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DIREITO ADMINISTRATIVO

AULA III
Prof. Edilson
PODERES E DEVERES ADMINISTRATIVOS
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
“Ao mesmo tempo em que CONFERE PODERES, o ordenamento jurídico IMPÕE, de outro
lado, DEVERES específicos para aqueles que atuando em nome do poder público, executam as
atividades administrativas. São os deveres administrativos1”.
2. DEVERES ADMINISTRATIVOS
Os poderes administrativos SÃO CHAMADOS de PODERES-DEVERES, pois A TODO
PODER CORRESPONDE UM DEVER. Dentre os deveres da Administração Pública, elencamos
aqueles que causam maior repercussão na órbita jurídica e, em especial, no Direito Administrativo.
São eles: dever de agir; dever de eficiência; dever de probidade e dever de prestar contas.
2.1. Dever de agir
O dever de agir (também conhecido como poder-dever de agir) no direito privado é
facultativo, mas no Direito Administrativo é uma OBRIGAÇÃO imposta ao agente público que deve
obrigatoriamente exercê-lo não podendo renunciá-lo.
É de bom alvitre salientar que em algumas situações, o agente público não é obrigado agir
de imediato, cabendo ao mesmo verificar o melhor momento de fazê-lo. É o caso, por exemplo, de
implementação de obras públicas tais como escolas, hospitais, estradas, metrô, hidrelétricas etc.
2.2. Dever de eficiência
O dever de eficiência, DECORRE DO PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA. Tal como no princípio
da eficiência, o dever de eficiência decorre da necessidade de se ter um padrão de qualidade na
prestação e execução do serviço público.
Importante ressaltar que a falta de eficiência, enseja a possibilidade da perda do cargo, o
que se dá mediante a avaliação periódica de desempenho, sendo esta inclusive, condição essencial
para aquisição da estabilidade (art.41,§1º, III e §4º, da CF/1988).
2.3. Dever de probidade
O dever de probidade advém do princípio da moralidade significando que o agente público
deve agir com HONESTIDADE, DECORO, BOA-FÉ, ÉTICA, LEALDADE E RETIDÃO.
De toda sorte, convém ressaltar que dos atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível
(art. 37, § 4° da CF c/carts.9º, 10, 11 e 12 da Lei 8.429/92) .
2.4. Dever de prestar contas
O dever de prestar contas decorre do princípio da indisponibilidade do interesse público,
eis que o administrador público como gestor dos bens públicos, é natural que preste contas de sua
atuação.
É um dever a todos imposto por força de mandamento constitucional, sendo que DEVE
PRESTAR CONTAS QUALQUER PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA, PÚBLICA OU PRIVADA, QUE
UTILIZE, ARRECADE, GUARDE, GERENCIE OU ADMINISTRE DINHEIROS, BENS E VALORES
PÚBLICOS ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de
natureza pecuniária (art. 70, parágrafo único).
A prestação de contas deve se dar ao respectivo órgão competente através dos Tribunais
de Contas, quando se realiza o encontro de contas. O Presidente da República deve prestar contas
anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa,
as contas referentes ao exercício anterior (art. 84, XXIV da CF).

1CARVALHO FILHO, Jose dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 23ª ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris.2010.
p. 47.
3. PODERES ADMINISTRATIVOS
Para José dos Santos Carvalho Filho2 os poderes administrativos “são o conjunto de
prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim
de permitir que o Estado alcance seus fins”.
As espécies de poderes administrativos são: poder vinculado; poder discricionário, poder
hierárquico, poder disciplinar; poder regulamentar ou normativo e poder de polícia. Vejamos:
3.1. Poder vinculado (ou regrado)
No poder vinculado o agente público não tem liberdade para decidir e avaliar a
conveniência, oportunidade ou não do ato, pois a própria LEI INDICA A FORMA DE AGIR, bem
como indica os requisitos e elementos necessários para validade, cabendo ao Administrador Público
somente cumpri-los, pois, os juízos de valor já foram feitos pelo legislador.
É o caso por exemplo de um pedido de aposentadoria por um servidor que preenche os
requisitos de idade e tempo de contribuição. A Autoridade administrativa não pode tomar outra
decisão a não ser conceder, tendo em vista que a lei estabelece os requisitos para aposentadoria.
Ou seja: fica vinculado ao que a lei previamente estabelece. É por isso que considera-se
que o poder vinculado, nem é um poder, mas uma regra de conduta que deve ser observado pelo
agente público.
3.2. Poder discricionário
O poder discricionário é aquele que confere ao administrador público LIBERDADE para
decidir se determinado ato é ou não de interesse público, levando em conta os critérios de
CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE.
O agente público somente pode exercer o poder discricionário DENTRO DOS LIMITES
LEGAIS. Caso contrário a discricionariedade passa a ser arbitrariedade, o que se difere, pois, a
discricionariedade pressupõe uma atuação compatível com o interesse público.
3.3. Poder hierárquico
O ilustre Hely Lopes Meirelles3 afirma que “poder hierárquico é o que dispõe o Executivo
para DISTRIBUIR E ESCALONAR AS FUNÇÕES de seus órgãos, ORDENAR E REVER A
ATUAÇÃO DE SEUS AGENTES, estabelecendo a RELAÇÃO DE SUBORDINAÇÃO ENTRE OS
SERVIDORES do seu quadro de pessoal”.
O poder hierárquico tem como CARACTERÍSTICA A SUBORDINAÇÃO entre seus órgãos
e agentes, ressaltando-se que a subordinação se dá no âmbito de uma mesma pessoa jurídica.
NÃO HÁ RELAÇÃO HIERÁRQUICA ENTRE DIFERENTES PESSOAS JURÍDICAS,
tampouco entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
3.4. Poder disciplinar
O poder disciplinar ADVÉM DO PODER HIERÁRQUICO, mas com este não se confunde.
O Poder Disciplinar é conferido ao Administrador Público para APURAR AS INFRAÇÕES
E IMPOR PENALIDADES, aplicando-lhes sanções de caráter administrativo, INCLUSIVE, COM
AQUELES QUE CONTRATAM COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ou a elas se sujeitam, a
exemplo das concessionárias ou permissionárias do serviço público. Pode ser exercido por alguém
que não seja superior hierárquico daquele que está sendo investigado.
O Estado, ao apurar as infrações cometidas por seus agentes, objetiva responsabilizá-los
aplicando-lhes as penalidades previstas em lei, observando-se, contudo, os princípios da ampla
defesa, contraditório (art.5º; LIV e LV da CF), razoabilidade, proporcionalidade e motivação (art. 2º,
caput da Lei 9.784/1999).
A Lei nº 8.112/90 em seu artigo 127, prevê seis penalidades diversas para as faltas
cometidas por servidores públicos estatutários federais. São elas: (i) advertência; (ii) suspensão;
(iii) demissão; (iv) cassação de aposentadoria ou disponibilidade; (v) destituição de cargo em
comissão; e (vi) destituição de função comissionada.
3.5. Poder normativo (regulamentar)
O poder normativo (ou regulamentar) é uma forma atípica de exercício da função
normativa, e pode ser definido como aquele CONFERIDO AO CHEFE DO EXECUTIVO PARA

2Op. cit. p. 46.


3Op. cit. p. 124.
EDITAR ATOS NORMATIVOS (DECRETOS E REGULAMENTOS) COM A FINALIDADE DE DAR
FIEL EXECUÇÃO À LEI, JÁ QUE NEM TODAS AS LEIS TEM APLICAÇÃO IMEDIATA.
Registre-se, que a respeito dessa competência, a Constituição Federal em seu art. 84, IV
e VII, “a” e “b” alude expressamente que compete privativamente ao Presidente da República
sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua
fiel execução e dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da administração
federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
Em razão do princípio da simetria, tal atribuição é conferida também aos Chefes do Poder
Executivo dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, conforme disposto nas respectivas
Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios.
Importante destacar que o poder regulamentar não se resume ao chefe do Executivo e, por
força do mandamento constitucional, estende-se aos Ministros de Estado, que além de outras
atribuições estabelecidas na Constituição, tem competência par expedir instruções para a execução
das leis, decretos e regulamentos (art. 87, parágrafo único, II).
Os regulamentos são atos normativos expedidos por meio de um decreto e se dividem em
regulamentos de execução e regulamentos autônomos, conforme veremos a seguir.
3.5.1. Regulamentos de execução (decretos de execução)
Os regulamentos de execução também são chamados de decretos de execução. Na
verdade, o decreto é o instrumento de que se vale o Chefe do Poder Executivo para expedir o
regulamento. Ou seja: O regulamento é feito por meio do decreto.
O regulamento execução é aquele expedido pelo Chefe do Poder Executivo para FIEL
EXECUÇÃO DA LEI, não sendo passível de delegação (art. 84, IV e parágrafo único da CF, e art.
13, I a III da Lei 9.784/1999), tendo como PRESSUPOSTO A EXISTÊNCIA DA LEI.
É certo que a lei, por ter natureza primária, pode inovar na ordem jurídica, criando direito e
impondo obrigações, já o regulamento de execução por ter natureza secundária, NÃO PODE
INOVAR NA ORDEM JURÍDICA, isto é, restringir, contrariar ou ampliar o disposto na lei objeto de
regulamentação. Este tem caráter suplementar.
3.5.2. Regulamentos autônomos (independentes)
O art. 84, VI, “a” e “b” da CF, prescreve que compete privativamente ao Presidente da
República dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da administração federal,
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos e extinção
de funções ou cargos públicos, quando vagos.
Importante destacar que o Presidente da República poderá delegar essa atribuição a outras
autoridades administrativas, a exemplos de Ministros de Estado, Procurador-Geral da República ou
Advogado-Geral da União, conforme autoriza o parágrafo único do art. 84 da CF.
O regulamento autônomo ou independente difere do decreto de execução porque PODEM
INOVAR NA ORDEM JURÍDICA, já que versam sobre matérias não disciplinadas em lei, e NÃO
DEPENDEM DE EXISTÊNCIA PRÉVIA DE LEI.
3.5.3. Regulamentos técnicos
É sabido que o Poder Legislativo, por diversas razões, é incapaz de tratar de matérias de
alta complexidade. Daí que, por vezes, delega essa função a determinado órgão, que em razão de
sua qualificação técnica poderá melhor dispor sobre determinados assuntos.
Contudo, sua característica fundamental não é a de complementar a lei, mas a de CRIAR
NORMAS TÉCNICAS ESPECÍFICAS, não previstas em lei, o que vem inovar na ordem jurídica.
É o caso das normas técnicas criadas pelas agências reguladoras a exemplo das regras
da ANATEL; ANEEL, ANVISA dentre outras.
3.5.4. Controle dos atos de regulamentação
O poder regulamentar deve ser exercido dentro dos limites legais, sob pena de nulidade, e
visando coibir abusos, tem-se a possibilidade de controle sobre os mesmos, o que pode se dar tanto
pelo Legislativo, quanto pelo Judiciário.
O controle a ser realizado pelo Legislativo é de competência exclusiva do Congresso
Nacional, que pode sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa (art. 49, V da CF).
Quanto ao controle judicial, há que se considerar o conteúdo do ato. No caso de ato
regulamentar contra legem, caberá controle de legalidade, eis que extrapolado fora os limites da lei.
Inclusive, o posicionamento do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que se ato
autônomo ofender o disposto na Constituição Federal, cabe ADIn (ADIn 1.396-3 - Informativo STF
117/98).
É oportuno revelar ainda as palavras de José dos Santos Carvalho Filho, ao afirmar com
precisão, que “atualmente é cabível a impugnação direta por ADPF (Arguição de Descumprimento
de Preceito Fundamental - art.102, §1º da CF) abrangendo a inconstitucionalidade direta e indireta,
atos normativos autônomos e subordinados e até mesmo os concretos4”.
Se houver ausência de norma regulamentadora, cabe MI (Mandado de Injunção - art.5º,
LXXI, CF), pois o cidadão não pode ser penalizado pela inércia do Poder Público.
3.6. Poder de polícia
O poder administrativo mais importante é o Poder de Polícia. Vai além de um poder,
tornando-se uma função da administração pública, uma obrigação.
O CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL em seu ART. 78 apresenta definição conceitual de
poder de polícia, como toda atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção
e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais ou coletivos.
A FINALIDADE PRECÍPUA do poder de polícia é a DEFESA DO BEM-ESTAR SOCIAL E
PROTEÇÃO DOS INTERESSES DA SOCIEDADE. Por isso, devem ser observados os limites
legais por ocasião de seu exercício, podendo o abuso ou excesso de poder ser questionado perante
o poder jurídico (art. 78, parágrafo único do CTN).
O poder de polícia se dá quando o Poder Público, interfere na órbita do interesse privado
para salvaguardar o interesse da Administração e do Estado, restringindo direitos individuais, atua
no exercício do poder de polícia.
Quanto à competência normativa, o exercício do poder de polícia, via de regra, é da União
por mandamento constitucional (arte. 21, 22,25 e 30, da CF).
Pode-se afirmar que em algumas hipóteses o poder de polícia gera COMPETÊNCIA
CONCORRENTE, devendo os entes políticos trabalhar em regime de cooperação, ou seja, de
gestão associada, conforme previsão constitucional (art. 241), a exemplos de SEGURANÇA NO
TRÂNSITO, SAÚDE dentre outros.
3.6.1. Poder de polícia em sentido amplo e em sentido estrito
Em SENTIDO AMPLO, o poder de polícia vai além das limitações de direitos individuais, e
se manifesta também por meio de ATOS NORMATIVOS GERAIS e abstratos, engloba
QUALQUER INTERVENÇÃO estatal, a exemplos das LEIS, DECRETOS, RESOLUÇÕES,
PORTARIAS QUE DISCIPLINEM a VENDA DE BEBIDAS ALCOÓLICAS, MEDICAMENTOS,
fogos de artifícios, CONCESSÕES DE LICENÇAS para construção, ALVARÁS de funcionamento,
e outros, alcançando de modo geral toda coletividade.
Neste caso o poder de polícia ocorre de forma geral, pois a edição de tais normas
ALCANÇAM SUJEITOS INDETERMINADOS.
Em SENTIDO ESTRITO, o poder de polícia nada mais é do que a FACULDADE QUE
POSSUI A ADMINISTRAÇÃO Pública em FISCALIZAR, RESTRINGIR E CONDICIONAR A
LIBERDADE E A PROPRIEDADE E APLICAR SANÇÕES em caso de descumprimento das
normas preexistentes.
3.8. Polícia administrativa e polícia judiciária
Quando se fala em poder de polícia, LOGO VEM À MENTE A SEGURANÇA PÚBLICA.
Esta é dever do Estado e exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, sendo desempenhada pelos órgãos de segurança, a exemplos da pela
POLÍCIA FEDERAL; POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL; POLÍCIA FERROVIÁRIA FEDERAL;
POLÍCIAS CIVIS E POLÍCIAS MILITARES (ART. 144, I A V E § 8° DA CF).
A principal diferença entre elas é que a polícia administrativa se esgota no exercício da
função administrativa e a polícia judiciária prepara a atuação da função jurisdicional penal. A seguir
veremos cada uma delas.

4Op. cit. p. 56.


3.8.1. Polícia administrativa
A atuação da polícia administrativa é inerente à Administração Pública, tendo caráter
eminentemente PREVENTIVO E FISCALIZADOR e se dá no âmbito de função administrativa,
agindo SOBRE BENS, DIREITOS OU ATIVIDADES dos indivíduos, e pode ser exercida por vários
órgãos diferentes dos que irão aplicar a norma administrativa.
Embora a polícia administrativa tenha caráter essencialmente preventivo, em MUITAS
VEZES seus agentes ATUAM DE FORMA REPRESSIVA, a exemplos da “APREENSÃO DE
MERCADORIA ou da cessação de uma reunião de pessoas tidas como ilegal5”.
As FORMAS DE ATUAÇÃO da polícia administrativa ocorre com a FISCALIZAÇÃO no
TRÂNSITO, SANITÁRIA, MEDICAMENTOS, TRIBUTOS, EDILÍCIA, MEIO AMBIENTE,
LOGRADOUROS PÚBLICOS EM ATIVIDADES COMERCIAIS, LOCAIS PROIBIDOS PARA
MENORES, CASAS DE JOGOS DE AZAR, APLICAÇÃO DE MULTAS, INTERDIÇÃO DE
ESTABELECIMENTOS, EMBARGO DE OBRAS IRREGULARES, etc.
Tal atividade é desempenhada pelos agentes públicos (FISCAIS, AUDITORES,
POLICIAIS, GUARDA CIVIL METROPOLITANA etc).
OBSERVAÇÃO:
A primeira diz respeito à POLÍCIA MILITAR. Esta é considerada POLÍCIA
ADMINISTRATIVA, mas no que diz respeito aos CRIMES MILITARES, a competência da
INVESTIGAÇÃO É DA PRÓPRIA CORPORAÇÃO (polícia militar) mediante instauração de
INQUÉRITO PENAL MILITAR (IPM), presidido por um oficial e julgado pela Justiça Militar. Neste
caso especifico, FAZ O PAPEL DE POLÍCIA JUDICIÁRIA.
Por fim, é bom esclarecer que a polícia administrativa REGE-SE POR NORMAS
ADMINISTRATIVAS.
3.8.2. Polícia judiciária
A polícia judiciária atua de forma REPRESSIVA AOS DELITOS, CRIME OU
CONTRAVENÇÃO, cometidos pelos indivíduos, sendo executada pela POLÍCIA FEDERAL (polícia
judiciária da União) e POLÍCIA CIVIL (polícia judiciária dos Estados) no exercício da função
jurisdicional.
Conforme prevê o ART. 4º caput do CÓDIGO DE PROCESSO PENAL a polícia judiciária
será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e TERÁ
POR FIM A APURAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS E DA SUA AUTORIA.
O objeto da polícia judiciária é a pessoa, na medida que lhe CABE APURAR AS
INFRAÇÕES PENAIS, exceto às militares (art. 144, §4º, da CF). É o caso por exemplo, de
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL, em que são necessárias diversas práticas tais como oitiva de
testemunhas, realização de inspeções, PERÍCIAS, etc.
Não é demais lembrar que a doutrina de forma unânime afirma que essa DISTINÇÃO -
policia administrativa e polícia judiciária - NÃO É ABSOLUTA, pois de um lado a polícia
ADMINISTRATIVA POR VEZES AGE DE FORMA REPRESSIVA (quando apreende mercadorias
de origem ilícitas ou interdita um estabelecimento, por exemplo), e a polícia JUDICIÁRIA TAMBÉM
AGE DE FORMA PREVENTIVA (é o caso da presença da polícia civil ou federal que quando em
diligências, inibe a prática de delitos).
E mais: há casos em que é possível a ATUAÇÃO CONJUNTA da polícia administrativa e
da polícia judiciária. Por exemplo: “estabelecimento que vende medicamentos falsificados ou
adulterados poderá sofrer intervenção da polícia administrativa e, também, investigação da polícia
judiciária, que irá apurar a suposta infração penal (...) é o que ocorre também com os atos praticados
contra o meio ambiente, que exigem a intervenção da polícia administrativa (Ibama) e judiciária
(polícia civil, federal ou ambiental – a depender da competência de cada uma6)”.
Por fim, convém salientar a polícia judiciária REGE-SE POR NORMAS PROCESSUAIS
PENAIS.
3.9. Atributos (características) do poder de polícia
3.9.1. Discricionariedade

5GASPARINI, Diógenes. Op cit. p. 182.


6SILVA, Gustavo Scatolino Cavalcante& CAVALCANTE FILHO, João Trindade. Manual de direito administrativo.
Salvador: Juspodivm. p. 411.
A discricionariedade significa a LIBERDADE que a Administração Pública tem para agir,
levando-se em conta os critérios da CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE, podendo escolher quais
atividades pretende fiscalizar e quais as sanções a se aplicar, respeitando-se os limites legais, e os
princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
3.9.2. Autoexecutoriedade
A autoexecutoriedade consiste na possibilidade que a Administração Pública tem em
EXECUTAR SEUS PRÓPRIOS ATOS, SEM NECESSIDADE DE ANUÊNCIA OU AUTORIZAÇÃO
JUDICIAL.
É desse atributo que surge a possibilidade da Administração Pública APREENDER
MERCADORIAS, INTERDITAR ESTABELECIMENTOS, EMBARGAR OBRAS etc.
Insta mencionar que há casos em que a autoexecutoriedade NÃO SE APLICA DE
IMEDIATO.
É o caso por exemplo de aplicação de multas, cuja cobrança pode se dar somente por
meio de ação judicial.
3.9.3. Coercibilidade
A coercibilidade decorre do poder de império do Estado, podendo Administração Pública
IMPOR SUA VONTADE aos administrados, utilizando SE NECESSÁRIO O USO DA FORÇA.
Podemos citar como exemplos, a condução coercitiva de testemunha que não comparece
para prestar seu depoimento quando legalmente intimada, e ainda INVASORES SE RECUSAREM
A CUMPRIR DETERMINAÇÃO JUDICIAL DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE, podendo neste caso,
utilizar-se da força para fazer cumprir a ordem judicial.
Contudo, a coação não deve ser confundida com coerção. A coerção consiste no uso da
força. A COAÇÃO, por sua vez, consiste numa espécie de ameaça (PRESSÃO PSICOLÓGICA).
Um exemplo clássico que engloba tanto a coação quanto a coerção é o seguinte. Uma
pessoa é intimada para depor, e o oficial de justiça, lhe informa que se a mesma não comparecer,
será conduzida de forma coercitiva pela polícia (coação). Se a testemunha não comparece e for
realmente conduzida de forma coercitiva, temos aqui a coerção.
3.10. Abuso de poder
O ABUSO DE PODER ocorre quando a autoridade, embora competente, EXTRAPOLA
OS LIMITES DE SUAS ATRIBUIÇÕES ou quando promova desvio das finalidades administrativas.
O abuso de poder pode se dar por EXCESSO DE PODER ou por DESVIO DE PODER.
 EXCESSO DE PODER: ocorre quando o agente público ATUA FORA DOS LIMITES de sua
área de competência. Exemplo. Agente da vigilância sanitária em uma inspeção num
supermercado, verifique que alguns empregados não possuem registro em carteira de
trabalho, e lavra um auto de infração multando a empresa por esse fato. Nesse caso, houve
excesso de poder, eis que o agente não tem competência para a prática desse ato.
 DESVIO DE PODER (FINALIDADE): se dá quando a autoridade pública, embora atuando
dentro de sua órbita de competência, pratica ATO DIVERSO DO PREVISTO EM LEI, e
CONTRÁRIO AO INTERESSE PÚBLICO (art. 2º, parágrafo único, “e” da Lei 4.717/1965). Ou
seja, quando o administrador público “utiliza motivos e meios imorais para a prática de um ato
administrativo aparentemente legal ou se apresenta disfarçado sob o capuz da legalidade e
do interesse público7”. Exemplo. a desapropriação de um imóvel para satisfazer interesse
próprio ou para prejudicar um inimigo político, e não por interesse social ou necessidade
pública.
Imagine ainda a seguinte situação: Uma autoridade administrativa possui competência
para remoção de um servidor, mas o faz como forma de punição. Nesse caso estamos diante de
desvio de poder (finalidade). No entanto, se o servidor for removido para suprir necessidade de
determinado órgão público, por autoridade que não tem competência para tal ato, estaremos diante
de excesso de poder.
O certo é que TANTO O EXCESSO DE PODER, QUANTO O DESVIO DE PODER tem
ocorrido com frequência na Administração Pública.
É importante frisar que para coibir o abuso de poder, o ordenamento jurídico previu alguns
INSTRUMENTOS para conter tais desmandos. São eles: o MANDADO DE SEGURANÇA (art. 5º,
LXIX, da CF e Lei 12.016/2009); a AÇÃO POPULAR (art. 5°, LXIII da CF e Lei 4.717/1965);

7Idem. p. 115.
MANDADO DE INJUNÇÃO (art. 5°, LXXI da CF); além do direito de representação contra abuso
de poder (art. 5º, XXXIV, “a”, da CF) e direito de representação contra abuso de autoridade que no
exercício de suas funções cometerem (Lei 4.898/1965).

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