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AULA III
Prof. Edilson
PODERES E DEVERES ADMINISTRATIVOS
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
“Ao mesmo tempo em que CONFERE PODERES, o ordenamento jurídico IMPÕE, de outro
lado, DEVERES específicos para aqueles que atuando em nome do poder público, executam as
atividades administrativas. São os deveres administrativos1”.
2. DEVERES ADMINISTRATIVOS
Os poderes administrativos SÃO CHAMADOS de PODERES-DEVERES, pois A TODO
PODER CORRESPONDE UM DEVER. Dentre os deveres da Administração Pública, elencamos
aqueles que causam maior repercussão na órbita jurídica e, em especial, no Direito Administrativo.
São eles: dever de agir; dever de eficiência; dever de probidade e dever de prestar contas.
2.1. Dever de agir
O dever de agir (também conhecido como poder-dever de agir) no direito privado é
facultativo, mas no Direito Administrativo é uma OBRIGAÇÃO imposta ao agente público que deve
obrigatoriamente exercê-lo não podendo renunciá-lo.
É de bom alvitre salientar que em algumas situações, o agente público não é obrigado agir
de imediato, cabendo ao mesmo verificar o melhor momento de fazê-lo. É o caso, por exemplo, de
implementação de obras públicas tais como escolas, hospitais, estradas, metrô, hidrelétricas etc.
2.2. Dever de eficiência
O dever de eficiência, DECORRE DO PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA. Tal como no princípio
da eficiência, o dever de eficiência decorre da necessidade de se ter um padrão de qualidade na
prestação e execução do serviço público.
Importante ressaltar que a falta de eficiência, enseja a possibilidade da perda do cargo, o
que se dá mediante a avaliação periódica de desempenho, sendo esta inclusive, condição essencial
para aquisição da estabilidade (art.41,§1º, III e §4º, da CF/1988).
2.3. Dever de probidade
O dever de probidade advém do princípio da moralidade significando que o agente público
deve agir com HONESTIDADE, DECORO, BOA-FÉ, ÉTICA, LEALDADE E RETIDÃO.
De toda sorte, convém ressaltar que dos atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível
(art. 37, § 4° da CF c/carts.9º, 10, 11 e 12 da Lei 8.429/92) .
2.4. Dever de prestar contas
O dever de prestar contas decorre do princípio da indisponibilidade do interesse público,
eis que o administrador público como gestor dos bens públicos, é natural que preste contas de sua
atuação.
É um dever a todos imposto por força de mandamento constitucional, sendo que DEVE
PRESTAR CONTAS QUALQUER PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA, PÚBLICA OU PRIVADA, QUE
UTILIZE, ARRECADE, GUARDE, GERENCIE OU ADMINISTRE DINHEIROS, BENS E VALORES
PÚBLICOS ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de
natureza pecuniária (art. 70, parágrafo único).
A prestação de contas deve se dar ao respectivo órgão competente através dos Tribunais
de Contas, quando se realiza o encontro de contas. O Presidente da República deve prestar contas
anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa,
as contas referentes ao exercício anterior (art. 84, XXIV da CF).
1CARVALHO FILHO, Jose dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 23ª ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris.2010.
p. 47.
3. PODERES ADMINISTRATIVOS
Para José dos Santos Carvalho Filho2 os poderes administrativos “são o conjunto de
prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim
de permitir que o Estado alcance seus fins”.
As espécies de poderes administrativos são: poder vinculado; poder discricionário, poder
hierárquico, poder disciplinar; poder regulamentar ou normativo e poder de polícia. Vejamos:
3.1. Poder vinculado (ou regrado)
No poder vinculado o agente público não tem liberdade para decidir e avaliar a
conveniência, oportunidade ou não do ato, pois a própria LEI INDICA A FORMA DE AGIR, bem
como indica os requisitos e elementos necessários para validade, cabendo ao Administrador Público
somente cumpri-los, pois, os juízos de valor já foram feitos pelo legislador.
É o caso por exemplo de um pedido de aposentadoria por um servidor que preenche os
requisitos de idade e tempo de contribuição. A Autoridade administrativa não pode tomar outra
decisão a não ser conceder, tendo em vista que a lei estabelece os requisitos para aposentadoria.
Ou seja: fica vinculado ao que a lei previamente estabelece. É por isso que considera-se
que o poder vinculado, nem é um poder, mas uma regra de conduta que deve ser observado pelo
agente público.
3.2. Poder discricionário
O poder discricionário é aquele que confere ao administrador público LIBERDADE para
decidir se determinado ato é ou não de interesse público, levando em conta os critérios de
CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE.
O agente público somente pode exercer o poder discricionário DENTRO DOS LIMITES
LEGAIS. Caso contrário a discricionariedade passa a ser arbitrariedade, o que se difere, pois, a
discricionariedade pressupõe uma atuação compatível com o interesse público.
3.3. Poder hierárquico
O ilustre Hely Lopes Meirelles3 afirma que “poder hierárquico é o que dispõe o Executivo
para DISTRIBUIR E ESCALONAR AS FUNÇÕES de seus órgãos, ORDENAR E REVER A
ATUAÇÃO DE SEUS AGENTES, estabelecendo a RELAÇÃO DE SUBORDINAÇÃO ENTRE OS
SERVIDORES do seu quadro de pessoal”.
O poder hierárquico tem como CARACTERÍSTICA A SUBORDINAÇÃO entre seus órgãos
e agentes, ressaltando-se que a subordinação se dá no âmbito de uma mesma pessoa jurídica.
NÃO HÁ RELAÇÃO HIERÁRQUICA ENTRE DIFERENTES PESSOAS JURÍDICAS,
tampouco entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
3.4. Poder disciplinar
O poder disciplinar ADVÉM DO PODER HIERÁRQUICO, mas com este não se confunde.
O Poder Disciplinar é conferido ao Administrador Público para APURAR AS INFRAÇÕES
E IMPOR PENALIDADES, aplicando-lhes sanções de caráter administrativo, INCLUSIVE, COM
AQUELES QUE CONTRATAM COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ou a elas se sujeitam, a
exemplo das concessionárias ou permissionárias do serviço público. Pode ser exercido por alguém
que não seja superior hierárquico daquele que está sendo investigado.
O Estado, ao apurar as infrações cometidas por seus agentes, objetiva responsabilizá-los
aplicando-lhes as penalidades previstas em lei, observando-se, contudo, os princípios da ampla
defesa, contraditório (art.5º; LIV e LV da CF), razoabilidade, proporcionalidade e motivação (art. 2º,
caput da Lei 9.784/1999).
A Lei nº 8.112/90 em seu artigo 127, prevê seis penalidades diversas para as faltas
cometidas por servidores públicos estatutários federais. São elas: (i) advertência; (ii) suspensão;
(iii) demissão; (iv) cassação de aposentadoria ou disponibilidade; (v) destituição de cargo em
comissão; e (vi) destituição de função comissionada.
3.5. Poder normativo (regulamentar)
O poder normativo (ou regulamentar) é uma forma atípica de exercício da função
normativa, e pode ser definido como aquele CONFERIDO AO CHEFE DO EXECUTIVO PARA
7Idem. p. 115.
MANDADO DE INJUNÇÃO (art. 5°, LXXI da CF); além do direito de representação contra abuso
de poder (art. 5º, XXXIV, “a”, da CF) e direito de representação contra abuso de autoridade que no
exercício de suas funções cometerem (Lei 4.898/1965).