1. Diferença entre Reforma Administrativa e Reforma do Estado
Reforma é um conjunto de acções de carácter transversal ou horizontal e processos de mudanças que devem ser empreendidos para que os serviços públicos prestados nos diferentes sectores sejam melhorados e a sua implementação é da responsabilidade dos próprios sectores. (pág. 48 da EGRSP). Reforma Administrativa é Implementação de um conjunto de políticas voltadas para a retomada da perfomance e da qualidade dos serviços públicos (TORRES apud FADUL; SOUZA, 2005). A reforma administrativa é um processo de mudança que permite ajustar as estruturas e o funcionamento administrativo., de acordo com as pressões exercidas pelo ambiente político e social (Araújo 2005). Reforma Administrativa é um conjunto sistemático de providências destinadas a melhorar a Administração Pública de um dado país, de forma a torná-la, por um lado, mais eficiente na prossecução dos seus fins e, por outro lado, mais coerente com os princípios que a regem. (Amaral, 1999:199) A reforma administrativa, no seu sentido mais comum, é o processo de transformação de atitudes, funções, sistemas, procedimentos e estruturas administrativas das dependências e entidades do Governo para torná-las compatíveis com a estratégia de desenvolvimento e fortalecer a capacidade executiva do Estado em um contexto de planeamento. Reforma do Estado é Implementação de políticas voltadas para o crescimento econômico a partir das reformas na previdência social, na área fiscal e tributária e na área econômica, considerada a principal reforma estrutural (TORRES apud FADUL; SOUZA, 2005).
2. Conceito de governação no sentido lato
Segundo o Banco Mundial, em seu documento Governance and Development, de 1992, governança é “o exercício da autoridade, controle, administração, poder de governo”. Precisando melhor, “é a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos sociais e econômicos de um país visando o desenvolvimento”, implicando ainda “a capacidade dos governos de planear, formular e implementar políticas e cumprir funções”. De acordo com Melo (apud Santos, 1997, p. 341): governação “refere-se ao modus operandi das políticas governamentais – que inclui, dentre outras, questões ligadas ao formato político institucional do processo decisório, à definição do mix apropriado de financiamento de políticas e ao alcance geral dos programas”. Governança refere-se a “padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam transações dentro e através das fronteiras do sistema econômico”, incluindo-se aí “não apenas os mecanismos tradicionais de agregação e articulação de interesses, tais como os partidos políticos e grupos de pressão, como também redes sociais informais (de fornecedores, famílias, gerentes), hierarquias e associações de diversos tipos” (Santos, 1997, p. 342).
3. Princípios de boa governação
3.1. Boa governação
O conceito de boa governação surge como a expressão filosófica e instrumento da institucionalização da governação, e é considerado como factor indispensável na promoção da estabilidade social e do desenvolvimento. A boa governação manifesta-se em varias áreas basilares para a edificação do Estado de Direito, nomeadamente a separação dos poderes, o respeito pelos direitos humanos, a prestação vertical e horizontal de contas, a transparência na governação eleitoral e na gestão financeira e no controlo da corrupção.
3.2. Os princípios políticos que sustentam a boa governação são:
Participação: qualquer homem ou mulher deve ter voz nas decisões políticas, seja directa ou através de instituições legítimas que representem os seus interesses. Esta participação deve ser construída na base da liberdade de associação assim como na capacidade de participar construtivamente. Transparência: Livre circulação de informação, processos, instituições e informação, devendo estar devidamente acessíveis aos cidadãos, com informação suficiente para perceber e monitorá-los. Accountability: os que tomam decisões no Governo, o sector privado, as Organizações da Sociedade Civil são responsáveis perante o público bem como aos stakeholders de necessária prestação de contas perante os cidadãos. Equidade: todos os homens e mulheres tem o direito de ter oportunidades para que possam melhorar e manter o seu bem-estar Estado de Direito: os quadros jurídicos devem ser justos e aplicados de forma imparcial, em particular as leis sobre os direitos humanos Eficácia e Eficiência: Processos e Instituições que satisfaçam as necessidades ao mesmo tempo que façam o melhor uso dos recursos. Orientação Consensual: Capacidade de mediar os diferentes interesses para chegar ao consenso tendo em conta o que é melhor para o grupo. Visão estratégica: onde os líderes e o público partilham a longo prazo relativamente a boa governação e desenvolvimento humano tendo em conta aquilo que é necessário para o desenvolvimento. Existe também um conhecimento da complexidade histórica, cultural e social em que determinada perspectiva é alicerçada. Capacidade de Resposta: Instituições ao serviço de todos Neste contexto, as várias Instituições Internacionais tem cada uma a sua perspectiva relativamente à definição de boa governação:
Na lógica do PNUD, os indicadores chaves da boa governação são:
a) A participação pública; b) A observância das leis; c) A responsabilidade (accountability);
O papel do controle externo exercido pelos Tribunais de Contas no controle das políticas públicas de saúde durante a pandemia de Covid-19: um estudo sobre a atuação dos Tribunais de Contas da União e do Estado do Acre