Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
A busca da população por melhores serviços tem aumentado cada vez mais, tornando as
pessoas mais exigentes em relação a sua qualidade, por isso surge a necessidade de um modelo
de gestão que propicie alcançar tais objetivos com maior eficiência, acompanhando as
mudanças tecnológicas, alterações de Leis e até a remodelagem na estrutura da organização.
Sendo assim, este estudo busca investigar se algumas práticas já encontradas na administração
de empresas privadas podem ser incorporadas no setor público, para melhorar os serviços
prestados aos cidadãos, bem como, sua eficiência e eficácia, levando em conta que as
organizações públicas possuem características próprias que diferem das organizações do setor
privado. Consoante a isso, esta pesquisa, visa entender ainda os principais desafios encontrados
para implantação da Gestão Estratégica no setor público. Os principais resultados apontaram
que apesar da dificuldade para implantação, devido principalmente a parte burocrática existente
no setor público, é possível que algumas ferramentas e técnicas de Gestão Estratégica utilizadas
no setor privado sejam aplicadas no setor público.
ABSTRACT
The population's search for better services has increased more and more, making people more
demanding in relation to their quality, which is why there is a need for a management model that
allows achieving these objectives with greater efficiency, accompanying technological changes,
changes in Laws and even the remodeling of the structure of the organization. Therefore, this
study seeks to investigate whether some practices already found in the administration of private
companies can be incorporated into the public sector, to improve the services provided to
citizens, as well as their efficiency and effectiveness, taking into account that public
organizations have their own characteristics. That differ from private sector organizations.
Accordingly, this research also aims to understand the main challenges encountered for the
implementation of Strategic Management in the public sector. The main results showed that
2
despite the difficulty of implementation, mainly due to the existing bureaucratic part in the
public sector, it is possible that some tools and techniques of Strategic Management used in the
private sector are applied in the public sector.
1. INTRODUÇÃO
O quadro mundial que a sociedade tem vivido, traz ao seu lado mudanças que transformam tanto
a realidade da classe empresarial, quanto os processos de comunicação das organizações.
(FERREIRA, 2005). Ferreira acredita ainda que:
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
“Em sentido lato, administrar é gerir interesse segundo a lei, a moral e a finalidade dos
bens entregues à guarda e conservação alheias.” (MEIRELLES 2001, apud MELLO, 2003
p.12). Administração Pública, deste modo, é a gestão de bens e interesses caracterizados da
comunidade no campo federal, estadual ou municipal, segundo os princípios do Direito e da
Moral, ter em vista o bem comum, sendo obrigação de o administrador providenciar a
publicidade dos atos referentes a essa gestão, sob pena de incidir em improbidade
administrativa.
O desempenho do gestor público na gestão de bens comunitários possui tamanho
prestígio que lhe são conferidos não só poderes, mas deveres. Para Meirelles (2003), este possui
o poder-dever de agir, o dever de eficiência, o dever de probidade e o dever de apresentar
contas.
Para isso, obriga-se a ressaltar princípios jurídicos atribuídos à Administração, tanto explícitos
quanto implícitos, sob pena de praticar ato de improbidade administrativa, a teor do art. 11 da
Lei nº 8.429, de 02/06/1992. Assim sendo, a Constituição da República Federativa do Brasil de
1988 indica no caput de seu art. 37 como essenciais à Administração Pública os princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, chamados princípios
explícitos.
Como destacado, há vários princípios dispersos pela CRFB/88, como os do devido
4
processo legal (art. 5º, LV), economicidade (art. 70), motivação (art. 93, X), entre outros,
chamados princípios implícitos, os quais derivam do próprio sistema constitucional.
O conceito de Serviço Público não é pacífico no entendimento doutrinário, para
demonstrar buscaremos as teses de alguns autores, para que possamos explanar essa questão.
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, (2004, apud SARTURI, 2014),
Serviço Público é:
Todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e
controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da
coletividade ou simples conveniências do Estado.
Para Moreira Neto (2000), o Serviço Público pode ser conceituado como sendo:
Atividade da Administração Pública que tem por fim assegurar de modo permanente,
contínuo e geral, a satisfação de necessidades essenciais ou secundárias da sociedade,
assim por leis consideradas, e sob as condições impostas unilateralmente pela própria
Administração". Conceito "contemporâneo" de Serviço Público: “as atividades pelas
quais o Estado, direta ou indiretamente, promove ou assegura a satisfação de interesses
públicos, assim por lei considerada, sob regime jurídico próprio a elas aplicável, ainda
que não necessariamente de direito público”.
Marçal Justen Filho (2005), por sua vez, define Serviço Público como sendo:
de todos os cidadãos.
Pode-se ponderar Administração Pública, como sendo atividades essenciais de
gestão realizadas pelo poder executivo, (em caso de prefeituras, através do prefeito)
onde através do poder outorgado ao Estado, administra os bens públicos, de forma
mediata e constante, para que se busque a satisfação das necessidades públicas e assim
conseguir o bem de todos. Segundo Bezerra e Cavalcanti (2011, p.02):
Toda e qualquer ação de gestão na máquina pública para ter força ativa necessita vir
expresso em lei.
Após verificar-se a necessidade de uma nova administração que trouxesse eficiência,
eficácia, transparência, que tivesse foco no planejamento estratégico das ações, permitindo a
participação da sociedade em debates públicos de maneira democrática, surgiu a chamada
gestão pública.
A gestão pública existe e deve agir, tendo como principal objetivo o bem comum da
comunidade administrada, o que nos leva ao conceito de Gestão Pública, sendo este um termo
mais recente, utilizado para apontar a utilização de novas práticas na administração do setor
público.
Para Martins, (2005) Gestão Pública é:
Martins ressalta ainda que uma organização pode ser privada ou pública, porém, com
interesses que abrangem toda comunidade:
(…) pode haver “gestão publica” em organizações públicas e privadas, embora seja
bastante incomum uma preocupação real com a coletividade por parte de entes
privados. Um exemplo são as Organizações não Governamentais (ONGs), que embora
sejam juridicamente entidades privadas, muitas vezes objetivam o bem público ao
cuidarem de animais, do meio ambiente, estimularem atividades artísticas. (MARTINS,
2005)
6
Mudar significa sair de uma posição em que se encontra, para uma nova. É de extrema
importância que a organização saiba em que posição se encontra e, principalmente, para onde
quer ir.
Na área de mudança organizacional a literatura é dilatada, pois tem impacto direto nos
resultados que almeja e na vida organizacional, já que se trata de um campo que está surgindo
na vida organizacional.
Segundo Wood Jr.(2004), “define-se mudança organizacional como qualquer
transformação de natureza estrutural, estratégica, cultural, tecnológica, humana ou de outro
componente, capaz de gerar impacto em partes ou no conjunto da organização.”
Herzog apud Wood Jr., (2004) considera que a chave para enfrentar com sucesso o
processo de mudança é o gerenciamento das pessoas, conservando o alto nível de motivação e
evitando decepções.
O grande desafio não são as mudanças tecnológicas, mas mudar pessoas, a cultura
organizacional e recuperar valores para auferir vantagem competitiva, através de estratégias que
alcancem os objetivos da organização e das pessoas que nela trabalham.
7
Segundo Porter (1986) estratégia pode ser definida como a “criação de uma proposição
de valor única, com atividades ajustadas nas áreas de marketing, produção, logística e
8
distribuição. Tudo alinhado com a proposição de valor única”. Para ele, estratégia é sinônimo de
escolha e consiste em não satisfazer todas as necessidades apresentadas, mas sim em escolher
quais necessidades satisfazer e de que forma, traçando objetivos e formas de alcançá-los.
Já Mintzberg et al. (2006, p. 29) define que:
mãos dos fundadores, prejudicando e pondo em risco até mesmo a sobrevivência do local ou
ainda a resistência que ocorre no processo de sucessão ou troca de gestores e a falta de
profissionais capacitados e preparados para gerir, principalmente em locais de grande porte.
Para tentar diminuir estes problemas as empresas devem focar no planejamento estratégico e em
um projeto empresarial que tenha objetivos claros definidos e meios para alcançá-los.
Já no setor público a gestão estratégica encontra um pouco mais de dificuldades, pois,
depende “que o tema esteja alinhado com o projeto de governo, que haja verbas orçadas para tal
finalidade e que o gestor queira realmente que isso aconteça”. (CAVALCANTE, 2014).
Mesmo que estes impasses sejam superados, ainda há que se atentar ao momento
político, o interesse do grupo em fazer com que as coisas aconteçam e a disposição para
mudanças. Finalmente, após tantos pontos a serem observados e superados, a gestão estratégica
no setor público, segundo Nogueira, (2015):
Porém ao levar em conta o que a lei exige, a cultura, os componentes e todo processo de
elaborar, discutir e definir metas do planejamento no setor público é possível perceber
diferenças significativas entre os dois setores, tornando a abordagem estratégica no setor público
diferente do modelo de administração do setor privado.
Assim, cada setor apresenta suas especificidades que devem ser observadas e respeitadas.
3. METODOLOGIA
O ponto central deste artigo e um dos temas mais importantes é a prática estratégica de
organizações públicas e privadas. Uma vez que estas apresentam características diferentes, buscamos
identificar, por meio de pesquisa bibliográfica o significado de estratégia e suas práticas, bem como ela é
aplicada em cada setor e as dificuldades encontradas para aplicação de tais práticas, comuns no setor
privado no setor público.
Após conceituar o que é gestão estratégica, levantando também os elementos próprios da
administração pública, pois é notória sua ligação e importância, já que a administração pública, ao longo
do tempo aperfeiçoou os serviços oferecidos pelo Estado à população, adaptando-se a novas situações
em busca do melhor para a sociedade e a partir da necessidade de um novo modelo de administração
abriu espaço para a gestão pública, seguimos para a aplicabilidade da gestão estratégica nos dois setores.
Não é difícil perceber que a administração aplicada em uma empresa privada é diferente daquela
aplicada às instituições públicas, a começar pelos objetivos de cada uma. Enquanto o setor privado visa a
obtenção de lucros, o público preocupa-se em atender os interesses da população, diferente de empresas
que concorrem entre si, visa somente o cumprimento de suas atribuições de acordo com o que é
estabelecido pelas políticas vigentes.
De forma geral, podemos dizer que no setor privado é possível fazer tudo que a lei não proíbe,
enquanto que no setor público só é possível fazer o que a lei permite, limitando e restringindo as ações
do gestor público, não tendo liberdade para exercer suas funções e assim, não administrando com a
mesma flexibilidade e agilidade do setor privado.
Ao fazer seu planejamento estratégico as organizações buscam sistematizar processos e
ações para poder definir os caminhos que seguirão até alcançar seus objetivos, enquanto no
setor público o planejamento ainda funciona apenas como um instrumento de controle da
sociedade sobre o Estado.
Existem ainda, muitas barreiras no setor público, e que dificilmente podem ser quebradas,
11
mas que distanciam a gestão estratégica e seu planejamento do setor privado. Para Nogueira,
(2015) as principais são:
(…) estrutura pública burocratizada com processo decisório lento e confuso, amplo e
detalhado arcabouço legal determinante do que pode e deve ser feito pelos entes
federativos, forte aparato de controle público e social das ações dos dirigentes públicos
exercidos principalmente pelo Poder Legislativo e Tribunal de Contas, interesse
político que se sobrepõe aos objetivos estratégicos da administração, (...) incapacidade
técnica dos órgãos públicos, falta de controle dos gastos efetivamente realizados pelos
ordenadores de despesas, o incrementalismo e as especificidades dos serviços e bens
públicos.
Apesar de não serem fatores que possam invalidar a utilização da Gestão estratégica e
consequentemente do planejamento estratégico no setor público, estes podem dificultar sua
aplicação. Com relação aos objetivos Fernandes e Berton (2005, p.15) citam que existem vários
a serem alcançados pela gestão pública, como:
Estes objetivos podem ser alcançados utilizando ferramentas de gestão que já são
utilizadas pelas organizações privadas, desde que adaptadas para atender as exigências do setor
público e suas especificidades, vale ressaltar que a administração pública já tem buscado novas
técnicas de gestão que aumentem a eficiência e a eficácia da máquina pública.
Seguindo esta linha, temos a seguinte questão: é possível então que algumas práticas
dentro da Gestão Estratégica, já encontradas no setor privado sejam aplicadas no setor público
para garantir a melhoria dos serviços prestados aos cidadãos?
E a resposta é sim, pois mesmo que existam diferentes propósitos, nas instituições
privadas a gestão estratégica planeja e busca a lucratividade, juntamente a vantagem competitiva
e as públicas visam melhorar a qualidade dos serviços prestados de acordo com a legislação e as
necessidades da sociedade, ambas podem e devem utilizar o planejamento estratégico, onde é
possível fazer a análise das forças macroambientais (ambiente externo), para buscar entender a
visão, missão e valores de sua organização, para em seguida formular estratégias, traçar planos
de ação e finalmente obter o controle de resultados, possibilitando assim, analisar a eficiência,
eficácia e se os objetivos foram alcançados.
É possível utilizar ainda ferramentas criadas com ênfase para o setor privado, mas que
auxiliam na Gestão estratégica no setor público, como o Balanced Scorecard:
12
O BSC pode ser definido como um conjunto de elementos que, ao mesmo tempo, deixam a
estratégia mais clara para a organização, possibilitando sua gestão e auxiliando no combate a
uma dificuldade semelhante nos dois setores, que é a execução da estratégia, que ocorre muitas
vezes devido a falta de clareza e dos objetivos e a qualificação dos gestores para orientar os
demais.
Além do BSC e do planejamento estratégico em si, existem outros métodos que podem ser
utilizados em ambos setores, como a análise SWOT, que faz um balanço dos pontos fracos e
pontos fortes e até mesmo matrizes criadas com o intuito de auxiliar no estabelecimento das
principais metas a serem alcançadas.
Diante de tantas possibilidades e mudanças existentes o setor público, mesmo que com
algumas limitações impostas pelas políticas e legislação, é possível aprimorar e aplicar
ferramentas, que já trazem melhorias no setor privado, através da gestão estratégica. Para isso,
é necessário que o gestor conheça bem sua equipe, tenha objetivos e metas bem estabelecidas,
faça análise do ambiente, da população, das ideias e necessidades da sociedade e enfim, faça o
balanço e planejamento do que precisa ser modificado para melhor atender as necessidades
encontradas em seu local de trabalho.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todas as mudanças que tem ocorrido na sociedade determinam também grandes impactos
nos processos de gestão, tornando necessária a criação de novas estratégias para adaptar-se a
elas, sejam no setor público ou privado.
Apesar de as organizações públicas possuírem alvos distintos das organizações privadas,
para o setor público, a eficiência está agregada ao atendimento das necessidades da sociedade
e, para o setor privado, a eficiência está vinculada a aspectos ligados à lucratividade dos
empreendimentos, (FERREIRA, 2005), as estratégias utilizadas para atingir os objetivos
tendem a ser cada vez mais parecidas, por isso, este estudo buscou mostrar a necessidade da
gestão estratégica no setor público ser mais considerada, incluída e, logo melhor aproveitada
neste setor, com base no que já pode ser visto na iniciativa privada.
Através da gestão estratégica é possível gerenciar a equipe e recursos para alcançar suas
13
metas, por isso, a gestão deve ter foco e conhecer plenamente tudo que a cerca.
Ainda há um grande desafio para a implantação de ferramentas no setor público, já utilizadas
no setor privado, principalmente pela existência de critérios burocráticos que acabam tornando
o setor público limitado e muitas vezes até inflexível.
Torna-se cada vez mais fundamental o bom trabalho em equipe, o chamado capital
humano, formado por líderes, gestores e servidores comprometidos com todo processo,
dispostos a buscar e enfrentar as mudanças, sempre com uma visão de todo o ambiente interno
e externo.
A modernização da gestão pública, que almeja bons resultados, e o cumprimento dos
princípios de eficácia e eficiência, pedem um modelo de gestão em que se tenha gerenciamento
e clareza das atividades a serem desenvolvidas no setor público. Neste panorama, cabe lembrar
o papel do gestor público e do conhecimento de seu público, bem como suas necessidades, pois
é ele quem deve interceder às relações dentro das organizações, desenvolvendo suas atividades
de forma maleável, sendo de suma importância um entendimento produtivo e a clareza dos
objetivos a serem alcançados.
Sendo assim, mesmo diante das diferenças, a gestão estratégica, combinada ao
planejamento deve ser utilizada, seja no setor público ou privado, em qualquer organização que
almeja melhorias e sucesso.
14
REFERÊNCIAS
BORTOLOTTI, Silvana Ligia; SOUSA, Afonso Farias; ANDRADE, Dalton Francisco de.
Resistência à mudança organizacional: medida de avaliação por meio da teoria da
resposta ao item. Tese de doutorado – Programa de Pós Graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, 2010.
Constituição da República Federativa (1988), 18. ed. São Paulo; E. Saraiva, 1988.
DESS, G. G.; LUMPKIN, G. T.; EISNER, A. B. Gestão Estratégica. 3 ed. Nova York:
McGraw-Hill, 2007.
2005.
SANTOS JUNIOR, José Evanlito dos; OLAVE, Maria Elena Leon. A Gestão Ambiental e os
seus Benefícios Econômicos: Um Estudo de Caso na Usina de Beneficiamento de Laticínios
Santa Maria Ltda. In: Anais VIII Encontro de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de
Pequenas Empresas (EGEPE). Goiânia, GO, Brasil, 24 a 26 de março de 2014.