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NOÇÕES DE DIREITO

– Estabilidade
A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de permanecer no cargo ou emprego público depois de ter sido aprovado
em estágio probatório.
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade poder ser definida como a garantia constitucional de permanência
no serviço público, do servidor público civil nomeado, em razão de concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após o
transcurso de estágio probatório.
A estabilidade é assegurada ao servidor após três anos de efetivo exercício, em virtude de nomeação em concurso público. Esse é o
estágio probatório citado pela lei.
Passada a fase do estágio, sendo o servidor público efetivado, ele perderá o cargo somente nas hipóteses elencadas no Artigo 41, §1º
da CF.
Haja vista o tema ser muito cobrado nas provas dos mais variados concursos públicos, segue a tabela explicativa:

Estabilidade do Servidor
Requisitos para aquisição Cargo de provimento efetivo/ocupado em razão de concurso público
de Estabilidade 3 anos de efetivo exercício
Avaliação de desempenho por comissão instituída para esta finalidade
Hipóteses em que o Em virtude de sentença judicial transitada em julgado
servidor estável pode perder Mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa
o cargo Mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa
Em razão de excesso de despesa

III - DIREITO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, FONTES E PRINCÍPIOS

Conceito
De início, convém ressaltar que o estudo desse ramo do Direito, denota a distinção entre o Direito Administrativo, bem como entre as
normas e princípios que nele se inserem.
No entanto, o Direito Administrativo, como sistema jurídico de normas e princípios, somente veio a surgir com a instituição do Estado
de Direito, no momento em que o Poder criador do direito passou também a respeitá-lo. Tal fenômeno teve sua origem com os movimentos
constitucionalistas, cujo início se deu no final do século XVIII. Por meio do novo sistema, o Estado passou a ter órgãos específicos para o
exercício da Administração Pública e, por isso, foi necessário a desenvoltura do quadro normativo disciplinante das relações internas da
Administração, bem como das relações entre esta e os administrados. Assim sendo, pode considerar-se que foi a partir do século XIX que
o mundo jurídico abriu os olhos para a existência do Direito Administrativo.
Destaca-se ainda, que o Direito Administrativo foi formado a partir da teoria da separação dos poderes desenvolvida por Montesquieu,
L’Espirit des Lois, 1748, e acolhida de forma universal pelos Estados de Direito. Até esse momento, o absolutismo reinante e a junção
de todos os poderes governamentais nas mãos do Soberano não permitiam o desenvolvimento de quaisquer teorias que visassem a
reconhecer direitos aos súditos, e que se opusessem às ordens do Príncipe. Prevalecia o domínio operante da vontade onipotente do
Monarca.
Conceituar com precisão o Direito Administrativo é tarefa difícil, uma vez que o mesmo é marcado por divergências doutrinárias, o
que ocorre pelo fato de cada autor evidenciar os critérios que considera essenciais para a construção da definição mais apropriada para o
termo jurídico apropriado.
De antemão, ao entrar no fundamento de algumas definições do Direito Administrativo,
Considera-se importante denotar que o Estado desempenha três funções essenciais. São elas: Legislativa, Administrativa e
Jurisdicional.
Pondera-se que os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são independentes, porém, em tese, harmônicos entre si. Os poderes
foram criados para desempenhar as funções do Estado. Desta forma, verifica-se o seguinte:

Funções do Estado:
– Legislativa
– Administrativa
– Jurisdicional

Poderes criados para desenvolver as funções do estado:


– Legislativo
– Executivo
– Judiciário

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Infere-se que cada poder exerce, de forma fundamental, uma das funções de Estado, é o que denominamos de FUNÇÃO TÍPICA.

PODER LEGISLATIVO PODER EXERCUTIVO PODER JUDICIÁRIO


Função típica Legislar Administrativa Judiciária
Redigir e organizar Julgar e solucionar conflitos
Administração e
Atribuição o regramento jurídico do por intermédio da interpretação e
gestão estatal
Estado aplicação das leis.

Além do exercício da função típica, cada poder pode ainda exercer as funções destinadas a outro poder, é o que denominamos de
exercício de FUNÇÃO ATÍPICA. Vejamos:

PODER LEGISLATIVO PODER EXERCUTIVO PODER JUDICIÁRIO


tem-se como função
atípica tem-se por função tem-se por função atípica
desse poder, por ser típica atípica desse poder, desse poder, por ser típica do
do Poder Judiciário: O por ser típica do Poder Poder Executivo: Fazer licitação
Função atípica
julgamento do Presidente Legislativo: A edição de para realizar a aquisição de
da República Medida Provisória pelo equipamentos utilizados em
por crime de Chefe do Executivo. regime interno.
responsabilidade.

Diante da difícil tarefa de conceituar o Direito Administrativo, uma vez que diversos são os conceitos utilizados pelos autores modernos
de Direito Administrativo, sendo que, alguns consideram apenas as atividades administrativas em si mesmas, ao passo que outros, optam
por dar ênfase aos fins desejados pelo Estado, abordaremos alguns dos principais posicionamentos de diferentes e importantes autores.
No entendimento de Carvalho Filho (2010), “o Direito Administrativo, com a evolução que o vem impulsionando contemporaneamente,
há de focar-se em dois tipos fundamentais de relações jurídicas, sendo, uma, de caráter interno, que existe entre as pessoas administrativas
e entre os órgãos que as compõem e, a outra, de caráter externo, que se forma entre o Estado e a coletividade em geral.” (2010, Carvalho
Filho, p. 26).
Como regra geral, o Direito Administrativo é conceituado como o ramo do direito público que cuida de princípios e regras que
disciplinam a função administrativa abrangendo entes, órgãos, agentes e atividades desempenhadas pela Administração Pública na
consecução do interesse público.
Vale lembrar que, como leciona DIEZ, o Direito Administrativo apresenta, ainda, três características principais:
1 – constitui um direito novo, já que se trata de disciplina recente com sistematização científica;
2 – espelha um direito mutável, porque ainda se encontra em contínua transformação;
3 – é um direito em formação, não se tendo, até o momento, concluído todo o seu ciclo de abrangência.

Entretanto, o Direito Administrativo também pode ser conceituado sob os aspectos de diferentes óticas, as quais, no deslindar desse
estudo, iremos abordar as principais e mais importantes para estudo, conhecimento e aplicação.
– Ótica Objetiva: Segundo os parâmetros da ótica objetiva, o Direito Administrativo é conceituado como o acoplado de normas que
regulamentam a atividade da Administração Pública de atendimento ao interesse público.
– Ótica Subjetiva: Sob o ângulo da ótica subjetiva, o Direito Administrativo é conceituado como um conjunto de normas que comandam
as relações internas da Administração Pública e as relações externas que são encadeadas entre elas e os administrados.

Nos moldes do conceito objetivo, o Direito Administrativo é tido como o objeto da relação jurídica travada, não levando em conta os
autores da relação.
O conceito de Direito Administrativo surge também como elemento próprio em um regime jurídico diferenciado, isso ocorre por que
em regra, as relações encadeadas pela Administração Pública ilustram evidente falta de equilíbrio entre as partes.
Para o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Fernando Correia, o Direito Administrativo é o sistema de
normas jurídicas, diferenciadas das normas do direito privado, que regulam o funcionamento e a organização da Administração Pública,
bem como a função ou atividade administrativa dos órgãos administrativos.
Correia, o intitula como um corpo de normas de Direito Público, no qual os princípios, conceitos e institutos distanciam-se do Direito
Privado, posto que, as peculiaridades das normas de Direito Administrativo são manifestadas no reconhecimento à Administração Pública
de prerrogativas sem equivalente nas relações jurídico-privadas e na imposição, em decorrência do princípio da legalidade, de limitações
de atuação mais exatas do que as que auferem os negócios particulares.
Entende o renomado professor, que apenas com o aparecimento do Estado de Direito acoplado ao acolhimento do princípio da
separação dos poderes, é que seria possível se falar em Direito Administrativo.

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Oswaldo Aranha Bandeira de Mello aduz, em seu conceito São leis específicas do Direito Administrativo a Lei n. 8.666/1993
analítico, que o Direito Administrativo juridicamente falando, que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
ordena a atividade do Estado quanto à organização, bem como institui normas para licitações e contratos da Administração Pública
quanto aos modos e aos meios da sua ação, quanto à forma da e dá outras providências; a Lei n. 8.112/1990, que dispõe sobre o
sua própria ação, ou seja, legislativa e executiva, por intermédio de regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias
atos jurídicos normativos ou concretos, na consecução do seu fim e das fundações públicas federais; a Lei n. 8.409/1992 que estima
de criação de utilidade pública, na qual participa de forma direta e a receita e fixa a despesa da União para o exercício financeiro de
imediata, e, ainda como das pessoas de direito que façam as vezes 1992 e a Lei n. 9.784/1999 que regula o processo administrativo no
do Estado. âmbito da Administração Pública Federal.
O Direito Administrativo tem importante papel na identificação
Observação importante: Note que os conceitos classificam do seu objeto e o seu próprio conceito e significado foi de grande
o Direito Administrativo como Ramo do Direito Público fazendo importância à época do entendimento do Estado francês em dividir
sempre referência ao interesse público, ao inverso do Direito as ações administrativas e as ações envolvendo o poder judiciário.
Privado, que cuida do regulamento das relações jurídicas entre Destaca-se na França, o sistema do contencioso administrativo
particulares, o Direito Público, tem por foco regular os interesses da com matéria de teor administrativo, sendo decidido no tribunal
sociedade, trabalhando em prol do interesse público. administrativo e transitando em julgado nesse mesmo tribunal.
Definir o objeto do Direito Administrativo é importante no sentido
Por fim, depreende-se que a busca por um conceito completo de compreender quais matérias serão julgadas pelo tribunal
de Direito Administrativo não é recente. Entretanto, a Administração administrativo, e não pelo Tribunal de Justiça.
Pública deve buscar a satisfação do interesse público como um todo, Depreende-se que com o passar do tempo, o objeto de estudo
uma vez que a sua natureza resta amparada a partir do momento do Direito Administrativo sofreu significativa e grande evolução,
que deixa de existir como fim em si mesmo, passando a existir como desde o momento em que era visto como um simples estudo
instrumento de realização do bem comum, visando o interesse das normas administrativas, passando pelo período do serviço
público, independentemente do conceito de Direito Administrativo público, da disciplina do bem público, até os dias contemporâneos,
escolhido. quando se ocupa em estudar e gerenciar os sujeitos e situações
que exercem e sofrem com a atividade do Estado, assim como
Objeto das funções e atividades desempenhadas pela Administração
De acordo com a ilibada autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a Pública, fato que leva a compreender que o seu objeto de estudo
formação do Direito Administrativo como ramo autônomo, fadado é evolutivo e dinâmico acoplado com a atividade administrativa
de princípios e objeto próprios, teve início a partir do instante em que e o desenvolvimento do Estado. Destarte, em suma, seu objeto
o conceito de Estado de Direito começou a ser desenvolvido, com principal é o desempenho da função administrativa.
ampla estrutura sobre o princípio da legalidade e sobre o princípio
da separação de poderes. O Direito Administrativo Brasileiro não Fontes
surgiu antes do Direito Romano, do Germânico, do Francês e do Fonte significa origem. Neste tópico, iremos estudar a origem
Italiano. Diversos direitos contribuíram para a formação do Direito das regras que regem o Direito Administrativo.
Brasileiro, tais como: o francês, o inglês, o italiano, o alemão e Segundo Alexandre Sanches Cunha, “o termo fonte provém
outros. Isso, de certa forma, contribuiu para que o nosso Direito do latim fons, fontis, que implica o conceito de nascente de água.
pudesse captar os traços positivos desses direitos e reproduzi-los Entende-se por fonte tudo o que dá origem, o início de tudo. Fonte
de acordo com a nossa realidade histórica. do Direito nada mais é do que a origem do Direito, suas raízes
Atualmente, predomina, na definição do objeto do Direito históricas, de onde se cria (fonte material) e como se aplica (fonte
Administrativo, o critério funcional, como sendo o ramo do direito formal), ou seja, o processo de produção das normas. São fontes
que estuda a disciplina normativa da função administrativa, do direito: as leis, costumes, jurisprudência, doutrina, analogia,
independentemente de quem esteja encarregado de exercê-la: princípio geral do direito e equidade.” (CUNHA, 2012, p. 43).
Executivo, Legislativo, Judiciário ou particulares mediante delegação
estatal”, (MAZZA, 2013, p. 33). Fontes do Direito Administrativo:
Sendo o Direito Administrativo um ramo do Direito Público, o
entendimento que predomina no Brasil e na América Latina, ainda A) Lei
que incompleto, é que o objeto de estudo do Direito Administrativo A lei se estende desde a constituição e é a fonte primária e
é a Administração Pública atuante como função administrativa principal do DireitoAdministrativo e se estende desde a Constituição
ou organização administrativa, pessoas jurídicas, ou, ainda, como Federal em seus artigos 37 a 41, alcançando os atos administrativos
órgãos públicos. normativos inferiores. Desta forma, a lei como fonte do Direito
De maneira geral, o Direito é um conjunto de normas, Administrativo significa a lei em sentido amplo, ou seja, a lei
princípios e regras, compostas de coercibilidade disciplinantes da confeccionada pelo Parlamento, bem como os atos normativos
vida social como um todo. Enquanto ramo do Direito Público, o expedidos pela Administração, tais como: decretos, resoluções,
Direito Administrativo, nada mais é que, um conjunto de princípios incluindo tratados internacionais.
e regras que disciplina a função administrativa, as pessoas e os Desta maneira, sendo a Lei a fonte primária, formal e
órgãos que a exercem. Desta forma, considera-se como seu objeto, primordial do Direito Administrativo, acaba por prevalecer sobre
toda a estrutura administrativa, a qual deverá ser voltada para a as demais fontes. E isso, prevalece como regra geral, posto que as
satisfação dos interesses públicos. demais fontes que estudaremos a seguir, são consideradas fontes
secundárias, acessórias ou informais.
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A Lei pode ser subdividida da seguinte forma: D) Costumes


Costumes são condutas reiteradas. Assim sendo, cada país,
– Lei em sentido amplo Estado, cidade, povoado, comunidade, tribo ou população tem
Refere-se a todas as fontes com conteúdo normativo, tais os seus costumes, que via de regra, são diferentes em diversos
como: a Constituição Federal, lei ordinária, lei complementar, aspectos, porém, em se tratando do ordenamento jurídico, não
medida provisória, tratados internacionais, e atos administrativos poderão ultrapassar e ferir as leis soberanas da Carta Magna que
normativos (decretos, resoluções, regimentos etc.). regem o Estado como um todo.
Como fontes secundárias e atuantes no Direito Administrativo,
– Lei em sentido estrito os costumes administrativos são práticas reiteradas que devem
Refere-se à Lei feita pelo Parlamento, pelo Poder Legislativo por ser observadas pelos agentes públicos diante de determinadas
meio de lei ordinária e lei complementar. Engloba também, outras situações. Os costumes podem exercer influência no Direito
normas no mesmo nível como, por exemplo, a medida provisória Administrativo em decorrência da carência da legislação,
que possui o mesmo nível da lei ordinária. Pondera-se que todos consumando o sistema normativo, costume praeter legem, ou nas
mencionados são reputados como fonte primária (a lei) do Direito situações em que seria impossível legislar sobre todas as situações.
Administrativo. Os costumes não podem se opor à lei (contra legem), pois ela
é a fonte primordial do Direito Administrativo, devendo somente
B) Doutrina auxiliar à exata compreensão e incidência do sistema normativo.
Tem alto poder de influência como teses doutrinadoras nas
decisões administrativas, como no próprio Direito Administrativo. Exemplo:
A Doutrina visa indicar a melhor interpretação possível da norma Ao determinar a CFB/1988 que um concurso terá validade de
administrativa, indicando ainda, as possíveis soluções para até 2 anos, não pode um órgão, de forma alguma, atribuir por efeito
casos determinados e concretos. Auxilia muito o viver diário da de costume, prazo de até 10 anos, porque estaria contrariando
Administração Pública, posto que, muitas vezes é ela que conceitua, disposição expressa na Carta Magna, nossa Lei Maior e Soberana.
interpreta e explica os dispositivos da lei.
Ressalta-se, com veemente importância, que os costumes
Exemplo: podem gerar direitos para os administrados, em decorrência dos
A Lei n. 9.784/1999, aduz que provas protelatórias podem ser princípios da lealdade, boa-fé, moralidade administrativa, dentre
recusadas no processo administrativo. Desta forma, a doutrina outros, uma vez que um certo comportamento repetitivo da
explicará o que é prova protelatória, e a Administração Pública Administração Pública gera uma expectativa em sentido geral de
poderá usar o conceito doutrinário para recusar uma prova no que essa prática deverá ser seguida nas demais situações parecidas
processo administrativo.
– Observação importante: Existe divergência doutrinária
C) Jurisprudência em relação à aceitação dos costumes como fonte do Direito
Trata-se de decisões de um tribunal que estão na mesma Administrativo. No entanto, para concursos, e estudos correlatos,
direção, além de ser a reiteração de julgamentos no mesmo sentido. via de regra, deve ser compreendida como correta a tese no sentido
de que o costume é fonte secundária, acessória, indireta e imediata
Exemplo: do Direito Administrativo, tendo em vista que a fonte primária e
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), possui determinada mediata é a Lei.
jurisprudência que afirma que candidato aprovado dentro do
número de vagas previsto no edital tem direito à nomeação, Nota - Sobre Súmulas Vinculantes
aduzindo que existem diversas decisões desse órgão ou tribunal Nos termos do art. 103 - A da Constituição Federal, ‘‘o Supremo
com o mesmo entendimento final. Tribunal Federal poderá, de ofício ou mediante provocação, por
decisão de dois terços de seus membros, após decisões reiteradas
— Observação importante: Por tratar-se de uma orientação aos que versam sobre matéria constitucional, aprovar súmulas que
demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública, a terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
jurisprudência não é de seguimento obrigatório. Entretanto, com as Judiciário e à administração pública direta e indireta”.
alterações promovidas desde a CFB/1988, esse sistema orientador
da jurisprudência tem deixado de ser a regra.
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA UNIÃO; ADMINIS-
Exemplo: TRAÇÃO DIRETA E INDIRETA
Os efeitos vinculantes das decisões proferidas pelo Supremo
Tribunal Federal na ação direta de inconstitucionalidade (ADI),
na ação declaratória constitucionalidade (ADC) e na arguição de Administração direta e indireta
descumprimento de preceito fundamental, e, em especial, com as A princípio, infere-se que Administração Direta é correspondente
súmulas vinculantes, a partir da Emenda Constitucional nº. 45/2004. aos órgãos que compõem a estrutura das pessoas federativas que
Nesses ocorridos, as decisões do STF acabaram por vincular e obrigar executam a atividade administrativa de maneira centralizada. O
a Administração Pública direta e indireta dos Poderes da União, dos vocábulo “Administração Direta” possui sentido abrangente vindo a
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos dispostos compreender todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto
no art. 103-A da CF/1988.

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os que fazem parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do dispor sobre a organização e o funcionamento, denota-se que
Poder Judiciário, que são os responsáveis por praticar a atividade poderá ser utilizado ato normativo inferior à lei, que se trata do
administrativa de maneira centralizada. decreto. Caso o Poder Executivo Federal desejar criar um Ministério
Já a Administração Indireta, é equivalente às pessoas jurídicas a mais, o presidente da República deverá encaminhar projeto de
criadas pelos entes federados, que possuem ligação com as lei ao Congresso Nacional. Porém, caso esse órgão seja criado, sua
Administrações Diretas, cujo fulcro é praticar a função administrativa estruturação interna deverá ser feita por decreto. Na realidade,
de maneira descentralizada. todos os regimentos internos dos ministérios são realizados por
Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser intermédio de decreto, pelo fato de tal ato se tratar de organização
exercidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com interna do órgão. Vejamos:
personalidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribuições – Órgão: é criado por meio de lei.
a particulares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas, de – Organização Interna: pode ser feita por DECRETO, desde
direito público ou de direito privado para esta finalidade. Optando que não provoque aumento de despesas, bem como a criação ou a
pela segunda opção, as novas entidades passarão a compor a extinção de outros órgãos.
Administração Indireta do ente que as criou e, por possuírem – Órgãos De Controle: Trata-se dos prepostos a fiscalizar e
como destino a execução especializado de certas atividades, são controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exemplo: Tribunal
consideradas como sendo manifestação da descentralização por de Contas da União.
serviço, funcional ou técnica, de modo geral.
Pessoas administrativas
Desconcentração e Descentralização Explicita-se que as entidades administrativas são a própria
Consiste a desconcentração administrativa na distribuição Administração Indireta, composta de forma taxativa pelas
interna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. Assim autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de
sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é distribuído economia mista.
entre os órgãos que integram a mesma instituição, fato que ocorre De forma contrária às pessoas políticas, tais entidades, nao
de forma diferente na descentralização administrativa, que impõe são reguladas pelo Direito Administrativo, não detendo poder
a distribuição de competência para outra pessoa, física ou jurídica. político e encontram-se vinculadas à entidade política que as criou.
Ocorre a desconcentração administrativa tanto na administração Não existe hierarquia entre as entidades da Administração Pública
direta como na administração indireta de todos os entes federativos indireta e os entes federativos que as criou. Ocorre, nesse sentido,
do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de desconcentração uma vinculação administrativa em tais situações, de maneira que os
administrativa no âmbito da Administração Direta da União, os entes federativos somente conseguem manter-se no controle se as
vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da República; em entidades da Administração Indireta estiverem desempenhando as
âmbito estadual, o Ministério Público e as secretarias estaduais, funções para as quais foram criadas de forma correta.
dentre outros; no âmbito municipal, as secretarias municipais e
as câmaras municipais; na administração indireta federal, as várias Pessoas políticas
agências do Banco do Brasil que são sociedade de economia mista, As pessoas políticas são os entes federativos previstos na
ou do INSS com localização em todos os Estados da Federação. Constituição Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Federal
Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários e os Municípios. Denota-se que tais pessoas ou entes, são regidos
órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pessoas pelo Direito Constitucional, vindo a deter uma parcela do poder
jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato desses órgãos político. Por esse motivo, afirma-se que tais entes são autônomos,
estarem dispostos de forma interna, segundo uma relação de vindo a se organizar de forma particular para alcançar as finalidades
subordinação de hierarquia, entende-se que a desconcentração avençadas na Constituição Federal.
administrativa está diretamente relacionada ao princípio da Assim sendo, não se confunde autonomia com soberania, pois,
hierarquia. ao passo que a autonomia consiste na possibilidade de cada um
Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés dos entes federativos organizar-se de forma interna, elaborando
de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Estado suas leis e exercendo as competências que a eles são determinadas
transfere a execução dessas atividades para particulares e, ainda a pela Constituição Federal, a soberania nada mais é do que uma
outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado. característica que se encontra presente somente no âmbito da
Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distribuindo República Federativa do Brasil, que é formada pelos referidos entes
suas atribuições e detenha controle sobre as atividades ou serviços federativos.
transferidos, não existe relação de hierarquia entre a pessoa que
transfere e a que acolhe as atribuições. Autarquias
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno,
Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos públicos criadas por lei específica para a execução de atividades especiais e
Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a criação típicas da Administração Pública como um todo. Com as autarquias,
e a extinção de órgãos da administração pública dependem de lei a impressão que se tem, é a de que o Estado veio a descentralizar
de iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem compete, de determinadas atividades para entidades eivadas de maior
forma privada, e por meio de decreto, dispor sobre a organização especialização.
e funcionamento desses órgãos públicos, quando não ensejar As autarquias são especializadas em sua área de atuação, dando
aumento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos de forma
(art. 84, VI, b, CF/1988). Desta forma, para que haja a criação e mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira contundente a
extinção de órgãos, existe a necessidade de lei, no entanto, para sua finalidade, que é o bem comum da coletividade como um todo.
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Por esse motivo, aduz-se que as autarquias são um serviço público nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em
descentralizado. Assim, devido ao fato de prestarem esse serviço lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da
público especializado, as autarquias acabam por se assemelhar sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
em tudo o que lhes é possível, ao entidade estatal a que estiverem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
servindo. Assim sendo, as autarquias se encontram sujeitas ao prestação de serviços, dispondo sobre:
mesmo regime jurídico que o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela
Meirelles, as autarquias são uma “longa manus” do Estado, ou sociedade;
seja, são executoras de ordens determinadas pelo respectivo ente II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas,
da Federação a que estão vinculadas. inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
As autarquias são criadas por lei específica, que de forma trabalhistas e tributários;
obrigacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Executivo III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e
do ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se também alienações, observados os princípios da Administração Pública;
que a função administrativa, mesmo que esteja sendo exercida IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de
tipicamente pelo Poder Executivo, pode vir a ser desempenhada, Administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;
em regime totalmente atípico pelos demais Poderes da República. V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a
Em tais situações, infere-se que é possível que sejam criadas responsabilidade dos administradores
autarquias no âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário,
oportunidade na qual a iniciativa para a lei destinada à sua criação, Vejamos em síntese, algumas características em comum das
deverá, obrigatoriamente, segundo os parâmetros legais, ser feita empresas públicas e das sociedades de economia mista:
pelo respectivo Poder. – Devem realizar concurso público para admissão de seus
empregados;
— Empresas Públicas – Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto
constitucional;
Sociedades de Economia Mista – Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Contas,
São a parte da Administração Indireta mais voltada para o bem como ao controle do Poder Legislativo;
direito privado, sendo também chamadas pela maioria doutrinária – Não estão sujeitas à falência;
de empresas estatais. – Devem obedecer às normas de licitação e contrato
Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de economia administrativo no que se refere às suas atividades-meio;
mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser divididas – Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos prevista
entre prestadoras diversas de serviço público e plenamente constitucionalmente;
atuantes na atividade econômica de modo geral. Assim sendo, – Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder
obtemos dois tipos de empresas públicas e dois tipos de sociedades Legislativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores.
de economia mista.
Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais exploradoras Fundações e outras entidades privadas delegatárias
de atividade econômica estão sob a égide, no plano constitucional, Identifica-se no processo de criação das fundações privadas,
pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra regida pelo duas características que se encontram presentes de forma
direito privado de maneira prioritária, as empresas estatais contundente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um
prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mesmo diploma instituidor e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa.
legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é regida de forma O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de
exclusiva e prioritária pelo direito público. 1988 conceituam Fundação Pública como sendo um ente de direito
predominantemente de direito privado, sendo que a Constituição
– Observação importante: todas as empresas estatais, sejam Federal dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido às Sociedades
prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade de Economia Mista e às Empresas Públicas, que permite autorização
econômica, possuem personalidade jurídica de direito privado. da criação, por lei e não a criação direta por lei, como no caso das
O que diferencia as empresas estatais exploradoras de atividade autarquias.
econômica das empresas estatais prestadoras de serviço público é Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que
a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora de serviço a Fundação Pública poderá ser criada de forma direta por meio
público, a atividade desempenhada é regida pelo direito público, de lei específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica
nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal que determina de direito público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou
que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente Fundação Autárquica.
ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de – Observação importante: a autarquia é definida como
licitação, a prestação de serviços públicos.” Já se for exploradora serviço personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é
de atividade econômica, como maneira de evitar que o princípio conceituada como sendo um patrimônio de forma personificada
da livre concorrência reste-se prejudicado, as referidas atividades destinado a uma finalidade específica de interesse social.
deverão ser reguladas pelo direito privado, nos ditames do artigo
173 da Constituição Federal, que assim determina: Vejamos como o Código Civil determina:
Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...)
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
permitida quando necessária aos imperativos da segurança
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No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma
distinção entre as Fundações de direito público ou de direito complementar de participação das organizações de que trata esta
privado. O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as Lei;
fundações da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma
ligação com a Administração Pública. complementar de participação das organizações de que trata esta
No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas, como Lei;
por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é destinada V – promoção da segurança alimentar e nutricional;
somente às entidades de direito público como um todo. Registra-se VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente
que o foro de ambas é na Justiça Federal. e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do
voluntariado;
— Delegação Social VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e
combate à pobreza;
Organizações sociais IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos
As organizações sociais são entidades privadas que recebem socioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio,
o atributo de Organização Social. Várias são as entidades criadas emprego e crédito;
por particulares sob a forma de associação ou fundação que X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos
desempenham atividades de interesse público sem fins lucrativos. Ao direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
passo que algumas existem e conseguem se manter sem nenhuma XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos
ligação com o Estado, existem outras que buscam se aproximar do humanos, da democracia e de outros valores universais;
Estado com o fito de receber verbas públicas ou bens públicos com XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias
o objetivo de continuarem a desempenhar sua atividade social. Nos alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos
parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder Executivo Federal poderá técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
constituir como Organizações Sociais pessoas jurídicas de direito neste artigo.
privado, que não sejam de fins lucrativos, cujas atividades sejam A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não podem
dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento receber a qualificação. Vejamos:
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à
cultura e à saúde, atendidos os requisitos da lei. Ressalte-se que Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações
as entidades privadas que vierem a atuar nessas áreas poderão da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de
receber a qualificação de OSs. qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei:
Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro transferir os I – as sociedades comerciais;
serviços que não são exclusivos do Estado para o setor privado, por II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação
intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a substituí-los por de categoria profissional;
entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido como publicização. III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação
Com a publicização, quando um órgão público é extinto, logo, outra de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
entidade de direito privado o substitui no serviço anteriormente IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
prestado. Denota-se que o vínculo com o poder público para que fundações;
seja feita a qualificação da entidade como organização social é V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar
estabelecido com a celebração de contrato de gestão. Outrossim, bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
as Organizações Sociais podem receber recursos orçamentários, VI – as entidades e empresas que comercializam planos de
utilização de bens públicos e servidores públicos. saúde e assemelhados;
VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
Organizações da sociedade civil de interesse público mantenedoras;
São conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado, sem VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não
fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas estatutárias gratuito e suas mantenedoras;
devem obedecer aos requisitos determinados pelo art. 3º da Lei IX – as Organizações Sociais;
n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de competência do X – as cooperativas;
Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação é parecido com o da
OS, entretanto, é mais amplo. Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entidade e o
Vejamos: Estado é denominado termo de parceria e que para a qualificação de
uma entidade como Oscip, é exigido que esta tenha sido constituída
Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em e se encontre em funcionamento regular há, pelo menos, três anos
qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no nos termos do art. 1º, com redação dada pela Lei n. 13.019/2014. O
respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será Tribunal de Contas da União tem entendido que o vínculo firmado
conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, pelo termo de parceria por órgãos ou entidades da Administração
cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes Pública com Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
finalidades: não é demandante de processo de licitação. De acordo com o
I – promoção da assistência social; que preceitua o art. 23 do Decreto n. 3.100/1999, deverá haver a
II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio realização de concurso de projetos pelo órgão estatal interessado
histórico e artístico;

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em construir parceria com Oscips para que venha a obter bens e privado. Acontece que pelo fato de estas gozarem normalmente
serviços para a realização de atividades, eventos, consultorias, de algum incentivo do setor público, também podem lhes ser
cooperação técnica e assessoria. aplicáveis algumas normas de direito público. Esse é o motivo pelo
qual a conceituada professora afirma que o regime jurídico aplicado
Entidades de utilidade pública às entidades que integram o Terceiro Setor é de direito privado,
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe podendo ser modificado de maneira parcial por normas de direito
em seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços público.
estatais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços para
o setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor.
Podemos incluir entre as entidades que compõem o Terceiro AGENTES PÚBLICOS: PODERES, DEVERES E PRERROGA-
Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade pública, TIVAS; CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICOS; REGIME
os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI, por exemplo, JURÍDICO ÚNICO (LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERAÇÕES):
as organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade civil de PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E
interesse público (OSCIP). SUBSTITUIÇÃO; DIREITOS E VANTAGENS; REGIME DISCI-
É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor PLINAR; RESPONSABILIDADE CIVIL, CRIMINAL E ADMI-
está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiariedade NISTRATIVA
na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio da
subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às
organizações civis o atendimento dos interesses individuais e Conceito
coletivos. Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsidiária A Constituição Federal Brasileira de 1988 trouxe em seu bojo,
nas demandas que, devido à sua própria natureza e complexidade, várias regras de organização do Estado brasileiro, dentre elas, as
não puderam ser atendidas de maneira primária pela sociedade. concernentes à Administração Pública e seus agentes como um
Dessa maneira, o limite de ação do Estado se encontraria na todo.
autossuficiência da sociedade. A designação “agente público” tem sentido amplo e serve
Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho do para conceituar qualquer pessoa física exercente de função
Estado previa de forma explícita a publicização de serviços públicos pública, de forma remunerada ou gratuita, de natureza política ou
estatais que não são exclusivos. A expressão publicização significa administrativa, com investidura definitiva ou transitória.
a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou seja um setor
público não estatal, da execução de serviços que não são exclusivos Espécies (classificação)
do Estado, vindo a estabelecer um sistema de parceria entre o Maria Sylvia Zanella Di Pietro, entende que quatro são as
Estado e a sociedade para o seu financiamento e controle, como um categorias de agentes públicos: agentes políticos, servidores
todo. Tal parceria foi posteriormente modernizada com as leis que públicos civis, militares e particulares em colaboração com o serviço
instituíram as organizações sociais e as organizações da sociedade público.
civil de interesse público. Vejamos cada classificação detalhadamente:
O termo publicização também é atribuído a um segundo sentido
adotado por algumas correntes doutrinárias, que corresponde à – Agentes políticos
transformação de entidades públicas em entidades privadas sem Exercem atividades típicas de governo e possuem a incumbência
fins lucrativos. de propor ou decidir as diretrizes políticas dos entes públicos.
No que condizente às características das entidades que Nesse patamar estão inclusos os chefes do Poder Executivo federal,
compõem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro estadual e municipal e de seus auxiliares diretos, quais sejam,
entende que todas elas possuem os mesmos traços, sendo eles: os Ministros e Secretários de Governo e os membros do Poder
1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas Legislativo como Senadores, Deputados e Vereadores.
tenham sido autorizadas por lei; De forma geral, os agentes políticos exercem mandato eletivo,
2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse com exceção dos Ministros e Secretários que são ocupantes de
público (serviços sociais não exclusivos do Estado); cargos comissionados, de livre nomeação e exoneração.
3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público; Autores como Hely Lopes Meirelles, acabaram por enfatizar
4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e, de forma ampla a categoria de agentes políticos, de forma a
por isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à transparecer que os demais agentes que exercem, com alto grau de
Administração autonomia, categorias da soberania do Estado em decorrência de
5. Pública e ao Tribunal de Contas; previsão constitucional, como é o caso dos membros do Ministério
6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derrogado Público, da Magistratura e dos Tribunais de Contas.
parcialmente por normas direito público;
– Servidores Públicos Civis
Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato De forma geral, servidor público são todas as pessoas físicas
de não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas e que prestadoras de serviços às entidades federativas ou as pessoas
também porque não integram a Administração Pública Direta ou jurídicas da Administração Indireta em função da relação de
Indireta. trabalho que ocupam e com remuneração ou subsídio pagos pelos
Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Setor cofres públicos, vindo a compor o quadro funcional dessas pessoas
são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado, jurídicas.
seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de direito
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Depreende-se que alguns autores dividem os servidores públicos ser cometidas a um servidor”. Via de regra, podemos considerar
em civis e militares. Pelo fato de termos adotado a classificação o cargo como sendo uma posição na estrutura organizacional da
aludida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, trataremos os servidores Administração Pública a ser preenchido por um servidor público.
militares como sendo uma categoria à parte, designando-os apenas Em geral, os cargos públicos somente podem ser criados,
de militares, e, por conseguinte, usando a expressão servidores transformados e extinguidos por força de lei.
públicos para se referir somente aos servidores públicos civis. Ao Poder Legislativo, caberá, mediante sanção do chefe do
De acordo com as regras e normas pelas quais são regidos, Poder Executivo, dispor sobre a criação, transformação e extinção
os servidores públicos civis podem ser subdivididos da seguinte de cargos, empregos e funções públicas.
maneira: Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, a criação não
depende de temos exatos de lei, mas, sim de uma norma que
– Servidores estatutários: ocupam cargo público e são regidos mesmo possuindo hierarquia de lei, não depende de sanção ou
pelo regime estatutário. veto do chefe do Executivo. É o que chamamos de Resoluções, que
– Servidores ou empregados públicos: são os servidores são leis sem sanção.
contratados sob o regime da CLT e ocupantes de empregos públicos. A despeito da criação de cargos, vejamos:
– Servidores temporários: são os contratados por determinado a) Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe
período de tempo com o objetivo de atender à necessidade desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”).
temporária de excepcional interesse público. Exercem funções b) Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e
públicas, mas não ocupam cargo ou emprego público. São regidos do Ministério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos
por regime jurídico especial e disciplinado em lei de cada unidade respectivos Tribunais ou Procuradores-Gerais em se tratando da
federativa. criação de cargos para o Ministério Público.
– Servidores militares: antes do advento da EC 19/1998, os c) Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou
militares eram tratados como “servidores militares”. Militares são transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder
aqueles que prestam serviços às Forças Armadas como a Marinha, (Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora.
o Exército e a Aeronáutica, às Polícias Militares ou aos Corpos de
Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e dos territórios, Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se
que estão sob vínculo jurídico estatutário e são remunerados pelos estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por
cofres públicos. Por estarem submetidos a um regime jurídico decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver
estatutário disciplinado em lei por lei, os militares estão submetidos ocupado, só poderá ser extinto por lei.
à regras jurídicas diferentes das aplicadas aos servidores civis Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados.
estatutários, justificando, desta forma, o enquadramento em uma Vejamos:
categoria propícia de agentes públicos. – Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes
Destaca-se que a Constituição Federal assegurou aos militares podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em
alguns direitos sociais conferidos aos trabalhadores de forma geral, razão do regime de progressão do servidor na carreira.
são eles: o 13º salário; o salário-família, férias anuais remuneradas – Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de
com acréscimo ao menos um terço da remuneração normal; seus titulares.
licença à gestante com a duração de 120 dias; licença paternidade
e assistência gratuita aos filhos e demais dependentes desde o Em relação às garantias e características especiais que lhe são
nascimento até cinco anos de idade em creches e pré-escolas. conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos;
Ademais, os servidores militares estão submetidos por força e comissionados. Vejamos:
da Constituição Federal a determinadas regras próprias dos – Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de
servidores públicos civis, como por exemplo: teto remuneratório, permanência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação
irredutibilidade de vencimentos, dentre outras peculiaridades. para esses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso
Embora haja tais assimilações, aos militares são aplicadas público.
algumas vedações que constituem direito dos demais agentes – Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o
públicos, como por exemplo, os casos da sindicalização, bem como art. 37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às
da greve e, quando estiverem em serviço ativo, da filiação a partidos atribuições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados
políticos. de maneira temporária, em função da confiança depositada pela
autoridade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não
— Cargo, Emprego e Função Pública depende de aprovação em concurso público, podendo a exoneração
Para que haja melhor organização na Administração Pública, do seu ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da
os servidores públicos são amparados e organizados a partir de autoridade nomeante.
quadros funcionais. Quadro funcional é o acoplado de cargos,
empregos e funções públicas de um mesmo ente federado, de uma Emprego
pessoa jurídica da Administração Indireta de ou de seus órgãos Os empregos públicos são entidades de atribuições com o fito
internos. de serem ocupadas por servidores regidos sob o regime da CLT, que
também chamados de celetistas ou empregados públicos.
Cargo A diferença entre cargo e emprego público consiste no vínculo
O art. 3º do Estatuto dos Servidores Civis da União da Lei que liga o servidor ao Estado. Ressalta-se que o vínculo jurídico do
8.112/1990 conceitua cargo público como “o conjunto de atribuições empregado público é de natureza contratual, ao passo que o do
e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem servidor titular de cargo público é de natureza estatutária.
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NOÇÕES DE DIREITO

No âmbito das pessoas de Direito Público como a União, os Entretanto, uma vez realizada a nomeação do candidato, este
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como em suas ato não lhe atribui a qualidade de servidor público, mas apenas
autarquias e fundações públicas de direito público, levando em a garantia de ocupação do referido cargo. Para que se torne
conta a restauração da redação originária do caput do art. 39 da servidor público, o particular deverá assinar o termo de posse, se
CF/1988 (ADIn 2135 MC/DF), afirma-se que o regime a ser adotado submetendo a todas as normas estatuárias da instituição.
é o estatutário. Entretanto, é plenamente possível a convivência O provimento do cargo ocorre com a nomeação, mas a
entre o regime estatutário e o celetista relativo aos entes que, investidura no cargo acontece com a posse nos termos do art. 7°da
anteriormente à concessão da medida cautelar mencionada, Lei 8.112/90.
tenham realizado contratações e admissões no regime de emprego De acordo com a Lei Federal, o prazo máximo para a posse
público. No tocante às pessoas de Direito Privado da Administração é de 30 (trinta) dias, contados a partir da publicação do ato de
Indireta como as empresas públicas, sociedades de economia mista provimento, nos termos do art. 13, §1°, sendo que, desde haja a
e fundações públicas de direito privado, infere-se que somente é devida comprovação, a legislação admite que a posse ocorra por
possível a existência de empregados públicos, nos termos legais. meio de procuração específica, conforme disposto no art. 13, §3°
da lei 8.112/90.
Função Pública Havendo a efetivação da posse dentro do prazo legal, o servidor
Função pública também é uma espécie de ocupação de agente público federal terá o prazo máximo de 15 (dias) dias para iniciar a
público. Denota-se que ao lado dos cargos e empregos públicos exercer as funções do cargo, nos trâmites do art. 15, §1° do Estatuto
existem determinadas atribuições que também são exercidas dos Servidores Públicos da União, das Autarquias e das Fundações
por servidores públicos, mas no entanto, essas funções não Públicas Federais, Lei 8112/90, sendo que não sendo respeitado
compõem a lista de atribuições de determinado cargo ou emprego este prazo, o agente poderá ser exonerado. Vejamos:
público, como por exemplo, das funções exercidas por servidores Art. 15. § 2º - O servidor será exonerado do cargo ou será
contratados temporariamente, em razão de excepcional interesse tornado sem efeito o ato de sua designação para função de
público, com base no art. 37, IX, da CFB/88. confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos neste
Esse tipo de servidor ocupa funções temporárias, artigo, observado o disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei n.
desempenhando suas funções sem titularizar cargo ou emprego 9.527, de 10.12.97).
público. Além disso, existem funções de chefia, direção e Ademais, se o candidato for nomeado e não se apresentar para
assessoramento para as quais o legislador não cria o cargo posse, no prazo de determinado por lei, não ocorrerá exoneração,
respectivo, já que serão exercidas com exclusividade por ocupantes tendo em vista ainda não havia sido investido na qualidade de
de cargos efetivos, nos termos do art. 37, V, da CFB/88. servidor. Assim sendo, o ato de nomeação se torna sem efeito, vindo
– Observação importante: nos parâmetros do art. 37, V da a ficar vago o cargo que havia sido ocupado pelo ato de nomeação.
CFB/88, da mesma forma que previsto para os cargos em comissão,
as funções de confiança destinam-se apenas às atribuições de – Provimento Derivado: o cargo público deverá ser entregue a
direção, chefia e assessoramento. um servidor que já tenha uma relação anterior com a Administração
Pública e que se encontra exercendo funções na carreira em que
Regimente Jurídico pretende assumir o novo cargo. Denota-se que provimento derivado
somente será possível de ser concretizado, se o agente provier
– Provimento de outros cargos na mesma carreira em que houve provimento
Provimento é a forma de ocupação do cargo público pelo originário anterior. Não pode haver provimento derivado em outra
servidor. Além disso, é um ato administrativo por intermédio do carreira.
qual ocorre o preenchimento de cargo, por conseguinte, atribuindo Nesses casos, deverá haver a realização de concurso público
as funções a ele específicas e inerentes a uma determinada pessoa. de provas ou de provas e títulos, para que se faça novo provimento
Tanto a doutrina quanto a lei dividem as espécies de provimento de originário. A permissão para que o agente ingresse em nova carreira
cargos públicos em dois grupos. São eles: por meio de provimento derivado violaria os princípios da isonomia
– Provimento originário: é ato administrativo que designa um e da impessoalidade, mediante os benefícios oferecidos de forma
cargo a servidor que antes não integrava o quadro de servidores defesa. Nesse diapasão, vejamos o que estabelece a súmula
daquele órgão, ou seja, o agente está iniciando a carreira pública. vinculante nº 43 do Supremo Tribunal Federal
O provimento originário é a única forma de nomeação
reconhecida pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro, isso, é claro, – Súmula 43 do STF: É inconstitucional toda modalidade
ressalte-se, dependendo de prévia habilitação em concurso público de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia
de provas ou de provas e títulos, obedecidos, nos termos da lei, aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em
a ordem de classificação e o prazo de sua validade. Destaque- cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
se que o momento da nomeação configura discricionariedade
do administrador, na qual devem ser respeitados os prazos do Assim sendo, analisaremos as espécies de provimento derivado
concurso público, nos moldes do art. 9° e seguintes da Lei 8112/90, permitidas no ordenamento Jurídico Brasileiro e suas características
devendo, por conseguinte, ainda ser feita uma análise a respeito específicas. Vejamos:
dos requisitos para a ocupação do cargo.
– Provimento derivado vertical: é a promoção na carreira
ensejando a garantia de o servidor público ocupar cargos mais
altos, na carreira de ingresso, de forma alternada por antiguidade
e merecimento. Para que isso ocorra, é necessário que ele tenha
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NOÇÕES DE DIREITO

ingressado, mediante aprovação em concurso público no serviço da atividade, que a aposentadoria tenha se dado nos cinco anos
público, bem como mediante assunção de cargo escalonado em anteriores à solicitação e também que haja cargo vago, no momento
carreira. da petição de reversão.
Denota-se que a escolha do servidor a progredir na carreira
deve ser realiza por critérios de antiguidade e merecimento e de b) Reintegração: trata-se de provimento derivado que requer
forma alternada por critérios de antiguidade e merecimento. o retorno do servidor público estável ao cargo que ocupava
Destaque-se que, intermédio de promoção, não será possível anteriormente, em decorrência da anulação do ato de demissão.
assumir um cargo em outra carreira mais elevada. Como por Ocorre a reintegração quando tornada sem validade a
exemplo, ao ser promovido do cargo de técnico do Tribunal para o demissão do servidor estável por decisão judicial ou administrativa,
cargo de analista do mesmo órgão. Isso não é possível, uma vez que ponderando que o reintegrado terá o direito de ser indenizado por
tal situação significaria a possibilidade de mudança de carreira sem tudo que deixou de ganhar em consequência da demissão ilegal.
a realização de concurso público, o que ensejaria a ascensão que foi
abolida pela Constituição Federal de 1988. c) Recondução: conforme dispõe o art. 29, da lei 8.112/90, trata-
se a recondução do retorno do servidor ao cargo anteriormente
– Provimento derivado horizontal: trata-se da readaptação ocupado por ele, podendo ocorrer em duas hipóteses:
disposta no art. 24 da Lei 8112/90. É o aproveitamento do servidor – Inabilitação em estágio probatório relacionado a outro cargo:
em um novo cargo, em decorrência de uma limitação sofrida por quando o servidor público retorna à carreira anterior na qual já
este na capacidade física ou mental. Em ocorrendo esta hipótese, havia adquirido estabilidade, evitando assim, sua exoneração do
o agente deverá ser readaptado vindo a assumir um novo cargo, serviço público.
no qual as funções sejam compatíveis com as limitações que – Reintegração do anterior ocupante: cuida-se de situação
sofreu em sua capacidade laboral, dependendo a verificação desta exposta, na situação prática apresentada anteriormente, através
limitação mediante a apresentação de laudo laboral expedido por da qual, o servidor público ocupa cargo de outro servidor que é
junta médica oficial, que ateste demonstrando detalhadamente posteriormente reintegrado.
a impossibilidade de o agente se manter no exercício de suas – Observação importante: A recondução não gera direito à
atividades de trabalho. percepção de indenização, em nenhuma das duas hipóteses. Assim,
Na fase de readaptação ficará garantida o recebimento de o servidor público retornará ao cargo de origem, percebendo a
vencimentos, não podendo haver alteração do subsídio recebido remuneração deste cargo.
pelo servidor em virtude da readaptação.
d) Aproveitamento: é retorno do servidor público que se
– Observação importante: esta modalidade de provimento encontra em disponibilidade, para assumir cargo com funções
derivado independe da existência de cargo vago na carreira, compatíveis com as que anteriormente exercia, antes de ter extinto
porque ainda que este não exista, o servidor sempre terá direito o cargo que antes ocupava.
de ser readaptado e poderá exercer suas funções no novo cargo Isso ocorre, por que a Carta Magna prevê que havendo a extinção
como excedente. Caso não haja nenhum cargo na carreira, com ou declaração de desnecessidade de determinado cargo público, o
funções compatíveis, o servidor poderá ser aposentado por servidor público estável ocupante do cargo não deverá ser demitido
invalidez. Para que haja readaptação, não há necessidade de a ou exonerado, mas sim ser removido para a disponibilidade. Nesses
limitação ter ocorrido por causa do exercício do labor ou da função. casos, o servidor deixará de exercer as funções de forma temporária,
A princípio, independentemente de culpa, o servidor tem direito a mantendo o vínculo com a administração pública.
ser readaptado.
Destaque-se que não há prazo para o término da disponibilidade,
– Provimento derivado por reingresso: ocorre quando o porém, por lei, o servidor tem a garantia de que, surgindo novo
servidor de alguma forma, deixou de atuar no labor das funções cargo vago compatível com o que ocupava, seu aproveitamento
de cargo específico e retorna às suas atividades. Esse provimento será obrigatório.
pode ocorrer de quatro formas. São elas:
a) Reversão: nos termos do art. 25 da Lei 8.112/90, é o retorno – Observação importante: o aproveitamento é obrigatório
do servidor público aposentado ao exercício do cargo público. A tanto para o poder público quanto para o agente. Isso ocorre
reversão pode ocorrer por meio da aposentadoria por invalidez, porque a Administração Pública não pode deixar de executar o
quando cessarem os motivos da invalidez. Neste caso, por meio de aproveitamento para nomear novos candidatos, da mesma forma
laudo médico oficial, o poder público toma conhecimento de que que o servidor não poderá optar por ficar em disponibilidade, vindo
os motivos que ensejaram a aposentadoria do servidor se tornaram a recusar o aproveitamento.
insubsistentes, do que resulta a obrigatoriedade de retorno do
servidor ao cargo. – Vacância
Também pode ocorrer a reversão do servidor aposentado As situações de vacância são as hipóteses de desocupação do
de forma voluntária. Dessa maneira, atendidos os requisitos cargo público. Vacância é o termo utilizado para designar cargo
dispostos em lei, a legislação ordena que havendo interesse da público vago. É um fato administrativo que informa que o cargo
Administração Pública, que o servidor tenha requerido a reversão, público não está provido e poderá preenchido por novo agente.
que a aposentadoria tenha sido de forma voluntária, que o agente A lei dispõe sete hipóteses de vacância. São elas:
público já tivesse, antes, adquirido estabilidade quando no exercício

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