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UNAMA - UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA

SAÚDE – CCBS

Ana Júlia Tobelem -04035076


Akhenaton Pereira de Melo -04054680
Cleudiane Fialho Negrão- 04036266
Carolina Aparecida Aires da silva-04033983
Carmelita lins Cavalcante Pereira-04035262
Felipe Soares Pereira Reis- 04053488
Irlane Silva da Gama Barbosa- 04031209
Josué Silva- 04052958
Jaqueline do Socorro de oliveira Brito- 04029104
Joyce Silva Neves- 04026025
Karla Regina Cardozo Castro-04052498
Larissa Martins Barreira- 04029579
Lisangela bandeira- 04029579
Monica Santiago de Sousa- 04035029
Patrícia Reis Sousa- 04035012
Rogerio Garcia Alves- 04034626
Robson Medeiros Lucas-04034707
Yara Elaine santos da silva- 04033376

REVOLTA DA VACINA:
HIGIENE E SAÚDE COMO INSTRUMENTOS POLÍTICOS

ANANINDEUA
2023
UNAMA - UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA
SAÚDE – CCBS

REVOLTA DA VACINA:
HIGIENE E SAÚDE COMO INSTRUMENTOS POLÍTICOS

Trabalho acadêmico apresentado ao curso,


referente a 1ª avaliação da disciplina, saúde
coletiva do semestre 2023.1 Ministrada pelo
Docente, Alexandro Araújo.

ANANINDEUA
2023
A revolta da vacina foi um movimento exclusivamente popular, devido ao
descaso das autoridades com a higiene e a saúde que aconteceu no Rio de Janeiro
em 1904. Foi movida pela insatisfação da população com a campanha da vacina
obrigatória contra a varíola implantada na cidade por meio de Oswaldo Cruz, que
provocou desconforto popular diante da agressividade da medida que causou a
revolta da população.

O cenário da higienização brasileira que, de maneira ampla entendida como


precária, a emergência de uma série de epidemias como a febre amarela, a peste
bubônica e a varíola eram ameaças iminentes e, apesar de não haver o que
contestar sobre a precariedade do cenário brasileiro, a mídia, a oposição e o saber
popular demonizavam e criavam histórias fictícias sobre os efeitos da vacina. Essas
manifestações em defesa da saúde da Pátria não eram simples necessidades
sanitárias, mas principalmente uma forma de enfraquecer a administração vigente.

A fase de 1889 a 1930, chamada República velha, é marcada por um Brasil


governado pelas intituladas elites do café, em que a participação popular mínima. A
Constituição brasileira era elaborada em 1891, inspirada na estadunidense. Em
1894 O Brasil conheceu um presidente civil na figura de Prudente de Moraes, que
que também era membro das elites cafeeiras, que tem um governo perturbado pela
crise e pelo “intolerável”. Em 1898 Campos Sales assumiu governo outro
representante da cafeicultura, inaugurando uma nova fase da política brasileira, a
conhecida a política do café-com-leite. Finalmente Rodrigues Alves assumiu o
poder, em 1902 comandante do cenário em que se desenrolará a revolta da vacina
no Rio de Janeiro.

O governo de Rodrigues Alves é marcada por grandes obras públicas e de


saneamento que viveram nas décadas anteriores períodos de grandes epidemias. A
agitação popular causada pelo autoritarismo da medida militar era contra a
vacinação obrigatória, virou nessa medida uma forma de enfraquecer o poder
vigente, entram em conflito com outros militares que lutam ao lado do governo que
defende a obrigatoriedade da vacina. Tal aspecto do princípio do combate
apresenta-se como forma de demonstrar que o próprio exército era uma instituição
homogênea, com interesses convergentes, ocorreu com a Câmara e com o Senado,
que se viram divididos e impulsionados a tomar uma posição.
Os protestos no Rio de Janeiro eram incitados pelas declarações do
presidente Rodrigues Alves, que dizia que em seu governo, se limitaria apenas ao
saneamento e obras do Porto, em razão da recusa dos navios estrangeiros que não
queriam atracar no ancoradouro carioca. Em contrapartida, o prefeito desta cidade,
Pereira Passos, promoveu diversas manifestações como forma de solucionar o
problema, incentivando ações como o chamado “bota abaixo” que derrubava
casarões e cortiços abandonados, pagamento pela captura de ratos, policiais
sanitários nas ruas, coleta de lixo e aplicação de raticidas, foram algumas das
providências tomadas contra os focos das infecções. Desta forma, a peste bubônica
e a febre amarela foram controladas, porém, a varíola continuava assolando, o que
tornou necessário a adoção de ações mais severas, como a obrigatoriedade da
vacinação das pessoas, em 31 de outubro de 1904, mesmo que essa medida
contrariasse grande parte da população.

Discursos a favor e contra o projeto de vacinação, e críticas de que esta


obrigatoriedade cerceava o livre-arbítrio, foram trazidos à tona pelo Echo do Sul,
jornal político e comercial, do Rio Grande do Sul, que passava por uma transição
diminuindo consideravelmente seus pronunciamentos políticos, porém, mantinha
sua postura a favor dos ideais republicanos e afirmava-se como uma folha de
oposição política.

O historiador francês Jean Jacques Becker, publicou em seu livro no ano de


2003, um fato sobre a dificuldade de conceituar a opinião pública, e que está seria
passiva quando tratava de comportamentos e atitudes, mas ativa quando buscava
conhecimento, e aplicou essa definição ao se perguntar a razão pela qual a revolta
da vacina entrou para história e o jornal simplesmente a ignorava. Por sua vez, o
jornal, paralelo à sua objeção quanto à obrigatoriedade da vacina, levava em
consideração o fato de que os outros países do mundo, sabedores de sua liberdade
de escolha, aceitaram a vacinação. Barbosa Lima, militar, político e deputado
federal do Rio Grande do Sul, se impõe como figura inimiga dessa campanha de
vacinação e ataca diretamente a câmara dos deputados, acusando-a de ferir o
direito constitucional, e juntamente com Lauro Sodré, destacaram-se quando
explodiu a revolta, opondo-se ao governador Rodrigues Alves e promovendo uma
luta em prol da purificação da república. Porém, esse combate não tratava apenas
da defesa da população, mas também de seus interesses políticos e partidários.

Diante disso, o jornal reproduz o discurso do deputado, porém, o contraria


chamando-o de violento e incapaz de obedecer a regras. Nesse contexto, é
importante frizar que o jornal reprova as características do deputado . Contudo, por
mais que o jornal se mantenha contrário a bancada gaúcha, esse também reprova o
projeto de vacinação. Nota-se que ambas permanecem insatisfeitas ao fazer uso da
higiene e da saúde, como forma de atingir o governo, atrás de uma crise sanitária
pela qual passava a capital.

Entretanto, alguns jornal da época como o Echo do sul tinham o intuito de


manter a população muito bem informada sobre o projeto da vacinação. Assim
como o jornal do comércio que se mantinhaa contra a vacinação obrigatória. Outro
deputado que segundo o jornal tinha ideias contrárias a vacinação é Germano
Hasslocher , opondo-se a Barbosa Lima, onde duas ideologias eram consideradas
uma agressão aos direitos do homem.

Vários opositores na câmara utilizavam diversas maneiras de barrar a


votação do projeto da vacinação obrigatória. Já que na época era necessário a
exposição de parte do corpo de mulheres casadas, viúvas e meninas solteiras.
Sendo assim naquela época a sociedade tinha influência europeia, ou seja, era
inadmissível na visão da maioria dos homens, mulheres serem expostas e tocadas
por outros homens mesmo que fossem agentes de saúde.

Segundo Maria Angela, uma cidade federal que assimila muitos outros
hábitos burgueses, como exaltação da maternidade e a tentativa de preservação da
intimidade, deve se manter contra a obrigatoriedade de expor partes de corpos
femininos independentes de ser em prol da saúde pública.

Notava-se que a maioria da Câmara se mostrava a favor do projeto da


vacinação obrigatória. Sendo que por outro lado essa decisão contradiz a própria
vontade popular. Que segundo o Echo do sul apresentava uma população
descontente com a medida, sentindo-se desrespeitada tendo seus direitos civis
violados.
O discurso em torno do projeto de vacinação evidenciou uma fraqueza de
higiene sanitária que se estendia pelo país todo. Dessa forma, servindo como
instrumento político de ataque ao governo. Reforçando sempre a incapacidade do
governo em lidar com questões de saúde pública, mesmo antes de ser aprovada,
tal ação serviu como arma para atacar o governo preocupado principalmente em
modernizar a cidade do Rio de Janeiro.

O jornal intitulado “contradições”, fez críticas severas não só ao governo, mas


a todos que não mediram esforços para barrar o projeto de vacinação,
possibilitando que o país ignorasse os problemas sanitários e de saúde que
tomavam conta da cidade. Analisando esse contexto, o jornal echo do sul sai em
defesa da obrigatoriedade da vacina, repreendendo o governo por não se preocupar
com os obstáculos por que passava o país e também os positivistas que desviaram
as atenções do povo de outras necessidades. Além, do problema da vacina, que os
atingia diretamente.

No dia 10 de outubro é anunciada uma representação muito relevante a qual


informa os desdobramentos provocados pela vacinação obrigatória. Visto que,
naquele momento estavam afirmando no jornal que o governo estaria a preparar
uma defesa contra a revolta, mesmo que um mês antes dela acontecer no Rio de
Janeiro. Por conseguinte, naquele momento sabia-se que entre os revoltosos
estariam presentes civis e militares, com o apoio de algumas escolas militares da
cidade do Rio de Janeiro e do próprio exército e da marinha, por justificativas de
imoralidades do projeto, e movido ao desejo de tomada do poder gerando assim um
maior conflito de interesses. Tendo esse conhecimento, o governo não permitiria
que os revoltosos encontrassem passividade em suas ações de manifestos.

No dia 28 de outubro o projeto para a vacinação obrigatória deu continuidade


para o então presidente da república, Rodrigues Alves, pudesse sancionar a lei
encerrando assim, o momento de pré-fase da revolta da vacina, gerando um
momento de muita tensão acerca da aprovação ou não desta lei. Após instituir a lei,
um desconforto muito grande foi apresentado por uma grande parte da população,
sendo eles, civis ou não. A partir deste momento, militares e políticos da oposição,
aproveitando-se de toda a situação e revolta da população, instigavam e atacavam
de forma verbal e não verbal, diretamente e com muita objetividade, o atual
governo, sem a preocupação de autopreservação. Por meio da imprensa, o grupo
opositor a obrigatoriedade da vacina informava que formaria uma liga contraria ao
projeto do atual governo, com a presença do Dr. Lauro Sodré, no Centro das
Classes Operárias.

A liga, onde o Tenente Lauro Sodré, participava ativamente, sendo


considerado como líder da revolta, contra a escolha do próprio senado em
aprovação do projeto, tinha como objetivo, impedir sendo por meios legais ou até
mesmo violentos. A partir do momento em que o próprio redator do projeto, Dr.
Oswaldo Cruz, possuía a regulamentação do mesmo, o qual continha apenas dois
artigos, não agradando os próprios apoiadores da causa, gerou uma maior tensão
para o conflito.

No dia 11 de novembro de 1904, foi considerada eclosão da revolta, onde


por meio de telegramas, é constatado o momento da revolta de maneira mais
violenta. As informações datavam que o Dr. Lauro Sodré, negava o aconselhamento
a revolução contra a vacina obrigatória, Em contrapartida, Ramiro Barcellos,
questionava as afirmativas do Dr. Lauro Sodré. A partir das declarações, ouve uma
grande censura à imprensa. O Ministro do Interior e Justiça, J. J. Seabra, por meio
da imprensa, afirmava só desejava que a clausula em que as pessoas poderiam ser
vacinadas por médicos de sua própria confiança, e que o material de vacina fosse
disponibilizado para manipulação de profissionais da área, pudessem estuda-lo e
modifica-lo, fosse aprovada.

Durante o processo da regulamentação do protesto da vacina após


aprovação da lei, houveram muitas contestações que tinham um intuito de evitar a
vacina, pois, esse fator impedia o povo da restrição social. Vicente de Souza
durante seu discurso influenciou o povo a manter a resistência na praça pública que
iam contra aquela medida, que também contestaram a demissão do Dr. Oswaldo
Cruz que era o diretor do serviço de higiene da capital durante os avanços da
imprensa que tinham como objetivo combater a vacinação obrigatória trazendo
pequenos tumultos durante as informações. No decorrer da contestação os médicos
foram convocados para uma reunião onde alguns eram contra a regulamentação da
vacinação, porém o Dr. Teixeira Brandão, que defendeu os princípios da
obrigatoriedade que envolvia liberdade do povo.

Ao longo do protesto até os defensores se isentam-se de qualquer


participação na discussão e aprovação da lei, porém, os outros incentivaram o povo
a utilização de armas de fogo, tornando um protesto violento. O próprio diretor da
higiene apesar de ser o fundador do projeto, menciona o não entendimento da
obrigatoriedade da vacina. Portanto no decorrer destes acontecimentos, violências,
arruaças, assumem a posição principal com o desejo dos militares oposicionistas de
desestabilização do governo.

Os manifestantes enfrentaram os militares, causando tiroteios que


promoveram grandes números de mortos, os revoltosos eram chefiados pelo
general Travassos, que durante a manifestação receber um tiro no abdômen e ficou
em estado grave de saúde. No entanto após horas de violências alguns alunos da
escola militar foram obrigados a rendição. Logo após esse fato foi decretado estado
de sítio e despedida de ordem de prisão para o tenente-coronel Lauro Sodré que foi
criticado acusado de incentivar o povo e os alunos a se manifestarem. Assim,
durante esse período o governo recebeu apoio da Marina e de alguns contingentes
que não se envolveram na revolta.

A revolta da vacina em muitos termos vertentes é considerada de cunho


popular. Visto que, seu tema principal trata-se de uma realidade vivida no Brasil da
qual podemos definir como uma calamidade pública de saúde, em virtude de
diversas epidemias generalizadas. De acordo com o Jornal Echo do Sul (jornal da
época), podemos observar que mesmo o enfoque sendo voltado a uma reprovação
social, sobre a obrigatoriedade da vacina, destaca-se o real interesse político das
oposições feitas ao governo atual da época. O jornal a partir de telegramas
expressa bem quanto a visão política que se almejava, utilizando a vulnerabilidade
popular como as crises existentes, para potencializar as críticas ao governo atual e
o enfraquecendo.

Os embates criados sobre o tema não se tratavam de maneira direta a uma


rejeição social sobre a obrigatoriedade da vacinação, mas sim uma jogada política
visando derrubar o atual governo. Confirma-se os fatos, quando o artigo e jornais,
após aprovado a lei que obriga a vacinação, elucidam a aprovação social do
governo sobre as condutas e atos necessários. Afirmando que o governo está
prestigiado e forte, ficando assim comprovado que as medidas tomadas foram
cirúrgica e pontuais para beneficiar a ordem pública.

Apesar de tratar-se de um fato antigo, as mesmas manobras usadas na


época para descredibilizar a ciência e a saúde pública, ainda pode ser vista na
contemporaneidade. Hoje, é possível observar que o governo supracitado estava
tentando encontrar uma maneira para estabilizar a ordem e a saúde de sua
população, uma vez que a varíola atingia a todos economicamente, socialmente e
fisicamente.
Bibliografia
Crescêncio, C. L. (2010). Revolta da vacina: higiene e saúde como
instrumentos políticos. BIBLOS, 22(2), 57–73. Recuperado de
https://periodicos.furg.br/biblos/article/view/962

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