2001 de 15 de Outubro: os órgãos e agentes de administração competentes para decidir sobre
determinadas matérias podem, nos limites da lei, delegar os poderes delegáveis a outros órgãos
ou agentes de escalão inferior para prática de actos administrativos sobre a mesma matéria. Para
o este caso, o Secretario Permanente caso tivesse sido delegado pelo ministro poderia praticar tal
acto mas contudo dentro dos limites da lei, e conforme o artigo 7 do Decreto 54/2008, o Ministro
poderá, expressamente delegar no Secretario Permanente: a representação do Ministério em
determinados actos ou actividades; a coordenação das actividades de cooperação internacional
do Ministério; outras funções e actos.
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administração é uma entidade jurídica e pessoa colectiva publica autónoma que não se confunde
com seus órgãos de governação e nem com os seus funcionários públicos e nem com as outras
entidades autónomas que integram a administração, nem com os cidadãos que com ele entram,
em relação.
2. Competências do Governo
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órgãos, em função do que lhes foi confiado afim de prosseguir, pelos que esses conflitos podem
ser classificados em positivos ou negativos. Por um lado temos o conflito de competência, aquele
se traduz numa disputa acerca da existência ou do exercício de um determinado poder funcional,
por outro, existe o conflito de atribuições quando a disputa versa sobre a existência ou a
prossecução de um determinado interesse público. Diz-se que há um conflito positivo, quando
dois ou mais órgãos da administração reivindicam para si a prossecução da mesma atribuição ou
o exercício da mesma competência, por outro lado, diz-se que conflito é negativo quando dois ou
mais órgãos consideram simultaneamente que lhes faltam as atribuições ou competências para
decidir um determinado caso concreto.
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